Programa de Ações e Situações Site-specific
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Programa de Ações e Situações Site-specific
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Sumário
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Sobre o programa
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Coletor
Indireção
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Terceiro Espaço
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Programa de Ações e Situações Site-specific
O Programa de Ações e Situações Site-specific surgiu a partir da intensa pesquisa e interlocução entre os artistas Bruno Mendonça e Rafaela Jemmene, realizada nos últimos anos sobre questões acerca da noção de site-specific e seus desdobramentos. Ambos desenvolvem ou já desenvolveram vários projetos práticos e teóricos em parceria, por meio de propostas colaborativas e transdisciplinares gerando diversos tipos de produções como: curadorias, publicações, performances, intervenções, ocupações, arte sonora, entre outros. Vinculados a instituições culturais e de pesquisa, os artistas decidiram desarticular este projeto das amarras institucionais desses locais e priorizaram espaços independentes de produção. A partir dessa premissa, o Programa de Ações e Situações Site-specific foi ancorado no espaço temporário do Coletor, uma casa cuja demolição estava marcada para breve. O local, tanto pelas suas questões espaciais, assim como pelo seu contexto e o dado de sua breve duração fadada a uma efemeridade física, nos pareceu muitíssimo interessante, assim como pelas atividades que eram desenvolvidas e suas articulações. Dessa forma o Coletor tornou-se um lugar pontual para realização do programa que durou até o final de 2014.
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O programa foi composto por dois eixos de ativação do espaço: Indireção – ativação do espaço por meio de conversas abertas ao público com artistas convidados. Artistas: Débora Bolsoni, Lais Myrrha e Natália Coutinho em colaboração com o arquiteto Rodrigo Queiroz. Terceiro Espaço – ativação do espaço por meio de experimentações e intervenções. Artistas: Bruno Baptistelli, Bruno Mendonça, Janaina Wagner, Jorge Menna Barreto, Leonardo Stroka, Natália Coutinho, Rafaela Jemmene, Raquel Garbelotti, Raquel Uendi e Traplev. Bruno Mendonça e Rafaela Jemmene
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Coletor O Coletor é um campo itinerante de ações culturais voltado para o encontro e desenvolvimento de ideias e práticas artísticas contemporâneas. Norteado pelo incentivo à experimentação e ao pensamento crítico, se organiza em uma estrutura simples e horizontal, livre de amarras institucionais ou compromissos comerciais. De caráter independente, o etos do projeto é baseado na autonomia de criação, conduzida pela troca e por processos colaborativos. Nesse sentido, encoraja situações de risco em uma atmosfera estimulante e de amplo diálogo. Articulado para ocupar e ativar diferentes espaços e assumir uma variedade de formas, engaja-se em situações específicas e efêmeras, com vocação para pensar e discutir a esfera pública e os usos do tecido urbano. Entre nossas possíveis atividades estão exposições, conversas, exibições de filmes e vídeos, apresentações musicais, programas de residência e publicações. Direção: Fernando Ticoulat e Germano Dushá
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Ativação do espaço por meio de conversas abertas ao público com artistas convidados
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Urbanismo geral 20/09/2014 Débora Bolsoni
" A imagem da cidade deve ser entendida como metáfora do que seria uma totalidade.
A portabilidade da arquitetura. A arquitetura, basicamente a doméstica, me interessava por ser um lugar privilegiado de iniciação a uma linguagem plástica e propiciar um contato cotidiano com vários procedimentos construtivos aliados a um repertório material de fácil acesso e manejo. A experiência de viver em uma casa em construção, que foi a minha até a adolescência, sempre me pareceu carregada de conotações sociais, já que reconhecia nessa condição particular algo um tanto exemplar do contexto sociocultural em que vivia. Essa condição de intimidade e os graus de identificação com materiais aparentemente tão desprovidos de subjetividade, produzidos em larga escala e sem maiores refinamentos de gosto, foi mais tarde ressignificada.
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Cidade como um espaço de representação: As representações são signos de um objeto – cidade – e representam algo para alguém denominado seu interpretante. Afirmar que a cidade é um espaço de representação supõe estudar o modo como se manifesta e o que passa a significar para seus habitantes. Lucrécia D’Alessio Ferrara. O olhar periférico: informação, linguagem, percepção ambiental – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993. O gesto de retirar de um contexto, copiar, e colar em outro, sinalizando o estranhamento da sobreposição dos ambientes foi o modo como intervi no prédio para amplificar algo que ocorre na cidade de forma "naturalizada" – a sobreposição de suas tramas. Construção sobre construção sobre construção. A aceleração que afeta a duração das imagens e das coisas também afeta a memória e alembrança. Nunca como hoje a memória foi um tema tão espetacularmente social. E não se trata apenas da memória dos crimes cometidos pela ditadura, situação na qual a lembrança social preserva o desejo de justiça. Trata-se, também, da recuperação das memórias culturais, da construção de identidades perdidas ou imaginadas, da narração das versões e leituras do passado. O presente, ameaçado pelo desgaste da aceleração, converte-se, enquanto transcorre, em matéria de memória (Beatriz Sarlo) Sensação de desconforto e desestabilidade. (...) Situações "absurdas", de desestabilização dos sujeitos à vontade de fazer algo que se precipitasse no espaço. O consumo ou destruição deixava rastros.
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Hoje, é componente do espaço urbanístico qualquer coisa que, na contínua mutação da realidade ambiental, retém por um instante nossa atenção, obriga-nos a reconhecer-nos (ainda que para tomar consciência de nossa nulidade) em um objeto ou em algo que, não sendo objeto no sentido tradicional do termo, ainda é algo que não conhecemos e cuja chave, cujo código de interpretação devemos encontrar. Todas as pesquisas visuais deveriam ser organizadas como pesquisa urbanística. (...) Mas é este o fim a que deveria visar uma arte que fosse consciente de ser e deve ser, como sempre foi, um fato de cultura urbana, e cuja teoria, mais ainda do que uma estética, seria um urbanismo geral. (Giulio Carlo Argan). Podemos inferir que ambiente pressupõe fluxos. Fluxos se alimentam de encontros mobilizadores de movimento. A realidade é a totalidade dos estados de coisas existentes, a totalidade das situações. A totalidade é o conjunto de todas as coisas e de todos os homens, em sua realidade, isto é, em suas relações, em seu movimento. Para Argan, o ambiente não admite nenhuma definição racional ou geométrica, e concretiza-se em uma série de relações e interações entre realidade psicológica e realidade física. A antiga relação entre a cidade (a construção organizada e culta), o campo (o arcaico, o ritual) e a natureza (lugar do mito e do sagrado) desfaz-se na época contemporânea. A noção de espaço, que implicava numa diferenciação entre o "eu" (o ego) e a "natureza" (o sublime), perde significado no momento em que a cidade aumenta seu potencial mecânico e tecnológico. A realidade perde a escala humana à medida que só pode ser dominada ou sofrida, e,
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portanto alterna-se uma relação do infinitamente grande e o infinitamente pequeno no qual o indivíduo desaparece na massa e a natureza não tem mais razão de ser. (Giulio Carlo Argan. Urbanismo, espaço e ambiente. In: História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p.215-219.) Nossos fluxos e desvios como resultados e resultando em um urbanismo geral. Portanto, Urbanismo geral nada mais é do que a realidade como um todo. Essa coisa que comumente tomamos como pano de fundo é, na verdade, uma interação caleidoscópica entre sujeitos e objetos que invertem inadvertidamente seus papéis. Figura e fundo têm seus contornos atravessados, e constantemente borrados na conformação daquilo que se apresenta como o real para alguém. Sempre fruto de um momento específico, e determinado por agentes das mais variadas naturezas, a realidade é movediça. Se há algo que podemos falar sobre sua experiência diária é que ela é algo que se move no tempo. Temos, portanto como material de estudo, o resíduo de sua passagem. Alguns fragmentos.
"
Fluxos, desvios e urbanismo geral
Referência Bibliográfica BOLZONI, Débora de Lima. Urbanismo Geral. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós Graduação em Artes Visuais). Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), 2014.
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"Urbanismo Geral": bate-papo com a artista DĂŠbora Bolsoni
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Lais Myrrha 04/10/2014 Lais Myrrha
" (...) A ideia de construção sempre aparece ligada a uma ideia de destruição, assim como, a ideia de memória (...) sempre aparece ligada ao esquecimento (...) não acredito que sejam opostas, elas já nascem juntas, só que em alguns momentos um lado ou outro ganha um certo vulto, uma certa importância. Meu grande desafio é trazer estas duas coisas com a mesma força.
(...) Gostaria de fazer algumas considerações sobre site-specific, eu acredito que são raros os trabalhos que realmente sejam site-specific (...) Eu posso mover este trabalho para outro lugar? Onde está esta especificidade?
(...) Um tempo específico (...) O neutro nunca existe. É um espaço físico que você não tem como ignorar. Desmantelamento físico e simbólico da cidade. A ideia de projeto é uma coisa que lança para o futuro. Quase uma repetição histórica da história. Existe uma repetição de procedimentos que enquanto isso não for retirado da sombra, não for visto,
"
não é possível mudar o padrão.
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• Fisicalidade • Conexão corporal • Duplicação da memória • Quem escolhe os monumentos? • Quem determina o que dever ser lembrado publicamente por uma sociedade, o que é a memória coletiva?
• Espaço físico • Espaço simbólico • É site-specific mas também é tempo não dá para pensar uma coisa sem a outra
• Convergências de forças • Fatia de tempo • Monumento deslocado • Economia do tempo
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“Teoria das Bordas”: bate-papo com a artista Lais Myrrha
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Natalia Coutinho e Rodrigo Queiroz 18/10/2014 Natalia Coutinho e Rodrigo Queiroz
" (...) meu trabalho sempre apresenta algum ponto de discussão que se relaciona muito ao corpo e a arquitetura, e com a arquitetura especificamente como uma espécie de ferramenta de um sistema social para promover um processo de homogeneização do sujeito. (...) frustar a experiência do corpo no espaço, (...) quebra de expectativa, criar a percepção de uma instabilidade do corpo do sujeito dentro de um espaço. (...) e se essa casa, só ela por si mesma, essa estrutura toda, já é tão instável. Então eu entrar na casa do jeito que ela está (...) a única coisa que eu tenho que fazer é apenas ligar o amplificador e aumentar o som e ouvir um pouco mais alto o que ela já está dizendo por meio dessa estrutura física tão delicada. A gente está vendo as paredes já bastante descascadas, algumas paredes estão com marcações, buracos que aludem a uma falência dessa construção, alguns vidros bem quebrados, bom ela vai cair e esse desconforto com essa situação já é a própria instabilidade (...) vestígio de contaminação (...) a necessidade de construir uma presença ou afirmar essa presença para o cerne do pensamento moderno não existe (...) uma distinção entre o que é arquitetura e o que é urbanismo, isto é se a arquitetura é um modelo, ela é um protótipo de algo que deve ser produzido em série, deve ocupar o território de modo territorial de modo homogêneo, de modo infinito, de modo padrão,
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sem hierarquia... ela nunca é pensada como uma coisa ruim, mas na verdade ela é pensada como componente de uma coisa maior que é a dimensão urbana da própria arquitetura moderna, então não existe urbanismo moderno sem arquitetura moderna e não existe arquitetura moderna que tenha como pressuposto essa condição de construir esse espaço moderno
(...) a cidade tradicional é o equivalente da moldura para o espaço moderno, não adianta você tirar a moldura... tirar a moldura do espaço moderno é colocar a arquitetura moderna num lugar imune à ação do tempo num zero absoluto.
(...) quando a arquitetura tem um caráter fetichizante quer dizer você vai lá pra ver aquilo... é a construção de um espaço onde inexiste a ideia de relação.
(...) a questão de como a arquitetura projeta uma paisagem... a ideia de projeto moderno é não ser autoral, acabar com a ideia de autor, a ideia de gênio, a ideia de artista, a ideia de originalidade, excepcionalidade, tem que
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fazer a obra se transformar num padrão...
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"Retrato Instรกvel": bate-papo com a artista Natรกlia Coutinho e o pesquisador Rodrigo Queiroz
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Ter cei ro es pa ço Ativação do espaço por meio de experimentações e intervenções artísticas
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Acervo Mรณvel - Bruno Mendonรงa e Rafaela Jemmene (20/09/2014)
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Acervo Mรณvel - Bruno Mendonรงa e Rafaela Jemmene (20/09/2014)
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DĂŠbora Bolsoni (20/09/2014)
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Distribuição dos múltiplos "Incômodo" de Jorge Menna Barreto e Traplev; e "Experimento 2: temperatura crítica - pressão parcial - cronomatografia gasosa" de Bruno Mendonça e Rafaela Jemmene (04/10/2014)
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Natรกlia Coutinho - Retrato Instรกvel (18/10/2014)
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Raquel Garbelotti (07/12/2014)
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Rafaela Jemmene (07/12/2014)
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Natรกlia Coutinho (07/12/2014)
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Bruno Mendonรงa (07/12/2014)
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Raquel Uendi (07/12/2014)
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Leonardo Stroka (07/12/2014)
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Janaina Wagner (07/12/2014)
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Bruno Baptistelli e Raquel Uendi (07/12/2014)
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Concepção do Programa de Ações e Situações Site-Specific: Bruno Mendonça e Rafaela Jemmene Organização do programa e da publicação: Bruno Mendonça, Fernando Ticoulat, Germano Dushá e Rafaela Jemmene.
Projeto gráfico: Frederico Dietzsch Tipografia: Quantico e Adobe Source Sans Pro Papel: Pólen 80g/m2 Tiragem: 100 Ano: 2015
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