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N.º 215 Maio 2010 Mensal 2,00 €

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Actual Piódão estreou “cooking” de Carlos Capote Inatel 75 anos Moreira Marques e a nova estratégia para o Desporto

Viagens

Paris na Primavera


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Sumário

Na capa Foto: Humberto Lopes

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CONCURSO DE FOTOGRAFIA

VIAGENS

Paris na Primavera Cidade das revoluções e espaço memorável nos domínios da literatura, pintura, arquitectura, música e cinema, Paris tem particular encanto nos meses de Abril e Maio. Talvez fosse disso – sublinha Humberto Lopes que falava Vernon Duke em «April in Paris», cançoneta “imortalizada” por incontáveis intérpretes e inúmeras versões. Talvez nela possamos ouvir, finalmente, um convite a deambular por Paris sob o sol cálido da Primavera, meditando sobre a inesperada fecundidade dos lugares.

14 EDITORIAL

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CARTAS E COLUNA DO PROVEDOR

9 30

NOTÍCIAS HISTÓRIA

A malária ainda não foi esquecida no vale do Sado

34

PAIXÕES

O regresso à Natureza na obra do escritor Augusto Carlos

42 48 50 79

82 55 72

Moreira Marques e as mudanças no Desporto Inatel Responsável pelas áreas de Desporto e Património da Inatel, o administrador José António Moreira Marques fala à “TL” das novidades e mudanças estruturais e funcionais no amplo movimento desportivo amador da Fundação e da estratégia para a requalificação, preservação e dignificação dos edifícios e as instalações que integram o vasto e diversificado património da Instituição.

26 ACTUAL

DO ZAMBUJAL

Inatel promove gastronomia regional Durante o mês de Maio e até ao início do Verão estão previstas várias sessões do curso “Cooking com Carlos Capote” a decorrer em diversas Unidades Hoteleiras do INATEL. Convidada a participar na primeira sessão realizada em Abril, na bela estalagem do Piódão, a “Tempo Livre”, observou o Chefe a ensinar a cozinhar um cabrito, que cresceu entre as amarelas flores de carqueja e as garras do Açor.

CRÓNICA

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Baptista-Bastos

OS 100 ANOS DA REPÚBLICA

PORTFÓLIO-TANZANIA OLHO VIVO A CASA NA ÁRVORE O TEMPO E AS PALAVRAS Maria Alice Vila Fabião

80

ENTREVISTA

OS CONTOS

BOA VIDA CLUBE TEMPO LIVRE

Passatempos, Novos Livros e Cartaz

A Cordoaria Nacional, em Lisboa, apresenta, até Outubro, uma das mais emblemáticas exposições dedicadas à herança do ideário republicano

46 MEMÓRIA

Raul Solnado como num filme

Revista Mensal e-mail: tl@inatel.pt | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Guiomar Belo Marques, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Magalhães de Castro, Joaquim Durão, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lourdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, José Lattas, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Fernando Dacosta, João Aguiar, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Fax: 210027061 Publicidade: Patrícia Strecht, Telef. 210027156; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA - Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 140.039 exemplares


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Editorial

V í t o r Ra m a l h o

Modernidade e Excelência

A

proximidade dos beneficiários associados com os serviços da nossa Fundação determinaram que o Conselho de Administração fixasse a necessidade do cartão Inatel poder responder a exigências de maior modernidade, alargando-se o leque das vantagens para quem a ela se associa. Por razões de economia, que devem estar presentes em todos os momentos, e em particular no período de grave crise que atravessamos, o cartão resultou de uma benéfica parceria com um grupo internacional que se enquadra naquele propósito. A circunstância do cartão ser obviamente individualizado, com uma duração de três anos, que não afecta o controle anual da quotização, justificou que a sua produção fosse feita na Alemanha. Daí o atraso na sua distribuição. No momento em que a T.L. for distribuída mais de metade dos cartões estarão na posse dos associados e no limite até ao dia 15 de Maio estarão os restantes. De futuro, todo e qualquer novo associado receberá o cartão, no prazo máximo de 15 dias, facto que entretanto não afectará o direito à fruição dos serviços que prestamos, uma vez que a informática regista de imediato a inscrição. O propósito do Conselho de Administração é o de melhorar a qualidade em todos os domínios. Por isso também as acções de formação já iniciadas, de confecção de pratos de gastronomia tradicional das várias regiões, nas nossas unidades hoteleiras, a serem ministradas por uma personalidade de referência no sector, Carlos Capote,

com uma reportagem inserida na presente revista reflecte isso mesmo. É esta mesma qualidade que tem estado presente no aprofundamento das relações com os CCD’S e na excelência da programação do Teatro da Trindade. O facto do actor Henrique Feist ter recebido o prémio de melhor actor de 2009 da RTP/SPA, pela participação numa peça inteiramente produzida pelo Teatro da Trindade é disso exemplo. Mas também o são os elogios unânimes da crítica à última peça exibida na sala principal “Não se ganha, não se paga”, ou à que está em exibição, neste caso em cooperação com a companhia “ O Bando” e que nos trás de novo o Dom Quixote, de António José da Silva.

N

a passagem dos 75 anos da Fundação não poderíamos deixar também, ao incluir uma entrevista com o administrador responsável pelo desporto, Eng.º Moreira Marques, de salientar a nova dinâmica deste sector, depois de termos na cultura, no número anterior, a Dra. Cristina Baptista. As provas da nova dinâmica do desporto são múltiplas – a requalificação dos equipamentos desportivos, a integração de Linhares da Beira no circuito mundial do parapente, a parceria para que atletas de alta competição treinem no estádio 1º de Maio, as escolas de futebol e de râguebi, entre outras, a dignificação da Taça Inatel de futebol com mais de 300 equipas a actuarem em cada fim-de-semana e o mais que os beneficiários sabem e vêem. I

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Fotografia

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XIV Concurso “Tempo Livre”

Fotos premiadas

[1]

[3]

[ 1 ] João Vasco, Massamá Sócio n.º 434109 [ 2 ] Augusto Santiago, Vila Nova de Gaia Sócio n.º 460443 [ 3 ] José Matias, Tomar Sócio n.º 406054 [2]

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Regulamento 1. Concurso Nacional de Fotografia da revista Tempo Livre. Periodicidade mensal. Podem participar todos os membros associados da Fundação Inatel, excluindo os seus funcionários e os elementos da redacção e colaboradores da revista Tempo Livre. 2. Enviar as fotos para: Revista Tempo Livre - Concurso de Fotografia, Calçada de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa. 3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês.

Menções honrosas [ a ] Luís Martins, Alfornelos Sócio n.º 414911 [ b ] Sérgio Guerra, S. João do Estoril Sócio n.º 204212 [ c ] Paula Miguel, Lisboa Sócio n.º 216506 [a]

4. O tema é livre e cada concorrente pode enviar, mensalmente, um máximo de 3 fotografias de formato mínimo de 10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em papel, cor ou preto e branco, sem qualquer suporte. 5. Não são aceites diapositivos e as fotos concorrentes não serão devolvidas. 6. O concurso é limitado aos beneficiários associados da Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor, direcção, telefone e número de associado da Inatel. 7. A Tempo Livre publicará, em cada mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo previsto.

[b]

8. Não serão seleccionadas, no mesmo ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano 9. Prémios: cada uma das três fotos seleccionadas terá como prémio duas noites ou um fim de semana para duas pessoas num dos Centros de Férias do Inatel, durante a época baixa, em regime APA (alojamento e pequeno almoço). O prémio tem a validade de um ano. O premiado(a) deve contactar a redacção da «TL».

[c]

10. Grande Prémio Anual: uma viagem a escolher na Brochura Inatel Turismo Social até ao montante de 1750 Euros. A este prémio, com a validade de um ano, a publicar na revista Tempo Livre de Setembro de 2010, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o concurso. 11. O júri será composto por dois responsáveis da revista T. Livre e por um fotógrafo de reconhecido prestígio.

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Cartas A correspondência para estas secções deve ser enviada para a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, nº. 180, 1169-062 Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt

“Crime e Sentença”

minha qualidade de associado com as quotas em dia. António Costa, por e-mail

Revista nº. 214 de Abril de 2010 da Inatel. Crónica de Álvaro Belo Marques. Não colocar o email em rodapé, isso não se faz. Dava-lhe os parabéns em particular. Assim envaideço-o em público. Li, tentei perceber e meditei. Ah Moçambique de 69 e 70! Como militar com alma de quem queria entender as coisas. Se calhar a civilização dita ocidental a que me prezo de pertencer, não estará nos antípodas daquela que se retrata aqui. Kanimambo? José Moreira, por e-mail

NR - Os novos cartões de associado já estão a ser remetidos para os associados com quota 2010 paga e estima-se que até finais do corrente mês fique concluída a respectiva expedição. Quanto ao pagamento, o talão emitido pela caixa Multibanco ou as vinhetas dos CTT e Payshop comprovam o respectivo pagamento que poderá, também, ser confirmado através da identificação da pessoa junto dos nossos funcionários em qualquer serviço INATEL.

Cartões de Associados Paguei, no passado mês de Fevereiro, a minha quota referente ao ano 2010 através do multibanco e ainda não recebi nem o recibo do pagamento, nem o cartão de associado para o referido ano. Agradeço que procedam ao envio dos mesmos para poder, eventualmente, comprovar a

50 anos na INATEL Completaram, este mês, 50 anos de ligação à Fundação Inatel os associados: Mª Teresa Fontes Pereira Mello, de Amadora; Aníbal Fernando Silva Figueiredo, de Gondomar; João Rio Ferreira Braga, de Lisboa; António Valente Folgado, de Seixal; Mª Angelina Medeiros e Mª Catarina Gomes, de Viana do Castelo.

Coluna do Provedor PARTICIPEI, há dias, em representação da

Kalidás Barreto provedor@inatel.pt

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Fundação, num Encontro de Centros de Cultura e Desporto, organizado pelo CCD, Rancho de Pussos, com o apoio do município local e o patrocínio da Agência de Leiria da INATEL. O Encontro versava a cultura e procurava encontrar respostas à questão da nossa cultura popular e à interrogação “Que Futuro?” Ao festejar este ano o 75º aniversário, a Fundação INATEL é uma instituição respeitada e séria e tem-se afirmado como um importante veículo de ocupação salutar dos tempos livres. Penso porém que não se tem a ideia qualitativa e quantitativa do que representa o apoio directo e a presença no terreno das agências distritais. Todavia, valeria a pena a divulgação de todas essas actividades, de forma especial no que toca ao fomento da cultura popular, desde os encontros de concertineiros, ao apoio às filarmónicas, ao teatro amador, aos grupos etnográficos. As agências distritais antes designadas por delegações, têm sido semeadores do alfobre cultural de raiz popular, no apoio a iniciativas, no

entusiasmo e estímulo às colectividades espalhadas pela província. Certamente que sem esse apoio constante muitas das iniciativas ficariam pelo caminho, muito entusiasmo resultaria em frustração. Todavia alguns profetas da desgraça já anunciam o fim do Estado-Nação com o advento da Nação Global, como se tudo estivesse fatalmente destinado à subordinação, às directrizes da globalização emanada por grupos poderoso, da economia à política, dos usos e costumes aos restantes valores culturais. Sem que tenhamos que ser patrioteiros no sentido conservador ou piegas, nem xenófobos, uma coisa é reconhecermos que o mundo se vai transformando, outra é, esquecermo-nos que temos 800 anos de História. Assim, é urgente que os nossos hábitos e costumes, as nossas tradições desde a música à gastronomia, das danças aos costumes populares, devam ser defendidos e nisso a INATEL, teve, tem e continuará a ter através de Agências distritais e CCD’S, um papel de extrema importância. I


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Conferências INATEL

Adriano Moreira defende aposta no mar e na lusofonia O vasto conhecimento que a comunidade universitária detém sobre os recursos e potencialidades de Portugal no âmbito do mar não está a ser devidamente aproveitado pelos responsáveis do País – lamentou o Prof. Adriano Moreira na sua intervenção na conferência “Novas Respostas do Ensino Superior”, que teve lugar na Casa Municipal da Cultura, em Coimbra no passado dia 15 de Abril. Perante um atento auditório, onde se destacavam vários professores universitário, casos de Rui Alarcão, João Porto e o Reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, o actual Presidente do Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa advertiu para o risco de Portugal se tornar um “Estado exíguo” por ignorar o saber científico acumulado pela investigação universitária

relativamente aos vastos recursos marítimos nacionais (pesca, minerais, energia) e não aproveitar, também no plano estratégico, as virtualidades do espaço lusófono, uma decisiva mais valia para o País no contexto europeu.

Adriano Moreira lembrou, na oportunidade, o chumbo da Academia das Ciência (apenas um voto contra em 40 possíveis) à legislação aprovada para o ensino superior que, recorde-se, perdeu nos últimos quatro anos cerca de 30 por cento do financiamento do Orçamento de Estado. No diálogo com os presentes, Rui Alarcão, João Porto e Seabra Santos, entre outros, manifestaram o seu acordo com a análise do eminente e experiente catedrático, tendo o Reitor da Universidade Coimbra citado o facto de nesse mesmo dia ter recebido dois ministros estrangeiros interessados na cooperação com a sua escola, limitada, no entanto, pelo estrangulamento colocado ao ensino superior português, base essencial do nosso desenvolvimento científico.

Apoios à cultura popular Cerca

de duzentos CCD’s (Centros de Cultura e Desporto) da região Centro - distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda e Leiria receberam centenas de instrumentos musicais e equipamentos de teatro em cerimónia que teve lugar no Grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda, em Abril passado. A iniciativa inserida no âmbito do Plano de Apoio da Fundação INATEL de 2009, contou com uma arruda pela Banda Velha (Manteigas) nas principais artérias da cidade e com a actuação do Rancho Folclórico da

Boidobra (Covilhã) que apresentou “Ao toque do Adufe”, do grupo de teatro “O Celeiro” de Pereira (Montemor-o-Velho) que exibiu a peça “ Carta da Corcunda para o Serralheiro” e do Grupo de Concertinas do Reboleiro (Trancoso), bem como, com um lanche convívio oferecido pelo Governo Civil da Guarda. Ainda em Abril, e no âmbito do citado Plano de Apoio da Fundação à música amadora e a grupos etnográficos, foram entregues instrumentos e outros equipamentos culturais em Setúbal (Região de

Lisboa e Vale do Tejo), em Portalegre (Região Sul), Mirandela (Região Norte) e nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira.

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Protocolos Inatel

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protocolo celebrado, em Abril, com a Fundação Oriente vai permitir a grupos de associados da Inatel visitas guiadas por monitores, mediante preços especiais, às exposições e actividades do Museu daquela instituição, dotada de um vasto espólio de testemunhos materiais da presença portuguesa no Oriente. O mesmo documento –

2

3

assinado por Carlos Monjardino (foto Rodrigues Calvão, da FO, e Vítor Ramalho e Cristina Baptista, da Inatel – admite idênticas possibilidades de visitas aos grupos organizados no âmbito dos programas “Turismo Sénior”, “Turismo Júnior”, “Saúde e Termalismo”, “Abrir Portas à Diferença”, “Portugal no Coração” e

outros de vocação solidária organizados pela Fundação. Foram ainda celebrados, em Março e Abril, protocolos de cooperação com a DECO, com o Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial, com a Associação de Mulheres Contra a Violência (foto 2) e com a Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (foto 3) .

1) e

INATEL 75 anos

Mostra de Canto da Maya no Palácio Galveias

Festa Popular no Parque de Jogos 1º de Maio

A Câmara Municipal de Lisboa, em colaboração com a Direcção

No âmbito das comemorações do 75º Aniversário da INATEL, o Parque de Jogos 1º de Maio será palco, entre as 10h e as 24h do dia 13 de Junho, de uma festa popular para toda a família, onde estarão representadas as múltiplas valências da Fundação, designadamente ao nível da Cultura Amadora e do Teatro da Trindade, do Desporto, do Turismo e Hotelaria, bem como da Intervenção Social.

Palácio Galveias (ao Campo Pequeno). A exposição, integrada nas

Regional de Cultura dos Açores, apresenta, até final de Maio, a exposição do escultor açoriano Ernesto Canto da Maya, na Galeria do Comemorações Açorianas do Centenário da República, foi apresentada na VII Mostra Portuguesa em Madrid, em Novembro de 2009. A mostra, comissariada por Paulo Henriques, apresenta cerca de 40 peças de um dos mais notáveis escultores portugueses da primeira metade do século XX, precursor do modernismo na escultura em Portugal e um dos mais internacionais artistas portugueses desse período.

David Lopes Ramos O Peixe em Lisboa homenageou, em Abril último, o jornalista e crítico gastronómico David Lopes Ramos, colaborador da “TL”, numa cerimónia em que também se entregaram os troféus aos anteriores distinguidos, Maria de Lourdes Modesto e José Bento dos Santos. A organização do evento entregou a cada homenageado um prato decorativo elaborado por uma equipa de jovens designers das Caldas da Rainha, numa iniciativa que também teve por objectivo renovar a tradição da célebre loiça da região.

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Na passada edição,

na entrevista à Dra. Cristina

Colóquio na UNL

Ferreira de Castro e a Emigração

Baptista, administradora da Inatel, onde se lê José Rabaça deve ler-se Henrique Rabaço. À entrevistada e aos leitores da "TL" as nossas desculpas pelo lamentável lapso, devido a erro de transcrição MG

Prémio para “Os Maias” António

Torrado e o Rui Mendes foram distinguidos pela adaptação e encenação de “Os Maias”, levado à cena no Teatro da Trindade, com a menção honrosa no âmbito do Prémio do Grémio Literário (2009) para obras publicadas ou realizações culturais sobre temáticas do século XIX..

Com

a colaboração do Grupo Interdisciplinar de Estudos Portugueses, do Centro de História da Cultura, da Universidade Nova de Lisboa, o Centro de Estudos Ferreira de Castro vai realizar, nos próximos dias 24, 25 e 26 de Maio, nas instalações da Faculdade Ciências Sociais e Humanas, um colóquio internacional sob o tema “Ferreira de Castro e a Emigração – Ontem como Hoje”. Graças à sua experiência de emigrante, Ferreira de Castro trouxe

para a Literatura Portuguesa três importante romances “Emigrantes” (1928), “A Selva” (1930) e “ O Instinto Supremo” (1968) – cabendo-lhe como salientou o historiador Joel Serrão o “mérito de encarnar, pela primeira vez”, os dramas da emigração “na pele do emigrante expulso pela miséria das suas bermas natais”. Informações e inscrições: ww.ceferreiradecastro.org | www.idep.fcsh.unl.pt

Borges Coelho lança 1º volume da sua História de Portugal

“Não se Ganha, não se Paga” no FITEI À

trigésima terceira edição, o mais antigo festival de teatro português, a decorrer de 28 de Maio a 10 de Junho, no Porto, prossegue a aposta no cruzamento de disciplinas artísticas e volta a alargar o seu raio de acção geográfico. A França adere aqui aos países de “Expressão Ibérica”, embora seja espanhol o passaporte de uma das criadoras da Compagnie Toujours Après Minuit. Com Exitus, Não se Ganha, não se Paga (produção do Teatro da Trindade/INATEL) e Querida Professora Helena Serguéiévna, regressam os autores de textos aos lugares cimeiros das fichas artísticas, algo que também acontece com Kaspar, prodigioso exercício verbal de Peter Handke.

Jubilado, há vários anos, da sua cátedra na Faculdade de Letras de Lisboa,

António Borges Coelho persegue o sonho antigo de uma História de Portugal “escrita a uma só mão”, ao “rés da fala”, perseguindo o “rigor e o prazer da palavra” e enfrentando “a morte anunciada dos Estados-Nações” num mundo sem fronteiras, rompidas pelas multinacionais e pelo capital financeiro. “Mas – como adverte o eminente historiador e poeta, no 1º volume, (“Donde Viemos “) da obra sonhada – chega um momento em que o corpo e a mente nos pedem a velha casa. Aí é outro o sono, há outra luz quando, ao fim da tarde, entre céu e mar, as árvores balouçam altas contra o branco das casas…”. Dezenas de amigos, professores e antigos estudantes, não faltaram, na Livraria Barata, à apresentação da obra, feita por Cláudio Torres, seguido de um estimulante diálogo sobre factos e episódios dos séculos que antecederam a formação da nacionalidade. MAI 2010 |

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Desporto Inatel em debate com CCD’s seus associados colectivos, as primeiras reuniões, em Março e Abril, decorreram nos distritos de Viana do Castelo, Bragança, na Região Centro, no Alentejo e na Madeira, onde os respectivos CCD’s tiveram oportunidade de apresentar as suas ideias e pontos de vista sobre a presente época desportiva e propostas para a próxima época 2010/11.

Os actuais quadros competitivos, eventos em parceria com os CCD’s, acções elegíveis e outro tipo de acções a promover conjuntamente foram os temas que a Direcção Desportiva da Inatel debateu em reuniões levadas a efeito com CCD’s em todo o País. Destinadas, igualmente, a reforçar a proximidade da Fundação com os

Ténis de Mesa No final de Março, teve lugar no Pavilhão Desportivo da Gândara dos Olivais (Leiria) a fase final dos os nacionais de Ténis de Mesa, em pares. Participaram 18 pares masculinos, quatro femininos e nove mistos, num total de 62 atletas representando treze CCD´s, com especial destaque para o CCD Tintas CIN e para os atletas Elmano Monteiro/Diamantino Pinto que obtiveram o primeiro lugar em pares masculinos ao derrotarem na final o pare José Moura/ Pedro Libório do S. S. C. M. Caldas da Rainha. Nos pares femininos, o primeiro lugar coube à dupla Daniela Silva/Anabela Santos do Grupo Dramático Ramiro José. Na categoria de pares mistos, Sónia Lourenço/Nuno do ARDOG foram os vencedores.

BTT Inatel cresce

Nascida em 2007, a marca UP and DOWN - BTT Inatel tem vindo a crescer de

forma assinalável como se comprovou na edição 2010, realizada em meados de Abril. Durante os dois dias de exposição, registaram-se cerca de cinco mil visitas, com destaque para o espectáculo da noite do dia 17, com a elevada participação de espectadores e atletas e que não se esgotou no tema BTT, pois contou com uma escola de dança (Alidança), uma escola de ginástica (Guimarães) e atletas consagrados no mundo do TRIAL Nacional. A iniciativa registou, igualmente, a inscrição de numerosos novos associados na Fundação que, pela sua participação no evento, ficaram isentos do valor da respectiva jóia. O UP and DOWN- BTT INATEL 2010 conta já com um site próprio www.upanddownbtt.com - com diversa informação disponível. 12

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Taça Fundação INATEL - Futebol

Nacional de Corta-Mato Elisabete Azevedo (Seniores Femininos) e Alberto Almeida (Seniores Masculinos) foram os vencedores do nacional Inatel de Corta-Mato, realizado no parque da cidade de Paredes, numa organização da Agência do Porto da Fundação, como o apoio da autarquia local e das empresas Vitalis e Sport Rox. Por equipas, os vencedores foram: CCD Candoso S. Tiago (SF); CCD CP Valongo Vouga (SM); CCD Candoso S. Tiago (M- 50 anos); CCD CL. Gandaras (M-55) e CCD BES” (M65). Participaram numerosos atletas, masculinos e femininos, dos 17 aos 85 anos, oriundos de CCD’S das Agências do Porto, Braga, Viseu,

O Teatro da Trindade vai ser o palco, no próximo dia 15 de Maio, do sorteio referente à fase final da Taça Fundação INATEL, com a participação de 16 equipas. Os jogos dos oitavos de final realizar-se-ão nos dias 22 e 23 de Maio, os quartos de final nos dias 29 e 30 de Maio e as meias-finais nos dias 5 e 6 de Junho. A finalíssima realizar-se-á no Parque de Jogos 1.º de Maio no dia 13 de Junho, englobada nas comemorações dos 75 anos da Fundação INATEL.

Aveiro, Coimbra, Santarém e Lisboa. Em Março, no concelho de Torres Vedras, teve lugar o Inter-Regional de Corta-Mato, com a participação de CCD´s da Delegação Regional de Lisboa e Vale do Tejo. O vencedor em Seniores Masculinos foi o atleta Rui Chaves. da Carris. No sector feminino triunfou Carla Carvalhal do CCD Ponterrolense


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Moreira Marques

e a nova estratégia para o Desporto INATEL

Atrair os jovens, apoiar os seniores esponsável pela área de Desporto da INATEL, o Eng. José António Moreira Marques dá conta, em entrevista à “TL”, das mudanças estruturais e funcionais neste importante sector da Fundação e da aposta em novas modalidades e captação de jovens praticantes, na renovação dos Parques Desportivos 1º de Maio e Ramalde, no diálogo modernizador com os CCD’s, no crescimento do Desporto Aventura – com destaque para a internacionalização do Parapente em Linhares - e em projectos adaptados às necessidades dos seniores. Licenciado em Engenharia Electrotécnica, docente universitário e ex-vereador das Câmaras de Loures e Lisboa, Moreira Marques tutela, ainda, como administrador da INATEL, o património edificado da Fundação. Oportunidade, pois, para sublinhar à “TL” a sua estratégia para a requalificação, preservação e dignificação dos edifícios e as instalações que integram o vasto e diversificado património da Instituição.

R

As mudanças ocorridas na área do Desporto registaram alguma polémica, com críticas formuladas por alguns CCD’s… Essas mudanças tornaram-se necessárias por força da passagem da Inatel de Instituto Público a Fundação. Foram mudanças profundas, quer do ponto de vista estrutural, quer do ponto de vista funcional, implicando, igualmente, uma reestruturação interna. Em consequência disso definiram-se algumas áreas como prioritárias: a reorganização dos quadros competitivos, regulamentação e definição de procedimentos de atribuição de apoios financeiros aos CCD’s, a criação de uma prática de intervenção na área dos eventos e turismo desportivo, bem como uma racionalização dos recursos financeiros e humanos. 14

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Essas alterações envolveram o próprio Código Desportivo. Houve a necessidade de adaptar à realidade dos dias de hoje o Código Desportivo. A versão existente tinha cerca de 15 anos. Para isso solicitámos os serviços de um conceituado especialista em direito desportivo. Foi ainda criada uma regulamentação técnica eficaz para enquadramento das modalidades desportivas. Os modelos competitivos existentes foram também objecto de alterações quanto ao seu modelo, de forma a tornálos mais atractivos e competitivos, como é o caso da “Taça Fundação INATEL” cujos resultados passaram a ser publicados, semanalmente, num jornal desportivo diário. O Desporto Inatel abrange um vasto e diversifi-


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cado conjunto de modalidades individuais e colectivas, de competição e de manutenção, onde os CCD’s têm um papel fundamental. Há novidades no sector? Decorrente de todas as alterações que foram implementadas no decurso deste ano e meio de mandato, e segundo os dados disponíveis, haverá um crescimento acentuado quer no número de atletas, quer no número de CCD’s. Estes números só serão porém oficializados no final da época desportiva, uma vez que ainda vão ocorrer inscrições para algumas modalidades. Contudo, os números oficiais relativamente à época desportiva 2008/2009, dão-nos um crescimento na ordem dos 5%, quer no número de atletas, quer no número de associados, nas 16 modalidades praticadas. Este crescimento de 5% corresponde a cerca de 14 mil atletas, 600 CCD’s e aproximadamente 13 mil associados. E com numerosas modalidades, algumas a estrear… A diversidade de oferta desportiva na INATEL passa por modalidades individuais como Atletismo, Judo, Natação, Pesca, Ténis de Mesa, Xadrez e colectivas como Andebol, Basquetebol, Futebol, Futsal, Voleibol de Praia e Volei entre outras. Lançamos, por outro lado, em 2009, o projecto das Escolas de Desporto, casos da Escola de Rugby em parceria com o Clube de Rugby de S. Miguel, a Escola de Futebol com o Dimas e

Hélder, a Escola de Atletismo Prof. Moniz Pereira em parceria com o Sporting e a Escola de Taido em parceria com o mestre Satoaki. Este projecto vai ser desenvolvido e implementado pelo país, de forma a atrair os jovens para as actividades da Fundação. Quando falou na criação de uma prática de intervenção na área dos eventos, a que se refere? Refiro-me à associação a eventos que possam trazer notoriedade e visibilidade à Fundação, como foi o caso, se bem se recorda, da nossa participação no Estoril Open, na Maratona de Lisboa, no Raid Todo-o- Terreno INATEL Serra da Estrela entre muitos outros. Só em 2009, estivemos associados de uma forma directa ou indirecta a 21 eventos. Do ponto de vista estratégico, esta área pode vir a tornar-se, a curto prazo numa área importante para a promoção e oferta turística da Fundação. Portugal vai receber pela primeira vez, em Linhares da Beira, uma prova do Mundial de Parapente. Está o Parapente enquadrado nessa estratégia? Absolutamente. A organização de grandes competições é, por norma, arduamente disputada por diversas cidades e organizações de diversos países, precisamente pela visibilidade e prestígio que alcançam, e, claro, pelo consequente retorno em termos turísticos e económicos. Este processo começou em 2009 enquanto decorria a Pré-Taça

Património: requalificar e poupar Como responsável, também, pela

Fundação INATEL, estando as acções

assegurem a eficiência energética dos

reabilitação do património edificado da

em causa a cargo do Gabinete de

edifícios é uma acção cada vez mais

Fundação, que estratégia tem planeada

Requalificação, Estudos e Projectos.

pertinente no âmbito da designada

nesse âmbito?

Trata-se de priorizar os investimentos

“Construção Sustentável”, pois

O objectivo é requalificar, preservar e

de que resultem geração de poupança

recorrendo à energia solar, que é um

dignificar os edifícios e as instalações

a nível de consumos, sem deixar de

recurso endógeno gratuito, reduzem-se

que constituem o amplo e diversificado

ter em atenção a antiguidade, o valor

os consumos energéticos de recursos

património da Instituição. Aposto no

patrimonial e as características

não naturais, como sejam o gás e a

reforço dos níveis de qualidade e de

técnicas dos imóveis.

energia eléctrica.

conforto das instalações e dos

A Fundação tem de caminhar,

Contribuiremos, assim, quer para a

equipamentos, na uniformização da

gradualmente, para a sua auto-

redução de custos quer para a redução

qualidade da oferta do nosso serviço e

sustentabilidade financeira.

da emissão de CO2 para a atmosfera,

na valorização da imagem e marca da

A implementação de sistemas que

facto que em termos ambientais é de

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do Mundo em Linhares e a Fundação formalizou a sua candidatura para receber em 2010 uma das etapas do circuito mundial. Os observadores internacionais presentes fizeram uma avaliação muito positiva das competências técnicas e operacionais que a Inatel podia oferecer e fomos escolhidos para a organização da Taça do Mundo, E obtivemos, ainda, um prémio de melhor organização de evento desportivo em 2009, atribuído pela Federação Portuguesa de Voo Livre com o apoio do Comité Olímpico. O Parque de Jogos 1º de Maio, inaugurado há meio século, é o grande cartão de visita da Fun-

dação no plano desportivo. Sei que há grandes planos de renovação e crescimento para as próximas décadas… Sim, essa estratégia já está definida. Vai começar com o lançamento do livro “Um Estádio na Cidade – 50 anos do Parque de Jogos 1º de Maio”, a ser lançado no próximo dia 13 de Junho, dia em que a Fundação comemora 75 anos. O livro faz uma abordagem ao passado e termina com a nova etapa da vida deste Parque de Jogos – o futuro. Vamos apostar na qualificação e modernização, adaptando o Parque de Jogos para a nova realidade social e desportiva. Foram já construí-

extrema importância e ao qual a

remodelações que se justifiquem nestas

Hoteleira de Vila Nova de Cerveira.

Fundação é sensível.

unidades, dado o encetamento do

Trata-se de uma clara aposta na

São investimentos avultados…

processo de licenciamento turístico de

valorização e requalificação do

O investimento total previsto em Plano

cada uma delas e a necessidade de

património próprio, neste caso um

de Actividades é de dez milhões de

acentuar as acessibilidades a todos os

imóvel inserido numa zona privilegiada

euros e os principais contemplados

cidadãos, não só ao nível da

do norte de Portugal, junto à fronteira

com intervenções, de natureza e

mobilidade, mas também àqueles que

com Espanha e nas margens do rio

dimensão variáveis, são as Unidades

possuem deficiência visual e ou

Minho. É um investimento de retorno

Hoteleiras e instalações de bem estar e

auditiva.

financeiro assegurado pois

saúde associadas, designadamente, no

Há trabalhos já em curso em alguma

proporcionará aos seus utilizadores

que respeita aos balneários termais,

unidade?

um contacto directo com a natureza,

tanto mais que é imprescindível

Vai ter início, em breve, uma profunda

num ambiente repousante e

proceder às beneficiações e

obra de requalificação da Unidade

harmonioso.

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dos dois balneários e colocados novos pisos sintéticos nos dois polidesportivos. Está projectada uma transformação da área dos courts de ténis, a construção de um wellness SPA, bem como uma nova piscina destinada à aprendizagem de bebés, mais a construção de um restaurante e bar, um espaço jovem, um parque aventura e um parque de estacionamento. E o Parque Desportivo de Ramalde, no Porto? Encontra-se neste momento em apreciação um protocolo com a autarquia portuense para a requalificação do Parque de Ramalde. É um projecto que visa, numa 1ª fase, a construção de um piso de relva sintética para futebol de 11, e a construção, de uma pista sintética de atletismo e a requalificação de todas as estruturas de apoio. Este processo de requalificação teve início em 2009 com a colocação do piso de relva sintética no Polidesportivo e da iluminação. Fala-se noutros projectos em estudo na área dos seniores e também no Desporto Aventura, onde a Inatel teve já acções pioneiras… A prioridade, neste momento, é consolidar todas as mudanças que foram feitas. De qualquer forma, temos já em preparação alguns projectos a lançar ainda no decorrer de 2010. Assim, e à semelhança do projecto das Escolas, queremos também inovar na área dos seniores. Trata-se de projectos na área da prevenção da saúde e bem-estar, uma forma de contribuir para uma vida activa e inserida num contexto mais humano. Vamos criar pólos pelos diversos pontos do país, de forma a promovermos um quadro de actividades adaptadas às capacidades e necessidades dos seniores. E no Desporto Aventura? Há outro projecto na área do Desporto Aventura que pretende ser inovador no actual formato de actividades desportivas promovidas pela Fundação. Estão integradas neste projecto algumas modalidades, como: BTT, Orientação, Passeios Pe18

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destres, canoagem, Rafting Corridas de aventura – Challengers, etc. São actividades que despertam o seu interesse na vontade de auto-superação, no gosto pela exploração do desconhecido e no contacto com a natureza, associando predominantemente a sua actividade mais lúdica e de descoberta do meio e também mais adaptada à próprias capacidades individuais de quem pratica. Como têm decorrido as reuniões, em todo o país, com os CCD’s? Queremos apostar na modernidade administrativa e gestão de CCD’s. Esta ideia surgiu-nos a partir desses contactos que tenho tido pelo país com os CCD’s e constatei “in loco” que é urgente uma intervenção em áreas como a organização, a administração e gestão. No fundo, na gestão de projectos, nas formas de estabelecimento de parcerias para a obtenção de mais valias para os projectos, nas tecnologias, enfim, é preciso dotá-los de instrumentos e conhecimentos necessários para as boas práticas da gestão das suas organizações. Prevê-se, portanto, um ano intenso e inovador para o Desporto Inatel na época 2010/2011? Estou convicto disso, porque para além de acreditar nos projectos tenho uma equipa capaz de os executar com sucesso. Deixe-me terminar com o projecto na área do turismo desportivo que, acredito, será aquele que irá dar mais projecção e retorno financeiro à Fundação. Este projecto passa pela criação de novas áreas de negócio que possam contribuir para a auto-sustentabilidade da Fundação. Pretende-se conceber e desenvolver produtos temáticos que aliem a oferta hoteleira, de restauração às actividades desportivas e de lazer. Esta área de negócio vem dar resposta a um mercado emergente que procura este tipo de actividades. Acredito que este será um projecto que do ponto de vista financeiro terá um bom êxito. I Manuela Garcia (texto) José Frade (fotos)


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Paris

na Primavera A capital francesa pode ser reconstituída, como tantos outros lugares, como um itinerário pessoal, como um roteiro de enredos multiplicados quase até ao infinito. Ou como um livro tão diverso quanto o número e a variedade de leitores.

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NENHUMA cidade se furta a uma condição multidimensional: é a um tempo um espaço geográfico, um mosaico de expressões arquitectónicas, uma antologia de enunciações culturais, uma coda de registos históricos. E, sobretudo, uma colectânea de representações e mitologias, de imagens pré-concebidas, de ideias feitas, de interpretações que se colam à pele do topónimo como retratos inquestionáveis e mais ou menos “eternos”. A cada geração, claro, algumas dessas representações e mitologias caem como galhos secos e folhas outonais; outras se renovam e se reconfiguram; e outras, ainda, são substituídas ou complementadas com novas narrativas.

Revoluções, literatura, pintura…

Museu na antiga Gare de Orsay

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Assim é, também, Paris, berço de luzes e de trevas no torvelinho da Revolução e dos anais do século XVIII, e outras periféricas centúrias, dos ecos visionários de Voltaire e Pascal e Descartes e Montesquieu, palco dos arrebatamentos de Robespierre, Danton e Marat no cenário de fogueiras em que começou a crepitar uma nova ordem política (ou esboços de várias) que acabaram por viajar além-fronteiras, além-continente. Paris e as suas outras luzes feéricas acesas na memória das vivências oitocentistas e novecentistas de gente das letras e das telas, do impressionismo ao surrealismo e a outras modas, de Flaubert a Miller, de Aragon a Sartre e a Hemingway, nesse século XX de peregrinações que atravessaram o Atlântico em busca dos seus mitos de travesseira. De longas décadas de claridade guardam os museus parisienses vestígio e flama: Cézanne, Pissaro, Toulouse-Lautrec, Monet, Renoir, Degas, na antiga Gare de Orsay, onde o Angelus, de Millet, guarda um eterno poder de comoção; Kandinsky, Braque, Chagall, Klee, no Georges Pompidou; Picasso no museu homónimo lá para as bandas do chique Marais. Neste colossal acervo disperso pela cidade, há ainda o saque das investidas coloniais, o Obelisco da Praça da

Concórdia, confiscado ao templo de Luxor, no Egipto, e agora enregelado sob as neves invernais da Europa, as máscaras e esculturas africanas e orientais no novo espaço do Museu Branly, as antiguidades gregas e romanas, orientais, egípcias e mesopotâmicas na poeira secular dos labirintos do Louvre.

Arquitectura, cinema, música… Paris é também, como todas as demais cidades, uma antologia de imagens pessoais, transformadas e recicladas pela memória, e, igualmente, dos universos culturais em que se fragmenta a cultura europeia, esse viveiro de vozes e polifonias que assumem a missão de estilhaçar as fronteiras dos velhos - e de má memória - nacionalismos. A Paris, também, de gente de outros continentes que veio trazer lufadas de ar fresco à música popular, a Paris de Manu Dibango, de Salif Keita, de Youssou N’Dour, da Orchestre Baobab, de Ray Lema, de Cheb Khaled, de Cheb Mami, de Natasha Atlas. E nesta enciclopédia de infinitas reconstruções de um território urbano multidimensional, eis a Paris mais gráfica e visual, a dos espaços com arquitectura dentro: dos ícones mais elementares, como a Torre Eiffel ou a cúpula do Sacré-Coeur a coroar Montmartre, com o seu circo de artistas de rua na Place du Tertre, até à mole de pedra do Louvre com as suas romarias turístico-domingueiras à Mona Lisa; do Jardim e Palácio do Luxemburgo, capricho residencial de Maria de Médicis saudosa da sua Toscânia natal, à ponte Eduardo III ou ao imperial Arco do Triunfo, em bicos de pés na geometria de parada militar dos Champs Elisées. Do Boulevard StMichel, com as suas livrarias e alfarrabistas, à mais bela ágora da cidade que foi musa de Piaf e de Montand, a setecentista Place des Vosges, onde, num dos seus (re)cantos Victor Hugo terá escrito as páginas de «Os Miseráveis». Da rive gauche e de St-Germain-des-Prés à Place Vendôme ou ao gótico de St-Eustache, da picante Pigalle às graças científicas de La Villette. Tudo isso está lá, como postais em escaparates do tamanho de ruas e boulevards. Às vezes de modo invisível. Vertigens como a Bastilha, e o seu carrossel de automóveis a despejar nuvens de dióxido de carbono sobre o anjo dourado, ainda poderão evocar a poesia visual de Tati no cenário


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Paris: a arquitectura imponente e os bairros típicos

Museu do Louvre

Centro Georges Pompidou

Place do Tertre e, em baixo, o Arco do Triunfo

Sacré-Couer e, em baixo, uma vista do Sena


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de artifício de «Playtime»? E, em algumas esquinas, o toque de aventura rebelde de Belmondo e Ana Karina nas peripécias de “O Acossado”, de Godard? Para lá da porta cerrada de um pátio, o charme discreto de Catherine Deneuve na «Belle de Jour»? Não há resposta de uma simples palavra. Velha como as gárgulas de Notre-Dame, pedante como a arquitectura de fortaleza emproada e engravatada de La Defense, fútil como os desfiles de moda dos “criadores”, que as convenções transmutam em génios e artistas, bempensante nas páginas de filósofos social-futuristas, refúgio pós-colonial e neo-colonial de músicos e artistas africanos, “Paris c’est une idée”, como trauteava Leo Ferré num jazz afrancesado e sarcástico. Uma ideia desmultiplicada em miríades de cansadas representações e mitologias. Que Paris resta, afinal, dessas iluminuras pessoais? Que Paris resta para além da que se ama sem se saber exactamente por que razões? Cole Porter, entre acordes de piano, terá ensaiado algumas respostas. Numa das suas mais célebres canções (e com um pouco da candura dos noivos de «L’homme qui aimait les femmes”, um filme em que Truffaut passeia as personagens por tantas ruas de Paris), há uns versos que arrumam a cidade na condição irremediável de fantasia sub-

Jardim do Luxemburgo

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jectiva: “And why do I love Paris? Why do I love Paris? Because my love is near...”. Enfim: cada viajante leva consigo as imagens que há-de ver e reconhecer. Sim, “Paris c’est une idée”. E há, finalmente, a “saison”, vária, múltipla, farsante de mil caras. Submissa a mil gostos e apetites, de acordo com infinitas narrativas: as das revistas de viagens e suas provincianas “descobertas”, as da moda e os seus umbigos viciosos, as do “salon auto” escarnecido por Renaud nas suas sátiras ao hexágono, as das lulus sussurantes dos anúncios de perfumes, etc., etc., etc. Abril é outra dessas narrativas, a da Primavera que prepara e ordena o reinício de tudo, ou, simplesmente, acende do nada um inesperado princípio. Talvez fosse disso que falava Vernon Duke em «April in Paris», cançoneta “imortalizada” por incontáveis intérpretes e inúmeras versões. Talvez nela possamos ouvir, finalmente, um convite a deambular por Paris sob o sol cálido da Primavera, meditando sobre a inesperada fecundidade dos lugares: “I never knew the charm of spring / I never met it face to face / I never new my heart could sing / I never missed a warm embrace / Till April in Paris / Whom can I run to / What have you done to my heart”.I Humberto Lopes (texto e fotos)


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INATEL promove gastronomia regional

Piódão estreou “cooking” de Carlos Capote Durante o mês de Maio e até ao início do Verão estão previstas várias sessões do curso “Cooking com Carlos Capote” a decorrer em diversas Unidades Hoteleiras da INATEL. Convidada a participar na primeira sessão realizada em Abril, na estalagem do Piódão, a “Tempo Livre”, observou o Chefe a ensinar a cozinhar um cabrito, que cresceu entre as amarelas flores de carqueja e as garras do Açor. NA COZINHA da estalagem INATEL Piódão (Arganil), todos observam o chefe Capote a extrair pequenas bolas de sebo das patas traseiras do cabrito. Surpreende que uma parte tão insignificante do animal possa pôr em causa a mais laboriosa das confecções: «O bedum do cabrito constitui o sebo e dá um sabor horrível. Em Marrocos não se tira, quando se entra nos restaurantes é um cheiro! Há quem goste…», explica o conhecido gastrónomo, perante o olhar curioso dos vários casais que vieram, de propósito, ao Piódão, nos dias 9 e 10 de Abril, participar na sessão inaugural de “Cooking com Carlos Capote”, um curso de

gastronomia portuguesa, organizado por João Serrano, subdirector de Hotelaria da INATEL. «Vamos percorrer o país de Norte a Sul, até o início do Verão. É um programa que está aberto também aos não associados, pretendemos chegar a outro tipo de clientes e por isso esta iniciativa enquadra-se numa estratégia que visa proporcionar visibilidade à Fundação INATEL». Segundo João Serrano, em cada Unidade Hoteleira, Carlos Capote dará formação aos cozinheiros, melhorando a qualidade do serviço de restauração existente, e ensinará o público inscrito a confeccionar um prato alusivo à gas-

“Cooking” em Maio e Junho Em cada sessão os participantes

Luso (18 e 19 de Junho).

aprendem a confeccionar um prato

Preços: 25 euros, duas pessoas/20

alusivo à região onde o curso tem lugar.

euros: individual. Com jantar na

Depois das sessões realizadas no mês

companhia de Carlos Capote e

de Abril, nas Unidades Hoteleiras

elementos da INATEL.

INATEL do Piódão, Linhares da Beira,

Número máximo de participantes por

São Pedro do Sul e Fornos de Algodres,

curso: 25.

durante os meses de Maio e Junho,

Aberto a associados e a não associados.

sempre à sexta-feira e ao sábado, a

Maio); Albufeira (14 e 15 de Maio);

Informações e reservas para o workshop

partir das 18H00, está previsto o

Manteigas (21 e 22 de Maio); Caparica

e alojamento: contactar a respectiva

seguinte calendário (sujeito a

(28 e 29 Maio); Oeiras (4 e 5 de Junho);

Unidade Hoteleira da INATEL por

confirmação): Foz do Arelho (7 e 8 de

Castelo de Vide (11 e 12 de Junho) e

telefone ou e-mail.

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tronomia da região onde o evento decorre. Capote confirma a continuidade deste projecto e anuncia alguns dos pratos a degustar com o público, no final da sua preparação: «Foram programadas onze visitas às estalagens da INATEL, na Costa da Caparica farei uma caldeirada, em Oeiras será uma feijoada de choco, em S. Pedro do Sul será aba de vitela no forno…»

Uma cozinha alegre Mas voltemos à cozinha da INATEL Piódão, na longínqua, altaneira e majestosa serra do Açor, onde, ao final da tarde, se prepara cabrito e aletria para o jantar. O ambiente é de alegre convívio, as cozinheiras da estalagem, divertidas com as muitas histórias e o bom humor do chefe, preparam a sopa de coentros reclamando a sua supervisão, os homens cortam as cebolas para o refogado, as mulheres aprendem a fazer aletria orientadas por Noca, a esposa de Carlos Capote. As crianças também querem aprender, e de vez enquanto espreitam o evoluir das “operações”; num intervalo, para retemperar as forças, os cozinheiros aprendizes bebem um copinho de

vinho branco e comem petinga frita com pão. As panelas estão agora lado a lado, numa a sopa, noutra os bróculos, e numa terceira, o cabrito partido, misturado com a cebola, o azeite, o sal, o colorau, a pimenta, os alhos, louro e vinho branco, em secretas e calculadas combinações alquímicas que hão-de reforçar os laços de simpatia criados entre todos os que prepararam o jantar e em conjunto o irão comer. Contente por ter aprendido a fazer aletria e descoberto alguns truques para melhor temperar o cabrito, Anabela Correia, responsável da subdirecção de Turismo INATEL, que por seu turno tem agendada uma série de viagens gastronómicas “Segredos da Cozinha com Capote” (a anunciar brevemente no site do INATEL e na TL), destaca nesta experiência no Piódão, a acessibilidade dos ingredientes utilizados e sobretudo a importância do convívio: «Gerou-se um momento extremamente feliz!»

“Estórias” de Piódão Quando se tiram as toucas e os aventais de cozinha ainda é dia. As janelas abertas deixam entrar MAI 2010 |

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Actual

GUIA

privativo. O atendimento é

serra, às estradas estreitas e

eléctrica transformam o

acolhedor e o ambiente geral

sinuosas, onde com

Piódão numa espécie de

muito tranquilo.

frequência se atravessam

cenário de contos de fadas.

animais como coelhos,

Não perder: o museu

texugos, ouriços, javalis, etc

etnográfico conhecido por

DORMIR

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INATEL Piódão Tel. 235730100

VIAGEM

/10, Fax 235730104

Coordenadas GPS: 40º

Email: inatel.piodao@inatel.pt

13´51´´N. 7º 49´48’’ O. Elev.

LUGARES A NÃO PERDER

Piódão, no Largo Cónego

Decorada com sobriedade e

752 m

Visitar a aldeia a pé é uma

Manuel Fernandes Nogueira; a

bom gosto, a estalagem

A partir de Coimbra seguir

experiência interessante pela

Igreja Matriz de Nossa

INATEL Piódão possui uma

pela IP5 em direcção a Viseu;

presença contínua do xisto

Senhora da Conceição, visível

soberba vista sobre a Serra do

desvio para a Covilhã, Oliveira

nas edificações das casas e

a partir do mesmo Largo; o

Açor e a aldeia do Piódão.

do Hospital, Arganil. Ao sair

no pavimento do chão. De

Centro Interpretativo de Arte

Dispõe de 30 quartos

de Arganil, seguir a

longe, quando o sol bate nos

Rupestre de Chãs D`Égua

totalmente equipados, bar,

sinalização até ao Piódão.

telhados de ardósia tem-se a

(rupestre.chas.egua@cm-

restaurante, sala de reuniões,

Preferível fazer a viagem de

ilusão de serem de prata, de

arganil.pt) e a Mata da

salão de jogos, piscina coberta

dia para aproveitar a

noite a disposição das casas

Margaraça, reserva

aquecida, sauna, jacuzzi, Wi-Fi

paisagem. Conduzir com

na encosta da serra, em forma

biogenética com flora nativa

e parque de estacionamento

cuidado devido à elevação da

de anfiteatro, e a iluminação

do centro de Portugal.

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Núcleo Museológico do


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a serra onde crescem diversas plantas medicinais, flores raras como o “Narcissus Asturiensis”, castanheiros, azereiros, loureiros, aveleiras, pinheiros, cerejeiras e esses medronheiros, que de produzirem fruto tão maduro, por vezes, embebedam as cabras. Da estalagem do Piódão, a vista panorâmica — sobre uma das mais belas aldeias históricas de Portugal, de negras casas de xisto e ardósia incrustadas no sopé da serra “como escamas de uma pinha” — evoca outros tempos, quando os ursos atacavam as colmeias, as mouras encantadas ofereciam figos que eram ouro, e as águias Açor (“Accipiter gentilis”, símbolo desta Área de Paisagem Protegida), sobrevoando as encostas e os cumes, arrancavam aos rebanhos a sua própria refeição. No livro “Piódão - aldeia histórica, presépio da Beira Serra: história, lendas e tradições”, 2006, José Fontinha Pereira explica a importância das «cabradas» na história da alimentação dos piodenses, «o povo que anda a pé» (possível origem etimológica da palavra Piódão): com elas se «amassava o mato», estrumando as terras para a sementeira do milho, se coalhava o leite para fazer queijo ou se fabricava «o bornal», sacola de pele usada para apanhar medronho. Mas é numa pequena edição da Câmara Municipal de Arganil “Lendas e histórias do

Piódão”, de 2004, com textos de Paulo Ramalho e desenhos de Nuno Mata (disponível no Museu Etnográfico do Piódão) que descobrimos nas cabras de Piódão um valioso contributo no tempo da reconquista cristã. Na primeira versão da lenda “De como os mouros foram expulsos da região” lê-se o seguinte: «Os últimos mouros refugiaram-se num castro que tinham no Colcurinho. Os do Piódão arranjaram um estratagema para os expulsar: trouxeram o gado todo [na segunda versão fala-se em “muitas cabras cornudas”], enfeitado com mato e velas acesas nos cornos. O chefe deles, quando viu tal coisa disse: - Fujamos que a montanha traz fogo e anda como se fosse viva! Foi a última vez que os mouros foram vistos na região.» A cada região irá Capote buscar os ingredientes das receitas a confeccionar, uma oportunidade para descobrir a gastronomia portuguesa a partir de produtos genuínos. «Foi um prazer conhecer o senhor Carlos Capote que também é contador de histórias», sublinha João Figueiredo, um dos privilegiados participantes na estreia do “cooking” Inatel ao elogiar, também, os deliciosos cabrito e aletria ‘desenhados’ pelo mestre cozinheiro. E o chefe, reconhecido internacionalmente, justificase com modéstia e graça: «Como se diz na gíria, são muitos anos a virar frangos». I Susana Neves (texto e fotos) MAI 2010 |

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História

A malária ainda não foi esquecida no vale do Sado Rio de Moinhos é uma aldeia portuguesa genuína: nas ruas estreitas ladeadas de casas de piso térreo caiadas, as mulheres juntamse à porta de casa para conversar sobre as coisas da vida e os homens aglomeram-se frente aos cafés para falar da amanha da terra, da pesca ou das dificuldades do dia-a-dia.

OBSERVADA do alto da estrada, com pinheiros de um lado e do outro até ao infinito, a povoação parece estar no fim do mundo. E nem o Rio Sado, que funcionou como estrada fluvial durante séculos, se avista. Alcácer do Sal, que fica a menos de 15 quilómetros de distância, parece muito longe. Ananias Grosso compõe a boina na cabeça e senta-se em cima da mó de um antigo moinho de água, depositada na berma da estrada. Há muito que esta mó está aqui, frente ao Centro Social de Rio de Moinhos, para os moradores não esquecerem nunca as origens da terra. O rosto, vincado de rugas, não esconde a idade, mas também engana os mais distraídos: este homem, de pele escura e traços fisionómicos semelhantes a um negro, já não é novo, mas também não parece tão velho como os anos que já viveu. Quando fala, os olhos de Ananias Grosso brilham: “Eu tinha para aí 10 anos quando apanhei paludismo. Qualquer pessoa que chegava aqui apanhava a doença, e, para aliviar as dores, fazíamos mezinhas e truques, mas o que os médicos recomendavam era o quinino”. Ao lado do velho, 30

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um adolescente, de pele escura como a dele e cabelo encarapinhado, ouve a conversa com atenção: “Há 50 anos vinham para aqui as algarvias apanhar arroz, começavam a trabalhar e, quando chegavam ao fim do dia, tinham aquele frio terrível, e, passado o frio, vinha a febre de mais de 40º”. Ananias passa a mão pela cara, e remata: “Quando eu era moço, apanhava-se aqui paludismo com muita facilidade.” Ananias Grosso nasceu na aldeia de S. Romão, poucos quilómetros a sul de Rio de Moinhos, no dia 12 de Agosto de 1918. Aos 91 anos, é, provavelmente, o mais velho descendente dos negros africanos que colonizaram o vale do Sado a partir do século XVII. O adolescente, por seu lado, é um dos mais novos representantes dessa linhagem genética: João Miguel é sobrinho de Ananias Grosso. “A mãe dele é filha de uma irmã minha, o pai e o avô dele também têm o cabelo assim”, explica o ansião. O Marquês de Pombal terá sido também responsável pelo povoamento dos campos do Sado com negros africanos no século XVIII. Em “A Companhia das Lezírias, mito ou realidade?”, Renano Henriques e Tito Henriques levantam a ponta do véu: “a Direcção daquela Companhia deve ter-se recordado do que aconteceu aos

Mapa das sezões em Portugal O estuário do Sado não era o único sítio em Portugal onde, até 1958, havia malária. A doença existia também nas bacias hidrográficas do Tejo, nas partes superiores do Guadiana, do Mondego, e do Douro, incluindo os afluentes Tua, Sabôr e Côa.


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ONDE COMER A Escola

Estrada Nacional 253 – Cachopos; Encerra à 2ª feira; Tel.: 265 612 816 A Descoberta

Av. João Soares Branco 15-16; Tel.: 265 623 877 Porto Santana

Tel.: 265 622 344

negros que o Marquês de Pombal mandou vir, salvo erro, da Guiné para povoar os campos do Sado, nas margens do qual aliás eram visíveis vestígios de cubatas, ainda não há muitos anos, e que morreram como tordos vitimados pela malária”. Rio de Moinhos não é o único sítio onde ainda hoje é possível vislumbrar gente com fisionomia africana. S. Romão, uma aldeia tão pequenina que quase não se dá por ela na margem de uma das zonas mais largas do Sado, é também habitada por descendentes de africanos. Assim como nas ruas de Rio de Moinhos é fácil encontrar pessoas com traços africanos, no único café de S. Romão acontece o mesmo. E a prova disso é a famosa cantiga “O Ladrão do Sado”: “Quem quiser ver gente / Da cor do carvão; / Vá dar um passeio / Até S. Romão.” O cair da tarde revela como terá sido difícil viver nestas terras quando havia as “febres malignas”: à medida que escurece, a concentração de mosquitos sobe com uma rapidez impressionante e as picadelas sucedem-se quase sem parar. O velho Ananias, percebendo o incómodo, dá mais uma achega: “Ainda hoje, no Verão, usamos redes mosquiteiras para dormir”. Tal e qual como nas zonas mais endémicas de África. A malária, uma das doenças que hoje mais

mata no mundo, surgiu na zona do Sado associada ao cultivo do arroz. As queixas das populações locais começaram a manifestar-se por volta de 1856, mas só a partir de 1880, após o médico do Exército francês Laveran ter descoberto o agente causador do paludismo, foi possível identificar o papel dos mosquitos na transmissão das sezões. A maior intensidade da malária ocorreu entre 1920 e 1942, na sequência do aumento da área de cultura daquele cereal: em Portugal, MAI 2010 |

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História

Vista de Rio de Moinhos e, à direita,João Miguel e o seu tio Ananias Grosso.

registavam-se, por ano, quase 100 mil casos de paludismo, dos quais quatro mil acabavam por levar à morte os doentes. No ano de 1938, Portugal era mesmo um dos países europeus com maior taxa de mortalidade por malária. E o concelho de Setúbal era o mais afectado do país, em particular Alcácer do Sal e Águas de Moura. Ricardo Jorge, um dos nomes mais respeitados da história da Medicina portuguesa, já alertava em 1903 para a gravidade da situação: “A questão do sezonismo é, como poucas, uma questão patriótica. Não será temeridade afirmar-se que a infecção sazonal avulta entre as piores pragas colectivas que flagelam a população portuguesa”. A luta contra a malária começou a sério a partir de 1930, quando foi instalada uma Estação Experimental de Combate ao Sazonismo em Benavente. A partir de 1933, elaborou-se a Carta Sezonática do País, que identificava as zonas mais afectadas pela doença. Como a região com maior incidência de paludismo era Águas de Moura, em 1934 instalou-se aqui uma estação para o Estudo do Sazonismo, que deu lugar ao

Museu - A história da luta contra a malária em Portugal é bem visível no Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Doutor Francisco Cambournac do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (CEVDI-INSA), em Águas de Moura. É aqui, onde está instalado o 1º pólo do Museu da Saúde dedicado à erradicação dessa doença, que está concentrado o acervo laboratorial, entomológico e documental sobre a luta anti-palúdica. O museu, inaugurado em Agosto de 2009, pode ser visitado de 2ª a 6ª feira, das 10h00 às 15h30.

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Instituto de Malariologia, inaugurado em 1938 com o apoio da Fundação Rockefeller. É Francisco Cambournac, presidente desta instituição no ano seguinte, que mostra cientificamente a importância dos arrozais como criadouros do mosquito Anopheles maulipennis atroparvus, responsável pela transmissão do paludismo em Portugal. O combate à malária implicou trabalhos de hidráulica agrícola, técnicas de irrigação, utilização do insecticida DDT, que contribuiu para a erradicação da doença nalgumas zonas do mundo, a utilização de peixes do género Gambusia, que destróem as larvas dos mosquitos, distribuição gratuita de quinino à população. Os próprios orizicultores deviam ter no campo provisões de quinino para o tratamento dos seus trabalhadores. O Instituto de Malariologia, apetrechado com os melhores equipamentos existentes na altura, realizava um apurado trabalho de recolha de amostras de sangue e realização de consultas aos moradores. Águas de Moura e Landeira, mesmo sendo as regiões com maior incidência da doença, foram as primeiras a ter a malária erradicada. Em 1958, é registado o último caso de paludismo indígena em Portugal e, em 1962, a erradicação da doença é dada por completa. Em 1973, a Organização Mundial de Saúde, declara oficialmente a erradicação da malária em Portugal. Hoje, a densidade do mosquito Anopheles nas zonas onde houve malária é muito baixa, mas, segundo os especialistas, a receptividade e vulnerabilidade à doença continuam a existir. O que obriga à manutenção da vigilância. I António Sérgio Azenha (texto e fotos)



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Paixões

Augusto Carlos “Não se consegue ser feliz l Escritor luso-moçambicano recupera o amor pelas coisas simples da vida AS PESSOAS estão a regressar em força à leitura e ao contacto com a Natureza. Duas constatações que deixam o escritor luso-moçambicano Augusto Carlos confiante num futuro melhor, apesar dos recentes fracassos dos líderes mundiais na missão de salvarem o Planeta das alterações climáticas mais gravosas dos últimos tempos. O autor, nascido na província de Gaza em 1955, faz a sua quota-parte em prol de um mundo mais equilibrado e sustentável escrevendo livros sobre aquilo que mais marcou a sua vida e que se resume numa palavra: Natureza. Com os olhos e o coração postos nela, a que existe ainda e aquela que já só vive na memória dos tempos de infância e juventude passadas em Moçambique, Augusto Carlos fez nascer quase duas mãos cheias de livros em pouco mais de cinco anos de carreira como escritor. Na verdade, só aos 45 anos este engenheiro civil de profissão começou a passar para o papel as

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z longe da Natureza” muitas histórias de vida que foi guardando como um tesouro dentro de si e, mais do que isso, usando como uma bússola orientadora de princípios e acções. Os protagonistas das suas obras tanto podem ser os madalas (velhotes) e os meninos do mato primordial, como uma folha de um castanheiro ou uma teia de aranha, até mesmo uma simples flor à beira do caminho… Parábolas com emoção garantida e uma semente de razão pronta a germinar nos seus leitores. São, por isso, preciosos auxiliares para chamar a atenção do público infanto-juvenil – e é urgente fazê-lo – para as muitas dádivas que a Natureza tem para o Homem, caso este se digne (voltar a) olhá-la com amor e respeito. O seu último livro, chamado simplesmente “Contos da Natureza” (lançado em finais do ano passado) não é excepção. “As pessoas têm cada vez mais a consciência de que não conseguem ser felizes longe da Natureza e, por isso, é preciso perguntar: para quê os conflitos com o meio ambiente, a competição desenfreada, as rotinas que cortam a criatividade? Para quê, afinal, o dinheiro como um fim em si mesmo?...”, questiona

o escritor, a propósito da sua nova colectânea de contos, com a qual espera “incentivar todos os leitores, dos 8 aos 80, a olharem um pouco mais para a Natureza e menos para o cimento, pois talvez isso os possa ajudar”. Infelizmente, conclui, “esquecemos muitas vezes que somos seres naturais”. Em vésperas da chegada de mais uma Primavera, vem a talho de foice este renovado convite aos seres humanos para que parem, escutem e olhem o meio ambiente, não só para o protegerem, mas como forma de obterem, eles mesmos, mais bem-estar. Para lá de o fazer, em linguagem genuína e comovente, nas páginas daquele que é o seu nono título - numa ainda curta, mas profícua, carreira – Augusto Carlos fá-lo, também, o mais possível, dando o exemplo no seu quotidiano. “Tenho escritório em Mem Martins. Quando estou cansado, vou até ao Parque da Liberdade, em Sintra, e sozinho, com o telemóvel desligado, ando pelo meio daqueles castanheiros pelo menos uns 15 minutos. Quando regresso ao escritório volto com energias recarregadas”, conta. O escritor, que veio de Moçambique há quase 30 anos, sente-se particularmente bem no concelho onde a natureza mágica e as mil e uma lendas e mitos têm servido de inspiração literária a poetas e prosadores, com Lord Byron à cabeça dos mais importantes. Mas a verdade é que, mesmo se vivesse na mais asfixiante gaiola de betão – e tantas há por aí… - Augusto Carlos nunca seria um prisioneiro da urbe. Pela simples razão de que para se evadir bastar-lhe-ia fechar os olhos e abri-los de novo em Moçambique… “Saí cedo de Gaza e fui crescer numa zona considerada mato [no Vale do Infulene, arredores da capital Lourenço Marques para onde, aliás, haveria de ir morar a seguir, dos 18 aos 25 anos, antes de vir para Portugal] – mas que era muito diferente daquilo que se chama mato em Portugal, pois era feito de uma Natureza deveras forte e viva. Desde pequeno tive curiosidade em conhecer a fauna e flora do sítio onde morava. A Natureza puxava por mim: à noite não MAI 2010 |

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havia electricidade e o céu era completamente estrelado, eu ficava fascinado com a escuridão e o nascer do dia, aquela passarada toda…”, recorda, com emoção na voz.

Fábulas de Moçambique Foi na majestosa terra africana que aprendeu a ler e a escrever. Chorou quando foi para a escola por ter de se afastar da Natureza que lhe era tão familiar e das brincadeiras com crianças de origens tão variadas quanto as antigas possessões ultramarinas portuguesas. “Uns da Índia (Goa), outros da China (Macau), mais os nativos e os filhos de pais portugueses, os mestiços… brincávamos todos juntos”. A situação só melhorou na 3ª classe. “Foi quando tomei contacto com textos bonitos como as fábulas de La Fontaine adaptadas à realidade de Moçambique, que falava de coisas da Natureza que me eram familiares, isso começou a cativar-me. Depois, gostava de contar essas histórias à minha maneira, com erros e tudo, e de fazer desenhos. Já as contas e os problemas… eram mesmo um problema”, diz Augusto Carlos, situando por essa altura a decisão de vir a ser escritor, mais cedo ou mais tarde – viria a ser mais tarde… Entretanto, da observação da Natureza e da relação dos homens com ela e entre si foi extraiu as premissas filosóficas que haveriam de o acompanhar até hoje. Uma colheita só possível graças a uma ferramenta tão rudimentar quanto essencial: o acto de questionar. Foi dessa seiva viçosa que alimentou o espírito e frutificou a vontade de saber mais. Sobretudo, depois do dia em que um responsável da Igreja, nos subúrbios da actual Maputo, o repreendeu por querer respostas para aquilo que não era sequer suposto inquirir. “Ele respondeu-me: ‘Só por perguntares já estás a cometer um grande pecado’, mas eu precisava de perceber as coisas; o que os padres me diziam, ou a minha mãe e o meu pai, só isso não chegava”, justifica-se, admitindo, com um piscar de olho: “Sempre fui um aluno chato”. Certo é que não mais parou de fazer esse exercício de libertação, até porque o “castelo de ateu” ensimesmado, onde a certa altura se colocara deslumbrado pela ciência, desmoronou-se perante as investidas de um colosso maior, “Deus, a Natureza, uma Inteligência Superior, seja lá o que 36

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for”, armado de coisas tão belas, simples e complexas ao mesmo tempo, que foi impelido a acreditar “em algo”… A definição concreta desse “algo” é secundária. O mais importante é a convicção – inconscientemente formada desde os tempos dos cajueiros e outras árvores majestosas - de que o amor dos seres humanos entre si e para com os outros seres vivos é a grande força motriz que importa defender. Foi por sentir amadurecidas essas e outras reflexões de ordem filosófica que Augusto Carlos concluiu pela necessidade de partilhar essa “paz de espírito” e “clarividência”. Uma “quase obrigação” que o levou a escrever os primeiros livros com o propósito de “eventualmente, servirem a alguém como comparação de pontos de vista e de experiências”. “Pensava escrever só quatro livros: ‘As Micaias [significando acácias] de Manuna’, o ‘Vovô Tsongonhana [pequenino]’, ‘Os Madalas [velhotes] de Marracuene’, e o ‘Teoria e Método de João do Mundo’ resumindo a minha filosofia. E, pronto, pensei eu que já estava tudo dito”, enfatiza o escritor. “Vim a descobrir, porém, que a vida continuava e que eu continuo a ser curioso em cada ano que passa, continuo a perguntar à vida e a vida continua a dar-me lições”, conclui, filosoficamente. E foi assim que chegaram aos escaparates o livro de contos “O Flamingo da Asa Quebrada” que viria a ser incluído no Plano Nacional de Leitura – os romances “O Caroço da Manga” e “Mar Imenso”, seguindo-se “O Cântico dos Melros”. “Todos as minhas histórias, todos os meus contos e os meus romances são sempre baseados em problemas concretos que tive ao longo da vida e à volta dos quais ficcionei para melhor passar a mensagem”, resume Augusto Carlos, declarando-se “obrigado” a tal “mester” enquanto tiver para partilhar algo que aprendeu. E tão a sério leva essa missão que nela o autor tem incluído a ida a dezenas de escolas para explicar aos cidadãos de amanhã porque é que, afinal, o velho castanheiro, de entre as suas mil folhas, gostava tanto de uma delas em particular… “Nós evoluímos da e na Natureza”, lembra, em jeito de moral da história. I Jorge Ferreira


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Exposição na Cordoaria Nacional

Da ascensão e queda da República Acaba de inaugurar na Cordoaria Nacional uma das mais emblemáticas exposições dedicadas à Primeira República. Mais do que deitar por terra os mitos que tanto rodeiam este período da história contemporânea, pretende mostrar-se ao visitante a herança do ideário republicano. De portas abertas até Outubro.

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O PRIMEIRO programa republicano, datado de 1878 e a Constituição de 1933 são os marcos cronológicos que balizam o tempo percorrido por esta exposição, presente na Coroaria Nacional, em Lisboa, até Outubro. “O que se pretende é perceber qual foi a herança da República, porque caiu e porque simultaneamente surgiu um regime quase em antinomia com a República”, revela Luís Farinha, comissário desta exposição. Da responsabilidade da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, esta grande mostra da capital - a outra está patente no Centro Português de Fotografia, no Porto - estende-se ao longo de 4 mil metros e exibe materiais em vários suportes, alguns interactivos, outros só informativos. Uma escolha aturada feita a partir de materiais provenientes de arquivos locais e regionais, como os de Famalicão, Loures ou o Arquivo Fotográfico da Câmara de Lisboa. Fundações como a de Mário Soares que disponibiliza a colecção António

Pedro Vicente constituída, entre outros, por bustos, medalhas, louça com motivos da simbólica republicana. Há ainda contributos de colecções particulares, como a de António Ventura ou a de Bigotte Chorão. Nos museus, o Maçónico e o Militar, são apenas dois exemplos. Mas há nesta mostra presença de materiais de instituições públicas e privadas de todo o país. Para responder às exigências desta exposição, a Cordoaria Nacional está a ser alvo de algumas adaptações. Assim, até Outubro, num auditório construído especificamente para esta mostra, estão programados vários ciclos de palestras, dados a conhecer logo que exista um programa mais definido. Haverá espaço ainda para uma cafetaria-livraria adaptada tanto para espectáculos musicais como para lançamentos de livros.

Filmes de época Com a exposição “Viva a República, 1910-2010” pela primeira vez é dado a conhecer ao grande MAI 2010 |

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Centenário da República 1910 >2010

público um conjunto de meia centena de filmes, uns de ficção outros documentários, “alguns pouco conhecidos ou nem sequer conhecidos, graças ao trabalho excelente de restauro e catalogação, e passagem a sistema digital feito pela Cinemateca e pelo ANIME”, destaca o comissário. São películas que cobrem um espaço de tempo que vai de 1907 a 1931 e de temática variada: da etnografia, à economia, do quotidiano ao desporto, da documentação de actos públicos, a outros acontecimentos relevantes. Assim, pode assistir-se a um filme sobre o Instituto Moderno do Porto, de 1916, “onde se mostra como era formada a burguesia portuense”; mas também a um outro sobre a actividade têxtil na Covilhã, datado de1921. Esta exposição tem ainda o propósito de “corresponder às novas linhas historiográficas sobre a Primeira República, fruto de estudos 40

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maduros, livres e aturados” feitos por uma nova geração de investigadores, no pós-25 de Abril, destaca Luís Farinha. Uma nova luz se acende sobre esta época, tantas vezes envolta em mitologias. Importa agora “Desmistificar ideias que existiam quer da parte dos republicanos – porque havia também uma visão glorificadora” quer a visão negativa, a dos vencedores, de que “os militares vieram trazer a ordem”. “Estes últimos anos têm permitido criar um equilíbrio maior e um estudo mais aprofundado”, remata o comissário desta mostra. Democratização, modernização, laicização do Estado e das instituições, projecto colonial autonomista, são tudo ideias basilares da Primeira República que antecipam em larga medida o mundo contemporâneo e que haviam de ser concretizadas com o 25 de Abril. I Manuela Garcia


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Portfólio

Tanzânia Zambucos de Quiloa PELO INTERIOR de África viaja-se na caixa de carrinhas, de encruzilhada em encruzilhada, fundo de picada no horizonte e muitos percalços pelo caminho. Lá fora, generosas mangueiras dão a sua sombra a aldeias de cubatas cobertas com o capim que cresce nas bermas da trilha percorrida por centenas de mulheres, homens e crianças que transportam sacos com carvão vegetal, o bem de consumo mais comercializado nestas paragens. Assim se chega ao litoral tanzaniano, a Kilwa Masoko, antecâmara continental da ilha da Quiloa, Património da Humanidade desde 1981 graças a um forte português, a Gereza, e uns

quantos palácios e mesquitas em ruínas, símbolos de um fausto de outros tempos. A emocionante travessia é feita num zambuco, embarcação de apenas quatro metros de comprimento, inspiradora da nossa caravela. Desfraldada a vela, num instante pomo-nos ao largo, adornando a bombordo, o que obriga a movimentação de passageiros para equilibrar a coisa. É como navegar numa falua do Tejo, só que neste caso o cavername da embarcação é bem menor, o que permite a entrada de golfadas de água que transformam a viagem numa espécie de desporto radical. I Joaquim Magalhães de Castro (texto e fotos)


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Memória

Raul Solnado como num filme A vida de Raul Solnado dava um filme. Como não há filme, resolvi contá-la em fotografias. Como num filme. Um filme sem herói porque, como costumava dizer António Alçada Baptista, o Raul era um «anti-herói».

DESDE

o popular bairro da Madragoa, onde nasceu em 19 de Outubro de 1929, até ao Palácio das Galveias, onde o fui ver pela última vez (10 de Agosto de 2009), grande, grande foi a vida deste homem que , como gritou alguém à passagem do carro funerário que levava Raul, «fica para sempre no nosso coração». Vamos ver, então, como viveu Raul Solnado os seus 57 anos de actor.

Tudo começou no Maxime Chamava-se «Sol da Meia-Noite» o espectáculo que José Viana encenara, para o Maxime, e onde se estreou Raul Solnado. Vasco Morgado viu o rapaz, descobriu-lhe o talento e convidou-o logo para o Monumental. Estávamos em Dezembro de 1952. Logo no ano seguinte era vedeta na revista «Viva o Luxo». E foi por aí fora. Revistas? «Bota Abaixo» (1955), «Melodias de Lisboa» (1955), «Não faças Ondas» (1956) , «Vinho Novo» (1958), «Delírio em Lisboa» (1959), «A Vida é bela» (1960), «Bate o Pé» (1961), «Sol e Dó» e «Lisboa à Noite» (1962), («Pois, pois» (1967), «P’rá frente Lisboa» (1972). Comédias? Muitas. Mas é justo lembrar «O Vison Voador», dois anos em cartaz no Teatro Villaret ( a estátua em vida de Solnado como ele próprio um dia se lhe referiu). Nesta biografia «à la minute» há que referir dois personagens do cinema, «Dom Roberto», (1962) dirigido por José Ernesto de Sousa e 46

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o Inspector Elias no filme «Balada da Praia dos Cães», realizado por José Fonseca e Costa.

Uma quinta, um hotel, um teatro Ele escreveu crónicas, contos, peças de teatro, programas de televisão. Durante algum tempo entrava em nossas casas para nos dizer «façam o favor de ser felizes». Ele teve uma quinta, embora não distinguisse o grão das nabiças. Teve um hotel sem ser hoteleiro. Construiu um teatro (o Villaret) e apressou-se a vendê-lo para pagar dívidas. Ele foi, antes de tudo, um enorme actor e uma pessoa fabulosa. Para terminar este quase filme da vida de Raul Solnado, nada melhor do que deixar aqui as palavras de um grande amigo seu, já desaparecido, António Alçada Baptista: «Atrevo-me a dizer que a razão profunda porque o Raul é amado pelo «português médio» é muito pelo muito que ele o faz rir mas, talvez mais, pela subconsciente identificação que esse português projecta no personagem que o Raul criou: o «anti-herói», um ser despido de solenidade que olha a vida através da simplicidade e da banalidade que têm as coisas que quotidianamente o fazem viver sem descobrir nisso quaisquer vislumbres de glória.» As fotografias que escolhemos para dar vida à vida de Raul Solnado ficam como registo de uma carreira brilhante de mais de 57 anos.I Maria João Duarte


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1 - Com Laura Alves em «Ela não gostava do patrão». 2 - O «Marialva» da revista «Bota Abaixo» 3 - O «Sambista do Benfica» da revista «Melodias de Lisboa» 4 - O «Charlot» de «Acerta o Passo» 5 - «Alfredo Marceneiro» de «Delírio em Lisboa» 6 - «Flausina Fadista» em ««Lisboa àNoite»

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7 - Na comédia «Vison Voador», dois anos no cartaz do Villaret. 8 - O inesquecível inspector Elias do filme «Balada da Praia dos Cães» 9 – Em «Felizardo & Cª., Modas e Confecções» 10 - Com Fialho Gouveia e Carlos Cruz, autores com Solnado, do famoso programa de TV, «Zip Zip» 11 - «Frenéticas em Lisboa» , sketch do concurso «Prata da Casa», em Setembro de 1980

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Olho Vivo

O futebol faz bem

Fortuna enterrada

Os homens que insistem numa futebolada todas as semanas com os amigos e alegam que isso lhes faz bem à saúde podem agora apresentar provas científicas, se necessário. Cinco artigos foram publicados em Abril no Jornal Escandinavo de Medicina demonstrando que a prática recreativa do futebol aumenta a massa óssea e a sua densidade, melhora o equilíbrio da coluna e dá força muscular. Um outro estudo científico sobre os benefícios do futebol aconselha os homens a fazerem-se acompanhar das mulheres, porque as melhoras na saúde dos ossos ainda são maiores entre elas. Durante 14 semanas, as futebolistas amadoras, entre os 20 e os 47 anos, que trocaram uns passes duas vezes por semana, viram a densidade óssea das suas tíbias aumentar imenso, o que pode ser uma boa prevenção da osteoporose. Os estudos não abordaram o efeito das patuscadas que habitualmente se seguem aos jogos.

Arqueólogos da Universidade do Michigan, a escavar em Itália, desenterraram no final de Março uma urna de chumbo de meia tonelada, provavelmente do séc.IV a.C., no sítio outrora ocupado por Gabii, uma cidade vizinha da Roma imperial. A profa. Nicola Terrenato, que dirige as escavações, disse que o sarcófago ia ser levado para a capital italiana, onde já deve estar a ser analisado com câmaras microscópicas e outras técnicas minimamente invasivas, para se saber o que contém a misteriosa urna. Os romanos raramente usavam caixões nos funerais e, quando isso acontecia, estes eram de madeira. Além do mais, meia tonelada de chumbo valia, na época, uma fortuna colossal, que alguém inusitadamente enterrou para sempre.

Lagarto filipino Não é todos os dias que a ciência descobre uma nova espécie de vertebrado de grande porte. Os investigadores concluíram em Abril que o lagarto monitor encontrado há seis anos nas florestas de montanha das Filipinas, um bicho de dois metros de comprimento, com belas manchas douradas, pertence a uma nova espécie. O lagarto filipino serve de alimento à tribo Agta, na Sierra Madre da ilha de Luzon. A análise do ADN de exemplares capturados por cientistas da universidade do Kansas permitiu estabelecer que se trata de um réptil ainda não descrito. O Varanus bitatawa come fruta e caracóis e passa muito tempo no topo das árvores, ao contrário do seu primo Dragão de Komodo.

Cegonha azul Uma cegonha azul fez ninho na segunda semana de Abril em Briesen, uma aldeia perto de Berlim, e está a atrair a curiosidade de muitos visitantes e turistas. Peter Stumm, o presidente do município local, mandou já fazer postais com a fotografia da ave. Os especialistas excluem a hipótese de se tratar de uma mutação. A ave deve ter ganho as cores insólitas ao banhar-se num lago poluído, ou foi alvo de um praticante de "paintball" com a pontaria avariada. Uma tentativa para lhe arrancar uma pena para análise gorou-se. E, como o animal já arranjou parceiro, uma cegonha das brancas, será preciso esperar pelo fim do período de nidificação para tentar de novo. 48

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Família aumentada A família Hominídeos viu-se aumentada a 8 de Abril com a descoberta do baptizado Australopiteco Sediba, um fóssil, com pouco menos de dois milhões de anos, encontrado em Malapa, na África do Sul, a 40 km de Joanesburgo. Segundo a revista Science, os ossos (pertencentes a uma fêmea e a um jovem) mostram que o Sediba se trata de um parente da famosa Lucy, mas um milhão de anos mais novo. Partilha mais características com o género Homo do que Lucy, podendo estar, portanto, mais próximo da família Homem e do antepassado comum ao Homo Sapiens e ao Australopiteco. Sediba significa Fonte em soto, a língua local. Os cientistas vão agora beber todo o conhecimento que a descoberta proporciona.


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A n t ó n i o C o s t a S a n t o s ( t ex t o s ) A n d r é L e t r i a ( i l u s t r a ç õ e s )

Tomar o comprimido

Azahar foi mãe

Os doentes que se esquecem de tomar os medicamentos são uma preocupação para médicos e cientistas, além da família e dos próprios. Por isso, a Universidade americana da Carolina do Norte (Estados Unidos) realizou um grande estudo e concluiu que os pacientes mais jovens têm mais hipóteses de não se esquecerem de tomar o comprimido nos dias em que estão mais ocupados do que o habitual. Os mais velhos, entre os 60 e os 89 anos, pelo contrário, mostram tendência para se esquecerem da medicação, quando o dia é mais preenchido.

A lince ibérica Azahar, que Espanha entregou a Portugal em Outubro de 2009, foi mãe, aos cinco anos de idade, de dois pequenos linces, espécie em vias de extinção que está a ser reintroduzida no nosso país. Mãe e filhos continuam a viver em Sines, num centro de reprodução, antes de serem lançados no seu meio natural, daqui por três anos. Os bebés poderão atingir um metro de comprimento e um peso de 15 kg, quando forem crescidos. O lince ibérico passou de 100 mil animais selvagens em 1900, para apenas 200, no ano 2000. Em Portugal, crê-se que não haverá exemplares fora do centro reprodutor.

O segredo de um sushi bem digerido Ao contrário dos americanos e dos europeus, os japoneses têm no sistema digestivo enzimas capazes de degradar as algas que entram na composição do sushi. A bióloga francesa Mirjam Czjzek e os seus colegas descobriram na flora intestinal dos japoneses um enzima fabricado por uma bactéria marinha capaz de metabolizar as algas vermelhas que enrolam o sushi. Os enzimas transferiram-se das bactérias marinhas para a flora intestinal dos japoneses, mas não dos americanos ou europeus. Na revista Nature, os cientistas explicam que o contacto prolongado com as algas permitiu a transferência dos enzimas de um ecosistema, o oceano, para outro, o intestino humano.

Acordo de alto nível No mesmo dia em que a Rússia e os Estados Unidos assinavam em Praga um histórico tratado de desarmamento nuclear, o jornal Katmandu Post informava que a China e o Nepal tinham chegado a acordo quanto à altitude máxima do monte Everest, fonte de disputa entre os dois países, desde há muitos anos. O Nepal dava mais quatro metros de altura ao maior pico dos Himalaias, que faz fronteira com a China, fixando-a em 8848 metros, enquanto que Pequim afirmava ter o Everest uns bons 8844 metros. Um encontro na primeira semana de Abril, em Katmandu, permitiu salvar a face a ambos os institutos nacionais topográficos, chinês e nepalense. Os chineses aceitaram reconhecer a medida nepalesa, incluindo a neve, e os nepaleses, a altura considerada pela China, referente à rocha nua.

Vénus está vivo O planeta Vénus está vivo e ao que parece de boa saúde, segundo as observações dos cientistas divulgadas pela revista Science, na primeira quinzena de Abril. A Agência Espacial Europeia detectou pela primeira vez vestígios de correntes de lava na superfície do planeta, o que faz de Vénus um dos poucos planetas do sistema com vulcões activos nos últimos três milhões de anos. Analisando dados da sonda Magalhães, que a NASA enviou em 1990 para o segundo planeta a contar do Sol, a Agência Europeia concluiu que a lava está a alisar a superfície do planeta, o qual, ao contrário de outros, não tem mais de mil crateras de meteoros. O nascimento de Vénus ter-se-á dado há 4,5 mil milhões de anos, ao mesmo tempo que a Terra.

Sem oxigénio também se respira O Prof. Roberto Danovaro, da Universidade de Ancona, na Itália, descobriu, no fundo do Mediterrâneo, os primeiros animais marinhos que sobrevivem respirando numa água sem oxigénio. Até hoje só algumas bactérias eram capazes da proeza. Os animais foram recolhidos a 3 quilómetros de profundidade, em sedimentos ao sul da Grécia. São três novas espécies do grupo Loricifera, que medem cerca de um milímetro, são pluricelulares e parecem alforrecas com concha. O prof. Roberto deu a um dos prodígios o nome da sua esposa Cinzia. MAI 2010 |

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A Casa na árvore Susana Neves

O sangue de dragão não vence a árvore da dança Em Maio, construía-se uma plataforma de madeira à volta de uma tília para os recém-casados dançarem.

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e até a sombra das tílias (sobretudo a “Tilia Cordata” Mill.) tem um efeito curativo, o que na Europa, a partir do século XIII, levou à sua plantação junto de leprosarias, hospitais e termas (entre nós, num exemplo tardio, poderão ser as tílias junto ao rio, na proximidade das Termas das Caldas de Moledo, em Peso da Régua) como compreender a morte de Siegfried, corajoso herói de “O Anel do

Nibelungo”, por uma simples folha de tília se ter colado nas costas? A árvore preferida de Deus, pelo perfume das flores e suas muitíssimas virtudes medicinais (sedativa, anti-espasmódica, hipotensiva, etc) em cuja copa a Virgem Maria consta ter aparecido (óbvia inspiração para o relato das aparições sobre a “azinheira grande” de Fátima), não é afinal apenas benigna e salvadora. E no entanto, esta ambivalência, não lhe retira o estatuto de “árvore santa”, já atribuído pelos celtas. Como refere Andrée Corvol, no livro “L`Arbre en Occident” (Ed. Fayard, 2009), a convivência com árvores benignas sempre implicou a aceitação da sua magnanimidade. «Todos os povos tiveram as suas árvores benéficas preciSusana Neves

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Da esquerda para a direita: Tília na margem do Douro. Uma tília na Beira (Foto André Abrantes Amaral).

Tilia Cordata, ilustração de Johann Georg Sturm, 1796

sando para isso de respeitar alguns interditos: flores nefastas, polpas infectas, raízes nocivas, seivas que provocam alergias, etc. De facto, raras são as árvores totalmente benéficas: elas transportam dentro delas a dualidade original, o Bem e o Mal, a fonte da Vida e o lugar do Conhecimento.» No contexto do poema épico alemão medieval, a história de Siegfried (cujo banho em sangue de dragão o teria tornado imortal não fosse a folha de tília, ao colar-se, cobrir uma parte do seu corpo que ficaria assim vulnerável) recupera a faceta mais obscura de uma árvore cujo chá não só acalma os nervos e aviva a memória — para Marcel Proust, o chá de tília acompanhado de uma madalena despoletam as memórias do passado, necessárias à escrita de “Em Busca do Tempo Perdido” — como também se pensa ter o poder de fundar novas amizades. Associada na cultura nórdica, a rituais de magia branca e magia negra – faziam-se bonecos em madeira de tília transferindo para eles o mal que se sentia ou se desejava a outrem – esta “Malvaceae” ressurge em “As Metamorfoses de Ovídio”, em plena Antiguidade Clássica, como um presente divino, a recompensa do amor que une um velho casal (Báucis, “a muito modesta”, e Filemón, “aquele que ama”) em cuja humilde casa Júpiter e Mercúrio, disfarçados de mortais, são recebidos com grande generosidade. Querendo premiar a forma hospitaleira como foram recebidos, quando todos os vizinhos mais abastados a recusaram, os deuses não só impedem o casal de morrer durante a inundação que por castigo destinaram àquela localidade como satisfazem o pedido de unir para a eternidade Báucis e Filemón. Em “Mythologie des Arbres” (Petite Bibliothèque Payot, 1993), Jacques Brosse

descreve o momento da metamorfose: «Um dia, fatigados pela idade, encontravam-se nos santos degraus [a casa deles fora transformada num Templo] contando a história daquele lugar, Báucis viu Filemón cobrir-se de folhas, o velho Filemón viu as folhas cobrirem Báucis. Já o tronco crescia debaixo dos seus rostos, mas enquanto puderam conversaram um com o outro: “Adeus meu esposo!” “Adeus minha esposa!” disseram ao mesmo tempo e ao mesmo tempo as suas bocas desapareceram debaixo do tronco que os envolveu». Báucis foi transformada numa tília e Filemón num carvalho, as árvores cresceram enlaçadas, simbolizando o amor eterno e a fidelidade. O que de resto, é uma das simbologias mais comuns para a tília, cujas folhas, sejam elas pequenas (“T. Cordata Mill”), grandes (“Tilia Platyphyllos Scop.”) ou prateadas (“Tilia Tomentosa Moench”), só para mencionar as variedades mais comuns em Portugal, todas têm a forma de um coração; talvez por isso na Alemanha fosse comum, no mês de Maio, os recém-casados dançarem numa plataforma de madeira (“TanzLinde”/Tília que dança) construída à volta do tronco de uma tília. Terá sido debaixo de uma das maiores e mais antigas tílias do mundo (com cerca de 1000 anos), na Baviera, que o autor de Parsifal, o trovador, cavaleiro e poeta alemão medieval Wolfram von Eschenbach escreveu parte substancial da sua obra, em honra da amada. Entre nós, Florbela Espanca, uma das poetisas mais românticas, dedicou um poema (“A Voz da Tília”) a esta árvore, também reconhecida pela qualidade do seu mel. Transcrevemos os últimos versos: «E, ao ver-me triste, a tília murmurou;/ “Já fui um dia poeta como tu…/Ainda hás-de ser tília como eu sou…» I MAI 2010 |

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60 CONSUMO Com pequenos gestos, poderemos não só poupar electricidade como prolongar a vida dos numerosos aparelhos domésticos. Pág. 54 À MESA DLR escreve sobre a loira e apetitosa alheira, crismada pelo escritor Manuel Mendes como “a chouricinha da resistência”. Pág. 56 LIVRO ABERTO Em destaque o ensaio “O Novo Espaço Público”, de Daniel Innerarity, sobre o lugar que têm neste nosso mundo a cultura, a cidadania e as ideias… Pág. 58 ARTES Atenção às mostras de Francisco Vilaça, no Museu da Carris, e de Sérgio Amaral, na Biblioteca de Mangualde. Pág. 60 MÚSICAS Convite para ouvirmos o “Raconte-moi” da cantora de jazz Stacey Kent, e o “best of”, revisto e aumentado com DVD, dos Spandau Ballet. Pág. 62 NO PALCO Integrada nas comemorações dos 75 anos da Inatel, a peça “Quixote”, de António José da Silva, estará em cena, até 13 de Junho, no Trindade. Pág. 64 CINEMA EM CASA “Tetro”, de Coppol, e os oscarizados “Avatar” e “Estado de Guerra” são as principais sugestões na TL de Maio. Pág. 66 GRANDE ECRÃ Reaparece, pela enésima vez, o mítico Robin dos Bosques, desta feita com duas assinaturas de peso: o realizador Ridley Scott e o actor Russelll Crowe. Pág. 67 TEMPO INFORMÁTICO A novidade de um Rato adaptável, que resolve os problemas da utilização comum do único computador existente em casa.. Pág. 68 VOLANTE As grandes marcas de luxo “descobriram” um novo nicho de mercado com a produção de carros “mini”, mas de alta qualidade. Pág. 69 SAÚDE Um recente inquérito revela que a queixa mais frequente nas mulheres a partir dos 40 anos é a diminuição do desejo sexual…Pág. 70 PALAVRAS DA LEI Sobre a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) e o seu papel em situações de abuso de dados informáticos. Pág. 71

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Electrodomésticos: uma boa escolha pode reduzir a factura de electricidade Nas últimas décadas, aumentou consideravelmente o número de aparelhos eléctricos nos lares portugueses, implicando o agravamento da factura de electricidade. Saiba, no entanto, que com pequenos gestos poderá não só poupar electricidade como prolongar a vida desses aparelhos.

Carlos Barbosa de Oliveira

e quando compramos um automóvel, nos preocupamos com o consumo de combustível e despesas de manutenção, por que razão nem sempre temos a mesma preocupação em relação à poupança de energia de um electrodoméstico? Essa preocupação é fundamental, não só porque podemos poupar no bolso, mas também porque estamos a contribuir para a protecção do ambiente. Uma boa escolha, pode ajudá-lo a poupar algumas dezenas de euros. Como acontece em relação a todos os electrodomésticos, recomenda-se a compra de um aparelho "amigo do ambiente", cuja eficácia pode ser comprovada através de um rótulo ecológico devidamente certificado. O rótulo de informação energívora permite ao utilizador de um electrodoméstico avaliar a sua despesa com a electricidade. A informação é útil mas deve ser interpretada com cuidado. Desde 1995 que o rótulo da energia aparece num conjunto de electrodomésticos como o frigorífico, as máquinas de lavar roupa e loiça ou as secadoras. Este rótulo classifica os aparelhos em função dos seus desempenhos energéticos numa escala que vai de "A" para os mais económicos até "G" para os mais gulosos. Esta informação permite orientar a escolha do consumidor que tem, na leitura do rótulo, um meio simples de avaliar a sua futura despesa de electricidade. Acresce que este esclarecimento incita os fabricantes a melhorar o rendimento energético dos seus modelos. Só nos congeladores e frigoríficos, entre 1996 e 2000, houve melhorias na ordem dos 30%. Os progressos revelaram-se tão positivos que, tendo em conta as evoluções do mercado, a União Europeia decidiu então criar duas novas catego-

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rias, designadas por "A+" e "A ++". Tal como os detergentes que lavam mais branco que o branco, os electrodomésticos assim rotulados são mais económicos que os económicos. E os números confirmam-no. Além das características específicas de cada aparelho, há pequenos gestos que contribuem para a redução da conta de electricidade e para a poupança de energia que vale a pena lembrar. Aqui ficam algumas dicas: 1- Quando não estiver a utilizar os aparelhos (televisor, rádio, leitor de CD/DVD, etc.), não os mantenha no modo "stand by". Desligue-os totalmente. Esse simples gesto, permitirá reduzir o consumo de energia em cerca de 10%. 2- No caso do computador, impressora, fax, scanner, etc, se não os for utilizar durante várias horas, deverá

ANDRÉ LETRIA

igualmente desligá-los das tomadas. 3- Quando tiver de recarregar o telemóvel, ou a bateria de qualquer outro aparelho, não prolongue o carregamento para além do tempo necessário. Quando terminar a operação, desligue o carregador da tomada pois, se o mantiver ligado, continuará a consumir energia. 4- No momento de comprar um televisor, tenha em atenção que um televisor de plasma consome quatro vezes mais energia que um televisor convencional e 50 a 70% mais do que um aparelho de LCD. 5- Quando comprar um frigorífico, ou máquina de lavar (roupa ou loiça) tenha em atenção as informações disponibilizadas pelo fabricante, sobre consumo de energia 6- Se precisa de um computador novo, lembre-se que os portáteis consomem, normalmente, menos energia do que um computador de escritório. O ecrã é um dos elementos a que deve prestar especial atenção, porque é um dos mais energívoros. Menos brilho no ecrã, também significa, menos consumo. 7- Tenha especial cuidado com a manutenção da bateria. Depois de carregada, se utilizar o computador ligado à corrente, retire a bateria, para evitar o seu desgaste. 8- Antes de comprar um novo modelo de um aparelho, pense duas vezes antes de decidir. A última inovação apresentada no mercado por uma marca justifica a troca, ou valerá a pena esperar um tempo mais e comprar um modelo ainda mais avançado? O capricho de ter a última novidade, nem sempre justifica o investimento. Apenas um exemplo: 9- É possível fazer a actualização de alguns elementos dos computadores, como a memória RAM ou o disco rígido, sem trocar de equipamento. Com isso consegue duplicar a vida útil do seu computador, poupando bastante dinheiro e contribuindo para a preservação do ambiente, pois os resíduos dos aparelhos eléctricos e electrónicos contêm substâncias como o plástico que demoram muitos anos a decompor-se e metais. 10- E já agora, não se esqueça de utilizar apenas lâmpadas fluorescentes compactas que, gastam menos 70% de energia e duram oito vezes mais do que as clássicas. Se tiver em atenção que a iluminação artificial representa, em média, 10 a 15 por cento do consumo total de energia no seu lar, é só fazer as contas.

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“A chouricinha da resistência” A alheira, a loira e apetitosa alheira, foi crismada pelo escritor Manuel Mendes, num texto recolhido em “Roteiro Sentimental”, como “a chouricinha da resistência”.

David Lopes Ramos

orquê? Porque este enchido terá nascido nos finais do século XV, princípios do século XVI, em circunstâncias históricas muito particulares. Naquela época, como noutras, Portugal tinha as finanças arruinadas. O rei da altura, D. Manuel I, seguiu o caminho mais fácil. Como os judeus portugueses tinham riqueza, as autoridades, a pretexto de questões religiosas e políticas, tentaram apoderar-se dos seus bens. O processo era simples: ou os judeus abraçavam o catolicismo, ou eram expulsos e o Estado ficava-lhes com a riqueza. Mas em Portugal não viviam só judeus ricos. Havia também pobres e remediados e estes, não podendo refugiar-se no estrangeiro, retiraram-se para as zonas mais isoladas do interior do País, em particular Trás-os-Montes, pois nas cidades multiplicavam-se os autos de fé da Inquisição. Mas, nem nessas terras longínquas os esbirros da Inquisição deixaram os “cristãos-novos” ou “marranos” em paz e tentavam apurar quem não trabalhava ao sábado e quem não comia peixes sem escamas ou carne de porco. Terá sido neste ambiente e nesta época, garantese, que foi inventada a alheira. Pendentes no pau do fumeiro, como os tradicionais enchidos de porco, as alheiras eram a prova de que os “cristãos-novos” se tinham convertido em toda a linha a todos os preceitos da nova fé. É caso para se dizer que, se não é verdade, é muito bem achado... Só que as alheiras, uns doirados e roliços enchidos, apesar de ressumarem farta gordura sobre as brasas em que eram assados durante os Invernos rigorosos, como acontece com qualquer enchido de porco, não levavam ponta de carne deste bicho.

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Na verdade, o enchido inventado pelos judeus portugueses era confeccionado com pão de centeio, carne de várias espécies de caça, carne de aves domésticas, carne de vitela ou de vaca, azeite e o caldo resultado do cozimento das carnes. Como condimentos, a massa de alheira levava colorau doce e picante, pimenta branca, sal, salsa, louro, cebola e – obrigatório – alho e rama de alho, que terá dado o nome ao enchido. Os tempos ignominiosos da Inquisição são passado velhíssimo e a alheira, que, até anos relativamente recentes, foi um enchido regional de Trás-os-Montes, fabrica-se agora em todo o País. E, provavelmente, confeccionam-se mais alheiras na região de Lisboa do que em terras de Mirandela e Bragança, onde a “chouricinha da resistência” nasceu. Mas as confeccionadas em Trás-osMontes são as melhores. ANDRÉ LETRIA


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As alheiras actuais, salvo a cor dourada e a forma de ferradura, pouco têm a ver, na sua composição, com a receita original. Hoje – oh ironia! – a carne que predomina é a de porco, muitas vezes da mais gorda, o rústico, mas saboroso, pão de centeio, deu lugar ao trigo, a banha é utilizada em vez do azeite. Conservam-se as carnes de algumas aves domésticas, com destaque para a de galinha, e os temperos. Há também no mercado alheiras de caça e, muito recentemente, alheiras de bacalhau e vegetarianas (!!!!). A confecção da alheira deve ser programada de modo a que todo o processo fique concluído no mesmo dia: cozem-se as carnes em água temperada com sal, alho, cebola (facultativa), salsa e louro, devendo a calda ficar bem apurada. Desfiam-se as carnes muito bem desfiadas, embebe-se o pão na calda, deixa-se amolecer e amassase tudo muito bem. Depois, junta-se o colorau, a pimenta e mais alho e salsa picadinha, além da banha e do azeite. Mistura-se bem a massa e enche-se com ela tripas de porco ou de vaca, que são previamente lavadas em água aromatizada com limão, louro e, por vezes,

aguardente. Atam-se, então, as duas extremidades da tripa, ficando o enchido com a forma de ferradura. Lavam-se em água quente, para retirar os resíduos de massa aderentes à tripa. Penduram-se as alheiras ao fumeiro durante três dias. O fumo não deve ser muito intenso, porque é obrigatório que as alheiras conservem uma cor dourada. Há quem, sobretudo em Lisboa, coma as alheiras fritas, acompanhadas com um ovo estrelado e batatas fritas. É muita gordura junta. Em terras transmontanas costumam comê-las grelhadas sobre brasas, ou sozinhas, com petisco, ou acompanhadas com grelos e batatas cozidas, com prato completo. É assim que as alheiras me sabem melhor. Ou, então, sobre uma fatia de pão de centeio, com um copo de um capitoso tinto do Douro, região produtora de alguns dos melhores vinhos portugueses. Como escreveu Manuel Mendes: “Uma alheira, com a pele fendida, tostada ao calor da fritura, a derreter aquele unto doirado e rescendente a alho, tempero de que lhe vem o bonito nome (...) – quem haverá aí, senhores, que não se tente?”


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Dos animais fantásticos de Borges à defesa da boa comida O argentino Jorge Luís Borges constitui um excelente e sempre renovado exemplo de que um escritor genial não precisa de ser legitimado pelo Prémio Nobel para conquistar a posteridade.

José Jorge Letria

Academia Sueca nunca se lembrou dele, como não se lembrou de Graham Greene e de tantos outros, mas não será por isso que leremos com menos prazer obras como “O Livro dos Seres Imaginário”, escrito em colaboração com Margarita Guerreiro e editado pela Teorema, que tem vindo a publicar toda a obra do grande ficcionista em poeta em língua portuguesa. Neste livro, tendo como ponto de partida textos e outras referências de autores clássicos a criaturas que a imaginação humana criou e perpetuou, Borges cria uma fabulosa galeria de animais fantásticos que só a prodigiosa imaginação humana poderia ter produzido. Os textos são, como sempre, belíssimos, de grande intensidade poética e fazem-nos reflectir sobre a grande viagem sem limites do Homem como inventor de mitos e como criador do seu próprio mito. Um livro delicioso. Da mesma editora, com autoria de Daniel Innerarity, chega-nos o excelente ensaio “O Novo Espaço Público”, no qual o autor, apontado como um dos mais brilhantes e inovadores da nossa contemporaneidade, analisa o conceito de “espaço público” e a forma como ele tem vindo a transformar-se por via dos desafios, fenómenos e dinâmicas que caracterizam a sociedade contemporânea. Que lugar têm neste nosso mundo a cultura, a cidadania e as ideias? Eis algumas das oportunas questões com que este ensaio nos confronta.

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LIVRO ÚTIL, bem construído e de uma inquestionável oportunidade é “Assim É que É Falar!” (Planeta), de Maria Regina Matos Rocha, Maria João Casanova de

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Matos e Sandra Duarte Tavares, que dá resposta, de forma acessível e gramaticalmente rigorosa, a 201 perguntas sobre o português falado e escrito. Numa altura em que a qualidade do português que escrevemos e falamos deixa cada vez mais a desejar e em que a entrada em vigor do Acordo Ortográfico vai tornar a situação ainda mais confusa e complicada, este livro esclarece dúvidas e assume-se como um instrumento de consulta e de trabalho para quem todos os dias utiliza profissional ou criativamente a nossa língua portuguesa. TAMBÉM OPORTUNO, informativo e em muitos aspectos desafiador é o livro “Em Defesa da Comida-Manifesto de um Consumidor”(D. Quixote/Leya), de Michael Polan. Escrito assumidamente com o tom e a estrutura de um manifesto, ou seja, construído com ideias e conceitos fortes que o autor deseja partilhar e ver assimilados, este livro pretende demonstrar-nos que é possível tentar escapar aos espartilhos e ditames impostos pela chama “dieta ocidental” e, ao mesmo tempo, escapar as doenças a que ela abre portas. Bem escrito, assente num acervo de informação vasto e rigoroso e certeiro nas conclusões a que chega, “Em Defesa da Comida” pode fazer muito mais pelo leitor do que à primeira vista se poderá imaginar. A não perder. NA SUA COLECÇÃO de

Clássicos e a coincidir com a incursão de Tim Burton no mundo de Alice, as Publicações Europa-América acabam de lançar “Alice no


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País das Maravilhas” e “Alice do Outro Lado do Espelho”. Para todas as idades. Para os mais jovens são, na colecção “Ciência Horrível”, os títulos “Luz Assustadora” e “Venenenos Dolorosos”, ilustrados e muito divertidos. IGNACIO MARTÍNEZ DE PISÓN é uma das vozes mais interessantes da narrativa espanhola contemporânea, como fica demonstrado com a leitura de “Dentes de Leite” (Teorema), que, relatando a história de uma família espanhola desde a Guerra Civil até aos anos oitenta, acaba por nos propor também uma visão crítica, muitas vezes inesperada e ficcionalmente brilhante do que foi e é a Espanha contemporânea, com toda a sua diversidade e as suas múltiplas tensões e contradições. Em matéria de ficção narrativa, destaque para vários títulos da produção nacional e internacional, merecedores da atenção do leitor: “Basta-me Viver” (Casa das Letras), do merecidamente consagrado Carlos Vale Ferraz, “Tempo do Anjo - os Cânticos do Serafim”

(Publicações Europa-América), Anne Rice, “Um Instante de Abandono” (Teorema), de Philippe Besson, “A Ordem do Tigre” (Teorema), de J.J.Armas Marcelo, com som de tango em fundo, “Três Vidas ao Espelho” (Dom Quixote), do sempre surpreendente e inovador Manuel da Silva Ramos, o clássico “O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde”(Dom Quixote), de Robert Louis Stevenson, “O Olho de Herzog” (Leya), de João Paulo Borges Coelho, Prémio Leya 2009, “Três Mulheres Poderosas”(Teorema), de Marie Ndlaye, Prémio Goncourt 2009, “A Noite e o Sobressalto” (Oficina do Livro), de Pedro Medina Ribeiro, “Intervenção” (P. Europa-América), de Robin Cook, e ainda um destaque especial para o breve, sedutor e autobiográfico “O Miúdo que Pregava Pregos Numa Tábua”, de Manuel Alegre, bela narrativa de um poeta. Com prefácio de Carlos Mendes Ferreira e a chancela da Calçada das Letras, Carlos Almeida Santos publicou a colectânea poética “Melodia Interrompida”, que evidencia uma tonalidade lírica própria. I

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Sérgio Amaral, o artista dos Matarrachos

Em louvor da cerâmica Sérgio Amaral, apresenta-nos, até 19 de Junho, na Biblioteca Municipal de Mangualde, o Projecto Segue-me, com que nos quer alertar para o perigo de seguir cegamente alguém ou alguma ideia, sem reflectir ou questionar os objectivos.

Rodrigues Vaz

um mundo como o que hoje vivemos, carregado de insegurança, o que leva muita gente a ansiar por seguir um chefe, como se isso fosse o suficiente para a felicidade comum, tem este aviso a conveniência de pôr em causa tal pretensão natural, mas perigosa, alertando-nos para o dever de seguir apenas o que a nossa consciência nos ditar como mais digno e mais justo, sem obediências a mitos e a meras ideologias abstractas. O artista dos Matarrachos, "esses estranhos seres que vieram em paz para a companhia dos homens, criados um pouco ao seu jeito", que utilizou sempre a cerâmica, a velha arte do fogo, que as religiões do Livro referem como base da origem da Humanidade, serve-se agora também do desenho e da pintura, numa forma de alargar o seu âmbito e dar largas às suas justas ambições de querer ir mais além, de completar a sua mensagem. Naturalmente ambicioso, este projecto exaustivo é, antes de mais, o corolário dos sonhos de um simples artesão, mas cuja perseverança, aliada a uma grande gana criativa, de alma e coração, o levaram a atingir píncaros inusitados como artista, depois de aprender saberes antigos e de manusear ferramentas com a habilidade natural dos verdadeiros dotados.

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FRANCISCO VILAÇA NO MUSEU DA CARRIS

Francisco Vilaça, desde há muitos anos fiel colaborador da INATEL, apresenta, por sua vez, no Museu da Carris, em Lisboa, a partir do próximo dia 18, até final do mês, uma exposição retrospectiva da sua obra, para assinalar os 25 anos da sua actividade de artista plástico, onde traça um percurso sobre as várias técnicas do desenho, pintura e da 60

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De cima para baixo, peças de Sérgio Amaral, Francisco Vilaça, Rodrigo Costa e Helena Pedro Nunes


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escultura, que vão desde o desenho académico, de modelo ao vivo, até aos experimentalismos mais contemporâneos. Assumindo-se como um criador de várias vertentes, da escultura, onde predominam os trabalhos em pedra, bronze, ferro e vidro, à pintura, com trabalhos a óleo, aguarela e técnicas mistas com colagens, Francisco Vilaça afirma-se cada vez mais como um artista multímodo que se serve da prolixidade como forma de exprimir a exuberância da sua crescente necessidade de expressão. SIMBOLISMOS DE HELENA PEDRO NUNES

Por seu lado, Helena Pedro Nunes apresenta até ao final do mês, na Arte Dómus, em Chão de Meninos, Sintra, as suas últimas criações relacionadas especialmente com o simbolismo. O seu trabalho, claramente influenciado por uma matriz urbana e sofisticada, afronta-nos com uma expressividade intensa e penetrante. São trabalhos carregados de um simbolismo iconográfico revelados sofisticadamente, cuja sensualidade revela uma excepcional sensibilidade na leitura do outro e uma firme capacidade de expressão balizada conceptualmente pelo seu próprio estilo, construindo uma marca identitária sua. 40º ANIVERSÁRIO DA GALERIA EUROARTE

A galeria Euroarte, uma das galerias comerciais mais antigas de Lisboa, assinala este mês o seu quadragésimo aniversário através de uma exposição que estará patente a partir de 8 do corrente até 19 de Junho. A exposição, inspirada no tema 40 anos - 40 artistas, apresenta-nos um conjunto muito equlibrado de obras realizadas pelos pintores que mais colaboraram com a galeria e que com eles a galeria mais se identifica, maioritariamente artistas nacionais e alguns pintores espanhóis e um colombiano. Sendo uma das galerias mais antigas do país, aqui poderemos apreciar as obras - uma por autor - dos melhores artistas que têm passado na Euroarte, especialmente os que mais se identificam com o espírito e alma da galeria, nomeadamente Abraham Levy Lima, Antonieta Roque Gameiro, António Figueiredo, António Joaquim, Blanca Sanchez, Carlos Prudêncio, João Mário, Rodrigo Costa, Carlos Rocha, Correia Pinto, David Lima, Delfim, Edmundo Cruz, Eduarda Filhó, Felix Más, Francisco Sanz, Helios Gisbert, Herculano Elias, Hipólito Andrade, Ignacio Alcaria, Isabel Silva, Isabel Zamith, entre outros. I


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Boavida|Músicas

Histórias “contadas” por Stacey Kent e recordações dos Spandau Ballet Stacey Kent, habitualmente considerada cantora de jazz, acaba de editar o CD “Raconte-moi”, enquanto os Spandau Ballet dão de si com um “best of” revisto e aumentado com DVD.

entre os quais salientamos Barbara, Georges Moustaki, Henri Salvador. De resto, o pendor de Stacey pela latinidade revela-se logo no início do novo álbum, com o tema de abertura “Les Eaux de Mars”, uma notável interpretação de uma adaptação de “Águas de Março”, do histórico compositor brasileiro António Carlos Jobim. É muito bom ouvir este “Raconte-moi”. SPANDAU BALLET REVISITADOS

Vítor Ribeiro

ascida em New Jersey e a viver no Colorado, Stacey Kent surge com um primeiro álbum em 1997 – “Close Your Eyes” - saudado com entusiasmo pela crítica, que assinalou o aparecimento de uma “nova estrela de jazz”. O canto de Stacey, quase ciciado, delicado e intimista, faz com que a cantora seja apreciada por melómanos diversificados que ultrapassam em muito os “consumidores” de jazz. Assim se explicará, porventura e por exemplo, o sucesso alcançado pela cantora em França, cujo público esgota salas um pouco por todo o país para ouvir Stacey. Talvez por isso, os 12 temas apresentados em “Racontemoi” são interpretados em francês e quase todos assinados por alguns dos mais destacados autores franceses e de

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Os admiradores dos Spandau Ballet podem agora “matar saudades” com o recém-publicado álbum “Gold – The Best of Spandau Ballet”, trabalho discográfico idêntico a um outro já editado em 2001 (a capa é exactamente igual), mas agora revisto e aumentado com mais uns quantos temas e um DVD. Com dignidade mas sem glória por aí além, os Spandau apresentaram-se, no passado mês de Março, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Fundado em 1979 pelos irmãos Gary e Martim Kemp, o Spandau Ballet acabou por se constituir num dos melhores exemplos da música pop dos anos 80 do século passado. O best of agora editado satisfará os apreciadores mais saudosistas. I

SANTANA EM LISBOA

Carlos Santana efectua um concerto no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, dia 25 de Maio. Esta será a segunda vez que o guitarrista e compositor mexicano se apresenta naquela sala, depois de já ter actuado no Estádio de Alvalade, em 1991, e no Rock in Rio 2006.


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Boavida|No Palco

Quixote no Trindade “Mesmo quando os cabelos ficam brancos, a cabeça ainda brilha, ainda luta, ainda sonha...” Integrada nas comemorações dos 75 anos da Fundação Inatel, vai estar em cena, até 13 de Junho, na sala principal do Trindade a peça “Quixote”, uma ópera bufa encenada por João Brites para sua companhia de teatro O Bando, baseada na obra de António José da Silva (o Judeu).

Maria Mesquita

ironia desta peça, escrita numa época onde ainda ocorriam autos-de-fé nas principais praças portuguesas, é saber-se que enquanto o autor de “Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança” agonizava sob torturas da num cárcere da capital, as suas peças eram reproduzidas na íntegra, sem quaisquer restrições, e aplaudidas de pé, no então Teatro do Bairro Alto. No actual “Quixote”, o encenador mantém o espírito jocoso, simples e brincalhão que António José da Silva lhe imprimiu, criando o espaço onde as personagens podem sonhar à vontade, podem envelhecer jovialmente, tentando não cair em amarras que por vezes a sociedade impõe. De que outra forma poder-se-ia sonhar com o regresso de um D. Sebastião, de um D. Quixote que salve o país do marasmo em que se encontra, e de que outra forma Sancho Pança, poderia querer ser dono de uma ilha sem que para isso de tivesse que esforçar? José Brites (d)escreve-se assim a sua visão sobre este texto “Gosto de pensar que não se morre enquanto perdura a capacidade de sonhar que se pode mudar alguma coisa no mundo. Que não se morre enquanto existir o apetite insaciável de continuar a ler, a ouvir música; enquanto existir o gosto de ir à janela para ver se a meteorologia acertou com o tempo que faz. Eu sei que o velho que perde a independência é como o prisioneiro que aguarda num outro corredor da morte a sua vez. Não controla mais o tempo e o lugar. Mas também sei que existem velhos capazes de tudo subverter, sobretudo mulheres, que se pintam e se enfeitam para consubstanciar na realidade as ficções mais indescritíveis.” João Brites conta com o apoio de uma série de actores, cenógrafos e bailarinos que recriam esta encenação como um ópera caricatural, típica de António José da Silva, que, sem nunca roçar sequer os limites do permitido em pleno

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séc. XVIII, aponta o dedo à maioria da burguesia que se dava ao luxo de aconselhar bons costumes e manter uma prática distante do discurso moralizador. E, como insiste encenador no texto de apoio, “mesmo quando os cabelos ficam brancos, a cabeça ainda brilha, ainda luta, ainda sonha. Mesmo quando o corpo envelhece, a mente ainda dança, ainda canta, ainda conquista.


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É esta a terra imaginada onde se cruzam cantores e bailarinos em façanhas desvairadas, onde se ergue a bravura das mulheres de armas que não temem o fulgor da vida nem o grito da loucura. Loucura? Loucura seria adormecer.” FICHA TÉCNICA: Dramaturgia e Encenação: João Brites;

Música e Direcção Musical: Jorge Salgueiro; Espaço Cénico: Rui Francisco; Apoio à Dramaturgia: Teresa Lima; Corporalidade: Sara Vaz; Figurinos: Maria Matteucci; Adereços: Clara Bento; Desenho de Luz: João Cachulo; Desenho de Som: Sérgio Milhano; Assistência de Encenação: Sara De Castro; Cantores: Bruno Huca e Sara Belo; Intérpretes: Catarina Félix, Félix Lozano, Joana Bergano, Joana Manaças, Pedro Ramos, Sandra Rosado, Susana Blazer; Músicos: Abel Chaves, António Laertes, Fernando Domingos, Helena Vasques, Inês Mesquita, João Aboim, Miguel Tapadas e Paulo Tavares; Produção Fundação INATEL/Teatro da Trindade/Teatro O Bando

“Troilo e Créssida” em Almada peça até agora inédita em Portugal de Shakespeare, “Troilo e Créssida”, está em cena no Teatro Municipal de Almada até 16 de Maio, numa encenação de Joaquim Benite e José Martins. Nunca se chegou a perceber bem se este texto de William Shakespeare seria uma tragédia ou uma comédia negra. Escrito na mesma altura que Hamlet, o autor inglês quis, possivelmente, dar-lhe um tom mais negro e cómico do que o habitual, uma vez que a Rainha Isabel I estaria prestes a falecer e, sendo uma “devota” do escritor/autor, poderia ter sido uma derradeira homenagem à soberana. Segundo Peter Ackroyd, autor de Shakespeare/A biografia: “Troilo e Créssida é uma comédia selvagem e satírica sobre os temas do amor e da guerra, que trata ambos como falsos e volúveis. [...] As palavras de Shakespeare são magnéticas. Todas as partículas de uma cultura de corte decadente, um mundo decadente de heroísmo e nobreza individuais atravessaram o seu ser.”

A

FICHA TÉCNICA:Autor: William Shakespeare; Encenação:

Joaquim Benite e José Martins; Tradução: António Conde;

“Jardim Suspenso” no TNDMII e pudéssemos escolher, seguiríamos a razão ou o coração? Se pudéssemos prestar atenção, ouviríamos os nossos pais ou avós? Na peça “Jardim Suspenso”, em cena até 30 de Maio no Teatro Nacional D. Maria II, podemos assistir a mais uma história de crises familiares, onde o fio redentor que une todas as personagens é um jardim, inacabado. O Jardim Suspenso é um jardim inacabado, construído por Luzia, a personagem principal (interpretada por Carla Chambel), dedicado inteiramente ao seu grande amor, Mateus. Mas ele não sabe disso. Ele não sabe que esse jardim é para ele, tal como não sabe que é o objecto dos afectos de uma mulher que se anulou emocionalmente para viver essa paixão não correspondida. Os pais dela também não sabem, a avó, desconfia, e Luzia vai assim perdendo-se na vida, perdendo tempo, esperando um dia que esse amor lhe seja retribuído. Um erro tão banal como qualquer paixão adolescente… Um texto que não só se pretende simples, mas também que explique parte da estranha capacidade humana que é Amar mesmo que para tal percamos o sentido à nossa própria existência, por isso se impõe a pergunta: se pudéssemos escolher, sabendo que nunca iríamos chegar a qualquer conclusão, escolheríamos o coração ou a razão?

S

Cenário e figurinos: Christian Ratz; Desenho de luz: José Carlos Nascimento; Com: Alberto Quaresma, André

FICHA TÉCNICA: Autor: Abel Neves; Encenação: Alfredo

Albuquerque, André Gomes, André Laires, André Silva, Carlos

Brissos; Cenário e figurinos: Maria João Castelo; Desenho de

Pereira, Carlos Santos, Celestino Silva, Ivo Alexandre, Jaime

luz: Paulo Sabino; Sonoplastia: Hugo Franco; Com: Carla

Soares, João Abel, Luís Vicente, Luzia Paramés, Manuel

Chambel, Carlos Oliveira, Carmen Santos, Luciana Ribeiro,

Mendonça, Maria Frade, Mário Spencer, Marques D’arede,

Manuel Coelho, Simone de Oliveira. Parceria: FUNARTE,

Miguel Martins, Mónica Duarte, Tânia Silva

DGArtes, Instituto Camões, TNDMII MAI 2010 |

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Boavida|Cinema em casa

De Coppola aos Óscares 2009… O regresso de Francis Ford Coppola com "Tetro", uma obra pessoal e independente, e os mais oscarizados filmes de 2009, "Avatar" e "Estado de Guerra" integram a nossa selecção para Maio. O ciclo completa-se com o surpreendente "Distrito 9", um registo de ficção científica produzido por Peter Jackson (autor de "O Senhor dos Anéis") que nos lembra a importância da tolerância e da não discriminação racial. Sérgio Alves TETRO

Coppola; COM:Vincent Gallo,

Cope, Nathalie Boltt, Sylvaine

ESTADO DE GUERRA

Bennie chega a Buenos Aires

Maribel Verdú, Alden

Strike, John Sumner; EUA/Nova

Durante a Guerra do Iraque,

á procura do seu irmão mais

Ehrenreich, Klaus Maria

Zelândia, 112m, cor, 2009;

James, assume o comando de

velho que está desaparecido

Brandauer, Carmen Maura;

EDIÇÃO: Sony Pictures

uma equipa treinada em des-

há mais de 10 anos.

EUA/Itália/Espanha /Argentina,

Descobre-o num pequeno

127m, Cor, 2009; EDIÇÃO: Clap

AVATAR

Apesar do perigo iminente,

apartamento no bairro dos

Filmes

Depois do enorme êxito de bi-

ele surpreende os seus dois

mantelamento de bombas.

lheteira, chega ao formato

camaradas de armas, Sanborn

com a sua com-

DISTRITO 9

caseiro a última grande pro-

e Eldridge, comportando-se

panheira: com um

Em 1982, uma gigantesca

dução de James Cameron

como se fosse indiferente à

novo nome, Tetro,

nave espacial transportando

desde Titanic (1997). O rea-

morte e revelando a sua ver-

uma perna partida

uma comunidade alienígena

lizador leva-nos numa viagem

dadeira personalidade de uma

e um feitio difícil.

("Os Prawns") surgiu nos céus

espectacular, visualmente

forma que irá para sempre

O reencontro é complicado e

de Joanesburgo, na África do

inesquecível, onde um herói

mudar estes homens.

vai pôr á prova a relação

Sul. Quase três décadas

rebelde embar-

Estado de Guerra foi o grande

entre os dois e a forma de

depois, o acolhimento sim-

ca numa

vencedor dos Óscares 2009,

lidar com as memórias fami-

pático pelos humanos de

viagem de

arrecadando seis estatuetas,

liares. O regresso de Coppola

então desvaneceu-se e o local

redenção,

incluindo as mais impor-

- um dos grandes aconteci-

onde se concentram transfor-

descoberta e

tantes - Melhor Filme e

mentos de 2009 - constitui

mou-se num enorme campo

amor inespera-

Melhor Realização - e reflecte

mais uma oportunidade de

de refugiados, um ghetto

do, assim como

a situação de guerra que os

artistas de La Boca onde vive

apreciar o seu talento e liber-

denominado

lidera uma batalha heróica para

EUA vivem

dade criativas. Com um elen-

District 9,

salvar a civilização. Utilizando

desde o início

co de grande qualidade e pro-

onde os aliens

a técnica de motion capture,

da década com

tagonizado por um jovem e

são explorados

Cameron criou um imaginário

a produção de

talentoso actor, Tetro é um

e maltratados.

único onde os actores continu-

filmes que

drama familiar intenso e pro-

Produzido por

am a ter um papel fundamental

fundo, na linha de Juventude

Peter Jackson ("O Senhor dos

embora assistidos pelos efeitos

conflitos do Iraque e do

Inquieta (1983), rodado quase

Anéis"), Distrito 9 - inspirado

especiais e visuais de uma

Afeganistão. Rodado na

integralmente a preto e bran-

pela infância do realizador no

forma determinante e justa-

Jordânia, marca o regresso e

co e o idêntico tema da

regime do Apartheid - foi

mente premiados com os

consagração definitiva de

relação entre irmãos. Co-pro-

uma das raras incursões pela

Óscares de Melhores efeitos

Kathryn Bigelow, que antes

duzido por quatro países, teve

ficção científica em 2009 e

especiais, Melhor Fotografia e

surpreendera com Ruptura

uma rodagem atribulada, com

com um resultado é feliz: a

direcção artística.

Explosiva (1991) ou

a recusa de alguns actores

par dos numerosos efeitos

TÍTULO ORIGINAL: Avatar;

Estranhos Prazeres (1995).

(caso de Matt Dillon) e o

especiais sobressai a sempre

REALIZAÇÃO: James Cameron;

TÍTULO ORIGINAL: The Hurt

assalto á casa de Coppola, em

actual mensagem em prol da

COM: Sam Worthington, Zoe

Locker; REALIZAÇÃO: Kathryn

Buenos Aires, e roubo do

tolerância e contra a discrimi-

Saldana, Sigourney Weaver,

Bigelow; COM: Jeremy Renner,

portátil com o argumento do

nação. e a tolerância.

Stephen Lang, Joel Moore;

Anthony Mackie, Brian

filme.

TÍTULO ORIGINAL: District 9;

EUA/GB, 162m, cor, 2009;

Geraghty, Guy Pearce, Ralph

TÍTULO ORIGINAL: Tetro;

REALIZAÇÃO: Neill Blomkamp;

EDIÇÃO: Castello Lopes

Fiennes; EUA, 131m, cor, 2009;

REALIZADOR: Francis Ford

COM: Sharlto Copley, Jason

Multimédia

EDIÇÃO: Zon Lusomundo

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Boavida|Grande Ecrã

Robin Hood revisitado Para os adeptos incondicionais do filme de aventuras de “capa e espada”, o reaparecimento pela enésima vez do herói mítico Robin dos Bosques (nos ecrãs a partir do dia 14) que roubava os ricos para distribuir pelos pobres traz duas novidades acrescentadas: o perfeccionismo no grande cuidado plástico do realizador, Ridley Scott e o seu bastante apreciado actor-fétiche, Russelll Crowe.

Joaquim Diabinho

ara preparar o filme, Scott começou por mandar ás urtigas o argumento inicial intitulado, “Nottingham” uma visão revisionista da história original da autoria de Ethan Reiff e Cyrus Voris, afamados guionistas da televisão, considerada por eles “apelativamente mais revolucionária” e na qual o pérfido xerife de Nottingham era o “herói” e Robin Longstride o “mau da fita”, mas ambos apaixonados por Marian- e tomou a decisão de entregar a Brian Hellgeland (com créditos firmados em LA Confifencial, Mystic River) a árdua tarefa de por “tudo” conforme o desenrolar histórico que que é o motivo, digamos, inspirador da lenda do archeiro exímio que combateu o despotismo e impôs a justiça. A avaliar pelas imagens em movimento que correm profusamente na net, Robin Hood parece atingir um exacerbado antinaturalismo na manipulação das luz, das cores, dos movimentos coreografados das batalhas e, sobretudo, numa espantosa fluidez das imagens. O perfec-

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cionismo, que acima referimos, reside em particular no rigor dos enquadramentos e na grande mobilidade da câmara. Se Ridley Scott não está disposto a superar-se (como em “Gladiador”) está pelo menos a mostrar que continua senhor de grandes rasgos imaginativos. Não surpreenderá pois, que o Robin Hood com que os espectadores mais atentos se vão (re)encontrar não esteja, imbuído da mesma coerência técnico-formal de “O Duelo” (primeira obra de Scott, premiada em Cannes em 1977) nem de “Blade Runner – Perigo Eminente”, o seu “culmovie” de excelência.Mas, Robin Hood é, concerteza, um dos de maior impacto. Para além de Russell Crowe ( a fazer lembrar o “Robin”Marian), Sean Connery em,“A Flecha e A Rosa”, de Richard Lester) e de Cate Blanchett (na pele de Marian), destaque-se as prestações competentes de William Hurt, Danny Huston, Oscar Isaac, Max VonSydow, Matthew McFayden, entre muitos outros.I ROBIN HOOD

de Ridley Scott ( EUA /Grã-Bretanha, 2009 |) c/ Russel Crowe, Cate Blanchett, William Hurt, etc. (Estreia prevista: 13 de Maio) MAI 2010 |

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Boavida|Tempo informático

Soluções As possibilidades de conseguir que o computador melhore o nosso trabalho vão aumentando dia após dia com novos programas e novos dispositivos. As exigências da parte dos utilizadores são por isso maiores e há que encontrar soluções para alguns problemas que se tornam mais frequentes.

Gil Montalverne

ajuda@gil.com.pt

or exemplo, nem sempre existe um computador para cada membro de uma família. Mas além de cada utilizador poder ter contas separadas e apenas acesso aos seus ficheiros, existe um dispositivo que pode não ser cómodo para todos. Referimonos ao rato que apesar de tudo vai resistindo às mais recentes tecnologias para o substituir, como o Touchscreen, mas continua necessário em muitas operações. Mas é provável que o rato indicado para a mão pequena e elegante de uma jovem não seja o mesmo que serviria para outra pessoa de mão robusta. A solução foi encontrada com o FIT-U da Rainbow: um Rato adaptável ao tamanho da mão. Além de diversas capas de cores diferentes, possui uma capa mais espessa que lhe aumenta consideravelmente o volume para se adaptar a mãos maiores, mantendo todas as funções como por exemplo permitir a mudança da resolução a que trabalha. Comodidade para todos os utilizadores lá de casa, tendo merecido o cobiçado prémio IF num certame internacional. Preços entre 15 e 30 euros. (NetBit-T:213616310)

P

suportes que possuímos e que não tinham HD? Existem vários processos de ultrapassar o problema mas acaba de chegar ao mercado um modo de passar tudo para alta definição. A Hama lançou o 4-1 Video Converter que permite a quem possui um televisor Full HD transformar qualquer fonte de vídeo em alta definição 1080p. É, além de um comutador de fontes, um conversor de sinais de vídeo (analógico em digital), convertendo sinais de vídeo normais em alta definição sem perda de qualidade. Tratase do dispositivo ideal para quem possui vários equipamentos sem capacidade de alta definição e sem saída HDMI – consolas de jogos, leitores de DVD e gravadores em fita VHS, câmaras de vídeo, etc. – mas pretende tirar partido do seu televisor Full HD ao qual passam a estar ligados apenas pelo cabo HDMI. Vem com um comando a distância que facilita a comutação entre fontes e a resolução vídeo de saída. Está já à venda em Portugal por um preço aproximado de 199 euros. cada vez mais dispositivos que se podem carregar através das portas USB dos computadores, desde telemóveis a PDAs, leitores de áudio e de vídeo, etc. É mais cómodo do que utilizar os vulgares carregadores mas estão a ocupar as portas USB e necessitam que o computador esteja ligado. O aparecimento de um USB Charger da Hama resolve a situação devido a possuir 2 portas USB de carregamento muito rápido e utilizar a normal tomada de corrente das nossas casas. O pequeno dispositivo é excelente para quem está de viagem por funcionar com todas as voltagens utilizadas no mundo entre 100 e 240 Volts. PVP: 23.99 euros . I

EXISTEM

UMA CONSTANTE dos dias de hoje, quando se aborda o tema da imagem, é a “alta definição”. A sigla HD invade o cinema e a televisão. E depois de se ver algo em HD é difícil aceitar o que a não tem. Que fazer então aos dispositivos e 68

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Boavida|Ao volante

O tamanho conta Existe uma regra usada por alguns economistas que diz: "muito poucos, fazem muito; pouco muitos, fazem pouco". Na indústria automóvel é o que se está a praticar agora.

Carlos Blanco

s grandes marcas de automóveis de luxo "descobriram" um novo nicho de mercado com a produção de carros "mini", mas de alta qualidade e luxo. De agora em diante, os clientes vão dispor de mini-Mercedes, mini-Audi, mini-Aston Martin, miniBMW. Mas que não se enganem as grandes massas de consumidores de automóveis pequenos. Os preços farão a diferença em relação aos carros pequenos produzidos pelas marcas ditas generalistas, como o Fiat 500, o Renault Clio ou o Citroen C1. Há muito que os departamentos de marketing dos grandes fabricantes de automóveis, sabem que dá mais lucro e sustentabilidade vender grandes quantidades de carros pequenos do que grandes quantidades de carros grandes. Esta dramática mudança de politica dos construtores de carros de luxo está inevitavelmente relacionada com a crise mundial, mas também com o preço dos combustíveis

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e com a necessidade premente de redução dos custos de produção. Os carros pequenos não necessitam de motores "grandes", donde, consomem menos, são menos poluentes e garantem mais vendas. Esta tomada de consciência dos grandes construtores de carros de luxo, em relação aos mini-modelos ganhou uma forte aceleração no recente Salão de Genebra, quando a Audi apresentou o seu novo A1. Até agora, só a BMW, de entre as marcas de carros de luxo, apostava na continuação do Mini Cooper. Agora, até a conservadora Mercedes Benz pondera a hipótese de alinhar no conceito do mini-carro, podendo até eliminar da sua linha de montagem o Classe A. A recente apresentação do Audi A1, despertou os construtores para criarem uma linha de minis de luxo, como o Aston Martn Cygnet. Versões especiais do Smart e, a nova coqueluche, o Citroen DS3. Se a todos estes juntarmos o VW Carocha e o Renault Clio, já na praça, está o bolo completo. I MAI 2010 |

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Boavida|Saúde

A disfunção sexual na mulher A função sexual é hoje encarada como um processo cíclico e não linear, como se pensava até há pouco tempo, e depende de múltiplos factores sociais, psicológicos, hormonais, ambientais e biológicos.

M. Augusta Drago

medicofamília@clix.pt

á períodos e idades na vida com os seus encantamentos sexuais e rituais mágicos específicos, que esmorecem naturalmente com o andar dos anos, com a rotina e com a habituação. Para renascerem noutras circunstâncias e, eventualmente, com os mesmos parceiros. Uma vida sexual activa e saudável é uma fonte de grande satisfação e é aí que a maior parte das pessoas vai buscar a energia necessária para enfrentar diariamente a luta pela vida. Quando algo não corre bem, estamos perante aquilo a que nós, médicos, chamamos disfunção sexual. É uma situação que envolve sempre grande descontentamento e sofrimento pessoal. Felizmente que, na grande maioria dos casos, estas situações ocorrem por razões que lhe são exteriores, sem que haja qualquer patologia sexual. M.J. levou mais de dois anos a fazer o ‘luto’ da sua relação com o ex-marido, o pai do seu filho. Quando o rapaz já estava na Universidade e M. J. pensava que finalmente teria tempo para se dedicar mais à casa e ao marido, descobriu que este tinha uma relação extra-conjugal há vários anos e, quando confrontado com a situação, sem grandes explicações, saiu de casa. Em consequência deste facto, M.J. sentiu-se destroçada, interrogava-se sobre o que lhe tinha acontecido e a sua auto-estima ficou muito abalada. Durante os últimos dois anos, em que fez o balanço da sua vida, evitou qualquer relacionamento, porque se sentia insegura. Até que há alguns meses aceitou os convites de um colega de trabalho, também ele separado, e a partir de então iniciou uma relação, relativamente à qual ela teimava em dizer “que eram só amigos”. Continuam a “ser amigos” mas como pessoas adultas e saudáveis, aconteceu terem relações sexuais. Foi depois duma relação não satisfatória que M.J. me procurou. Culpava-se pelo sucedido, atribuía a si todas as culpas pelo seu casamento ter acabado e também pelo aparente insucesso desta nova relação. Estava assustada e receava sofrer de alguma doença, vinha à minha consulta para “fazer exames”.

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Tranquilizei-a e garanti-lhe que nada de anormal se passava com ela. Assegurei-lhe que é muito natural que duas pessoas, que não se conhecem na intimidade, não se sintam confortáveis nas primeiras vezes em que se encontram. Conversámos sobre as consequências da sua separação e do processo de divórcio em curso. Expliquei-lhe que, enquanto não resolvesse esses problemas, que lhe causam ansiedade, insegurança e que a atormentam, não estaria disponível para encarar com tranquilidade esta nova relação. Quando achei que estava mais calma, mostrei-lhe que não precisava de “fazer exames”, pois a vigilância já programada era suficiente e combinámos continuar esta conversa sempre que sentisse necessidade. Ainda me procurou algumas vezes para falar sobre a relação e para se assegurar de que estava bem. O tempo e a compreensão do companheiro fizeram com que recuperasse a confiança em si. Recentemente, foi realizado um inquérito internacional a 27.500 homens e mulheres, entre os 40 e 80 anos, o qual mostrou que 39% das mulheres sexualmente activas, referiam problemas na sua vida sexual e que a queixa mais frequente nas mulheres era a diminuição do desejo sexual. O desejo sexual pode ser espontâneo e pode ser estimulado através de pensamentos, sonhos e fantasias, mas pode também acontecer por outras motivações, como nas mulheres com relacionamentos de longos anos, em que o desejo vem pela proximidade emocional, pela partilha de sentimentos ou simplesmente por se sentirem amadas. Embora cada vez mais as pessoas tomem consciência da importância da actividade sexual nas suas vidas, muitas mulheres (e homens também) sentem constrangimento em abordar este assunto com os seus médicos de família. No entanto, grande parte das situações pode ser aí resolvida, uma vez que o médico pode ajudar a esclarecer quais os factores que perturbam a relação e, em princípio, quanto mais esclarecida estiver uma pessoa mais confiante se sente. Se a situação for mais complexa, também é o seu médico de família que a pode referenciar a um especialista. A actividade sexual é demasiado importante para a vida das pessoas, pelo que não deve ser deixada ao acaso. I ANDRÉ LETRIA


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Boavida|Palavras da Lei

Protecção de dados pessoais na Internet ?

A minha filha tem uma página numa rede social na Internet. Confio nela e no que faz e escreve mas, se

houver algum abuso, que posso fazer e a que entidade devo participar? Sócia devidamente identificada - Lisboa

Pedro Baptista-Bastos

uitas pessoas não sabem, mas Portugal foi o primeiro país no Mundo a reconhecer a protecção de dados como um direito fundamental, na nossa Constituição da República de 1976. Com efeito, o artigo 35º da CRP consagrou a protecção que todas as pessoas devem ter, numa sociedade em que a informática já tinha um peso visível, nesse ano de 1976, e, pelo correr dos tempos, tornou-se indispensável; se muitos benefícios trouxe, por outro lado, muitos problemas levantou. E levantam-se cada vez mais: a recolha da informação pessoal, o controle de movimentos das pessoas e conhecimento de hábitos e costumes, o aumento de sistemas biométricos e de geolocalização, a elaboração de perfis individuais, são factos que podem criar um sistema de controlo social do cidadão. A Lei 67/98 de 26 de Outubro regulamenta a protecção dos dados pessoais. Nela encontramos os direitos do titular de um dado pessoal, como sejam os direitos a termos a identificação de quem trata o dão e qual a finalidade desse tratamento (artigo 10º desta Lei), o acesso aos dados (artigo 11º), a opormo-nos ao tratamento de dados para efeitos de marketing ou prospecção directa de mercado (artigo 12º). Um dado pessoal, na definição da Lei (artigo 1º) é toda e qualquer informação, de qualquer natureza e independentemente do respectivo suporte, incluindo som e imagem, relativa a uma pessoa singular identificada ou identificável ("titular dos dados"). Existe um organismo estadual, infelizmente ignorado

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do grande público, chamado Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD). A sua actividade é, a todos os títulos, louvável. É a este organismo que devemos recorrer, se houver uma situação de abuso de dados informáticos. Dotado de poderes de autoridade, fiscaliza e controla o cumprimento da protecção de dados pessoais (arts. 21º e 22º). Além disso, tem também poderes de investigação e inquérito sobre as reclamações, queixas ou petições que os particulares lhe apresentem (arts. 22º, n.º 3, al. a) e 23º, n.º 1, al. k)). Importante atribuição deste organismo é averiguar se o tratamento de dados para Estados que não pertençam à União Europeia é adequadamente protegido (art. 19º, n.3). Sabendo nós que muitas redes sociais se encontram sediadas fora da União Europeia, é a este organismo que devemos participar todo e quaisquer casos em que suspeitemos que as nossas fotos, as nossas informações pessoais, possam estar sujeitas a um tratamento abusivo. Independentemente da liberdade de informação e da rapidez com que a informação circula na Internet, é aconselhável dirigirmo-nos a este organismo, se suspeitarmos de um abuso, como seja a retirada das nossas fotos pessoais e seu uso sem a nossa autorização numa rede social, por exemplo. I MAI 2010 |

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ClubeTempoLivre > Passatempos Palavras Cruzadas | por José Lattas

VERTICAIS: 1-Quarta-feira, antes do Domingo de Páscoa; Auxiliavam. 2-Pêlo espesso, macio e frisado, do carneiro (pl.); Regressei. 3-Campeão; Abundância; Actínio (s.q.). 4-Baixo; Um dos naipes das cartas de jogar; Unidade de medida agrária. 5- A Irlanda é uma; Pedras de moer; Ligar. 6-Rio que desagua junto a Vila do Conde; Burgos; Nome de mulher. 7-Tântalo (s.q.); Praças; Aspecto. 8-Demónio; Peixe frequente nos mares dos Açores. 9-Falda; Título dos descendentes de Mafoma. 10Flecha; Acasala; Líquido muito volátil. 11-Adore; Observa; “Homem”, sem começo, nem fim. 12-Cálcio (s.q.); Prep.; Primo e genro de Maomé; Letras de “capa”. 13-Aspiração; Anos. 14Destroço; Entreguei; Argolas. 15-Abro; Aparelhara.

2

3

4

5

6

7

8

9 10 11 12 13 14 15

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 SOLUÇÕES (Horizontais): 1-TRAVIATA; SACADA. 2-R; SILVA; SEMANAL. 3-EL; LHE; DOTE; ENA. 4-VAU; A; CEPA; ALOR. 5-ASCO; VIME; ATO; G. 6S; HÚMIDO; UNE; DO. 7-PAROLA; ANO; RE. 8-V; ROSADA; ETA; IA. 9-AVIS; SETE; ALI; R. 10-LIA; U; SUME; IDEM. 11-IM; ANA; MITO; ALA. 12-A; ÁRIDA; REMADOR. 13-MACERARA; REPESA.

HORIZONTAIS: 1-Ópera de Verdi; Arrancada. 2-Apelido do autor de “Guerra do Alecrim e da Mangerona”; Que se faz de semana a semana. 3-Art. que antecedia o Rei; Pron. pess.; Prenda; Eia! (interj.). 4-Baixio; Videira; Impulso. 5-Aversão; Vara do vimeiro; Prendo. 6-Alagadiço; Liga; Nota musical. 7Rústica; Espaço de tempo; Nota musical. 8-Vermelho pálido (fem.); Grupo terrorista basco (sigla); Caminhava. 9-Ordem militar; Eram deste número, as maravilhas do Mundo; Acolá. 10-Forma do verbo ler; Esconde; A mesma coisa. 11-Prefixo que se usa, em vez de in, quando o radical que segue, começa por b ou p; Esposa de Henrique VIII, decapitada por adultério; Lenda; Renque. 12-Estéril; Aquele que rema. 13-Esmagara; Arrependida.

1

Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 16 Preencha a grelha com os algarismos de 1 a 9 sem que nenhum deles se repita em cada linha, coluna ou quadrado

N.º 16

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SOLUÇÕES


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ClubeTempoLivre > Cartaz

Igreja de Condeixa-a-Velha e

comédia “Casa com

“Técnicas de Recolha e

dia 17 às 21h30 na Igreja de

escritos” pelo TARF na

Transposição Musical” no

Fespovo

S. Tiago em Coimbra; dia 29

Academia Musical

Cine-Teatro Municipal de

Dia 22 - teatro, ginástica,

às 21h30 – Choral Polipho-

Arazedense.

Ponte de Sor e, às 15h30,

judo, futsal e actividades

nico de Coimbra e Banda de

radicais no CCD da Assoc.

Freixo de Espada à Cinta na

Atletismo

Ponte de Sor,

da Casa do Povo de Miranda

Casa Municipal de Coimbra

Dia 8 e 9 – prova de Pista

Grupo de Promoção

do Corvo.

e dia 30 às 21h30 no Cine

(camp. distrital) no Complexo

Sócio-Cultural

Teatro dos B.V. de Condeixa.

Desportivo do Luso.

de Montargil e Grupo Verde

COIMBRA

música pela Harmónica de

Maio, no âmbito do

Festa dos doces

Encontro de Música

Dia 12 às 10h – Festa dos

Teatro

Doces em Tentúgal, missa c/

Dia 8 às 21h30 - comédia “O

Coro da Academia

Noviço” pelo Grupo de Teatro

BTT /Orientação

Martiniana e, às 16h, Tuna

Experimental “A Fonte” na

Dia 15 - Btt e Orientação

Académica da Faculdade de

Associação de Moradores de

pela Vimont - Associação

Caminhada

Psicologia.

Casal de S. João em Arganil,

Juvenil de Melhoramentos de

Dia 9 às 9h –

sátira “História com reis,

Vilar do Monte, informações

Caminhada/Subida da

Folclore

curandeiros e outros que

na agência INATEL.

Ribeira de Caia, apoio CCD

Dia 29 às 10h - 14º

tais …” pelo Grupo de Teatro

Reconstituição das Maias,

do Pedra Rija de Portunhos

Cinema

Caiense, concentração no

Doces e Cantares em S.

na Sociedade Filarmónica

Filme “A ilha dos Escravos” -

CCD Caiense em Urra.

Bartolomeu, Coimbra.

Paionense, peça “A

dia 29 às 21h no Auditório

BRAGANÇA

Tradicional e Popular Portuguesa.

Centro Popular de Trab.

Sociedade de Ricardo

Municipal de Alfandega da

Atletismo

Música

Kalash” pelo Curral da Mula

Fé e dia 30 às 15h no Grupo

Dia 23 às 11h - 28ª Milha de

Dia 7 às 21h30 - Sax

na sede da Associação

de Caretos de Podence.

Portalegre em Semeador,

Ensemble na Associação

Musical Recr. Instrutiva e

Cristã da Mocidade, em

Beneficente Santanense e

Coimbra; dia 9 às 21h30 –

peça “Henrique V” pela

Phylarmónica Ançanense

Loucomotiva na sede do

Etnografia

Dia 15 às 16h - 4º Circuito da

em Cantanhede; dia 21 às

Grupo de Teatro “O Celeiro”

Dia 15 às 15h - Cante de

Fundação Inatel em Urra,

21h30 – Grupo “ Canticus

em Vila de Pereira; dia 15 às

Sons do Alentejano, com os

apoio CCD Rodas de S.

Camerae” na Associação

21h30 – “Astronauta” e “Loja

grupos Cultural e Desp. de

Mamede.

Cristã da Mocidade, em

do Sr. Francisco” (farsas),

Monsaraz, Coral da Granja e

Coimbra; dia 23 às 13h - 48º

comédia “A descoberta do

Coral e Etnográfico

Malha

Aniv. do Gr. Folclórico da

Dr. Quaresma” pelo Grupo

“Camponeses” de Pias.

Dia 15 às 15h - 20º Troféu de

Casa do Povo de Ceira, às

Cénico do Centro Social e

16h, II Encontro de Bandas

Polivalente de Ourentã na

Malha

Campo Maior, apoio CCD

Filarmónicas em Paião e, às

Associação Cultural e Recr.

Dia 29 às 14h – provas no

Casa do Povo de Campo

17h, Festival de Bandas na

de Seixo de Mira e peça

Grupo Desportivo Bairrense,

Maior.

sede da Filarmónica de

“Construir Viagens” pelo

em Vila Viçosa.

Instrução e Recreio de

grupo Trai-La-Ró em Pereira

Abrunheira; dia 28 às 22h –

do Campo; dia 15 -21h30 -

Btt

Dia 8 às 10h - 16ª Taça

Serenata Popular na Igreja

Comédia “Henrique V”pela

Dia 23 às 8h - prova em São

Regularidade no Pavilhão de

de S. Tiago (Pça do

Loucomotiva na Casa do

Pedro do Corval.

Montargil, apoio GD

Comércio) em Coimbra.

Povo de Lavos; dia 22 às 15h

Montargilense; dia 29 às 10h

- “A Face do Caos” pelo

- 16ª Taça Regularidade no

apoio CCD Ginásio Andebol.

ÉVORA Btt

Malha no Pátio da Escola de

Ténis de Mesa

Coros

Curral da Mula na A.D.F.P.

Dia 9 às 17h – Coro Dr. João

Associação para o Desenv. e

Antunes e Choral

Formação Prof. de Miranda

Workshop

de Ténis de Mesa de

Poliphonico de Coimbra na

do Corvo; dia 29 às 21h30 -

Dia 8 às 11h - Workshop

Alcórrego.

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PORTALEGRE

Centro de Convívio Alcorrego, apoio CCD Clube


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respectivamente.

Tiro Dia 8 às 15h – Taça Regularidade no Centro de

Curso

Convívio de Veiros, apoio

Dias 7,8 e 9 - Curso de Canto

CCD Veirense; dia 15 às

da Fundação INATEL para

15h – Taça Regularidade

residentes no Norte do país,

em S. Vicente, apoio CCD

informações na Agência

S. Vicente e Ventosa; dia 29

Inatel

às 15h - Taça Regularidade na Carreira de Tiro em S.

VILA REAL

Vicente, apoio CCD dos CTT.

Teatro 1º Festival Regional de Teatro Amador às 21h30: dias 8 e 22

PORTO

- peça “Jorge Dandino ou um Marido Confundido” pelo

Pedestrianismo Dia 30 – Caminhada ao

VIANA DO CASTELO

Monte do Seixoso,

Grupo de Danças e Cantares

Teatro Experimental

de Perre.

Flaviense de Chaves no

percursos entre Lixa e

Cinema

Folclore

Auditório Municipal de

Macieira da Lixa, org.

Zona J - dia 22 às 21h30 na

Dia 22 às 21h30 - Festival de

Sabrosa e no Auditório

Rancho Folclórico de

Associação “Estrela de

Folclore no Polidesportivo de

Municipal de Alijó,

Macieira da Lixa, no âmbito

Monção”, dia 28 na sede do

Perre, org. Grupo de Danças

respectivamente, peça

do Dia Nacional das

Grupo Folclórico de Ganfei;

e Cantares de Perre.

“Terra Firme” pela Oficina de

Associações.

dia 29 às 22h no Grupo

Teatro de Favaios na

Folclórico das Bordadeiras

Atletismo

Ass.Cult.Desp.Rec. de

Pesca

da Casa do Povo Cardielos.

Dia 23 às 9h30 - XXIV Grande

Cumieira, Rosa do Adro pelo

Dias 9 e 22 – Pesca

Bangkok Dangerous – O

Prémio de Atletismo de Vila

Gr. de Teatro do Centro Cult.

Desportiva de Rio/Águas

Perigo Espreita – dia 30 às

de Punhe, em Chasqueira,

Rec. de Arrabães no Centro

Interiores em Cavez e Santo

22h no Grupo Recreativo e

org. Grupo Juvenil de Vila

Cultural Lordelense; dia 15 -

Tirso, respectivamente.

Cultural dos Amigos de

Punhe.

peça “Não Se Paga Não Se

Seixas. Xadrez

Paga” pela Oficina de Teatro Tiro

de Favaios no Auditório

Dias 10, 17, 24 e 31 às 21h –

Concertinas

Dias 8 e 22 - Taça de

Municipal de Sabrosa; dia 29

torneio Aberto na

Dia 8 às 21h30 - Encontro de

Regularidade na Sociedade

– “Birra do Morto” pelo

Companhia de Seguros AXA

Tocadores de Concertina e

de Tiro de Viana do Castelo e

Gr.Teatro Casca de Nós no

(rua Gonçalo Sampaio) no

Cantadores ao Desafio, no

no Centro Social Paroquial

Cine Teatro Bento Martins,

Porto.

Polidesportivo de Perre, org.

de Vila Nova de Anha,

em Chaves.


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ClubeTempoLivre > Novos livros

Incêndios e secas colocam

BOOKSMILE

em perigo a vida das abelhas > SONHOS DE BALLET

- surgem curiosidades sobre

> O DESFILE DE MODA

estes insectos - que serão

Janey Louise Jones 10,98 (PVP) [5,49 /cada título]

salvas pelos duendes.

Duas novidades da colecção

interpretada por diversas

“Princesa Poppy” destinada a

crianças, em harmonia com

Inclui um CD com a história

o desenrolar dos acontecimentos. ECOS DO MEU PENSAR física e mentalmente o seu cão e aumentar o seu bem-

Teresa Duarte Reis 226 pg. | 10 (PVP)

inóspitas, magníficas e

estar. Redescubra a alegria

Uma explosão de sentires

sagradas, como a da cidade

de brincar com o seu animal

marcada pelas raízes, numa

perdida de Tsaparang, do

de estimação com as ideias

observação atenta a tudo e à

monte Kailash e do lago

fantásticas e saudáveis

valorização do trabalho dos

Manasorovar, locais de

apresentadas neste

outros.

peregrinação budista

compêndio de divertimento

É uma poesia que se solta na

visitados no início do

canino, recomendado por

espontaneidade dos

séc.XVII pelos jesuítas

veterinários.

sussurros da

António de Andrade,

leitores com mais de 7 anos.

alma: umas

Francisco de Azevedo, João

Em “Sonhos de Ballet” as

vezes doce,

Cabral e Estêvão Cacela, e

outras dura,

outros pioneiros europeus

como se

nos Himalaias.

aulas extra da Madame Asa

EDIÇÃO DE AUTOR

d’Anjo deixam Poppy e Mel radiantes. Porém, a

OS DUENDES E A

fosse aberta

O autor fala-nos do Tibete

dificuldade em conciliar as

PROTECÇÃO DO MEIO

ao acaso ou

recôndito e genuíno e revela

aulas com os seus afazeres

AMBIENTE

para o ocaso. Fala de tudo e

pormenores do seu povo e

leva Poppy a desistir,

Teresa Duarte Reis 82 pg. | 15 (PVP)

de todos, de sonhos não

da profunda religiosidade,

enquanto Mel continuar a

cumpridos ou dores

sem esquecer a grandeza

dançar, sacrificando as

No quintal do Sr. Joaquim os

abafadas. É uma vida que se

dos palácios, templos e

visitas e brincadeiras com a

Duendes vivem na defesa

enovela e se desprende…

mosteiros.

amiga.

das sementes e plantas. A

Em “O Desfile de Moda” a

Larocas, lagarta malandreca

Semana da Moda em Nova

e trocista, quer interagir com

Iorque decorre cheia de

os misteriosos amigos do

glamour, desfiles e

A MELODIA DO ADEUS

EDITORIAL PRESENÇA

Nicholas Sparks 369 pg. | 18,50 (PVP)

ambiente e leva-os a

VIAGEM AO TECTO DO

Com apenas dezassete anos,

divertimentos. Mas Poppy

Inglaterra onde Mr. Brown

MUNDO - O Tibete

Ronnie vê a sua vida virada

percebe que esta profissão

fornece elementos para

Desconhecido

do avesso quando os pais se

tem um lado negro ao

salvar a natureza das

Joaquim Magalhães de

divorciam e o pai muda da

encontrar uma supermodelo

grandes devastações.

Castro 268 pg | 16,50 (PVP)

cidade de Nova Iorque para

brasileira a chorar.

Wrightsville Beach, uma

Uma viagem inesquecível ao

pequena cidade costeira na

50 JOGOS E BRINCADEIRAS

coração do Tibete, Ngari.

Carolina do Norte. Três anos

PARA O SEU CÃO

Com início em Lhasa, o autor

não apaziguam o seu

Suellen Dainty 130 pg. | 8,99 (PVP)

de mochila às costas e à

ressentimento e, quando

boleia percorre em direcção

passa um Verão na

Cinquenta jogos e

a oeste cerca de dois mil

companhia do pai, Ronnie

brincadeiras para estimular

quilómetros de paisagens

rejeita com rebeldia todas as

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que foi, recentemente,

parece estar

adoptada ao cinema por

a

RITUAL

Neil Jordan, com

transformar-

Mo Hayder 360 pg. | 22,90 (PVP)

interpretações de Brad Pitt,

se numa

Tom Cruise e António

árvore; a

Nas águas do porto de

Banderas.

mulher que

EUROPA AMÉRICA

sofre de

Bristol, um mergulhador

tentativas de aproximação,

encontra a mão de um

AS AVENTURAS DE

enjoos causados pelo

cadáver. Mais perturbante do

HUCLEBERRY FINN

balanço do mar, mesmo

que a ausência de um corpo

estando em terra; a menina

é a descoberta, dias mais

Mark Twain 308 pg. | 19,51 (PVP)

tarde, de uma mão. E todas

Uma picaresca viagem de

internos em posição

as provas apontam para que

Huckleberry Finn numa

invertida; e o músico que

o corpo tenha sido decepado

jangada pelo Mississípi.

ouve tudo o que acontece

que nasceu com os órgãos

ameaçando antecipar o

ainda com

Huck, em fuga do seu pai

dentro do seu corpo, até os

regresso a Nova Iorque. Mas

vida.

bêbedo e avesso aos bons

seus globos oculares a

é ali que Ronnie vai

A investigação

costumes da viúva Douglas,

movimentarem-se!

descobrir a beleza do

do agente

e Jim, um escravo fugitivo,

Um relato de casos bizarros

primeiro amor, numa paixão

Jack Caffery,

deparam-se com inúmeras

que nos leva ao limiar da

da unidade de

peripécias que darão ao

medicina e que inspirou o

investigação criminal de

jovem rapaz um verdadeiro

documentário “Ficheiros

Bristol, levam-no aos

retrato da natureza humana

Clínicos” da ABC.

irrefreável e de efeitos devastadores. O CLÃ DA LOBA

meandros de um submundo

A Guerra das Bruxas – livro I

sinistro: o lugar mais terrível

AS NECESSIDADES E AS

Maite Carranza 328 pg. | 17,50 (PVP)

que já conheceu.

EXPECTATIVAS DAS

Dois clãs de bruxas, as Omar

ENTREVISTA COM O

SEU TEMPERAMENTO

e as Odish, vivem em

VAMPIRO

permanente conflito,

Anne Rice 276 pg. | 20,89 (PVP)

Nicole Bédard 148 pg. |15,50 (PVP)

incapazes de conciliar as

CRIANÇAS SEGUNDO O

Um guia centrado na

suas

Das plantações oitocentistas

caracterologia, que ajuda a

diferenças

do Luisiana aos becos

conhecer o potencial da

ancestrais.

sombrios e cenários

criança e a encontrar

Apenas uma

sumptuosos de Paris,

referências quanto às

velha

Claudia e Louis fogem de

profecia

Lestat, o seu criador e

e de uma época. Com um

dos seus diferentes

deixa

companheiro imortal. O cruel

apurado sentido de humor,

temperamentos. Ao

entrever alguma esperança

vampiro tira partido das suas

Twain transpôs as memórias

estabelecer as suas

de no futuro a eleita

fragilidades e move-lhes uma

de infância para a história

particularidades, torna-se

conseguir unir ambas as

perseguição sem tréguas.

de Huck, um clássico da

mais fácil acompanhar a

necessidades e expectativas

tribos. Todos os sinais

Numa

literatura mundial que

criança no seu

confirmam que a chegada da

mescla de

comemora o 125º

desenvolvimento e interagir

eleita está próxima, mas

sangue, a

aniversário da sua

com os diferentes crianças: a

quando Anaíd, uma jovem de

autora

publicação.

emotiva, a sensitiva, a

catorze anos, acorda uma

consagrada

manhã e verifica que a sua

na literatura

MISTÉRIOS DA MEDICINA

Uma obra que lança um

mãe desapareceu, está longe

de fantasia

Ann Reynolds e Kenneth

novo olhar sobre a forma de lidar com a criança.

racional ou a activa.

de saber que a sua mãe é

e gótica, narra uma

aquela de que a profecia

extraordinária história que

Wappner 208 pg. | 19,90 (PVP)

fala.

inspirou muitos escritores e

Conheça o homem que

Gloria Lambelho MAI 2010 |

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ClubeTempoLivre > Cupões e Passatempo NOTA: os cupões para aquisição de Livros são válidos até ao final do ano de 2010

DESCONTO Este cupão só é válido na compra de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora

Clube TempoLivre

2,74

Euros

VALIDADE 31de Dezembro/2010

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Remeter para Fundação INATEL – Clube Tempo Livre (Livros), Calçada de Sant’Ana nº 180 – 1169-062 Lisboa, o seguinte: G Pedido, referenciando a editora e o título da obra pretendida; G Cheque ou Vale dos Correios, correspondente ao valor (PVP) do livro, deduzindo 2,74 euros de desconto do cupão. G Portes dos Correios referente ao envio da encomenda, com excepção do estrangeiro, serão suportados pelo Clube Tempo Livre. Em caso de devolução da encomenda, os custos de reenvio deverão ser suportados pelo associado.


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O Tempo e as palavras M a r i a A l i c e Vi l a Fa b i ã o

Em busca de um Maio perdido Repito-me tanto, tantas vezes / me surgem as mesmas palavras, /que julgo ser engano do mundo. / ser tão igual o seu nomear. Francisco José Viegas, “Para sempre”, in As Imagens, in: Metade da Vida, Ed. Quasi, 2ª edição, 2007

M

ais um dia cinzento. Inútil dizerem-me que é Abril, que o Inverno há muito findou, que a Primavera chegou com a pontualidade de uma Primavera britânica, e que os dias têm agora quarenta e oito horas: uma vez mais, para além das vidraças, o mundo desapareceu, devorado, com as suas formas, as suas cores e os seus sonidos, por uma névoa espessa como algodão de açúcar. Para além da vidraça, uma vez mais, só a névoa e o silêncio existem. Do interior do velho Onkio instalado num penumbroso canto da sala, as vozes de um grupo coral galego entoam, acompanhadas de flautas e alaúdes: “Bem vennas, Mayo, e com alegria;/poren roguemos à Santa Maria…” 1 Gosto da música medieval; gosto da poesia medieval, da juvenil singeleza do fraseado de uma e da outra. Cansada do humor ciclotímico deste interminável mês de Abril, junto a minha voz às outras vozes, e trauteio em surdina: “Bem vennas, Mayo…”. Há, sem dúvida, qualquer coisa de mágico no poder evocativo das palavras, porque digo “Maio” e, subitamente, desperto, com pulso acelerado, em outra idade e em outra terra que já foram minhas. Repito: “Maio”, e à minha volta tudo floresce, tudo explode em cor, tudo se incendeia de Sol e riso. Porque é Maio. Não um Maio qualquer: não o Maio da deusa Flora ou da deusa Maia, não o Maio objecto de desencontradas teorias histórico-linguísticas, nem mesmo o Maio das “justas conquistas dos trabalhadores”, mas apenas o primeiro Maio vivido intensamente por uma criança, que em nada se distinguia de outras crianças e cuja história simples poderia principiar, como todas as histórias simples, por: “Era uma vez…” Era uma vez… Queria ter um cão - e tinha um cão; queria ter um gato e tinha um gato; queria um boneco - e tinha um boneco. E tinha os irmãos, e tinha os pais, laicos, com quem podia trocar opiniões - porque, além do cão, do gato e do boneco, também podia ter opiniões. Aos oito anos, entrou para “o Colégio”, como “externa”. Integrada numa classe de alunas mais velhas, só se

distinguia da média pela nota de bom comportamento. Até Abril, esse primeiro ano decorreu sem grandes incidentes ideológicos. Em Abril, porém, principiaram os preparativos das alunas para o “Mês de Maria” e as pressões da Irmã Cecília (a quem, em dia de particular bom humor, Deus abençoara com uma quantidade de massa cinzenta muito inferior ao mínimo necessário para um raciocínio normal) para se confessar, para o que a obrigou a fazer um curso acelerado das regras mais necessárias para uma confissão bem feita, que, afinal, se resumiam a ter propósito firme de emenda e dor de coração. Chegado o dia da confissão geral, foi a primeira a chegar à capela e a última a dirigir-se ao confessionário. No dia seguinte, fez a sua primeira comunhão e, pela primeira vez na sua curta vida, soube o que era um agonizante sentimento de culpa: por mais que tivesse esperado na capela, dizia, não sentira a menor dor no coração e, mesmo assim, fora comungar! Em plena fase de literalidade, o seu léxico reduzido era constituído exclusivamente por termos monossémicos. Logo, para ela, dor de coração, era mesmo dor de coração. E ela não a sentira. Como diria mais tarde, porém, aquele mês de Maio, que, entretanto, tinha perdido, tinha marcado profundamente a sua vida: do ponto de vista linguístico, alargara o seu património vocabular com termos como: grilhões, pensamentos perversos, tribulações, refrigério, pulquérrima, e toda uma série de expressões apaixonadas que considerava impróprias para serem usadas por uma senhora decente. Do ponto de vista cultural - de modo algum queria ter perdido o florilégio das edificantes histórias de terror que a Irmã Maria, cuja vida se lhe desenhava nas rugas pétreas e feias de onde estava ausente qualquer traço de ternura, usava como “Inxemplo”(a nasalização devia-se ao aperto dos óculos na ponta de um nariz modelo “Ciraneau”), nos intervalos entre os mistérios do Terço. Escrevo: Maio. Reencontrado o Maio perdido, o passado torna-se, na noite, um labirinto na memória, onde não encontro o caminho de regresso. I 1

(Bem.vindo, Maio, e com alegria...) Afonso X, Cantigas de Sta. Maria (460) MAI 2010 |

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Os contos do

Despedida de Solteiro

E

stranhamente, a três dias do casamento, Rute Luísa embirrou com o noivo por causa da despedida de solteiro que ele tem vindo a organizar com método e entusiasmo. A oposição de Rute nasceu quando soube que a festa incluiria, além de dançarina de strip-tease, algumas acompanhantes eslavas. Ela bem conhece a tendência de Paulo Agá, para se fascinar por estrangeiras. O nome dele é Paulo Hortênsio mas desde catraio que abomina o Hortênsio e fez-se conhecido por Paulo Agá. Essa história das estrangeiras, que perturba Rute Luísa, tem explicação no trabalho de Paulo. Ele é guia turístico, o que, efectivamente, lhe tem permitido algum relacionamento mais avançado com senhoras excursionistas. No círculo de amigos, a zanga de Rute é considerada um contra-senso. Festa de despedida de solteiro tem o significado de todas as despedidas e, neste caso, do que Paulo Agá se despede é da liberdade plena. Liberdade de esvoaçar na vida sem dar contas a ninguém, muito menos a quem toma o título – aliás feiote – de cônjuge. Ao contrário do que vai sendo costume – talvez um sensato costume porque envolve precaução – Rute Luísa e Paulo Agá não anteciparam a vida em comum. Ela continuou na casa dos pais e ele habita, em tranquilo isolamento, o apartamento adquirido em São Pedro do Estoril. Estará pago, se tudo correr pelo melhor, dentro de trinta anos. Nem uma só vez Paulo tentou convencer Rute a subir ao terceiro andar com o objectivo de ensaiarem o convívio posterior ao matrimónio. Esta contenção não evita que ela imagine ter ali decorrido ardentes orgias, com a participação de turistas a fazer coincidir a passagem por Lisboa com a passagem pela casa do agora noivo. 80

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Com frequência, a Rute expõe esses maus pensamentos a Bruno Gaspar, seu antigo namorado, com quem mantém relações de franca amizade. Foi ela própria quem o apresentou a Paulo Agá e, entre os dois jovens, nasceu uma relação de companheirismo. Jantam por vezes os três no Bairro Alto e, madrugadas altas, Rute Luísa tem percorrido as vielas de mãos dadas com o antigo e o novo namorado. Quando as pessoas vivem de boa fé e reina a inocência, mais mão ou menos mão não quebra a harmonia. Hoje é o dia da festa de despedida de solteiro e Paulo Agá passou a manhã ao telefone, confirmando as presenças. Dezoito amigos irão apresentar-se no restaurante da comezaina. Depois do nariz torcido da noiva, a única decepção chegou de onde menos se esperava. Justamente Bruno Gaspar amigo dilecto, alegou embaraços profissionais e descartou-se. Nem o atractivo das acompanhantes contratadas e da strip-teaser birmanesa o convenceram a comparecer. O melhor, considera o noivo, será encolher os ombros e desfrutar da festa. Tanto mais que, além das atracções femininas serem programadas, há uma surpresa de última hora. Acabada de chegar a Portugal, na qualidade de guia-intérprete de um grupo de homens de negócios, a italiana Donatela tomará o lugar na mesa. ANDRÉ LETRIA


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Alta, morena, cabelo longo e negro, Donatela fez faiscar os neurónios de Paulo Agá logo que se encontraram. E Rute Luísa percebeu no descuido de uma conversa entre o noivo e Bruno, que a reunião teria o perigo adicional de uma ragazza deslumbrante. Alguém tem a gentileza de reservar para Donatela o lugar ao lado de Paulo Agá e ele não quer perder nenhum do pouco tempo que lhe

resta como rapaz solteiro. Não tarda tem o braço envolvendo a cintura dela e aproveita a distracção geral provocada pela actuação da bailarina para colarem os lábios em beijos leves e fugidios. Mas Donatela é uma labareda e Paulo Agá arde de excitação. Já muito vinho se bebeu, o ambiente é de ruidosa alegria mas ele espreita a oportunidade de abraçar a italiana, livremente, afastado de todos os olhares. - E se fossemos apanhar um pouco do fresco da noite? – propõe, acariciando-lhe o pescoço nu. - Va benne – concorda ela, cúmplice. A noite está convidativa para romance e esquecimentos, Paulo Agá não se lembra agora de uma noiva chamada Rute Luísa e esqueceu o desencanto provocado pela ausência de Bruno. Só Donatela existe neste momento. Já arrasados caminham para o parque de estacionamento onde se encontram algumas dezenas de carros sob a copa das árvores que esbatem a iluminação dos escassos candeeiros. Soltos, livres, juntam os corpos e as bocas entreabertas. Assim continuam, num tempo indefinido mas intenso, até que, subitamente, os olhos de Paulo se fixam num ponto e exclama para si próprio: - Olha, aquele é o carro do Bruno! Desliga-se mansamente da companhia e acerca-se da viatura tentando perceber se o amigo ali se encontra. Divisa-lhe a silhueta e abre a porta num rompante alegre. - Afinal sempre vieste! – grita-lhe. Vê, então, que Bruno não está só. No banco ao lado, um tanto afogueada, vê a mulher com quem vai casar-se daí a três dias. - Rute Luísa! Que fazes tu aqui? Ela demora um pouco a puxar a saia para os joelhos e explica: - Nada de especial, Paulo. É só a minha despedida de solteira. I MAI 2010 |

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Crónica

A travessia dos dias

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uando vier o bom tempo, vamos dar umas voltas pelo quarteirão. Há meses que não andas, e eras um grande andarilho. Sentas-te em frente da televisão e estás aí horas seguidas. Não andas, perdes a massa muscular das pernas.» Ela diz isto e olha-o, misto de ternura e compaixão. Ele nada responde. Sente-se cansado e poucas coisas suscitam a sua curiosidade. Farteime de andar a pé, pensa. Cheguei a ir da avenida da Liberdade a Caselas, um monte de quilómetros. Era novo e da idade do mundo. Não tinha dinheiro para o transporte e aquela distância não me atemorizava, se é que esta palavra é a mais apropriada. Nesse tempo estava desempregado, frequentava uma tertúlia na Cervejaria Ribadouro, junto ao Parque Mayer, por vezes não comia, ou comia uma banana, subsistia de pequenos biscates e não era totalmente infeliz. As coisas da felicidade vão aparecendo, exactamente porque são pequenas coisas, e coisas simples. Complicamos tudo porque somos complicados por natureza. «Que queres para o jantar? Tenho uns restos da caldeirada de sardinhas, do almoço, mas não está a apetecer-te, pois não?» «Talvez seja um bocado pesado, não sei.» «E se comeres uma boa sopa e uns ovos mexidos?, sempre á mais leve, e já não temos idade para jantar pratos pesados.» Fartou-se de comer ovos mexidos, quando era novo e estava desempregado. Aliás, pouco mais sabia fazer do que ovos mexidos. Certa vez, decidiu misturar fiambre e batatas. Não lhe soube muito bem, mas era o que sabia fazer. Não é bem assim: também aprendera a cozer batatas e bacalhau. Tentou fazer sopa: queimou tudo. Andava muito magro, nesses tempos, e as perspectivas de emprego não eram animadoras. Mesmo assim nunca fora assaltado pelo medo e muito menos pela depressão. Era quando caminhava a pé até Caselas. Vivia na casa do pai, que fora a Angola, cumprir um contrato, o pai era montador de linotypes, máquinas de composição tipográfica, enviuvara havia dois anos, e ainda não conseguira reorganizar a sua vida.

«Vou ao pão. A padaria fecha às cinco. Queres que passe pela papelaria e te traga alguma revista?» Vê-a avançar pelo corredor. Gosta daquele modo que ela tem de andar: rápido, decidido, sem cálculo e com grandeza. A casa é enorme para eles dois, mas já não o foi, quando as três filhas eram pequenas e lá viviam. Os nomes delas começavam sempre por A, ideias da mulher: Alice, Almerinda e Ana. Se tivessem tido rapazes, a mesma bizarria, apenas em vez de A, teriam todos os nomes começados com R. Das três filhas, duas visitam-nos amiudadas vezes. A outra, a Almerinda, vive em Dusseldolf, na Alemanha, casou com um engenheiro alemão, têm dois filhos, os filhos são loiros, calados e levemente desconfiados. «Devias ir comigo. Caminhavas um bocadinho, e só te fazia bem às pernas.» Não responde. Cansa-se muito e perdeu a vontade de andar, de sair, de se sentar num café, de ir a um cinema. Este enfado aconteceu de repente. Fora operado ao apêndice e, convalescente, apercebeu-se de que algo de inesperado lhe acontecera, uma fadiga extrema, um desinteresse por tudo. Permanece em frente da televisão horas e horas a seguir umas às outras. Quando vier o bom tempo regressará às caminhadas que fazia pelas ruas. Olhava para as pessoas, apreciava as mulheres que nem sequer davam por isso. Outrora, contemplava-as (contemplava-as, é o termo; as mulheres não se olham: contemplam-se) e elas correspondiam com um sorriso discreto, um meneio quase imperceptível. Agora, nem sequer reparam. É um velho de cabelo ralo e olhos antigos, um pouco trôpego, um pouco alheio, um pouco desfasado. A velhice é uma punição irremediável, pensa, mas nem por isso deixa de possuir uma densa e excessiva lírica. O desfile de memórias animanos; o que nos abate é a traição do corpo. Se eu soubesse escrever, escrevia sobre o labirinto das sombras, as características estancadas do desejo, a indiferença pejorativa da eternidade que nos espera. Ouve a chave na porta. «Quem é?», pergunta. «Quem é que havia de ser?» I


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