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N.º 236 Abril 2012 Mensal 2,00 €

TempoLivre www.inatel.pt

Turquia

O admirável mundo dos contrastes

Entrevista José Manuel Tengarrinha Património Vilharinho da Furna Memória Fernando Pessa



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Sumário

Na capa Foto: Sousa Ribeiro

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CARTAS E COLUNA DO PROVEDOR

VIAGENS

Turquia De Istambul a Ankara, da Capadócia a Konya, de Antália ao Golfo de Fethyie - uma viagem por uma Turquia de admiráveis contrastes. Uma Turquia, às portas da Europa, e que hesita entre o passado e o futuro sem deixar de viver o presente com alma. Uma viagem possível nos programas Inatel 2012.

18 EDITORIAL

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NOTÍCIAS CONCURSO DE FOTOGRAFIA

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RITUAIS

O Canto dos Martírios em Idanha-a-Nova

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JUSTIÇA E SOCIEDADE MEMÓRIA

Fernando Pessa

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OLHO VIVO A CASA NA ÁRVORE

José Manuel Tengarrinha Foi jornalista, dirigente da oposição à ditadura, deputado, professor universitário e historiador. Aos 80 anos, José Manuel Tengarrinha não desiste de produzir obras de referência para historiografia portuguesa e de defender a importância do diálogo e dos consensos "tanto no plano político como no cultural".

30 DIÁSPORA

Luxemburgo, um portal sem fronteiras No Luxemburgo, um dos principais destinos da emigração portuguesa na Europa, o portal "Bomdia.lu" comemorou dez anos em 2011.

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O TEMPO E AS PALAVRAS

INATEL CHARME

Maria Alice Vila Fabião

Gabriela Botelho, autora de "Luxo e Charme na Hotelaria em Portugal", explica à TL porque incluiu as unidades Inatel das Flores e de Linhares entre os 20 melhores hotéis portugueses de charme.

OS CONTOS DO ZAMBUJAL

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ENTREVISTA

CRÓNICA Álvaro Belo Marques

38 PATRIMÓNIO

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BOA VIDA CLUBE TEMPO LIVRE

Passatempos, Cartaz e Novos livros

Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna A construção da barragem de Vilarinho da Furna, inaugurada em Maio de 1972, fez desaparecer uma aldeia inteira. Bem perto, em Campo do Gerês, um espaço museológico evoca o mundo rural da antiga aldeia comunitária.

Revista Mensal e-mail: tl@inatel.pt | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Costa Santos, António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Magalhães de Castro, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lurdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Fernando Dacosta, Joaquim Letria, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Publicidade: Direcção de Marketing (DMRI) Telef. 210027189; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA - Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 140.191 exemplares



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Editorial

V í t o r Ra m a l h o

Requalificar

A

prioridade que a Fundação Inatel concedeu à requalificação dos seus equipamentos tem vindo a abranger de forma calendarizada a generalidade deles, qualquer que seja o fim a que se destina. Daí que, como poderá ler e ver neste número, foi muito recentemente inaugurado o Pavilhão de Guimarães, objeto de uma parceria com a Câmara Municipal, que beneficiou de uma profunda requalificação para responder a novas funcionalidades e que muito honram a Fundação Inatel. Nesta linha concluíram-se também as obras de requalificação da Sede, para possibilitar não só melhores condições a quantos aí exercem as suas atividades profissionais mas também para facilitar o acesso à recepção a todos quantos nos procuram. Este esforço, de melhoria da qualidade dos equipamentos justificou aliás que pela primeira vez duas unidades hoteleiras da Inatel, Linhares da Beira e Flores, fossem incluídas no livro destinado a seleccionar "O Luxo e o Charme na Hotelaria em Portugal", da autoria da Dra. Gabriela Botelho que por isso mesmo é referência neste número da Tempo Livre. De referência será também a unidade hoteleira de Cerveira, da Inatel, um equipamento de invulgar qualidade e excelência totalmente remodelado, com cem quartos, projectado para ser inaugurado na segunda quinzena do próximo mês de Maio. Esta unidade, que se enquadra na invulgar beleza natural da fronteira do distrito de Viana do Castelo com a Galiza, tem também todas as condições para responder a eventos festivos e outros, tão procurados na região na chamada época alta. O Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas,

é ainda evocado por si mesmo, e ainda por traduzir uma oportunidade para os visitantes pernoitarem a partir de Maio na unidade da Inatel em Cerveira, sugerindo-se que salvaguardem a tempo as marcações para esta, pela procura significativa que se prevê que venha a ocorrer. Em alternativa, para quem desejar ser testemunha dos rituais ligados à Páscoa, que têm lugar em Idanha, o chamado "Canto dos Martírios", de que este número também nos fala, poderá pernoitar na nossa unidade em Manteigas, também esta beneficiada recentemente com uma excelente piscina termal. E porque temos enquanto povo uma concepção universalista, convidamo-lo ainda a avaliar o interesse da viagem que a Inatel programou à Turquia, país de enorme relevância para a Europa, com tradições histórico-culturais marcantes. Essa mesma vocação universalista transportanos para a nossa importante presença no Luxemburgo, que justifica plenamente a reportagem sobre aspectos da comunidade portuguesa no GrãDucado, sem esquecer a evocação, na rubrica "Memória", da personalidade invulgar que foi o sempre jovem Fernando Pessa, também ele um homem da diáspora. E para fecharmos com chave de ouro nada melhor que assinalar, neste número da "Tempo Livre", a entrevista com um dos nossos grandes historiadores contemporâneos, José Manuel Tengarrinha, que, recentemente, deu à estampa, numa edição da Assembleia da República, o monumental e exemplar trabalho sobre a vida e obra do grande tribuno do parlamentarismo português, José Estêvão. n

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Cartas A correspondência para estas secções deve ser enviada para a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, nº. 180, 1169-062 Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt

Pintura Naïf “No artigo do Dr. Nuno Lima de Carvalho, publicado na "Tempo Livre" de Julho/Agosto de 2011, foi lançado um convite aos associados da Inatel que quisessem participar no salão de pintura Naïf no Casino Estoril. Nesse artigo prometia-se voltar ao tema numa próxima edição, mas acontece que até agora não vi mais nada escrito sobre este assunto e eu estava interessada em participar (…)". Lídia Carvalho, Pinheiro de Coja

50 anos na INATEL Completaram, no 1º quadrimestre do ano, 50 anos de ligação à Fundação Inatel os associados:

Gabriel Peniche, de Alhandra; Filipe Benedito, de Almada; Francisco Canelhas e Fernando Fagundes, de Barreiro; Jorge Pimenta, de Caldas da Rainha; José Fernando Correia, de Carcavelos; Carlos Baltar, Fernando Geraldo e Fernando Geraldo, de Coimbra; Henrique Flor e Eurico Mendonça, de Costa de Caparica; Francisco Sousa, de Cruz de Pau; Fernando Montenegro, de Cruz Quebrada; Júlia Martins, de Ericeira; Argemira Melro, de Évora; Fernando Rodrigues, de Damaia; Orlando Reis, de Queluz; João Giestas, Vasco Carvalho, Antero Oliveira, José Sousa, Fernando Merca, Mª Ilda Belo, José Manuel Rodrigues e Fernando Celeiro, de Lisboa; Manuel Saramago, de Flamenga; José Vieira, de Frielas; José Manoel Lourenço, de Lourinhã; Carlos Martins, de Oeiras; Gabriel Gouveia, de Porto; Joaquim José Santos, de S. João da Madeira.

Coluna do Provedor TALVEZ por estarmos na altura da Quaresma,

Kalidás Barreto provedor@inatel.pt

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valerá a pena sublinhar, e registar, o sentimento solidário que nos é transmitido por muito dos nossos associados sobre as violências nos idosos e nos trabalhadores de todas as actividades de baixo salário, vítimas de tantas injustiças. Porque a solidariedade não tem cor partidária ou religiosa, e integra o que há de mais nobre e digno na natureza humana, fará todo o sentido dar-vos conta dos múltiplos e numerosos desabafos desses associados - transmitidos pelo telefone ou por recortes de jornais - que trazem notícias dolorosas deste nosso tempo. "Recorri à banca - conta um associado - para comprar uma casita onde pudesse viver com dignidade, com os meus três filhos; agora estou desempregado, minha mulher também, que futuro, que vou fazer quando os meus filhos tiverem fome?" "…O comando das economias e dos Estados está nas mãos dos mercados financeiros, da especulação, da fuga aos impostos, dos paraísos fiscais, dos enriquecimentos ilícitos de todos os

géneros (…) Estudam-se todos os cortes nas despesas para emagrecer o Estado mas não vemos a mesma preocupação com a criação ou manutenção do emprego. Onde está o investimento na agricultura e nas pescas, supostamente nichos de novos postos de trabalho como foi demagogicamente propalado?" "Os trabalhadores - desabafa outro associado - desanimam, achando que nada vale a pena. Vão ficando sem tempo para acompanhar a família, sem tempo para o descanso, sem tempo para a acção, pois é-lhes imposto mais e mais tempo para o trabalho. Enquanto isto, há quem não consiga trabalho, quem já não tenha subsídio de desemprego e a quem lhes é negado a oportunidade de trabalhar. É tempo de não nos deixarmos adormecer, de pensar que já não vale a pena. Deixemos os nossos egoísmos e pensemos no bem comum, que está ao alcance de cada um de nós." Ficamos por aqui, para reflectir neste tempo de primavera! Vale sempre a pena! A experiência dos erros no passado deve levar-nos a corrigi-los no presente. Para um futuro melhor! n



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Notícias

Guimarães

Pavilhão Inatel reaberto ao público l Depois

de várias obras de beneficiação, o pavilhão Inatel, em Guimarães, reabriu ao público, no passado dia 4 de Março com a realização de jogos de andebol e de voleibol das velhas guardas do desporto vimaranense e exibições de judo, dança e patinagem artística. Presente no acto inaugural em representação da Fundação, o administrador Moreira Marques sublinhou o perfil "emblemático e com história" do pavilhão, "reabilitado - lembrou - graças à parceria entre a Inatel e a Câmara Municipal de Guimarães e com recurso a fundos comunitários". "Desejo que o espaço contribua para a promoção da prática do desporto e que aqui se realizem grandes iniciativas desportivas", acrescentou Moreira Marques. Usaram ainda palavra o vereador do Desporto da Autarquia, Amadeu Portilha, e presidente da Câmara, António Magalhães, grato à Inatel pela "possibilidade que nos deu de reconquistar um espaço desportivo que é profundamente emblemático para Guimarães". A tarde desportiva que assinalou a reabertura do Inatel contou com a presença de muitas caras conhecidas

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do desporto vimaranense, desde atletas, dirigentes, treinadores, árbitros e até espectadores habituais de eventos desportivos realizados naquele local. Palco, desde 1967, de memoráveis jornadas desportivas que integram a história do desporto vimaranense, o pavilhão do Inatel, situado junto ao Estádio D. Afonso Henriques

beneficiou de obras de reabilitação que lhe permitem voltar a estar disponível para a utilização por clubes e grupos informais, assim como para a realização de jogos e competições oficiais que outrora foram referência naquele recinto. A sua requalificação envolveu um investimento na ordem dos 385 mil euros (contemplando bancadas, balneários, piso e cobertura), com financiamento QREN em cerca de 80%. A empreitada incluiu também a instalação de nova rede eléctrica e de redes de abastecimento de água, drenagem de águas residuais e pluviais e de incêndio.


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Prémio Teatro Amador para a Fundação Inatel l O VIII Concurso Nacional de Teatro – iniciativa da Federação Portuguesa de Teatro Amador e da Câmara da Póvoa do Lanhoso – distinguiu, este ano, o percurso e trabalho em prol da cultura desenvolvido pela Fundação Inatel atribuindo-lhe o Prémio Prestígio Personalidade em Teatro Amador. Ao longo de cinco semanas, de 3 de Fevereiro e 4 de Março, o centenário Theatro Club da Póvoa do Lanhoso, foi palco de produções oriundas de diversos pontos do país, competindo por prémios a atribuir nas categorias de desenho de luz, cenografia, guardaroupa, interpretação masculina e feminina, encenação e melhor produção (Prémio Ruy de Carvalho). "Gradim à janela da Ausência", da Contacto - Companhia de Teatro Água Corrente (Ovar), foi o grande vencedor do concurso, com Prémio Ruy de Carvalho para o melhor espectáculo e os prémios para a melhor interpretação masculina e melhor encenação. A Companhia Espelho Mágico, de

Estoril Sol relança Prémios Literários lA

Estoril-Sol volta a instituir,

este ano, o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís e o Prémio Literário Fernando Namora, em homenagem aos dois grandes escritores. O júri, comum aos dois Prémios, será presidido pelo escritor e ensaísta Vasco Graça Moura. Lançado no quadro das comemorações do

Setúbal, vencedora do Concurso 2010 na vertente para a Infância e Juventude, organizado pela Inatel em Ponte de Lima, obteve o prémio para a melhor cenografia e guarda-roupa. À Companhia Sorriso do Atlântico, com "Salvo-Conduto", espectáculo vencedor em 2010/Ponte de Lima, foi atribuído o prémio para a melhor interpretação feminina e uma menção honrosa para a melhor interpretação masculina. A Companhia Blábláblá Teatro Jovem (Campo Maior) que, em Junho, vai apresentar no Teatro da Trindade uma encenação do texto vencedor do Prémio Inatel Miguel Rovisco/2011, apresentou "Terror e Miséria", peça vencedora do Concurso Nacional de Teatro 2011.

50º aniversário da Estoril-Sol, o Prémio Revelação, no valor de 25 mil euros, propõe-se distinguir, anualmente, um romance inédito de autor português, sem qualquer obra publicada no género e com idade não superior a 35 anos. O Prémio Fernando Namora, reservado a romances publicados, agora com periodicidade anual, repete-se em 2012, também com o valor de 25 mil euros. A recepção de originais para o Prémio Revelação termina em 25 de Maio próximo. Quanto ao Prémio Fernando Namora, o prazo de recepção de romances publicados em 2011 - termina a 30 de Abril.

“A Viagem do Pescador” l Até

7 de Maio, está patente na Galeria de Arte do Casino do Estoril uma exposição de Diogo Navarro intitulada "A Viagem do Pescador". Com uma primeira mostra apresentada no mesmo espaço em Maio de 2005, este pintor, nascido em Moçambique (1973), conta já no seu currículo com 25 exposições individuais e a participação em dezenas de colectivas, nacionais e estrangeiras, e com trabalhos que hoje se encontram em importantes colecções públicas e

privadas de outros países como a Espanha, França, Itália, Inglaterra, Brasil, E.U.A e Moçambique. Com formação em pintura, design gráfico e gravura, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, Diogo Navarro reflecte, nesta mostra, memória da magia do Índico e das suas praias, dos pescadores e os seus barcos, imagens que tinham muito a ver com a terra dos seus antepassados, de Viana do Castelo. ABR 2012 |

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Notícias

“Revolta de Beja” l Cinquenta anos após a Revolta de Beja, José Hipólito Santos recordaa e analisa-a no livro A Revolta de Beja, apresentado, em Março, na Casa do Alentejo, em Lisboa, pelo historiador e jornalista António Louçã. A ditadura só chegaria ao fim 12 anos depois, mas a tentativa de Dezembro de 1962 de sete dezenas de jovens de ocupação de um quartel de Beja, foi um importante contributo para a libertação do país, que acabou por cair no esquecimento geral. O autor consultou os processos da PIDE, procurou documentos e recolheu testemunhos com o

objectivo de "repor o essencial da história da acção revolucionária de Beja". José Hipólito Santos (Porto, 1932), sócio - economista, foi colaborador da Seara Nova e dos Cadernos de Circunstância, membro do MUD-Juvenil e das Comissões Promotoras do Voto. Participou nas Revoltas da Sé e de Beja, foi dirigente do MAR, da LUAR e do PRP, preso político e esteve exilado em Argel, Rabat e Paris. Foi ainda presidente do Ateneu Cooperativo e da Associação dos Inquilinos Lisbonenses, fundador da cooperativa SEIES.


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“Jonas Savimbi - No lado errado da História” l De Emídio Fernando, jornalistas da TSF e Mestre em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE, foi agora editado o livro "Jonas Savimbi - No lado errado da História", uma biografia política que reconstitui a vida, as estratégias, a trajectória, os poucos sucessos e as muitas tragédias militares" do antigo presidente da Unita. Dedicado a "todos os angolanos, vítimas dos tempos de ira e loucura, que souberam construir uma grande Nação", a obra de Emídio Fernando, nascido em Angola, é uma "viagem por dentro dos principais acontecimentos que marcaram aquela nação africana" na segunda metade do século XX.

Dançar na Inatel lO

mês de Abril é o mês da

Dança, assinalando-se no dia 29 o seu Dia Internacional. A Fundação INATEL assinou um protocolo com a Escola Dance Factory Studios que oferece descontos aos associados na inscrição e frequência em qualquer modalidade. A Dance Factory oferece um leque variado de aulas de dança para todas as idades, num espaço com as condições ideais para a prática das várias modalidades. A Escola localiza-se na Rua Soares dos Reis em Lisboa. Mais informações em www.dancefactory.com.pt.


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Notícias

Acordo Inatel e Instituto Piaget em Estudos em Termalismo

"101 Cromos da Bola" l Do

brinco perdido do Vítor Batista

na relva de Luz aos "calções imaculados" de Nené que -

l Celebrado

no âmbito da realização dos estágios do 1º ciclo de Estudos em Termalismo, o protocolo Fundação Inatel/Instituto Piaget, assinado em Março último, prevê a possibilidade de acolher na 1ª edição daquele curso, dois estudantes estagiários na Unidade de Manteigas e outros tantos na Unidade de Entre-os-Rios. Nos termos do acordo, o Instituto Piaget -

Ténis de mesa lO

14º Torneio Cidade de Castelo

Branco em Ténis de Mesa, organizado pelo CCD da Associação Juvenil Ribeiro das Perdizes, com o apoio da Agência Inatel Covilhã, registou a participação de várias dezenas de praticantes. Os vencedores nas três categorias foram Nelson Santos (Tintas CIN Porto), Shan Kai (Clube Millennium BCP Lisboa), e Miguel Camponês (CCD ARLU Leiria). Em juniores, o vencedor foi Tiago Almeida, do CCD AJ Ribeiro das Perdizes de Castelo Branco. Elisabete Nunes, do CCD ARDOG Leiria, foi a primeira classificada na categoria sénior feminino. 12

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representado pelo seu presidente Luís Manuel Cardoso e pela tesoureira Rosa Penha - vai colaborar com a Fundação no plano de formação contínua ou em outras acções, facultando os meios logísticos necessários bem como os formadores em áreas temáticas que sejam do domínio do seu pessoal docente. Um amplo intercâmbio entre as respectivas bibliotecas e centros de documentação e a promoção de projectos comuns de estudo, investigação e actualização - através, designadamente, de conferências, colóquios, jornadas e congressos integram ainda o protocolo, destinado a vigorar no ano lectivo de 2012/2013.

argumentava - "pelo menos dava pouco trabalho à lavandaria do Benfica", passando pelo história de Sousa Cintra a "roubar" Amunike aos concorrentes de Duisburgo - com leões a puxarem o jogador por um braço e alemães pelo outro - as histórias do futebol, "dentro e fora das quatro linhas, todas de chorar a rir…", recuperadas no delicioso livro de Rui Miguel Tovar, "101 Cromos da Bola", promete ser êxito editorial. Editada pela "Lua de Papel", com ilustrações de Carlos Monteiro, a obra de 213 páginas do editor de desporto do jornal I, revela-nos, com talento e divertida ironia, dezena de episódios surrealistas de grandes craques do futebol, treinadores e jogadores, sem esquecer alguns árbitros, ocorridos desde os anos 40 do século passado até à primeira década do século actual.


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Vida e Obra de Albino Maria l Da autoria de Carlos Januário, numa edição da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, com o apoio do Instituto do Desporto, foi recentemente lançado o livro "Albino Maria - um prémio ao desporto", uma biografia de um notável dirigente e professor na área desportiva e que, enquanto Director do Inatel (1992-98), teve uma acção altamente inovadora com o projecto de Desporto Aventura, introduzindo, nomeadamente, as modalidades de espeleologia, rappel, slide, rafting, hidrospeed, parapente, montanhismo, escalada, canoagem e btt, que se tornaram uma

referência nacional da Inatel. O Open de Parapente (Linhares da Beira), registe-se, é um marco da modalidade em Portugal, com centenas de praticantes, nacionais e estrangeiros, e de que resultou, a par do torneio anual, a criação da Escola de Parapente Inatel. Professor, treinador, autarca, gestor e dirigente em diversas entidades, como o Complexo Desportivo do Jamor (2003-06), Albino Maria lembrou, em Setembro de 2009, em Santarém, pouco antes da sua morte, ao agradecer a nomeação como patrono do campeonato distrital da Inatel, que a sua experiência no então instituto foi

"tão enriquecedora" que lhe deu "bagagem para enfrentar, depois, desafios noutras organizações".


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Notícias

BTL lança Bikotel l O stand do Turismo de Portugal na BTL 2012 foi palco do lançamento oficial do BIKOTEL e respectivo portal de internet www.bikotels.com, um projecto - a que aderiu a Inatel - de uma nova rede de unidades de alojamento que possuem um rótulo/label BIKOTEL reconhecendo as suas boas práticas em sete itens obrigatórios (parqueamento, garagem, menu, lavagem, oficina, percursos) e vários opcionais que representam necessidades dos ciclomotoristas. Estes requisitos, bem como as várias funcionalidades do site, nomeadamente a possibilidade de consulta e descarregamento dos percursos em formato GPS,

associados a cada Bikotel, foram exibidos na sessão, que teve a presença de Carlos Mamede, vicepresidente da Inatel, que sublinhou a importância da iniciativa, quer para o incremento da modalidade quer para o aumento de procura nas unidades hoteleiras. O projecto contou no seu arranque com 12 unidades de alojamento, distribuídas por todo o país, cinco

das quais da Fundação (Manteigas, Vila Ruiva, Alamal, Piódão e Castelo de Vide) que - registe-se - receberam já inscrições de praticantes da modalidade. Este segmento, inserido no turismo activo e de natureza, tem vindo a registar um crescimento anual em termos mundiais acima dos 10%. Em Portugal, as vendas anuais de bicicletas totalizam já dezenas de milhares de unidades.



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Fotografia

XVI Concurso “Tempo Livre” [1]

[2] [ 1 ] José Pinto, Coimbra Sócio n.º 494110 [ 2 ] Maria Cordeiro, Lisboa Sócio n.º 321720 [ 3 ] Mário Bizarro, V. N. Gaia Sócio n.º 64.888

[3]

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Regulamento 1. Concurso Nacional de Fotografia da revista Tempo Livre. Periodicidade mensal. Podem participar todos os associados da Fundação Inatel, excluindo os seus funcionários e colaboradores da revista Tempo Livre. 2. Enviar as fotos para: Revista Tempo Livre - Concurso de Fotografia, Calçada de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa. 3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês. 4. O tema é livre e cada concorrente pode enviar, mensalmente, um máximo de 3 fotografias de formato mínimo de 10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em papel, cor ou preto e branco.

Menções honrosas [ a ] Maria Silva, Cacém Sócio n.º 493267 [ b ] Elisabete Teixeira, Amarante Sócio n.º 343708 [ c ] Fernando Ledo, Viana do Castelo Sócio n.º 349141

[a]

5. Não são aceites diapositivos e as fotos concorrentes não serão devolvidas. 6. O concurso é limitado aos associados da Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor, morada, telefone e número de associado da Inatel.

[b]

7. A «TL» publicará, em cada mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo previsto. 8. Não serão seleccionadas, no mesmo ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano 9. Prémios: cada uma das três fotos seleccionadas terá como prémio duas noites para duas pessoas numa das unidades hoteleiras da Inatel, durante a época baixa, em regime APA (alojamento e pequeno almoço). O prémio tem a validade de um ano. O premiado(a) deve contactar a redacção da «TL».

[c]

10. Grande Prémio Anual: uma viagem a escolher na Brochura Inatel Turismo Social até ao montante de 1750 Euros. A este prémio, a publicar na «TL» de Setembro de 2012, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o concurso. 11. O júri será composto por dois responsáveis da revista T. Livre e por um fotógrafo de reconhecido prestígio.

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Entrevista

No dia 14 de Abril, por ocasião do aniversário de José Manuel Tengarrinha, centenas de cidadãos de diferentes áreas da sociedade e de vários quadrantes políticos vão, num convívio a realizar em Lisboa, homenagear um cidadão de percurso exemplar, ao longo de seis décadas, como jornalista, dirigente político, deputado, professor e historiador. Professor jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, José Manuel Tengarrinha prossegue, aos 80 anos, uma intensa actividade de investigação do Portugal Moderno e Contemporâneo. A par da recente publicação do livro a "José Estevão: o Homem e a Obra", 667 p.), José Tengarrinha está prestes a concluir uma nova "História da Imprensa em Portugal", em dois volumes, um trabalho de referência na historiografia nacional sobre as origens da imprensa nacional até ao 25 de Abril de 1974.

José Manuel Tengarrinha

“Nunca me servi, nem usei benefícios…” 18

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Entrevista

Teve uma experiência, embora efémera, como jornalista. Como avalia esse período da sua carreira profissional? Foram quatro anos. Primeiro foi no "República", mais tarde no "Diário Ilustrado"(1957-1961) onde fui Chefe de Redacção. Depois fui preso. Quando voltei da prisão foi-me retirada pela Pide, a carteira de jornalista e não pude continuar. Embora curta, foi uma experiência muito rica pelo contacto com a realidade. Conhecer a realidade, nua e crua, despida de artifícios, nas mais diversas formas, só é possível com a agitada vida jornalística. Foi para mim uma grande escola. Foi apaixonante e deu-me uma dimensão da vida que não teria conseguido doutra maneira. Muito do que sou e fui devo-o à experiência como jornalista. O terem-no impedido de prosseguir a carreira de jornalista acabou por ser positivo para si, A linha mestra para a luta política e para a hisque me orientou na toriografia em Portugal… vida política foi ver a Tenho dito, várias vezes, que em intervenção política todas as desgraças que me aconcomo uma forma de tecem, acabo por dar a volta por servir a cima. Vivi situações difíceis, de sociedade… grande instabilidade, mas pude, felizmente, superá-las sempre, mais pelas circunstâncias que O diálogo é por mérito meu. indispensável em Não foram, certamente, apenas toda a vida, tanto no as circunstâncias, como o atesplano político como ta, aliás, a homenagem que cenno cultural. tenas de cidadãos, de todas as áreas sociais e políticas, incluindo antigos presidentes da República, decidiram prestar-lhe, este mês, por ocasião dos seus 80 anos. O diálogo é indispensável em toda a vida, tanto no plano político como no cultural. E para haver diálogo é necessária a compreensão mútua, estarmos atentos ao que o outro diz, absorvermos e fazermos um crivo das sugestões, opções e propostas que nos fazem. Num processo destes, criam-se empatias e compreensões mútuas, mesmo que as pessoas não estejam de acordo. É um processo lento, demorado, que julgo ter desenvolvido ao longo de toda a minha vida e que fez com que eu fosse

“ “

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uma pessoa de consensos. Cresci à volta de consensos. Divergências há sempre…então nas vidas que nós temos, elas são, por vezes, muito profundas, mas o importante é que haja uma base de compreensão e de entendimento, e isso só se consegue quando há tolerância e compreensão. Teve uma actividade política intensa, antes e depois do 25 de Abril, mas acabou por optar pela carreira académica… Aconteceu na altura em que o MDP/CDE, de que fui fundador, estava esgotado. A partir dele, e eu estive de acordo com isso, criou-se uma organização para - partidária, a Política XXI, que seria umas das componentes do Bloco de Esquerda, composto pela corrente de Francisco Louça, pela da UDP e pela Política XXI, que teve origem no MDP. Não tem saudades da actividade política? Confesso que não…É uma actividade que provoca grande alegrias quando há êxitos, quando nos sentimos realizados por serviço cívico que prestamos. A linha mestra que me orientou na vida política foi ver a intervenção política como uma forma de servir a sociedade. Nunca me servi, nem usei benefícios. Tive vários cargos de responsabilidade mas nunca os usei em meu benefício pessoal. Era, aliás, uma norma do MDP/CDE. O MDP, de que foi presidente, teve um papel fulcral nos últimos anos de combate à ditadura … Nunca foi convidado para integrar os Governos post-25 Abril… Houve obstrução por parte da direita, alegando que eu era do PCP. Não era nada disso. Não compreendiam o que era o MDP Como especialista da História Moderna e Contemporânea de Portugal, como avalia as frequentes analogias que analistas, articulistas e mesmo investigadores fazem entre a situação político-social actual e a da segunda metade do século XVIII? Cada coisa deve ser vista no seu tempo, no seu contexto. Há, claro, situações que se repetem, houve similitude em alguns acontecimentos. A substância desses acontecimentos é que é diferente e a sua compreensão tem que ser feita de acordo com os contextos em que eles se processam e com todo um processo histórico que tem outras origens e consequências. É uma banali-


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dade dizer-se que hoje estamos a viver situações idênticas às que vivemos no século XIX. Houve nesse século, em 1890-91, situações de grande dramatismo financeiro, e antes mesmo, a partir de 1850. Mas as causas e as circunstâncias era outras. Não haverá um fio comum? O fio comum a tudo isto é termos menosprezado sempre a questão essencial do desenvolvimento. A verdade é que vivemos com grandes apertos financeiros no século XIX e nessa altura, como hoje, não houve uma prioridade para

o desenvolvimento. E o grande debate que se faz, actualmente, em Portugal é esse. Quer-se o equilíbrio financeiro, a regularização das contas públicas e uma resposta positiva às exigências da troika, mas a verdade é que é que a perspectiva de desenvolvimento - que é fundamental - é subalternizada. Quando se tomam medidas que não têm em conta esse necessidade de desenvolvimento, provoca-se desemprego e bloqueia-se o crescimento do país. A integração europeia parece não estar a resultar… ABR 2012 |

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Entrevista

"Faço o que já fazia, penso o que pensava…" A idade avançada não o tem impedido de continuar com importantes trabalhos na área da História… Eu não me sinto com a idade avançada (risos). Faço o que já fazia, penso aquilo que pensava. É claro que o regime de trabalho é mais moderado. São cinco horas durante a manhã. À tarde, é para rever questões, fazer leituras ou ter reuniões. Projectos em curso? Lancei, recentemente, a convite da Assembleia da República, um trabalho sobre José Estêvão ("José Estevão : o Homem e a Obra", 667 p., Ed. A.R.), considerado o maior orador parlamentar da nossa História. Antes, e no âmbito do centenário da República, foi publicado "Portimão e a Revolução

irá até ao 25 de Abril. Tenho, devo dizer,

análises, sobretudo na tv, como sendo

Republicana" e acabei um outro

uma vida preenchida. E fui já solicitado

frequentemente "monólogos inúteis e

trabalho, apresentado publicamente, há

para retomar um trabalho sobre as

pouco esclarecedores" e muitas

dias, na Torre do Tombo, sobre a

greves e o movimento operário para

vezes"discursos pessoais e facciosos."

Legislação no Brasil Colonial, uma

uma comunicação a apresentar num

Alguns têm mérito, ajudam a

investigação de 12 anos, com uma

congresso a realizar na Universidade

esclarecer, mas muitos outros são, de

equipa grande, apoiada pela FCT

Nova, no próximo ano sobre a história

facto, apressados e revelam sobretudo

(Fundação para a Ciência e a

do movimento operário português.

vaidade pessoal e ostentação. E há

Tecnologia). Trata-se uma investigação

A Imprensa escrita está em crise em

aqueles que sabem tudo, capazes de

sistemática e exaustiva da legislação do

todo o mundo…

falar de tudo. Eu fico espantado, como

Brasil colonial desde 1502 até 1706,

A televisão e outros media têm roubado

é possível falar-se de tudo com

final do reinado de D. Pedro II. É uma

espaço à imprensa escrita, mas não

conhecimento, com profundidade. Há

imensa base de dados que permite ao

creio que a sua sobrevivência esteja

comentadores que conseguem, de uma

investigador encontrar nomes, funções,

ameaçada. Haverá sempre lugar para a

forma relativamente inteligível, analisar

cargos e temas.

imprensa escrita. Quando pegamos

os acontecimentos, mas a verdade é

Sei que continua a trabalhar numa sua

num jornal e lemos atentamente, não

que outros há que são motivados por

obra de referência, a História da

os factos em si, mas as análises e

interesses de ordem pessoal e

Imprensa em Portugal…

apreciações que são feitas,

partidária.

Estou a trabalhar nessa obra, há cerca

comprovamos o espaço insubstituível

Também não é grande apreciador dos

de 10 anos. Está em vias de conclusão.

que a imprensa escrita ocupa. Temos

fóruns de opinião pública na rádio e na

É completamente diferente da anterior.

as notícias na televisão e na rádio e

tv…

Basta dizer-lhe que o primeiro volume,

alguns comentadores com análises

Contribuem mais para distrair e para

que estou prestes a terminar, vai até

geralmente fugazes…mas a análise e

confundir. Não significa que não haja

1865, quando surge o Diário de

reflexão têm um espaço único na

fóruns que não sejam interessantes,

Notícias. Tem cerca de 600 páginas. O

imprensa escrita.

com temas oportunos, mas, de maneira

segundo volume, já muito adiantado,

Vi declarações considerando essas

geral, confundem em vez de esclarecer.

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A questão é que há uma dificuldade de Portugal em afirmar-se num contexto tão competitivo como aquele em que nos encontramos e não há uma solidariedade internacional dentro da própria União Europeia. Sob a aparência de um certo acordo no seio da UE, a verdade é que cada país tenta salvaguardar os seus interesses próprios sem ter em conta os efeitos negativos que resultam para os outros países. As afirmações hoje, por exemplo, dos nossos governantes vão no sentido de que 'bom, nós não somos a Grécia' ou 'não temos nada a ver com a Grécia'. Isto representa uma falta de solidariedade impressionante. Nós atravessamos, sim, um momento difícil, mas a Grécia faz parte desse conjunto de dificuldades que nós enfrentamos. Não se pode dizer nós já nos safamos. É uma atitude de dessolidarização lamentável. O espaço lusófono pode ser uma das alternativas? É uma vertente que não tem sido suficientemente aproveitada. Há nesses países que falam a nossa língua, afinidades e proximidades de grandes potencialidades. É um espaço amplo onde somos bem acolhidos e onde temos perspectivas de relançamento da nossa própria nacionalidade. A queda do Muro de Berlim e dos regimes políticos do Leste europeu significou o fim da utopia marxista? A sociedade que esses países concebiam era irrealizável por assentar na utilização de conceitos sem correspondência com a realidade, histórica e concreta. O processo deve ser analisado á luz da evolução desde o século XIX: um operariado esmagado, com uma situação extremamente difícil perante um capitalismo selvagem que levou à formação das grandes organizações operárias, ainda no final do século XIX, seguidas da criação dos partidos políticos que representavam esses movimentos. Foi um processo que não teve em conta a realidade em si própria., a incapacidade de um modelo teórico se ajustar facilmente a uma realidade em movimento. Tal como aconteceu na URSS? O que Lenine pretendia, e foi impedido por Estaline, era a formação de um mercado que se desenvolvesse - o que Cuba está, agora, a tentar

fazer - com pequenos produtores e comerciantes. O bloqueio estalinista impediu esse desenvolvimento e, a partir daí, tudo se conjugou para a criação de regimes autoritários em que o indivíduo está abafado e as sociedades ficam constrangidas e travadas no seu desenvolvimento. A formação de um aparelho partidário dominante e autocrático sobre o país, com o domínio do Estado pelo partido, impediu uma perspectiva diferente de desenvolvimento. O pessimismo e o desencanto atravessam a sociedade portuguesa. Haverá saídas para a grave crise que o país atravessa? A situação que vivemos hoje, aqui e lá fora, não rima com optimismo. Na verdade, as perspectivas não são brilhantes. De qualquer maneira, temos sabido sempre, nós Portugal e a Temos sabido Humanidade em geral, sair das sempre, nós, Portugal grandes crises e, por vezes, e a Humanidade em dando um salto em frente. Julgo geral, sair das que esta grande crise que atragrandes crises e, por vessamos permitirá, porventura, vezes, dando um ajustar mecanismos de regusalto em frente… lação da sociedade que, doutra maneira, não teriam sido possíveis. Veja-se, por exemplo, o A televisão e papel dos mercados e do sistema outros media têm financeiro. São mecanismos que roubado espaço à têm de ser alterados. São sisteimprensa escrita, mas mas que dominam o poder político, impondo regras absolutanão creio que a sua mente contrárias aos interesses sobrevivência esteja dos cidadãos e que apenas visam ameaçada. Haverá satisfazer lucros imediatos, sempre lugar para a jogando com juros, com crédiimprensa escrita. tos, empréstimos. Isto não pode continuar.

O poder político conseguirá alterar essas regras? Haverá um momento em que se chega a um ponto de ruptura, com a própria sociedade a ter que modificar para sobreviver. Mais tarde ou mais cedo, isso terá que ser feito. Aliás, já vai sendo feito…há uma compreensão, cada vez mais generalizada, destes factores, contrária à lógica ditatorial dos mercados, e o próprio poder político acabará por ter a noção de que, para sobreviver, terá de procurar outras soluções. n Eugénio Alves (texto) José Frade (fotos) ABR 2012 |

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Viagens

Turquia O admirรกvel mundo dos contrastes

De Istambul a Ankara, da Capadรณcia a Konya, de Antรกlia ao Golfo de Fethyie - uma viagem pela Turquia que hesita entre o passado e o futuro sem deixar de viver o presente com alma

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Viagens

s nuvens acastelam-se sobre a Mesquita Azul e lançam manchas de sombra sobre o lago onde se projectam os seis minaretes que ameaçam furar os céus, um número do qual nenhuma outra mesquita em Istambul se pode orgulhar e que conferem ao lugar uma harmonia exterior que não deixa ninguém indiferente. Mandada construir pelo sultão Ahmet I, entre 1609 e 1616, a Mesquita Azul rivaliza em imponência com a sua vizinha Santa Sofia e, juntas, são o coração do bairro de Sultanahmet que a esta hora, já quase estéril de luminosidade, se enche de vida. A basílica, pensada pelo Imperador Justiniano, começou a ser levantada em 532 e as obras foram concluídas em 563, revelando uma grandiosidade que ganha expressão máxima na sua cúpula gigantesca de mais de 30 metros de diâmetro - e foi preciso esperar mil anos para estes números serem superados. É uma experiência inolvidável errar por este cenário magnificente ao final da tarde, agora quase órfão de turistas, observar a luz filtrada pela cúpula, escutar os sussurros, deixar o olhar resvalar para o luxo do mármore branco e rosa, para o granito negro, para os capitéis esculpidos e, finalmente, para os quatro pilares que suportam os arcos da cúpula. Em nenhuma outra cidade da Turquia são tão visíveis os contrastes como em Istambul, onde as

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mais grandiosas igrejas convivem com as mais belas mesquitas, o luxo com a pobreza, o moderno com o antigo, as casas mais humildes com os mais sumptuosos palácios, as ruínas romanas com as gregas, as discretas casas de chá onde idosos recordam o passado com nostalgia com os novos bares onde os jovens estimulam os sonhos que se desenham no horizonte. Istambul não é uma cidade, é uma cidade de múltiplas cidades, capaz de acolher Bizâncio, Nova Roma, Constantinopla e… Istambul. Há 2600 anos, era uma colónia grega, fiel guardiã do estreito do Bósforo, que tanta riqueza lhe proporcionou. Mas dez séculos mais tarde, foi convertida pelo Imperador Constantino na capital do Império Romano e tornou-se Constantinopla, a maior cidade da cristandade, até cair, em 1453, às mãos de um sultão otomano descendente de cavaleiros nómadas provenientes da Ásia Central. Rapidamente transformada na capital de uma potência muçulmana que se estendia à Europa, à Ásia e a África, viveu cinco séculos de esplendor antes de sucumbir e de dar origem a uma nova república. É verdade que deixou de ser a capital e que até mudou de nome mas, a despeito de ter caído um pouco no esquecimento, sempre permaneceu como o centro da vida cultural e económica, ressurgindo em força nos últimos 40 anos para se tornar na maior metrópole da Europa e numa


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potência económica - o produto interno bruto da cidade é superior ao de alguns países europeus. Com uma história rica de 25 séculos, Istambul atrai todos os anos milhões de visitantes mas a maior parte deles apenas a olha fugazmente, detendo-se em quatro ou cinco postais, entre eles as citadas Basílica de Santa Sofia e a Mesquita Azul. Não muito distante de ambas fica o Palácio Topkapi, engrandecido e embelezado ao longo dos anos por diferentes gerações de sultões, um exemplo arquitectónico de luxo, exotismo e sensualidade que desde tempos imemoriais ocupou o imaginário das gentes do ocidente, hoje mais viradas para um consumismo que rapidamente as conduz até ao Grande Bazar. Mesmo não sendo o maior (Teerão) ou o mais antigo (Isfahan), o Kapali Çarsi (mercado coberto em turco) é, de longe, o mais famoso do mundo. E é por esta autêntica cidade subterrânea e labiríntica que conduzo agora os meus passos, resistindo aos apelos constantes dos vendedores mas não aos sons e aos cheiros que se propagam ao longo das suas 58 ruas que abrigam mais de 4000 lojas e mais de 50 restaurantes e salões de chá, tão distintos dos cafés e bares da moda do aprazível bairro de Beyoglu.

De Ankara à Capadócia Um homem come uma sardinha e fita o horizonte como se meditasse, o muezzin chama para a oração

e, ao longe, os barcos sulcam as ondas perante o olhar dos pescadores ao lado das suas canas. Como um dia escreveu Orhan Pamuk, Istambul desafia qualquer classificação, muda e transforma-se a um ritmo próximo da vertigem, vive de excessos mas nunca chega a perder a sua alma e a sua arte de viver. E as palavras do escritor turco também se podem aplicar, de uma forma ou de outra, a um país que hesita entre o passado e o futuro, sofrendo as influências de um cada vez maior número de turistas que não resumem a sua visita a Istambul. Muitos deles rumam, de seguida, a Ankara mas, apesar dos residentes da grande metrópole afirmarem que a melhor vista da cidade é o comboio de regresso a casa, a capital turca, com os seus quase cinco milhões de habitantes, tem muito mais substância do que goza a sua reputação. É em Ankara que se encontram duas das mais importantes atracções do país: o Anit Kabir, o monumental mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da moderna Turquia, e o Museu das Civilizações Anatólias, de extrema importância para melhor ABR 2012 |

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Viagens

compreender alguns dos lugares antigos que se encontram nas planícies em redor da cidade, como Hattusa, capital do antigo reino Hitita (que se estendia da Síria à Europa), hoje em ruínas mas que no auge de uma época gloriosa contava com 50 mil habitantes. É um pouco mais a oriente que se pousam muitos dos olhares dos turistas, quando Göreme abre as portas da Capadócia para visões inquietantes de um território misterioso, onde se escavaram igrejas, capelas, santuários e mosteiros no subsolo (os cálculos apontam para um total de 600, o que dá uma ideia da intensa actividade humana e religiosa nos primeiros séculos da nossa era) depois da conquista romana e da conversão dos habitantes locais ao Cristianismo - até à chegada do Islão, em 1071, quando os Selúcidas conquistaram a região. Um pouco por todo o lado, de Çavusin a Göreme (imperdível o Museu ao Ar Livre), pode admirar as primeiras expressões artísticas dos cristãos, os frescos com motivos geométricos (num período inicial) e, já numa fase posterior, os que contemplam figuras e paisagens bíblicas, antes de se perder por este verdadeiro queijo Gruyére que é a Capadócia, com os seus labirintos e galerias subterrâneas. Antes de se alcançar o Mar Mediterrâneo, a viagem prossegue através de vales férteis que condu-

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zem a Konya, capital dos dervixes giróvagos, onde se destaca o museu dedicado ao místico, filósofo e poeta persa do século XIII, Yalal ud-Din Rumi, mais conhecido como Mevlâna, e o seu mausoléu com a extraordinária cúpula pontiaguda forrada de azulejos turquesa, visível de vários pontos da cidade.

Antalya De repente, Antalya mostra-se, com o seu golfo homónimo, despertando o prazer de um mergulho. À volta, quem pretender envolver-se na história tem muito por onde escolher, ruínas mais ou menos bem conservadas, como Aspendos, Termessos, Perge ou Olimpos, mas a cidade, a maior na zona do Mediterrâneo, também tem os seus encantos e é um bom exemplo de convivência entre o clássico e o moderno, com o seu bem preservado bairro Romano-Otomano de Kaleiçi e o porto Romano de onde se avistam, à distância, as Montanhas Bey. Sempre com o mar como companhia, parando aqui e acolá para saborear a brisa e ver as ondas namorar a praia, chego ao Golfo de Fethyie e não tardo a estender-me ao sol, em Ölüdeniz, naquela língua de areia (mais seixos do que areia) que abarca parcialmente a bonita Lagoa Azul. Pequenos barcos a pedal, permitindo ver as tartarugas, não retiram serenidade ao local e o céu


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límpido está permanentemente decorado com as asas multicolores dos parapentes que se lançam, a uma altura de dois mil metros, do Monte Baba. Ao final da manhã do dia seguinte, embarco no Easy Riders para realizar um cruzeiro nas águas cristalinas do golfo, detendo-me no Vale das Borboletas (mais de 80 espécies), descoberto nos anos 1970 por mochileiros, e umas horas depois na Ilha de São Nicolau, onde, segundo reza a lenda, teve origem o nome da figura simpática do homem das barbas brancas - o Pai Natal. Para quem gosta do contacto com a natureza, o caminho lício (o total, entre Fethyie e Antalya, é de 500 quilómetros) é uma boa opção e não foi por acaso que o Sunday Times o elegeu, há bem pouco tempo, como um dos dez melhores percursos do mundo. Um passeio pedestre que permite ver ruínas, aldeias isoladas na montanha, antigas cidades e florestas de cedro e pinheiros. Quando o sol estival do fim de tarde adquire as suas tonalidades douradas, deposito os olhos na colina onde as casas em ruínas sobem. "Quando a vila estava viva, as paredes das casas eram feitas de argamassa e pintadas alegremente em tons de rosa escuro." É desta forma que o escritor inglês, Louis de Bernières, descreve

"Turquia Especial" nas Viagens Inatel O programa de viagens internacionais da Inatel inclui o circuito "Turquia Especial" - estadias de sete noites de alojamento em hotéis de quatro ou cinco estrelas - com início em Istambul e visitas a Ankara, Capadócia, Konya e Antalya e preços desde 595 euros. O programa tem partidas até 14 de Junho. Em Julho estão previstas duas partidas, a 7 e a 21, para o circuito cinco estrelas "Turquia Eterna", com preços desde 1075 euros.

Kayaköy em Pássaros Sem Asas (Edições ASA), dando corpo a uma história épica e trágica, uma história de amor e de guerra, de gregos e de turcos que conheceram o lado melhor e o lado pior da vida. Por aqui, nestas ruas que são mais vielas, passeia-se um camponês com a sua roupa típica e o seu pequeno rebanho. A poucos quilómetros, em Ölüdeniz, o sol prepara o mergulho no mar e jovens turistas, em fato de banho, bebem cerveja. Uma mulher, com um véu a cobrir-lhe a cabeça, vira as costas ao mar onde acabou de molhar as mãos. São os contrastes deste mundo admirável que é a Turquia das múltiplas caras.n Sousa Ribeiro (texto e fotos) ABR 2012 |

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Diáspora

Luxemburgo

Um portal sem fronteiras No Luxemburgo, um dos principais destinos da emigração portuguesa na Europa, o portal "Bomdia.lu" comemorou dez anos em 2011. Para além da componente noticiosa das suas páginas, o portal tem um fórum e um "subportal" de apoio à comunidade portuguesa em domínios práticos, como o fiscal.

Raul Reis

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ouco mais de uma década depois da sua estreia, o portal Bomdia.lu está a passar por uma fase de renovação, o que proporciona a oportunidade de ensaiar um balanço da experiência. O portal foi criado em 2001, com o objectivo de servir a comunidade emigrantes portugueses no Luxemburgo, comunidade que continua a crescer, não obstante o desemprego e a crise que atingiu, também, o Grão-Ducado. O Luxemburgo continua a ser um destino importante para o movimento migratório lusitano no espaço europeu. Os dados disponíveis relativos a 2010 mostram que o número de emigrantes que se deslocaram para o país se manteve próximo dos quatro mil, só superado significativamente pelos que escolheram Espanha ou o Reino Unido. De acordo com dados do Observatório da Emigração, vivem oficialmente no Luxemburgo pouco mais de oitenta mil portugueses, o que representa cerca de 16% da população total do país e aproximadamente 37% dos estrangeiros residentes. Estes dados podem, todavia, estar afectados, por defeito, porque se calcula que haja uma percentagem razoável de portugueses sem inscrição no Consulado. Contabilizando também os cidadãos com dupla nacionalidade, o Consulado português aponta para uma estimativa de cerca de cem mil portugueses a residir no Luxemburgo. A conjuntura de trabalho no país tem-se ressentido da actual crise e a comunidade portuguesa tem sido particularmente afectada. De acordo com dados apresentados e discutidos num colóquio promovido em Novembro passado pelo

P

C.A.S.A. (Centro de Apoio Social e Associativo), que contou com a presença do Ministro do Trabalho luxemburguês, os portugueses representam 21% da massa salarial do Luxemburgo e um terço dos desempregados inscritos oficialmente tem nacionalidade portuguesa. Os baixos níveis de qualificação destes trabalhadores e o fraco domínio da língua são apontados como estando na origem desta situação, que tem preocupado a Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (ver caixa).

Jornalismo de investigação A linha editorial do portal privilegia informação relativa a Portugal e à comunidade portuguesa no Luxemburgo, ainda que não de forma exclusiva. Como especifica Raul Reis, Chefe de Redacção do "Bomdia.lu", "cobrimos a actualidade do Luxemburgo com um certo filtro: actividade política, actividades que dizem respeito aos portugueses da comunidade local e do mundo, mas sobretudo na Europa, o desporto local e português". Há uma marca no portal que o distingue de outros órgãos de comunicação social do GãoDucado: "Fazemos também jornalismo de investigação, que não é muito habitual na comunicação social luxemburguesa", salienta Raul Reis. A equipa redactorial compreende quatro jornalistas e alguns repórteres em regime free-lance. São jornalistas que passaram pelo Jornal de Notícias, pelo Expresso e pelo Diário de Notícias, e que residem actualmente no Luxemburgo. Embora privilegiando temáticas e acontecimentos relacionados com a comunidade portuABR 2012 |

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Diáspora

O Luxemburgo continua a ser um destino importante para o movimento migratório lusitano no espaço europeu

guesa, o "Bomdia.lu" cultiva um espírito de abertura a outras manifestações culturais na sociedade luxemburguesa e à participação em iniciativas alheias, tanto de entidades portuguesas como luxemburguesas. O portal associa-se frequentemente a "eventos promovidos por outras entidades, que escolhemos a dedo", de que são exemplo exposições fotográficas que contaram com a cooperação do Instituto Camões. As experiências deste tipo são exemplares: "Houve um festival de cinema do leste e divulgámos e oferecemos bilhetes aos leitores. E fomos também, recentemente, parceiros no 1º Festival de Cinema Brasileiro". Esta estratégia visa contrariar um "isolamento" da comunidade portuguesa, ainda que se verifique uma evolução positiva nesse aspecto. "Existe ainda um fechamento da primeira geração, mas na segunda já não existe. Tentamos fazer com que os portugueses participem nas actividades culturais e sociais luxemburguesas". A percepção do importante papel que um órgão de comunicação social pode ter nesse domínio é clara: "No início caíamos no erro de limitar a agenda a eventos portugueses ou que diziam respeito aos portugueses. E fazermos parcerias é uma forma de levarmos os portugueses a ter informação sobre o que acontece e a participar".

A expressão da crise no fórum do portal A questão do financiamento de um portal é um aspecto problemático, reconhece Raul Reis. Até agora, um contrato com uma agência de publicidade tem garantido o funcionamento do "Bomdia.lu". A maioria das despesas do portal corresponde aos honorários de jornalistas e repórteres, que são cobertas pelas receitas publicitárias. O "Bomdia.lu" regista cerca de quarenta mil cliques diários. A grande maioria é de residentes no Luxemburgo, seguindo-se leitores internautas da região - Bélgica, Alemanha e Lorena (França). Depois vêm leitores de Portugal e do Brasil, o que mostra como o "Bomdia.lu" funciona verdadeiramente como um portal sem fronteiras. O projecto do portal inclui também uma frequência de rádio, a Rádio "Bomdia.lu", além de um fórum aberto à participação dos leitores e um "sub-portal" com informação e dispositivos de apoio no âmbito de questões fiscais e outros aspectos práticos da vida profissional dos expatriados lusitanos no Luxemburgo. As formas de 32

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Tempos difíceis para a comunidade portuguesa Com vinte anos de existência

Ministério da Educação luxemburguês, a

completados em Novembro de 2011, a

que se acrescentaram outras formações

Confederação da Comunidade

(Electricidade, Informática, Fotografia,

Portuguesa no Luxemburgo (CCPL) tem

Costura, Bordados, Teatro). "A formação

hoje uma agenda substancialmente

é actualmente a actividade mais

diferente da que tinha há duas décadas.

relevante da CCPL, com 25 formadores e

Uma parte do trabalho da confederação

mais de 600 formandos", salienta

(a mais importante plataforma

Coimbra de Matos.

associativa do país, com cerca de 80

Como projecto mais relevante na

membros) passou pela consolidação das

agenda actual da CCPL, o dirigente

estruturas associativas da comunidade

sublinha a ideia de criar no Luxemburgo

lusitana e pela sua afirmação, assim

uma Escola Portuguesa. "O projecto

como pela promoção da língua

esteve há dois anos quase a concretizar-

portuguesa e pela conquista do direito

se, mas as vontades políticas, tanto da

de voto.

parte do Luxemburgo como da parte das

Se no centro das preocupações

linha, se defronta com o grave problema

autoridades portuguesas, que não

continuam a estar os portugueses que

de desemprego. Luxemburgo não foge à

apoiaram o dossier como o deveriam ter

escolheram o Grão-Ducado para viver e

regra e a comunidade portuguesa aqui

feito, levaram a um embargo que ainda

trabalhar, as circunstâncias são agora

residente ainda menos". O retrato feito

hoje tende a persistir".

muito particulares, com uma crise que é

pelo Presidente da CCPL descreve "uma

Para Coimbra de Matos, a CCPL deve

transversal a toda a UE, com o

comunidade de trabalhadores pouco

envolver-se activamente na construção

desemprego inerente e com um "novo

especializados, em que os jovens, com

de uma sociedade multicultural no

fluxo migratório com um perfil

graves problemas de escolarização, se

Luxemburgo, sem perder de vista a sua

totalmente diferente daquele que

encontram sem qualquer formação

vocação de representação dos

conhecemos a partir dos anos 60", como

profissional".

interesses dos residentes portugueses:

sublinha o José Coimbra de Matos (na

A especificidade linguística do

"Estamos a criar um grupo de reflexão,

foto), Presidente da CCPL. A

Luxemburgo também não ajuda, pelo

um "think tank" que será um verdadeiro

comunidade portuguesa ressente-se,

que CCPL tem insistido nos esforços de

laboratório de ideias e cujas conclusões

pela sua especificidade, desse cenário:

desenvolvimento das competências dos

serão, de uma maneira muito

"Infelizmente, temos que nos render à

membros da comunidade portuguesa

específica, postas ao serviço da defesa

evidência de que a faixa de população

nesse domínio. Desde há dez anos que

do bem-estar social e político da

menos qualificada é também a mais

funcionam cursos nocturnos de

comunidade portuguesa residente no

fragilizada e aquela que, em primeira

formação em línguas, financiados pelo

Luxemburgo". n

participação dos leitores no fórum reflectem bem a situação da comunidade portuguesa e os efeitos da crise que atravessa actualmente Portugal e a Europa: "Começou por ser um espaço de troca de ideias sobre assuntos da comunidade e rapidamente transformou-se num meio de informação sobre como emigrar para o Luxemburgo". Desde o início de 2011 que este género de mensagens tem vindo a aumentar: "Já temos voo para o Luxemburgo, temos aí um primo". "Vou voar para

Frankfurt, como vou depois para aí?" "Tenho dois filhos, como é o abono de família aí?". Os internautas que fazem estas perguntas não ficam sem resposta, sublinha Raul Reis, mostrando a pertinência e utilidade do fórum do "Bomdia.lu" para a comunidade: "Há uma interacção imediata, as pessoas daqui respondem e dão as informações práticas pedidas. Há um espírito de entreajuda". n Humberto Lopes (texto e fotos) ABR 2012 |

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Livro de Gabriela Botelho consagra Unidades Inatel de luxo e charme Entre os 20 melhores de Portugal. É assim que estão classificadas duas unidades hoteleiras Inatel - Linhares da Beira e ilha das Flores - no livro "Luxo e Charme na Hotelaria em Portugal", da autoria de Gabriela Botelho. icenciada em Direito, desde sempre o turismo fez parte da vida de Gabriela Botelho, marcando a história da sua família que há três gerações trabalha na área. O seu avô foi o fundador de uma das primeiras agências de viagens de Portugal. A paixão levou-a a especializar-se em turismo e a lançar recentemente o quarto volume de uma colecção, que é, neste momento, uma referência no segmento do turismo de luxo e charme no nosso país. "Acho que a Inatel fez nos últimos anos um grande esforço em relação a várias unidades. Claro que tem hotéis populares, mas recuperou e obteve algumas pequenas unidades, que integram perfeitamente a categoria de hotéis de charme. É o caso de Linhares da Beira, assim como a Inatel da ilha das Flores", explica Gabriela Botelho, que reuniu um selecto grupo de unidades hoteleiras através de uma avaliação baseada em cerca de 30 critérios e da observação participante.

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Prazer, emoção, excelência… Na base da selecção para este livro estiveram dois parâmetros: unidades hoteleiras novas ou totalmente renovadas desde 2008. O glamour, o prazer, a exclusividade, a excelência, a qualidade do serviço, a emoção, a tranquilidade, a localização, a gastronomia e os vinhos são alguns dos critérios de avaliação de Gabriela Botelho, aos quais se juntam itens da Leading Hotels of The World. A autora salienta que "o carácter e a singularidade de um hotel não têm só a ver com as estrelas". "Existem muitos hotéis de cinco estrelas 34

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O livro "Luxo e Charme na Hotelaria em Portugal" é acompanhado por um cartão de descontos e ofertas exclusivas nas unidades hoteleiras seleccionadas neste quarto volume, sendo válido por três anos

que não têm luxo nenhum e charme tampouco. E por vezes vemos hotéis muito bons em Portugal que são muito mal frequentados". Para Gabriela Botelho, a Inatel das Flores e de Linhares da Beira inserem-se claramente no conceito de charme. Natural dos Açores, foi com enorme satisfação que a autora viu nascer o primeiro hotel de quatro estrelas na ilha das Flores: "É uma unidade moderna, os quartos têm uma varanda simpática para o mar, uma localização extraordinária e é confortável. O único senão que encontrei foi a falta da qualidade gastronómica que não é um problema específico do hotel, mas sim de toda a ilha". Quanto a Linhares da Beira, a autora enaltece a valorização do património numa terra inscrita no projecto "Aldeias Históricas de Portugal", que dá nova vida aos seculares edifícios Casa Brandão e Melo, do séc. XIX, e Solar Corte Real, do séc. XVIII. "A unidade Inatel está inserida em dois palácios com imenso charme. Tem uns jardins magníficos, um campo de ténis e uma piscina óptimos. É simpática para passar ali uns dias relaxantes". A inexistência de um restaurante no hotel é - acrescenta - o único aspecto negativo. No entender da autora, este turismo de luxo e de charme em aldeias históricas contribui para a competitividade e progresso de uma região. "Eu nunca teria ido a Marialva ou a Linhares da Beira


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se não houvesse um hotel interessante. O desenvolvimento deste tipo de hotelaria e a ligação ao turismo cultural e gastronómico chama os turistas a algumas zonas com acessibilidades ainda difíceis". A elaboração do livro e a selecção das unidades hoteleiras cabe, em exclusivo, a Gabriela Botelho, que realiza o trabalho com total autonomia e sem qualquer apoio institucional. As escolhas da especialista nem sempre são consensuais, como aconteceu quando elegeu duas unidades Inatel. "Fiquei muito triste pela forma preconceituosa como certos hoteleiros reagiram ao facto de ter seleccionado duas unidades da Inatel. Em Portugal fala-se das coisas sem se conhecer. Como não vou em preconceitos e faço a minha selecção de forma independente, seleccionei com muito gosto e voltava a seleccionar".

"Charme é o futuro…" Em Portugal, na opinião da autora, existem poucos hotéis de luxo e os existentes têm dificuldade em estar ao nível do que é feito internacionalmente. A questão do preço é reveladora dessa diferença. "Um hotel de luxo nas principais capitais europeias pratica mínimas diárias de 500, 600 ou 700 euros. Em Portugal não há nenhum hotel que pratique esses valores, e, naturalmente, o serviço não é o mesmo. E nem vamos falar do luxo asiático", sublinha. Para Gabriela Botelho, a hotelaria de charme é a tendência no sector do turismo, pelo seu carácter personalizado, atento aos pormenores e com assinatura, como são os casos dos boutique hotéis, os eco-resorts, o enoturismo e o turismo rural. "A hotelaria de charme é o futuro. Os hotéis standards de cinco estrelas já não me dizem nada. O cliente sente-se mais um número, o serviço é muito 'plástico', cínico e hipócrita. É tudo demasiado mecanizado". Com a crise económica o sector entrou em estagnação. Alguns projectos foram inviabilizados, enquanto outros estão entregues à banca. Porém, Gabriela Botelho defende que o turismo de luxo e charme não está condenado. "Penso é que vai haver um redimensionamento". Já para não falar que os cortes salariais, a perda de subsídios e o desaparecimento de alguns feriados "vão ter consequências graves no turismo interno(…) O que se está a fazer em Portugal é tiros 36

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“Toda a gente tem direito a usufruir de produtos de charme e de qualidade. Numa altura em que as pessoas estão tão massacradas com o que se está a passar, não há nada pior do que as privar do que já é sanidade mental”

nos pés do turismo. Assiste-se hoje a um retrocesso, porque o direito ao lazer e às férias são conquistas que têm mais de 100 anos. O turismo só se desenvolveu porque houve uma conquista do direito ao lazer que se foi desenvolvendo paulatinamente", reforça a autora, que evoca o cariz social da sua obra. "Toda a gente tem direito a usufruir de produtos de charme e de qualidade. Numa altura em que as pessoas estão tão massacradas com o que se está a passar, não há nada pior do que as privar do que já é sanidade mental". O livro "Luxo e Charme na Hotelaria em Portugal" é acompanhado por um cartão de descontos e ofertas exclusivas nas unidades hoteleiras seleccionadas neste quarto volume, sendo válido por três anos. A obra está à venda em livrarias especializadas e através do mail gabrielabotelho@sapo.pt, contacto directo com a autora. A colecção vai prosseguir e um novo volume deverá surgir em 2014. n HMC



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Património

Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna A barragem de Vilarinho da Furna foi inaugurada há quarenta anos, em Maio de 1972, deixando sepultada nas suas águas uma aldeia inteira. Bem perto, em Campo do Gerês, um espaço museológico evoca o mundo rural da antiga aldeia comunitária.

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Das pedras


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s se fez mem贸ria ABR 2012 |

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Património

uas décadas antes do desaparecimento da aldeia de Vilarinho da Furna, Miguel Torga escrevia sobre os últimos vestígios de comunitarismo em Portugal, antecipando comentários com um timbre que haveria de repetir mais tarde: "E assim, um a um, se vão apagando estes pequenos enclaves, não digo de paradisíaca felicidade, mas de humana e natural liberdade. Uma vida social assim, apenas acrescida de ciência e cultura, seria ideal. Antes de mais, o homem começou aqui por formar uma consciência cívica e fraterna, fundada em amor, e fez depois as reformas consoantes. Mas parece que se resolveu matar primeiro o homem e a sua harmonia espontânea e construir então sobre cadáveres o futuro". Torga escreveu estas palavras em 1948 e nessas linhas parece insinuar-se uma luz de premonição sobre o destino de Vilarinho da Furna, submersa pouco tempo depois pelas águas de uma barragem. Em anos de escassa chuva, é possível avistar de longe, a descoberto, os vestígios da aldeia. Uma caminhada ao longo da margem da albufeira levanos até ao lugar onde se situava a aldeia de Vilarinho da Furna, ocupado agora por um cenário

D

de ruína. Podemos ver, ainda, se o nível de água estiver baixo, um punhado de paredes, ombreiras e janelas desenhadas com o granito da região. O enchimento da albufeira, rodeada pelas serras Amarela e do Gerês, obrigou os habitantes da aldeia a abandoná-la a partir de 1969, dispersando-se a seguir pelos concelhos vizinhos, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Amares, Vila Verde, ou até para mais longe. Nesses últimos meses antes da subida das águas, procedeu-se a uma recolha de objectos significativos, alfaias agrícolas, utensílios domésticos, mobiliário, etc. A iniciativa foi de Manuel de Azevedo Antunes - presidente da Associação "Afurna", constituída por antigos habitantes da aldeia -, que registou em fotografia, ao mesmo tempo, cenas do quotidiano desses últimos meses de Vilarinho. Quase duas dezenas de anos depois, em 1989, esse espólio encontrou um espaço museológico em Campo do Gerês, não muito longe da albufeira. O Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna é hoje um sítio de memória que pretende evocar a realidade social e cultural da aldeia, reconhecida como um espaço onde se viveu um dos melhores exemplos do comunitarismo rural português. O edifício que acolhe o museu é uma reconstituição de duas casas de habitação de Vilarinho da Furna, tendo-se utilizado para o efeito as pedras das construções originais.

Tradições comunitárias rurais e espaços domésticos João Barroso, um dos habitantes da aldeia, foi um dos artífices da primeira exposição, realizada com parte do espólio de 600 objectos reunidos, que se manteve durante doze anos. A exposição seguinte permaneceu até 2005, quando o espaço do museu se viu reduzido face à instalação no piso térreo de uma Porta do Parque, um centro de informação e acolhimento do Parque Nacional da Peneda-Gerês (ver caixa). A exposição actual data de 2005 e teve também como responsável João Barroso, que se tornou colaborador permanente do museu. É um acervo que testemunha as características rurais e as tradições comunitárias de Vilarinho da Furna e proporciona ao visitante, em simultâneo, uma percepção dos espaços domésticos e das actividades económicas da aldeia. A par dos objectos, há 40

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Património

Uma porta do parque No piso térreo da reconstituída Casa dos Trigos funciona um espaço de acolhimento e de informação do Parque Nacional da Peneda-Gêres (PNPD). O local é uma das portas de entrada no parque, disponibilizando as suas salas uma ampla informação que cobre aspectos díspares, como a história geológica do território e os acervos de flora e fauna da área abrangida pelo PNPD. A informação está sistematizada através de painéis temáticos que permitem ao visitante uma percepção clara das características do território. Os painéis são profusamente ilustrados, mostrando, por exemplo, imagens da fauna do parque, que inclui

constituem ameaças para outras

regadio, espigueiros, moinhos de água,

esquilos, lobos, corços, víboras e várias

espécies endógenas do PNPD.

silhas de ursos (onde eram colocadas

espécies de aves. Outros painéis

Finalmente, uma série de painéis ilustra

as colmeias), currais e eiras

abordam a flora, chamando a atenção

a ocupação humana das serranias da

comunitárias. Alguns ainda em

para a presença de espécies intrusivas -

Peneda-Gerês abordando os seus

utilização, outros signos de um mundo

como o eucalipto e a acácia -, que

muitos sinais: socalcos, redes de

em extinção ou já desaparecido.

textos de Miguel Torga e Jorge Dias, assim como imagens fotográficas que mostram o mundo social e as lides laborais dos habitantes de Vilarinho. As salas estão organizadas de acordo com critérios temáticos. Uma dá a ver um conjunto de alfaias agrícolas, como um carro de bois e diferentes tipos de arados. Outra sala exibe um espó-

Guia ÚTEIS Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna, São João do Campo, 4840 Terras de Bouro, Tel. 253 351 888 DORMIR A partir de Maio e graças a profundas obras de renovação, a unidade hoteleira de Vila Nova de Cerveira, da Inatel, estará já em funcionamento e será uma boa alternativa para uma agradável estadia no Alto Minho com visita ao Parque Nacional Peneda-Gerês e, claro, ao Museu Etnográfico de Vilarinho de Furna

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lio constituído por grande variedade de objectos de utilização doméstica. Em vários recantos do museu foram reconstituídos, sempre com objectos recolhidos na aldeia há quarenta anos, espaços domésticos como um quarto de dormir, com a concernente arca onde se guardava a roupa, ou uma cozinha, com o seu forno de lenha, louças e móveis, caldeiros, um forno e um escano. Num outro espaço, entre um conjunto de imagens alusivas ao trabalho agro-pastoril dispersas pelas paredes, está um tear e respectivos acessórios. O linho e a lã eram os principais materiais utilizados na confecção das roupas. O vestuário e o calçado tradicional, como socos, alpercatas e botas, são também peças que mostram outras tantas actividades e saberes da gente de Vilarinho. Há algumas imagens muito expressivas, como a dos habitantes desmontando os telhados antes da debandada. E textos fortes, como o de um fragmento de um Diário de Torga, que relembra os derradeiros dias da aldeia: "Gerês, 6 de Agosto de 1968. Derradeira visita à aldeia de Vilarinho da


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Furna, em vésperas de ser alagada, como tantas da região. Primeiro, o Estado, através dos serviços florestais, espoliou estes povos pastoris do espaço montanhês de que necessitavam para manter os rebanhos, de onde tiravam o melhor da alimentação - o leite, o queijo e a carne - e alicerçavam a economia -, a lã, as crias e as peles; depois o super-Estado, o capitalismo, transformou-lhe as várzeas de cultivo em albufeiras - ponto final das suas possibilidades de vida. E assim, progressivamente, foram riscados do mapa alguns dos últimos núcleos comunitários do país".

Salvar as ruínas João Barroso estava entre esses antigos habitantes de Vilarinho da Furna que estiveram presentes, em 1989, na inauguração do museu. Uma das casas transplantadas para integrar o espaço, a Casa dos Trigos, era do seu avô. Natural da aldeia, João Barroso tinha 9 anos quando se iniciaram as obras de construção da barragem e 14 quando teve que sair da aldeia. Recorda-se perfeitamente desse tempo em que a população de Vilarinho, constituída por 57 famílias, foi intimada, através de um edital, a abandonar casas e terras de lavoura no espaço de tempo de um ano, sem que tenha podido contar, da parte das autoridades administrati-

vas e políticas de então, ou da Companhia Portuguesa de Electricidade, a construtora da barragem, com apoio ou indemnizações justas pelo abandono dos seus haveres. Ironicamente, a aldeia de Vilarinho da Furna, sacrificada pela construção de empreendimento hidroeléctrico, nunca chegou a ter outras formas de iluminação senão as de velas e candeeiros - e estava-se já, nessa altura, a chegar ao último quartel do século. A imagem de um povoado afogado em escuridão, apenas iluminado por uns quantos candeeiros a petróleo era também a imagem de um país que tinha perdido o comboio da história do século XX. As ruínas de Vilarinho vão-se agora apagando sob o efeito da erosão, para grande pena de João Barroso, que fala do interesse de um projecto que permitisse "fixar as ruínas". Esse seria um objectivo "tecnicamente possível", suportado pelo labor da memória: "Há gente que se lembra de como eram as casas, eu lembro-me de algumas". Seria um projecto que teria, também, a pertinência para o futuro: "Há descendentes de habitantes de Vilarinho, novas gerações, que têm interesse em visitar e conhecer, há cada vez mais pessoas a vir cá". Para este antigo habitante da aldeia desaparecida, "o espírito de Vilarinho da Furna continua vivo".n Humberto Lopes (texto e fotos)

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Rituais

Cântico dos Martírios em Penha Garcia

Mistérios da Páscoa em Idanha

O Cântico dos Martírios O cancioneiro popular religioso assenta as suas profundas raízes no fundador do Cristianismo. Muitos foram e são os seus recolectores. É um nunca mais acabar de tradições registadas, nas mais diversas versões, que atestam o precioso património cultural imaterial deste Portugal que queremos europeu, mas sem que se perca a nossa identidade. Todavia a maioria dessas manifestações da religiosidade popular, ricas de ritos e rituais, que foram comuns em especial, no interior do País, estão quase desaparecidas.

as acontece que, no Concelho de Idanha-a-Nova, de indubitável vocação turística pelo seu património natural, histórico-cultural e religioso, situado nas terras arraianas da Beira Baixa, Distrito de Castelo Branco, preserva-se ainda, como numa ilha encantada, um número significativo de manifestações da religiosidade popular vivenciadas com fé e devoção, embora com os riscos da total desertificação e do completo envelhecimento da população, aliás comum a todo o interior de Portugal. Relativamente à narração da Paixão de Jesus Cristo, o canto ou cântico dos Martírios, que fora comum, em espe-

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cial por todo o interior do País, ainda hoje é vivenciado, no mais profundo silêncio, em terras arraianas das Idanhas, graças a uma honrosa herança que guardiães das mais puras manifestações da religiosidade popular, fora do espaço sagrado, vão legando de geração em geração, não se sabendo contudo por quanto mais tempo. Actualmente ainda se pode ouvir espontaneamente, na calada das noites frias, o citado canto ou cântico dos "Martírios do Senhor", nas povoações de Monfortinho, Termas de Monfortinho, Penha Garcia, Monsanto, S. Miguel d'Acha, Proença-a-Velha e Alcafozes. Registe-se que em Monfortinho, Termas de Monfortinho e Proença-a-Velha enumeram-se precisamente 15 regiões


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Inatel Manteigas anatómicas do corpo de Cristo. Mas, em Proença-a-Velha são distintas, as da testa, pescoço e costas, substituídas em Monfortinho por garganta, ombros e pernas. Em caixa, reproduzimos a versão dos "Martírios do Senhor" que recolhemos em Monfortinho.

Rodeado pela vegetação frondosa da Beira Interior, no belíssimo vale do Rio Zêzere, a Unidade Hoteleira de Manteigas é uma boa alternativa de alojamento para os associados da Inatel interessados em assistir a estes singulares rituais pascais. Com 64 quartos totalmente equipados distribuídos por 4 edifícios, bar, restaurante,

m Monfortinho, ambos os grupos de mulheres, trajadas de negro, na noite das cinco primeiras sextas-feiras da Quaresma, cantam alternadamente, distantes umas das outras, mas de modo a ouvirem-se mutuamente, pelas ruas da povoação. Em cada sexta-feira cantam em três sítios diferentes de modo que ao fim das cinco semanas, sejam ouvidas em toda aldeia. Já em Proença-a-Velha, ambos os grupos são constituídos por homens e mulheres, com traje do dia-a-dia, e cantam, na noite dos primeiros quatro Domingos da Quaresma, permanecendo sempre um dos grupos num ponto alto, próximo da capela do Senhor do Calvário, e o outro, no extremo oposto, ao cimo da denominada Barreira do Castelo, encostado ao local onde existiu o antigo Castelo. Em Penha Garcia, os Martírios cantam-se com catorze quadras, na noite da quinta sexta-feira da Quaresma, enquanto em S. Miguel de Acha, um grupo de mulheres cantam-nos, com dezasseis quadras, em noite de QuintaFeira Santa, após a Procissão do Encontro. Por sua vez, em Monsanto, no profundo silêncio da noite de Sexta-feira da Senhora das Dores, do Domingo de Ramos e da Quinta-feira Santa, o grupo noctívago, constituído por homens e mulheres, perturbam a sonolência da

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sala de jogos, capela, court de ténis, sala de reuniões, Wi-Fi e parque de estacionamento privativo, o Inatel Manteigas dispõe, também, de uma unidade termal aconselhável para o tratamento de doenças do aparelho respiratório, reumáticas e músculo-esqueléticas. Para além de equipamento terapêutico dispõe ainda de ginásio, fisioterapia e piscina termal recentemente remodelada. Contactos -Tel: 275 980 300, Fax: 275 980 340, E-mail: inatel.manteigas@inatel.pt

monumental aldeia mais portuguesa de Portugal, quando param, nos três pontos do costume, cantando três quadras da Encomendação das Almas, seguidas do som estridente da matraca e, por fim, três quadras dos Martírios. Em Alcafozes, as tradicionais cerimónias de Quinta-Feira Santa, iniciam-se ao cair da tarde, na Igreja da Misericórdia. Meia hora antes, um dos Irmãos toca a sineta do modesto campanário da mesma apelando à presença dos fiéis. De entre os Irmãos da Santa Casa da Misericórdia, posicionados na capela-mor, dois regradores iniciam a cerimónia com o canto dos Martírios ou da Sagrada Paixão. Sempre que os regradores cantam cada uma das quinze quadras em que

Cântico dos Martírios em Alcafozes

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Rituais

Martírios do Senhor 1.º-grupo-O vosso divino nome é Jesus de Nazaré. 2.º-grupo-Inda espero de morrer, pela vossa santa fé. 1.º-Vossa divina cabeça, croada com mil espinhos. 2.º-Por causa dos meus pecados, passasteis tantos martírios. 1.º-Vosso divino cabelo, mais fino que o própio ouro. 2.º- Onde ele tem a raiz, tem minha alma o tesouro. 1.º-Vossos divinos ouvidos, ouviram cruel sentença. 2.º-Dai Senhor a minha alma, dai-le o céu confiança. 1.º-As vossas divinas faces, cheias de escarros nojentos.

Transcrição musical de Carlos Salvado

2.º-Por causa dos meus pecados, passastes tantos tormentos. 1.º -Os vossos divinos olhos, inclinados ao chão.

2.º-Dai Senhor à minha alma, dai-lhe o céu misericórdia.

2.º-Por causa dos meus pecados, passastes tanta paixão.

1.º-Vossos divinos joelhos, arrastados pelo chão.

1.º-Vosso divino nariz é um cravo do craveiro.

2.º-Por causa dos meus pecados, passasteis tanta paixão.

2.º-Inda lá vindes tão longe, já me cá vem vindo o cheiro.

1.º-As vossas divinas pernas, mais alvas que a neve pura.

1.º-A vossa divina boca, cheia de fel amargoso.

2.º-Já correm rios de sangue, pelas ruas de amargura.

2.º-Por causa dos meus pecados, perdoai-me ó bom Podroso.

1.º-Os vossos divinos pés, foram postos no andor.

1.º-Vossa divina garganta, apertada com cordel.

2.º-Por causa dos meus pecados, perdoai-me ó bom Senhor.

2.º-Por causa dos meus pecados, passasteis tanto má fel.

1.º-O vosso divino corpo, está feito numa só ferida.

1.º-Os vossos divinos ombros, denegridos do madeiro.

2.º-Por causa dos meus pecados, passasteis tanta má vida.

2.º-Por causa dos meus pecados, perdoa-me ó bom Cordeiro.

1.º-Jesus Cristo amortalhado, que estás no esquife metido.

1.º-Os vossos divinos braços, foram pregados na cruz.

2.º-Deixai-me chorar um pouco, lágrimas de arrependido.

2.º-Por causa dos meus pecados, perdoai-me ó bom Jesus.

1.º-Acabai-os, acabai-os, dá-se-lho acabamento.

1.º-O vosso divino peito, foi aberto com uma lança.

2.º-Viva Sol e viva Lua e o Santíssimo Sacramento.

2.º-Dai Senhor à minha alma, dai-lhe o céu confiança.

1.º-Os Martírios do Senhor, cantados com devoção.

1.º-Vossa divina cintura, apertada com uma corda.

2.º-Rezamos um Padre-Nosso, à Sagrada Morte e Paixão.

invocam as diversas regiões anatómicas do corpo, os restantes Irmãos e o povo presente repetem o seguinte refrão: Bendita e Louvada Seja / A Paixão do Redentor (i) / Para nos livrar das culpas / Morreu em nosso favor(i). // ela meia-noite do mesmo dia, volta a ouvir-se de novo o cântico dos Martírios, fora do espaço sagrado, cantado por dois grupos de homens. Há sempre quem ofereça aos cantores, para melhor afinação das vozes, uma ou outra garrafa de aguardente ou de jeropiga, acontecendo que, por vezes, no final, já alguns por força dos vapores etílicos pareçam caminhar com o passo meio trocado… De ano para ano se constata o crescente número de visitantes nacionais e estrangeiros, que vivem em meios citadinos num frenesim quotidiano, que escolhem como destino de férias o território idanhense, em especial, na Semana Santa, e tal como os inúmeros naturais do Município, residentes no País ou no estrangeiro, após terem participado

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Cântico dos Martírios em Monfortinho

nas vivências quaresmais e pascais, em ambiente de paz, de serenidade e de ar puro, semeado dos aromas das flores das estevas, das margaças, das giestas e dos rosmaninhos, partem de forças retemperadas e de espírito reconfortado para o seu labor diário. n António Catana (Texto) Hélder Ferreira (Fotos)


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Justiça e Sociedade António Bernardo Colaço

Os direitos do idoso na Constituição da República O artigo 72º da Constituição da República assegura ao idoso a base legal para que a sua roda de vida, mereça um tratamento com a dignidade devida a um cidadão, enquanto ser humano, e quem dedicou e contribuiu com a maior parte da sua actividade para o progresso da sociedade em que vivemos.

É

esta aliás a filosofia e base ética em que assentam as sociedades evoluídas. Estas sociedades não toleram nem se pautam por cânones de caridade. Aí, se ser-se idoso não constitui privilégio, é o pólo social de respeitabilidade, e não de exclusão. Abordar a questão do idoso, é por isso uma questão de moral social abrangendo todo um quadro onde, cedo ou tarde, todos e cada um de nós, se verá inserido. Neste contexto a mensagem para a juventude é aqui explícita, face ao seu futuro. Basta dizer que na EU, por cada 100 jovens há 223 idosos! "O idoso tem direito à...." - é o ditame da Constituição. Nesta singela formulação se incluem entre outras, a segurança económica, a habitação digna, o apoio comunitário e familiar, a superação do isolamento, sem por em causa o atributo nevrálgico do homem, a sua autonomia pessoal. As pessoas idosas são pois titulares de autênticos direitos, os chamados direitos de envelhecimento. Por óbvio, a estes direitos correspondem deveres, e obrigações, exigíveis ao Estado, à sociedade e à família, os actores principais nesta tarefa constitucional. As vias para alcançar este objectivo consubstanciam-se numa segurança social com pensões e aposentações humanamente condignas, um alojamento compatível e actos

de solidariedade. É o mínimo exigível. O grau de exigência destes direitos depende da forma como a velhice é encarada pelo idoso. A velhice não é tanto a degeneração dos tecidos e células. É um estado evolutivo do ser humano. Fala-se hoje de uma 4ª idade a partir dos 75 anos. Dada porém a fluidez da imprecisão etária o estado de idoso fixou-se em 65 anos. É quando o isolamento, dependência, doença, depressão, carências, e exclusão mais se fazem sentir. É imperioso por isso que o Estado assuma decididamente este ónus que a CRP dele exige, através de imposição de pensões ou reformas pelo menos não inferiores ao salário mínimo nacional, de rendas sócias nunca superiores à pensão/reforma. Respeitar a autonomia pessoal do idoso é também adoptar uma política social de construção de fogos para habitação de idosos a tanto capacitados. Neste contexto, sem pôr em causa o contributo de lares de idosos como solução para as carências vivenciais, o recurso sistemático a esta solução e do modo do seu funcionamento parecem transformar os idosos em entes segregados ou meramente tolerados. É preciso alterar este estado de coisas. Da família e da comunidade, ora representada pelas Câmaras Municipais, muito se espera. Por exemplo, na habitação social porque não incluir uma pequena percentagem de casas unipessoais para os idosos? A iniciativa de " Sempre em Férias" para os maiores de 60 anos da INATEL, mostra o muito que ainda se pode fazer. A legislação e a moral social têm de passar do mero campo de soluções banalizantes para um campo realista destinado a solucionar com objectividade a problemática da velhice num Estado de Direito que se apelida de Democrático. Apoiar o "envelhecimento activo" não é tanto medalhar a longevidade, mas dar realização prática à prestação devida pela sociedade face ao contributo do idoso na evolução da sociedade a que todos pertencemos e sem o qual seria subvalorizada. n ABR 2012 |

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Memória

Fernando Pessa, o que riu melhor Quando Fernando Pessa morreu, em 29 de Abril de 2002, Herman José, que o admirava muito, teve as seguintes palavras: "Pessa consegue ser teimoso para sobreviver ao seu centenário com lucidez. Foi dos poucos casos em que o último a rir foi o que riu melhor". a verdade, o jornalista fizera cem anos há poucos dias e só não sobreviveu a uma broncopneumonia que se revelou fatal para uma pessoa com a sua idade. Se pudesse ter feito a notícia da sua morte, aos 100 anos, por certo teria rematado o serviço com o habitual "e esta, hem?".

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Contar o que se vê e o que se ouve Fernando Pessa quis ser oficial de Cavalaria. Fecharam-lhe as portas e abalou para o Brasil onde trabalhou em seguros e em 1938 decide concorrer para os quadros da Emissora Nacional de Radiodifusão. A Rádio ensaiava os primeiros passos e o nosso herói, com mais dois ou três entusiastas, foi, como disse um dia, "pau para toda a obra". Locutor, apresentador, repórter, jornalista. Conta que um dia foi enviado para fazer a reportagem de um festival aéreo na Amadora. Penduraram-lhe um microfone ao pescoço e disseram-lhe: "vai contando o que vês…" E ele contou. Começava aqui a longa vida deste repórter que, mais tarde, a partir de Londres, já na BBC, haveria de "contar o que viu" durante a II Guerra Mundial. Desse tempo, o crítico de Televisão, Mário Castrim, diria: "A voz de Pessa é um bem que pertence à comunidade nacional, era uma grande companhia para muitos portugueses que, muitas vezes às escondidas, só ouviam as peças dele durante os anos de repressão".

O regresso a Portugal e o não da Emissora Nacional Quando Fernando Pessa partiu para Londres, o então director da Emissora Nacional, capitão Henrique Galvão, prometera-lhe guardar o lugar 48

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Aos microfones da BBC em Londres

na estação. Em entrevista a Ana Sousa Dias para o jornal "Público", ele próprio contou que Henrique Galvão lhe disse: "Homem, agarre isso com as duas mãos porque nós aqui somos todos amadores e quando você voltar profissionalizado tem aqui o seu lugar garantido." No regresso, porém, já sem Galvão, a Emissora não o aceitou de volta, diz-se por intervenção de Salazar que não apreciara a sua militância anti-nazi. Pessa aproveitou para fazer locuções de filmes e documentários e quando a RTP iniciou a transmissão dos primeiros programas na Feira Popular, Fernando Pessa lá estava como colaborador onde se manteve durante anos. E foi somente depois do 25 de Abril que Pessa entrou para o quadro da estação. Tinha 74 anos e viria a ser uma das figuras mais queridas e populares da Televisão. O seu "e esta, hem?" tornou-se uma espécie de emblema nacional.

Os amores de sempre Pode dizer-se que Simone Alice, uma brasileira filha de inglês e de norte-americana, foi o seu primeiro e maior amor que durou até à morte. Mas Pessa, Fernando Luís de Oliveira Pessa, aveirense, filho de médico e de mãe doméstica, tinha outros amores: a carreira militar (que não seguiu, por o governo ter, nessa altura, cancelado as admissões à Escola de Guerra), os cavalos (que trocou mais tarde pela bicicleta) e Portugal ("o país de que mais gosto continua a ser Portugal"). A sua cidade, Lisboa, esteve sempre no seu coração e por isso mesmo não serão de estranhar as palavras que Pedro Santana Lopes disse na hora da sua morte: "Lisboa deve-lhe muito mais do que o somatório das reportagens que soube-


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ram resolver problemas concretos da cidade. Deve-lhe a lição de vida de quem entende as imperfeições do seu país e não desiste de as vencer amavelmente".

“Apenas” um grande repórter Foi assim que António Mega Ferreira classificou Fernando Pessa num perfil que, em 1982, traçou para o semanário O Jornal. Aquele "apenas" entre aspas é todo um programa. O Pessa era uma voz que sabia muito bem contar histórias e que, sem perder a elegância muito "british", se saía muitas vezes com ditos bem portugueses como daquela vez, numa altura em que na Televisão se discutia se os locutores deviam ter subsídios de vestuário, terminou o seu trabalho dizendo: "Fernando Pessa, vestido à sua custa nos armazéns "Pague e não bufe". Talvez seja altura de dar a palavra a outro nome grande do Jornalismo e da Televisão, Joaquim Letria, que disse de Pessa: "é um profissional exigente que deve ser um exemplo para tantos meninos que por lá andam a segurar microfones ou outros a fingirem de chefes". Palavras que ainda hoje são actuais.

“British” para uns, “demodé” para outros, Pessa foi sempre um senhor. À direita: Em 1957, o actor Eddie Constantine esteve em Lisboa e Fernando Pessa não perdeu o encontro. Em baixo, participante do concurso “Arca de Noé” de Fialho Gouveia

a Rainha Isabel II concedeu-lhe a Ordem do Imperio Britânico e Portugal deu-lhe a comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Talvez para Fernando Pessa a melhor recompensa tivesse sido a que, em 1991, no I Encontro de Jornalistas Europeus lhe prestaram os seus correligionários homenageando-o como "o mais velho repórter do mundo ainda em serviço". Tinha então 89 anos, com uma agenda de trabalho imparável. Católico não praticante, sempre confiou no seu anjo da guarda, um senhor que, segundo Pessa, estava lá em cima a olhar por ele. E que, por certo, não deixou de olhar por ele quando, no dia 29 de Abril de 2002, Fernando Pessa nos disse adeus. n Maria João Duarte

“Nunca me interessaram os penduricalhos” Os "penduricalhos" de que falava Pessa eram as condecorações que recebeu e a que faltou uma, a "Order of the British Empire" porque Salazar se opôs a que lhe fosse concedida. E deste modo o nosso Pessa não chegou a ser Sir. Mas, em 1959, ABR 2012 |

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Olho Vivo

Cérebro autista

Pompeia botânica Graças à cinza de um vulcão, que a cobriu gentilmente ao longo de muitos dias de erupção, uma floresta tropical foi conservada e desenterrada agora, 290 milhões de anos depois, por baixo de uma mina de carvão na China. A floresta fossilizada tem vários grupos de árvores e data do tempo em que a Terra possuía apenas um continente e as plantas ainda não tinham inventado a flor. A floresta está tão bem preservada que foi possível encontrar ramos com folhas presas. É a Pompeia das plantas.

O cérebro das crianças autistas já é diferente numa idade precoce, entre os seis meses e os dois anos de idade, segundo concluiu um estudo de cientistas da Carolina do Norte, publicado no American Journal of Psychiatry de Fevereiro. As crianças que desenvolvem mais tarde esta perturbação mental possuem menos "matéria branca", rica em fibras nervosas, as quais estabelecem ligação entre várias zonas do cérebro. Até agora não havia prova física da doença, defendendo-se que era um mero resultado de uma relação deficiente entre a criança e a mãe.

Rosa à vista

Respirar fundo Há vida a quase dois quilómetros de profundidade, na gruta mais funda da Terra, na Geórgia, perto do Mar Negro. Uma equipa que integrava a cientista portuguesa Sofia Reboleira encontrou insetos primitivos sem asas nem olhos, num nível onde não se esperava que existisse vida. Têm entre três e quatro milímetros, mas respiram.

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A visão de uma flor aumenta a capacidade humana para lhe sentir o cheiro, segundo uma experiência realizada em Filadélfia. Neurologistas e químicos estimularam o córtex visual com uma carga eléctrica e registaram um aumento da actividade da área do cérebro que processa os cheiros. Os indivíduos submetidos ao teste tiveram mais facilidade em identificar três cheiros diferentes, do que os que não sofreram estimulação da área da visão. O teste prova que o processamento dos dados dos sentidos pode cruzar-se no cérebro.


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A n t ó n i o C o s t a S a n t o s ( t ex t o s )

Vencedores agressivos

Salvemos o Queijo da Serra da Estrela A Universidade do Minho e uma empresa queijeira de Seia estão a criar um revestimento para os queijos da Serra que retarda o aparecimento do bolor, facilitando a exportação do produto, ao ampliar o seu prazo de validade. António Vicente, investigador da Universidade do Minho, desenvolveu um revestimento comestível, sem sabor, cheiro, nem cor, que atrasa o bolor sem alterar as características do queijo, produzido com leite de ovelha bordaleira - serra - da -estrela.

Quer flor? Cientistas russos conseguiram produzir uma flor a partir de células vegetais, congeladas há trinta mil anos, que foram guardadas em buracos por esquilos da época, habitantes do nordeste da Sibéria. A flor é da espécie Silene stenophylla, que continua a crescer na região, nos nossos dias. Gelo com 20 a 40 metros de espessura manteve os restos da planta, caules e um fruto, a uma temperatura média de 7 graus negativos, ao longo dos milénios. Depois foi só descongelar e fazer germinar o fruto. A "nova" planta já deu sementes.

Nano-mini-micro-transístor Cientistas australianos anunciaram a criação de um transístor do tamanho de um átomo, abrindo a porta à construção de um computador com capacidades de processamento milhares de vezes superiores às actuais. Acrescentaram que será preciso uns vinte anos para que o computador quântico seja uma realidade.

Os vencedores são mais agressivos para com os derrotados do que aqueles que perdem em relação a quem os venceu. Cientistas do Ohio estudaram 103 jovens americanos e comprovaram esta tese, que vem contra o senso comum. Pensava-se que quem perde uma competição desenvolveria sentimentos mais negativos contra o adversário. Afinal, passa-se o contrário.

Dinossáurio com pulgas Os dinossáurios também tinham pulgas, afirma o Dr. Diying Huang, do Instituto de Geologia de Nanjim, na China, depois de ter descoberto fósseis dos parasitas. As sugadoras de sangue só diferiam das actuais no tamanho: uma pulga daquele tempo media três centímetros de ponta a ponta. Mais fáceis de caçar...

Cocaína ao balão Cientistas suíços têm quase pronto um salivómetro para detectar o consumo de cocaína pelos automobilistas. O novo "balão", que equipará as brigadas de trânsito, faz o teste instantâneo e permite substituir demoradas análises laboratoriais. Deve estar pronto dentro de três anos. ABR 2012 |

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A Casa na árvore Susana Neves

O disfarce de pataguinha Quem descobriu a Buganvília foi uma mulher disfarçada de homem.

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erguntaram ao comandante da primeira viagem francesa de circum-navegação do mundo (1766-69) como é que gostaria de ser recordado no futuro. LouisAntoine de Bougainville respondeu: "Confio a minha imortalidade a uma flor". Esta flor era a Buganvília (Bougainvillea spectabilis Willd.), baptizada com o seu nome, em virtude do médico, botânico e naturalista Philibert Commerson ter encontrado afinidades de carácter entre o ousado comandante e a sumptuosa trepadeira; cuja descoberta no Rio de Janeiro, em 1767, projectara ainda mais Commerson como "Hércules

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dos Herbários". A exuberância da floração da Buganvília (carmim, roxo, rosa, laranja ou branco), o facto de se agarrar a outras árvores através de espinhos, lançando altíssimos rebentos até atingir a copa da espécie tutora, correspondia bem ao temperamento "caloroso mas tenaz", cheio de "panache mas também intuitivo do chefe da Expedição", defendem Lucile Allorge e Olivier Ikor (La Fabuleuse Odyssée des Plantes, JC Lattès, 2003), exaltando o "génio" de Commerson por aliar "num mesmo destino o marinheiro do Iluminismo e a mais luminosa das plantas ornamentais". Tendo em conta a adopção generalizada da palavra "Buganvília", sem qualquer alternativa proposta pelos portugueses, que por certo, terão sido os primeiros a vê-la, no século XVI, a história desta Nyctaginaceae parecia estar definitivamente fixada, não fosse a romancista Glynis Ridley revelar que afinal a Buganvília foi descoberta e colhida por uma mulher: Jeanne Baret, a companheira de Commerson que viajou com ele disfarçada de homem (The Discovery of Jeanne Baret: A Story of Science, the High Seas, and the First Woman to Circumnavigate the Globe, Crown Publishers, 2010). A pesquisa da escritora britânica foi entretanto corroborada por Eric Tepe, biólogo da Universidade de Utah, Estados Unidos: "Baret e Commerson recolheram cerca de 6000 espécimes, durante a viagem. Quando se encontravam na América do Sul, Commerson adoeceu e teve de permanecer no navio, pelo que Baret realizou grande parte do trabalho de campo (...), colhendo a planta mais espectacular e mais conhecida hoje em dia, fruto dessa viagem (...), a Buganvília." (BBC Mundo, 5 Janeiro 2012). Com o objectivo de homenagear a coragem de Baret, numa época em que era proibido as mulheres viajarem num barco da Marinha francesa, e fazer justiça ao seu protagonismo na História da Botânica, Eric Tepe baptizou com o seu nome uma planta que descobriu recentemente: Solanum Baretiae sp. nov.", apenas encontrada em Amotape Huancabamba, America do Sul.


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Fotos: Susana Neves

Volvidos 243 anos, a História da Buganvília foi reescrita, sendo possível agora realçar na trepadeira a mesma virtude da mulher que a descobriu: a capacidade de se disfarçar. Quem tentou fotografar as suas flores ao Sol, sobretudo as carmim (destacamos, os espécimes antigos que revestem o muro do Jardim Botânico da Ajuda), por certo, verificou uma estranha ocorrência: o brilho ou lustro das suas "pétalas" de tão forte perturba a focagem. É que na realidade, estas "pétalas" são um disfarce, não pétalas mas folhas modificadas (brácteas) e cumprem o papel de atrair os insectos polinizadores porque a verdadeira flor da Buganvília, de cor creme, muito pequena e discreta, é quase insignificante. Neste aspecto, a designação brasileira "Três Marias" remete de imediato para as três brácteas que se disfarçam de flor. Querendo investigar mais sobre os mistérios da Buganvília, muitíssimo bem aclimatada em Portugal, devido à boa exposição solar e à existência de muitos solos alcalinos, resulta estranho a falta de bibliografia antiga, específica, feita pelos nossos viajantes e estudiosos. No artigo "Viagens científicas", publicado online, Lorelai

Kury, pesquisadora e professora universitária Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atribui a escassez de obras portuguesas produzidas, durante o período colonial, à falta de formação dos viajantes e a uma "política de sigilo" que não só impediu a publicação de manuscritos como fez desaparecer algumas obras fundamentais: "Nada que pudesse conter informações úteis sobre o Brasil podia ser publicado. Por exemplo, a obra Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas, do jesuíta João Antonio Andreoni (Antonil), publicada em 1711, foi recolhida e queimada nesse mesmo ano, pois as autoridades temiam que as informações do livro servissem às nações estrangeiras." A preocupação com "a cobiça" alheia fez assim desaparecer fontes documentais preciosas, onde quem sabe, poderíamos encontrar uma naturalista portuguesa, obliterada pela História e conhecer os segredos da "pataguinha", outra forma de chamar Buganvília à espécie que para muitos sulamericanos também se designa por Primavera ou Riso do Prado. n ABR 2012 |

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64 CONSUMO A indecisão do consumidor no momento da escolha é comparável à de um jogador de futebol, no momento de marcar um penalty… Pág. 58 l LIVRO ABERTO "Eu Sou Bolaño - o Escritor e o Mito", revela-nos o universo ficcional e a magia do chileno Roberto Bolaño, autor de culto, falecido em 2003. Pág. 60 l ARTES Atenção à exposição Sonhar com as mãos, o Desenho na obra de Mário Dionísio, que vai continuar na Casa da Achada, em Lisboa, até fins de Maio. Pág. 62 l MÚSICAS "Alma", é segundo album de uma Carminho versátil na escolha das canções, tentando "fazer a ponte" entre o passado e o futuro do fado. Pág. 64 l NO PALCO "A Morte de Danton", de Büchner, era um "desejo profundo" de Jorge Silva Melo. Está em cena, até 22 de Abril, na Sala Garrett do Teatro Nacional. Pág. 66 l CINEMA EM CASA Êxitos de 2011 a não perder: "Meia-Noite em Paris" (W.Allen), "Árvore da Vida" (T. Malick), "As Aventuras de Tintim" (Spielberg) e "Nos Idos de Março" (G.Clooney). Pág. 68 l GRANDE ECRÃ Estreia nacional de dois filmes portugueses premiados em Locarno e Berlim: "É na terra não é na lua" e "Tabu". Autores: Gonçalo Tocha e Miguel Gomes. Pág. 69 l TEMPO INFORMÁTICO Onde se fala de toda uma série de dispositivos, das mais variadas marcas, que nos permitem ouvir a nossa música preferida. Pág. 70 l AO VOLANTE Carlos Blanco experimentou, com os netos, o Opel Zafira Tourer, e as suas expectativas, que eram altas, não foram defraudadas. Pág. 71 l SAÚDE A artrose dos joelhos é uma doença que surge depois dos 40 anos, pode atingir ambos os joelhos e não é acompanhada de sinais inflamatórios. Pág. 72 l PALAVRAS DA LEI Resposta à questão de um associado sobre as garagens enquantos elementos das partes comuns dos imóveis em propriedade horizontal. Pág. 73 l

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Boavida|Consumo

A angústia do consumidor no momento do penalty A indecisão do consumidor no momento da escolha é comparável à de um jogador de futebol, no momento de marcar um penalty. No momento da compra, a possibilidade de optar entre um leque variado de produtos semelhantes, coloca-nos tanto mais problemas, quanto mais alargada for a oferta.

Carlos Barbosa de Oliveira

e eu perguntar ao leitor a razão por que prefere uma marca de sabonete ou pasta dentífrica, em detrimento de outra, talvez me responda " nunca pensei nisso". No entanto, a sua opção não foi inconsciente. Pode ter sido condicionada pela marca que usava em casa dos seus pais, por indicação de um amigo, porque a publicidade um dia o incitou a experimentar e gostou, porque o marketing conseguiu fidelizá-lo à marca o tempo suficiente para não pensar em mudar, porque se deixou seduzir pela embalagem, ou por todas estas razões juntas. Mas se os produtos que referi pertencem ao grupo de produtos de consumo consuetudinário corrente (a pessoa habituou-se àquela marca, para quê mudar?), o mesmo não acontece em relação à maioria dos produtos que consumimos. Quando vamos a um supermercado comprar produtos alimentares, por exemplo, apenas uma parte daquilo que compramos é condicionado pelo hábito ou fidelização a um produto. Um exemplo: o leitor convidou uns amigos para irem à noite a sua casa tomar café e aproveita a ida ao supermercado para comprar umas bolachas de chocolate que sirvam de acompanhamento. Como não é uma compra que faça com frequência, é natural que nem se lembre da marca que comprou da última vez. Mas, mesmo lembrando-se, é normal que pense em optar por outra marca, para fazer uma comparação. Aí começa o seu dilema. Nos escaparates encontra duas ou três dezenas de marcas e tipos de bolachas de chocolate: de leite, amargas, com frutos secos, praliné, recheadas, com aromas, light, etc. Perante a variedade de escolha faz uma de duas opções. Ou acaba por levar as da mesma marca que comprou da última vez, ou arrisca. Mas se decide arriscar, quais as razões que condicionam a sua opção? Primeiro passo: prefiro chocolate amargo, ou de leite? Com recheio, ou frutos secos? Nesta fase o seu gosto pode

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ser determinante na escolha mas, mesmo assim, ainda lhe restam quatro ou cinco marcas do tipo de bolachas que escolheu nesta primeira triagem. Passemos então ao passo seguinte. Partindo do pressuposto que se decidiu por umas bolachas de chocolate amargo, simples, que razões vão condicionar a sua escoANDRÉ LETRIA


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lha? Opta por uma marca que já ouviu alguém elogiar? Segue apenas o critério do preço e compra as mais baratas? Deixa-se influenciar pela embalagem, ou pela marca cujo nome considera apelativo? Seja qual for a sua decisão, a sua escolha foi condicionada por diversos factores e dificilmente saberá explicar com toda a certeza, a razão da sua escolha. Mas os problemas não acabam aqui. É precisamente aqui que começam… Quando está de regresso a casa, dá por si a pensar nas outras 29 variedades de bolachas de chocolate que deixou no escaparate e a interrogar-se como o futebolista antes de fazer o remate no momento do penalty. Será que fiz a escolha acertada? À noite, a reação dos seus amigos à qualidade das bolachas poderá dizer-lhe se concretizou o penalty, atirou ao lado, ou permitiu a defesa do guarda-redes. Provavelmente, ninguém lhe irá dizer que as bolachas não prestam, mas um dos seus amigos poderá sempre lembrar, enquanto mastiga descontraidamente, umas bolachas de chocolate divinais que comprou há dias. Se ouvir essa comparação, o leitor vai sentir que falhou o penalty, porque as bolachas de que o seu amigo falou estavam no escaparate, mas a sua opção foi outra… Neste momento, o leitor está a sentir, ainda mais forte do que no acto pós compra, aquela sensação a que vulgarmente se chama remorso do consumidor. Este exemplo aplica-se à maioria dos produtos que compramos. De fora ficam aqueles produtos mais pessoais e íntimos, não escrutináveis pelo gosto público. E aplica-se também ao vestuário, onde o gosto pessoal é determinante na escolha, mas não escapa ao escrutínio do círculo de pessoas com quem convivemos. Imagine, por exemplo, que combinou passar um fimde-semana fora com uma amiga e decide comprar umas "simples" calças de ganga. Ao chegar à loja, o leitor vê-se confrontado com uma dúzia de marcas diferentes, preços, cores e tipos de corte variáveis. Fica indeciso porque, para além do seu gosto pessoal, pensa na reacção da sua amiga (que talvez à mesma hora esteja, noutra loja, com o mesmo dilema, em relação a uma blusa para vestir à hora do jantar). Tomada a decisão, ei-lo novamente com a angústia do avançado no momento do penalty e pensa nos tempos do

Ford T, quando os consumidores poderiam escolher a cor do carro, mas com uma condição: tinha de ser preta, porque era a única cor disponível no mercado Um último exemplo. O leitor acaba de comprar o mais recente modelo de i-phone e regressa a casa feliz com a sua escolha. Uma semana depois - quando ainda está a tentar perceber todas as suas funcionalidades - um amigo aparece-lhe com outro, de uma marca que nunca ouvira falar, mas que custou metade do preço e executa as mesmas funções. Neste momento, o leitor lamenta não viver no tempo em que as calças de ganga eram todas Levis e a cor " azul indigo". Todo este arrazoado, caros leitores, teve apenas como intuito explicar que a variedade de escolha nos tirou uma boa parte da felicidade que sempre associámos ao acto de comprar. Ou, por outras palavras (que devem ser interpretadas exclusivamente em termos de consumo) nem sempre a liberdade (de escolha) é sinónimo de felicidade. Tenha uma Páscoa Feliz, sem angústias, nem remorsos, no momento de comprar as amêndoas. A propósito: prefere de chocolate, torradas, com licor, ou as tradicionais? n


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Boavida|Livro Aberto

De Roberto Bolaño à sabedoria de Freud, passando por muita ficção, ensaio e matemática Cinco décadas de vida e uma admiração sempre fascinada da crítica de vários continentes e dos leitores bastaram para fazer do chileno Roberto Bolaño, falecido em 2003, em Barcelona, um autor mítico deste início do século XXI. José Jorge Letria

ascido em Santiago do Chileno e depois radicado com a família na Cidade do México, Bolaño, teve forte envolvimento político e criou um projecto literário ao qual se dedicou de forma torrencial nos derradeiros 10 anos de vida, com residência em Espanha e na companhia da mulher e dos filhos. Disse um dia Bolaño: "Sou muito mais feliz a ler do que a escrever". Mas a verdade é que pressente que a felicidade acompanhou todo o seu trabalho criador, fazendo hoje felizes muitos milhares de leitores em dezenas de países. "Eu Sou Bolaño - o Escritor e o Mito" é uma das mais recentes apostas do Clube do Autor. Trata-se de uma obra coordenada por Celina Manzoni, que ajuda a conhecer melhor este singular universo ficcional e a magia que o marcou desde o início e também a perceber como nasceu e se consolidou o mito Bolaño, hoje escritor de referência, para além do público, para muitos escritores contemporâneos, que fizeram dele um autor de culto. Da mesma editora é "A Verdadeira História da Terra", que nos conta a história fascinante deste planeta azul que é o nosso e que ninguém sabe quanto tempo mais poderá durar, percorrendo essa história imensa o período que vai desde o "big bang" até à nossa conturbada contemporaneidade. Para ler com gosto e com garantida aquisição de conhecimentos fundamentais. Um livro, em suma, sobre a única terra que temos e que tão ameaçada e agredida tem sido pelo mais destrutivo de todos os predadores: o Homem.

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RECENTEMENTE distinguida com o Prémio D. Dinis pelo seu excelente romance sobre a Marquesa de Alorna, Maria Teresa Horta, uma das três Marias das "Novas Cartas Portuguesas", reuniu na antologia "As Palavras do Corpo" (D. Quixote) o produto de décadas de produção poética

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identificada com o domínio do erotismo. Uma oportunidade única para reencontrar alguns dos mais belos textos que se escreveram em português sobre o corpo, a paixão e o amor carnal. Na colecção "Citações e Pensamentos" acaba a Casa das Letras de incluir as citações e pensamentos do fundador da psicanálise, o austríaco de origem judaica Sigmundo Freud, falecido em Londres em 1938, após ter escolhido o exílio, com a família, para escapar, já gravemente doente, à perseguição nazi que, por certo, o não pouparia. O organizador desta obra, como das restantes desta colecção, é Paulo Neves da Silva. Um excelente livro de referência. "Nova Teoria do Mal" (D.Quixote) é um singular texto ensaístico de Miguel Real, ficcionista e um dos grandes pensadores portugueses contemporâneos. Especialista, nomeadamente, na obra de Eduardo Lourenço, Miguel Real, com vasta obra publicada no domínio do romance histórico, publica um ensaio de intervenção sobre o mal se instalou paulatinamente na nossa vida quotidiana, destruindo a Europa, os equilíbrios básicos dos cidadãos, as regras em que devem assentar a solidariedade e a justiça social. Esse mal está por toda a parte, cavando um fosso cada vez mais fundo e intransponível entre o cidadão comum e as instâncias de decisão política. Estamos perante um livro de combate de um filósofo português contemporâneo que decidiu não dissimular a sua indignação e escrever e propor ao leitor uma reflexão corajosa e mobilizadora sobre as ideias de felicidade, de angústia e do próprio mal. Um livro sobre este tempo, mas acima de tudo sobre a condição humana, quando confrontada com a violência de uma sociedade que a agride e põe sistematicamente à prova. A não perder, em absoluto. Em matéria de ficção narrativa recente, os destaques vão para "No Calor dos Trópicos" (Clube do Autor), de Flávio Capuleto; "Gare do Oriente"(D. Quixote), de Vasco


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Luís Curado, psicólogo clínico que se estreou com um livro de contos; "A Vida Passou Aqui" (Oficina do Livro), romance de estreia do jornalista Luís Francisco, do "Público"; "Como Carne em Pedra Quente"(Clube do Autor), livro de estreia da jornalista Ana Sofia Fonseca; e ainda "Balada dos Homens que Sonham - Breve Antologia do Conto Angolano", que nos revela novas e interessantes vozes da ficção angolana contemporânea, ao mesmo tempo que confirma autores com obra já reconhecida. Várias propostas no domínio da ficção para ter em conta pela sua estimulante diversidade. Apesar da severidade da crise, continua a apostar na ficção narrativa e em novos autores, fenómeno merecedor de registo e aplauso. Ainda do Clube do Autor, destaque para o interessante e desafiador "Uma Vida Sem Problemas -A Matemática nos Desafios do Dia a Dia", de Paulo José Viana, professor, investigador e divulgador que ajuda o leitor a perceber a importância que a matemática tem na nossa vida quotidiana e o verdadeiro fascínio que sobre nós pode exercer se deixarmos de a associar a preconceitos e fantasmas que a diabolizaram durante décadas. n


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Boavida|Artes

Neorrealismo e Abstraccionismo no desenho de Mário Dionísio A exposição Sonhar com as mãos, o Desenho na obra de Mário Dionísio, que vai continuar na Casa da Achada, em Lisboa, até fins de Maio, apresenta, pela primeira vez, um corpo de trabalho que o artista manteve praticamente arredado do olhar público, mas que é indissociável da sua teorização do Neorrealismo.

Rodrigues Vaz

endo integrado este movimento "desde a hora antes do amanhecer", a ele ligou as suas principais pesquisas desenvolvendo em simultâneo outras que o levaram ao abstraccionismo. Segundo Paula Ribeiro Lobo, que assina o principal texto do excelente catálogo editado para esta mostra, "A problemática da mediação estética na representação do real é central na produção teórica, plástica e gráfica de Mário Dionísio, tendo mesmo fundamentado a sua posição crítica no princípio dos anos 50 durante a chamada polémica interna do Neorrealismo. Não dissociando forma e conteúdo, considerava que não havia revolucionários ou conservadores mas somente artistas cujas obras exprimiam as convicções dos seus autores (assim derivando da linha ortodoxa do movimento, mais próxima da doutrina jdanovista soviética)." Convém realçar que toda a produção gráfica deste artista revela quer o gosto pela experimentação - que o levou a testar simultaneamente expressões e técnicas diversas - quer a permanente indagação dos seus próprios limites no plano do desenho, cuja progressiva geometrização das figuras é patente num conjunto de desenhos de serradores ou em cenas de cais captadas durante as sessões de desenho que realizou na Ribeira de Lisboa com Alves Redol e Júlio Pomar.

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EMERENCIANO EM OVAR

Registo totalmente diferente é o de Emerenciano que apresenta até 19 de Maio, no Centro de Arte de Ovar, a exposição "Aqui e Agora Sem Palavras", uma antologia da sua obra de Imagem Escrita e Texto Visual. Conforme destaca João Fernandes, o nosso atual "agente" no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, "Há mais de quarenta anos que Emerenciano interroga diferentes possibilidades de construção da imagem através da 62

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Texto visual de Emerenciano e acrílico de David Rosado


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Desenho de Mário Dionísio

subversão dos signos e da intersecção entre escrita e pintura. Uma outra legibilidade da relação entre a arte e o mundo é equacionada nos seus trabalhos, para além de todas as possibilidades de interpretação que o texto possa sugerir ou manifestar". A presente exposição apresenta uma síntese da produção do artista ao longo das últimas quatro décadas, reunindo exemplos paradigmáticos dessa escrita cursiva que na sua obra redefine a imagem para além da convencionalidade com a qual o signo escrito ou figurado a possa construir. DAVID ROSADO E TERESA MENDONÇA

Por outro lado, o jovem artista David Rosado apresenta até 26 de Abril corrente, na Galeria Arte Periférica, em Lisboa, a exposição "Urso de má pelo", uma experiência de exploração da superfície da tela ao mesmo tempo que tenta fazer o mesmo por baixo da pintura, isto é, trata-se de uma tentativa de reflectir sobre a própria pintura, fazendo desta um meio mas também um fim em si mesmo. Por isso mesmo, o ato de pintar, enquanto acção consciente, não elimina ainda situações inesperadas como em tudo no ser humano, e esse elemento de contingência, porque não inteiramente premeditado, ganha aqui uma presença maior. Por sua vez, Teresa Mendonça apresenta, até 28 de Abril, na Galeria Movimento Arte Contemporânea, MAC, Lisboa, a sua última série de pintura, Passagem para o mundo dos segredos, onde a artista pretende absorver-se no espaço natural a fim de encontrar um espaço metafísico e alternativo. Nascida em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, Teresa Mendonça é licenciada em Artes Visuais, recebeu lições de pintura do mestre Domingues Rebelo, referenciando-se ultimamente na obra do mestre Hilário Teixeira Lopes, da qual assume sofrer forte influência, evidenciada no uso de um impressionismo tão mitigado como consentido. n


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Boavida|Músicas

A “Alma” de Carminho Carminho regressa ao mercado discográfico com um álbum cheio de "Alma". Da Escócia chega-nos o CD de estreia de Emeli Sandé, "Our Version of Events".

Carminho estabelece ainda ligação com o lado de lá do Atlântico, apresentando duas versões dos temas "Meu Namorado", de Chico Buarque/Edu Lobo e "Saudades do Brasil em Portugal", de Vinícius de Moraes. Destaque especial merece também a produção e direcção musical de Diogo Clemente que, com audácia inusitada, introduz sonoridades inovadoras num género musical cuja tradição convive mal com "modernices". Uma palavra, enfim, para a maturidade interpretativa atingida por Carminho, com o perfeito domínio de uma voz com peculiar vibrato, de características únicas, e que a cantora domina de forma notável. "Alma" está também disponível no mercado numa edição especial de CD + DVD. Este último integra o concerto "Carminho no Lux" e a realização é assinada por João Botelho. EMELI SANDÉ

Vítor Ribeiro

pós o sucesso alcançado com o primeiro trabalho discográfico - "Fado" - editado em 2009, Carminho volta a surpreender-nos com "Alma", título genérico do segundo álbum, que integra 17 temas, os dois últimos dos quais na modalidade de "temas-extra". Cantora de destaque entre os fadistas da nova geração, Carminho revela-se versátil na escolha das canções, tentando "fazer a ponte" entre o passado e o futuro do fado, designadamente ao interpretar temas escritos e/ou compostos por autores tão distanciados no tempo e no espaço como Alfredo Marceneiro, Vitorino, João Linhares Barbosa, Manuela de Freitas, Júlio Proença, Vasco Graça Moura…

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"Our Version of de Events" é o título genérico do álbum de estreia da cantora e compositora escocesa Emeli Sandé, galardoada no final do passado mês de Fevereiro com o Prémio da Crítica dos Brit Awards. Filha de pai zambiano e mãe londrina, Emeli nasceu na Escócia há 24 anos e escreveu a sua primeira canção original aos 11 anos! Admiradora de Nina Simone, Joni Mitchel, Frida Kahlo e Virginia Woolf, Emeli Sandé possui uma voz de recursos infindáveis, compõe e interpreta um tipo de música em que a pop, a soul e o R&B se misturam para dar lugar a uma sonoridade personalizada. Treze canções mais um tema-extra integram este "Our Version of Events", que merece a nossa melhor atenção. n "DEOLINDA" EM SANTA MARIA DA FEIRA

Os "Deolinda" efectuam um concerto dia 20 de Abril, no Europarque, em Santa Maria da Feira, pelas 22h00. O preço dos ingressos será de 18 euros.


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Boavida|No Palco

“A Morte de Danton” no TN

Humano, demasiadamente humano Encenar "A Morte de Danton", o "enigmático" texto de Georg Büchner, escrito aos 21 anos (dois anos antes da morte do grande dramaturgo alemão no exílio suíço) era um "desejo profundo" de Jorge Silva Melo, agora concretizado e em cena, até 22 de Abril, na Sala Garrett do Teatro Nacional. do o papel principal - porque é capaz de transmitir ao público a tenacidade e loucura que a sua personagem obriga, bem como toda a ternura e humanidade pelo Outro, pela pátria, pela vida. E para enfrentar a Morte, é preciso exactamente isso: ter amado imensamente a Vida. FICHA TÉCNICA:De: Georg Büchner; Tradução: Maria Adélia e

Jorge Silva Melo; Encenação: Jorge Silva Melo Cenografia e figurinos: Rita Lopes Alves; Co-produção: Teatro Nacional D. Maria II / Guimarães 2012 - Capital Europeia da; Cultura / Artistas Unidos "O RAPAZ DA ÚLTIMA FILA"

Maria Mesquita

na Morte de Danton que se lançam todas as questões do teatro que depois nos viria a interessar, é nela que a herança de Shakespeare é ultrapassada e o seu sopro histórico absorvido" - sublinha o ousado encenador que, mesmo em tempo de contenção económica, movimenta em palco 44 actores e, entre eles, um Miguel Borges perfeito para o papel principal de Danton, figura central da Revolução francesa, guilhotinado aos 34 anos pela ala radical, de Robespierre A figura do mais célebre tribuno da Revolução, presente nos momentos fulcrais da instauração da república, mas hostil, a partir de certa altura, ao terror jacobino, que não lhe perdoou um comportamento mais humano e conciliador na voragem revolucionária, domina toda a peça. Danton e os seus camaradas e amigos enfrentam a morte de cabeça erguida, acreditando sempre que a moral e os princípios pesarão mais do que o simples prazer pelo Poder. Uma peça que, confessa Jorge Silva Melo, talvez não tivesse ido avante se Miguel Borges não tivesse aceita-

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Com encenação da responsabilidade do próprio colectivo de actores, "O rapaz da última fila", de Juan Mayorga, que o Teatro da Politécnica/Artistas Unidos apresenta até 14 de Abril, é uma história entre duas gerações e o poder da literatura e da escrita, juntamente com a imaginação. Germano, professor de meia-idade, sempre sonhou ser capaz de partilhar com os seus alunos o seu fascínio pelas grandes obras e pela escrita literária. Acaba por ser apenas mais um de muitos professores, que se perdeu na sua vontade e acaba por viver frustrado o seu quotidiano. No meio do sonho acaba por não deixar herdeiros do seu conhecimento, o que ainda o entristece mais. Contudo, é durante a correcção de um dos trabalhos de casa que pede aos alunos que a sua vida dá uma volta. Entre tantas composições banais sobre o "fim-de-semana passado", no contexto de se entender o critério de "ponto de vista", há uma que sobressalta. Um jovem, que por acaso se senta na última fila, tem consigo o dom de transformar acontecimentos banais do dia-a-dia em pequenas obras de arte literária. Contudo, essa mesma capacidade, quando mal utilizada pode gerar o caos… FICHA TÉCNICA:De: Juan Mayorga; Tradução: António

Gonçalves; Com: António Filipe, Andreia Bento, Maria João Falcão, Pedro Carraca, Marc Xavier e Pedro Gabriel Marques; Cenografia e Figurinos: Rita Lopes Alves; Colaboração Artística: Daniel Fernandes; Luz: Pedro Domingos "SALTA-POCINHAS"

Para os mais pequenos, o cine-teatro A Barraca propõe, até


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13 de Maio, "As Aventuras Maravilhosas de Salta-pocinhas", um conto de Aquilino Ribeiro adaptado e encenado por Rita Lello. Assim, como quem não quer nada, Rita Lello conta a história de uma raposa, ainda jovem, que sai de casa dos pais e inicia o seu percurso de vida sozinha. Como quem não quer nada, esse percurso poderá ser exactamente o mesmo do que o de qualquer humano, afinal, um dia, todos temos de seguir os nossos próprios passos e deixar o conforto do lar, partindo à aventura que é a Vida. FICHA TÉCNICA: Autor: Aquilino Ribeiro; Adaptação: Rita Lello;

Martírio de S. Gens, o actor", de Lope de Vega (1562-1636), um dos grandes clássicos da dramaturgia espanhola, Durante o séc. III, na época do Imperador Diocleciano, Gens, um actor contratado, tem como missão representar a figura de um Cristão. Convidado a representar tal figura pelo próprio Imperador, acabará por se converter ao Cristianismo, religião hostil para Roma. Acusado de traição, Gens é condenado à morte. "Fingido e Verdadeiro" conta a história do mártir S. Gens, sem nunca largar o espírito do que é real e falso, do que é a mentira perante a realidade, de qual é o papel de um Actor e qual o limite que o mesmo deverá ter enquanto representa.

Encenação: Rita Lello; Elenco: Sérgio Moras, Vânia Naia, Adérito Lopes, Ruben Garcia e Carolina Parreira; Direcção

FICHA TÉCNICA: Tradução: Luis Lima Barreto; Adaptação e

Plástica: Rita Lello; Cenografia e Adereços: Marta Fernandes

Encenação: Luis Miguel Cintra; Cenário e Figurinos: Cristina

da Silva

Reis; Desenho de luz: Daniel Worm d'Assumpção; Interpretação: Cleia Almeida, Dinis Gomes, Duarte Guimarães,

"FINGIDO E VERDADEIRO"

José Manuel Mendes, Luis Lima Barreto, Luis Miguel Cintra,

A Cornucópia apresenta, numa adaptação e encenação de Luis Miguel Cintra, com trechos de outras fontes literárias, uma versão própria de "Fingido e Verdadeiro - ou o

Miguel Melo, Ricardo Aibéo, Sofia Marques, Tiago Manaia, Vítor de Andrade, Ángel Martin e Rubén Ajo (bolseiros do Programa Leonardo da Vinci da Comunidade Europeia)


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Boavida|Cinema em Casa

Êxitos em 2011 De quatro incontornáveis realizadores norte-americanos seleccionamos outros tantos filmes de inevitável qualidade. Exibidos em 2011, "Meia-Noite em Paris" (Woody Allen), "Árvore da Vida" (Terrence Malick), "As Aventuras de Tintim" (Steven Spielberg) e "Nos Idos de Março"(George Clooney) são óptimas opções para os serões de um tempo primaveril. Sérgio Alves MEIA NOITE EM PARIS

velho de três irmãos, cresce

aparecem dois

garantir a vitória. A pressão

Gil e Inez voam para Paris,

dividido entre duas visões

indivíduos

dos adversários, os jogos de

aproveitando uma viagem de

divergentes da realidade: o

interessados

poder no seio da campanha

negócios dos pais dela. Gil é

autoritarismo de um pai,

em comprar-

e os deslizes do próprio can-

um argumentista que ambi-

ambicioso e descrente, com

lhe o objecto.

didato vão, porém, ensom-

ciona terminar o seu

quem vive em conflito per-

Trata-se do

brar a sua crença no gover-

primeiro

manente, e a generosidade e

novo proprietário de um

nador e colocá-lo perante

romance. Paris é

humanidade de uma mãe

castelo da família Haddock,

opções decisivas, como o

a sua cidade de

que lhe dá conforto e segu-

acompanhado do misterioso

que é moralmente correcto e

sonho e ele

rança. Um súbito e trágico

Barnaby. O nosso herói

o que é esperado que ele

procura con-

acontecimento no seio da

recusa a venda, e da sua

faça para bem da vitória

vencer uma

família vai alterar o cenário

casa - vandalizada nessa

eleitoral…

Inez nada entu-

habitual…Estreada, com

mesma noite - desaparece o

Adaptação da peça Farragut

pompa e circunstância, no

galeão de três mastros…O

North, baseada na campanha

siasmada para lá viverem depois do casamento. Numa

Cannes 2011,

mistério adensa-se, Barnaby

às presenciais de 2004 do

noite, quando Inez vai

esta magnífica

é alvejado e Tintim é raptado

democrata norte-americano

dançar com um casal amigo,

5ª longa -

e levado para o interior de

Howard Dean, este filme de

Gil resolve dar um passeio

metragem do

um navio… Filmar um clás-

Clooney é um retrato desen-

pelas ruas da cidade e, à

genial

sico europeu da banda

cantado dos bastidores da

meia-noite, as surpresas

Terrence

desenhada foi a nova e

política norte-

acontecem…Depois de

Malick tem

magistral aposta de

americana. O

Londres e Barcelona, Woody

em Brad Pitt, Sean Penn e

Spielberg, com resultados

título é uma

Allen completa em Paris

Jessica Chastain (a revelação

excelentes junto do público

alusão ao 15 de

uma trilogia 'made in

feminina), os intérpretes cer-

cinéfilo.

Março do ca-

Europe', com direito a Óscar

tos.

lendário romano

de melhor argumento original.

TÍTULO ORIGINAL: TÍTULO ORIGINAL:

The Tree of

The

Adventures of Tintin;

César) e o filme ganha fulgor graças a um leque de actores

Life; REALIZADOR: Terrence

REALIZAÇÃO:

Malick; COM: Brad Pitt, Sean

VOZES:

Paris; REALIZAÇÃO: Woddy

Penn, Jessica Chastain,

Serkis, Daniel Craig, Nick

lente Ryan Gosling, acom-

TÍTULO ORIGINAL:

Midnight in

Steven Spielberg;

(dia do assassinato de Júlio

Jamie Bell, Andy

excepcionais, com um exce-

Allen; COM: Owen Wilson,

Hunter McCracken, Fiona

Frost, Simon Pegg; EUA/Nova

panhado por George

Rachel MacAdams, Kurt

Shaw; EUA, 139m, Cor, 2011;

Zelândia, 107m, cor, 2011;

Clooney, Philip Seymour

Fuller, Mimi Kennedy, Carla

EDIÇÃO:

Zon Lusomundo

EDIÇÃO:

Pris

Hoffman e Paul Giamatti.

Bruni; Espanha/EUA, 95m, Cor, 2011; EDIÇÃO: Zon Lusomundo

AS AVENTURAS

NOS IDOS DE MARÇO

TÍTULO ORIGINAL:

The Ides of

DE TINTIM

Stephen, assessor de cam-

March; REALIZAÇÃO: George

Tintim, o jovem jornalista,

panha do governador Mike

Clooney; COM: Ryan Gosling,

A ÁRVORE DA VIDA

acompanhado do seu insepa-

Morris nas presidenciais dos

George Clooney, Philip

A história de uma família, a

rável Milou, passeia pela

EUA, acredita no seu can-

Seymour Hoffman, Paul

de Jack, desde o seu nasci-

feira de antiguidades e

didato e mostra-se determi-

Giamatti, Evan Rachel Wood;

mento, nos anos 50, até à

deixa-se tentar pela réplica

nado a fazer tudo o que

EUA, 101m, cor, 2011; EDIÇÃO:

idade adulta. Jack, o mais

de um antigo galeão. Logo

estiver ao seu alcance para

Zon Lusomundo

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Boavida|Grande Ecrã

Elogio ao cinema Acabados de conquistarem prémios nos festivais de Locarno e Berlim (três!, fora outros já acumulados) dos mais importantes, "É na terra não é na lua" e "Tabu", de Gonçalo Tocha e Miguel Gomes respectivamente, chegam este mês às salas para serem vistos -se possível, sem os preconceitos do costume nem o franzir do nariz,- como raros sinais tocantes de deslumbramento e paixão pela arte cinematográfica.

Joaquim Diabinho

egunda longa-metragem não-ficcional, "É na terra não é na lua" surge, porventura, (tal como "Balaou", seu filme de estreia, em 2007) como um dos mais magnificamente inclassificáveis títulos da história do cinema português. Se o público, culturalmente mais exigente, lhe fizer justiça o filme tem todas as possibilidades de permitir mais uma entre outras tantas descobertas gratificantes. Filme documental? Talvez, mas convém sublinhar que a singularidade, assaz incomum, das suas propostas o afasta por coerência dos registos tradicionais do género. Filme experimental? Em grande parte, mas seguindo por caminhos nunca antes desbravados e que reflectem a enorme dimensão da proeza de Gonçalo Tocha, cineasta autodidacta (e para mais músico de excelência!) assumido e admirador confesso de Werner Hertzog e do entrecruzar de duas circunstâncias concretas: o interesse de Tocha por uma comunidade isolada -o ilhéu do Corvo- de pouco mais de 400 habitantes e que supera o desejo de mero registo -inventário e a forma, sensível e parapoética, como edifica essa memória num contínuo caleidoscópio de contrastes, testemunhos, recordações, citações... . O resultado são três horas, divididas em 14 capítulos, de uma fascinante odisseia, por vezes em tom épico, que magnetiza e subjuga o espectador graças sobretudo à originalidade narrativa como à versatilidade dos suportes imagem e som que muito contribuem para a grande consistência do filme. Em suma: "É na terra não é no céu" é um filme, introspectivamente fascinante que revela uma fortíssima vontade de expansão do mundo.

S

tenciais centradas na infância e juventude, observação de grupos e comportamentos, já nos havia surpreendido em "Aquele querido mês de Agosto", primeira longa de matriz ficcio -documental que apanhou muito boa gente desprevenida não apenas pelo talento do ex-crítico de cinema no matutino "Público" mas pela sua grande acutilância visual e rítmica. Não é pois de estranhar que "Tabu", duplamente vencedor -prémio Fipresci (da crítica) e de Alfred Bauer - ,na edição Berliner deste ano , se apresente marcado por um rigor e uma capacidade muito própria. Drama intimista ambientado na época colonial, Gomes gere a intriga com excelente desenvoltura e potencial evocativo. Rodado num sumptuoso preto e branco, "Tabu" evidencia um poder plástico - que chega a ser sedutor- e , como se não bastasse, dá à narrativa uma intensidade que não tem sido usual no cinema. O filme tem a sustentá-lo interpretações de primeira linha: Laura Soveral, Ana Moreira, Isabel Cardoso, Henrique Espírito Santo, Teresa Madruga e Carloto Cotta.

MIGUEL GOMES, autor justamente apreciado por um conjunto de curtas e médias -metragens sobre questões exisABR 2012 |

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Boavida|Tempo Informático

Qualidade de som em qualquer lugar Existe toda uma série de dispositivos das mais variadas marcas que nos permitem ouvir a nossa música preferida. Nos leitores de MP3 temos aquela que foi previamente gravada mas nos modernos telemóveis, smartphones e tablets, temos a música gravada e também a que é transmitida em FM pelas estações de Rádio. Acontece que os auriculares que acompanham esses dispositivos e até mesmo os altifalantes de alguns portáteis não nos proporcionam uma boa qualidade sonora. Vamos dar algumas alternativas.

Gil Montalverne

ajuda@gil.com.pt

scolhemos para começar uma elegante Coluna de um fabricante mundial de sistemas de som. Trata-se da Coluna Radial Micro 5V da JBL que permite no caso dos iPod ou iPhone colocá-los directamente num encaixe próprio mas pode ligar-se por cabo estéreo a qualquer outro leitor. Com controlo remoto, tem apenas 20 cm de diâmetro externo, mas os dois altifalantes (direito e esquerdo) de 10 Watts com tecnologia própria da marca reproduzem um som estéreo de elevada qualidade. (70 €). Entretanto a Sony resolve deliciar-nos - é o termo - com a Circle Sound 360º sem fios que se liga portanto a qualquer dispositivo por bluetooth e que devido à sua forma e tecnologia acústica espalha o melhor dos sons a toda a sua volta. Em qualquer lugar, em casa ou no jardim, aquele simples e compacto dispositivo, contendo um Woofer e um Tweeter oferece uma qualidade sonora omnidireccional com autonomia de 5 horas ou programável para um tempo

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determinado. Pilhas internas recarregáveis via USB (149€) Também podemos escolher uma coluna, ou mais, Balloon Puro, compatíveis com qualquer leitor de áudio, através da entrada de 3,5 mm. Não nos enganemos com a pequena dimensão pois a tecnologia Mini 3D Dynamic Sound oferece uma qualidade de som surpreendente. Basta rodar ligeiramente a coluna para a abrir e usufruir de uma qualidade de som mais nítida e dinâmica, mesmo em baixas frequências, ou fazer uso do novo sistema de ligação Link to Link que permite multiplicar a potência de som através da ligação a quantas desejar. (18 €). Finalmente também pode optar por auriculares de qualidade mas por isso mesmo um pouco mais caros. Mas atendendo à qualidade sonora e ao material utilizado conseguem oferecer um som com maior gama dinâmica e mais realismo do que os vulgares earbuds que acompanham os dispositivos móveis. Escolha por exemplo entre os BOSE MIE2 ou os TDK BA200, estes com duas micro colunas para cada ouvido: uma exclusiva para as frequências baixas e outra para as médias e altas. n


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Boavida|Ao volante

Novo Opel Zafira Tourer Dizem os peritos que para se experimentar algo se deve fazê-lo em condições o mais próximas possível da realidade. Foi o que fiz e levei comigo alguns dos meus netos mais pequenos: o Vasco, a Inês, a Matilde e o Miguel.

Carlos Blanco

eitas as apresentações, passemos ao Opel Zafira Tourer, cujas expectativas eram altas e, deixemme dizer-vos, não foram defraudadas. A verdade é que estamos perante um monovolume totalmente novo que combina de forma harmoniosa, funcionalidade, bem-estar, versatilidade e design. A versão experimentada, a 2.0 CTDI de 165 cavalos, portou-se muito bem, ao contrário dos meus netos, revelando-se um automóvel dinâmico e de resposta sempre pronta nas acelerações. Segundo a Opel, o novo Zafira Tourer é capaz de fazer 9,8 segundos dos 0 aos 100 Km/h e chegar aos 208 Km/h. Pelo que vi... nao duvido! Também no seu equipamento o Opel Zafira Tourer é uma classe à parte. Com o pára-brisas e tecto panorâmico proporciona uma atmosfera iluminada e arejada, dispões mais de 30 compartimentos de arrumação, onde se inclui o sistema multi-funcional FlexRail da consola central, o sistema de bicicletas FlexFix, o engenhoso Flex7 Plus lounge seating que permite movimentar os

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bancos de quase todas as formas possíveis e imaginárias, são provas da capacidade de versatilidade do novo Zafira. Em questões de segurança, também nada foi deixado ao acaso e muito há a dizer. O novo Opel Zafira Tourer vem equipado com a segunda geração da câmara dianteira "Opel Eye" com o avisador de desvio de trajectória e sistema de reconhecimento de sinais de trânsito. O Programador de Velocidade Adaptativo monitoriza em permanência a distância ao veículo da frente, reduzindo a velocidade sempre que a distância for inferior a prédefinida. A câmara traseira transforma manobras difíceis numa brincadeira de crianças. Providencia imagem e cores de alta resolução e também visão nocturna. Conta também com o avançado sistema adaptativo de faróis Bi-Xenon direccionais AFL+. Tem um consumo combinado de 5,2 a 6,3 litros aos 100 Km e emissões de CO2 de 137 a 148 g/km. É, sem dúvida, um monovolume diferente dos demais, apelativo, que nos satisfaz plenamente. A nós e... aos que connosco viajam.n ABR 2012 |

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Boavida|Saúde

Tenho dores nos joelhos, posso fazer exercício? Esta pergunta já me foi colocada por diversas vezes e de diferentes maneiras pelos meus doentes e voltou a ser feita, há dias, por uma senhora de 53 anos que me consultou.

M. Augusta Drago

medicofamília@clix.pt

Sra. L. tem ligeiro excesso de peso e diz que não emagrece só com a dieta. Precisava de fazer algum exercício, mas o seu médico de família disse-lhe, ao observar as radiografias dos joelhos, que sofria de uma artrose moderada dos joelhos. A artrose dos joelhos é uma doença que surge depois dos 40 anos, pode atingir ambos os joelhos e não é acompanhada de sinais inflamatórios. Os doentes referem dores quando estão de pé e rigidez matinal, que melhora com o movimento e desaparece, em geral, ao fim de meia hora. Esta doença atinge mais as mulheres e tem tendência a aumentar com a obesidade, a idade e nas pessoas que, por motivo profissional, têm de fazer movimentos repetidos de flexão, agachamento, estar de joelhos ou carregar muitos pesos. A Sra. L. diz ter dores nos joelhos há já alguns anos e, muitas vezes, para as aliviar recorre a anti-inflamatórios, a que o estômago é sensível. Também sabe que as dores nos joelhos têm tendência a aumentar com o passar dos anos e que o excesso de peso em nada contribui para o seu alívio. Deseja perder peso, mas receia agravar a artrose dos joe-

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lhos. Este dilema é comum a muitas pessoas. O acompanhamento e o estudo de doentes com artroses moderadas nos joelhos e que tomaram a iniciativa de fazer exercício físico possibilitou verificar que as artroses não progrediram nem se agravaram e, em muitos casos, houve alívio das dores. Hoje em dia, considera-se que o exercício físico traz excelentes benefícios ao tratamento da artrose do joelho as pessoas que sofrem desta patologia e que fazem exercício físico moderado podem esperar melhorias significativas na dor e na incapacidade durante o período de tempo em que essa actividade física se mantiver. Também se considera que programas de actividade moderada, prolongados no tempo, não parecem ser de modo algum prejudiciais a estes doentes. Em regra, os exercícios recomendados, na ausência de doenças que os impossibilitem, são: caminhar, nadar, pedalar e fazer ginástica. Outros exercícios especificamente dirigidos aos joelhos podem ser feitos em casa: a pessoa senta-se numa cadeira e levanta alternadamente os pés até à altura dos joelhos dez vezes, depois levanta-se e faz mais dez flexões dos joelhos, descansa e repete três vezes esta série de exercícios. A regra básica é fazer exercício bem adaptado às condições físicas do doente com duração, frequência e dificuldade progressiva. Desde já se recomenda que sejam evitados todos os desportos vigorosos ou que possam causar traumatismos. Da minha experiência clínica e dos estudos publicados na literatura médica ressalta o facto de, actualmente, as pessoas viverem mais anos, pelo que se recomenda vivamente que se mantenham activas durante o tempo todo que lhes for possível. Esta é a melhor maneira a prevenir a incapacidade precoce e de manter uma boa qualidade de vida.n


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Boavida|Palavras da Lei

Pagamento de despesas de uso de garagem ?

Possuo uma fracção de garagem num imóvel de habitação. A garagem não tem água nem luz, e o seu

acesso é directo para a via pública. Pago as quantias respeitantes à garagem e ao fundo de reserva. Apresentaram-me uma conta para pagar, sobre instalação de antena de TDT e alteração das escadarias com acendimento automático. O administrador disse-me que esta despesa foi aprovada em Assembleia Geral e que respeita a uma parte comum do prédio, de acordo com a alínea d) do artigo 1421º do Código Civil. Serei obrigado a pagar estas quantias, dado que não faço uso nem de uma, nem de outra? Só uso uma garagem com acesso à via pública. Sócio devidamente identificado

Pedro Baptista-Bastos

s garagens, de facto, são um dos elementos das partes comuns dos imóveis em propriedade horizontal. E houve uma deliberação, aprovada em Assembleia Geral, que se diz vinculativa a todas as pessoas que usem ou usufruam de um elemento de uma parte comum do imóvel. No entanto, uma coisa é o entendimento que o administrador faz dessa deliberação, e a natureza da mesma; outra coisa é o que determina a Lei. E a nossa Lei determina, no nº 1 do artigo 1418º do Código Civil, que: "No título constitutivo serão especificadas as partes do edifício correspondentes às várias fracções, por forma que estas fiquem devidamente individualizadas, e será fixado o valor relativo de cada fracção, expresso em percentagem ou permilagem, do valor total do prédio." Logo, o único valor que o nosso sócio tem que pagar é aquele que está determinado no título constitutivo da propriedade horizontal, isto é, o valor da permilagem referente à garagem que usa, desde que esta faça parte da propriedade horizontal do imóvel, ao fundo comum de reserva, e nada mais do que isso. Como a sua fracção nem sequer tem electricidade nem água corrente, não tem que pagar os serviços

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ANDRÉ LETRIA

relativos ao seu fornecimento. O único dever que tem é o de manter limpa e sem danos o espaço onde estaciona o seu automóvel. Por outro lado, reforçando a nossa ideia, o artigo 1424º do Código Civil, referente aos encargos de conservação e fruição do imóvel diz-nos o seguinte: 1- Salvo disposição em contrário, as despesas necessárias à conservação e fruição das partes comuns do edifício e ao pagamento de serviços de interesse comum são pagas pelos condóminos em proporção do valor das suas fracções. 2- Porém, as despesas relativas ao pagamento de serviços de interesse comum podem, mediante disposição do regulamento de condomínio, aprovada sem oposição por maioria representativa de dois terços do valor total do prédio, ficar a cargo dos condóminos em partes iguais ou em proporção à respectiva fruição, desde que devidamente especificadas e justificados os critérios que determinam a sua imputação. 3- As despesas relativas aos diversos lanços de escadas ou às partes comuns do prédio que sirvam exclusivamente algum dos condóminos ficam a cargo dos que delas se servem. Notamos, da conjugação destes três primeiros números, que se torna claro o acima exposto; só as despesas de serviços de interesse comum, especificadas e justificadas a quem as pagará e como, de acordo com o valor da permilagem da fracção, e que digam respeito a uma das partes comuns do imóvel que sirvam exclusivamente algum dos condóminos, ficam a cargo unicamente de quem as usa. Ora, não usando sequer televisão, não fazendo acesso à garagem através da escadaria, esta deliberação, aparentemente válida, não tem qualquer eficácia jurídica sobre o nosso sócio, isto é, não o vincula à obediência da mesa. Porém, deve requerer ao administrador por escrito que estas despesas não se lhe apliquem, pelos motivos expostos. Se a administração persistir e lhe quiser cobrar as dívidas, requererá a nulidade não só da aplicação da deliberação sobre si, bem como do pagamento de quaisquer quantias que a esta deliberação digam respeito. n ABR 2012 |

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ClubeTempoLivre > Passatempos Palavras Cruzadas | por José Lattas

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HORIZONTAIS:1-Pildra; Considero; Pequena úlcera, na mucosa

1

bucal. 2-Lado; Aspirara; Nome de cada um dos órgãos secretores da urina. 3-Elite; Brota; Rangífero. 4-Dinheiro; Admiti; Atormentar. 5-Letra grega; Elemento de composição de palavras que exprime a ideia de tempo; Abalava. 6-Livro de poemas de António Nobre; Solteirona; Cântico; Crómio (s.q.). 7Afastas; Prefixo, que entra na composição de certo número de palavras, com o sentido de dentro. 8-Pois; Penates; Político, militar e pensador chinês; Nota musical. 9-Antes do meio-dia; Tomar direcção, em termos da Rosa-dos-Ventos; Garbo. 10Colas; Igreja principal de uma diocese (pl.); Alude. 11-Depois; Alarme; Devoção. 12-Amargura; Fruto das palmeiras (pl.); Remo. 13-Discursam; Acetinados; Arrotear.

2

Finório. 2-Adejar; Base aérea; Confrontar. 3-Abafar; Fruto de certas silvas. 4-Pedagogo; Defeito. 5-Aquele. 6-Esfoladura; Tasquinhar em coisa de comer; Espírito. 7-Alcova; Concentrei. 8-Leve; Comidas. 9Cortim; Tronco. 10-Portanto; Abominar; Organização, que se opôs a De Gaulle, na Argélia, contra a autodeterminação (sigla). 11-Elemento de composição de palavras que expressa a ideia de vinho. 12-Soberano; Segura. 13-Modera; Trovar. 14-Cuba; Óxido de cálcio; Nome feminino. 15-Pousar o hidroavião na água; Podar.

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7

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9 10 11 12 13 14 15

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 SOLUÇÕES (horizontais): 1-CAMA; ACATO; AFTA. 2-ALA; EXALARA; RIM. 3NATA; EMANA; RENA. 4-ARAME; ADI; PENAR. 5-I; RO; CRONO; IA; A. 6-SÓ; TIA; ODE; CR. 7-TIRAS; INTRA. 8-CA; LAR; MAO; LA. 9-A; AM; RUMAR; AR; P. 10-GOMAS; SÉS; ATIRA. 11-APÓS; SUSTO; AMOR. 12-DOR; TÂMARAS; ASA. 13-ORAM; LISOS; ARAR.

VERTICAIS:1-Estreitos;

2

Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 36 35 Preencha a grelha com os algarismos de 1 a 9 sem que nenhum deles se repita em cada linha, coluna ou quadrado

N.º 36

74

TempoLivre

| ABR 2012

SOLUÇÕES


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ClubeTempoLivre > Cartaz BEJA

. dia 28 às 21h30 - "Casos da Vida"

junho - Aprendizagem |

Agência Inatel.

Viola Campaniça:de 14 de

em Pereiros; musical "Majestic"

iniciação de guitarra, na

Manutenção: até 31 julho -

abril a 26 de maio - oficina de

em Alfarelos; revista "Vai de mal a

Agência Inatel

Classes de ginástica, às 18h30,

Viola Campaniça na

pior" em Casal de S. João;

Canto: até 30 de abril -

na Escola EB2/3 n.º 4 de Santo

Associação Desp. de

. dia 29 às 16h00 - "Revista à

Aprendizagem de técnica vocal

António | Inscrições na

Amoreiras Gare | Inscrições

Ribeirense" na Fundação ADFP

/ canto, na Agência Inatel

Agência Inatel

na Agência Inatel

de Miranda do Corvo.

Fotografia: até 21 de maio -

COIMBRA

COVILHÃ

Música: dia 28 às 21h30 - Choral

Festubi: de 13 a 15 - X

Poliphonico, Cecília Blais-

FESTUBI na Covilhã,

FARO

preservação e recuperação de

Manzoni e Éric Saint-Marc, na

informações na Agência Inatel

Harmónio e concertina:. dia 21 -

trajes tradicionais, na Inatel em

Igreja da Sé Nova em Coimbra

Folclore: de 24 a 29 - XIX

workshop "o harmónio e a

Castelo de Vide | Inscrições

Teatro: dia 15 - "Não há ladrão

festival nacional de folclore e

concertina": evolução e

na Agência Inatel.

que não venha por bem", às

XXI festival internacional em

caraterísticas, na Inatel em

Clarinete: dias 19 e 20 Maio -

16h0, na Associação CR de

Cernache de Bonjardim.

Albufeira | Inscrições na Agência

master class de clarinete na

Inatel

Sociedade R.M. Alegretense

Enxofães; "Médico à força", às

exposição "Vinte rostos dois mil

PORTALEGRE

anos" na Agência Inatel

Trajes tradicionais: dia 14 workshop manutenção,

21h30, na Associação CRD

ÉVORA

Gobelins e arraiolos: até 30

(Alegrete) | Inscrições na

Casal do Redinho/Alfarelos;

Meias tradicionais: dias 14,

de junho - oficinas de gobelins

Agência Inatel

. dia 21 às 21h30 - "Onde me

21 e 28 de abril e 5 de maio -

e arraiolos, na Agência Inatel

Harmónica de boca:. dias 2 de

levam as minhas botas? ! ..."

oficinas de meias tradicionais

Artes Plásticas: até 30 de

maio a 27 de junho - iniciação/

em Murtede; "O doente

na Agência Inatel

junho - Artes plásticas: pintura

aperfeiçoamento de harmónio

imaginário" em Cordinhã;

Guitarra: de 13 de abril a 01 de

a óleo, aguarela e acrílico, na

de boca, na Agência Inatel


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ClubeTempoLivre > Novos livros

BERTRAND EDITORA

O PROJETO ATENA

mais em juros

mordido por

do que o efeito

um lobo, Luke

PEREGRINOS

Brad Thor A Força Delta é composta

conjugado de

apercebe-se da

por mulheres tão

todas as

súbita vontade

qualificadas e temíveis que

medidas de

de uivar à Lua

Elizabeth Gilbert Cowboys, strippers e

austeridade.

são selecionadas para

Nos próximos dez anos a

crua. Uma jornada hilariante

das missões

amortização da dívida

para os mais novos.

mais

rondará os 134,5 biliões de

arriscadas e

euro. Uma obra que visa

secretas dos

fomentar a discussão do

EUA. À

tema, de forma a encontrar

medida que

CASA DAS LETRAS

alternativas sólidas e

QUERIDA, COMPREI UM

se envolvem na missão,

conscientes para está

ZOO!

descobrem que está em

enorme dívida.

Benjamin Mee A história verídica de um zoo

BOOKSMILE

arruinado e dos duzentos

curso um atentado de proporções inimagináveis e, ilusionistas estão em

e devorar carne

integrar uma

a maior ameaça parece ser

animais que mudaram a vida

um segredo de estado.

de uma família. Um relato comovente que dá conta do

movimento à procura de algo melhor. As opções e

IMPOSSÍVEL

esforço para

caminhos que trilham nem

reconstruir o

sempre são os melhores e,

Danielle Steel Sasha, uma mulher de

calejados pelas múltiplas

negócios dedicada às suas

declínio de

experiências, lutam com

galerias em Paris e Nova York,

Katherine

afinco pelas suas epifanias

apaixona-se por Liam, um pintor

zoo, do

provocado

sem perder a coragem e

pelo cancro e da forma como

esperança.

a família contorna os obstáculos.

A HISTÓRIA DA RAPARIGA

PIPPA PALITO E RAFA

BONITA

TRIVELA: A RIVAL

Rachel Simon Uma jovem deficiente e um

INESPERADA António Varela, Carlos

ANGOLA TERRA D'UANGA

afro-americano surdo fogem

Laranjeira e Paulo Gameiro Pippa e Rafa não

A Imensa Teia da Guerra

de uma instituição e refugiam-se, com uma

confundem a bola com os

recém-nascida, na quinta de

livros, ambos sabem que há

Luis Vieira da Silva Escrito nos anos 80, o

uma sensata viúva

tempo para tudo e que só

romance relata alegrias,

aposentada. Mas, enquanto

excêntrico e extravagante.

trabalhando em equipa

tristezas e acontecimentos

Enquanto ele desfruta a relação,

vencerão.

históricos que marcaram a

capturada e

ela um pouco mais velharevela

Uma história divertida que

forçada a

dificuldades em assumir o

irá encantar os jovens

regressar à

romance. Uma bela história de

amantes de desporto.

instituição, ele

amor!

escapar.

O DIÁRIO DE UM A DÍVIDADURA

LOBISOMEM BANANA

Porém, a força de um amor

Portugal na crise do Euro

extraordinário voltará a uni-

Mariana Mortágua e

Jeff Kinney Um banana com poderes

los!

Francisco Louçã Este ano, Portugal irá pagar

TempoLivre

Colonial

ela é

consegue

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CHIADO EDITORA

| ABR 2012

sobrenaturais, mais peludo que o habitual. Após ter sido


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vida de muitos jovens e as

mineira em decadência,

se notabilizou na área

relações entre Portugal e

Dixie perde um filho e apoia-

jurídica e da dramaturgia.

Angola.

se em Billy. Spencer, ator de Hollywood, foge dos

PAULUS EDITORA

paparazzi, mas não consegue evitar o filho,

A NOVA EVANGELIZAÇÃO

Tennesee.

Rino Fisichella Uma reflexão sobre os

TEMA

PAPALAGUI

caminhos que a igreja e os

A REENCARNAÇÃO EXISTE

cristãos devem tomar para

PORQUE EXISTE

Tuiavii de Tiavéa Um relato impressionante da

Delmar Domingos de

civilização ocidental e um

Evangelho. Aborda elementos

Carvalho O autor apela à mudança de

humilde contributo a

EDIÇÃO DE AUTOR CONFERÊNCIA SOBRE O

promover com sucesso o históricos e doutrinais, define

respeito da

fascina-nos com o domínio

os lugares, os agentes e os

atitude de forma

natureza

das culturas ocidental e

caminhos privilegiados da

a construir uma

humana e da

oriental e, inspirado em

nova evangelização.

civilização mais

busca de

Schiller fala-nos da s sua

fraterna, justa e

felicidade.

experiencia enquanto autor e

O SACERDÓCIO, UM

altruísta. Fala da

Reúne textos

leitor de romances.

SERVIÇO DE AMOR João Paulo Pimentel Com recurso a analogias são

reincarnação e de figuras

do chefe da tribo de Tiavéa

emblemáticas que se

das Ilhas de Samoa, dados a

OS JOGOS DA FOME

dedicaram ao tema.

conhecer por Erich

Suzanne Collins Uma nação surge das cinzas

abordados temas como servir,

da América do Norte,

alegria, sacrifício e humildade.

Scheurmann, em 1920. ANTÓNIO ALVES BEBIANO -

verdade, criatividade, rotina,

Visconde de Castanheira de

A COR DO CÉU

governada pela megalópole,

Recorda, a importância do

Pera

Julianne MacLean Sophie tem uma vida de

Capitol. Dois adolescentes de

sacerdócio e presta

cada distrito são

homenagem àqueles que se

sonho, uma carreira e

obrigados a

dedicam a servir os outros.

centenário do falecimento de

casamento feliz e uma filha

participar nos

uma

adorável. Até ao dia em que

Jogos da Fome -

personalidade

tudo desmorona com a

um espetáculo

Kalidás Barreto A edição assinala o

TEA FOR ONE ESTE É O MEU SANGUE

incontornável da

doença da

horrendo cujo lema é "matar

história de

pequena

ou morrer". Katniss, num ato

Uma antologia

Castanheira de

Megan e a

de extrema coragem, oferece-

de textos

Pera que muito contribuiu

traição do

se para substituir a irmã

inéditos

para o desenvolvimento do

marido. E, em

mais nova e será que vai

dedicada ao

conselho.

plena

conseguir conservar a vida?

turbulência de sentimentos, Sophie descobre o

EDITORIAL PRESENÇA RAPOSAS INOCENTES Torey Hayden Um romance intenso que

vinho da autoria de: Abel Neves, A. Maria

FONTE DA PALAVRA

verdadeiro sentido de viver e

Jesus, Clara Pinto Caldeira, Inês dias, Jaime Rocha, John

de amar, numa história

LUÍZ FRANCISCO REBELLO

Frey, Levi Condinho, Luís

inspiradora e poderosa.

Uma colectânea de vida

Pedroso, Manuel da Silva Ramos, Manuel de Freitas,

O ROMANCISTA INGÉNUO E

Victor Sousa Lopes Uma biografia que percorre o

Marta Chaves, Ricardo

confronta as

O SENTIMENTAL

modo de vida

Álvaro, Rui Azevedo Ribeiro,

personagens

de um

Rui Caeiro e Vasco Gato.

com as suas

Orhan Pamuk O que se passa dentro de

importante

Outras informações em:

verdades.

nós quando lemos um

vulto do

t41editores.blogspot.com

Em Abundance,

romance?

panorama

uma cidade

O autor, prémio Nobel,

nacional que

Glória Lambelho ABR 2012 |

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O Tempo e as palavras M a r i a A l i c e Vi l a Fa b i ã o

Ainda da (des)necessidade de um (des)acordo ortográfico – 3 Que fizeste das palavras? / Que contas darás tu dessas vogais / de um azul tão apaziguado? // E das consoantes, que lhes dirás, / ardendo entre o fulgor / das laranjas e o sol dos cavalos? // Que lhes dirás, quando / te perguntarem pelas minúsculas / sementes que te confiaram? // Eugénio de Andrade, in: Matéria Solar, Limiar, Porto, 1980

N

oite alta. Cobrindo totalmente o tampo da secretária, recortes de jornais de um tempo em que o projecto do Novo Acordo Ortográfico começava a revelar as suas debilidades e a ser contestado nos corredores universitários e folhas A4 recobertas de notas vão-se agrupando em montinhos, num trémulo equilíbrio instável. Pela enésima vez, releio, artigo a artigo, o texto do "Acordo" do meu descontentamento, a sua "Nota Explicativa" e a Resolução do Conselho N. 8/2011. Leitura lenta, como impõe a abundância de incongruências, cotejando cada regra, cada afirmação, com as críticas e com os encómios, que também os há e cumpre julgá-los com equidade. Segundo a Resolução do Conselho de Ministros, o AO "simplifica e sistematiza vários aspectos da ortografia e elimina algumas excepções ortográficas, garantindo uma maior harmonização ortográfica". Não há dúvida de que os termos sistematizar e algumas são usados aqui de forma muito lata. Uma das críticas ao AO é, precisamente, a proliferação do termo "facultativamente" e da resultante dupla grafia, aceite em algumas palavras, como é o caso, por exemplo, dos tão discutidos termos "facto" e "pacto", que, ao contrário do que injustamente se questiona, manterão para o usuário português da língua o C, já que, em PE este é articulado. Quanto à polémica supressão das consoantes não articuladas, como C e P mudos, o A. da "Nota Explicativa" minimiza a sua importância, argumentando que "também se mantém na língua palavras com vogal pré-tónica aberta, sem a presença de qualquer sinal diacrítico (vulgo acento!), como corar, padeiro….". E as outras, em que a supressão dessas consoantes mudas altera a pronúncia? Depois, sempre preocupado com poupar o esforço de memorização, coisa que se justifica porque vai ter de o desviar para todos os outros casos que constituem excepção às regras que defende, o A. tem esta explicação redentora: "É indiscutível que a supressão deste tipo de consoantes vem

facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam. De facto, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção e recepção, a consoante não articulada é um P, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção tal consoante é um C? Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para outras áreas de aprendizagem da língua", como, por exemplo, proporia eu, para a memorização das listas de excepções criadas com a sua "sistematização"! E, já agora, não impeçamos o A. de completar a sua argumentação, que agora é de "natureza psicológica, embora nem por isso menos importante": "…não haverá unificação ortográfica da língua portuguesa se tal disparidade não for resolvida". E haverá unificação ortográfica, se não forem resolvidas disparidades como António/Antônio, anafiláctico/anafilático, em que, na versão lusa, o C é, de facto dispensável, uma vez que o acento impede o fechamento da vogal? Finalmente, a verdadeira razão (certamente uma questão de solidariedade para com os nossos amigos brasileiros): "tal disparidade ortográfica só se pode resolver suprimindo da escrita as consoantes não articuladas, por uma questão de coerência, já que a pronúncia as ignora, e não tentando impor a sua grafia àqueles que há muito as não escrevem, justamente por elas não se pronunciarem". Não obstante, não devia ignorá-las, porque elas desempenham uma função na palavra: a abertura da vogal que se lhe segue! Manhã alta. A primeira mensagem no correio electrónico. Da filha de uma amiga: "De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinvesriddae ignlsea, não ipomtra a odrem das lteras de uma plravaa: a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lteras etejasm no lgaur crteo." Acha que quem lê isto e as cartas do meu namorado, que dá erros, precisa do Acordo para ler um livro brasileiro?" Leio sem problema. É Primavera e o riso é azul, da cor do mar. n ABR 2012 |

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Os contos do

O senhor Meneses

N

o aparador da sala de Teresa Pinto Teles sempre se perfilou a foto do seu baptizado. Aí a vemos como figura principal do friso de familiares, padrinhos e convidados, entre estes o senhor Meneses. A bebé aparece na fotografia justamente a olhar para o senhor Meneses, engravatado e em conversa risonha com Cidália, vistosa avó da menina. De Cidália se dissera, pela alta figura e boniteza de cara, que era tal e que a Sofia Loren. Talvez exagero, mas via-se na foto que Cidália, ultrapassava a fasquia dos quarenta - tal como o senhor Meneses - era ainda um vistão de mulher. Alguma semelhança teria com a bomba italiana. Invulgar se tornou a afeição da pequenita Teresa pelo senhor Meneses. A primeira palavra que pronunciou, depois de pai, mãe e vó, foi Somenê. Por Somenê o trataria nos tempos em que gatinhava e Somenê ficou, como diminutivo, alcunha, mimo de ternura. Somenê adorava a criança e vice-versa. Quando a menina festejou o décimo aniversário, o Somenê ofereceu-lhe telemóvel com dispositivo fotográfico e Teresinha esmerava-se a retratar tudo e todos, em especial o Somenê. Nos anos de colégio era ao Somenê que ela dava conta dos avanços nos estudos e, pendurada ao pescoço dele ou encavalitada nos joelhos, fazia as perguntas que as crianças fazem: - Somenê o que são vitaminas? Paciente e, diga-se, encantado pela preferência, o Somenê lá ia satisfazendo sucessivas curiosidades e chegou a fazer telefonemas a amigos para colher informações em matérias de que não tinha conhecimentos. Somenê era o ídolo e interlocutor privilegiado de Teresita, como ele lhe chamava. O pai e a mãe, sempre acelerados nos afazeres profissionais, não acompanhavam de perto o crescer da criança. Era como acordo tácito que essa função pertencia a Somenê. Daí alguns ciúmes da avó 80

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Cidália, ainda senhora vistosa e requisitada, já lá iam os cinquenta. Alguns mais foram passando. Quando Teresita completou os dezassete, e Somenê entendeu chegado o momento para conversa mais delicada e, com ela enganchada no pescoço, inquiriu-a sobre o que pensava quanto a rapazes. Ouviu, com alguma surpresa, que nem um lhe agradava. Tontinhos, ignorantes e sem graça. E de súbito disparou que só havia de casar-se com um homem mais velho, e outro não existia de quem gostasse como gostava do Somenê. Ele riu-se, atrapalhado, tanto mais que a avó Cidália, sentada perto e meio desprezada, ouvira a inquietante conversa. Homem sensato, passou Somenê a ter mais cuidado nos afagos, abraços e beijinhos a Teresita, já não tão pequenina assim. Era ela que o mimava e lhe pedia passeio no jardim próximo de casa onde vivia e de que Somenê era visitante diário. Ela dava-lhe a mão, entrelaçava os dedos, encostava-se no ombro dele. Um dia, andava Teresita pelos dezoitos e ele na beirinha dos sessenta, enroscou-se a menina no tronco de Somenê e fez a pergunta inesperada: - És o meu namorado, não és, Somenê? - Claro que não - defendeu-se ele num riso forçado. - Claro que sim, tu é que ainda não sabes - insistiu a atrevidota chegando a boca à boca dele. Quem se apercebia de tudo e, em consequência, andava assustada, era a avó Cidália. Numa noite que considerou propícia, e depois de Somenê se ter retirado, chamou a neta à pedra. Falou-lhe da confusão de sentimentos, pode gostar-se de uma pessoa mas é gostar diferente do que ela havia de sentir por algum rapaz da sua idade. - Eu gosto é de Somenê - respigou a espevitada. - Os rapazes não me dizem nada. O assunto tornara-se em alarme da família, em particular da avó Cidália. Todos conheciam o carácter obstinado da jovem e rezavam para que tão tonta ideia se evaporasse da juvenil cabecinha. Pelo contrário, as coisas corriam cada vez mais preocupantes. Teresita arrastava o Somenê para o cinema e passeios, chegou o estrondoso momento em que comunicou à família reunida: - Vou passar o fim de semana à Galiza com o Somenê. Perante tais excessos, a avó Cidália não aguentou e decidiu ter conversa séria com o veterano que lhe entontecia a neta. Segurou-lhe as mãos e disse: - Desculpa, Meneses, mas deves compreender. É necessário que desapareças. Não voltes a esta casa. Somenê entristeceu mas garantiu que assim se faria.


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Com pena, acrescentou, de se afastar de Teresita e da própria Cidália, por quem tinha amizade grande e de largos anos. - Mas tem de ser, Meneses. - E assim será. O banzé rebentou quando Teresita estranhou a falta de Somenê e percebeu o porquê. Fez birra com gritos, vestiu o casaco e, ala, arrancou direitinha ao escritório de Somenê. Embora se tivessem visto na véspera, Teresa fez do reencontro uma cena de romance. E, abraçada a ele, declarou: - Vamos casar-nos, Somenê. - Casar? - assustou-se ele. Nada podia, no entanto, travar os ímpetos da mocinha que, aliás, chegara aos vinte, três meses antes de Somenê atingir os sessenta e dois. Chantageada a família - "se não me deixarem casar com Somenê eu fujo e nunca mais me põem a vista em cima" lá se consumou o desequilibrado matrimónio.

Também desse dia existiam fotos e todas mostram o nariz torcida da avó Cidália. Instalou-se o casal num apartamento com vista para o rio e corria o tempo com ela encantada e ele um pouco confuso. - Hoje há uma festa, malta da Faculdade. Achas que devo ir, Somenê? - Vai. Recomendo-te, mesmo, que não deixes de te relacionar com gente da tua idade. Eu tenho outros interesses e costumes, gosto de ficar em casa a ler, ouvir música ou ver televisão. Quando muito, vou tomar café à pastelaria da simpática Ercília. Vive a tua juventude, Teresita, no tempo certo vivi a minha. Reconhecendo que o Somenê era homem experiente e sábio, desatou a percorrer bares e discotecas, primeiro às sextas-feiras, depois as noites quase todas. Sussurravam os conhecidos que aquele casamento perigava. Vigilante, a avó Cidália descobrira que Teresita tinha, por companheiro preferido das madrugadas, um mulatão da idade dela. Pensou nas diabruras da neta mas também no desgosto do Meneses quando ruísse aquele casamento sem jeito. Por Meneses mantinha uma amizade que vinha de décadas, ainda ela era casada com um traste incapaz de amar mesmo uma Sofia Loren. Somenê, pelo seu lado, não parecia temer fosse o que fosse. Acostumado à vida de celibatário, aceitava às boas as ausências da jovem consorte. Tanto mais que as conversas dela eram assuntos e interesses de outra geração. Certa estava que Teresita sentia por ele um amor autêntico, apesar de disparatado. Semanas, meses, quase dois anos, foram tempo que voou nesse desencontro. Até à madrugada em que Teresita a custo conseguiu abrir a porta. Tinha bebido e não pouco, sentada em colos diversos e convidantes. Tudo iria contar a Somenê, sem omitir um copo, um colo, até mesmo o beijo com língua que lhe aplicara um desavergonhado, nem sabia o nome dele. Não o viu na cama. - Somenê! - chamou. Nada. Percorreu o apartamento, subitamente sóbria, e nem o cheiro de Somenê. Tentou o telemóvel, desligado. Intrigada, voltou ao quarto e foi quando viu, sobre a mesinha de cabeceira, um envelope que a chamava: Teresita. Abriu, apressada, e leu: "Despeço-me com todo o carinho do mundo. Perdoa-me, Teresita, mas compreenderás o meu direito à felicidade que por muitos anos desejei em silêncio. Chegou agora, ao descobrir o inesperado: a pessoa que sempre amei, sempre me dedicou igual sentimento. Vamos viver longe, a Cidália e eu. Um dia havemos de visitar-te. Aceita um beijinho do Somenê. n ABR 2012 |

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Crónica

Por entre os ulmeiros Álvaro Belo Marques

O

meu quarto tem uma parede totalmente ocupada por uma paisagem de ulmeiros, o que lhe empresta uma maior profundidade. Ela está coberta por um papel que a minha senhoria não se recorda se veio da Suíça se dos Estados Unidos da América. Vivo aqui vai já para dez anos. Aluguei o quarto para um ano e três cadeiras universitárias e fui-me deixando ficar para contentamento dos três: da senhora, de mim e do quarto que, na altura, estava calmo e sem muitas vibrações negativas. Julgo mesmo que começou a gostar de mim a partir do momento em que afirmei alugá-lo. Os ulmeiros descem por duas ravinas e encontram-se em baixo, num estreito carreiro - talvez uma linha de água ainda seca. As folhas, nas extremidades das ramadas, apresentam-se com aquele castanho-dourado tão belo quando o Sol está prestes a pôr-se. Deitado a ler, tenho sempre perante mim aquela paisagem grandiosa e vívida. Habitueime muito a ela e, à noite, já não fecho totalmente as cortinas, para que ela receba a fraca claridade que vem do exterior. Fico deitado horas e horas a olhar para esta paisagem. É uma atracção a que não desejo fugir, pelo contrário, pretendo entregar-me a ela de corpo e alma. Muitas vezes, deitado, olhava para o fundo impronunciado do carreiro e imaginava ver atravessar a parede a minha vizinha para me cumprimentar e perguntar como iam os estudos. Eu sabia já que alguém viria um dia por aquele caminho estreito por entre os ulmeiros. Eu sabia e aguardava. Foram muitas as noites em que não me dormi, esperando. E uma noite ocorreu-me dar um pouco de música àquela paisagem tão identificada comigo. Procurei e encontrei As Quatro Estações, de Vivaldi, em cassete, que há muitos anos tinha transcrito, interpretadas pela Orquestra de

82

TempoLivre

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Câmara de Wurttemberg, dirigida por Jorg Faerber. Coloquei a cassete na aparelhagem e rapidamente encontrei o Outono. Deitei-me a olhar para a paisagem e todos começaram a aparecer. Os dançarinos, eles e elas, a bailar pelas colinas abaixo, de maneira festiva e alegre. E continuei a ver os bêbados a dormir e depois os caçadores, num allegro bem marcado. Coloquei outra vez a suite e fui ter com os bailarinos, com os bêbados e com os caçadores e diverti-me com eles, e bebi com eles, tanto que o dia nasceu comigo a dormir sobre o tapete. E o que eu esperava, já com ansiedade, aconteceu então.

A

partir daquela noite festiva, comecei a ser visitado por vários amigos e familiares. Estou deitado a ler e oiço uma pequena restolhada e passos ligeiros pelo caminho, olho e vejo quem se aproxima, me cumprimenta e pára para falar comigo. Aproveito muitas vezes estas visitas para mandar recados. Ou melhor, mando sempre o mesmo: que digam ao meu avô, o marinheiro que morreu varado pela fome, que venha falar comigo. Mas ninguém sabe dele. Nos últimos dias, como é natural, tenho-me preparado para acompanhar os amigos e as amigas que me vêm ver. Aguardo o momento oportuno para sair da cama e meter pés ao caminho, na sua companhia, subindo o carreiro e descobrir, finalmente, onde ele vai dar. A que clareira luminosa ou a que pântano sombrio ele nos levará. Aguardo uma noite amena, perfumada e suave. Porei então o Outono e, com o Allegro da Caçada, partiremos, de braços dados, caminho acima, sem nada nos bolsos nem reservas no espírito. Talvez encontre, então, o meu avô e ele me sente outra vez no seu colo. Para minha felicidade. n




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