Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 10ª Edição

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Fundação Mamíferos Aquáticos

EDIÇÃO 10

Patrocínio:

R E V I S TA

A BORDO Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho amplia área de atuação no Nordeste para proteger mamífero ameaçado de extinção no Brasil Trabalho de conservação do peixe-boi-marinho realizado na PB é tema de documentário da National Geographic

Pesquisa: tecnologia inovadora é aplicada no monitoramento satelital de peixes-bois marinhos no Brasil

Cine Peixe-Boi leva temáticas socioambientais a comunidades litorâneas da PB, BA e SE

FOTO LUCIO BORGES/ ACERVO FMA

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO


Investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil.


EDIÇÃO 10 ABR/2018


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CAPA PVPBM amplia área de atuação no Nordeste para proteger mamífero ameaçado de extinção no Brasil

ESPECIAL

10 PVPBM investiga morte de animal reintroduzido

COLUNA CIENTÍFICA

18 Caracterização das áreas de uso dos peixesbois marinhos na Paraíba

PESQUISA

20 Desenvolvimento de tecnologia inovadora

no litoral norte da Paraíba

CONSERVAÇÃO MARINHA

12 Trabalho de conservação do peixe-boi marinho realizado na Paraíba é tema de documentário da National Geographic

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

14 Cine Peixe-Boi leva audiovisual com temáticas

aplicada ao monitoramento satelital dos peixes-bois marinhos no Brasil

FMA

23 FMA promove Encontro de Projetos e Pesquisas no Nordeste

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GPS

socioambientais a comunidades litorâneas do Nordeste

DIÁRIO DE BORDO

16 Por Vanessa Rebelo

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REVISTA A BORDO

Jornalista responsável Karlilian Magalhães Design gráfico Giovanna Monteiro Revisão técnica João Carlos Gomes Borges TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Coluna Científica Sebastião Silva Diário de Bordo Vanessa Rebelo Pesquisa João Carlos Gomes Borges GPS Jociery Vergara-Parente, Jéssica Dias e Iara Medeiros

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FOTO REFLEXÃO

ILUSTRAÇÃO


FOTO ENRICO FOTO LUCIANO CANDISANI/ ACERVO FMA MARCOVALDI / ACERVO FMA

EDITORIAL

A Revista A Bordo é o periódico de comunicação e informação científica do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) – uma estratégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção desta espécie do Nordeste do Brasil, iniciativa que conta com o patrocínio da PETROBRAS, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. O objetivo desta publicação quadrimestral é levar informação e sensibilizar os leitores sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente. Com este propósito, a Revista A Bordo chega a sua décima edição. Nesta publicação, traremos notícias sobre a ampliação da área de atuação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho no Nordeste do Brasil. Além da Paraíba, o Projeto vai atuar nos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Você vai ver também que o trabalho de conservação do peixe-boi marinho realizado pelo PVPBM e comunidade da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape foi tema de um documentário da National Geographic, que foi ao ar no Canal NatGeo como um dos episódios da série “No Mar: Um mergulho no conhecimento”. A Revista traz ainda informações sobre os trabalhos de investigação com relação à morte de Tita, um peixeboi marinho reintroduzido que vivia no litoral norte da Paraíba, fato que deixou toda a equipe triste e ao mesmo tempo ainda mais motivada a intensificar a missão de proteger a espécie. No contexto da Educação Ambiental, traremos uma matéria sobre o Projeto Cine Peixe-Boi, que nasceu na Paraíba, mas que agora em 2018 incluirá na sua programação de visitas sessões em comunidades litorâneas de outros estados do Nordeste. Na Coluna Científica, o ecólogo e pesquisador Sebastião Silva fala sobre a caracterização das áreas de uso do peixe-boi marinho na Paraíba. E quem assina o Diário de Bordo desta edição é a médica veterinária Vanessa Rebelo, que conta um pouco de sua experiência no trabalho de conservação do peixe-boi marinho no litoral nordestino. Na seção Pesquisa, o médico veterinário e pesquisador João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, apresenta um trabalho científico sobre desenvolvimento de tecnologia inovadora aplicada ao monitoramento satelital dos peixes-bois marinhos no Brasil. Na seção FMA, você vai conferir como foi a quarta edição do Encontro de Projetos e Pesquisas, realizado em Sergipe. A Revista também traz uma ilustração elaborada pela designer pernambucana Giovanna Monteiro, além da seção Foto Reflexão e de indicações de livros e agenda de eventos científicos previstos para 2018 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente. Boa leitura! Karlilian Magalhães, assessora de comunicação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

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CAPA

Projeto Viva o PeixeBoi Marinho amplia área de atuação no Nordeste para proteger mamífero ameaçado de extinção no Brasil O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está em perigo de extinção no Brasil. Para tentar reverter esta situação, desde 2013, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) - uma estratégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil – vem atuando no litoral norte da Paraíba, mais precisamente na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, uma região com atributos ecológicos que propiciam a existência da espécie. A partir de uma experiência que vem surtindo avanços na Paraíba, este ano, o Projeto, que conta como patrocínio da Petrobras, vai expandir suas ações para outros estados do Nordeste com atividades socioambientais que visam a conservação tanto do peixe-boi marinho quanto de seu habitat, agregando neste contexto a participação social. Além da Paraíba, serão contemplados Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia (todos considerados rota de ocorrência do animal, porém com os ambientes costeiros impactados por ações humanas). A principal ameaça à espécie no Brasil ainda continua sendo os impactos ambientais provocados pelos seres humanos. Lixo, esgoto e substâncias tóxicas lançadas nos mares e nos rios, circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da espécie, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, perda de habitat (estuários e áreas costeiras), captura acidental em redes de pesca. Todos estes fatores vêm colocando em risco o ambiente, a saúde e a vida dos peixes-bois marinhos. As estratégias desenvolvidas pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, com diretrizes nacionais e internacionais para a conservação de sirênios, foram pensadas para tentar reverter ou minimizar estas ameaças. O PVPBM atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite (inédita do Brasil), resgate, acompanhamento e reintrodução de filhotes ao ambiente natural, educação ambiental, cultura, turismo ecológico e políticas públicas voltadas para conservação da espécie e áreas marinhas protegidas.

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FOTOS LUCIANO CANDISANI / ACERVO FMA

Em cada estado que o Projeto atuará, serão desenvolvidas ações específicas para o contexto do local. “Os peixes-bois marinhos são considerados uns dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção no Brasil e os habitats utilizados por estes animais encontram-se seriamente comprometidos. Em Sergipe, por exemplo, apesar de a região ser dotada de atributos ecológicos propícios ao peixe-boi marinho, o grande problema é a questão do tráfego de embarcações motorizadas em áreas de ocorrência da espécie, que vem causando atropelamento e mutilações nos animais. Desta forma, neste estado, nós vamos atuar monitorando os peixes-bois marinhos reintroduzidos e desenvolvendo ações de educação ambiental, com palestras e atividades culturais, a exemplo do Cine Peixe-Boi com exibição e estímulo à produção de vídeos voltados para a conservação ambiental”, explica o pesquisador e médico veterinário, João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Em Alagoas, estão previstas campanhas educativas e participação no desenvolvimento de políticas públicas junto a APA Costa dos Corais e a APA Piaçabuçu. O projeto também atuará no extremo norte da Bahia com educação ambiental, promoção de eventos eco culturais e monitoramento via satélite de um peixe-boi marinho reintroduzido. No estado de Pernambuco, a atenção vai para o litoral norte, mais

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precisamente para a costa do município de Goiânia até a praia de Carne de Vaca, com a realização de campanhas educativas e contribuição em fóruns ambientais voltado para a construção de políticas públicas. “A participação das comunidades litorâneas nestas ações é de fundamental importância para a conservação dos peixes-bois marinhos e de seu habitat. Nós acreditamos que somente por meio da troca de experiências e conhecimentos com estes atores sociais (moradores, pescadores, estudantes, professores, comerciantes, turistas, ONGs, governos), aliadas a um processo de educação ambiental é que vai ser possível obter avanços na área”, complementa o pesquisador. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental – possui uma base executora na APA da Barra do Rio Mamanguape (PB) e conta com estruturas de apoio nas unidades da Fundação Mamíferos Aquáticos localizadas no Recife (PE), Aracaju (SE) e Mangue Seco (BA). A FMA é uma organização social sem fins lucrativos que há 28 anos trabalha com a missão de promover a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental. Qualquer informação sobre peixe -boi marinho (casos de encalhe, ameaças, dúvidas), entre em contato pelos telefones: (83) 999611338/(83) 99961-1352/(81) 3304-1443.


FOTO FERNANDO CLARK / ACERVO FMA

Saiba mais sobre a espécie O peixe-boi marinho é um mamífero aquático da ordem dos Sirênios, da família Trichechidae. Num ambiente saudável e livre de ameaças, ele pode viver de 50 a 60 anos, chegando a ter aproximadamente 4 metros e a pesar em torno de 500 kg. Apesar de todo este peso e do corpo volumoso, ele é herbívoro, se alimenta de algas, capim-agulha, folhas de mangue, entre outras plantas marinhas. É um animal extremamente dócil, mas que não deve ser tocado e nem domesticado pelos seres humanos. O peixe-boi marinho é uma espécie que tem características peculiares quanto à procriação. Uma fêmea tem uma gestação que dura 13 meses e passa cerca de dois anos amamentando o filhote. Ou seja, é preciso três a quatro anos para gerar uma nova vida, o que torna ainda mais delicado o trabalho de conservação da espécie. Neste processo da relação mãe-filhote, é preciso bastante atenção. O ambiente ideal para que a fêmea cuide do filho é aquele que tenha água calma e alimentos ricos em nutrientes que sejam de fácil acesso, no caso os estuários e regiões costeiras protegidas. É lá que elas buscam se reproduzir, parir e descansar. Com o comprometimento destas áreas costeiras (em decorrência dos assoreamentos, poluição, entre outros fatores) muitas vezes as fêmeas reproduzem em áreas desprotegidas, o que acaba favorecendo para o encalhe dos filhotes.

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ESPECIAL

Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho investiga morte de animal reintroduzido no litoral norte da Paraíba Era tarde do dia 20 de fevereiro, quando a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) com patrocínio da Petrobras, recebeu a informação de que havia um peixe-boi marinho (Trichechus manatus) encalhado morto em uma das camboas do Rio Mamanguape. A médica veterinária e os técnicos de campo do Projeto e da Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape imediatamente se dirigiram ao local para verificar o ocorrido. Com a ajuda do equipamento de telemetria via satélite, a equipe identificou a localização exata do animal. Ele estava numa camboa conhecida como Portinho da Boa Vista, localizada na cidade de Marcação, litoral norte da Paraíba, e se tratava de “Tita”, um peixe-boi marinho fêmea, conhecido na região. Os integrantes do Projeto levaram a carcaça para a base da APA da Barra do Rio Mamanguape, onde foi submetida à necropsia. Na ocasião, amostras de órgãos e tecidos foram coletadas para análises laboratoriais complementares com o intuito de identificar a possível causa da morte.

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“Estamos realizando estudos mais aprofundados e enviando as amostras biológicas coletadas durante a necropsia para laboratórios no Recife e em São Paulo para entendermos o que aconteceu de fato com o animal e fecharmos um diagnóstico preciso sobre a causa da morte”, afirma o pesquisador e médico veterinário, João Carlos Gomes Borges, coordenador do PVPBM. Tita era um animal reintroduzido. Foi encontrada, ainda filhote, encalhada numa praia do Ceará em 2005 e levada para o Centro Mamíferos Aquáticos/ ICMBio, em Itamaracá, onde recebeu atendimento adequado e permaneceu por cinco anos em processo de reabilitação. Em 2010, já reabilitada, foi transferida para o cativeiro construído em ambiente natural no estuário da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, para a readaptação, sendo solta neste estuário em 2012. De acordo com os técnicos do PVPBM, Tita apresentava uma área de uso diferente dos outros animais reintroduzidos. Ela costumava frequentar os locais situados mais a jusante do rio. Os outros peixes-bois utilizam mais a desembocadura do estuário. Assim como os quatro animais


FOTO ACERVO FMA

reintroduzidos (Mel, Iara, Puã e Zelinha), Tita vinha sendo monitorada via satélite pela equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que também vem realizando o acompanhamento veterinário com intuito de verificar o estado de saúde destes espécimes. O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) está em perigo de extinção no Brasil. A morte de um peixe-boi marinho representa uma tristeza sem tamanho para instituições, comunidades e ambientalistas que trabalham em prol da conservação da espécie. Em um ambiente conservado, estes animais podem viver uma média de 50 a 60 anos. No entanto, os impactos ambientais provocados pelo homem ainda representam a maior ameaça à espécie. Lixo, esgoto e substâncias tóxicas lançadas nos mares e nos rios, circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da espécie, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, a perda de habitat (estuários e áreas costeiras), captura acidental em redes de pesca. Todos estes fatores colocam em risco o ambiente, a saúde e a vida deste mamífero.

O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – que é realizado pela FMA e patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental – está atuando na Paraíba desde 2013 com ações e atividades que visam evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Este foi o segundo caso de encalhe de peixe-boi marinho morto registrado este ano no litoral paraibano. A equipe do Projeto orienta que caso alguém encontre um peixe-boi marinho ou qualquer mamífero aquático encalhado, vivo ou morto, nas praias da Paraíba, o primeiro procedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região ou entrar em contato com a FMA, pelos telefones: (83) 99961-1338/(83) 99961-1352/(81) 3304-1443. Em casos de encalhe de animais vivos, enquanto aguarda a chegada do resgate, a pessoa deve seguir as seguintes orientações: 1. Se o animal estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra; 2. Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água; 3. Evite aglomeração a sua volta.

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CONSERVAÇÃO MARINHA

Trabalho de conservação do peixeboi marinho realizado na Paraíba é tema de documentário da National Geographic O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está em perigo de extinção no Brasil. A equipe de TV da Série “No Mar: Um Mergulho no Conhecimento ”, do canal NatGeo, esteve na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, no mês de dezembro, acompanhando os trabalhos desenvolvidos pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) e comunidade local em prol da conservação da espécie. A FMA atua na região com o Projeto Viva o Peixe-Boi

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Marinho - patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental – nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. No episódio intitulado “Peixe-Boi”, a equipe da NatGeo traz para reflexão social a atual situação do


IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO

peixe-boi-marinho no Brasil e os esforços de um trabalho em conjunto (instituições, pesquisadores e comunidade) para tentar proteger o animal e evitar a extinção da espécie. São abordados os aspectos biológicos e ecológicos do mamífero, curiosidades sobre a espécie, cenas inéditas de um manejo para instalação de um equipamento de monitoramento via satélite e o funcionamento desse monitoramento. As belezas naturais da Barra de Mamanguape - em imagens fascinantes de paisagens de mar, estuário e mangue - também foram ressaltadas no documentário que tem 15 minutos de duração. O episódio sobre o peixe-boi marinho foi ao ar no canal NatGeo nos dias 08 e 09 de março, mas já se encontra disponível na internet, no canal da Petrobras no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=hg4TnhbPqN8.

habitats, visando a sustentabilidade socioambiental. Qualquer informação sobre peixe-boi marinho (casos de encalhe, ameaças, dúvidas), entre em contato pelos telefones: (83) 99961-1338/(83) 999611352/(81) 3304-1443.

As ações e atividades do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho podem ser acompanhadas também pelo site www.vivaopeixeboimarinho.org, pelo instagram. com/vivaopeixeboimarinho e pelo www.facebook. com/vivaopeixeboimarinho. O PVPBM possui uma base executora na APA da Barra do Rio Mamanguape (PB) e conta com estruturas de apoio nas unidades da Fundação Mamíferos Aquáticos localizadas no Recife (PE), Aracaju (SE) e Mangue Seco (BA). A FMA é uma organização social sem fins lucrativos que há 28 anos trabalha com a missão de promover a conservação dos mamíferos aquáticos e seus

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Cine Peixe-Boi leva audiovisual com temáticas socioambientais a comunidades litorâneas do Nordeste

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O Cine Peixe-boi é um projeto itinerante que promove exibições de filmes com temas ecológicos, culturais e socioambientais com o objetivo de sensibilizar o público sobre a importância da conservação do peixe-boi marinho e do meio ambiente, levando a cultura do audiovisual a comunidades, distantes dos grandes centros urbanos, que não possuem acesso a cinema. Foi criado em 2013 por jovens de comunidades da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, durante a Oficina de Agentes Ambientais promovida pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM), com patrocínio da Petrobras. De lá pra cá, o Cine Peixe-Boi já visitou diversas localidades da costa paraibana e agora, após cinco anos de atividade, está incluindo também na sua programação de visitas sessões especiais em comunidades litorâneas de outros estados do Nordeste, a exemplo de Sergipe e Bahia. E funciona assim: os realizadores do Cine Peixe-Boi articulam a ida à comunidade com associações de moradores, pescadores, escolas do local e levam uma estrutura com telão e som para montar em um espaço público. As pessoas vão chegando, se acomodando e acontece a exibição dos filmes. Durante as sessões de cinema são distribuídas pipocas e guloseimas para

as crianças. O Cine Peixe-Boi também promove palestras, debates, momentos de leitura com o Baú de Histórias do Peixe-Boi, exposição fotográfica, atividades de eco recreação e apresentações culturais. Está nos planos do projeto oferecer oficinas de criação de vídeos artesanais, com utilização de equipamentos simples e domésticos, como câmeras de celular, onde a própria comunidade produza seus pequenos filmes e possa se enxergar num processo criativo. “Ver as crianças com o sorriso no rosto, se divertindo e interagindo, cantando a música do peixe-boi, isso não tem preço. As crianças saem maravilhadas. Para eles, tudo isso é muito novo e uma novidade muito boa por sinal. Eles têm a oportunidade de aprender se divertindo”, diz Sebastião Silva, ecólogo do PVPBM e um dos idealizadores do Cine PeixeBoi. Para solicitar a presença do Cine Peixe-Boi na comunidade, basta entrar em contato com a equipe do PVPBM pelos telefones: (83) 99961-1338/(83) 99961-1352/(81) 3304-1443. O Cine Peixe-Boi faz parte das atividades de Educação Ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que é patrocinado pela PETROBRAS por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

FOTOS ACERVO FMA

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Diário de bordo POR VANESSA ARAUJO REBELO Médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho

Desde a época da minha formação acadêmica, sempre enxerguei o peixe-boi marinho com muita ternura e admiração, são seres incrivelmente carismáticos e genuinamente gentis. Acredito que podemos aprender muito com a natureza e principalmente com os animais, e estes indivíduos tem algo especial. Como reflexo de seu comportamento extremamente dócil, infelizmente, a espécie ainda luta com muita coragem para habitar nossa costa. Mesmo com uma população bastante reduzida, ainda são exemplo de esperança, força e mansidão. Sou da cidade São Paulo, mas sempre tive forte conexão com o mar e com os seres que nele habitam. Durante toda minha formação, trabalhei com animais aquáticos e silvestres. Tive oportunidade de passar por diversas instituições privadas, públicas, projetos e ONGs, cada local me trouxe perspectivas únicas pelas quais sou grata, até chegar a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) em 2016, que me proporcionou excelentes experiências para além das minhas expectativas. Na FMA, fui selecionada para trabalhar na APA da Barra do Rio Mamanguape com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM). Ao passar pela estrada de difícil acesso, enquanto “corriam” as plantações de cana-de-açúcar pela janela do carro, mais ansiosa e intrigante ficava aquela viagem. E ao chegar nessa simples, mas aconchegante comunidade, tive uma sensação de plenitude, positividade e tranquilidade. Na Barra do Rio Mamanguape habita muita natureza preservada e uma comunidade acolhedora, de raiz forte e com muitos sorrisos e abraços fraternos. A Barra de Mamanguape significa a beleza da simplicidade, me deslumbra todas as suas formas. Ser médica veterinária no PVPBM e trabalhar nesse local é extremamente empolgante e motivante. A FMA possui diversos

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parceiros e colaboradores, veterinários atuantes em outras localidades onde é possível a troca de experiências contribuindo com o enriquecimento técnico. E na região da Barra do Rio Mamanguape, devido à sua diversidade e grande área preservada, é possível desenvolver de forma ampla habilidades técnicas de diversas formações. Minhas atividades vão desde o atendimento de ocorrências de encalhes ao monitoramento e manejo dos peixes-bois reintroduzidos, relatórios e educação ambiental. O projeto é extremamente dinâmico e possui inúmeras pesquisas que auxiliarão na gestão de políticas públicas e em diversas proposições acerca das ações para conservação dos peixes-bois e seus habitats. Aqui sou responsável pelos atendimentos de encalhes de mamíferos aquáticos, vivos ou mortos, por todo litoral do estado da Paraíba. Organizo e gerencio as atividades de capturas e manejos dos peixesbois marinhos reintroduzidos. Além das minhas atividades voltadas para avaliação clínica e necropsias. Também sou responsável pelo gerenciamento das atividades e equipe, sistematização dos dados, demandas burocráticas, logística e infraestrutura. Estas demandas são essenciais para a qualidade e a devida execução das ações propostas. Nestes dois últimos anos, a FMA me permitiu usufruir de toda troca de experiências magníficas e viver essa grande “aventura” em prol da conservação dos peixes-bois marinhos. Tenho estado ativamente presente nas atividades de monitoramento, capturas e manejos clínicos e à frente do gerenciamento da base, apoiando desenvolvimento dos radiotransmissores satelitais confeccionados com tecnologia nacional para o monitoramento dos peixes-bois marinhos reintroduzidos, no qual esta ação da FMA foi pioneira no Brasil. Esta iniciativa teve como produto


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o levantamento de diversas informações importantes sobre a ecologia dos animais auxiliando na conservação dos peixes-bois marinhos e seus habitats. A distância da família e dos amigos são fatores bem desafiadores, mas o apoio deles e o amor pela causa supre essa lacuna. Morar longe da família, encaro como um instrumento de fortalecimento emocional e de superação. Minha maior motivação é a paixão pelos peixes-bois marinhos e toda a fauna aquática, sendo estes o meu grande impulsionador, essa nossa missão no projeto nos fornece todo o suporte e serve como combustível para superar qualquer obstáculo. Trabalhar em um projeto socioambiental é estar numa posição de constante contemplação e gratidão. Ainda poder ver locais tão bem preservados e estar contribuindo para esta conservação, é extremamente gratificante. Frequentemente me pego distraída com as simples belezas deste especial lugar. Aqui o tempo tem o respeito de todos os moradores. A troca de brilho entre as pessoas e o lugar é realmente especial. Estou submersa em uma linda e rica experiência profissional e pessoal, que só reafirma minha paixão pela conservação dos animais e ambientes aquáticos.

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Caracterização das áreas de uso dos peixesbois marinhos (Trichechus manatus) na Paraíba POR SEBASTIÃO SILVA Ecólogo e pesquisador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho

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Os peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) constam na lista de espécies de fauna ameaçadas de extinção do ICMBIO (2014) como “Em perigo” e na lista da IUCN (2008) como “Vulnerável”. Estes animais possuem hábitos costeiros e necessitam de certas condições ambientais para sobreviver. Desta forma, o reduzido conhecimento que se tem sobre essa espécie, as constantes alterações em seus habitats devido a atividades antrópicas - principalmente em rios, estuários e na zona costeira - contribuem para sua vulnerabilidade (OLIVEIRA-GÓMEZ & MELLINK, 2005).

Na escolha da área de estudo, foram levadas em consideração as regiões de uso de cinco peixes-bois marinhos reintroduzidos no estuário do rio Mamanguape, abrangendo as regiões da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Lucena e Cabedelo, no estado da Paraíba. Estes animais estão sendo monitorados por meio de sistemas satelitais e VHF, permitindo a localização deles diariamente. Adicionalmente, estes indivíduos estão sendo monitorados “in loco”, o que permite obter informações sobre a localização, padrões comportamentais, uso das áreas e a presença de atividades humanas.

Pensando em fomentar os estudos e contribuir com informações relevantes para possibilitar um maior conhecimento sobre a espécie, desde 2017 estamos realizando um trabalho que visa caracterizar as áreas de uso dos peixes-boi marinhos reintroduzidos na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape e demais locais utilizados por estes animais no litoral da Paraíba.

A partir das coordenadas obtidas no monitoramento destes animais, estas foram espacializadas, possibilitando a identificação das principais áreas de uso de cada animal monitorado. Com a identificação destas áreas, em campo, foram observadas as seguintes variáveis: ambiente protegido ou aberto; tipo de solo; profundidade; presença de lixo; ocupações nas proximidades; presença de embarcações; odor na água e a presença de itens alimentares.

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COLUNA CIENTÍFICA


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Para obter estas informações, a partir de áreas previamente selecionadas, foram realizados mergulhos (livre e autônomo), nas estações seca e chuvosa. Nos locais onde foi constatado a presença de alimentos, uma série de imagens fotográficas foram realizadas, subsidiando a identificação das espécies vegetais presentes. Adicionalmente, por meio de uma planilha de campo, as demais informações sobre o ambiente e as atividades humanas existentes foram obtidas.

e comportamentais da espécie, o qual seguirá em desenvolvimento com o propósito de obter dados robustos e que possam contribuir não somente para ampliar o conhecimento sobre os peixes-bois marinhos, mas subsidiar as estratégias de conservação adotadas para a espécie no Brasil.

As regiões onde há uma maior concentração de coordenadas – nas quais são observadas uma diversidade e abundância de itens alimentares – estão sendo classificadas como área de alimentação. Os locais onde a frequência de pontos é grande e onde há poucos ou nenhum item alimentar, são atribuídos como área de repouso e ou ingestão de água. Já os lugares onde a constância de pontos foi baixa, com profundidades maiores, correlacionou-se a uma área apenas de passagem. Este trabalho, apresenta-se como sendo de extrema importância para avanços acerca dos aspectos biológicos, ecológicos

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PESQUISA A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado por João Carlos Gomes Borges, médico veterinário, diretor-presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos e doutorando na Universidade Federal Rural de Pernambuco.

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA INOVADORA APLICADA AO MONITORAMENTO SATELITAL DOS PEIXES-BOIS MARINHOS NO BRASIL Autores: João Carlos Gomes Borges¹, Jean Paul Dubut², José Eduardo Mantovani², Raphael Dantas Círiaco², Sebastião Silva dos Santos¹, Vanessa Araujo Rebelo¹, Genilson Geraldo dos Santos¹, Miriam Marmontel³, Jociery Einhardt Vergara-Parente¹. 1. Fundação Mamíferos Aquáticos; 2. Nortronic – Sistemas Eletrônicos do Nordeste; 3. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

1. INTRODUÇÃO Considerando o status dos peixes-bois marinhos no Brasil, assim como a descontinuidade nas áreas de distribuição e a reduzida estimativa populacional (Alves et al., 2015), na estratégia nacional de conservação dos sirênios, as reintroduções vêm sendo evidenciadas como prioritária (ICMBIO, 2011). Entretanto, seguindo os protocolos existentes, estes procedimentos devem ser realizados a partir do monitoramento dos animais, por meio de técnicas satelitais ou VHF (Lima et al., 2007).

GPS destinados ao monitoramento dos peixes-bois marinhos.

No Brasil, até 2016, não existiam equipamentos de telemetria satelital para os peixes-bois marinhos sendo fabricados, acarretando em dificuldades nos processos de importação, além do alto custo destes equipamentos. Em decorrência disto, muitas vezes o cronograma de reintrodução sofria interrupções em face as dificuldades envolvidas para a aquisição destes equipamentos.

Inicialmente foi realizada a programação das transmissões em um ciclo de seis horas, onde duas horas o sistema permaneceu ligado e transmitindo as coordenadas, e quatro horas desligado, sendo possível alterar este funcionamento. Após os testes iniciais, a programação foi modificada para 15 minutos de transmissão para cada ciclo de três horas.

Neste sentido, este trabalho teve como objetivo desenvolver transmissores satelitais com localizador

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2. MATERIAL E MÉTODOS Os transmissores satelitais concebidos utilizaram o sistema GlobalStar, arquitetados a partir de um módulo SPOT Messenger, programado para receber comandos provenientes da placa controladora, gerada por um microcontrolador da família PIC, de Microchip. Completando o hardware, o dispositivo dispõe ainda de um transmissor VFH.

As coordenadas geográficas, disponibilizadas através da GlobalStar, permitiram a visualização de mapas por meio do Google Maps e Google Earth. O acon-


Figuras 1 e 2: Monitoramento dos peixes-bois marinhos no estuário do rio Mamanguape, por meio de tecnologia satelital. dicionamento do aparato tecnológico foi idealizado para permanecer no interior de um housing, medindo 16.5 cm e pesando 1.9 kg, sendo este atrelado aos animais, por meio dos acessórios de marcação tradicionalmente utilizados (Lima et al., 2007). Inicialmente, os equipamentos foram testados em dois animais mantidos em cativeiro no ambiente natural de Porto de Pedras/AL. Em seguida teve início a marcação de cinco peixes-bois marinhos reintroduzidos no estuário do rio Mamanguape/PB (Figuras 1 e 2). Além da obtenção dos sinais satelitais, a coleta de dados ocorreu por meio do monitoramento realizado em campo, através de pesquisadores utilizando o sistema VHF e contando com planilhas padronizadas, permitindo a coleta de dados inerentes aos aspectos comportamentais dos animais, áreas de uso, coordenadas geográficas, entre outros. Para a caracterização das áreas utilizadas pelos animais, todos os pontos de ocorrência foram espacializados em um único mapa. A partir da densidade apresentada, quadrantes foram previamente definidos e pontos específicos foram selecionados, como forma de representar as possíveis diferenças existentes em cada localidade. Em cada ponto, considerados unidades amostrais independentes, um raio de 10 metros foi estabelecido por meio da orientação de uma trena. Em cada unidade amostral, foram realizados mergulhos (autônomo e em apneia) e registros fotográficos acerca da presença da flora aquática (algas marinhas, angiospermas, macrófitas de água doce) e tipo de substrato do fundo. Adicionalmente, foram obtidas as coordenadas geográficas, dados meteorológicos, visibilidade da água, morfodinâmicos, fauna adjacente (osteíctes, cefalópodes ou hidrozoa), presença de ocupações huma-

nas, presença ou ausência de resíduos sólidos, odor da água, sonorização, tipo de embarcações e/ou características indicativas de atividades antrópicas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação à concepção dos equipamentos, a partir de testes realizados fora d’água e com os peixesbois marinhos mantidos em cativeiro no ambiente natural, assim como os espécimes reintroduzidos, constatou-se a boa flutuabilidade do housing, permitindo todos os padrões de deslocamentos dos animais. Acerca dos mecanismos de transmissão, no que tange ao dispositivo GPS, a localização ocorreu de forma bastante satisfatória, com excelente precisão das coordenadas recebidas, permitindo assim, a geração dos mapas de ocorrência dos animais monitorados (Figura 3). Com relação ao VHF, este dispositivo tem auxiliado o monitoramento em campo, possibilitando ao pesquisador, localizar o animal para os devidos estudos ou recuperar os transmissores para manutenção/reparo. A combinação dos sistemas satelital e VHF vem sendo utilizada no monitoramento de peixes-bois marinhos no Brasil (Normande et al., 2014), porém de forma inédita, o sistema GlobalStar encontra-se sendo utilizado para esta finalidade. Assim, mantendo a premissa em conceber estes equipamentos, a partir de materiais de baixo custo e disponíveis no mercado nacional, o produto final obtido apresenta-se viável tecnicamente e economicamente acessível para as demais iniciativas desta natureza. Com base em todos os estudos realizados, os equipamentos e o sistema concebido encontramse aptos para as atividades de monitoramento dos peixes-bois marinhos em vida livre.

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Figura 3: Mapa de distribuição de cinco peixes-bois marinhos monitorados, considerando os dados obtidos por meio do sistema satelital e VHF.

4. AGRADECIMENTOS APA Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, ARIE dos Manguezais da Foz do Rio Mamanguape/ICMBio, APA Costa dos Corais/ICMBio, CEPENE/ICMBio, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e ao Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M.D.O. KINAS, P.G. MARMONTEL, M. et al. First abundance estimate of the Antillean manatee (Trichechus manatus manatus) in Brazil by aerial survey. JMBA, 112, 2015. ICMBio. Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Sirênios: peixe-boi da Amazônia: Trichechus inunguis e peixe-boi marinho: Trichechus manatus. III versão. 80 p., 2011. LIMA, R. P. ALVITE, C. M. C. VERGARAPARENTE, J. E. Protocolo de reintrodução de peixes-bois marinhos no Brasil. 62 p. 2007. LIMA, R. ALVITE, C. M. C. REID, J. P. JÚNIOR, A. B. Distribuição especial e temporal de peixes-bois (Trichechus manatus) reintroduzidos no litoral Nordeste do Brasil. Natural Resources, 2(2): 6380, 2012. NORMANDE, I. C. LUNA, F. O. MALHADO, A. C. M. et al. Eighteen years of Antillean manatee Trichechus manatus manatus releases in Brazil: lessons learnt. Oryx, 17. 2014.

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FMA

FMA promove Encontro de Projetos e pesquisas no Nordeste Incentivar a produção científica voltada para a conservação dos animais marinhos e de seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental. Este é o objetivo do Encontro de Projetos e Pesquisas (EPP) promovido anualmente pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA). A quarta edição do evento aconteceu em Aracaju (SE), no mês de dezembro, e contou com a participação de pesquisadores associados e do corpo técnico da FMA, que apresentaram seus trabalhos e compartilharam pesquisas desenvolvidas ao longo do ano, com resultados preliminares e finais. O encontro contou com a apresentação de cinco iniciações científicas, seis pesquisas de campo, uma monografia, duas pesquisas de mestrado, duas de doutorado e uma de pós-doutorado, além dos resultados de 06 projetos institucionais em andamento. Dentre os temas abordados nas iniciações científicas, estavam: Fauna parasitária em Calonectris borealis na Bacia Sergipe/Alagoas; Diagnóstico radiográfico em tartarugas-marinhas; Ocorrência, identificação e localização de marcas de interação antrópica em cetáceos; Afecções do trato gastrointestinal de tartarugas marinhas resgatadas entre a costa norte da Bahia ao sul de Alagoas; e Coleções biológicas: uma ferramenta para a educação ambiental. Na área de pesquisa de campo, foram apresentados os seguintes trabalhos: Interações negativas de mamíferos aquáticos e atividades pesqueiras na Bacia Sergipe/Alagoas; Caracterização ambiental das áreas de uso dos peixes-bois na Paraíba; Proposição para o zoneamento da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape; Investigação de infecção por Brucella spp. em mamíferos aquáticos brasileiros; Elasmobrânquios registrados na Bacia Sergipe/ Alagoas; e Aves marinhas da Bacia Sedimentar de Sergipe/Alagoas. Já as produções acadêmicas abor-

daram os desgastes dentários em Sotalia guianensis encalhados na área de abrangência da Bacia Sergipe/ Alagoas; a análise do teor nutricional de plantas aquáticas utilizadas como potencial alimento por peixe-boi marinho; o comportamento e bioacústica do peixe-boi marinho na APA da Barra do Rio Mamanguape; a análise osteológica das cavidades orbitais e caracterização morfológica do globo ocular: estudo associado à compreensão dos mecanismos de visão em animais das Ordens Cetacea, Procellariformes, Charadriiformes e Testudinata; além da pesquisa e caracterização da morbilivirose em cetáceos no Brasil. “O EPP traz a oportunidade de expandir as diversas formas de conhecimento que são criadas dentro da própria Instituição por meio da troca de ideias e das conclusões encontradas em cada estudo”, ressalta o biólogo André Lucas de Oliveira, membro do Núcleo de Estudos dos Efeitos Antropogênicos nos Recursos Marinhos da FMA. Na oportunidade, é possível fazer uma retrospectiva de todas as obras que são ou que estão sendo desenvolvidas pela equipe da Fundação Mamíferos Aquáticos naquele ano. “É um momento de mobilização do corpo técnico e de mergulho na nossa missão, uma iniciativa vital para a instituição e também para o meio científico do Brasil. A Fundação é uma das poucas ONGs que ainda mantém o investimento em pesquisas e ações de produção científica no país, por meio de parcerias com universidades, de projetos patrocinados e de mobilização de recursos”, acrescenta Daniela Araújo, coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário.

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GPS

INDICAÇÕES VIDA MARINHA – 1º GUIA ILUSTRADO PARA CRIANÇAS Após anos de amor e dedicação à vida marinha, o artista plástico e educador ambiental, Alexandre Huber, conseguiu compilar neste livro 50 ilustrações de animais marinhos com texto sobre as curiosidades de cada espécie. Para esta missão, Huber convidou o biólogo e mergulhador Eric Comin e, juntos, por meio de uma linguagem divertida, buscam encantar crianças, jovens e também os adultos. A ideia é, por meio da transmissão de sua arte e conhecimento, contribuir para a formação de futuros Guardiões do Meio Ambiente. Para adquirir o livro, os interessados devem enviar um e-mail para o seguinte endereço eletrônico: huber_artemarinha@yahoo.com.br. Autores: Alexandre Huber e Eric Comin

PEIXE-BOI-MARINHO: BIOLOGIA E CONSERVAÇÃO NO BRASIL O livro “Peixe-boi-marinho: Biologia e Conservação no Brasil” tem como objetivo contribuir com o conhecimento e a conservação do peixe-boi-marinho no país. A obra, bilíngue, é resultado do trabalho árduo de pesquisadores e parceiros da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – Aquasis e reúne informações relevantes sobre a espécie no Brasil. O livro também conta com a contribuição de grandes fotógrafos como Enrico Marcovaldi, Chico Rasta Brandão, Fábio Arruda. Há diversas imagens do acervo da Aquasis e da Fundação Mamíferos Aquáticos. A obra, executada pela Aquasis e publicada pela Bambu Editora, faz parte do Projeto Manatí – patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Autora: Aquasis

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eventos Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2018 nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins. 4º Congresso Latino-Americano de Reabilitação de Fauna Marinha Data: 03 a 06 de setembro de 2018 Local: Florianópolis (SC) www.reabilitacaofaunamarinha.com.br IV CONMAR - 4º Congresso de Conservação Marinha Data: 12 a 15 de setembro de 2018 Local: Angra dos Reis (RJ) www.facebook.com/4conmar 15º Congresso Nacional de Meio Ambiente Data: 25 a 28 de setembro de 2018 Local: Poços de Caldas (MG) www.meioambientepocos.com.br/v.6/inscricoes XII Congreso de La Sociedad Latinoamericana de Especialistas en Mamíferos Acuáticos RT 18 Data: 05 a 09 de novembro de 2018 Local: Lima (Peru) solamac2018.com A Conferência da Terra Data: 06 a 10 de novembro de 2018 Local: João Pessoa (PB) www.aconferenciadaterra.com

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FOTO SARAH KATHER / ACERVO FMA

FOTO REFLEXÃO

Um peixe-boi marinho (Trichechus manatus) livre em um ambiente natural conservado e a comunidade convivendo harmonicamente com ele. Quer maior motivação para um trabalho de conservação de uma espécie que está em perigo de extinção no Brasil? Esta da foto é Zelinha, um peixe-boi marinho fêmea reintroduzido que o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho monitora com tecnologia via satélite no litoral norte da Paraíba, mais precisamente no estuário da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio de Mamanguape - uma região com atributos ecológicos que propiciam a existência de animais desta espécie. A imagem foi registrada durante uma saída de campo pela geógrafa voluntária Sarah Kather. É importante ter sempre em mente que, em um ambiente saudável e livre de ameaças, o peixe-boi marinho pode viver de 50 a 60 anos. E, neste contexto, o ser humano tem um papel fundamental para que esta longevidade seja alcançada. As atitudes e ações humanas com relação ao meio ambiente estão intrinsicamente ligadas ao status de conservação das espécies de fauna e flora existentes no planeta. Mais consciência, respeito e responsabilidade socioambiental!

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ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. A designer recifense Giovanna Monteiro apresenta a ilustração de uma das aves marinhas mais conhecidas no mundo, o Albatroz. Das 22 espécies de albatrozes que existem no planeta, 17 estão ameaçadas, ou em algum grau, de extinção, de acordo com a IUCN.

Albatroz. Por Giovanna Monteiro

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS Rua Guimarães Peixoto, 75 - Sala 1108 Casa Amarela - Recife - PE +55 (81) 3304 -1443 | fma@mamiferosaquaticos.org.br www.mamiferosaquaticos.org.br


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