Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho - 16 ª Edição

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Fundação Mamíferos Aquáticos

EDIÇÃO 16

Parceria:

R E V I S TA

A BORDO

“ASTRO”, PRIMEIRO PEIXE-BOI-MARINHO REINTRODUZIDO NO BRASIL, COMPLETA 30 ANOS Educação Ambiental: saiba mais sobre o “Viva o Peixe-Boi-Marinho vai às escolas”

Mais de meia tonelada de resíduo foi recolhida nas ações de limpeza de rios e praias na PB, SE e BA

Centro de Visitantes da APA da Barra do Rio Mamanguape está funcionando com protocolo de segurança para a saúde

FOTO ALLAN OLIVEIRA ACERVO FMA

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI-MARINHO


FOTO LUCIANO CANDISANI ACERVO FMA

Investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi-marinho no Brasil.


EDIÇÃO 16 JAN/2022

Esta revista é uma produção integrada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.


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ESPECIAL Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho contará com a parceria da Petrobras

CAPA “Astro”, primeiro peixe-boi-marinho reintroduzido no Brasil, completa 30 anos

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

14 Viva o peixe-boi-marinho vai às escolas

VOZ DOS OCEANOS

16 Dia do Rio Capibaribe é celebrado com evento especial no Recife

CONSERVAÇÃO MARINHA

18 Mais de meia tonelada de resíduo foi

DIÁRIO DE BORDO

24 por Fabíola Fonseca

COLUNA CIENTÍFICA

26 “Diagnóstico de Giardia em

peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) nos ambientes estuarinos

PESQUISA

28 “Dinâmica espaço-temporal dos bosques de mangues e sua relação com as ocorrências de encalhes de peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) na Paraíba”

FMA

34 Participe da campanha “Doe um livro para a Biblioteca Manatus e incentive leitores mirins”

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GPS

recolhida nas ações de limpeza de rios e praias nos estados da PB, SE e BA

TURISMO

22 Novo normal: Confira como está

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FOTO REFLEXÃO

funcionamento Centro de Visitantes da APA da Barra do Rio Mamanguape

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REVISTA A BORDO

Jornalista responsável Karlilian Magalhães Design gráfico Giovanna Monteiro Revisão técnica João Carlos Gomes Borges TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Coluna Científica Vanessa Rebelo Diário de Bordo Fabíola Fonseca Pesquisa Iara Medeiros

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ILUSTRAÇÃO


FOTO KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

EDITORIAL A Revista A Bordo é o periódico de comunicação e informação científica do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a PETROBRAS por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O objetivo desta publicação quadrimestral é levar informação e sensibilizar os leitores sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente. Na sua 16ª edição, a Revista traz como matéria de capa uma homenagem aos 30 anos do peixe-boi-marinho “Astro”, o primeiro da espécie a ser reintroduzido no Brasil. A Revista traz ainda uma boa nova sobre a parceria do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho com a Petrobras e os planos para esta terceira temporada de atividades. Nesta edição você confere também o resultado das ações do PVPBM em menção ao Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias nos estados de Sergipe, Paraíba e Bahia. Tem mais: Entenda como funciona o “Viva o Peixe-Boi-Marinho Vai às Escolas”, uma iniciativa voltada para a educação ambiental de estudantes do litoral nordestino, e aproveite para agendar uma ida da equipe do projeto a sua escola em 2022. Veja também como foi evento especial em celebração ao Dia do Rio Capibaribe no Recife. E confira como o Centro de Visitantes da APA da Barra do Rio Mamanguape e os passeios ecológicos embarcados estão funcionando neste período de novo normal. Na Coluna Científica, a médica veterinária Vanessa Rebelo, mestranda do Programa de Ecologia e Monitoramento Ambiental da UFPB e pesquisadora associada da FMA, compartilha informações relativas a um estudo sobre o diagnóstico de Giardia em peixes-bois-marinhos nos ambientes estuarinos. A seção Pesquisa traz o artigo “Dinâmica espaço-temporal dos bosques de mangues e sua relação com as ocorrências de encalhes de peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) na Paraíba”, da ecóloga Iara Medeiros, mestre em Ecologia e Monitoramento Ambiental pela UFPB. Quem assina a coluna Diário de Bordo desta edição é Fabíola Fonseca, bióloga e pesquisadora da Fundação Mamíferos Aquáticos que acompanha o PVPBM desde a sua criação. Na seção FMA, veja como participar da Campanha “Doe um Livro para a Biblioteca Manatus e Incentive Leitores Mirins”. A Revista também traz uma série ilustrativa sobre a maternidade do peixe-boi-marinho com a arte de Jacqueline Costa. Tem também as indicações de filmes e a agenda de eventos científicos previstos para 2022 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia, Meio Ambiente e afins. Boa leitura! Karlilian Magalhães, assessora de comunicação do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.

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ESPECIAL

FOTOS EDSON ACIOLI ACERVO FMA

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PROJETO VIVA O PEIXE-BOI-MARINHO CONTARÁ COM A PARCERIA DA PETROBRAS PARA REALIZAR AÇÕES EM PROL DA CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NO NORDESTE DO BRASIL Para garantir a realização das ações e pesquisas em prol da conservação dos peixes-bois-marinhos no Nordeste do Brasil, é preciso sempre uma grande e forte rede de apoio. Neste sentido, o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho tem uma ótima notícia: a sua parceria com a Petrobras foi renovada por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Este apoio vai ser muito importante para que o projeto continue realizando as atividades de conservação da espécie e de seu habitat no litoral nordestino. Uma notícia que enche a equipe de esperança para entrar nesta nova temporada com força total e muito trabalho para realizar. Além de acompanhar diariamente e monitorar por onde andam os peixes-bois reintroduzidos “Mel”, “Zelinha”, “Astro”, “Puã” e “Iara”, via transmissores (VHF e satelital), o projeto também trabalha com pesquisas científicas, sensibilização e educação ambiental, manejo, resgate, readaptação e reintrodução dos peixes-bois-marinhos em ambiente natural, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico de base comunitária e implementação de políticas públicas para garantir a conservação da espécie e de seu habitat. Além disso, a nova temporada do projeto terá atividades específicas

voltadas para a conservação dos ecossistemas costeiros marinhos, com ênfase nos manguezais, cuja conservação está diretamente ligada à conservação do peixe-boi-marinho. E todas essas ações estarão conectadas com as propostas e desafios previstos nas missões da Década do Oceano e da Década da Restauração de Ecossistemas, estabelecidas pela Organização Mundial das Nações Unidas. As novidades sobre o projeto poderão acompanhadas no site vivaopeixeboimarinho.org e também pelas redes sociais @vivaopeixeboimarinho (Instagram e Facebook). O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie do Nordeste do Brasil. Conta com o apoio da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Área de Relevante Interesse Ecológico Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, CEPENE/ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.

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CAPA

“ASTRO”, PRIMEIRO PEIXE-BOI-MARINHO REINTRODUZIDO NO BRASIL, COMPLETA 30 ANOS FOTO ALLAN OLIVEIRA ACERVO FMA

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Três décadas se passaram desde que “Astro” foi encontrado ainda filhote encalhado na praia de Aracati (CE), sendo resgatado e em seguida encaminhado para reabilitação. Quem diria que aquele filhote seria tão importante para a história da conservação do peixe-boi-marinho no Brasil. “Astro” junto com a fêmea “Lua” foram os primeiros animais da espécie a serem reintroduzidos no país, sendo precursores na prática de uma estratégia nacional voltada para conservação de peixe-boi-marinho criada em 1980 por pesquisadores brasileiros para tentar reverter a extinção da espécie no país. Depois deles, outros animais foram reintroduzidos e hoje circulam pelo litoral brasileiro, o que vem ratificando a importância desta estratégia para a conservação da espécie. Porém, os peixes-bois-marinhos enfrentam uma série de desafios e ameaças para continuarem vivendo em ambiente natural e saírem da lista brasileira de fauna ameaçada. No passado, a caça foi o principal problema enfrentado pela espécie. Atualmente, os fatores que colocam em risco o ambiente, a saúde e a vida dos animais são a poluição dos mares e rios, a circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência, perda de habitats (degradação de manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários), captura acidental em redes de pesca, encalhe de filhotes. Chegar aos 30 anos neste contexto é de fato uma grande vitória e só é possível devido a um histórico de muita força e resistência por parte da espécie e de colaboração, estudo e trabalho por parte de pesquisadores e comunidades litorâneas. “Astro” foi resgatado no Ceará, em 1991, pelo Grupo de Estudos de Cetáceos da Universidade Fede-

ral do Ceará – UFC, onde recebeu os primeiros atendimentos sendo na sequência transferido para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, localizado na Ilha de Itamaracá (PE), onde permaneceu por três anos em processo de reabilitação. Em 1994, foi transferido para um cativeiro construído em ambiente natural, em Paripueira (AL), e, após readaptado às condições ambientais, foi solto nesta mesma região. Por volta de 1998, “Astro” se deslocou para o litoral de Sergipe e, desde então, vem utilizando a área compreendida entre o rio Vaza-Barris (SE) e o complexo estuarino Real- Piauí-Fundo, na região de Mangue Seco, no litoral norte da Bahia. “É importante destacar que a presença deste animal nesta região é de grande relevância, pois trata-se da reocupação de uma área de ocorrência histórica e constitui a distribuição mais ao sul da espécie no Brasil”, lembra o pesquisador e médico veterinário prof. Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. No Brasil, a espécie está distribuída do litoral de Alagoas até o litoral do Amapá, de forma descontínua. E em Sergipe e norte da Bahia, “Astro” tem sido resistência e um personagem emblemático para a história da conservação da espécie. No entanto, o pesquisador ressalta que a presença de “Astro” nesta localidade desperta preocupações por parte de diversos profissionais e Instituições envolvidas na estratégia de conservação da espécie, tendo em vista que trata-se de um local com um intenso tráfego de embarcações motorizadas, principalmente no verão, e “Astro” apresenta um histórico de atropelamentos desde 2001, já tendo sido constatado pelo menos 16 eventos desta natureza, que ocasionaram sérios ferimentos, com risco de vida.

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“Felizmente, em todas as ocasiões, após o tratamento clínico realizado, a condição de saúde do animal foi restabelecida. Porém fica aqui o alerta”, destaca o coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. Além disto, frequentemente o animal sofre com o forte impacto de interações negativas dos turistas que visitam a região, já sendo registrados casos de pessoas que oferecem alimentos e bebidas a ele, o que pode trazer sérios problemas para o animal. A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - vem monitorando “Astro”, dispondo de equipamentos dotados com tecnologia satelital nacional, observando, avaliando o comportamento do animal, realizando atendimenFOTO BRUNO J. ALMEIDA ACERVO FMA

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to e tratamentos em ferimentos decorrentes principalmente de atropelamentos por embarcações motorizadas. Além disso, a equipe promove ações de educação ambiental para orientar a população sobre o que fazer (e o que não fazer) caso encontre um peixe-boi-marinho. Os pesquisadores pedem a colaboração de todos para não tocar, não alimentar e nem fornecer bebida aos peixes-bois-marinhos. “A aproximação, o toque e a oferta de alimentos podem causar uma dependência desses animais a estas ocasiões e trazer dificuldades para a adaptação deles à vida livre. Além disso, existem doenças que podem ser veiculadas nestes contatos, entre as pessoas e os peixes-bois. Ademais, determinadas tentativas de interação além de importunar podem machucar os animais”, explica o médico veterinário João Carlos


Gomes Borges. Ao encontrar um peixe-boi-marinho, o melhor a fazer é manter distância, respeitando o espaço do animal, e apenas admirá-lo de longe. Se perceber que o peixe-boi está em situação de perigo, encalhado ou machucado, a orientação é para entrar em contato com o Projeto Viva o PeixeBoi-Marinho/ Fundação Mamíferos Aquáticos: (79) 99130-0016 / (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp). Aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins), a equipe alerta: antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza de que o animal não está por perto. Se estiver navegando e avistar o animal nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos.

“Com as atividades de monitoramento e educação ambiental nestas áreas, com destaque para o fortalecimento da rede de colaboradores (formada por alguns comerciantes locais, barqueiros, moradores, que sempre nos ajudam a proteger o animal), já é possível perceber uma mudança significativa no comportamento das comunidades ribeirinhas. As ameaças ainda existem, porém com menos intensidade do que antes”, relata Allan Oliveira, biólogo do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho responsável pelo monitoramento de “Astro”.

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UMA HITÓRIA DE LUTA E RESISTÊNCIA Quanta coisa “Astro” enfrentou nesses 30 anos! A sua luta pela sobrevivência começou desde filhote, quando foi separado da mãe e encalhou recémnascido com 133 cm numa praia do Ceará. Muitas vezes essas separações entre mãe-filhote ocorrem devido ao impacto ambiental nas suas áreas de ocorrência. Com estuários e manguezais comprometidos (assoreados, desmatados, poluídos), as fêmeas acabam indo parir no mar, ambiente com ondas e circulação de embarcações que podem contribuir para que ocorra esta separação entre o filhote e a fêmea e consequentemente ocasionar os encalhes. E muito provavelmente “Astro” foi mais uma vítima. A sua chance de sobrevivência aumentou quando foi resgatado e encaminhado para um centro de reabilitação, onde foi amamentado e cuidado. Depois pasFOTO BRUNO J. ALMEIDA ACERVO FMA

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sou pela etapa de readaptação em ambiente natural (uma espécie de treinamento para a vida livre) e, assim que apto, foi reintroduzido na natureza, configurando historicamente a primeira reintrodução da espécie no país. “Astro” então seguiu o seu caminho e escolheu viver em uma região onde a espécie já era considerada extinta (SE e BA). E em pouco mais de 20 anos nesta região, sobreviveu a 16 casos de atropelamentos por embarcações motorizadas, ao impacto antrópico e assédio diário dos seres humanos e até ao maior desastre ambiental do litoral brasileiro, que aconteceu no ano 2019, quando manchas de óleo atingiram em cheio as praias do Nordeste e chegaram na área frequentada pelo animal. Na época, o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho cogitou até a possibilidade de retirá-lo do ambiente


natural e colocá-lo em um recinto para protegê-lo, mas felizmente não foi necessário. E ele, que é extremamente dócil e tem uma legião de fãs, sempre surpreende. A história de “Astro” ganhou um novo capítulo este ano: depois de passar mais de duas décadas circulando sozinho na região, “Astro” finalmente encontrou outro animal da espécie que apareceu no carnaval, o peixe-boi reintroduzido “Tupã”, um encontro memorável e bastante comemorado pelos pesquisadores. Os 30 anos de Astro merece de fato ser lembrado, ele e “Lua” foram os primeiros peixes-bois-marinhos reintroduzidos no Brasil, evidenciando uma história de esforço e dedicação da pesquisa sobre a espécie. Em menos de três décadas, aproximada-

PEIXE-BOI-MARINHO NO BRASIL O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) é um mamífero aquático herbívoro, distribuído de modo descontinuo entre o litoral dos estados do Amapá até Alagoas e com evidências de animais reintroduzidos utilizando o litoral de Sergipe e norte da Bahia. Pode viver até os 60 anos, chegando a medir 4 metros e pesar até 1.000 kg. No Brasil, infelizmente, o peixe-boi-marinho encontra-se “Em perigo” de extinção. O país acumulou uma dívida de 480 anos de desconhecimento e de caça predatória, que resultou em um acentuado declínio populacional, de tal modo que, em muitos locais de ocorrência histórica, a espécie desapareceu. Somente nas últimas quatro décadas é que o Brasil apresentou avanços significativos na conservação do peixe-boi-marinho. Por meio de pesquisas de base, foram gerados resultados que levaram ao conhecimento do seu status de conservação, permitindo o estabelecimento de uma estratégia nacional, que subsidiou a criação de Unidades de Conservação e promoveu a mudança de valor da espécie, que de caça de subsistência passou a ser considerada um potencial atrativo para o turismo nas comunidades litorâneas, contribuindo para a economia da região e para a valorização cultural e

mente 50 peixes-bois-marinhos já foram soltos no país. “Quando reintroduzidos, os peixes-bois-marinhos passam a conviver em ambientes de estuário, praias , manguezais, e esse processo todo traz para o trabalho de conservação uma das ações mais desejadas, que é a soltura desses animais e, sobretudo, ter esses animais adaptados às condições de vida livre, interagindo com outros peixes-bois. E neste contexto, a sociedade, as organizações, os governos exercem um papel fundamental na conservação da espécie, a partir do momento em que buscam manter estes ambientes conservados, livres de poluição e destruição, e quando convivem de maneira respeitosa e harmônica com os peixes-bois”, enfatiza João Carlos Gomes Borges.

científica. Mesmo assim, de acordo com pesquisas realizadas pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a FURG e a UFPE, estima-se que as populações remanescentes ocorram em números bastante reduzidos, a exemplo do que acontece na área compreendida entre os estados de Alagoas ao Piauí, com aproximadamente 1.000 indivíduos apenas. O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, Cepene/ ICMBio e Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba. Para acompanhar as ações e atividades do Projeto, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org e @vivaopeixeboimarinho (fanpage e instagram).

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

FOTOS EMERSON DALTRO ACERVO FMA

Viva o peixe-boi-marinho vai às escolas O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho deu início à programação de ciclo de palestras de educação ambiental nas escolas do litoral nordestino. De outubro a novembro, a equipe esteve em escolas das comunidades de Cravassu (Rio Tinto - PB), Farolândia (Aracaju - SE), Marcação (PB), Lagoa de Praia (Rio Tinto-PB) e do centro de Rio Tinto (PB), abordando a importância da conservação do peixe-boimarinho, de seu habitat e do meio ambiente. As escolas do litoral da Paraíba, Sergipe e Bahia que tiverem interesse em agendar palestra presencial ou online, podem entrar em contato com o Projeto pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp) / (79) 99130-0016 e garantir a programação educativa de 2022. “Acreditamos no papel da escola como ambiente transformador e que as temáticas de conservação marinha devem ser mais incentivadas neste ambien-

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te pelo fato que a gente vive uma época em que é preciso ressignificar a nossa relação com a natureza. As crianças têm uma receptividade grande ao tema, o peixe-boi faz parte da realidade delas. São temas próximos que fazem parte do dia a dia delas, muitas moram em aldeias indígenas, a natureza é o universo delas e trazer esse tema para a escola faz com que as crianças fiquem mais empáticas com relação à conservação, elas demonstram bastante interesse pelo tema. Levar o peixe-boi para escolas é estimular a criação um elo de compromisso das crianças em defesa da conservação da espécie. E nós temos sido tão bem recebidos”, enfatiza Daniela Araújo, coordenadora de educação ambiental e desenvolvimento comunitário do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.


FOTO DANIEL ASSIS ACERVO FMA

FOTO EMERSON DALTRO ACERVO FMA

O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie do Nordeste do Brasil. Atua com pesquisas, tecnologia, sensibilização e educação ambiental, manejo, resgate, readaptação e reintrodução dos peixes-boismarinhos em ambiente natural, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico de base comunitária e políticas públicas. Conta com o apoio da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Área de Relevante Interesse Ecológico Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, Cepene/ ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.

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VOZ DOS OCEANOS

Dia do Rio Capibaribe é celebrado com evento especial no Recife promovido pela ONG Fundação Mamíferos Aquáticos e Escola Erem João Bezerra O Dia do Rio Capibaribe é celebrado em 24 de novembro. Para chamar a atenção da sociedade sobre o tema, a ONG Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) – instituição realizadora do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - e a Escola EREM João Bezerra organizaram, na comunidade de Brasília Teimosa, o evento socioambiental “Salve o Rio Capibaribe: da nascente à foz”. Foram três dias de programação (de 22 a 24 de novembro), com palestras temáticas, rodas de conversa, exibição de filmes, culminando com uma aula espetáculo, feira de exposição e uma atividade simbólica de limpeza de praia nas margens do Capibaribe. O evento também integrou a programação educativa da Voz dos Oceanos, uma iniciativa mundial de combate à poluição plástica, criada e liderada pela Família Schurmann, contando com o Irapa do Brasil como responsável pela vertical de Educação e ativação dos núcleos locais para esse pilar. FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

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Brasília Teimosa é uma comunidade pesqueira do Recife que está localizada entre a foz do rio Capibaribe e o mar, e enfrenta sérios problemas relacionados ao lixo: do descarte incorreto por parte da população à falta de infraestrutura para recolhimento de resíduos e aos impactos desse problema na pesca e no dia a dia dos moradores. “A programação do evento foi pensada com o objetivo de chamar a atenção para a saúde do Rio Capibaribe, o principal rio do Recife e que percorre mais de 40 munícipios do estado de Pernambuco, bem como a saúde dos manguezais, praias e dos oceanos, pois são ecossistemas completamente interligados. E a conservação de um depende da conservação do outro”, ressalta Daniela Araújo, coordenadora de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário da Fundação Mamíferos Aquáticos, ONG que há mais de 30 anos trabalha com a missão de promover a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental.


A programação de palestras e exibição de filmes aconteceu na Escola EREM João Bezerra. Para não gerar aglomeração por conta da pandemia, o público foi restrito aos alunos da escola. Já a programação do último dia, na foz do rio Capibaribe, foi aberta para toda a comunidade. No dia 22, a manhã foi marcada pelas seguintes palestras e rodas de conversa: “Capibaribe: o rio de resistência a caminho do mar”, com Alexandre Ramos (membro do comitê da Bacia do Rio Capibaribe); “Lixo ou Resíduo: uma reflexão sobre o pensamento humano”, com o biólogo Emerson Daltro do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho; “Moda Circular: práticas regenerativas”, com eco designer Mariana Amazonas Godoy; e “Empreendimentos sustentáveis”, com Jussara De Paula, analista de Meio Ambiente do RioMar Recife. E na parte da noite, houve uma sessão especial do Cine Peixe-Boi, uma ação do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, com a exibição de filmes pernambucanos com a temática do Rio Capibaribe. No dia 23, ou alunos puderam conferir as paletras “Aspectos e importância dos mamíferos marinhos”, com Aline Ramos (médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho), “Vivências e experiências da Maré”, com marisqueiras da comunidade e pais de alunos da escola, “Movimento Xô plástico na limpeza do rio Capibaribe”, com João Victor Silva Moura (Movimento Xô Plástico), “Por que jogar o Lixo no rio?”, com Luciana Silva (professora, empreendedora social, fundadora do Centro Escola Mangue e criadora da moda mangue biojóias), e “Transformando resíduos retirados do rio Capibaribe em hortas e arte”, com Demetrius Demetrio, idealizador do Projeto Telhado Eco Produtivo e gestor

da Comunidade dos Pequenos Profetas. E à noite mais uma sessão do Cine Peixe-Boi, com a exibição de filmes com temáticas socioambientais, incluindo o documentário “Vitória”, de Fábio Guerra (PE) e seus alunos Silvano Lima, Cristina Santos, Érica Santos, Nildo de Oiteiro, Nilton Cézar, Adriano Felipe e Taynara Maia (PB). E no último dia do evento, 24/11, Dia do Rio Capibaribe, os alunos participaram da aula-espetáculo “Mangue e sua importância para a saúde dos Rios”, com o Prof. Doutor Clemente Coelho (Instituto Bioma Brasil) e da atividade de Limpeza de Praia nas margens do Capibaribe. Na ocasião também teve oficina de Arte e Poesia; Blitz Educativa – Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho; Exposição “A Arte transforma o Lixo”: biojóias e peças de artes a partir de reuso da casca do sururu; Exposição de biojóias confeccionadas com resíduos da pesca; Exposição de produtos confeccionados com reuso de garrafas PET – Grupo de Mulheres; Exposição de hortas feitas com garrafa pet, vasos artísticos e composteiras domésticas, feitas com materiais retirados do Capibaribe, produzidas por cooperativas de mulheres do Telhado Eco Produtivo da Comunidade dos Pequenos Profetas; Apresentação do Maracatu do Centro Escola Mangue. O evento socioeducativo “Salve o Rio Capibaribe: da nascente à foz”, organizado pela FMA e Escola EREM João Bezerra, contou com a colaboração e parceria institucional do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental; Irapa do Brasil; Instituto Bioma Brasil; Instituto JCPM; Centro Escola Mangue; A Roda; e ONG Comunidade dos Pequenos Profetas.

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CONSERVAÇÃO MARINHA FOTO JOSÉ MAURO ACERVO FMA

Mais de meia tonelada de resíduo foi recolhida nas ações de limpeza de rios e praias nos estados da PB, SE e BA 18

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De 15 a 29 setembro, o Projeto Viva o Peixe-BoiMarinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – promoveu uma série de ações especiais em menção ao International Coastal Cleanup Day, o Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, evento que acontece em diversas praias do mundo, coordenado pela ONG Ocean Conservancy. A programação do Projeto aconteceu em comunidades litorâneas dos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia, regiões onde monitora diariamente peixes-bois-marinhos reintroduzidos e as condições de seus habitats (o mar, manguezais, praias e estuários), e contou com a participação de 397 voluntários (crianças e adultos). A ideia foi promover a reflexão e o debate sobre o descarte incorreto do lixo nos oceanos e o impacto que esta atitude causa nos animais marinhos. Nos três estados, entre as ações presenciais de limpeza de praia,

coletas seletivas nas casas dos moradores e coleta de resíduos pelo sistema drive thru, foram recolhidos 643,223 kg de resíduos, com destaque para garrafas, potes e sacolas de plástico, copos descartáveis, garrafas de vidro, latas, calçados, fragmentos de rede de pesca e isopor. A seguir, confira o panorama em cada estado: PARAÍBA No dia 15|09, a equipe do PVPBM realizou uma campanha de coleta seletiva de resíduos sólidos nas casas dos moradores da comunidade da Barra de Mamanguape, na cidade de Rio Tinto. Já no dia 16|09, houve uma ação presencial de limpeza nas áreas de restinga, praia e manguezal em conjunto com condutores de turismo da AGEAPA, na aldeia de Coqueirinho, na Ilha do Amor, município de Marcação. No dia 18|09, na praia da Barra de Mamanguape, aconteceu uma ação especial de limpeza com

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FOTO VANESSA REBELO ACERVO FMA

as crianças da comunidade. No dia 19/09, uma ação de limpeza de praia foi realizada na cidade de Cabedelo, nas praias de Ponta de Campina e Camboinha. O total de resíduo recolhido nas quatro ações no estado foi de 137,905 kg, com destaque para fragmentos de rede de material de pesca (rede e corda de nylon), pedaços de isopor, garrafas e potes de plástico, calçados, tampinhas de garrafa. SERGIPE A ação presencial de limpeza de praia aconteceu na manhã do dia 18|09, em Aracaju, na praia de Aruana (concentração no Bar Solarium) e contou com a participação de 90 voluntários. No local também foi disponibilizado um esquema de drive-thru, no qual o voluntário pôde entregar o lixo que separou em sua casa sem precisar sair do carro. Neste dia, foram recolhidos 259,35 kg de resíduos, com destaque para copos descartáveis, garrafas de vidro, bitucas de cigarro e tampinhas de garrafa. BAHIA No dia 27|09, a equipe do PVPBM foi até as casas dos moradores do povoado de Coqueiro, em Jandaíra, recolher os resíduos que eles juntaram durante um mês para participar da ação de coleta seletiva. No dia 28|09, aconteceu uma ação presencial de limpeza de praia no trecho da faixa litorânea de Coqueiro. No dia 29|09, a ação presencial de limpeza de praia foi no povoado de Mangue Seco, em Jandaíra, e contou com a participação especial das crianças da comunidade. Total de resíduos recolhidos nas três ações: 245,968 kg, com destaque para o plástico nas versões sacolas, embalagens e garrafas pet.

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Todo o material coletado durante as ações nos três estados foi pesado e passou por gravimetria. Tudo foi anotado. As informações foram encaminhadas para a Ocean Conservancy, que compilará o resultado de todos os voluntários do planeta e enviará para o banco de dados mundial da ONU. O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias é uma ação simbólica e totalmente voluntária que tem como principal objetivo sensibilizar e alertar a população para a importância do descarte correto de resíduos. Esta ação também visa provocar mudanças de atitude e gerar a reflexão sobre as consequências negativas que o lixo ocasiona no meio ambiente e como podemos minimizar ou anular tais impactos. O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, Cepene/ ICMBio e Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba. Para acompanhar as ações e atividades do Projeto, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org e @vivaopeixeboimarinho (fanpage e instagram).


O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias acontece no mundo todo. Aqui no Brasil, 16 projetos socioambientais patrocinados pela Petrobras participaram do evento World Clean Up Day 2021, empenhados em promover ações de Combate ao Lixo no Mar.

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Aproveite para conhecer o que outros projetos patrocinados pela Petrobras fizeram pelas praias e rios brasileiros. Visite o Instagram deles e confira:

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TURISMO

Novo normal: Centro de Visitantes da APA da Barra do Rio Mamanguape está funcionando com protocolo de segurança para a saúde Um lugar paradisíaco onde vive o peixe-boi-marinho, um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção do Brasil. A Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, localizada no litoral norte da Paraíba, é perfeita para a prática do ecoturismo. Um lugar onde é possível contemplar a natureza, colaborar com a conservação do peixe-boimarinho e de seu habitat, e contribuir com a geração de renda e o desenvolvimento das comunidades locais. A partir do Centro de Visitantes da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, localizado comunidade Barra de Mamanguape (Rio Tinto-PB), os turistas têm acesso a informações sobre as espécies de fauna e flora que ocorrem na região, a geografia local, os atrativos turísticos, além da cultura e história da região, por meio de painéis informativos, exposição osteológica, sala de exibição de filmes e palestras educativas. O Centro de Visitantes da APA da Barra do Rio Mamanguape foi reformado recentemente pelo Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho e funciona, todos os dias, das 9h às 16h. O acesso é gratuito. Neste período de novo normal, o Centro está funcionando com protocolo de segurança para a saúde. Para entrar no Centro, o visitante tem que estar usando máscara e antes de entrar precisa higienizar as mãos com água e sabão (disponíveis no banheiro do local). Só podem entrar no máximo 15 pessoas por vez, com espaçamento de no mínimo 2 metros entre elas.

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Os passeios embarcados são realizados por condutores locais cadastrados na Associação de Artesãos e Guias de Ecoturismo da Região da APA da Barra do Rio Mamanguape (Ageapa). Eles ficam numa cabana na entrada do Centro de Visitantes e oferecem dois tipos de passeio: um é o circuito do peixe-boi e outro é mais completo e engloba as atrações naturais da região. Para fazer os passeios, o visitante paga uma taxa a esta associação: R$20 por pessoa (passeio do peixe-boi) e R$40 por pessoa (o passeio completo pelas atrações naturais). Nos passeios, crianças até 6 anos de idade não pagam. E crianças a partir dos 7 anos de idade pagam o valor normal. Uma orientação importante: ao encontrar um peixe-boi marinho, mantenha distância, respeitando o espaço do animal e apenas admire de longe. Não toque, não alimente e nem forneça bebidas. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape e CEPENE/ ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.


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Diário de bordo POR FABÍOLA FONSECA Bióloga, pesquisadora, mestre em Ecologia e Conservação, colaboradora do PVPBM e responsável pela Curadoria da FMA Eu conheci a espécie em um encontro bem inusitado com o peixe-boi “Astro”, quando eu tinha 17 anos (em 1999). Estava na praia do Saco com algumas amigas sentada na areia com a água do mar batendo na cintura. Estávamos em círculo e eu de costas para o mar. Do nada, ouvimos uma respiração muito forte bem atrás de mim. Olhei pra trás, vi um animal gigante e pensei: “É um tubarão e eu já estou morta”. A essa altura minhas amigas já tinham corrido e um homem se aproximava de mim dizendo: “Fique tranquila, é só o peixe-boi”. Eu estava paralisada enquanto ele se aproximava do animal. Como um bicho daquele tamanho estava tão no raso e nem me mordeu? Aos poucos, saindo do choque, o rapaz me dava uma big aula sobre o animal e eu pude começar a raciocinar que estava diante de um mamífero que não come humanos, e isso foi um alívio. Essa situação ainda está bem clara na minha mente 22 anos depois. Eu não sabia do meu futuro, mas fiquei fascinada pelo peixe-boi “Astro” naquele momento. Minha perspectiva de profissão se definiu a partir da minha primeira experiência na Fundação Mamíferos Aquáticos. Eu estava na faculdade de Biologia, mas não tinha a mínima ideia do que queria seguir. A Biologia é ampla e existiam muitas opções. Em um período de greve longa eu decidi buscar um estágio fora. Foi então que eu mandei um e-mail para o Projeto Peixe-Boi e, para minha surpresa, fui chamada para o estágio. Eu havia pedido um estágio em Paripueira (AL), mas recebi um e-mail dizendo que só teriam vaga em Itamaracá (PE). Não pensei duas vezes. Eu, que nunca tinha viajado sozinha, não tive muita dificuldade em convencer minha avó a financiar minha ida. Ela sabia a importância da Biologia pra mim e não queria que eu perdesse essa oportunidade tanto quanto eu não queria. Então o medo do novo não foi maior que a curiosidade. Enfim cheguei

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ao projeto que mudou a direção que eu seguia na minha profissão. Nesse lugar eu aprendi muito, não só sobre a profissão, mas sobre pessoas. Conheci gente de todo lugar. O projeto recebia estagiário de muitos estados e até gente de fora do país. Conheci a Jô... uma pessoa que foi fundamental para eu ser quem eu sou hoje. Lá ela foi minha orientadora, amiga e mãe. Trabalhei com tudo que eu podia lá no projeto. Eu não sabia quanto tempo teria lá e queria aproveitar o máximo. E aproveitei. Ver um animal como o peixe-boi tão grande e ao mesmo tempo precisando de tantos cuidados só não mexe no coração de quem não tem um coração para mexer. Entender o comportamento deles era fascinante. Entender o ambiente em que eles viviam era muito mais. Fiquei 10 meses no projeto ( 7 meses em 2004 e 3 meses em 2005). Participei de Necropsia, de recepção de filhotes encalhados, de soltura de animais reabilitados, atendi turistas curiosos fazendo o que eu mais gostava de fazer (falar). Conheci pessoas incríveis como Jô, João, seu Biruca, Toinho, Dani Araújo, Fernanda, Elias, Paulão... poderia passar 3 páginas aqui citando pessoas. Também fiz amigos pra vida toda e isso não tem preço. Saí de lá apaixonada e sabendo o que eu queria fazer o resto de minha vida. Trabalhar com conservação de ambientes marinhos. Voltei pra casa, me formei, fiz mestrado em Ecologia e Conservação, casei, virei mãe, mas estava faltando algo. A FMA era meu sonho. Voltar pra tudo isso, era o que eu queria. Foi assim que bati na porta da Fundação e esperei a oportunidade de me encaixar nessa missão. Isso aconteceu e eu nem acreditei. Na época, morava em João Pessoa e não pensei 2 vezes quando fui chamada para a primeira reunião do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. Eu fui feliz da vida para a Barra de Mamanguape. Não existem palavras para expressar o sentimento no momento em que


chegávamos a Barra de Mamanguape. As pessoas paravam para cumprimentar o João (que me deu carona e estava dirigindo o Uno da FMA). Todos paravam e diziam: “É verdade que a Fundação está voltando?” Era clara a alegria da comunidade. Acho que foram 3 dias de reuniões, conversas e avanços. Deu certo. Estamos aqui. No ano seguinte, resolvi voltar a morar em Aracaju. Nesse momento, eu trabalhava como consultora e fazia coletas no rio Vaza Barris em Aracaju e rio Miriri na Paraíba. Nesse mesmo ano, a FMA me convidou a assumir a Curadoria da instituição. Hoje eu sou a técnica responsável pela coleção científica e didática da instituição. Meu trabalho é cuidar de um acervo precioso que guarda material para muitas pesquisas que estão acontecendo e que podem vir a acontecer. O valor disso é incalculável e eu cuido de tudo com muito carinho. Eu também faço palestras em escolas e o retorno que recebo é sempre muito positivo. Também ganho muitos presentes da FMA, como quando fui chamada para a reintrodução de Vitória e Parajuru. Eu nem acreditei. Voltei a toda emoção do passado. Encontrei abraços que não recebia há vinte anos. Passei por lugares que encheram meu coração de lembranças. Os peixes-bois estão aí precisando de nós. Filhotes ainda encalham como acontecia há 22 anos. A comunidade precisa de apoio para também tornar-se nossa parceira nesse objetivo. Nós estamos aqui, uma luta diária pra fazer tudo que podemos. Já fizemos tanto com tão pouco e vamos continuar fazendo. Missão é assim... faz parte de nós. Eu sou grata. Grata por meu trabalho, grata pelos amigos que fiz, grata pela confiança que colocaram em mim, grata pela vida que tenho hoje. Quero e vou contribuir com a FMA enquanto força eu tiver.

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Infecção por Giardia sp. e Cryptosporidium spp. em sirênios e mustelídeos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil POR VANESSA REBELO Médica veterinária e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba Os peixes-bois-marinhos são os únicos mamíferos aquáticos herbívoros que habitam áreas fluviais e costeiras marinhas, suportando variações de salinidade (Hartman, 1979). Estes ambientes encontram-se susceptíveis a diversos impactos das atividades humanas, desencadeando, em algumas situações, a vinculação de patógenos a partir dos recursos hídricos (Jakubowski & Graun, 2002). Após a contaminação destes recursos hídricos, conforme já observado por Hughes-Hanks et al. (2005), as infecções parasitárias ocasionadas por protozoários podem acometer animais aquáticos e terrestres, causando morbidade e mortalidade das populações. Entre estes, Giardia sp. e Cryptosporidium spp. são considerados agentes com potenciais zoonóticos e causadores de disfunções entéricas nos hospedeiros acometidos (Deng et al., 2000). Os estudos que abordam a ocorrência destes protozoários acometendo os mamíferos aquáticos, ainda são reduzidos. Ainda assim, as infecções causadas por estes agentes foram relatadas em cetáceos (Altieri et al., 2007), sirênios (Borges et al., 2009), pinípedes (Deng et al., 2000) e mustelídeos (Méndez-Hermida et al., 2006). Deng et al., (2000), diagnosticou Giardia e Cryptosporidium em leões-mari-

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nhos da California (Zalophus californianus). Dubey et al., (2003), Cowan et al., (2001) e Olson et al., (1997) isolaram em material fecal em pinípedes antárticos, do atlântico norte e ártico ocidental, no qual foram diagnosticados a Gardia sp. e outros agentes zoonóticos como Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Sarcocystis neurona, e Sarcocystis canisa. Devido à possibilidade de ocorrência destes agentes sem manifestações clínicas evidentes, reforça-se a necessidade de monitorar a sanidade das populações de mamíferos aquáticos (Deng et al., 2000). Monitoramentos desta natureza contribuem para uma maior eficiência nos procedimentos de reabilitação, manutenção dos mamíferos aquáticos cativos e mediam ações e processos finalísticos para animais destinados a programas de reintrodução. Deste modo, esta pesquisa tem como objetivo realizar a genotipagem de Giardia sp. e Cryptosporidium spp. em sirênios e mustelídeos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A coleta de amostras biológicas ocorreu nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, contemplando os estados do Amazonas, Pará, Paraíba, Pernambuco e Alagoas (Figura 1).

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COLUNA CIENTÍFICA


De 2012 a 2020 foram coletadas 212 amostras fecais, sendo estas provenientes de peixes-bois-marinhos, peixes-bois-amazônicos, lontras e ariranhas. Todo material fecal coletado foi acondicionado em coletores universais identificados (data, animal, local, amostra e conservante) e mantido sob congelamento a -20°C (Paulino et al. 2005). As amostras foram encaminhadas para processamento no Laboratório de Biologia Molecular da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Todos os procedimentos foram previamente submetidos para avaliação e autorização do Sistema de Autorização e Informação da Biodiversidade (SISBIO), sendo concedida a licença de número 75286-1.

Figura 1. Área de estudo evidenciando a localização da coleta de amostras.

Já em laboratório, as amostras obtidas foram submetidas ao processamento por meio da técnica de amplificação in vitro de fragmentos específicos de DNA, utilizando uma enzima polimerase termoestável, técnica Polymerase Chain Reaction (PCR) (Read et al., 2004) (Figuras 2 e 3). Os resultados preliminares já diagnosticaram a presença de Giardia, sendo os isolados de Giardia intestinalis detectados nos animais no presente estudo pertencem ao Assemblage C. Considerando as evidências iniciais, já é possível reportar a presença de um agente de potencial zoonótico acometendo os mamíferos aquáticos. O estudo também reforça a teoria de espécies sentinelas, no qual promovem evidências referentes à qualidade dos habitats.

Figuras 2 e 3. Processamento laboratorial por meio da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).

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A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats. Confira agora um resumo científico elaborado por Sebastião Silva dos Santos, ecólogo, analista de pesquisa e coordenador de monitoramento do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.

Dinâmica espaço-temporal dos Bosques de Mangues e sua relação com as ocorrências de encalhes de peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) na Paraíba Autores: Iara dos Santos Medeiros¹ ², Vanessa Araújo Rebelo¹ ², Sebastião Silva dos Santos¹ ², Rafael Menezes³, Nadjacleia Vilar Almeida , Leonardo Tortoriello Messias , João Luiz Xavier do Nascimento5, Fábia de Oliveira Luna , João Carlos Gomes Borges¹ ² 1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental, Universidade Federal da Paraíba Rio Tinto-PB, Brasil; 2. Fundação Mamíferos Aquáticos, Recife-PE, Brasil; 3. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil; 4. Laboratório de Cartografia e Geoprocessamento, Universidade Federal da Paraíba, Rio Tinto-PB, Brasil; 5. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (ICMBio/CEPENE); 6. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (ICMBio/CMA);

1. INTRODUÇÃO Os mangues correspondem a um tipo de vegetação arbóreo-arbustiva, que se desenvolve principalmente nos solos lamosos dos rios tropicais e subtropicais ao longo da zona de entremarés (Maia et al., 2005). Esses atributos ecológicos possibilitam que os manguezais atuem como berçários naturais, sendo esse ecossistema responsável pelo equilíbrio e manutenção de recursos naturais de zonas costeiras (Copque et al., 2010). Entre as espécies que utilizam este ambiente, destaca-se o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), que habita áreas costeiras e estuarinas, sendo estes ambientes dotados de recursos alimentares, águas quentes, rasas, configurando como refúgios e apresentando fontes de águas doces (Lima et al., 2011). Entretanto, a integridade destes ambientes encontra-se fortemente ameaçada em decorrência da supressão dos manguezais, assoreamento, poluição dos recursos hídricos, diminuição da vazão dos rios

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(Alves, 2001), sobretudo na região nordeste do Brasil, resultante de pressões ambientais ao ecossistema manguezal e as espécies que utilizam estes recursos (Maia et al., 2005). Nas últimas décadas, estudos têm apontado que os impactos ocasionados aos ambientes estuarinos podem trazer como consequência o aumento do número de encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos na região nordeste do Brasil (Parente et al., 2004; Meirelles, 2008), passando a ser considerado a principal ameaça à espécie no país (Parente et al., 2004; Lima et al., 2011). Para suprir estas lacunas de informações existentes, as geotecnologias constituem poderosas ferramentas que podem ser utilizadas para analisar o espaço geográfico através de técnicas computacionais em parceria com a cartografia, fotogrametria, sensoriamento remoto, geoprocessamento, sistemas de informações geográficas, entre outras (Santos, 2015).


Segundo Silveira (2005), a aplicação dos SIGs possibilita correlacionar os aspectos da paisagem, propiciando análise integrada de seus componentes, gestão por meio da espacialização dos fenômenos, dentre outras aplicabilidades. Diante desta problemática e levando em consideração que os manguezais estão cada vez mais expostos as mudanças devido a descaracterização das paisagens litorâneas (Prates et al., 2012), este trabalho teve como objetivo analisar e quantificar a dinâmica espaço-temporal dos manguezais do estado da Paraíba. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Área de estudo A área de estudo contemplou 10 remanescentes de bosques de mangue distribuídos ao longo do litoral do estado da Paraíba. Dois estavam localizados no trecho norte e oito ao sul. Destas áreas, quatro estavam localizados em unidades de conservação (UC) federal sendo estas: Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de Manguezais da Foz do Rio Mamanguape; Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape; Floresta Nacional (FLONA) da Restinga de Cabedelo; e a Reserva Extrativista (RESEX) de Acaú-Goiana. Estas UCs foram escolhidas, por serem UCs federais, apresentar contribuições para a conservação dos manguezais e por serem consideradas áreas de ocorrência dos peixes-bois-marinhos. Os demais bosques de mangue se localizam no entorno dos estuários dos rios Camaratuba (R.CAM) ao norte e os rios Paraíba (R.PB), Mangabeira (R.MAN), Gramame (R.GRM), Graú (R.GRA) e Abiaí ao sul (R.ABI). Aquisição e processamento das imagens de satélite Utilizou-se uma série histórica de quatro décadas (1980, 1990, 2000 e 2010), sendo neste período selecionadas imagens de satélite que atenderam aos critérios: resolução espacial de 30 metros, baixa cobertura de nuvem, pertencentes aos meses de agosto a abril, considerado como período seco (pelo fato de compor o período de baixa pluviosidade)

(Araújo et al., 2016). As imagens foram obtidas no sítio eletrônico da United States Geological Survey (USGS 2020). Após a seleção das imagens de satélite, seguindo os parâmetros pré-definidos e citados acima, utilizou-se os anos de 1985, 1995, 2005 e 2016. Com o intuito de obter resultados mais satisfatórios, foi realizada uma etapa de pré-processamento, que consistiu na reprojeção das imagens para o hemisfério sul e para o Datum SIRGAS 2000 e, na composição espectral utilizando as bandas 3, 4 e 5, pois esta composição de bandas realça a vegetação de manguezal, favorecendo o mapeamento para obtenção de um resultado mais preciso (Boulhosa & Souza Filho, 2009). Posteriormente, realizou-se a classificação supervisionada das imagens, discriminando os alvos (neste caso, os bosques de mangue) por meio do método de máxima verossimilhança (Crósta, 2002). Estes procedimentos foram realizados por meio do software ArcGIS 10.3.0 (ESRI, 2014). Quantificação do mapeamento A fim de identificar as mudanças na configuração, acréscimo e/ou decréscimo da área correspondente aos bosques de mangue ao longo dos anos, foi realizado o cálculo de área para cada bosque de mangue por meio do software ArcGIS 10.3.0 (ESRI, 2014), onde se aplicou a métrica de área total (CA), obtendo o valor de área em hectares. Registros dos Encalhes de Peixes-Bois-Marinhos Os dados de encalhes foram obtidos por meio de um banco de dados preexistente, de instituições atuantes com os atendimentos de encalhes disponibilizados pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA) e Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE), sendo o intervalo de tempo de dados utilizado nesta pesquisa de 1980 a 2019. Foram considerados neste estudo apenas os animais caracterizados como filhotes (Borges et al., 2012). A partir disto foram compiladas as informações inerentes a data, local e coordenadas geográficas dos encalhes.

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3. RESULTADOS Bosques de mangue do estado da Paraíba A primeira UC analisada foi a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, que apresentou a sua maior área de bosque de mangue na década de 80. Para os períodos seguintes (1990 e 2000), constatou-se um movimento de retração nos bosques de mangue. Para a década de 2010, houve um pequeno acréscimo com relação à anterior (2000), caracterizando expansão da cobertura vegetal de mangue. Na Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, o mesmo padrão se repetiu quando comparado a ARIE, constatando-se que somente na década de 2010 ocorreu expansão da área dos bosques de mangue. É importante evidenciar que a APA apresenta sobreposição as delimitações de área da ARIE. A Floresta Nacional (FLONA) da Restinga de Cabedelo, apresentou uma pequena variação na área dos bosques de mangue ao longo do período analisado, com um pequeno acréscimo na última década, quando comparado a sua condição inicial, evidenciando que o bosque de mangue nesta UC permaneceu conservado. A Reserva Extrativista (RESEX), Acaú-Goiana, apresentou sua maior área de bosque de mangue na década de 80. Posteriormente foi constatada uma redução. Nas décadas de 2000 e 2010, observou-se uma expansão considerável, aproximando a cobertura de bosque de mangue encontrada em sua área identificada no período inicial deste estudo. Registros de encalhes de peixes-boi marinhos no estado da Paraíba Foram registrados 15 eventos de encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos ao longo dos anos de 1980 a 2019 para o estado da Paraíba. Ao analisar os dados por década e por litoral (norte e sul), notouse um aumento no número de encalhes nas duas regiões, apresentando uma maior elevação para o litoral norte.

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Na primeira década ocorreram dois encalhes, ambos no litoral sul. No segundo período analisado, houve um aumento no número de encalhes, ocorrendo dois no litoral norte e manteve-se apenas um ao sul. Na terceira década houve outro acréscimo porém em ambas as localidades, com três registros no norte e dois ao sul. Na última década houve um acréscimo no litoral norte, com quatro encalhes e apenas um registro no litoral sul. Os dados de encalhes para todo o estado da Paraíba demonstraram uma tendência de aumento na probabilidade dos encalhes ao longo dos anos (regressão logística X² = 1.435, df = 42, p = 0.151) mostrando uma relação positiva não significativa (Figura 3). Análise integrada (Bosques de Mangue e Encalhes) Ao espacializar os dados obtidos, observou-se que dos 15 registros de encalhes, 12 ocorreram em área de praia e apenas três no interior dos estuários. Também foi observado um maior número de encalhes dentro dos limites e/ou nas proximidades da APA da Barra do Rio Mamanguape e da ARIE de manguezais da Foz do Rio Mamanguape, quando comparado as demais UCs (Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo e Reserva extrativista AcaúGoiana). Nestas últimas, não foi constatado a ocorrência de encalhes no seu interior, apenas nas proximidades destas áreas. Ao relacionar a cobertura vegetal dos bosques de mangue com os encalhes para todo o estado da Paraíba foi possível identificar que houve uma tendência de aumento nos encalhes em virtude da redução das áreas de bosque de mangue, onde ficou evidenciado uma relação inversamente proporcional entre estes (Figura 4). Na década de 80 os bosques de mangue analisados obtiveram um total de 17.784,91 ha, e foram registrados dois encalhes de filhote de peixes-bois-marinhos. Na década de 90 a área de mangue correspondeu a 16.224,62 ha, com a ocorrência de três encalhes. Para 2000 foram identificados 15.459,40 hectares e na última década analisada (2010) foram 15.840,68 ha, com registros de cinco encalhes nestas duas últimas décadas mencionadas (Figura 1).


nho, realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e conta com a parceria da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e ao Programa de Conservação do Peixe-boi realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e corealizado pela Fundação Grupo Boticário de Conservação à Natureza.

Figura 1. Relação entre bosques de mangue e encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos no estado da Paraíba ao longo das décadas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUASIS. Peixe-boi-marinho/ Biologia e Conservação no Brasil. Bambu Editora e Artes Gráficas, 2016.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo permitiu verificar que a integridade dos manguezais realmente é de extrema importância para a manutenção de populações de peixe-boi-marinho, pois permitem que fêmeas tenham um local abrigado para fornecer os primeiros cuidados aos filhotes recém-nascidos, diminuindo o risco de seu encalhe. A criação de Unidades de Conservação em áreas estuarinas e com a presença de manguezais vem contribuindo para manutenção e eventual expansão da cobertura vegetal. Em virtude desse ecossistema ser considerado um berçário natural para diversas espécies, deve ser incentivada a criação e implantação de novas UCs que abranjam áreas de manguezais, possibilitando o aumento no esforço de conservação de espécies ameaçadas de extinção, como é o caso do peixe-boi-marinho. 5. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA), A Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), ao Laboratório de Cartografia e Geoprocessamento (LCG/UFPB), a APA da Barra do Rio Mamanguape (ICMBio), ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE/ICMBio), e ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio), ao Projeto Viva o Peixe-boi Mari-

Alves MDO, Schwamborn R, Borges JCG, Marmontel M, Costa AF, Schettini CAF e Araújo ME (2013) Aerial survey of manatees, dolphins and sea turtles off northeastern Brazil: Correlations with coastal features and human activities. Biological Conservation 161, 91–100. Alves MD, kinas PG, Marmontel M, Borges JCG, Costa AF, Schiel N e Araújo ME (2015) First abundance estimate of the Antillean manatee (Trichechus manatus) in Brazil by aerial survey. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 96, 1–12. Alves JRP (2001) Manguezais, Educar para proteger. Rio de Janeiro: Fundação de Estudos do Mar/Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Alongi DM (2008) Mangrove forests: Resilience, protection from tsunamis, and responses to global climate change. Estuarine, Coastal and Shelf Science 76, 1–13. Balensiefer DC, Attademo FLN, Sousa GP, Freire ACB, Cunha FGAC, Alencar A EB, Silva FJL e Luna FO (2017) Three Decades of Antillean Manatee (Trichechus manatus) Stranding Along the Brazilian Coast. Tropical Conservation Science 10, 1–9. Bezerra DS (2014) Modelagem da Dinâmica do Manguezal Frente à Elevação do Nível do Mar. Tese de Doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, SP.

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FMA

FOTO ALLAN OLIVEIRA ACERVO FMA

Participe da campanha “Doe um livro para a Biblioteca Manatus e incentive leitores mirins” A ONG Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), realizadora do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, está organizando uma campanha de arrecadação de livros infantojuvenis para incrementar o pequeno acervo da Biblioteca Manatus e incentivar a leitura entre as crianças e adolescentes do povoado de Coqueiro, no litoral norte da Bahia, onde está localizada uma das bases do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho e onde vive “Astro”, o primeiro peixe-boi-marinho reintroduzi-

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do no Brasil. A campanha foi lançada no Dia Nacional do Livro (29/10) e vai até o dia 31 de janeiro de 2022. Toda a sociedade pode participar, basta doar qualquer quantidade de livros, novos ou usados (em bom estado de conservação), e enviar para o endereço: Fundação Mamíferos Aquáticos - Hospital Veterinário Vicente Boreli, 1º andar - Av. Tancredo Neves, 5655. Bairro Jabotiana - CEP: 49025-620 – Aracaju/SE.


A Biblioteca Comunitária Manatus foi criada pela Fundação Mamíferos Aquáticos em 2015 e recebeu esse nome em homenagem ao peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), mamífero aquático ameaçado de extinção no Brasil e que é ícone do trabalho realizado pela instituição. O peixe-boi-marinho “Astro”, monitorado pelo Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, escolheu o complexo estuarino onde Coqueiro está localizado como sua área de vida. Coqueiro é um povoado simples com cerca de 800 habitantes, o acesso terrestre ao local é restrito e a maioria dos seus moradores vive da pesca. A ideia da biblioteca é conectar a cultura com a educação ambiental, proporcionando o acesso livre ao conhecimento, o incentivo à leitura das crianças e adolescentes e a sensibilização sobre a importância da conservação ambiental. No espaço, além de explorar o mundo dos livros e da leitura, as crianças brincam, assistem a teatrinhos, vídeos educativos e se encantam com as estórias e histórias contadas pela equipe da FMA. A Biblioteca Manatus foi concebida e é mantida por meio da contribuição da sociedade, e nesse momento precisa atualizar o seu humilde acervo, arrecadando novos títulos para que as crianças não se desmotivem do hábito de frequentar o espaço. A escritora pernambucana Marcela Franca, autora do livro “Scamonis - O Outro lado de mim”, foi escolhida para ser a madrinha da campanha e está ajudando na mobilização social e divulgação nas redes sociais. “Receber o convite da Fundação Mamíferos Aquáticos para ser madrinha da campanha foi para mim o presente mais lindo de 2021. Eu me senti honrada e muito emocionada com a oportunidade de participar dessa iniciativa tão importante. A campanha vai muito além da doação de um livro para uma criança, irá incentivar o hábito da leitura, gerar transformação através do conhecimento, do lúdico. As crianças de Coqueiro moram em um povoado pequeno e de difícil acesso e a leitura poderá levá-las a tantos outros lugares, estimulando a imaginação, e aproximando-as ainda mais do universo das palavras, sensibilizando-as também quanto à importância da preservação do Meio Ambiente. Tenho certeza que a campanha será linda, uma corrente de solidariedade. As crianças do povoado de Coqueiro serão contempladas com gestos de amor em forma de livros”.

A história de Marcela com a FMA, ONG que cuida dos mamíferos aquáticos há 31 anos, começou em 2019, quando a escritora estava lançando o seu primeiro livro. “Scamonis - O Outro lado de mim conta a estória da bailarina Ana Maia, uma jovem apaixonada pelo mar e que vive uma grande aventura envolvendo vários seres marinhos. Assim como Ana, também amo o mar e não poderia escrever um livro abordando essa temática sem ter a responsabilidade de contar com a revisão de uma instituição especializada na área, e assim nasceu a parceria com a FMA. A Fundação garantiu que o livro pudesse contribuir também para auxiliar na divulgação da fauna marinha de forma lúdica e apoiar o trabalho desenvolvido por ela”, conta a escritora. Marcela Franca e as equipes do Projeto Viva o PeixeBoi-Marinho e Fundação Mamíferos Aquáticos estão visitando e enviando cartas para editoras e instituições parceiras do Brasil e para escolas das cidades de Aracaju (SE), Petrolina (PE) e Recife (PE), convidando-as para abraçarem a campanha doando livros. Para acompanhar as notícias e saber mais sobre a campanha “Doe um livro para a Biblioteca Manatus e incentive leitores mirins”, acesse os sites mamiferosaquaticos.org.br e vivaopeixeboimarinho.org e os perfis no Instagram: @mamiferosaquaticos , @ vivaopeixeboimarinho e @escritoramarcelafranca . O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, Cepene/ ICMBio e Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.

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GPS

INDICAÇÕES

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VITÓRIA

PROFESSOR POLVO

A história de um peixe-boi-marinho fêmea que passou por muitos desafios e, graças à ajuda dos pescadores “Passinho” e “Canário” e de instituições ambientais, teve uma chance de vida. O filme foi produzido por jovens de comunidades da APA da Barra do Rio Mamanguape que participaram da oficina “Documentário na prática”, promovida, entre março e abril de 2019, pelo Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela PETROBRAS por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Como projeto de conclusão da oficina, os alunos (Silvano Lima, Cristina Santos, Érica Santos, Nildo de Oiteiro, Nilton Cézar, Adriano Felipe e Taynara Maia) - orientados pelo professor e filmmaker pernambucano Fábio Guerra, da 1 K Filmes - produziram este documentário de 15 minutos. Coordenação de produção: Daniela Araújo e Karlilian Magalhães. Disponível no canal do YouTube da Fundação Mamíferos Aquáticos.

O documentário fala sobre um cineasta de vida selvagem que entra numa crise existencial, num processo difícil de autorreflexão, questionando-se sobre as prioridades que deu na vida, sobre seu papel como pai, como profissional, como cidadão. E numa busca pela saúde mental e reconstrução de sua vida e de suas relações, ele resolve voltar para a sua praia de infância, na África do Sul, que remetia a uma fase de muita curiosidade, aventuras, criatividade, descobertas. E tomado por esse sentimento, ele resolve se aventurar em mergulhos numa floresta subaquática da região, passando a observar calmamente a fauna que existe ali, e um polvo chama a sua atenção. De alguma forma, ele se identificou com o animal. O cineasta decide então pegar a sua câmera e mergulhar todos os dias para acompanhar a vida do polvo, suas ações, seu comportamento, seus desafios. Uma jornada que inicia como um processo de autorreflexão e culmina num movimento de conservação de fauna e flora daquela localidade. Direção: Pippa Ehrlich; James Reed. Fotografia: Craig Foster.

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eventos

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2022 nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins.

IV CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA Data: 27 a 30 de março de 2022 Local: Foz do Iguaçu - PR http://sbcv.org.br/ivcbcvet2022 41º CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA Data: 25 a 27 de maio de 2022 Local: Maceió – AL https://www.cbamaceio.com.br/ 30TH INTERNATIONAL CONFERENCE ON MODELLING, MONITORING AND MANAGEMENT OF AIR AND WATER POLLUTION Data: 05 a 07 de julho de 2022 Local: Milão – Itália https://www.wessex.ac.uk/conferences/2022/air-and-water-pollution-2022 24TH BIENNIAL CONFERENCE ON THE BIOLOGY OF MARINE MAMMALS Data: 30 de julho a 05 de agosto de 2022 Local: West Palm Beach, Flórida (EUA) https://marinemammalscience.org/conference/2021-world-marine-mammal-science-conference/ XXIV ENCONTRO BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA Data: 16 a 21 de outubro de 2022 Local: Gramado - RS https://www.ebi2021.com.br/

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FOTO EDSON ACIOLI ACERVO FMA

FOTO REFLEXÃO Esta é “Zelinha”, nas águas tranquilas do estuário da Barra do Rio Mamanguape, litoral norte da Paraíba. “Zelinha” é uma fêmea reintroduzida bastante conhecida na região. Recebeu este nome em homenagem a Maurizélia Brito, que a resgatou ainda filhote na praia de Diogo Lopes, Rio Grande do Norte , em 2003. Após o resgate, “Zelinha” foi encaminhada para o Centro de Reabilitação do CMA, na Ilha de Itamaracá (PE), onde permaneceu por cinco anos. Em 2008, “Zelinha” foi transferida para o recinto de readaptação em ambiente natural, localizado na Barra do Rio Mamanguape , e, na sequência, em 2009, assim que apta, foi reintroduzida no estuário da região. Hoje “Zelinha” está com 17 anos, é uma fêmea saudável, que pesa 355,6 kg e tem 2,71 metros de comprimento. É monitorada diariamente pelas equipes do Projeto Viva o Peixe-BoiMarinho e da APA da Barra do Rio Mamanguape / ICMBio, com auxílio de tecnologia satelital. Lembrando: ao encontrar um peixe-boi-marinho, não toque, não alimente, nem forneça bebidas. Apenas admire de longe. Se o animal estiver em situação de perigo, encalhado ou machucado, entre em contato: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp) / (79) 99130-0016. O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, CEPENE / ICMBio e PPGEMA/UFPB.

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ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Nesta edição, estamos trazendo o primeiro card de uma série estamos trazendo o primeiro card de uma série ilustrativa sobre a maternidade do peixe-boi-marinho com a arte de Jacqueline Costa.

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org @vivaopeixeboimarinho

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS Sítio Barra do Mamanguape, s/n Zona Rural - Rio Tinto – PB (83) 99961.1338 | (83) 99961-1352 | (79) 99130-0016 www.mamiferosaquaticos.org.br @mamiferosaquaticos


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