Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 8ª Edição

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Fundação Mamíferos Aquáticos

SET/2015

EDIÇÃO 8

R E V I S TA

A BORDO

Espécie rara de vegetação aquática é encontrada na Paraíba Projeto Viva o PeixeBoi Marinho celebra dois anos de atuação no litoral paraibano

Pesquisa apresenta indicadores de vulnerabilidade de aves em casos de derramamento de óleo

Convênio MAR leva conceito de diagnóstico ambiental à feira Brasil Offshore 2015

FOTO KARINE MAGALHÃES

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO


FOTO LUCIO BORGES

Há 25 anos promovendo a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental.


EDIÇÃO 8


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CAPA Espécie rara de vegetação aquática é encontrada na Paraíba

ESPECIAL Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho celebra dois anos de atuação no litoral paraibano

CONSERVAÇÃO MARINHA

10 Pesquisa apresenta indicadores de vulnerabilidade de aves em casos de derramamento de óleo

AÇÃO MAR

12 Instituições e sociedade se unem para tentar

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DIÁRIO DE BORDO Por Elismara Oliveira

COLUNA CIENTÍFICA

22 O geoprocessamento em projetos ambientais por Gabriela Valenzuela

PESQUISA

24 Riqueza e abundância de macroalgas em recifes de arenito sujeitos a influência do Rio Mamanguape, Nordeste do Brasil

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FOTO REFLEXÃO

salvar filhote de baleia-jubarte em Aracaju

POLÍTICA PÚBLICA

14 Lançado Projeto de Lei que institui Política

FMA

28 Diagnóstico ambiental é abordado pelo

da Pesca Artesanal em Pernambuco

SUSTENTABILIDADE

16 SOCIOAMBIENTAL

Convênio MAR na feira Brasil Offshore 2015

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ÚLTIMAS

Instituto Mamirauá é premiado por trabalho de conservação ao peixe-boi amazônico

19 ILUSTRAÇÃO

REVISTA A BORDO

Jornalista responsável Karlilian Magalhães Design gráfico Giovanna Monteiro Revisão técnica João Carlos Gomes Borges e Maria Elisa Pitanga TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Jornalismo Raquel Passos Coluna Científica Gabriela Valenzuela Diário de Bordo Elismara Oliveira Resumo Científico Thiago Reis GPS Bruno Jackson Almeida e Gabriela Valenzuela

GPS

Jociery Vergara-Parente (Coordenadora científica e Diretora vice-presidente da FMA) jociery.parente@mamiferosaquaticos.org.br

Analista Ambiental Elismara Oliveira (Médica veterinária) elismara@mamiferosaquaticos.org.br

Educação Ambiental/ Inclusão Social/ Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia Daniela Araújo (Técnica de Inclusão Social)

daniela.araujo@mamiferosaquaticos.org.br Maíra Braga (Assessora técnica) maira@mamiferosaquaticos.org.br

Assessoria de Comunicação Karlilian Magalhães (Jornalista)

EQUIPE PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO

karlilian@mamiferosaquaticos.org.br

Projeto/Diretor-presidente da FMA) joao@mamiferosaquaticos.org.br

Colaboradores Genilson Geraldo (Agente de campo) Sebastião Silva (Graduando em Ecologia)

Coordenação João Carlos Gomes Borges (Coordenador executivo do

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Administração Financeira Márcia Bernardo (Diretora Administrativa e Financeira da FMA) marcia@mamiferosaquaticos.org.br


FOTO KARLILIAN MAGALHÃES

EDITORIAL Em sua oitava edição, a Revista A Bordo está trazendo notícias de diversas regiões do Brasil. Notícias sobre iniciativas que têm como objetivo a conservação de animais aquáticos, da costa brasileira e do meio ambiente. E é bem essa a proposta deste periódico de comunicação científica que nasceu em 2014, durante a execução do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - uma estratégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Esta edição apresenta informações detalhadas sobre uma espécie rara de vegetação aquática que foi encontrada na Paraíba por pesquisadores da Fundação Mamíferos Aquáticos e Universidade Federal Rural de Pernambuco, durante as atividades de pesquisa do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, na APA da Barra do Rio Mamanguape. Também nesta edição, você vai ver como foi a celebração dos dois anos de execução do Projeto na Paraíba. A Revista A Bordo também traz uma boa nova para a conservação marinha brasileira: o biólogo e coordenador do Núcleo de Pesquisas da FMA, Bruno Jackson Almeida, apresentou, na Universidade Federal de Sergipe, uma tese de doutorado sobre indicadores de vulnerabilidade de aves em casos de derramamento de óleo. De acordo com especialistas, este trabalho será importante para os planos de ações nacionais de conservação das aves no Brasil. Outra boa notícia é que o Instituto Mamirauá ganhou o Prêmio Nacional da Biodiversidade por trabalho de conservação ao peixe-boi amazônico. A Revista aborda ainda as ações de conservação marinha e educação ambiental da FMA em Sergipe e a participação do Convênio Mar na Feira Brasil Offshore 2015. Você vai ficar por dentro também do lançamento do projeto de lei que institui uma política pública voltada para pesca artesanal, sustentabilidade e conservação ambiental em Pernambuco. Este projeto foi fruto de um processo de articulação, facilitado pela FMA, entre pescadores artesanais de Pernambuco, colônias e associações de pesca da região, Secretarias do Governo do Estado e o Complexo Industrial Portuário SUAPE. Na coluna científica desta edição, a geógrafa Gabriela Valenzuela fala sobre o geoprocessamento aplicado em projetos ambientais. Quem assina a coluna Diário de Bordo é Elismara Oliveira, analista ambiental e médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Já a seção Pesquisa apresenta um resumo científico sobre a riqueza e abundância de macroalgas em recifes de arenito sujeitos à influência do rio Mamanguape. O resumo foi elaborado pelo biólogo Thiago Reis, durante as atividades de pesquisa do Projeto Viva o PeixeBoi Marinho. A Revista também traz uma ilustração de cunho socioambiental elaborada por uma estudante paraibana de apenas 12 anos, além da seção foto reflexão e de indicações de livros e agenda de eventos científicos previstos para 2015 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente. Boa leitura! Karlilian Magalhães, Assessora de Comunicação da Fundação Mamíferos Aquáticos.

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CAPA

Durante as atividades de pesquisa do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho sobre a área de alimentação de animais da espécie Trichechus manatus manatus na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, pesquisadores da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) fizeram uma descoberta importante para a área científica brasileira. As biólogas Maria Elisa Pitanga e Karine Magalhães identificaram na região a presença de uma planta que há anos vinha sendo considerada extinta no Brasil: a angiosperma marinha Halophila baillonis, espécie potencial para alimentação do peixe-boi marinho. O artigo desenvolvido pelas biólogas, com participação do médico veterinário e diretor-presidente da FMA, João Carlos Gomes Borges, foi publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências (www.abc.org.br). A pesquisa fez parte da atividade de “Mapeamento, caracterização das áreas de forrageio (fanerógamas marinhas e macroalgas) e dos impactos nos locais de alimentação dos peixes-bois marinhos” do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – uma estratégia de conservação e pesquisa da FMA para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. A bióloga Maria Elisa Pitanga, que era a então coordenadora técnica do Projeto durante a pesquisa, enfatiza a importância da descoberta: “Um estudo publicado recentemente divulgou um quadro de status de conservação das espécies de angiospermas marinhas no mundo, e boa parte das espécies citadas apresentam um grau

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FOTO KARINE MAGALHÃES

Pesquisadores da FMA e UFRPE encontram espécie rara de vegetação aquática na Paraíba

de vulnerabilidade devido a ações antrópicas que os ecossistemas vem sofrendo ao longo de décadas. Quando fizemos esta descoberta referente à Halophila baillonis na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, ficamos muito felizes. Para quem trabalha com pesquisa e, no nosso caso, quem estuda os ecossistemas de angiospermas marinhas, foi uma grande descoberta, porque esta espécie era considerada até extinta do litoral brasileiro”. A bióloga destaca ainda a relevância da região pesquisada e de estudos como o proposto pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. “A APA da Barra do Rio Mamanguape apresenta características ecológicas que propiciam a existência de inúmeras espécies da


fauna e da flora, algumas até ameaçadas de extinção, como é o caso das angiospermas marinhas. É importante realizar estudos de mapeamento dessa vegetação ao longo do litoral do Brasil, realizando um monitoramento do desenvolvimento destas plantas e levantando as causas que vem proporcionando a perda de áreas destes ecossistemas, visando contribuir no direcionamento de esforços para a conservação destas espécies, que são umas das principais fontes de alimento para o peixe-boi marinho”, explica Maria Elisa. A pesquisadora Karine Magalhães há anos estuda as angiospermas marinhas e se mostra otimista com o resultado da pesquisa na APA da Barra do Rio Mamanguape. “A descoberta desta população irá atrair ainda mais atenção aos ecossistemas aquáticos e a estas plantas que fornecem diversos serviços ambientais, como é o caso de ser alimento do peixeboi marinho. Para o meio acadêmico, em especial para os pesquisadores da área, a notícia é excelente já que confirma a existência de mais uma população desta espécie, pois hoje só há 10 ou 11 ao redor do globo. Para o Brasil o fato é muito mais significativo, já que se considerava esta espécie como extinta, havia apenas dois registros com mais de 30 anos de plantas soltas, e não populações da espécie. Este fato reforça a necessidade de mais pesquisas na área e, principalmente, servirá para aumentarmos os esfor-

ços de proteção a áreas como a APA da Barra do Rio Mamanguape, já que a mesma abriga uma das poucas populações desta espécie rara”, explica Karine. A coordenadora científica do Projeto Viva o PeixeBoi Marinho e também diretora vice-presidente da FMA, Jociery Vergara-Parente, ressalta a importância da publicação científica e das parcerias com pesquisadores das universidades. “A publicação deste artigo é mais um dos produtos que consagra o pleno desenvolvimento do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que caracterizou no resgate das ações técnicas da Fundação Mamíferos Aquáticos voltadas à conservação dos peixes-bois na APA da Barra do Rio Mamanguape. A parceria entre a FMA e a pesquisadora Karine Magalhães é de muitos anos e é sempre um prazer tê-la envolvida em nossos projetos com tamanho empenho. A dedicação e seriedade de toda a equipe envolvida na pesquisa não poderia ter sido melhor coroada, as fanerógamas marinhas são uma importante fonte de alimentação para os peixes-bois e a redescoberta desta espécie em nosso litoral, sem dúvida, é um fato de destaque tanto para nossos mamíferos aquáticos herbívoros, como uma notícia importante para a flora costeira”, afirma Jociery.

FOTOS ACERVO FMA

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Projeto Viva o PeixeBoi Marinho celebra dois anos de atuação no litoral paraibano 8

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FOTO ENRICO MARCOVALDI

ESPECIAL


FOTO KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

Uma estratégia permanente de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) para evitar a extinção do peixe-boi marinho no Nordeste do Brasil. Assim pode ser definido o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que, no primeiro semestre de 2015, completou dois anos de atuação no litoral paraibano. A ocasião mereceu uma celebração especial, um evento comemorativo que aconteceu no final de junho, na Barra de Mamanguape (PB). Na oportunidade, houve apresentação dos resultados obtidos, roda de conversa, exibição de fotos e vídeos e atrações musicais. O evento teve início, na Colônia Z-13 Antônio de Brito, com a exibição de fotos e vídeos sobre os trabalhos executados pela Fundação Mamíferos Aquáticos no Nordeste, e, na sequência, com a apresentação dos resultados obtidos pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho durante o período de atividades na costa paraibana. No local, estavam presentes representantes da APA da Barra do Rio Mamanguape e da comunidade, que puderam conferir, com mais detalhes, o que a equipe do projeto desempenhou em termos de pesquisa, a exemplo do desenvolvimento de uma tecnologia nacional inovadora de monitoramento via satélite de peixe-boi marinho, da avaliação da qualidade hídrica do estuário da região e do mapeamento das áreas de alimentação da espécie, onde foram encontrados exemplares de uma vegetação considerada rara e até extinta no Brasil. Na ocasião, os participantes ficaram bastante empolgados com as novidades sobre o monitoramento via satélite e sobre a descoberta científica na área de alimentação do peixe-boi marinho. “É tanta coisa importante acontecendo aqui na Barra e que vai servir para o Brasil todo. Não vejo a hora do equi-

pamento via satélite ser testado com os peixes-bois marinhos aqui”, disse Geraldo de Brito (Sr. Biruca), que há mais de 25 anos trabalha pela conservação da espécie na região. O projeto também trabalhou na disseminação dos resultados das pesquisas no meio científico, produzindo artigos, monografia, teses e resumos, além de apoiar e participar de eventos técnico-científicos em várias cidades dentro e fora do Brasil. Além dos trabalhos de pesquisa, a equipe FMA também apresentou o que foi realizado nas áreas de educação ambiental – a exemplo das campanhas de sensibilização, eventos eco culturais, capacitação de professores locais e formação de jovens agentes ambientais – e de cidadania e inclusão social, promovendo oficinas voltadas para o empreendedorismo e desenvolvimento comunitário, criando, junto com a comunidade, um coletivo de produção na região e um plano de negócios, e prestando apoio à Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia na produção de pelúcias alusivas a mamíferos aquáticos. Após a apresentação dos resultados, uma roda de conversa foi formada, na qual a equipe ficou atenta às impressões e sugestões da comunidade para atividades futuras. “Sei da relevância do projeto aqui para a Barra e para o peixe-boi marinho. Acho que a comunidade precisa aproveitar essa oportunidade, se envolver mais e ter mais consciência dessa importância”, analisou Rejane Lourenço, comerciante local. Após a roda de conversa, o evento seguiu noite adentro com as atrações musicais DJ Alfaia e Forró de 1 Real, que embalaram a celebração em ritmo junino, com direito a fogueira e “quadrilha peixe-boi” improvisada.

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CONSERVAÇÃO MARINHA

Pesquisa apresenta indicadores de vulnerabilidade de aves em casos de derramamento de óleo O biólogo e pesquisador da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), Bruno Jackson Almeida, apresentou, no final de julho, a sua tese de doutorado na Universidade Federal de Sergipe, com o título “AVIFAUNA COSTEIRO-MARINHA DO LITORAL DE SERGIPE: HISTÓRICO DE OCORRÊNCIA E INTERAÇÕES COM VAZAMENTOS DE ÓLEO”. O estudo feito pelo biólogo especialista em aves ressalta a importância da consolidação de dados e conhecimentos sobre a avaliação de impactos e interações da avifauna costeiro-marinha, com atividades antropogênicas, em especial com derramamento de óleo. O trabalho tem como objetivo propor e apresentar um Índice de Vulnerabilidade de Aves ao Óleo (IVAO) que possibilite evidenciar características sobre as espécies de aves de uma determinada localidade, traduzindo esses dados em indicadores de vulnerabilidade. De acordo com o pesquisador, a proposta busca contribuir com a conservação marinha na medida em que subsidia gestores e planejadores de mapas de sensibilidade com informações que possibilitam um entendimento mais objetivo e prático sobre quais as espécies de aves com maior probabilidade de serem afetadas, o que pode potencializar as efetividades de ações técnicas e científicas na área. Para realizar a pesquisa, o biólogo solicitou dados ao CGPEG/IBAMA e se baseou em anos de experiência vivenciados durante a realização do Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades (PRMEA) – medida de avaliação de impactos ambientais exigidos pelo licenciamento ambiental federal conduzido pelo IBAMA - que a FMA executa no litoral de Sergipe, Alagoas e Bahia, e em dados analisados pelo Núcleo dos Estudos dos Efeitos Antropogênicos nos Recursos Marinhos (NEARM/FMA).

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A apresentação da tese de doutorado foi avaliada por uma banca de profissionais, especialistas em diversas áreas que envolviam aves, manguezal, óleo e ecologia. A bióloga e ornitóloga Roberta Rodrigues, pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba, foi uma das especialistas que analisaram o trabalho. Para Roberta, o estudo realizado por Bruno J. Almeida é pioneiro no Brasil e tem grande importância para a área científica e conservação marinha brasileira. “Existem poucas pessoas trabalhando com aves no país e este foi o primeiro enfoque voltado para os casos de acidentes com óleo. Este trabalho será importante para os planos de ações nacionais para a conservação das aves, tanto as limícolas como as marinhas. Representa um indicador, um auxílio, um norte que permite saber qual o risco que determinados grupos de aves sofrem com a pressão de um acidente com óleo e quais medidas e ações a se tomar para proteger as aves nestes casos”, explica a pesquisadora. A diretora vice-presidente da FMA, Jociery VergaraParente, avalia positivamente o estudo: “Dentre os resultados da pesquisa, ficou evidente a importância de se empregar qualidade, experiência e o olhar técnico-científico em projetos de condicionantes ambientais impostos pelo governo no desenvolvimento de atividades potencialmente poluidoras. A Fundação e a comunidade científica estão de parabéns por mais este doutor que consagra seus muitos anos de pesquisa em prol da conservação marinha brasileira”. Em breve, a tese ficará disponível para consulta online.


FOTO BRUNO JACKSON ALMEIDA

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AÇÃO MAR

FOTO RAQUEL PASSOS/ACERVO FMA

Instituições e banhistas se unem para tentar salvar filhote de baleiajubarte em Aracaju POR RAQUEL PASSOS

Na tarde do dia 06 de agosto, a equipe do Convênio MAR, firmado entre o Instituto de Tecnologia e Pesquisa e Fundação Mamíferos Aquáticos, que executam o Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades – medida de avaliação de impactos ambientais exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA – foi acionada para resgatar um filhote de baleia-jubarte, na praia da Sarney, em Aracaju.

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O filhote, com aproximadamente 4 m e 1,5 tonelada, primeiramente foi avistado por banhistas e, minutos depois, pela equipe MAR, que chegou ao local para executar o resgate, orientando os guarda-vidas do Corpo de Bombeiros e curiosos sobre a conduta adequada para manter o mamífero aquático bem até o desencalhe, com procedimentos para mantêlo úmido e protegido do sol. Na ocasião, a equipe fez coleta de material, biometria e planejamento de resgate. Segundo banhistas, o encalhe aconteceu por volta das 14h e a equipe MAR conseguiu chegar no local em menos de meia hora. O médico veterinário, Fábio Amâncio, coordenador de mamíferos aquáticos da FMA, conduziu a ação com apoio dos guarda-vidas e de alguns populares que se voluntariaram para ajudar no desencalhe do animal. No local, a equipe se consolidou com cerca de 20 pessoas e, após a coleta de material do filhote, uma lona resistente foi acomodada no ventre do animal com o intuito de auxiliar em seu deslocamento de volta ao mar. “Todos que não eram da equipe do Convênio MAR foram orientados in loco da melhor forma, para que o filhote não sofresse tanto com o desgaste do encalhe. Com muita união, foi possível retirá-lo da beira da praia e encaminhá-lo ao seu habitat. Como o animal ainda estava desorientado, assim que conseguimos o feito, não demorou para ele encalhar de volta. Todos monitoravam sua reintrodução na imediação e, prontamente, nos deslocamos para pouco mais de 10 m do local inicial. Com mais um pouco de esforço coletivo, conseguimos fazer com que o filhote de baleia-jubarte voltasse ao seu ambiente natural”, explica o médico veterinário, Fábio Amâncio.

mãe, aparentava ter um mês de vida. “Caso ainda permanecesse perdido, ele poderia ficar desnutrido, fraco e mais desorientado e, assim, acabaria vindo parar em terra firme quando menos esperássemos”, enfatizou Amâncio. Desde que o animal foi reintroduzido, a equipe do Convênio MAR então permaneceu em alerta total. Foi quando na primeira hora de monitoramento de praia do dia seguinte, na maré baixa, os profissionais encontraram o filhote encalhado novamente, e detectaram morte recente. A necropsia foi feita pela equipe do Convênio MAR para posterior análise. A coordenadora técnico científica do ITP e diretora vice-presidente da FMA, Jociery Parente, reconhece e parabeniza todos os esforços destinados pelas equipes do Corpo de Bombeiros e do Convênio MAR e a colaboração dos banhistas na operação. “Tudo que estava ao alcance da equipe profissionalizada foi realizado com maestria e muita união, o que é mais importante. Esse tipo de acontecimento faz a nossa chama ficar acesa ainda mais para cumprirmos a missão de promover a conservação, com muita determinação e mobilização coletiva”. A Fundação Mamíferos Aquáticos alerta que em casos de encalhe de baleia ou de qualquer mamífero aquático, vivo ou morto, o primeiro procedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região. Se o animal estiver vivo, quem o encontrou também pode ajudar seguindo as seguintes orientações: 1. Se o mamífero estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra; 2. Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água; 3. Evite aglomeração em volta do animal.

Mas, mesmo diante de todo esforço empreendido para o pronto atendimento e a reintrodução, no início da manhã do dia 07 de agosto, a mesma equipe de profissionais encontrou o animal em óbito recente na praia do Viral, litoral sul de Aracaju. O médico veterinário explica que por se tratar de um filhote, sabia-se da probabilidade de ele tornar a encalhar a qualquer momento, pois ainda dependia muito da

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POLÍTICAS PÚBLICAS

LANÇADO PROJETO DE LEI QUE INSTITUI A POLÍTICA DA PESCA ARTESANAL EM PERNAMBUCO O Dia do Meio Ambiente, 05 de junho, foi também a data escolhida para o evento de assinatura do Projeto de Lei que institui a Política da Pesca Artesanal no Estado de Pernambuco. O Projeto foi fruto de um trabalho de quatro anos junto a um processo de articulação, facilitado pela Fundação Mamíferos Aquáticos, entre pescadores artesanais de Pernambuco, colônias e associações de pesca da região, Secretarias do Governo do

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FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

1. Na cerimônia, os consultores Alexandre Merrem e Dalva Correia, o secretário executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Carlos André Cavalcanti, a consultora Denise Castro e as técnicas de Inclusão Social da FMA Maíra Braga e Daniela Araújo. 2. O governador Paulo Câmara no momento da assinatura do projeto de lei.

neste processo, do papel que este indivíduo tem de assumir a sua atuação, os seus compromissos e colocar a sua voz no lugar que tem que ser ouvido para construir junto com os outros”, destacou Denise. O governador de Pernambuco, Paulo Câmera, afirmou, durante a cerimônia de assinatura, que a pesca artesanal merece uma atenção especial. “A gente tem que olhar para estas pessoas, olhar para esta atividade econômica e dar as condições para ela se desenvolver de maneira sustentável durante todo o ano, todo o tempo e para todas as gerações. Vamos ter uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa, sem dúvida nenhuma, uma lei discutida com a sociedade, que ainda este semestre vai nos dar condição de andarmos muito mais rápido e com mais segurança e fazer com que a pesca artesanal do nosso Estado e o Complexo Industrial Portuário SUAPE. A Estado seja um exemplo de práticas sustentáveis, de proposta é promover o fomento, a organização e emprego, de renda e de proteção ao meio ambienvalorização da pesca artesanal, alcançando, de forte”, enfatizou o governador. ma sustentável, o desenvolvimento socioeconômico, cultural e profissional dos que exercem a atividade, O evento aconteceu no Palácio do Campo das Prindas comunidades tradicionais, bem como, a consercesas e contou com a participação de pescadores, vação e a recuperação dos ecossistemas aquáticos. pescadoras e representantes de colônias, movimentos e associações de pesca atuantes no Estado, bem Para a consultora Denise Castro, que atuou durante como do governador de Pernambuco, Paulo Câmatodo o processo de articulação, o Projeto de Lei é ra, do secretário de Meio Ambiente e Sustentabiliuma referência para o movimento pesqueiro, para dade, Sérgio Xavier, de representantes da Fundação a luta de todas as pessoas que batalham pela valoriMamíferos Aquáticos e de diversos órgãos do Gozação e reconhecimento da sua cultura. “Este é um verno do Estado. O Projeto ainda terá que passar passo importante de muitos ainda que têm que ser pela aprovação da Assembleia Legislativa. dados, mas um passo muito importante para a história. Pernambuco se destaca neste processo. Foram quatro anos de muito trabalho, muita dedicação, reflexão, reconhecimento dos momentos, de muita escuta, muito diálogo, de aprendizado de todas as partes, onde a gente priorizou o valor do indivíduo

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Instituto Mamirauá ganha Prêmio Nacional da Biodiversidade Por trabalho de conservação ao peixe-boi amazônico POR RAQUEL PASSOS

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FOTO AMANDA LELIS/ACERVO IDSM

SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL


O Dia Internacional da Biodiversidade, 22 de maio, foi a ocasião escolhida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para entregar o Prêmio Nacional da Biodiversidade (PNB). Esta foi a primeira edição do evento, que contou com a inscrição de 888 projetos de todo o Brasil, dos quais foram selecionados 18 finalistas para concorrer em sete categorias. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), parceiro institucional da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), venceu o Prêmio nas categorias Academia e Júri Popular (formado por 63 mil pessoas), com a iniciativa “Conservação do peixe-boi amazônico”, desenvolvida pela organização social, supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O IDSM atua na conservação do peixe-boi Amazônico desde 1993, antes mesmo de sua fundação, quando as ações eram desenvolvidas por meio da Sociedade Civil Mamirauá. A proposta de conservação, desenvolvida pelo Instituto, tem o objetivo de gerar dados biológicos e populacionais da espécie, sensibilizar as comunidades ribeirinhas e reabilitar peixes-boi órfãos, devolvendo-os à natureza no menor tempo possível. A pesquisadora Miriam Marmontel, coordenadora do projeto de preservação do peixe -boi amazônico do IDSM, recebeu as premiações e afirmou estar honrada em coordenar profissionais e pesquisadores multidisciplinares engajados. “Obviamente, alcançar o que se alcançou nesses pouco mais de 20 anos, não pode ser feito por uma só pessoa. Centenas de colaboradores auxiliaram nesta iniciativa, incluindo estudantes de vários níveis, profissionais de diversas áreas, apoiadores internos e externos, e as populações locais. Meu colaborador de mais longo prazo, Antônio Peixe-boi, é morador da Reserva Mamirauá, e foi assistente do Márcio Ayres antes de se encantar com o peixe-boi quando começamos a trabalhar juntos em 1993. Como ele, muitas outras pessoas foram tocadas por essa espécie tão especial, e passaram a ter tamanha

apreciação. Saber que conseguimos transitar entre o mundo tradicional e o mundo científico, e sensibilizar ambos em prol da conservação das espécies, é outro motivo de orgulho”, avalia Marmontel. Para a diretora vice-presidente da FMA, Jociery Einhardt Vergara-Parente, o momento é de alegria diante do merecido reconhecimento. “A FMA se sente muito feliz por esta conquista. O IDSM é uma instituição de pesquisa com referência internacional no manejo e conservação da biodiversidade da Amazônia, e ainda é nossa parceira há tantos anos por meio do Grupo de Pesquisa de Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA), liderado pela Dra. Miriam; o qual também sou membro desde 2005, quando tive o prazer de tê-la como minha orientadora do doutorado”, avalia Vergara-Parente. Para a bióloga Danielle Lima, pesquisadora associada da FMA e membro do grupo de pesquisa Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) do Instituto Mamirauá, os esforços dedicados ao Prêmio Nacional da Biodiversidade são provenientes de uma extensa equipe engajada e motivada por sua líder com vasto e apurado conhecimento na área: “Não há como falar de mamíferos aquáticos amazônicos, em especial o peixe-boi, sem mencionar a Dra. Miriam Marmontel. Dos seus quase 40 anos dedicados à conservação das espécies deste grupo, Miriam têm vivenciado os últimos 24 anos na Amazônia Central brasileira. É uma vida de entrega aos mamíferos aquáticos e ao universo desafiador que é a Amazônia! Se por um lado o Prêmio Nacional de Biodiversidade reflete o mérito de uma Instituição, por outro é um merecido reconhecimento ao esforço pessoal da Miriam à conservação do peixe-boi amazônico. Acredito que Miriam seja movida por estes elementos e, por onde passa, deixa isto transparecer. De certa forma, somos contagiados por isto e motivados a contribuir nesta jornada. Queremos fazer parte desta dedicação”.

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FOTOS ACERVO IDSM

As pesquisadoras Danielle Lima e Miriam Marmotel, do IDSM, na cerimônia de premiação. FMA e IDSM Atualmente, a FMA conta com as orientações técnicas da pesquisadora Miriam Marmontel no quesito mamíferos aquáticos e no Conselho Deliberativo da FMA. “Poder compartilhar de seu conhecimento, vivenciando as práticas desenvolvidas em prol da conservação dos peixes-bois é algo indescritível, uma grande oportunidade de ver uma profissional ética, virtuosa e de grande coragem, que coloca sempre a sua luta pela conservação da biodiversidade em primeiro lugar, até mesmo em condições na maioria das vezes desfavoráveis”, explica a diretora vice-presidente da FMA, Jociery Einhardt Vergara-Parente. “Esta é uma relação muito profunda, e também de longo prazo. Compartilhamos pesquisas, trabalhos e emoções. Essa ligação, especialmente com João [diretor presidente da FMA] e Jô [ Jociery], existe há quase tanto tempo quanto estou envolvida com os mamíferos aquáticos, o que já se aproxima das duas décadas. Interagimos alternadamente como aprendizes e instrutores, intercambiando essas capacidades, e envolvendo e contando com a participação de membros de nossas equipes. A interação tem rendido ricas discussões, relevantes publicações e fortes inserções no âmbito da conservação de mamíferos aquáticos no país, especialmente dos peixes-boi, amazônico e marinho. Além disso, a relação com a FMA me permite colocar umas pitadinhas de sal no trabalho feito dentro do rio-mar Amazonas com os mamíferos dulciaquícolas”, complementa a pesquisadora Miriam Marmontel.

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“Há 14 anos, a FMA me inseriu no universo da conservação dos mamíferos aquáticos, durante a minha graduação em Ciências Biológicas. Foi pelo exemplo de pessoas desta instituição que aprendi a caminhar de forma reta e destemida em prol dos mamíferos aquáticos, sem ultrapassar os limites éticos. Ao concluir a graduação, fui incentivada pela equipe da FMA a trilhar novos horizontes. O convite feito pela Dra. Miriam Marmontel para integrar o Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos do Instituto Mamirauá foi imensamente celebrado pelos membros da FMA. Este incentivo confirmou meu sentimento de que aquele era o melhor caminho para meu crescimento profissional. Mesmo seguindo adiante, não conseguia cortar meus laços com a FMA. Então, passei a tentar conciliar as atividades de pesquisa envolvendo as duas instituições, que se mesclam dentro de mim e o envolvimento flui harmonicamente, a partir do respeito e admiração a ambas”, comenta Danielle Lima. Para saber mais sobre o Instituto Mamirauá, acesse: www.mamiraua.org.br.


ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Desta vez, a ilustração foi feita por Aline, estudante paraibana de 12 anos, durante uma visita do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho à Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Nilo Peçanha, em Cravaçu, na APA da Barra do Rio Mamanguape. No desenho, Aline alerta para um dos impactos antropogênicos que mais ameaçam a saúde e a vida do peixe-boi marinho: os acidentes provocados por hélices de embarcações motorizadas, que podem ferir, mutilar e até matar os animais. A estudante também chama atenção para o vazamento de combustível na água, que pode poluir o ambiente e afetar a saúde de diversos seres marinhos. Alerta Peixe-Boi Por Aline, 12 anos

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FOTO GENILSON GERALDO/ACERVO FMA

Diário de bordo POR ELISMARA OLIVEIRA

Analista ambiental e médica veterinária do PVPBM

Meu primeiro contato com o peixe-boi marinho foi em dezembro de 2009, eu tinha acabado de sair do ensino médio e estava viajando com a família para aproveitar as últimas férias antes das aulas da faculdade. Numa praia do litoral sergipano, vi uma aglomeração de pessoas e um pescador local informou que era um peixe-boi que vivia na região. Naquela ocasião, nem imaginava que um dia ia amar tanto esses animais, que trabalharia com eles, ou melhor, para eles, para a conservação da espécie. O peixe-boi marinho é um animal super dócil, eu não sei como alguém consegue fazer mal a um animal desse. Para mim, o peixe-boi marinho representa ou significa esperança, esperança de que é possível recuperar, salvar uma espécie, seja ela qual for, se houver pessoas interessadas em ajudar. Vejo que os trabalhos de conservação realizados pela Fundação

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Mamíferos Aquáticos (FMA) e por outras instituições do norte e nordeste brasileiro vêm tendo bons resultados, claro que ainda são poucos, mas o fato de estar tendo uma boa resposta já impulsiona novas medidas e ações para aumentar esse resultado da conservação. Eu fui convidada a ocupar a vaga de analista ambiental e médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho em 2015. Antes disso, eu estagiava na unidade da Fundação Mamíferos Aquáticos, em Sergipe, com a equipe do PRMEA (Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades), estágio esse que durou um ano e meio, onde pude aprender lições para minha vida profissional e pessoal. Antes mesmo de chegar à Barra de Mamanguape, eu já ouvia histórias sobre o lugar e de seus moradores. Na viagem do Recife para a Barra, enchi


os meninos locais (Sé, Genilson e Véi) de perguntas sobre como era a Barra, que animais eu ia encontrar, se lá era legal, o que tinha para fazer... Depois de algumas respostas e mais tantas perguntas, eles desistiram e disseram para eu esperar e ver. A ansiedade só aumentava a cada quilômetro. Eles foram me explicando um pouco sobre cada comunidade do caminho. E, finalmente, chegamos à Barra!!! Ver os coqueiros do caminho, os animais, as crianças, me deixaram num estado de paz. Porém, como havia chegado no turno da noite, precisei esperar até o outro dia para continuar a explorar a beleza e magia do lugar. A Barra me parece um lugar tranquilo e bom de morar, onde há boas pessoas, em sua maior parte sempre dispostas a ajudar. A Barra tem um significado para mim de início, foi onde nasceu a FMA. Foi onde nasceu a família a qual pertenço agora, a família FMA. Se não tivesse esse ponto de partida, jamais existiria uma sala da FMA na faculdade onde me formei, jamais teria feito estágio e aprendido tanto, e não estaria aqui no PVPBM hoje. E além de significar o início da FMA, significa o início da minha carreira profissional, o que representa um grande desafio para mim. Aqui estou dando meus primeiros passos de muitos. Não haveria lugar melhor para este início. A escolha de trabalhar longe de casa, realmente não foi fácil. Mas foi extremamente necessário para meu crescimento tanto pessoal quanto profissional. Com a ajuda da tecnologia, ficar “longe” acaba sendo “perto”, o que facilita o dia a dia. É lógico, não tem como negar que a saudade existe, mas uma ligação, uma mensagem, um e-mail ou um sinal de fumaça amenizam esse sentimento. Para mim, representa tomar decisões que trazem um certo sacrifício (de estar longe de casa, da família e amigos) por um bem maior, que é a conservação do peixe-boi marinho e da fauna marinha em geral.

uma infinita troca de conhecimento, tanto tenho coisas para ensinar quanto para aprender, aprendo com todos da comunidade, aqueles que estão trabalhando diretamente comigo, até aqueles que são moradores da comunidade, desde crianças a adultos e idosos. Minha jornada diária acontece das 8h às 17h. Cada mês, fazemos um planejamento das atividades: às vezes, saímos para fazer campanha em alguma praia; às vezes, saímos com o barco para auxiliar os monitores da APA no monitoramento; outras, ficamos para resolver questões no escritório. Reservo, no mínimo, um turno por semana para estudo e atualização de conhecimento. Trabalho de acordo com as necessidades, sejam elas quais forem. É incrível poder contribuir - de qualquer forma que seja - para a conservação desse animal, imaginar um futuro com a espécie fora de ameaça, com uma população que entenda a importância da conservação. Imaginar um futuro desse, e saber que ajudei na construção dele, é simplesmente incrível e gratificante. Fico muito feliz em poder fazer parte de tudo isso, trabalhar com pessoas maravilhosas (como Sé, Genilson, Elisa, a equipe de Recife, os monitores e funcionários da APA) e em estar podendo conviver diariamente com essa comunidade tão especial.

No PVPBM, executo as atividades de resgate e necropsia de mamíferos aquáticos. Faço saídas de barco para realizar coleta de fezes para posterior análise de hormônios. Também faço atividades de educação ambiental em escolas e eventos, e participo das campanhas para divulgação do programa de encalhe do PVPBM, além de executar as atividades burocráticas de escritório. Vejo o trabalho como

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O geoprocessamento em projetos ambientais POR GABRIELA VALENZUELA

Graduada em Geografia, atua na Fundação Mamíferos Aquáticos, auxiliando pesquisas por meio do geoprocessamento.

A disseminação do uso de geotecnologias nas mais diversas áreas do conhecimento possibilitou um avanço significativo no desenvolvimento de pesquisas, aprimorando as etapas de aquisição, análise e representação de elementos espaciais. Por este motivo, atualmente o geoprocessamento e os SIGs (Sistemas de Informações Geográficas) estão presentes em grandes parcelas dos trabalhos produzidos nos meios acadêmico e científico e nos setores público e privado, atuando como uma expressiva ferramenta de auxílio em ações de planejamento, gestão, manejo e tantas outras aplicações. Uma das características básicas do geoprocessamento é a interdisciplinaridade, pois se trata de um trabalho participativo, constituído por uma equipe multidisciplinar, com um objetivo em comum: analisar todos os componentes referentes ao tema estudado e as relações entre eles. Tal característica permite que a relação entre o homem e o meio possa ser vislumbrada num sentido mais dinâmico, envolvendo questões ambientais, econômicas, políticas, sociais e culturais. Para tanto, é importante salientar a importância de profissionais qualificados e atualizados na área das geotecnologias para que possam conduzir a equipe a um resultado satisfatório.

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Nos estudos voltados ao meio ambiente, ações de planejamento, gestão e monitoramento devem incluir a análise integrada dos componentes do sistema natural – geologia, hidrografia, vegetação, etc. O geoprocessamento é aplicado de forma que se possa obter uma leitura mais abrangente dos impactos ocasionados por cada elemento, levando a um direcionamento no processo de tomada de decisão. Pode-se tomar como exemplo, a ocupação do território, onde esta deve ser precedida de uma análise de seus reflexos no sistema local a curto, médio e longo prazo, sempre relacionando as questões ambientais com as questões sociais. Gilberto Câmara e José Medeiros, na obra “Geoprocessamento para projetos ambientais”, aponta quatro grandes grupos de aplicações do uso das geotecnologias, sendo elas: Mapeamento Temático, que propõe a caracterização e compreensão da organização do espaço; Diagnóstico Ambiental, que estabelece estudos específicos sobre determinadas regiões de interesse em ocupação e preservação; Avaliação de Impactos Ambientais, que visam o monitoramento dos efeitos causados pela intervenção humana sobre o ambiente e o Ordenamento Territorial, que objetiva normatizar o espaço, buscando a racionalização dos recursos, com o intuito de realizar um processo de desenvolvimento sustentado.

FOTO ARQUIVO PESSOAL

COLUNA CIENTÍFICA


Em síntese, o geoprocessamento se mostra um instrumento versátil, podendo ser empregado em várias áreas de saberes, que se relacionam na estruturação e análise de produtos que serão usufruídos, não por si só, mas dentro de contextos. O geoprocessamento pode proporcionar às pessoas uma percepção que englobe e relacione o mundo como um todo, sendo utilizado de forma ética, visando a coerência entre as ações humanas e respeitando o meio ambiente.

Referência: DE MEDEIROS, José Simeão; CÂMARA, Gilberto. Geoprocessamento para projetos ambientais. 2001. Disponível em: http://mtc-m12.sid.inpe.br/col/sid. inpe.br/sergio/2004/04.19.15.08/doc/cap10-aplicacoesambientais.pdf

Abaixo, um exemplo de aplicação do geoprocessamento em projetos ambientais. Na descrição do mapa, as principais ações antropogênicas com potencial gerador de impacto nas áreas de ocorrência das angiospermas marinhas na região estuarina da Barra do Rio Mamanguape (PB).

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PESQUISA A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação do peixe-boi marinho e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado pelo biólogo Thiago Reis, especialista, mestre e doutor em Oceanografia e pesquisador de pós-doutorado do Museu de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, com a colaboração de pesquisadores da FMA e da UFPE.

RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE MACROALGAS EM RECIFES DE ARENITO SUJEITOS A INFLUÊNCIA DO RIO MAMANGUAPE, NORDESTE DO BRASIL Autores: Thiago N. V. Reis¹, Edson Regis Tavares Pessoa Pinho de Vasconcelos¹, Juliane Bernardi¹, Fernanda Vasconcelos¹, Maria Elisa Pitanga², João C. Borges², Maria Danise de Oliveira Alves¹, Iana Tavares Favero¹, Simone Cunha Rabelo¹1. 1. Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Rua da Arquitetura, s/n, Cidade Universitária, 50670-901 Recife, PE, Brasil. 2. Fundação Mamíferos Aquáticos/Projeto Viva o Peixe-boi Marinho, Avenida Dezessete de Agosto, 2001, Casa Forte, CEP: 52061-540, Recife-PE.

Este resumo científico foi apresentado no México, no X Congreso de Ficología de Latinoamérica y El Caribe/ VIII Reunión Iberoamericana de Ficología.

INTRODUÇÃO O presente estudo tem como objetivo realizar o mapeamento da cobertura de macroalgas na Barra do Rio Mamanguape, nordeste do Brasil, região inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, local de grande importância para reprodução, descanso e forrageio do peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus).

Localização dos pontos de amostragem nos recifes de arenito na APA da Barra do Rio Mamanguape.

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METODOLOGIA As coletas de macroalgas foram realizadas em outubro de 2013, em três pontos sobre os recifes de arenito distribuídos de acordo com a Beachrock: Ponto Sul e Norte– subdivididos em três estratos amostrais (Estrato A, B e C) e Ponto Central – com um único estrato. Em cada área foram coletadas de 10 a 15 amostras, de acordo com as características ecológicas (densidade populacional, tamanho e o modo de dispersão dos indivíduos na comunidade), totalizando 85 amostras ao todo. As amostras foram triadas e identificadas a partir de literatura especializada e, posteriormente, levadas a estufa (60º) para a determinação da biomassa em g ps m². Foram aplicados testes de variância e de similaridade (ANOSIN) para avaliar se existem diferenças entre a composição florística nos diferentes pontos estudados, levando em consideração o fator Ponto de Coleta (Sul, Central e Norte) a partir de uma matriz de similaridade (Índice de Sorensen). Os testes estatísticos foram realizados no programa PRIMER 6.1.12. RESULTADOS E DISCUSSÃO A riqueza de espécies encontrada nas três áreas amostradas apresentou diferenças significativas na variação global dos dados (R=0.37; p=0.002) e entre os Pontos Sul e os demais, obtendo valor de R>0.4 (p=0.002) e p<0.05 (p=0.002), e não sendo verificada diferença significativa entre os Pontos Norte e Central. Os valores de biomassa média de macroalgas encontrados para os Pontos foram de 221.5±105.6 g ps m², 172.6±40.8 g ps m² e 124.7±65.4 g ps m² nos Pontos Sul Central e Norte, respectivamente. As variações observadas são evidenciadas pela menor biomassa no Ponto Norte, devido talvez à maior proximidade da desembocadura do rio Mamanguape neste ponto, acarretando em uma maior quantidade de material em suspensão, o que influencia no desenvolvimento das macroalgas.

Riqueza de Macroalgas encontrada nos recifes de arenito sujeitos a influência do Rio Mamanguape.

MDS formado a partir da similaridade das amostras.

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FOTO KARLILIAN MAGALHÃES/ACERVO FMA

AGRADECIMENTOS Este trabalho foi resultado dos esforços do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, executado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e, na época de sua realização, patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental.

Coleta de macroalgas na região do recife de arenito na Barra de Mamanguape.

Cluster mostrando o agrupamento das amostras provenientes dos Pontos Sul, Central e Norte.

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FOTO REFLEXÃO

FOTO LUCIANA GARRIDO/CENPES/ACERVO FMA

Os golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) podem ser encontrados no Brasil, tanto em águas rasas como em águas profundas. São cosmopolitas, podendo ser avistados em todos os oceanos. Ocupam diferentes habitats, desde regiões costeiras, lagoas, estuários e mares internos até águas pelágicas e ilhas oceânicas. Alimentam-se de peixes, lulas e crustáceos. Eles chegam a medir 4 metros de comprimento e a pesar 200kg. Vivem aproximadamente 30 a 40 anos. Possuem rostro curto e largo, cor cinza escuro no dorso e cinza claro no ventre. Andam em grupos, com uma média de 10 animais, podendo se observar até mais de 100 animais em alto mar. Costumam acompanhar barcos em movimento, surfando junto à proa de navios. Em alguns países, estes animais utilizam esponjas marinhas para procurar ou desenterrar alimento no fundo do mar. É uma espécie muito inteligente, ativa e brincalhona. Como todos os mamíferos, a reprodução se dá por fecundação interna, com cortejo antes da cópula. O período de gestação é de 1 ano, com a amamentação que pode durar um ano ou mais. O filhote pode nascer medindo entre 0,9 a 1,2 metros. O intervalo entre crias varia de 1 a 3 anos em média. Apesar de esta espécie não estar ameaçada de extinção, ela sofre com os impactos ambientais provocados pelo homem, como o lixo, a poluição, pesca acidental, entre outros.

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FMA 25 ANOS

Convênio Mar leva conceito de diagnóstico ambiental à Feira Brasil Offshore 2015 POR RAQUEL PASSOS

O Convênio MAR, firmado entre a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) e o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), foi até Macaé (RJ) para participar do Brasil Offshore – Feira e Conferência da Indústria de Petróleo e Gás, realizada entre os dias 22 e 16 de junho. Considerado o 3º maior do mundo, o evento se tornou uma possibilidade de evidenciar que há condição de organizações e instituições de pesquisa que primem pela qualidade de produção de projetos e produtos científicos voltados para a conservação ambiental participarem da cadeia de mercado. Com atividades de diagnóstico ambiental, o Convênio MAR divulgou suas especialidades de monitora-

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mento ambiental, como resgate, reabilitação e soltura de fauna marinha, monitoramento e censo de fauna marinha, observação de bordo em unidades offshore, manejo e dinâmica populacional; e monitoramento aéreo. Na oportunidade, o MAR também apresentou o seu know-how em ações complementares e de pesquisa com ações em bioincrustração, monitoramento por rádio e satélite traking, plano de proteção à fauna (PPAF), diagnóstico de fauna e flora costeira, projetos de pesquisa e desenvolvimento com suporte de instituições renomadas: ANP, BID, Finep, CNPq, FUNBIO/MMA, CENPES/Petrobras e outras empresas.


FOTOS RAQUEL PASSOS/ACERVO FMA

O Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), via MAR, lideram o segmento de monitoramento ambiental, propondo um formato diferenciado às empresas, prestadores de serviços e visitantes que participam da Brasil Offshore 2015. Para a coordenadora técnico científica do ITP e diretora vice-presidente da FMA, Jociery Einhardt Vergara-Parente, apresentar o Convênio MAR para esse público foi também uma forma de ampliar as oportunidades de atuação socioambiental. “Temos recebido muitos pedidos mesmo sabendo que, nos tempos atuais, o mercado permanece tímido na área de petróleo e gás. Em campo, nosso objetivo é identificar falhas e propor medidas mitigatórias. Percebemos ainda que estar com o Convênio MAR na feira Brasil Offshore foi uma das maneiras de evidenciar a qualidade técnica e científica que organizações ambientais e instituições de pesquisa possuem, coloca Jociery Einhardt Vergara-Parente. O diretor presidente do ITP, Leonardo Teixeira, acredita que a inserção no mercado é necessária para ampliar a rede de atendimento e consolidar experiências para projetos futuros. “Estamos nos posicionando na cadeia produtiva de óleo e gás, nas atividades offshore, e apesar de termos sido o único stand do segmento de atividades socioambientais na feira Brasil Offshore, recebemos a visita de diversas empresas que trabalham na área, ou que necessitam

em algum momento executar trabalhos de condicionantes ambientais nesta cadeia produtiva, e todas se colocaram surpresas em como o Convênio MAR tem suas ações consolidadas na busca de soluções inovadoras”, coloca Leonardo Teixeira. Convênio MAR O Convênio foi criado em janeiro de 2014 entre o ITP e FMA, prospectando seus valores e ideais em prol do desenvolvimento tecnológico aliado à conservação do meio ambiente no Brasil. A maior intenção é colaborar cada vez mais com soluções inovadoras, que sejam de interesse comum e impulsionem a sustentabilidade pelo mundo.

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ÚLTIMAS Nesta seção, você confere as últimas notícias sobre as ações e atividades da Fundação Mamíferos Aquáticos no Brasil e no mundo. FMA PARTICIPA DO II ENGEAS, NO MARANHÃO De 02 a 04 de setembro, a Universidade Estadual do Maranhão sediou o VII ENGEAS - Encontro Nordestino dos Grupos de Estudos dos Animais Selvagens. Minicursos, palestras, conferências e apresentações de experiências e trabalhos científicos fizeram parte da programação do evento, que reuniu estudantes, professores, pesquisadores e profissionais das áreas de Medicina Veterinária, Zootecnia, Biologia e Engenharia Agrônoma. Na ocasião do VII ENGEAS, também aconteceu o II Simpósio de Animais Silvestres do Maranhão. O médico veterinário e diretor presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos, João Carlos Gomes Borges, participou do encontro, no dia 03 de setembro, ministrando a palestra “Encalhe de Mamíferos Aquáticos: O que é? O que posso fazer?”.

JOURNAL OF THE MARINE BIOLOGICAL ASSOCIATION PUBLICA ARTIGO SOBRE ESTIMATIVA POPULACIONAL DO PEIXE-BOI MARINHO NO BRASIL O Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom publicou, em agosto, um artigo produzido por pesquisadores brasileiros sobre uma nova estimativa populacional de peixes-bois marinhos no Nordeste do Brasil. Por meio de um trabalho de censo aéreo, realizado em 2010, os pesquisadores registraram no litoral nordestino (de Alagoas até o Piauí) aproximadamente 1000 exemplares da espécie, que ainda é considerada criticamente ameaçada de extinção no Brasil. A pesquisa foi realizada pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade Federal do Rio Grande. Para ter acesso à publicação, acesse: journals.cambridge.org. O título do artigo em inglês é “First abundance estimate of the Antillean manatee (Trichechus manatus manatus) in Brazil by aerial survey”.

CIRCUITO TELA VERDE E CINE PEIXE-BOI A Fundação Mamíferos Aquáticos foi contemplada com uma gama de filmes do Circuito Tela Verde para promover sessões gratuitas de cinema nas comunidades da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (PB), local onde atua com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Este é o segundo ano que a FMA é exibidora oficial do Circuito Tela Verde, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente junto ao Ministério da Cultura, por intermédio da Secretaria do Audiovisual, que promove regularmente a Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente. Para esta sexta edição da Mostra, foram selecionados 21 vídeos que abordam temáticas variadas como resíduos sólidos, Unidades de Conservação, agricultura familiar, água e energia, comunidades tradicionais, entre outros. Na APA da Barra do Rio Mamanguape, quem sempre dá as boas-vindas ao circuito é a equipe do Cine Peixe-Boi, formada por jovens ambientais da região que, com o apoio do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, desde 2013, leva a temática socioambiental, por meio da cultura audiovisual, às comunidades existentes na região. Além dos 21 vídeos selecionados, o circuito também enviou 34 curtas de animação sobre resíduos sólidos produzidos por meio do “Edital curta animação 2013: Resíduos Sólidos em um minuto”.

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GPS

INDICAÇÕES ORNITOLOGIA E CONSERVAÇÃO - CIÊNCIA APLICADA, TÉCNICAS DE PESQUISA E LEVANTAMENTO “Ornitologia e Conservação - Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento” foi escrito por diversos especialistas do país. Com dezenas de ilustrações coloridas, aborda ao longo dos seus 24 capítulos as mais diversas áreas de pesquisa com aves, abrangendo temas como inventário de espécies, anilhamento de aves, coleta de espécimes, avaliação de impacto ambiental, controle de aves em aeroportos, restauração de áreas degradadas, parasitologia, toxicologia, genética, frugivoria, entre outros.

GEOPROCESSAMENTO & MEIO AMBIENTE Esta obra apresenta exemplos do uso do geoprocessamento na produção de conhecimento de suporte para a conservação do meio ambiente. Além das questões técnicas, os autores oferecem sugestões para solucionar problemas práticos - análise de fragmentação de paisagem, gestão de biodiversidade, percepção ambiental, melhoria de qualidade da atividade pecuária, mapeamento e análise geomorfológica de áreas urbanas, definição de áreas para instalação de usinas termelétricas, segurança, qualidade de vida e distribuição espacial da criminalidade. Organizadores: Jorge Xavier da Silva e Ricardo Tavares Zaidan

eventos Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2015 nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins. XV CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA VEGETAL Data: 28 de setembro a 02 de outubro Local: Foz do Iguaçu (PR) www.iguassu.com.br/?post_type=eventos&p=4725

66º CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA Data: 25 a 30 de outubro Local: Santos (SP) www.66cnbotanica.com.br

INTERNATIONAL CONFERENCE ON EDUCATION FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT Data: 06 e 07 de outubro Local: Ebonyi, Nigéria www.icesd2015.org

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org

Realização:

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS Av. 17 de Agosto - 2001/1º andar Casa Forte - Recife - PE +55 (81) 3304 1443 | fma@mamiferosaquaticos.org.br www.mamiferosaquaticos.org.br


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