Fundação Mamíferos Aquáticos
EDIÇÃO 11
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R E V I S TA
A BORDO
ATROPELAMENTO POR EMBARCAÇÕES MOTORIZADAS: UMA AMEAÇA AO PEIXE-BOI MARINHO NO BRASIL Projeto lança vídeo educativo para proteger peixes-bois marinhos de acidentes com embarcações motorizadas
Atropelamento de peixes-bois é retratado em ações de Educação Ambiental no NE
Para proteger espécie ameaçada, pesquisadores recomendam ampliação da Zona de Proteção Estuaria da APA da Barra do Rio Mamanguape
FOTO MARIA ELISA PITANGA/ ACERVO FMA
PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO
Investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil.
EDIÇÃO 11 AGO/2018
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CAPA Atropelamento por embarcações motorizadas: uma ameaça ao peixe-boi marinho no Brasil
ESPECIAL
10 Projeto lança vídeo para proteger peixes-bois
COLUNA CIENTÍFICA
18 Alimentos do peixe-boi marinho (Trichechus manatus) no Brasil: uma revisão
PESQUISA
22 “Ecologia alimentar do peixe-boi-amazônico
marinhos de atropelamentos causados por embarcações motorizadas
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
12 Atropelamento de peixes-bois marinhos é
(trichechus inunguis) na região do médioSolimões e estuário do Rio Amazonas: uma análise comparativa com peixe-boi-marinho”
FMA
26 “OCEANO SEM PLÁSTICO” mobiliza cerca de 400 voluntários em ação de limpeza de praia no Recife
retratado em ações de Educação Ambiental nos estados de SE, PB e BA
CONSERVAÇÃO MARINHA
14 Pesquisadores recomendam ampliação da Zona
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GPS
de Proteção Estuarina da APA da Barra do Rio Mamanguape para contribuir com a conservação do peixe-boi marinho
DIÁRIO DE BORDO
16 Por Iara Medeiros
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REVISTA A BORDO
Jornalista responsável Karlilian Magalhães Design gráfico Giovanna Monteiro Revisão técnica João Carlos Gomes Borges TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:
Coluna Científica Fernanda Meneses Rodrigues Diário de Bordo Iara Medeiros Pesquisa Camila Carvalho de Carvalho
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FOTO REFLEXÃO
ILUSTRAÇÃO
FOTO ENRICO FOTO LUCIANO CANDISANI/ ACERVO FMA MARCOVALDI / ACERVO FMA
EDITORIAL A Revista A Bordo é o periódico de comunicação e informação científica do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela PETROBRAS, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O objetivo desta publicação quadrimestral é levar informação e sensibilizar os leitores sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente. Na sua 11ª edição, a Revista traz à tona um problema que tem preocupado pesquisadores e profissionais que trabalham pela conservação dos peixes-bois marinhos no Brasil: o atropelamento por embarcações motorizadas. Este tipo de incidente tem sido recorrente no litoral nordestino e se tornado uma ameaça real ao peixe-boi marinho no Brasil. Só para se ter uma ideia, em menos de três meses, dois peixes-bois marinhos reintroduzidos foram vítimas de colisões com embarcações. Ferimentos graves, mutilações e até a morte de animais são algumas das consequências que estes atropelamentos podem trazer. É importante lembrar que o peixe-boi marinho está em perigo de extinção no país. Nesta publicação, confira o que o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) está fazendo - em termos de tecnologia, Educação Ambiental e comunicação - para alertar a população sobre o assunto e prevenir este tipo de acidente no litoral brasileiro. A Revista A Bordo também traz uma matéria sobre a proposta de ampliação da Zona de Proteção Estuarina da APA da Barra do Rio Mamanguape apresentada por pesquisadores do PVPBM em prol da conservação do peixe-boi marinho no Nordeste. Na Coluna Científica, a pesquisadora e médica veterinária Fernanda Meneses Rodrigues faz uma revisão sobre os itens alimentares do peixe-boi marinho no Brasil. Alimentação também é o tema da seção Pesquisa, que traz o trabalho científico da pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Camila Carvalho de Carvalho, intitulado “Ecologia alimentar do peixe-boi-amazônico (Trichechus inunguis) na região do médio-Solimões e estuário do Rio Amazonas: uma análise comparativa com peixe-boi-marinho”. E quem assina o Diário de Bordo desta edição é a ecóloga Iara Medeiros, que conta um pouco da sua experiência nas atividades de Educação Ambiental em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Na seção FMA, você vai conferir o resultado do evento “Oceano sem Plástico” no Recife. A Revista também traz uma ilustração que o estudante paraibano Samuel, de apenas oito anos, deu de presente para a médica veterinária do PVPBM, Vanessa Rebelo. Tem também a seção Foto Reflexão, as indicações de livros e a agenda de eventos científicos previstos para 2018 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente. Boa leitura! Karlilian Magalhães, assessora de comunicação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
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CAPA
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Atropelamento por embarcações motorizadas: uma ameaça ao peixe-boi marinho no Brasil
FOTO MARIA ELISA PITANGA/ ACERVO FMA
O peixe-boi marinho está em perigo de extinção no Brasil. Casos de atropelamentos de peixes-bois marinhos por embarcações motorizadas têm sido registrados com frequência no litoral brasileiro, fato que tem preocupado pesquisadores e profissionais que trabalham pela conservação da espécie no país. Só para se ter uma ideia, em menos de três meses, dois peixes-bois marinhos reintroduzidos foram vítimas deste tipo de incidente no Nordeste: “Astro”, entre o litoral sul de Sergipe e norte da Bahia; e “Puã”, no litoral norte da Paraíba. Ao serem encontrados pelos técnicos do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, os animais apresentavam lesões (profundas e intercaladas) no corpo ocasionadas por colisão com casco e principalmente com hélice de embarcação. A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – prestou atendimento aos animais, iniciando imediatamente o tratamento das feridas. ’Puã’ e ‘Astro’ estão sendo medicados com pomadas para acelerar a cicatrização dos ferimentos e ambos estão sendo monitorados com o uso de tecnologia satelital. Os ferimentos foram muito sérios. Esta já é a segunda vez que acontece este tipo de ocorrência com ‘Puã’ e a décima vez que acontece com ‘Astro’. Levando em consideração o aumento da frequência de atropelamentos e a gravidade destes eventos, se não houver a colaboração dos
condutores de embarcações, em breve infelizmente poderemos identificar o óbito de algum destes animais”, ressalta o pesquisador e médico veterinário João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Atropelamentos por embarcações motorizadas já representam a maior ameaça aos peixes-bois marinhos na Flórida, Estados Unidos. No Brasil, casos de animais desta espécie atropelados vêm sendo relatados desde 1997. Em 21 anos, foram registradas ocorrências no Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Sergipe, Paraíba e Bahia. Em um artigo publicado em 2007, intitulado “Embarcações motorizadas: uma ameaça aos peixes-boi marinhos (Trichechus manatus) no Brasil”, o pesquisador João Carlos Gomes Borges - com a colaboração dos pesquisadores Jociery Einhardt Vergara-Parente, Carolina Mattosinho de Carvalho Alvite, Milton César Calzavara Marcondes e Régis Pinto de Lima – já relatava a ocorrência de colisões sobre dois filhotes recémnascidos, sendo o primeiro em fevereiro de 1997, na praia de Aracati (CE) e o segundo em fevereiro de 2003, na Baía da Traição (PB). Além destes, o artigo menciona um peixe-boi adulto (Astro), monitorado na ocasião pelo Programa de Reintrodução do CMA/IBAMA, por meio de Sistema de VHF, que foi atropelado em quatro ocasiões (janeiro e dezembro de 2001, março de 2002 e fevereiro de 2005), todas na praia do Mosqueiro (SE).
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FOTOS ACERVO FMA
Cicatrizes, mutilações, comprometimento de funções biológicas e até a morte são algumas das consequências deste tipo de acidente no animal. A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho pede atenção redobrada da população e principalmente dos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins): • Antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza que o animal não está por perto; • Se estiver navegando e avistar o animal nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos; • Ao encontrar um peixe-boi marinho, não toque e nem alimente. Isso prejudica a adaptação do animal à vida selvagem e traz sérios problemas a sua saúde; • Peixes-boi marinhos reintroduzidos estão sendo monitorados via satélite no litoral nordestino. Ao encontrar um peixe-boi com um equipamento (semelhante a um pequeno cone flutuante com uma antena) ou apenas o equipamento ou um peixe-boi marinho em situação de perigo ou encalhado nas praias, comunique ao órgão ambiental atuante na região ou entre em contato com a Fundação Mamíferos Aquáticos pelos telefones: (83)99961.1338 - (83)99961.1352 - (whatsapp) (79) 3025.1427.
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O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está em perigo de extinção no Brasil. Cada indivíduo existente é de suma importância para a perpetuidade da espécie. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
FOTO RICARDO ARAÚJO / ACERVO FMA
“Astro” e “Puã” são peixes-bois marinhos reintroduzidos “Astro” têm um histórico de extrema importância para a conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Em 1991, ele foi encontrado ainda filhote encalhado na praia de Aracati, no estado do Ceará, sendo em seguida encaminhado para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, em Itamaracá, onde recebeu atendimento adequado e permaneceu por três anos em processo de reabilitação. Em 1994, foi transferido para um cativeiro construído em ambiente natural, em Paripueira (AL), e, após readaptado às condições ambientais, foi solto nesta mesma região. Astro, junto com o peixe-boi “Lua”, foram os primeiros animais da espécie a serem reintroduzidos no Brasil. Por volta do ano de 1998, “Astro” se deslocou para o litoral de Sergipe e, desde então, vem utilizando a área compreendida entre o rio Vaza-Barris (SE) até Mangue Seco, no litoral da Bahia. “É importante destacar que a presença deste animal nesta região é de grande relevância, pois trata-se da reocupação de uma antiga área de ocorrência histórica e constitui a distribuição mais ao sul da espécie no Brasil”, lembra João Carlos Gomes Borges. O coordenador do PVPBM ressalta ainda que a presença de “Astro” nesta localidade tem, ao mesmo tempo, despertado preocupações de diversos profissionais e Instituições envolvidas na estratégia de conservação da espécie, tendo em vista que o animal apre-
FOTO SEBASTIÃO SILVA / ACERVO FMA
senta um histórico de atropelamentos desde 2001, já sendo constatado pelo menos dez eventos desta natureza. Além disto, frequentemente “Astro” sofre com o forte impacto de interações dos turistas que visitam a região, já sendo registrados casos de pessoas que oferecem alimentos e bebidas a ele, o que pode trazer sérios problemas para o animal. Este mesmo problema também é enfrentado por “Puã” no litoral paraibano. Por ser bastante carismático, ele se aproxima dos barcos e atrai a atenção das pessoas que frequentam as praias e estuários da região, que acabam tocando e o alimentando incorretamente. “Puã” tem 13 anos e 9 meses. Foi encontrado, ainda filhote, encalhado na Praia de Costinha, em Porto dos Mangues (RN), em novembro de 2004, e resgatado pela pesquisadora Zélia Brito do Atol das Rocas, que o encaminhou para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, em Itamaracá, onde permaneceu por cerca de 40 meses em processo de reabilitação. Em março de 2008, “Puã” foi translocado para a Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, na Paraíba. E no dia 27 de abril de 2010, foi reintroduzido no estuário da região. Desde então, tem vivido pelo litoral norte da Paraíba.
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ESPECIAL
Projeto lança vídeo educativo para proteger peixes-bois marinhos de atropelamentos Tem sido uma preocupação constante os casos de peixes-boi marinhos atropelados por embarcação motorizada no Nordeste do Brasil. Em março e abril deste ano, entre o litoral sul de Sergipe e norte da Bahia, “Astro”, o primeiro peixe-boi marinho a ser reintroduzido no país, foi mais uma vítima deste tipo de ocorrência e ficou bastante ferido no acidente, com marcas por todo o corpo ocasionadas por hélice e casco de embarcação. Atropelamentos podem machucar, mutilar e até matar os animais. O objetivo do vídeo, produzido pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamí-
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feros Aquáticos (FMA) e patrocinado pela Petrobras -, é sensibilizar a população sobre o tema, de uma forma leve e informativa, tendo como personagem principal Puã, um peixe-boi marinho reintroduzido bastante conhecido na região no litoral norte da Paraíba, que também já foi vítima de atropelamento. Com uma câmera subaquática, os técnicos do projeto registraram o comportamento do animal ao se deparar com uma embarcação. Ele analisa, chega perto, interage e é aí que mora o perigo: se o motor do barco estiver ligado é acidente na certa. No caso
de Puã, não havia risco no momento, pois o condutor da embarcação estava consciente de que aquela era uma área de circulação de animais desta espécie e portanto, respeitando as orientações locais, o seu motor estava desligado. O vídeo dá dicas de como os condutores podem evitar acidentes com o animal. Para conferir, é só acessar os canais de divulgação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho na internet (facebook.com/vivaopeixeboimarinho e instagram. com/vivaopeixeboimarinho) ou o canal da FMA no YouTube: www.youtube.com/mamiferosaquaticos. É importante lembrar que o peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está em perigo de extinção no Brasil e cada indivíduo existente é de suma importância para a perpetuidade da espécie. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza que o animal não está por perto; •Se estiver navegando e avistar o animal nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos; • Ao encontrar um peixe-boi marinho, não toque e nem alimente. Isso prejudica a adaptação do animal à vida selvagem e traz sérios problemas a sua saúde; • Peixes-boi marinhos reintroduzidos estão sendo monitorados via satélite no litoral nordestino. Ao encontrar um peixe-boi com um equipamento (semelhante a um pequeno cone flutuante com uma antena) ou apenas o equipamento ou um peixe-boi marinho em situação de perigo ou encalhado nas praias, comunique ao órgão ambiental na região ou entre em contato com a Fundação Mamíferos Aquáticos pelos telefones: (83)99961.1338 (83)99961.1352 - (whatsapp) (79)3025.1427.
Aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins), o Projeto Viva o Peixe -Boi Marinho orienta: •Antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice FOTOS IMAGENS DO VÍDEO
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
FOTO ACERVO FMA
Atropelamento de peixes-bois marinhos é retratado em ações de Educação Ambiental nos estados de SE, PB e BA Para tentar evitar novos casos de acidentes entre peixes-bois marinhos e embarcações motorizadas, a equipe de Educação Ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho tem desenvolvido ações específicas junto a pescadores, marisqueiras e moradores de comunidades litorâneas dos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia. Todos, locais com registro de atropelamento de animais reintroduzidos. Palestras, entrevistas, conversas, compartilhamento de saberes, campanhas com distribuição de material informativo e formação de uma rede de colaboradores fazem parte das estratégias pensadas para sensibilização
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sobre a importância de se conservar esta espécie que está ameaçada de extinção no Brasil. Nas atividades desenvolvidas, há sempre uma troca de saberes sobre a biologia, a ecologia, o comportamento do peixe-boi marinho, bem como as principais ameaças à espécie e as formas de contribuir para sua conservação e de seu habitat. Neste contexto, a equipe do Projeto tem dado ênfase à orientação sobre o que fazer para evitar casos de atropelamentos de animais por embarcações motorizadas. Cartazes com a campanha “Devagar, Peixe-Boi no
FOTO JOSENALDO GOMES / ACERVO FMA
Mar” estão sendo distribuídos ao longo do litoral nordestino para reforçar o tema. De acordo com a ecóloga e educadora ambiental, Iara Medeiros, as comunidades têm demonstrado interesse pelo assunto e os pecadores abordados têm se mostrado sensibilizados a tomar os devidos cuidados com suas embarcações. “A relação com os moradores e pescadores das áreas onde desenvolvemos as atividades do Projeto é muito importante, pois as pessoas que moram e trabalham nas comunidades estão em contato diário e direto com o peixe-boi marinho e seu habitat, e são os que mais podem contribuir para conservação desta espécie tão ameaçada. Como resultado positivo, temos visto um interesse significativo por parte dos moradores em conhecer mais sobre o peixe-boi marinho e dos pescadores em relatar informações de avistagem da espécie, o que colabora muito para as demais atividades do Projeto”, destaca Iara Medeiros. Nas abordagens à população, a equipe também fala sobre a importância que o equipamento de rádio telemetria tem para as ações de conservação do peixe-boi marinho e orienta para que sempre que for encontrado o equipamento à deriva ou encalhado, entre em contato com a Fundação Mamíferos Aquáticos para recuperação do mesmo. As orientações
também abrangem o que fazer em casos de encalhes de animais. A partir das palestras, entrevistas e conversas, está sendo elaborado um cadastro com informações como endereço e contato de moradores e pescadores que têm contribuído de forma direta nas atividades e que passam a integrar uma rede de colaboradores ao longo da área de abrangência do Projeto. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – instrui: ao se deparar com um peixe-boi marinho, não toque e nem alimente. Apenas admire de longe. E se encontrar um peixe-boi marinho com um equipamento de monitoramento satelital (semelhante a uma garrafa com uma antena) ou apenas o equipamento ou um peixe-boi marinho em situação de perigo ou encalhado nas praias, comunique ao órgão ambiental atuante na região ou entre em contato com a FMA, pelos telefones: (83)99961.1338 - (83)99961.1352 (whatsapp) - (79)3025.1427. Aos condutores de embarcações motorizadas, o pedido é que antes de acionar o motor, verifique se tem peixe-boi marinho por perto e que só acione o motor se tiver certeza que não há animal próximo. Atenção também nas áreas de ocorrência da espécie, se avistar um animal próximo, reduza a velocidade ou desligue o motor.
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CONSERVAÇÃO MARINHA
Pesquisadores recomendam ampliação da Zona de Proteção Estuarina da APA da Barra do Rio Mamanguape para contribuir com a conservação do peixeboi marinho Os pesquisadores do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) apresentaram aos gestores da Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape uma proposta que solicita a ampliação da Zona de Proteção Estuarina da APA da Barra do Rio Mamanguape, localizada no litoral norte paraibano. O objetivo é assegurar os limites de proteção das principais áreas de uso do peixe-boi marinho, espécie ameaçada de extinção no Brasil, que sempre procura os estuários para viver, se alimentar, reproduzir, descansar, cuidar dos filhotes. Desta forma, a conservação destas áreas está diretamente ligada à conservação da espécie.
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Figura 1. Imagem aérea via satélite da APA da Barra do Rio Mamanguape. Figura 2. Zona de Proteção Estuarina da APA da Barra do Rio Mamanguape. (Fonte: Plano de Manejo da APA do Rio Mamanguape-PB (2014).
Figura 3. Distribuição dos peixes-bois marinhos no estuário do rio Mamanguape-PB. Figura 4. Zona de Proteção Estuarina da APA da Barra do Rio Mamanguape-PB proposta pela FMA/PVPBM.
FOTO VANESSA REBELO / ACERVO FMA
A APA da Barra do Rio Mamanguape foi criada em 1993 para garantir a conservação do habitat do peixe-boi marinho (Trichechus manatus), de expressivos remanescentes de manguezal, Mata Atlântica, dos recursos hídricos ali existentes e, sobretudo, para proteger o peixe-boi marinho e outras espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional. Estes três objetivos de manejo estão diretamente ligados à Zona de Proteção Estuarina (ZPE), que atualmente englobam algumas áreas do rio Mamanguape e Miriri. Desde 2016, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – vem monitorando via satélite cinco peixes-bois marinhos reintroduzidos que frequentam o estuário do rio Mamanguape. E, após a análise de informações geradas por este monitoramento, observou-se que os animais monitorados estão utilizando, com frequência significativa, locais situados fora das delimitações previstas na Zona de Proteção Estuarina atual. A partir destas informações, a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho elaborou um documento que recomenda a ampliação dos limites da Zona de Proteção Estuarina, tendo em vista as áreas utilizadas pela espécie. Assim, a nova Zona de Proteção Estuarina proposta apresenta um acréscimo de 0.150798 hectare em comparação com a atual. Este novo limite proposto contemplaria os limites da ZPE atual e os rios e camboas que os peixes-bois marinhos vêm utilizando ao longo do período do monitoramento realizado.
“O estuário do rio Mamanguape é um dos principais locais de ocorrência dos peixes-bois marinhos no Brasil. Ao longo deste, existem locais que já identificamos a existência de recursos ecológicos imprescindíveis para a espécie, como bancos de capim-agulha, algas-marinhas, fontes de água doce, entre outros, o que favorece a presença dos animais. A partir desta relação intrínseca estabelecida, faz parte da estratégia de conservação da espécie, assegurar os mecanismos normativos que contribuam para a manutenção da integridade destas áreas. Acreditamos que a APA da Barra do Rio Mamanguape irá acatar a nossa proposta, já que se trata de um objetivo maior voltado para a conservação tanto dos estuários quanto dos peixe-bois marinhos “, coloca o pesquisador e médico veterinário João Carlos Gomes Borges, coordenador do PVPBM. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. Informações sobre o peixe-boi marinho, casos de encalhes e dúvidas sobre a espécie, ligue: (83)99961.1338, (83)99961-1352 (whatsapp) ou (79) 3025-1427.
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Diรกrio de bordo POR IARA DOS SANTOS MEDEIROS Ecรณloga e educadora ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho
FOTO ISIS CHAGAS / ACERVO FMA
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Em minha vida, o peixe-boi marinho representa um exemplo de luta pela existência, por ser uma espécie que diariamente enfrenta desafios para sobreviver e continuar habitando nosso planeta. O amor pela natureza me levou a deixar a cidade onde nasci no interior do estado da Paraíba para cursar Ecologia na cidade de Rio Tinto-PB. Após me formar, continuei envolvida a frequentar esta cidade participando de pesquisas, seleções de mestrado e cursando uma pós-graduação. Também trabalhando de forma autônoma na área de Geoprocessamento na confecção de mapas temáticos.
Peixe-Boi e Forró do Peixe-Boi. Todas essas atividades já são bem estruturadas no projeto desde sua primeira etapa, e hoje poder dar continuidade a esse trabalho é muito honroso e satisfatório para mim. Porém trazemos um novo desafio que é expandir a área de atuação do projeto para os estados de Alagoas, Sergipe e Bahia e isso é motivador e desafiador para nós enquanto educação ambiental e enquanto projeto como um todo. Ser educadora ambiental no PVPBM tem sido um aprendizado diário e uma oportunidade imensurável de troca de experiências e conhecimento com todos os atores envolvidos.
Visando unir a conservação e o mapeamento, realizei um primeiro contato com a FMA na tentativa de fazer o mapeamento dos peixes-bois marinhos como proposta de pesquisa de mestrado. A partir de então me tornei pesquisadora associada, participando de atividades de campo e colaborando nos projetos de pesquisa com o peixe-boi marinho, e, dessas experiências, surgiu a oportunidade de fazer parte da equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Uma oportunidade que até então eu não tinha dimensão do quanto mudaria a minha vida e meus saberes ecológicos.
Atualmente, o homem e suas transformações ambientais, culturais e econômicas tem sido o principal fator de ameaça ao peixe-boi marinho, ocasionando sua extinção, principalmente por meio da destruição dos habitats. Neste sentido, a educação ambiental se mostra como uma ferramenta muito importante para a conservação, pois esta visa conscientizar e sensibilizar as pessoas que, direta ou indiretamente, “destroem” os habitats, seja com pequenas ou grandes ações.
Como consequência, vim morar na Barra de Mamanguape. Já conhecia a Barra e o peixe-boi marinho há cerca de cinco anos, por meio do estágio que realizei na APA da Barra do Rio Mamanguape e também por meio de aulas de campo, ambos no período da graduação. A Barra sempre foi um lugar mágico pra mim, desde o dia que a conheci, é assim até hoje, possuindo um significado muito grande por ter sido o local em que tive minhas primeiras experiências como ecóloga. Morar longe de casa sempre é um aprendizado que vem acompanhado de saudade, porém não me sinto fora de casa, pois tenho frequentado a cidade de Rio Tinto e a Barra de Mamanguape durante os últimos cinco anos e já considero meu segundo lar. No PVPBM assumo a função de educadora ambiental, e dentro da minha função executo campanhas de sensibilização e informação sobre o peixe-boi marinho por meio da realização de palestras, oficinas, campanhas nas praias, formação de rede de colaboradores e organização de eventos como o Cine
Diante disso, o meu dia a dia enquanto educadora ambiental do PVPBM é voltado para agendar, organizar e executar as atividades de educação ambiental tanto nos municípios do estado da Paraíba como dos municípios dos outros estados onde o projeto atua. Dentro desta dinâmica diária, o maior desafio é sensibilizar as pessoas, trabalhar com públicos que possuem faixa etária, pensamentos e culturas distintas e, diante disso, usar de várias linguagens para buscar um único objetivo que é a conservação do peixe-boi marinho e seus habitats. Desafios que tentamos vencer a cada palestra, entrevista e a cada ação executada. Porém, trabalhar em um projeto socioambiental em prol da conservação do peixe-boi marinho é algo que me satisfaz e motiva, principalmente durante as atividades, tanto do projeto como da FMA como um todo, poder ver nos olhos das crianças que participam conosco das ações e enxergar o brilho nos olhos delas ao ver e falar do peixe-boi marinho, sempre é muito emocionante para mim e me faz acreditar que no futuro essa espécie não estará mais ameaçada de extinção e que todos nós viveremos em harmonia.
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COLUNA CIENTÍFICA
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Alimentos Do peixe-Boi marinho (Trichechus manatus) no Brasil: uma revisão POR FERNANDA MENESES RODRIGUES Pesquisadora associada da Fundação Mamíferos Aquáticos, com a colaboração de Jociery Einhardt VergaraParente, João Carlos Gomes Borges e Eliane Sayuri Miyagi.
O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) pertence à família Trichechidae da ordem Sirenia e é um mamífero aquático de hábito alimentar herbívoro, não ruminante e totalmente adaptado à vida aquática (LIMA, 2008). Sua distribuição geográfica ocorre desde o sudeste dos Estados Unidos até o litoral nordeste do Brasil, onde ocorre de forma descontínua. No passado, a principal ameaça à espécie no Brasil era a caça. Nos dias atuais, as ameaças concentram-se no atropelamento por embarcações motorizadas, poluição, redução das áreas de alimentação e outros fatores que podem contribuir para extinção da espécie (BORGES et al., 2007; LUNA et al., 2011). Ecologicamente, o peixe-boi marinho contribui para manutenção da vida aquática, uma vez que suas fezes são ricas em nutrientes e podem servir de alimento para algumas espécies de peixes e adubo para crescimento de plantas (BEST, 1981). No ambiente, esses animais alimentam-se de algas pardas, algas verdes, algas vermelhas e plantas, sendo que
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o consumo pode variar de 5 a 10% do peso vivo por dia (BORGES ET AL., 2008). Em cativeiro, os filhotes órfãos recebem dieta láctea constituída por leite deslactosado/proteína isolada de soja, gema de ovo/coco/óleo de canola/manteiga sem sal e legumes/vegetais/algas (VERGARA, 2000; CARVALHO e BORGES, 2016). A partir de uma pesquisa por artigos científicos, teses, dissertações, livros, resumos e relatos, pode-se dizer que no Brasil, a distribuição geográfica do peixe-boi-marinho está associada à presença de prados de angiospermas marinhas e bancos de macroalgas que servem como alimento (ALVES, 2013). Folhas e raízes de mangue, plantas terrestres emergentes, plantas aquáticas submersas e flutuantes também constituem a dieta da espécie. No entanto, há relatos de ingestão oportunista de peixes e, acidentalmente, de lixo e invertebrados aquáticos (ATTADEMO et al., 2015; COURBIS e WORTHY, 2003).
Os itens alimentares são consumidos de acordo com a disponibilidade na região e composição nutricional, numa variação de 5 a 10% de seu peso corporal (REEP e BONDE, 2006). Há registro de uma diversidade de espécies do habitat natural que servem como alimento, das quais destacam-se: algas verdes (Caulerpa prolifera, C. mexicana, C. cupressoides e C. sertularioides), algas pardas (Dictyopteris sp., Dictyota sp. e Sargassum sp.), algas vermelhas (Cryptonemia crenulata, Hypnea musciformis, Gracilaria sp. e G. domingensis), angiospermas marinhas (Halodule wrightii), macrófitas aquáticas e semiaquáticas (Sesuvium portulacastrum, Blutaparon portulacoides e Eichornia crassipes), folhas e raízes de mangue (Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle) (BORGES et al., 2008; CIOTTI, 2012). As algas que ocorrem em costões rochosos estão sujeitas diariamente a amplas variações de umidade, temperatura, salinidade, luz, ação golpeante da arrebentação de ondas e abrasão de partículas de areia em suspensão. Elas constituem um grupo diverso e apresentam produtos de reserva como amido (algas verdes), amido das florídeas (algas vermelhas), laminarina e manitol (algas pardas) e outros (NASCIMENTO et al., 2006). A maioria delas apresenta celulose na parede celular e é utilizada para consumo humano como alimento suplementar rico em sais, vitaminas e elementos-traço, podendo ser aproveitada também em indústrias alimentícias, têxteis, cosméticas, farmacêuticas, de papel, de solda, fertilizantes e outros (RAVEN et al., 1996). A biomassa e a composição nutricional do capimagulha (Halodule wrightii) podem ser influenciadas sazonalmente por chuvas, ventos alísios, turbidez, luminosidade, sedimentação, salinidade e temperatura da água (BARROS e ROCHA-BARREIRA, 2014). Esses fatores modificam diretamente a sua disponibilidade e, consequentemente, a presença de peixes-boi nas regiões. Além disso, essas plantas são extremamente afetadas por atividades antropogênicas (como ancoragem, rede de arrasto, embarcações motorizadas, pisoteio e outros), que reduzem sua área de cobertura em áreas costeiras rasas e estuarinas de todo o mundo (PITANGA et al., 2012).
O bredo-de-praia (Blutaparon portulacoides) é uma espécie de vegetação gramíneo-herbácea que ocorre em dunas e praias. Ela é considerada uma planta tóxica responsável por distúrbios no trato digestório de ovinos, caracterizados por amolecimento das fezes e lesões no epitélio intestinal (BERTIER et al., 2008). O possível mecanismo de intoxicação é o desequilíbrio osmótico no trato digestório promovido pela deficiência de sódio e excesso de magnésio, potássio e cálcio na planta. A outra espécie de bredo (Sesuvium portulacastrum) é uma planta herbácea encontrada na faixa litorânea de todo o Brasil, próxima a embocadura de rios. Quanto maior a salinidade dela, maior a espessura e suculência das folhas (KEMP e CUNNINGAM, 1981). Portanto, os indivíduos mais suculentos são aqueles atingidos pela maré alta. O aguapé (Eichornia crassipes) é flutuante e apresenta altas taxas de crescimento, elevada capacidade de estocar nutrientes e de colonizar novos ambientes. Ele é utilizado no tratamento de efluentes urbanos, alimentação animal, fertilização dos solos, produção de organismos aquáticos, papel e biogás (EL-SAYED, 1999). Em manguezais, os níveis nutricionais do solo (especialmente salinidade e a composição mineralógica) associados às variações da maré podem ser interpretados como fatores limitantes da composição florística, distribuição das espécies e concentração de nutrientes foliares (ODUM, 1988). Assim, de acordo com Cuzzuol e Campos (2001), a descrição bioquímica do manguezal em uma dada região pode ser contraditória a partir de uma análise em região adjacente.
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FOTO GENILSON GERALDO / ACERVO FMA
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Como conclusão, pode-se dizer que o estudo dos alimentos em sirênios é importante para conservação de ambientes marinhos, uma vez que esses animais desempenham importante papel ecológico para alimentação de peixes e crescimento de plantas aquáticas. Este artigo pode auxiliar na elaboração de dietas básicas de manutenção para animais cativos e planos de manejo. *Os autores deste artigo agradecem à Fundação Mamíferos Aquáticos e à Universidade Federal de Goiás pelo apoio no desenvolvimento do projeto de mestrado sobre “Ecologia alimentar e composição bromatológica de alimentos do peixe-boi marinho (Trichechus manatus) na Paraíba”.
Referências bibliográficas: Alves MDO. Habitats da megafauna marinha na costa nordeste do Brasil, com ênfase em peixes-bois. [Tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2013. Attademo FLN, Balensiefer DC, Freire ACB, De Sousa GP, Da Cunha FAGC, Luna FO. Debris ingestion by the Antillean Manatee (Trichechus manatus manatus). Marine Pollution Bulletin. 2015. Barros KVS, Rocha-Barreira CA. Influence of environmental factors on a Halodule wrightii Ascherson meadow in northeastern Brazil. Braz. J. Aquat. Sci. Technol. 2014; 18(2): 31-41. Best RC. Foods and feeding habitats of wild and captive Sirenia. Mammal Review. 1981; 11(1):3-29. Borges JCG, Araújo PG, Anzolin DG, Miranda GEC. Identificação de itens alimentares constituintes da dieta dos peixes-boi marinhos (Trichechus manatus) na região nordeste do Brasil. Biotemas. 2008; 21(2):77-81. Borges JCG, Vergara-Parente JE, Alvite CMC, Marcondes MCC, Lima RP. Embarcações motorizadas: uma ameaça aos peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) no Brasil. Biota Neotropica. 2007; 7:1-6.
e avaliação da primeira década (1994-2004) do programa de reintrodução. [Tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2008. Odum EP. Ecologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan; 1988. Pitanga ME, Montes MJF, Magalhães KM, Reis TNV. Quantification and classification of the main environmental impacts on a Halodule wrightii seagrass meadow on a tropical island in northeastern Brazil. An Acad Bras Cienc. 2012; 84:35–42. Raven PH, Evert RF, Eichhorn SE. Biologia Vegetal. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 1996. Reep RL, Bonde RK. The Florida manatee: biology and conservation. Gainesville: University Press of Florida; 2006. p.1-189. Vergara JE, Parente CL, Sommerfeld PA. Estudo da composição do leite do peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus Linneaus 1758) do nordeste do Brasil com interferências para uma dieta artificial. Ciê. Veter. Tróp. 2000; 3(3):159-166.
Carvalho VL, Borges JCG. Reabilitação. In: Peixe-boi marinho: biologia e conservação no Brasil. São Paulo: Bambu; 2016. p.109-129. Ciotti LL. Isótopos estáveis de carbono e nitrogênio aplicados ao estudo da ecologia trófica do peixe-boi marinho (Trichechus manatus) no Brasil. [Dissertação]. Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2012. Courbis SS, Wortthy GAJ. Opportunistic carnivory by Florida manatees (Trichechus manatus latirostris). Aquatic Mammals. 2003; 29(1):104–107. Cuzzuol GRF, Campos A. Aspectos nutricionais do manguezal de Mucuri, BA. Revista Brasil. Bot. 2001; 24(2):227235. El-Sayed AFM. Alternative dietary protein sources for farmed tilapia, Oreochromis spp. Aquaculture. 1999; 179:149168. Kemp PR, Cunningham GL. Ligth, temperature and salinity effects on growth, leaf anatomy and photosynthesis of Distichlis spicata L. Greene. Am. J. Bot. 1981; 68:507-516. Lima RP. Distribuição espacial e temporal de peixes-bois (Trichechus manatus) reintroduzidos no litoral nordestino
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PESQUISA A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats. Confira agora o projeto de pesquisa elaborado por Camila Carvalho de Carvalho, bióloga, mestranda na Universidade Federal do Rio Grande, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) - Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e pesquisadora associada da Fundação Mamíferos Aquáticos.
Ecologia alimentar do peixe-boi-amazônico (Trichechus inunguis) na região do médioSolimões e estuário do Rio Amazonas: uma análise comparativa com peixe-boi-marinho Autora: Camila Carvalho de Carvalho¹ ² Orientador: Eduardo Secchi¹ Co-orientadora: Miriam Marmontel²
1. Laboratório de Ecologia e Conservação da Megafauna Marinha (ECOMEGA) – Universidade Federal do Rio Grande 2. Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) – Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento de estudos sobre a ecologia alimentar é essencial para a compreensão dos processos evolucionários, fisiológicos e comportamentais das espécies (Cherel & Hobson, 2007). As abordagens tradicionais no estudo da dieta como a observação direta da espécie em seu habitat, a análise de fezes e conteúdo estomacal, contribuíram significativamente para a obtenção de informações sobre as decisões de forrageamento (ou seja, na busca e a exploração de recursos alimentares) na ecologia de mamíferos (Crawford et al., 2008). Os mamíferos que habitam os ambientes aquáticos alimentam-se de uma ampla variedade de presas e incluem um grupo que é exclusivamente herbívoro, os sirênios. No Brasil, este grupo está representado por duas espécies: o peixe-boi amazônico e o peixe-boi marinho. Aparentemente, os peixes-boi são oportunistas e generalistas, pois consomem uma ampla gama de itens alimentares, dentre algas e espécies vegetais aquáticas e semiaquáticas, de acordo com a disponibilidade desses recursos no ambiente (Guterres-Pazin et al., 2014).
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Em pesquisas realizadas no Nordeste brasileiro, foram encontrados 21 taxas componentes da dieta de peixe-boi marinho, dentre eles, algas verdes, pardas, vermelhas e fanerógamas (Borges et al., 2008). Na região estuarina, onde ocorrem as duas espécies, Souza et al. (2013) identificaram 33 espécies de plantas na zona entre maré da costa norte da ilha do Marajó. Os principais estudos da dieta do peixeboi amazônico no médio-Solimões identificaram 22 e 49 espécies, respectivamente (Colares & Colares 2002; Guterres-Pazin et al., 2014). Nesse estudo, as espécies mais representativas foram os “capins” de via fotossintética C4. Poucos estudos de ecologia alimentar investigam as variações temporais e espaciais na dieta. Isso se deve as limitações e vieses bem documentados dos métodos tradicionais. Por exemplo, as análises de fezes e conteúdo estomacal refletem somente um período curto da alimentação e subamostram itens alimentares que são digeridos mais rapidamente. Sendo assim, para complementar as informações obtidas utilizando-se os métodos tradicionais, tem-se utilizado a ferramenta de análise de isótopos estáveis
(AIE), que permite a utilização de diferentes tecidos, incluindo amostras de coleção, e possibilita responder diferentes perguntas ecológicas. Ciotti (2012), utilizando essa ferramenta, demonstrou que animais de diferentes locais do Nordeste brasileiro apresentam valores isotópicos distintos, refletindo a diversidade de habitats costeiros (mangues, recifes e bancos de macrófitas), e mostrando que os peixes-boi utilizam diferentes recursos ao longo de suas áreas de distribuição. O objetivo deste projeto é caracterizar aspectos da ecologia alimentar do peixe-boi amazônico em um gradiente ecológico desde o médio-Solimões até o estuário da foz do Rio Amazonas; e do peixe-boi marinho ao longo de suas áreas de distribuição no Nordeste e Norte do Brasil. Além de analisar a contribuição das diferentes fontes alimentares para a dieta dos peixes-boi em diferentes ambientes, também pretende-se verificar se há diferenças na dieta dos peixes-boi entre as classes etárias, sexo e anos. 2. material e métodos Será realizada a análise de isótopos estáveis (AIE) de carbono e nitrogênio para os dentes de peixe-boi e para suas potenciais fontes alimentares. Os isótopos são diferentes formas de um mesmo elemento que diferem no número de nêutrons em seu núcleo. Os nêutrons extras no núcleo dos átomos dos elementos propiciam diferenças sutis a nível químico, resultando em distintos comportamentos entre as formas isotópicas. Essas diferenças de comportamento resultam em diferentes proporções dos isótopos pesados (maior massa devido ao maior número de nêutrons) e leves (menor massa, menor número de nêutrons) na composição dos organismos. A AIE para o estudo da dieta baseia-se na premissa
de que “você é o que você come”, ou seja, que a composição isotópica do consumidor irá refletir os valores isotópicos de sua presa. Porém, sempre deve ser considerado o processo de fracionamento (o comportamento diferencial dos isótopos) que faz com que não reajam exatamente da mesma forma nas reações cinéticas e termodinâmicas levando a pequenas diferenças entre os consumidores e suas presas. Amostras Serão coletadas amostras de potenciais fontes alimentares (algas e plantas) para os peixes-boi em ambiente de água doce e estuarino. Os dados de fontes alimentares de ambientes marinhos serão obtidos do trabalho de Ciotti (2012). Serão utilizados dentes de peixe-boi amazônico e peixe-boi marinho provenientes de coleções osteológicas de diferentes instituições: Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE), Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS) e Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA). Além dessas amostras serão utilizados os dados das análises isotópicas realizadas pela Dra. Luciana Carvalho Crema na região dos rios Negro e Tapajós. Os dentes de peixe-boi são todos molares e são trocados continuamente ao longo de sua vida devido ao desgaste provocado pelos itens alimentares abrasivos. Será utilizado preferencialmente o molar mais recente localizado no lado direito da mandíbula. Quando este não estiver presente, será utilizado o dente mais próximo desta posição. Todas as amostras serão obtidas de carcaças de animais encontrados mortos ou através da coleta de animais vítimas de caça e emalhe.
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Processamento das amostras Os itens alimentares coletados serão secos em estufa a 60ºC durante 48hs, macerados e cerca de 3 mg deste material será pesado e armazenado em cápsulas de estanho. Os dentes de peixe-boi serão serrados ao meio com uma serra circular diamantada e a dentina será removida com o auxílio de uma broca. O pó resultante será acidificado em ácido clorídrico (HCl) a 30% para remoção de carbono inorgânico, e seco em estufa a 60ºC durante duas horas para remoção de resíduos do HCl. Cerca de 1 mg será pesado e armazenado em cápsulas de estanho. As análises isotópicas para determinar as razões de 13C e 15N serão realizadas no Center for Stable Isotopes na University of New Mexico.
Análise dos resultados O modelo de mistura para isótopos estáveis (pacote ‘simmr’, Parnell 2016) será utilizado para estimar a proporção das diferentes fontes alimentares na dieta dos peixes-bois. Modelos lineares serão utilizados com os valores de 13C e 15N como as variáveis respostas e o sexo, classe etária, ano de coleta e local como variáveis explicativas. Será selecionado o modelo que obtiver o melhor ajuste segundo o Critério de Informação de Akaike (AIC). 3. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se encontrar uma grande variação na dieta de peixe-boi amazônico e peixe-boi marinho entre os ambientes, devido as diferenças nas disponibilida-
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des das potenciais fontes alimentares, comprovando o caráter oportunista de sua dieta. Recentemente, foi observado na região do rio Tapajós variação na dieta entre os sexos (Crema, 2017). Essa variação supostamente está relacionada ao período de gestação, onde fêmeas lactentes apresentariam maior contribuição de plantas C4. Sendo assim, pode-se esperar encontrar essas diferenças também nas localidades do presente estudo e para o peixe-boi marinho. Em relação as variações anuais, as crescentes ameaças de perda de habitat que a espécie enfrenta podem ter acarretado mudanças nos locais de alimentação e consequentemente nos valores isotópicos principalmente em regiões mais urbanizadas e povoadas, como o ambiente marinho.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Borges JCG, Araújo PG, Anzolin DG, Miranda, GEC (2008) Identificacão de itens alimentares constituintes da dieta dos peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) na região Nordeste do Brasil. Biotemas 21:77–81 Cherel Y, Hobson KA (2007) Geographical variation in carbon stable isotope signatures of marine predators: a tool to investigate their foraging areas in the southern ocean. Mar Ecol Prog Ser 329: 281–287 Ciotti, LL (2012) Isótopos estáveis de carbono e nitrogênio aplicados ao estudo da ecologia trófica do peixe-boi marinho (Trichechus manatus) no Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil. 85 pp Colares IG, Colares EP (2002) Food plants eaten by Amazonian manatees (Trichechus inunguis, Mammalia: Sirenia). Braz. Arch. Biol. Techn. 45: 67-72. Crawford K, McDonald, RA, Bearhop S (2008) Applications of stable isotope techniques to the ecology of mammals. Mamm. Rev. 38 (1): 87-107 Crema LC (2017) Caracterização de igapós de águas claras e pretas e suas disponibilidades alimentares para o peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis). Tese de doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brasil. 136pp Guterres-Pazin MG, Marmontel M, Rosas FCW, Pazin VFV, Venticinque E (2014) Feeding ecology of the Amazonian manatee (Trichechus inunguis) in the Mamirauá and Amanã Sustainable Development Reserves, Brazil. Aquat. Mamm. 40: 139-149. Parnell A (2016) Package simmr: A Stable Isotope Mixing Model. https://cran.rproject.org/package=simmr. Acessado em novembro de 2017 Sousa MEM, Martins BML, Fernandes MEB (2013) Meeting the giants: The need for local ecological knowledge (LEK) as a tool for the participative management of manatees on Marajó Island, Brazilian Amazonian coast. Ocean Coast Manage 86:53–60
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FMA
FOTO CELO SILVA / WWF BRASIL
“OCEANO SEM PLÁSTICO” mobiliza cerca de 400 voluntários em ação de limpeza de praia no Recife Estimativas apontam que até 2050 haverá mais plástico do que peixe nos oceanos. O alerta é realmente preocupante e coloca a reflexão sobre o descarte incorreto do lixo no ambiente num patamar de gravidade e urgência. No dia 14 de abril, a ONG WWF-Brasil, em parceria com a Fundação Mamíferos Aquáticos e a campanha Mares Limpos (ONU Meio Ambiente), promoveu uma grande ação de mobilização, sensibilização para o tema e de limpeza na Praia do Pina, no Recife. O evento intitulado “OCEANO SEM PLÁSTICO”, que acontece em várias cidades do Brasil com a realização da WWF-Brasil e o patrocínio da OMO (Unilever), contou com a participação de cerca de 400 voluntários na capital pernambucana.
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A ação de limpeza no Recife se concentrou em recolher microplásticos, um lixo que, devido ao tamanho reduzido, mistura-se à areia da praia mesmo após a limpeza promovida por órgãos públicos, sendo extremamente nocivo ao ambiente e difícil de se coletar. Os voluntários retiraram quase 200 kg de resíduos de 2 km de faixa de areia. Foram 144 garrafas de bebida, 188 embalagens de plástico ou isopor, 224 sacolas de supermercado, 503 pratos e copos descartáveis, 837 outras sacolas plásticas, 906 canudos plásticos, 919 embalagens de alimentos como salgadinhos e balas, 1.196 tampinhas de plástico e 3.115 pedaços de plástico. Foram coletados também: 2,51 kg de papel; 8,45 kg de metal; e 11,72 kg de vidro. De todo o lixo recolhido, 110,51 kg eram itens recicláveis, 84,09 kg não-recicláveis e mais 4.415 unidades de bitucas de cigarro.
FOTOS ACERVO FMA
Resíduos como esses podem levar de 100 até 500 anos para se decompor e são descartados inadequadamente todos os dias nas praias, no mar, nos rios, nos canais e vias públicas. Além de poluir o meio ambiente, esse lixo causa um impacto significativo na vida marinha e representa uma grande ameaça às espécies aquáticas. Muitos dos animais atendidos pela Fundação Mamíferos Aquáticos (aves, tartarugas e mamíferos marinhos) apresentam problemas por terem interagido com o lixo. Alguns se machucam, outros confundem com comida e, ao ingerir, acabam ficando doentes e até morrendo. O descarte incorreto de resíduos no meio ambiente e o impacto que este lixo causa no planeta foi o tema mais debatido entre os participantes durante o evento, que, além de atuarem na ação de limpeza de praia e na atividade de separação e pesagem do lixo, puderam conferir apresentações culturais, teatro temático e trocar falas de reflexão. “A Fundação Mamíferos Aquáticos tem se envolvido cada vez mais nessas campanhas, tem ido cada vez mais a campo para trabalhar a sensibilização sobre essa grave situação que o descarte incorreto do lixo pelo ser humano tem causado à vida marinha. A gente nota que hoje existe um voluntariado interessado, pessoas sensibilizadas e isso é muito importante para a busca de uma transformação, sinaliza a importância de se falar e discutir o assunto com mais e mais frequência. A ação é de engajamento e envolvimento, mas a mensagem e a reflexão propostas devem ser levadas pra casa. A mudança de compor-
tamento e atitude se dá dentro da nossa casa, no dia a dia”, ressalta Daniela Araújo, coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental da FMA. O evento contou com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Cidade do Recife, da EMLURB, do Coletivo Jovem de Meio Ambiente, da Escola Mangue, do Grupo de Escoteiros Chico Science, do Instituto JCPM e de estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade de Pernambuco (UPE) e da Escola EREM João Bezerra. Os voluntários foram divididos em grupos, com coordenação de um profissional envolvido na ação, e cada um deles foi responsável por coletar um material específico. O material coletado, após contagem e pesagem, foi destinado para uma cooperativa de catadores que contribuiu para a efetivação do processo de reciclagem. Patrocinador oficial do evento, a Omo (Unilever) comprou parte dos resíduos que foi coletado na ação para utilizar na produção de embalagens de seus produtos. O mutirão, realizado pela WWF-Brasil em parceria com organizações locais, é itinerante e já passou por praias no Rio de Janeiro e Fernando de Noronha.
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GPS
INDICAÇÕES
GENESIS Um livro com fotografias espetaculares em preto e branco organizadas em cinco capítulos de forma geográfica: Extremo Sul do Planeta, Santuários, África, Extremo Norte do Planeta, Amazônia e Pantanal. Mais do que isso, uma verdadeira carta de amor ao Planeta, como define o próprio autor, o fotógrafo Sebastião Salgado, que, para realizar este trabalho, percorreu, entre 2004 e 2012, lugares remotos de mais de 30 países, captando paisagens raras, animais e povos isolados que vivem em equilíbrio natural com seu ecossistema. GENESIS tem imagens impressionantes, por vezes de natureza ainda intocada, com o olhar sensível e experiente deste fotógrafo brasileiro, reconhecido mundialmente pelo seu trabalho voltado às causas ambientais e humanitárias. No livro: espécies animais e vulcões das ilhas Galápagos; pinguins, leões-marinhos, biguás e baleias na Antártida e no Atlântico Sul; jacarés e onças brasileiras; leões, leopardos e elefantes do continente africano; registros impressionantes da tribo Zo’é, que vive isolada no meio da selva amazônica; o povo Korowai, da Papua ocidental; gados nômades e o povo Dinka no Sudão; Nenets nômades e seus rebanhos de renas no Círculo Ártico; comunidades das ilhas Mentawai; a selva oeste de Sumatra; os icebergs da Antártida; África Central e os vulcões da península de Kamchatka; os desertos do Saara; os rios Negro e Juruá na Amazônia; as ravinas do Grand Canyon; as geleiras do Alasca; entre outras fotografias incríveis. Autor: Sebastião Salgado
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THE NATIONAL AUDUBON SOCIETY GUIDE TO MARINE MAMMALS OF THE WORLD Com informações acessíveis e atualizadas, o livro “National Audubon Society Guide to Marine Mammals of the World” foi escrito por uma equipe de especialistas que descreve em detalhes 120 espécies de baleias, golfinhos, botos, focas, leões-marinhos, peixes-bois, lontras que ocorrem no planeta, além do urso polar. Organizado de acordo com os quatro principais grupos de mamíferos marinhos (fissípedes, pinípedes, cetáceos e sirênios), esta publicação apresenta mais de 320 ilustrações, 418 fotografias e 123 mapas, acompanhados de textos explicativos sobre a evolução e a taxonomia dos mamíferos marinhos, distribuição, migração, diretrizes de observação, técnicas de identificação, organizações e leis que protegem os mamíferos marinhos, entre outras aborgadens. Este guia é uma importante fonte de referência para pesquisadores e observadores de mamíferos marinhos e para qualquer pessoa interessada no mundo natural. Autores: Reeves, Randall R./Stewart, Brent S./Clapham, Phillip J./Powell, James A./ Folkens, Pieter A./National Audubon Society (COR)
eventos Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2018 nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins. 4º Congresso Latino-Americano de Reabilitação de Fauna Marinha Data: 03 a 06 de setembro de 2018 Local: Florianópolis (SC) www.reabilitacaofaunamarinha.com.br IV CONMAR - 4º Congresso de Conservação Marinha Data: 12 a 15 de setembro de 2018 Local: Angra dos Reis (RJ) www.facebook.com/4conmar XVII Semana da Biologia Data: 17 a 21 de setembro de 2018 Local: Universidade Federal da Paraíba – Campus 1 – João Pessoa (PB) https://xviisbio.wixsite.com 15º Congresso Nacional de Meio Ambiente Data: 25 a 28 de setembro de 2018 Local: Poços de Caldas (MG) www.meioambientepocos.com.br/v.6/inscricoes XII Congreso de La Sociedad Latinoamericana de Especialistas en Mamíferos Acuáticos RT 18 Data: 05 a 09 de novembro de 2018 Local: Lima (Peru) solamac2018.com A Conferência da Terra Data: 06 a 10 de novembro de 2018 Local: João Pessoa (PB) www.aconferenciadaterra.com
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FOTO MARIA ELISA PITANGA ACERVO FMA
FOTO REFLEXÃO Este da foto é “Puã”, um peixe-boi marinho reintroduzido bastante conhecido no litoral norte da Paraíba. As marcas em seu corpo foram ocasionadas por colisão com hélice e casco de embarcação motorizada. Pedimos atenção a todos os condutores de barcos, lanchas, jet skis, para que casos como este não ocorram mais. Atropelamentos podem machucar, mutilar e até matar os animais. Antes de acionar o motor, verifique se tem peixe-boi marinho por perto e só acione o motor se tiver certeza que não há animal próximo. Atenção também nas áreas de ocorrência da espécie, se avistar um animal próximo, reduza a velocidade ou desligue o motor. Pedimos a todas pessoas que frequentam o litoral nordestino para que ajudem a proteger o peixe-boi marinho, espécie que está ameaçada de extinção no Brasil. Ao se deparar com um peixe-boi marinho, não toque e nem alimente. Apenas admire de longe. E se encontrar um peixe-boi marinho em situação de perigo ou encalhado nas praias, comunique ao órgão ambiental atuante na região ou entre em contato com a FMA, pelos telefones: (83)99961.1338 - (83)99961.1352 (whatsapp) - (79)3025.1427.
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ILUSTRAÇÃO
Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Mais que uma ilustração, o estudante Samuel, de apenas oito anos, presenteou a médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, Vanessa Rebelo, com uma grata homenagem de reconhecimento ao seu trabalho em prol desta espécie que está em perigo de extinção no Brasil. Viva Samuel! Viva Vanessa! Viva o peixe-boi marinho!
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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org
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