Fundação Mamíferos Aquáticos
EDIÇÃO 12
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R E V I S TA
A BORDO PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO
Peixes-bois marinhos terão um espaço especial para readaptação em ambiente natural no litoral paraibano
FOTO ENRICO MARCOVALDI/ ACERVO FMA
Tecnologia de monitoramento satelital de peixe-boi marinho desenvolvida no NE é apresentada em evento internacional
Forró do Peixe-Boi 2018 movimenta litoral norte da Paraíba
Base da FMA, em Sergipe, ganha pintura especial do artista plástico Alexandre Huber
Investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil.
EDIÇÃO 12 DEZ/2018
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CAPA Peixes-bois marinhos terão um espaço especial para readaptação em ambiente natural no litoral paraibano
ESPECIAL
12 Forró do Peixe-Boi 2018 movimenta litoral
CONSERVAÇÃO MARINHA
20 Tecnologia de monitoramento satelital de peixe-boi marinho desenvolvida no Nordeste é apresentada em evento internacional no Peru
DIÁRIO DE BORDO
24 Por Allan Oliveira
norte da Paraíba
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FOTO REFLEXÃO
COLUNA CIENTÍFICA
26 Colisões ocasionadas por embarcações motorizadas em peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) no Brasil
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
16 Barra de Mamanguape tem Dia de Limpeza de
PESQUISA
28 “Peixe-boi marinho das Antilhas (Trichechus
Praia
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ILUSTRAÇÃO
manatus manatus) no Brasil: nova espécie? Uma abordagem genômica.”
FMA
32 Base da Fundação Mamíferos Aquáticos, em Sergipe, ganha pintura especial do artista plástico Alexandre Huber
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REVISTA A BORDO
Jornalista responsável Karlilian Magalhães Design gráfico Giovanna Monteiro Revisão técnica João Carlos Gomes Borges TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:
Coluna Científica João Carlos Gomes Borges Diário de Bordo Allan Oliveira Pesquisa Fabricio Furni
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EDITORIAL A Revista A Bordo é o periódico de comunicação e informação científica do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela PETROBRAS, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O objetivo desta publicação quadrimestral é levar informação e sensibilizar os leitores sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente. Na sua 12ª edição, a Revista traz informações sobre a construção de um espaço especial para readaptação de peixes-bois marinhos em ambiente natural no litoral norte da Paraíba. O cativeiro, previsto para funcionar a partir de fevereiro, auxiliará no processo de reintrodução destes animais no estuário da Barra do Rio Mamanguape. Um avanço e tanto para os trabalhos de conservação da espécie no Brasil. E falando em conservação do peixe-boi marinho, no mês de novembro, o pesquisador e médico veterinário, Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, participou do “Tercer Simposio Latinoamericano para la Investigación y Conservación de Manatíes”, ministrando a palestra “Desenvolvimento de nova tecnologia aplicada ao monitoramento satelital de peixes-bois marinhos”. A tecnologia satelital tem auxiliado significativamente o monitoramento da espécie, proporcionando mais agilidade na localização dos animais e mais efetividade na realização de atividades que são de extrema importância para a conservação do peixe-boi marinho. A Revista traz ainda uma matéria especial sobre o Forró do Peixe-Boi 2018, que movimentou a Barra de Mamanguape, nos dias 20 e 21 de outubro. Com uma programação cultural e esportiva, o evento é uma estratégia de sensibilização e envolvimento comunitário, que visa colaborar para a conservação do peixe-boi marinho e de seu habitat. Fique por dentro também de como foi o “Dia de Limpeza de Praia na Barra de Mamanguape”. Na Coluna Científica, o pesquisador e médico veterinário João Carlos Gomes Borges fala sobre as colisões ocasionadas por embarcações motorizadas em peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) no Brasil. Na seção Pesquisa, o biólogo e mestrando da UFPB, Fabricio Furni, apresenta um estudo interessante sobre o genoma do peixe-boi marinho. E quem assina o Diário de Bordo desta edição é o biólogo Allan Oliveira, que conta um pouco da sua experiência como técnico ambiental em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Na seção FMA, você vai conferir uma matéria especial sobre a parceria da instituição com o artista plástico ambiental Alexandre Huber, cujo resultado é de encher os olhos. A Revista também traz na seção ilustração uma pintura que o artista fez no muro da base da FMA em Sergipe em homenagem ao peixe-boi. Tem também a seção Foto Reflexão, as indicações de livros e a agenda de eventos científicos previstos para 2018 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente. Boa leitura! Karlilian Magalhães, assessora de comunicação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
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FOTO LUCIANO CANDISANI/ ACERVO FMA
CAPA
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Peixes-bois marinhos terão um espaço especial para readaptação em ambiente natural no litoral paraibano O cativeiro auxiliará no processo de reintrodução de peixes-bois marinhos no estuário da Barra do Rio Mamanguape, região com atributos ecológicos que propiciam a existência da espécie As equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, da APA e ARIE da Barra do Rio Mamanguape, CEPENE e voluntários da comunidade local estão trabalhando na construção de um cativeiro para readaptação de peixes-bois marinhos, espécie que atualmente está em perigo de extinção no Brasil. O espaço, que está sendo estruturado em ambiente natural, será direcionado aos peixes-bois marinhos em fase de readaptação e também àqueles que precisem de tratamento e cuidados clínicos especiais. A ideia é que, assim que estiverem aptos, os animais sejam reintroduzidos no estuário da região. A previsão é que o espaço comece a funcionar a partir do mês de fevereiro. De acordo com o médico veterinário e pesquisador João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, o cativeiro será de extrema importância para a conservação da espécie no país. “Dentro da estratégia nacional de conservação do peixe-boi marinho, estão previstas as reintroduções dos espécimes que encalharam e posteriormente foram
reabilitados. Atualmente, no Nordeste, só existe uma estrutura semelhante a esta que estamos construindo e está localizada em Alagoas. Este cativeiro da Barra do Rio Mamanguape vai então agregar e otimizar os esforços em prol da soltura dos animais no nordeste brasileiro. Uma vez construído o cativeiro, daremos maior celeridade a este processo de reintegração de peixes-bois aos ambientes naturais”. De acordo com o pesquisador, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape é uma região propícia para essa reintegração da espécie. “Trata-se de uma das principais áreas de ocorrência de peixes-bois marinhos no Brasil, é um local que ainda dispõe dos principais atributos ecológicos que propiciam à existência da espécie, contando com um importante estuário, ambiente marinho, fontes de alimentação, qualidade hídrica, águas calmas e protegidas, e, além disso, trata-se de uma área de proteção ambiental”, ressalta João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
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A APA da Barra do Rio Mamanguape é uma região histórica na reintrodução de peixes-bois marinhos. Hoje alguns destes espécimes que foram reintroduzidos utilizam esta área. Neste contexto, o cativeiro também vai auxiliar no acompanhamento veterinário destes animais. “Eventualmente, alguns destes animais podem vir a ter algum comprometimento clínico e necessitar de tratamento mais efetivo. Em situações deste tipo, realizar o tratamento em um animal de vida livre requer um esforço muito grande, com dificuldades relacionadas a fatores como amplitude das marés, que muitas vezes limita a aproximação aos animais. Por meio do cativeiro, essas dificuldades serão minimizadas e o tratamento, quando necessário, será realizado com maior eficiência”, complementa Vanessa Rebelo, médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
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Além disso, o espaço vai contribuir também na sensibilização e conscientização da comunidade e de turistas que vierem visitar a região sobre a importância da conservação da espécie. “Nós entendemos que a estratégia de conservação do peixe-boi marinho integra diferentes instituições de pesquisa, instituições governamentais, não-governamentais e, sobretudo, a sociedade. Desta forma, entendemos que os animais que estiveram no cativeiro durante a fase de readaptação poderão ser um atrativo, fortalecendo assim o turismo de observação de peixes-bois marinhos na região, claro que de forma responsável e dentro das normativas estabelecidas”, explica João Carlos Gomes Borges. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
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ESPECIAL
Forró do Peixe-Boi 2018 movimenta litoral norte da Paraíba Uma festa bem raiz, pra lá de animada e com muita conscientização ambiental. Assim foi o Forró do Peixe-Boi 2018, uma estratégia de sensibilização e envolvimento comunitário que visa colaborar para a conservação do peixe-boi marinho e de seu habitat. O evento aconteceu na Barra de Mamanguape, nos dias 20 e 21 de outubro, e reuniu moradores locais e visitantes de comunidades do entorno e de outras cidades. A programação contou shows musicais, DJ, apresentações culturais, Lapinha, Toré, exibição de filmes eco educativos no Cine Peixe-Boi, Pau de Sebo, corrida de remo, regata, tenda de educação ambiental, lanche coletivo, torneios de voleibol e futebol feminino e masculino. FOTOS KARLILIAN MAGALHÃES/ ACERVO FMA
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O torneio de voleibol abriu a programação do Forró do Peixe-Boi na manhã do sábado (20/10), reunindo oito duplas da região. O primeiro lugar ficou com Rodrigo e Danilo. O segundo lugar ficou com Ivanildo e Douglas e o terceiro lugar ficou com Tilino e Dadá. O torneio de futebol aconteceu logo após, no início da tarde, reunindo 12 times masculinos e 02 equipes femininas da região. Na categoria feminina, a equipe vencedora foi “Juventude” (Tanques) e o “Cruzeiro” (Barra de Mamanguape) foi o segundo lugar. Na categoria masculina, o time vencedor foi “Botafogo” (Tanques), já o segundo lugar foi “América” (Tanques) e o terceiro ficou com o “Treze” (Tramataia).
Após as competições esportivas, já na noite do sábado (20/10), o Forró do Peixe-Boi deu sequência à programação com as atrações culturais. Na vila da Barra de Mamanguape, a comunidade resgatou uma brincadeira tradicional local chamada Pau de Sebo, onde os moradores tentavam chegar até o topo e pegar uma bandeira que estava hasteada. E aí, mais uma vez, a união fez a força. Os participantes formaram uma pirâmide humana para chegar lá em cima. Logo depois, foi aberta a sessão especial do Cine Peixe-Boi com documentários sobre a conservação do peixe-boi, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho e uma exibição emocionante com imagens de resgate de memórias da história da Barra de Mamanguape. Após o Cine, foi a vez da apresentação da Lapinha, um folguedo da região que mistura dança, religiosidade, brincadeira e competição entre os cordões vermelho e azul, assim como um pastoril. Quem esteve no evento também pôde conferir e participar da brincadeira da pescaria. A noite do primeiro dia do Forró do Peixe-Boi 2018 foi embalada por shows musicais, cujos repertórios foram do forró, arrastapé até reggae e MPB. Subi-
ram ao placo as bandas: “Erivan Estigado e Pegada Nordestina”, “Danilo Wagner e Banda” (segunda vez no Forró do Peixe-Boi) e “Zabumbado”. Todas, bandas paraibanas. E a animação entrou pela madrugada. Durante o show de Erivan, aconteceu também o concurso de forró, que levantou poeira e torcidas. A programação do segundo dia do Forró do PeixeBoi 2018 começou logo pela manhã com a corrida de remo, com competidores de várias localidades. O primeiro lugar ficou com a canoa de Tonho de Maria, da Barra de Mamanguape. Em seguida, veio a Regata com velas, também reunindo competidores de várias cidades da PB. A equipe vencedora foi de Cabedelo (PB), representada por mestre Oseas. O domingo (21/10) também teve apresentação de Toré, DJ e um lanche coletivo, além de uma tenda de educação ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi marinho com informações sobre a espécie e o cuidado com o meio ambiente. O dia estava bonito, ensolarado, e reuniu muitas famílias à beira do estuário da Barra do Rio Mamanguape, onde aconteceu o evento.
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“Foi uma festa muito bonita, bastante aguardada na região, que contou com o envolvimento de toda a comunidade, da etapa de produção até a execução. Todo mundo participando bastante, se divertindo. Era visível a alegria e a satisfação em todas as pessoas da comunidade. Foi um evento que valorizou a cultura paraibana, a comunidade tradicional pesqueira, litorânea, indígena e movimentou a economia local, e tudo isso em prol de uma boa causa: a conservação do peixe-boi marinho, que está em perigo de extinção no Brasil”, ressalta Daniela Araújo, coordenadora de Educação Ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. O Forró do Peixe-Boi é fruto de uma articulação entre a comunidade da Barra de Mamanguape com a Fundação Mamíferos Aquáticos, que atua na região com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Este ano, o evento teve como parceiros a Prefeitura de Rio Tinto, a APA e ARIE da Barra do Rio Mamanguape e o CEPENE/ICMBio.
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FOTO REFLEXÃO Se um dia você tiver a sorte de encontrar um peixe-boi marinho no mar ou em um estuário, agradeça. É uma experiência fantástica. Estamos falando de um mamífero aquático que pode chegar a medir 4 metros e a pesar 600 kg, e que apesar de toda essa dimensão, é extremamente dócil, carismático e infelizmente está em perigo de extinção no Brasil. Ao se deparar com um peixe-boi marinho, apenas contemple, admire de longe. Não toque e nem alimente. A interação humana pode prejudicar a sua adaptação à vida selvagem e trazer sérios problemas para a sua saúde. O melhor a se fazer é respeitar a espécie e o seu ambiente. Se o animal estiver em situação de perigo, ou encalhado ou machucado, comunique ao órgão ambiental atuante na região ou entre em contato com a Fundação Mamíferos Aquáticos pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961-1352/ (79) 99130-0016. Aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins), orientamos que antes de acionar o motor, olhem ao redor e verifiquem se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só liguem o motor se tiver certeza que o animal não está por perto. Caso o condutor esteja navegando e aviste o peixe-boi nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos. www.mamiferosaquaticos.org.br
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Barra de Mamanguape tem dia especial de limpeza de praia Estimativas apontam que até 2050 haverá mais lixo do que peixes nos oceanos. Um dado preocupante que precisa ser discutido todos os dias. Só para se ter uma ideia: muitos dos animais atendidos pela Fundação Mamíferos Aquáticos apresentam problemas por terem interagido com o lixo. Alguns se machucam, outros confundem com comida e acabam ficando doentes e até morrendo. No dia 29 de setembro, as equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, da APA e ARIE da Barra de Mamanguape, representantes da Prefeitura de Rio Tinto e adultos e crianças da comunidade local se reuniram para refletir e discutir o tema e participar de um mutirão limpeza de praia na região. Em duas horas de atividade, em um percurso de aproximadamente 2 km de praia, foram coletados 120,80 kg de resíduos sólidos. A concentração do evento foi na base da Fundação Mamíferos Aquáticos, localizada na região. Os voluntários começaram a chegar por volta das 8h no local, onde receberam bonés, protetor solar, saco-
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las e luvas. A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho recepcionou os participantes com uma palestra educativa sobre a importância da atividade, o status de conservação do peixe-boi marinho e suas principais ameaças e divulgou também a campanha itinerante “Ajude a preservar o peixe-boi marinho”. Em seguida, às 9h, foi iniciada a atividade de coleta, no trecho da altura da base da FMA até a entrada do estuário, nas oliveiras. Ao retornarem para a base com o lixo, os voluntários fizeram um lanche coletivo. Em seguida, houve a pesagem dos resíduos e a gravimetria dos mesmos. Grande parte do que foi recolhido na praia era formada por microlixo, sobretudo tampas de garrafa, bastões de cotonete e pedaços de plástico e sacolas. Dentre os itens que mais se destacaram: 146 tampinhas de garrafa (plástico), 127 tampas de plástico, 99 canudos, 246 garrafas de bebida (plástico), 589 pedaços de isopor, 386 pedaços de plástico, 185 itens de pesca (entre partes de rede, boias, cordas
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de nylon, linhas e anzóis), e outros. O evento fez parte da programação do “Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias”, promovido pela organização Ocean Conservancy em diversas partes do mundo. Na Barra de Mamanguape (PB), o evento foi realizado em parceria com a Fundação Mamíferos Aquáticos e teve o apoio institucional da APA e ARIE da Barra do Rio Mamanguape e da Prefeitura de Rio Tinto. Todas as informações sobre o lixo coletado na região serão encaminhadas para a Ocean Conservancy para serem contabilizadas e fomentarem o relatório anual da ONU do programa mundial sobre os impactos dos resíduos em mares e rios. Os resíduos coletados na Barra de Mamanguape foram recolhidos pela Prefeitura de Rio Tinto, parte deles foram destinados a uma cooperativa local.
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O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
ILUSTRAÇÃO
Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Esta é parte de uma pintura feita pelo artista plástico Alexandre Huber no muro da base da Fundação Mamíferos Aquáticos, como forma de sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação da vida marinha.
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CONSERVAÇÃO MARINHA
Tecnologia de monitoramento satelital de peixe-boi marinho desenvolvida no Nordeste é apresentada em evento internacional no Peru No dia 04 de novembro, aconteceu em Lima, Peru, o “Tercer Simposio Latinoamericano para la Investigación y Conservación de Manatíes”. Na ocasião, foram apresentadas diversas iniciativas realizadas no continente americano em prol dos “manatíes”, peixes-boi marinhos e amazônicos. O pesquisador e médico veterinário, Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, participou do evento ministrando a palestra “Desenvolvimento de nova tecnologia aplicada ao monitoramento satelital de peixes-bois marinhos”. Trata-se de uma tecnologia inédita no Brasil, desenvolvida pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho em parceria com a Nortronic - Sistemas Eletrônicos do Nordeste. A tecnologia satelital tem auxiliado significativamente o monitoramento da espécie, proporcionando mais agilidade na localização dos animais e mais efetividade na realização de atividades que são de extrema importância para a conservação do peixe- boi marinho. Além disso, também tem barateado os custos financeiros, já que antes os pesquisadores
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brasileiros precisavam importar equipamentos de outros países, e agora ela está sendo realizada no Brasil com materiais alternativos de valor mais acessível. “O trabalho foi muito bem-recebido. Várias instituições, de outros países inclusive, realizam este tipo de atividade de monitoramento e vivenciam as mesmas dificuldades que nós tivemos no passado, com os custos inerentes à importação dos equipamentos, as dificuldades com relação ao pagamento dos serviços de satélite, as dificuldades de importação. E ao perceber que existe uma tecnologia de qualidade compatível e com o custo bem menor, todo mundo ficou bastante interessado, e, em termos gerais, a expectativa dos presentes é que a gente possa de fato ter esses produtos sendo comercializados para que os pedidos possam acontecer a partir desses interesses institucionais ou nas relações de parceria interinstitucional para que esses equipamentos possam também colaborar com as iniciativas que estão acontecendo na Colômbia, Porto Rico, México, entre outros países”, conta João Carlos Gomes Borges.
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Na prática, no Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, a tecnologia auxilia a rotina de monitoramento que funciona assim: o dia ainda está amanhecendo e a equipe já está checando a tábua de marés, abrindo o mapa de localização dos peixes-bois marinhos reintroduzidos monitorados gerado pela tecnologia satelital conectada à plataforma do sistema e ao Google Maps, pegando as coordenadas emitidas pelo satélite e caindo em campo (ou melhor, na água) para encontrar os animais. O objetivo é monitorá-los de perto, observar os seus comportamentos e caracterizar os parâmetros físico-químicos da água. Para esta atividade, além dos equipamentos de telemetria satelital e VHF, a equipe utiliza uma sonda multiparâmetros.
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Com o GPS, é marcada a localização e a hora exata da averiguação. Do barco, é possível fazer as medições com a presença do animal monitorado com a tecnologia na região, onde são registradas a temperatura da água, o grau de salinidade, o comportamento do animal, se ele está descansando, se alimentando, o intervalo de tempo que ele leva para respirar. E aí todas as informações são anotadas e servem de base para estudos sobre a biologia e ecologia do peixe-boi marinho voltados para a conservação da espécie, bem como estudos sobre a adaptação dos animais em vida livre. A nova tecnologia também tem contribuído para o acompanhamento clínico dos animais, na medida em que com a localização exata do animal, é possível monitorá-lo
com mais agilidade e assim identificar qualquer tipo de alteração comportamental, clínica ou patológica, como também realizar intervenções veterinárias quando necessário. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
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Diário de bordo POR ALLAN OLIVEIRA Biólogo e técnico ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho
O peixe-boi marinho significa para mim, um animal que luta constantemente pela sua sobrevivência e permanência em nosso planeta. Conheci o peixeboi ainda quando criança na praia de Mangue Seco (BA). Por coincidência ou não, esse peixe-boi é o mesmo que trabalho nos dias atuais nas atividades do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. ‘’Astro” é o único sobrevivente da espécie entre os estados da Bahia e Sergipe. Animal bastante dócil, inteligente e carismático. Por ser o primeiro peixe-boi marinho reintroduzido em nosso país, representa um marco muito importante na história dos resgates, reabilitação e reintrodução da espécie em território nacional. Atualmente sofre ameaças antrópicas principalmente relacionadas a molestamentos (importunação humana, fornecimento de alimentos e bebidas) e a atropelamentos por embarcações motorizadas. Como técnico ambiental do PVPBM, minhas atribuições basicamente são: monitoramento do “Astro” e educação ambiental nas comunidades ribeirinhas do rio Real, Jacaré e Vaza Barris. Executo essas atividades com muita determinação, pois acredito em um mundo mais consciente com relação às questões ambientais. No dia a dia percebo que as comunidades ribeirinhas não têm as informações básicas para poder lidar conscientemente com os recursos naturais disponíveis na região, sendo meu principal desafio nas atividades de campo.
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Antes de trabalhar como técnico ambiental no PVPBM, atuava em outro projeto da Fundação Mamíferos Aquáticos na base de Coqueiros-BA, onde participava de diversas atividades (monitoramento de praias, resgates de fauna marinha e educação ambiental no âmbito de comunidades). Morar em uma comunidade pequena, afastada dos grandes centros urbanos, é muito bom. A vida é bem mais simples e gratificante quando admiramos as belezas naturais. Onde moro posso ver e vivenciar as dunas, restingas, pôr do sol e um estuário fantástico, onde a vida se renova em cada novo ciclo. Trabalhar em um projeto socioambiental é muito gratificante, pois o contato com a natureza se intensifica a cada amanhecer. Além do sentimento de gratidão, posso afirmar que o amor pelos animais vem desde o início de minha caminhada, sempre na expectativa de que a vida tem valor, independente de qual for a espécie. Preserve a vida, preserve o meio ambiente!!!
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Allan Oliveira nas ações de Educação Ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
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COLISÕES oCASIONADAS POR EMBARCAÇÕES MOTORIZADAS EM PEIXES-BOIS MARINHOS (Trichechus manatus) NO BRASIL POR JOÃO CARLOS GOMES BORGES Pesquisador, médico veterinário, doutor em Ciência Animal Tropical e coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
O aumento do tráfego de embarcações motorizadas em áreas utilizadas para alimentação, descanso e reprodução dos peixes-bois marinhos no Brasil, têm não somente afugentado estes animais, mas resultado em casos de atropelamentos (Borges et al., 2007). A preocupação neste sentido é crescente, tendo em vista que as colisões por embarcações motorizadas representam uma das principais causas de mortalidades dos peixes-boi marinhos na Flórida, podendo além do óbito, ocasionar mutilações graves e permanentes. Este fator de ameaça se apresenta de maneira considerável em países como o México, Belize e Porto Rico (Mignucci-Giannoni et al., 2000), despertando preocupações no Brasil, sobretudo no tocante aos espécimes reintroduzidos. Desde 1994, por meio do Programa de Reintrodução dos Peixes-Bois Marinhos, 46 animais foram soltos (25 machos e 21 fêmeas) na Barra de Mamanguape (Paraíba), Paripueira e Porto de Pedras (Alagoas). Em vida livre, estes espécimes foram monitorados através dos sistemas VHF e satelital. A partir das áreas de soltura, os animais utilizaram aproximadamente 1.200 quilômetros de costa, con-
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templando desde o estado da Bahia até o Rio Grande do Norte. Ao longo das atividades de monitoramento, em todas as ocasiões em que se observou alguma manifestação patológica ou comportamento atípico, os animais foram capturados e submetidos à avaliação clínica detalhada. Nos casos envolvendo colisões com embarcações, as lesões encontradas foram medidas quanto ao comprimento, profundidade do ferimento e intervalo entre cortes. De acordo com cada caso, foi instituído o protocolo terapêutico específico. Entre os animais reintroduzidos, oito indivíduos (17,3%) apresentaram evidências de colisões com embarcações, sendo que em dois destes, os atropelamentos aconteceram em mais de uma ocasião. As lesões encontradas caracterizaram-se por cortes intermitentes, com extensão e profundidade variada, predominando na região dorsal, mas progredindo para a lateral do corpo. Em determinadas situações ocorreu a combinação de cortes ocasionados pelas hélices e por outras partes do motor de popa e/ou casco.
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FOTO MARIA ELISA PITANGA/ ACERVO FMA
Apenas os machos foram acometidos, sendo os registros destas interações reportados nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
mais graves. Com o término do tratamento, em alguns casos, no local das lesões permaneceu marcas decorrentes do processo cicatricial, as quais permanecerão ao longo da vida dos animais acometidos.
Todos os animais foram avaliados clinicamente mediante a gravidade destes eventos, sendo posteriormente instituído o protocolo terapêutico apropriado para cada caso, o qual contemplou fármacos de aplicação tópica (pomadas com ação bactericida associada com própolis) e a administração de antibióticos de longa duração e anti-inflamatório. Em uma situação foi necessário proceder o resgate do animal e retorná-lo para os procedimentos terapêuticos de reabilitação em cativeiro.
Considerando os hábitos costeiros dos peixes-bois marinhos, associado às características comportamentais dos espécimes reintroduzidos que em muitas situações buscam a aproximação das embarcações, assim como o incremento do tráfego marinho nas áreas costeiras da região Nordeste do Brasil, configura o atropelamento ocasionado por embarcações motorizadas como importante fator de impacto. Isto sugere a necessidade de ações mais eficientes e efetivas de sensibilização socioambiental, além de ordenamento náutico dentro dos limites das Unidades de Conservação, contribuindo com a estratégia de conservação da espécie no Brasil.
A partir do protocolo terapêutico instituído, o prognóstico evoluiu de forma satisfatória, com a regressão das lesões em três a quatro meses nos casos
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PESQUISA A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats. Confira agora um estudo elaborado por Fabricio R. G. Furni, bacharel em Ciências Biológicas e mestrando no Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Paraíba, área de concentração em Zoologia.
Peixe-boi marinho das Antilhas (Trichechus manatus manatus) no Brasil: nova espécie? Uma abordagem genômica. Autores: Fabrício Furni ¹ ², João Carlos Gomes Borges³, Pedro Cordeiro-Estrela²
1. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, DSE, CCEN, Universidade Federal da Paraíba. Paraíba, Brasil 2. Laboratório de Mamíferos, DSE, CCEN, Universidade Federal da Paraíba. Paraíba, Brasil 3. Fundação Mamíferos Aquáticos, Recife, Pernambuco. Brasil
1. INTRODUÇÃO Os peixes-boi e dugongos são os únicos mamíferos aquáticos herbívoros. E junto com os cetáceos, os dois únicos grupos de mamíferos que retornaram a uma vida estritamente aquática. Dentro dos mamíferos, eles são classificados na ordem Sirenia conhecidos como manatis ou peixes-boi e dugongos. Os sirênios, como são chamados, são um grupo de mamíferos muito especiais, não somente pelo seu modo de vida, mas também, pela sua evolução. Seus parentes mais próximos são os elefantes e ambos são classificados como mamíferos Afrotheria, um dos quatro grandes grupos de mamíferos placentários (os três outros são Laurasitaheria, Euarchontoglires e Xenartahra). Atualmente a ordem Sirenia é composta por duas famílias, Trichechidae e Dugongidae. A família Dugongidae possui apenas uma espécie vivente, Dugong dugon Müller, 1776. A família Trichechidae apresenta três espécies de peixes-boi viventes, dentro de um único gênero, Trichechus (REYNOLDS III & ODEL, 1991). No Brasil são encontradas duas das três espécies do gênero Trichechus, o peixe-boi das Índias Ocidentais, Trichechus manatus Linnaeus, 1758, que se distribui da costa da Virginia, EUA, até a costa do nordeste brasileiro (LEFEBVRE et al., 1989). A outra espécie encontrada no Brasil é o peixe-boi amazônico, o T.
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inunguis Natterer, 1883. A outra espécie do gênero, o peixe-boi africano T. senegalensis Link, 1795, se restringe ao litoral, rios e estuários do Atlântico africano (PERRINE E RIPPLE, 2002). Ainda, Hatt (1934) e Domming & Hayek (1986), subdividiram a espécie T. manatus em duas subespécies reconhecidas: O peixe-boi da Flórida (T. manatus latirostris), que é restrito ao litoral dos Estados Unidos e Golfo do México, e o peixe-boi das Antilhas (T. manatus manatus), também conhecido no Brasil como peixe-boi marinho, que ocorre na costa atlântica da América Central, Caribe e América do Sul. Contudo, estudos recentes vêm trazendo dados inéditos, onde diferenças encontradas na morfologia, na composição de cromossomos e na diversidade molecular, sugerem que o peixe-boi marinho brasileiro pode ser uma unidade biológica distinta das demais (GARCIA-RODRIGUEZ et al., 1998; VIANNA et al, 2006; HUNTER et al., 2012; BARROS et al. 2017). Talvez estes indivíduos formem uma população geneticamente distinguível, uma nova subespécie ou até mesmo uma espécie. Porém, ainda não existem dados suficientes para definirmos o grau de diferenciação do peixe-boi marinho no Brasil dos peixes boi da Antilhas.
Assim, um estudo genético mais aprofundado é necessário para somarmos evidências e definirmos se existe uma nova subespécie ou espécie de peixe-boi em águas brasileiras. Dentro desse universo, nosso projeto visa sequenciar o genoma mitocondrial completo do peixe-boi marinho das Antilhas (T. manatus manatus) de animais que ocorrem no Brasil, com a finalidade de comparar a diversidade genética entre as espécies e subespécies de sirênios existentes.
2. material e métodos Estamos coletando amostras sanguíneas em diversos locais do Brasil, incluindo animais presentes nas Áreas de Proteção Ambiental (APA) Barra de Mamanguape, Paraíba e APA Costa dos Corais, Alagoas, como também aqueles em reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS).
Com a diversidade genética em mãos, esperamos identificar o grau de diferença entre a(s) população(ões) brasileira(s) com relação a outras populações e esperamos quantificar geneticamente a diferença entre o peixe-boi marinho brasileiro dos demais. Caso confirmada uma diferença a nível de espécie, o peixe-boi marinho brasileiro provavelmente passará a ser o terceiro mamífero marinho mais ameaçado do mundo com base nos números estimados de indivíduos restantes e sua área de distribuição. Os olhares da conservação deverão voltarse para preservação da diversidade genética destes animais.
FOTO ACERVO FMA
FOTO ACERVO PESQUISADOR
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Para obter uma grande quantidade de dados genéticos em um curto espaço de tempo, vamos utilizar sequenciamento de DNA de Nova Geração (NGS). Todo procedimento de extração do DNA, montagem de bibliotecas de referência e sequenciamento é realizado em parceria com a Prof. Dr. Cibele Bonvicino do Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro. Depois de obtermos os dados genéticos, o genoma será montado e os genes identificados por processos de Bioinformática. 3. RESULTADOS ESPERADOS Com os dados genéticos obtidos, esperamos responder as seguintes perguntas: 1). O peixe boi marinho brasileiro é uma espécie ou subespécie distinta? 2). Qual a diversidade genética do peixe boi marinho brasileiro? Nós esperamos obter, pela primeira vez, o genoma mitocondrial completo do peixe-boi marinho das Antilhas (T. manatus manatus) com todos os genes e RNAs identificados e mapeados. Pretendemos com os resultados obtidos, fornecer ferramentas científicas a fim de preservar o peixe boi marinho, antes que seja tarde, uma vez que se encontram cada vez mais ameaçados no mundo. Acompanhe e participe do projeto nas redes sociais @genomapeixeboi ou através do nosso site genomapeixeboi.wix.com/home. 4. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (CAPES), ao Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela PETROBRAS por meio do Programa Petrobras Socioambiental –, à Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS), ao Instituto Nacional do Câncer (INCA) e ao ICMBio pelo apoio, parcerias e discussões que estão viabilizando o projeto. Agradecemos especialmente a Dra. Helen Barros e Prof. Dr. Diego Astua (UFPE) pela generosidade, amizade e colaboração que deram início a este projeto. Este projeto é financiado pela National Geographic Society.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, H. M. D. do R.; MEIRELLES, A. C. O; LUNA, F. O.; MARMONTEL, M.; CORDEIRO-ESTRELA, P; SANTOS, N.; AUSTUA, D. 2016. Cranial and chromosomal geographic variation in manatees (Mammalia: Sirenia: Trichechidae) with the description of the Antillean manatee karyotype in Brazil. Journal of Zoological Systematics and Evolutionary Research, p.1-15. DOMNING, D. P.; HAYEK L. C. 1986. Interspecific and intraspecific morphological variation in manatees (Sirenia: Trichechus). Marine Mammal Science, v. 2, p. 87-144. GARCIA-RODRIGUEZ, A. I.; BOWEN, B. W.; DOMNING, D.; MIGNUCCI-GIANNONI, A. A.; MARMONTEL, M.; MONTOYA-OSPINA, R. A.; MORALES-VELA, B.; RUDIN, M.; BONDE, R. K.; MCGUIRE, P. M. 1998. Phylogeny of the West Indian manatee (Trichechus manatus): how many populations and how many taxa? Molecular Ecology, v. 7: p. 1137-1149. HATT, R. A. 1934. Manatee collected by the American Museum Congo Expedition with observation on the recent manatees. Bulletin of the American Museum of Natural History, v. 66: p. 533-566 HUNTER, M. E.; MIGNUCCI-GIANNONI, A. A.; TUCKER, K. P.; KING, T. L.; BONDE, R.K; GRAY, B.A.; MCGUIRE, P.M. 2012. Puerto Rico and Florida manatees represent genetically distinct groups. Conservation Genetics, v. 13: p.1623-1635. LEFEBVRE, L. W.; O’SHEA, T. J.; RATHBUN, G. B.; BEST, R. C. 1989. Distribution, status and biogeography of the West Indian manatee. In: Woods CA (ed) Biogeography of the West Indies Past, present and future. Gainesville, Sandhill Crane Press Inc, p. 567-610. PERRINE, D.; RIPPLE, J. 2002. Manatees and Dugongs of the Word. Voyageur Press, Stillwater, Minnesota, p. 144. REYNOLDS III, J. E.; ODELL, D. K. 1991. Manatees and dugongs. Facts on File Inc, New York, p. 192. VIANNA, J.; BONDE, R. K.; CABALLERO, S.; GIRALDO, J. P; LIMA, R. P.; CLARK, A; MARMONTEL, M.; MORALESVELA, B; SOUZA, M. J.; PARR, L.; RODRIGUEZ-LOPEZ M. A.; MIGNUCCI-GIANNONI, A. A; POWELL, J. A.; SANTOS, F. R. 2006. Phylogeography, phylogeny and hybridization in Trichechid sirenians: implications for manatee conservation. Molecular Ecology, v. 15: p. 433-447.
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FMA
Fundação Mamíferos Aquáticos ganha mural temático do artista plástico Alexandre Huber A nova base da Fundação Mamíferos Aquáticos localizada no Mosqueiro, região metropolitana de Aracaju (SE), recebeu, no mês de novembro, um presente muito especial: uma pintura temática do artista plástico ambiental Alexandre Huber. A obra foi feita no muro da base que funcionou como uma enorme tela para as tintas que deram vida ao fundo do mar, com a presença de baleias, golfinhos, peixesbois marinhos, tartarugas e peixes. O artista ficou na cidade por quatro dias se dedicando à arte que visa sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação da vida marinha e aproveitou também
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para lançar o seu livro “Vida Marinha – primeiro guia ilustrado para crianças”. “A ideia de trazer Huber surgiu justamente por um casamento de energias. A gente já conhecia o trabalho dele há muito tempo, então quando a gente viu esse muro aqui nesse novo espaço da FMA que vem contemplar tantos sonhos institucionais, tudo o que a gente imaginava casava com a ideia que Huber espalha, que é uma sensibilização ambiental através da arte. Ele entende as particularidades de cada local que ele vai e faz uma obra com a identidade, com a
cara daquele local. E o nosso mural ficou maravilhoso. Desde o início do contato, por telefone e mensagens, Huber foi super aberto e aqui no local se mostrou um cara ainda mais incrível do que a gente pensava. Ele trouxe uma energia completamente positiva (ele e o filho) e se integrou facilmente com a equipe, acompanhando o nosso trabalho no dia a dia. A gente espera realmente que seja uma relação duradoura”, ressalta Ricardo Araújo, diretor do Núcleo de Desenvolvimento Institucional da Fundação Mamíferos Aquáticos. Em sua página no Instagram, Huber celebrou o mural e os novos amigos da FMA: “Missão cumprida!! Mais uma vez retorno ao meu lar com esse sentimento! Espalhar amor e arte... fazer novos amigos e com eles seguir em frente. Obrigado de coração a família @mamiferosaquaticos @jociery.parente e equipe! Até breve! Levo vcs conosco para Santos dentro de nossos corações!!! @seawalls”.
Este foi o 58º Mural da Vida Marinha que o artista pintou. “A arte já veio na minha cabeça, mas os detalhes se concretizaram na hora. A cada dia de trabalho ia dando forma, novos animais iam surgindo e no terceiro dia lá estava mais de 80m² de muita arte, do ambiente marinho sergipano do litoral com os manguezais ao ambiente pelágico com grandes cardumes e mamíferos marinhos interagindo. Fiquei muito feliz com o resultado”, conta Alexandre. Todo o trabalho de Huber é voluntário e por amor à causa, por se sentir responsável pela conservação da vida marinha. Os materiais utilizados por Huber são conseguidos com o apoio das Tintas Eucatex, da SOUZA Arte e Cultura, da Tigre e da Wimpel Equipamentos de Pintura. Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do artista Alexandre Huber, acesse as mídias sociais: www.facebook.com/Huber.Arte. Marinha e www.instagram.com/huberartemarinha/.
FOTO BRUNO J. ALMEIDA/ ACERVO FMA
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GPS
INDICAÇÕES
SOS DA ONG – GUIA DE GESTÃO PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR José Alberto Tozzi é palestrante, professor, consultor de Terceiro Setor e colaborador ativo na vida e no desenvolvimento de entidades sem fins lucrativos ligadas às mais variadas finalidades. Neste livro, ele destrincha o que é preciso saber para fazer dessas organizações modelos de negócio sustentáveis. Dentre os temas abordados: os pontos fundamentais de um planejamento eficiente para a concretização dos objetivos da ONG; os diferenciais que podem ajudá-lo na captação de recursos para seus projetos; quem são os parceiros essenciais para o sucesso do seu projeto; os quesitos para uma prestação de contas clara e transparente; como implementar a sustentabilidade da ONG; e ainda os dez passos para quem deseja começar uma ONG. Autor: José Alberto Tozzi
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WINTER – O GOLFINHO (Dolphin Tale) Este é um filme emocionante para a toda a família assistir, inspirado na história real do golfinho Winter. O roteiro fala de Sawyer, um menino solitário de 11 anos, que encontra um golfinho encalhado na areia da praia, preso numa rede de pesca, e pede ajuda ao Hospital de Animais Marinhos da sua cidade para resgatá-lo. Sawyer assiste ao resgate do animal, sente-se comovido e responsável por ele, quer saber mais sobre o destino do golfinho e vai ao hospital visitá-lo. Lá, ele conhece o Dr. Clay e sua filha, e, unidos, eles tentam salvar o golfinho que foi batizado de Winter. O animal reconhece Sawyer, estabelece uma conexão com ele e apresenta uma boa recuperação, porém precisa ter a cauda amputada para sobreviver. Com a ajuda de um especialista em próteses, eles tentaram dar uma nova chance de vida a Winter. Direção: Charles Martin Smith Roteiro: Karen Janszen/ Noam Dromi Elenco: Nathan Gamble; Harry Connick, Jr; Ashley Judd; Kris Kristofferson; Cozi Zuehlsdorff; Morgan Freeman
eventos Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2019 nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins. XXIII Encontro Brasileiro de Ictiologia Data: 27 a 31 de janeiro de 2019 Local: Belém (PA) www.ebi2019.com.br XVIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada Data: 11 a 15 de junho 2019 Local: Fortaleza (CE) http://www.sbgfa.ggf.br/2019 30º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Data: 16 a 19 de junho de 2019 Local: Natal (RN) abes-dn.org.br/abeseventos/30cbesa-natal/ 16º Congresso Nacional de Meio Ambiente Data: 24 a 27 de setembro de 2019 Local: Poços de Caldas (MG) www.meioambientepocos.com.br World Marine Mammal Conference, co-hosted with the European Cetacean Society Data: 9 a 12 de dezembro de 2019 Local: Barcelona - Espanha www.smmconference.org
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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org
FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS Rua Guimarães Peixoto, 75 - Sala 1108 Casa Amarela - Recife - PE +55 (81) 3304 -1443 | fma@mamiferosaquaticos.org.br www.mamiferosaquaticos.org.br