Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 13ª Edição

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Fundação Mamíferos Aquáticos

EDIÇÃO 13

Patrocínio:

R E V I S TA

A BORDO

PEIXES-BOIS MARINHOS SERÃO TRANSFERIDOS DE ITAMARACÁ (PE) PARA ESPAÇO DE READAPTAÇÃO EM AMBIENTE NATURAL NO LITORAL NORTE DA PARAÍBA Barra de Mamanguape ganha pintura do artista Alexandre Huber em homenagem ao peixe-boi marinho

Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho promove blitz educativas em praias da Paraíba

Exposição #VivaOceano movimenta Aracaju e recebe mais de 400 mil visitantes

FOTO LUCIANO CANDISANI/ ACERVO FMA

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO


Investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi marinho no Brasil.


EDIÇÃO 13 ABR/2019


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CAPA Peixes-bois marinhos serão transferidos de Itamaracá (PE) para espaço de readaptação em ambiente natural no litoral norte da Paraíba

ESPECIAL

12 Barra de Mamanguape ganha pintura do artista

COLUNA CIENTÍFICA

20 Monitoramento dos peixes-boi marinhos (Trichechus manatus) reintroduzidos

PESQUISA

22 “Dinâmica espaço-temporal da cobertura

Alexandre Huber em homenagem ao peixe-boi marinho

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

14 Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho promove blitz

vegetal dos manguezais e sua relação com as ocorrências de encalhes de Trichechus manatus na Paraíba”

FMA

26 Exposição #VivaOceano movimenta Aracaju e recebe mais de 400 mil visitantes

educativas em praias da Paraíba

CONSERVAÇÃO MARINHA

16 Ao encontrar um peixe-boi marinho: não toque,

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GPS

não alimente, não forneça bebida

DIÁRIO DE BORDO

18 Por Luana Dias

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REVISTA A BORDO

Jornalista responsável Karlilian Magalhães Design gráfico Giovanna Monteiro Revisão técnica João Carlos Gomes Borges TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Coluna Científica Sebastião Silva Diário de Bordo Luana Dias Pesquisa Iara Medeiros

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FOTO REFLEXÃO

ILUSTRAÇÃO


FOTO KARLILIAN MAGALHÃES/ ACERVO FMA

EDITORIAL A Revista A Bordo é o periódico de comunicação e informação científica do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela PETROBRAS, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O objetivo desta publicação quadrimestral é levar informação e sensibilizar os leitores sobre a importância de se conservar os mamíferos aquáticos, seus habitats e o meio ambiente. Na sua 13ª edição, a Revista traz informações sobre um passo importante para a conservação do Trichechus manatus no Nordeste do Brasil: dois peixes-bois marinhos serão transferidos de Itamaracá (PE) para o espaço de readaptação em ambiente natural construído na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, no litoral norte da Paraíba. “Vitória” e “Parajuru” serão os primeiros a inaugurar o espaço, que auxiliará no processo de reintrodução de animais da espécie no estuário da Barra do Rio Mamanguape. E as novidades na Barra de Mamanguape não param por aí... No mês de março, a região recebeu a visita do artista plástico ambiental Alexandre Huber, que presenteou a comunidade com um mural temático em homenagem ao peixe-boi marinho e com uma oficina de arte especial para as crianças locais. Confira também como foram as blitz educativas promovidas pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho durante o verão no litoral paraibano. Na Coluna Científica, o ecólogo Sebastião Silva fala sobre o monitoramento de peixes-bois marinhos (Trichechus manatus) reintroduzidos. Sebastião é mestrando da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador de monitoramento do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Na seção Pesquisa, a ecóloga e mestranda da UFPB, Iara Medeiros, apresenta o estudo intitulado “Dinâmica espaço-temporal da cobertura vegetal dos manguezais e sua relação com as ocorrências de encalhes de Trichechus manatus na Paraíba”. E quem assina o Diário de Bordo desta edição é Luana Dias, que conta um pouco da sua experiência de voluntariado em prol da conservação do peixe-boi marinho no Nordeste do Brasil. Na seção FMA, você vai conferir como foi a “Exposição #VivaOceano”, que ficou em cartaz em Aracaju no mês de março. A Revista também traz na seção ilustração uma imagem da pintura que artista Alexandre Huber fez em homenagem ao peixe-boi marinho. Tem também a seção Foto Reflexão, as indicações de livros e a agenda de eventos científicos previstos para 2019 nas áreas de Biologia, Medicina Veterinária, Ecologia e Meio Ambiente. Boa leitura! Karlilian Magalhães, assessora de comunicação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

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CAPA >> A UM PASSO DA REINTRODUÇÃO

PEIXES-BOIS MARINHOS SERÃO TRANSFERIDOS DA ILHA DE ITAMARACÁ (PE) PARA ESPAÇO DE READAPTAÇÃO EM AMBIENTE NATURAL NO LITORAL NORTE DA PARAÍBA A ideia é que “Vitória” e “Parajuru” fiquem em cativeiro natural se readaptando ao ambiente e, assim que aptos, sejam reintroduzidos no estuário da APA da Barra do Rio Mamanguape, região com atributos ecológicos que propiciam a existência da espécie Era madrugada do dia 1º de janeiro de 2015, quando a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM), da Fundação Mamíferos Aquáticos, foi acionada para fazer um resgate de um filhote de peixe-boi marinho que havia encalhado vivo na Praia do Oiteiro, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, litoral norte da Paraíba. Quem o encontrou foram dois pescadores da região, “Seu Canário” e “Seu Passinho” – foi “Seu Passinho” inclusive que batizou o filhote com o nome de “Vitória”. A equipe do PVPBM, junto com a APA, prestou os primeiros atendimentos ao animal, que ainda apresentava resquícios de cordão umbilical. “Vitória” estava bem fisicamente, pesava 39 kg e media 131 cm. Na ocasião, a equipe verificou se

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a mãe estava próxima ao local do encalhe para tentar reintroduzir o filhote, porém não foi encontrada. Sendo assim, “Vitória” foi encaminhada para a sede do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste – Cepene/ ICMBio - na Ilha de Itamaracá (PE), onde recebeu o tratamento adequado. Agora “Vitória”, uma fêmea saudável - com 4 anos de idade, 404 kg e 2,70 m de comprimento - está pronta para encarar um novo desafio. No próximo dia 17 de abril, ela vai voltar para a APA da Barra do Rio Mamanguape, onde passará por uma etapa de readaptação ao ambiente natural e, assim que apta, será reintroduzida na natureza.


FOTO KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

“Vitória” nos exames clínicos de preparação para a translocação.

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“Parajuru” na preparação para a translocação FOTO KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

Junto com “Vitória” também está indo “Parajuru”, um peixe-boi marinho macho, com 6 anos de idade, 335 kg e 251 cm de comprimento. “Parajuru” foi encontrado ainda filhote encalhado numa na praia de Parajuru, Beberibe (CE), no dia 17 de janeiro de 2013. Foi resgatado pela equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS), pesando 32,5 kg e medindo 126 cm. Na sede da Aquasis, ele recebeu os primeiros atendimentos, e, no dia 25 de janeiro de 2013, Parajuru foi transferido para o Cepene/ICMBio, na Ilha de Itamaracá (PE). No litoral norte da Paraíba, na APA da Barra do Rio Mamanguape, “Parajuru” e “Vitória”, que hoje se encontram em oceanários, ficarão em um amplo espaço (de 4.131 m²), construído em ambiente natural (em água estuarinas, no manguezal) pelas equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, da APA da Barra do Rio Mamanguape, da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, CEPENE/ICMBio e voluntários da comunidade local. Eles serão os primeiros a inaugurar este espaço direcionado a peixes-bois

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marinhos em fase de readaptação e aos que precisem de cuidados clínicos especiais. A ideia é que, assim que aptos, os animais sejam reintroduzidos no estuário da região. De acordo com o médico veterinário e pesquisador João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental –, o processo de readaptação dos animais ao ambiente natural é de extrema importância para a conservação da espécie, que atualmente se encontra “Em perigo” de extinção no Brasil. “Dentro da estratégia nacional de conservação do peixe-boi marinho, estão previstas as reintroduções dos espécimes que encalharam e posteriormente foram reabilitados. No Nordeste, só existia uma estrutura semelhante a esta que abrigará “Vitória” e “Parajuru”, e está localizada em Alagoas. Este espaço de readaptação da Barra do Rio Mamanguape vai então agregar e otimizar os esforços em prol da soltura dos animais


FOTO MARIA ELISA PITANGA ACERVO FMA

no nordeste brasileiro. Com este cativeiro, daremos maior celeridade a este processo de reintegração de peixes-bois aos ambientes naturais”. De acordo com o pesquisador, a APA da Barra do Rio Mamanguape é uma região propícia para essa reintegração da espécie. “Trata-se de uma das principais áreas de ocorrência de peixes-bois marinhos no Brasil, é um local que ainda dispõe dos principais atributos ecológicos que propiciam à existência da espécie, contando com um importante estuário, ambiente marinho, fontes de alimentação, qualidade hídrica, águas calmas e protegidas, e, além disso, trata-se de uma área de proteção ambiental”, ressalta João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

“Vitória” sendo resgatada no dia 1º de Janeiro de 2015 “A APA da Barra do Rio Mamanguape, Unidade de Conservação Federal do ICMBio, é uma região histórica na reintrodução de peixes-bois marinhos. Inclusive, quando foi criada, no início da década de 90, teve como objetivo principal a preservação dos habitats essenciais para a vida do peixe-boi”, complementa Leonardo Messias, coordenador do Cepene. Hoje, alguns dos espécimes que foram reintroduzidos utilizam esta área, a exemplo de “Mel” (hoje com 15 anos), “Puã” (14 anos), “Zelinha” (16 anos) e “Iara” (12 anos). Estes animais são monitorados diariamente pelas equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho e da ARA ARIE da Barra do Rio Mamanguape, com auxílio de tecnologia satelital e VHF, e são acompanhados por avaliações clínicas periódicas.

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Espaço para readaptação de peixe-boi marinho em ambiente natural na APA do Rio Mamanguape.

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

“Nós entendemos que a estratégia de conservação do peixe-boi marinho integra diferentes instituições de pesquisa, instituições governamentais, não-governamentais e, sobretudo, a sociedade. Os processos de resgate (com participação da comunidade), reabilitação, e agora de readaptação e posteriormente de soltura e reintrodução de “Vitória” e “Parajuru” (e tantos outros animais que passaram por todos esses processos) - além é claro dos trabalhos de acompanhamento, monitoramento, pesquisa e educação ambiental - são exemplos disso”, enfatiza João Carlos Gomes Borges. De forma responsável, dentro das normativas estabelecidas, e em horários determinados, o cativeiro em ambiente natural ficará aberto para visitação da comunidade e de turistas que vierem conhecer a re-

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gião, com o objetivo de contribuir na sensibilização e conscientização da sociedade sobre a importância da conservação da espécie. O Projeto Viva o PeixeBoi Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil e conta com a parceria da APA da Barra do Rio Mamanguape e o CEPENE/ICMBio. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.


FOTO SARAH KATHER ACERVO FMA

INAUGURAÇÃO DO ESPAÇO Na ocasião da chegada de “Vitória” e “Parajuru” à APA da Barra do Rio Mamanguape, haverá também a inauguração do espaço para a readaptação de peixes-bois marinhos em ambiente natural, que começou a ser construído em outubro de 2018 e foi concluído em março de 2019, pelas equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, da APA da Barra do Rio Mamanguape, da ARIE Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, CEPENE/ICMBio e voluntários da comunidade. O local receberá o nome de JOCÉLIO DE BRITO (em memória), que foi funcionário do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho e, que, junto com a sua família, foi um defensor incansável da conservação do peixe-boi marinho no Nordeste do Brasil, participando ativamente da construção do espaço. As equipes prestarão uma homenagem à família Brito e à comunidade da Barra de Mamanguape. Nas margens do estuário, haverá também um café da manhã comunitário.

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ESPECIAL

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

Barra de Mamanguape ganha pintura do artista Alexandre Huber em homenagem ao peixe-boi marinho Na semana de 11 a 15 de março, o artista plástico ambiental Alexandre Huber esteve na Barra de Mamanguape, litoral norte da Paraíba, para fazer uma pintura temática em homenagem ao peixe-boi marinho e uma oficina de arte com as crianças locais. Foram dias de muita vibração positiva, amizade, arte, trabalho, celebração ao meio ambiente e aprendizado. O artista, conhecido em todo o Brasil por seu trabalho dedicado à conservação marinha, veio para a Paraíba a convite da Fundação Mamíferos Aquáticos, que atua na região com o Projeto Viva o Peixe -Boi Marinho (PVPBM). A ideia é, por meio da arte, sensibilizar a comunidade e os turistas que visitam a Barra de Mamanguape sobre a importância da conservação do peixe-boi marinho e de seu habitat.

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A Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, parceira do PVPBM, apresenta atributos ecológicos que propiciam a existência de peixes-bois marinhos. É um dos poucos lugares no Brasil onde é possível encontrar animais desta espécie, que está “em perigo” de extinção no país. Inspirado nisso, o artista um mural em grande escala na beira do estuário com imagens do peixe-boi marinho e de elementos que fazem parte do ecossistema local. Ele também fez um painel temático interativo. Ao concluir as obras, o artista reuniu as equipes do PVPBM e da APA da Barra do Rio Mamanguape e prestou uma homenagem: “É um paraíso estar aqui neste local, nesse visual, nessa paz. O pouco que tenho para oferecer para vocês é a minha arte e a minha arte eu ofereci para as crianças da comunidade numa atividade tão bacana. Então, através da minha arte, eu quero prestar o agradecimento e homenagem a todos vocês, ao trabalho que vocês fazem pelo peixe-boi marinho e espero que dure para sempre e

que vocês continuem nesta pegada. Eu agradeço em nome de centenas de crianças e pessoas que não têm o prazer de estar na frente de vocês que fazem esse trabalho com tanta garra, com tanto amor”. Todo o trabalho de Huber é voluntário e por amor à causa, por se sentir responsável pela conservação da vida marinha. Os materiais utilizados pelo artista são conseguidos com o apoio das Tintas Eucatex, da SOUZA Arte e Cultura, da Tigre e da Wimpel Equipamentos de Pintura. Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do artista Alexandre Huber, acesse as mídias sociais: www.facebook.com/Huber. Arte.Marinha e www.instagram.com/huberartemarinha/. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho promove blitz educativas em praias da Paraíba

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Durante o verão, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho promoveu blitz educativas em praias do litoral norte da Paraíba, destino escolhido por muitos turistas durante as férias, pelas belezas naturais que possui e também por ser uma região com atributos ecológicos que propiciam a existência de peixes-bois marinhos. Cabedelo e Lucena foram os primeiros municípios a receber a ação nos dias 12 e 13 de janeiro e 02 e 03 de fevereiro, respectivamente. A ideia da Blitz é levar informações sobre o peixe-boi marinho, sensibilizando turistas, pescadores e frequentadores das praias sobre a importância da conservação da espécie.

sessões do Cine Peixe-Boi, com exibições de filmes eco educativos. Na oportunidade também há sorteio e distribuição de brindes temáticos. Durante a atividade, a equipe orienta os condutores de embarcações motorizadas para reforçarem a atenção nas áreas de ocorrência da espécie, reduzindo a velocidade da navegação e desligando o motor das embarcações quando o animal estiver com distância inferior a 10 metros. O Projeto também age na sensibilização de banhistas e turistas da região para que não ofereçam comida, bebida ou toquem no animal, pois isso pode prejudicar a saúde e a permanência do peixe-boi marinho no ambiente natural.

Nesta ação, que faz parte da campanha “Ajude a preservar o peixe-boi marinho”, a equipe do Projeto monta uma tenda informativa nas praias e promove atividades educativas, palestra, exposição temática e

Para Daniela Araújo, coordenadora de Educação Ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, a blitz educativa traz uma resposta positiva e eficiente para os trabalhos de conservação da espécie. “Por

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FOTOS ACERVO FMA

aportarmos em áreas de ocorrência de peixe-boi marinho, muitas das pessoas que frequentam estas áreas têm algum histórico de experiência com o peixe-boi, então, além de receberem as orientações que transmitimos para a conservação do peixe-boi marinho, elas também trazem informações importantes para o monitoramento da espécie. E como estamos ali numa área de convergência entre a ação humana e a ocorrência de peixe-boi marinho, num cenário real – com praias, estuários e com os impactos das ações humanas – isso facilita o entendimento e a troca de informações. A informação chega de

forma mais eficaz, as pessoas têm interesse em ouvir, pois é a realidade que elas vivenciam todos os dias”, explica Daniela. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.

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CONSERVAÇÃO MARINHA

Ao encontrar um peixe-boi marinho: não toque, não alimente, não forneça bebida A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho recebeu várias denúncias durante o mês de janeiro com relação a casos de molestamento de peixes-bois marinhos em algumas praias do litoral norte da Paraíba. Em um dos casos, houve relatos que pessoas tentaram colocar uma caixa d’água em cima de um animal. Infelizmente, abusos como estes acontecem em diversas praias do Nordeste, principalmente em época de férias de verão, quando a região recebe um número grande de turistas. Estes animais são

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muito dóceis e se aproximam com facilidade, mas, para o bem deles, o melhor a se fazer é se afastar. O Projeto pede a ajuda de toda a sociedade para proteger os peixes-bois marinhos e não permitir que pessoas interajam com estes animais. Mesmo com boa intenção, não se deve tocar, alimentar e nem fornecer bebida aos peixes-bois marinhos. Atitudes como estas das imagens que ilustram esta matéria colocam em risco a saúde e a vida destes animais.


O peixe-boi marinho está em perigo de extinção no Brasil. E isto muito se deve aos impactos ambientais causados pelos seres humanos. Se todos colaborarem, esta situação pode ser revertida. Caso encontre um peixe-boi marinho, mantenha distância do animal e apenas admire de longe. Se ele estiver em perigo, machucado ou encalhado, entre em contato com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp) / (79) 99130-0016. Peixes-boi marinhos reintroduzidos estão sendo monitorados via satélite no litoral nordestino. Ao encontrar um peixe-boi com um equipamento (semelhante a um cone com uma antena) ou apenas o equipamento, entre em contato pelos telefones acima.

O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.

Com relação aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins), o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho orienta: antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza que o animal não está por perto; se estiver navegando e avistar o peixe-boi nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos.

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Diário de bordo POR LUANA DIAS Voluntária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho nos estados de Sergipe e Bahia É com muito carinho e admiração que realizo ações no Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho de forma voluntária. Procuro sempre oferecer meu melhor nas atividades, com objetivo de conservar a espécie e orientar as pessoas a como proceder ao avistar um peixe-boi marinho. O peixe-boi marinho “Astro” foi o primeiro animal a ser reintroduzido no Brasil, espécie muito dócil e esperta. Ser dócil no caso dele significa riscos, pois as pessoas que já o conhecem ou estão conhecendo pela primeira vez, insistem em tocá-lo, fornecer alimentos, água doce, tentam fotografar o mais próximo possível. Sendo uma ameaça para o animal em questão. Atualmente participo das atividades de monitoramento no estuário do rio Real, divisa entre os estados de Sergipe e Bahia. Junto a essa atividade participo também de ações voltadas à educação ambiental, transmitindo as principais orientações a respeito dos peixes-bois marinhos. Todas as ações que fazemos para ajudar é de grande importância, principalmente quando estamos dispostos em ajudar por amor. Coloco-me na missão de proteger “Astro” para que ele possa viver tranquilamente em seu habitat natural. FOTO KARLILIAN MAGALHÃES ACERVO FMA

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Cada dia é uma nova experiência com o animal e com as pessoas que encontramos nos monitoramentos. Amo encontrar crianças nos lugares onde passamos, elas sempre mostram muito interesse em aprender e conhecer tudo que for possível sobre o peixe-boi marinho. Fico muito feliz quando retornamos aos mesmos locais depois de alguns dias e as crianças correm gritando todas felizes ao se apro-


FOTO ACERVO FMA

ximar da nossa embarcação, dizendo: “Tia Luana, tia Luana o peixe-boi passou por aqui naquele dia depois que vocês foram embora, teve algumas pessoas que estavam querendo se aproximar do ‘Astro’, falamos que não podia chegar perto, não da água e comida. Aí o povo saiu de perto”. São atitudes como essa que me motivam a participar cada vez mais das ações de sensibilização, pois posso ver que vale a pena cada esforço.

nheci pessoas maravilhosas que aos poucos tornaram-se especiais em meu coração (pessoas especiais em meu coração = Barra de Mamanguape-PB). Sou muito grata as oportunidades que o projeto tem me proporcionado em aprender sobre os peixes-bois marinho e sobretudo vivenciar todas atividades desenvolvidas pelo projeto. Ame, respeite e conserve!

Todas as espécies são importantes para a natureza, o peixe-boi marinho, em especial “Astro”, é muito importante para mim, foi por causa dele que co-

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Monitoramento dos peixes-boi marinhos (Trichechus manatus) reintroduzidos POR SEBASTIÃO SILVA DOS SANTOS ecólogo e coordenador de monitoramento do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho A espécie Trichechus manatus encontra-se com um status de conservação atualmente classificado no Brasil como “Em perigo” (ICMBIO, 2014) e internacionalmente como “vulnerável” (IUCN, 2018). O peixe-boi marinho ocorre em ambientes costeiros, estuarinos e fluviais. Sua distribuição populacional ocorre de forma descontínua no litoral da região do Norte e do Nordeste do Brasil. A elaboração de estratégias para a conservação de espécies na natureza e a sustentabilidade dos ecossitemas onde habita depende, dentre outros, do conhecimento acerca de sua ecologia, biologia populacional, nichos ecológicos, aspectos pouco conhecidos para peixe-boi marinho no Brasil. Diante disso, faz-se necessário realizar o monitoramento dessa espécie afim de obter mais informações que sirvam de embasamento para tomada de decisões. Este artigo aborda um estudo que realizamos sobre o monitoramento de peixes-boi marinhos reintroduzidos por meio de tecnologia satelital e VHF no nordeste do Brasil. Este estudo foi desenvolvido em três estados do nordeste do Brasil: Paraíba, Sergipe e Bahia. No estado da Paraíba, a pesquisa contemplou os municípios de Rio Tinto, Marcação, Lucena e Cabedelo. No estado de Sergipe, o município de

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Indiaroba e Estância. E na Bahia, o município de Jandaíra. A coleta de dados satelitais ocorreram no período de junho de 2016 a novembro de 2018 e os dados de campo de abril de 2016 a novembro de 2018, com a colaboração do biólogo Allan Oliveira, da ecóloga Iara Medeiros e dos médicos veterinários Vanessa Rebelo e Dr. João Carlos Gomes Borges. Neste estudo, a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) realizou o monitoramento de seis peixes-bois marinhos (Astro, Mel, Puã, Tita, Yara e Zelinha) por meios do sistema satelital e VHF. Cada peixe-boi marinho recebeu um radiotransmissor, enviando sinais individuais - que continham dados como latitude, longitude, data e hora - para o sistema de satélite (GlobalStar) em um intervalo de tempo pré-estabelecido a cada três horas. Em paralelo ao sistema satelital, o monitoramento de campo também forneceu dados complementares sobre cada animal. Por meio dos radiotransmissores, os peixes-boi foram localizados e, durante os monitoramentos, uma planilha foi preenchida com informações referentes à localidade, latitude, longitude, hora, visibilidade da água, profundidade e dados comportamentais de cada animal. Todas essas informações foram digitalizadas e armazenadas no banco de dados da FMA.

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COLUNA CIENTÍFICA


Para identificar e calcular as áreas utilizadas por cada peixe-boi marinho monitorado, as coordenadas geográficas obtidas por meio do sistema satelital e do monitoramento de campo foram espacializadas e posteriormente foi realizado o cálculo das áreas por meio de um SIG (Sistema Internacional de Georreferenciamento). om a somatória de todos os rádios transmissores que foram acoplados aos animais, foram realizados 1.406 dias de transmissão de sinais. Sendo destes, 664 dias de monitoramento de “Mel”, 297 de “Zelinha”, 165 de “Puã”, 165 de “Astro”, 99 de “Tita” e 34 de “Iara”. O que possibilitou um grande aporte de informações sobre as áreas de uso desses animais. De 04 de Abril de 2016 a 01 de novembro de 2018, foram realizadas 875 saídas de campo para monitoramento dos animais reintroduzidos, sendo 214 para o monitorar “Mel”, 187 para “Zelinha”, 171 para “Puã”, 163 para “Astro”, 72 para “Tita” e 68 para “Iara”. Com as informações do monitoramento satelital e de campo, foi possível mapear as principais áreas de uso dos peixes-bois marinhos monitorados. Mel, Zelinha, Tita e Iara são animais que tem toda sua área de uso dentro do limite do estuário do rio Mamanguape na Paraíba. “Mel” tem uma área de 5.878 km², utilizando principalmente a região conhecida como Croa do Meio, Cupim Velho e Camboa de Tanques. “Zelinha” utiliza uma área de 5.848 km², frequentando principalmente a Praia de Coqueirinho, foz do rio Camurupim e a Croa do Meio. “Iara” tem 6.528 km² de área de uso, sendo a Croa do Meio e a região do Arrecifes suas principais áreas utilizadas. “Tita” apresentou uma área de uso bem diferente de todos os outros animais utilizando apenas áreas a montante do rio Mamanguape, não havendo registro desse animal nas áreas próximas a foz do rio, sua área de uso foi de 3.503 km². “Puã” foi o único dos animais monitorados na Paraíba a frequentar áreas fora do limite do estuário do rio Mamanguape, tendo assim uma maior área de uso com relação aos demais. Sua área utilizada compreendeu

49.723 km², abrangendo os municípios de cabedelo, Lucena, além do estuário do Rio Mamanguape. Dos animais monitorados, “Astro” é o único que utiliza os estados de Sergipe e Bahia, sua área de utilização mede 57,070 km². Sendo a Praia do Saco, Ilha da Sogra, Croa Grande e Ilha do Sossego suas principais áreas de uso no estado de Sergipe, e Mangue seco no estado da Bahia. Os animais Astro e Puã foram os que apresentaram uma maior área de uso respectivamente. O estudo mostrou que a nova tecnologia de monitoramento de peixe-boi marinho desenvolvida e testada pela Fundação Mamíferos Aquáticos se evidencia adequada para estes fins, que o estuário da Barra do rio Mamanguape apresenta características propicias para permanência desses animais, e que os animais monitorados pela FMA demostram estar se adaptando às condições de vida livre. Um trabalho que contou com a parceria da Universidade Federal da Paraíba, Fundação Grupo Boticário, APA Costa do Corais, Nortronic, APA Barra do Rio Mamanguape, CEPENE e ao Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

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PESQUISA A cada edição, a Revista A Bordo traz artigos e resumos científicos relacionados à conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats. Confira agora um estudo elaborado por Iara dos Santos Medeiros, ecóloga do Projeto Viva o peixe-Boi Marinho e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.

Dinâmica espaço-temporal da cobertura vegetal dos manguezais e sua relação com as ocorrências de encalhes de Trichechus manatus na Paraíba Autores: Iara dos Santos Medeiros¹,2, João Carlos Gomes Borges1,2

1. Fundação Mamíferos Aquáticos – FMA 2. Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental

1. INTRODUÇÃO O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). Ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado um importante transformador de nutrientes em matéria orgânica, gerador de bens e serviços (QUINÕNES, 2000). Entre as espécies que utilizam estes ambientes, destaca-se o peixe-boi marinho (Trichechus manatus), a qual habita áreas costeiras e estuarinas, pois apresenta disponibilidade de alimento, águas quentes e rasas, refúgios e uma série e fontes de águas doces (LIMA, 2011). Entretanto, a integridade destes ambientes estuarinos encontra-se fortemente ameaçadas em decorrência da supressão dos manguezais, assoreamento, poluição dos recursos hídricos, diminuição da vazão dos rios, entre outros fatores (FEMAR, 2001). Entre as consequências observadas decorrentes do impacto ocasionado nestes estuários, destaca-se o encalhe de filhotes de peixes-bois marinhos na região Nordeste (PARENTE et al., 2004; MEIRELLES, 2008), que se tornou a principal ameaça à espécie no Brasil (LIMA et al., 2011; PARENTE et al., 2004).

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Conforme reportado por Lima et al. (2011) e Meirelles (2008), o assoreamento dos rios impede o acesso dos peixes-bois marinhos a importantes locais de alimentação e berçários, onde geralmente as fêmeas podem conceber os filhotes e realizar os cuidados parentais nas primeiras semanas. Com a impossibilidade de acessar essas áreas dotadas de águas mais calmas e abrigadas, na ocasião do nascimento dos filhotes, os recém-nascidos encontram condições desfavoráveis para permanecerem próximos as fêmeas, devido a fatores como as correntes marinhas. A consequência disto é o desgarramento dos filhotes e posteriormente, o encalhe na praia (MEIRELLES et al., 2014). A Paraíba é um estado importante no contexto dos peixes-bois marinhos, sendo uma das principais áreas de ocorrência da espécie no Brasil (LIMA et al, 2011), e por possuir um sítio de soltura na Barra de Mamanguape localizada no município de Rio Tinto (NORMANDE, 2014). Atualmente o status de conservação do peixe-boi marinho aliada à sua baixa natalidade, docilidade, movimentação lenta e a crescente destruição de seu hábitat, agravam a situação e torna mais desafiadora a conservação da espécie (ICMBio, 2011). Diante desta problemática e levando em consideração que


bertura vegetal dos manguezais de forma espaçotemporal, possibilitando identificar a configuração da vegetação ao longo dos anos. Para o mapeamento mais atual, serão realizados sobrevoos nas áreas em estudo. Posteriormente, dentro dos conceitos de ecologia da paisagem será calculado as métricas de área, forma e conectividade, a fim de identificar as mudanças na configuração, acréscimo e/ou decréscimo da área correspondente a cobertura de mangue.

2. material e métodos Área de Estudo A área de estudo desta pesquisa abrange os remanescentes de manguezais localizados na zona da mata paraibana, região Nordeste do Brasil, compreendendo ainda três unidades de conservação federal sendo estas a Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Reserva Extrativista Acaú– Goiana Área de Relevante Interesse Ecológico de Manguezais da Foz do Rio Mamanguape.

Análise da exatidão do mapeamento Em paralelo, se fará levantamentos de campo na área de estudo onde serão coletadas coordenadas geográficas e registros fotográficos que servirão para validar a acurácia dos resultados obtidos no mapeamento da vegetação. Feito o mapeamento, com base nos dados coletados em campo, será aplicado a estatística coeficiente kappa (K) proposto por Jocob Cohen (1960), o qual servirá para verificar a acurácia do mapeamento com relação a verdade de campo.

Aquisição e processamento das imagens satelitais Inicialmente será feito uma busca a fim de obter imagens de satélites, correspondentes a uma série histórica de 40 anos (década de 1980, 1990, 2000, 2010). A partir destas imagens, será analisada a co-

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os manguezais estão cada vez mais expostos as mudanças de origem natural e principalmente antrópica, faz-se necessário realizar uma análise da dinâmica espaço-temporal e quantitativa dos manguezais do estado da Paraíba e relacionar com os registros de encalhes de peixe-boi marinho, a fim de identificar o grau de interação existente e subsidiar informações relevantes para a estratégia de conservação da espécie.

Registros dos Encalhes de Peixes-Bois Marinhos Os dados de encalhes de peixes-bois marinhos serão obtidos por meio de um banco de dados preexistentes, disponibilizados pela Fundação Mamíferos

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Aquáticos (FMA), a qual dispõe de dados de 1990 até os dias atuais. Serão compiladas as informações inerentes a data, local do encalhe, faixa etária do animal (adulto ou filhote) e coordenadas geográficas. Posteriormente será feita a espacialização dos dados, a fim de analisar sua distribuição ao longo do tempo. Análise Integrada Será realizado o cruzamento das informações, sobrepondo as classificações e a quantificação da vegetação dos manguezais por escala espaço-temporal juntamente com as ocorrências de encalhes correspondentes, o que possibilitará analisar e relacionar os resultados obtidos. Avaliação de Impactos e Efetividade Para esta avaliação será identificado em campo os principais usos da terra que circundam as áreas de manguezal, realizando registro fotográficos e coletando coordenadas geográficas. Posteriormente, para avaliar a efetividade das UCs em relação a manutenção dos bosques de mangue em áreas de grande relevância para a ocorrência dos peixes-bois marinhos, será analisado a dinâmica espaço temporal dos bosques de mangue presentes nessas unidades, analisando a situação antes e pós criação das UCs.

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3. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se que sejam mapeados e quantificados os manguezais da Paraíba em escala espaço-temporal e relacionar a cobertura vegetal dos manguezais com as ocorrências de encalhes de peixe-boi marinho e que possa ser identificado os possíveis impactos que influenciaram a redução dos manguezais no litoral da Paraíba. Por último espera-se avaliar a efetividade de três Unidades de Conservação (APA da Barra do Rio Mamanguape, ARIE de Manguezais da Foz do Rio Mamanguape e RESEX Acaú-Goiania) para a manutenção dos bosques de mangue em áreas de grande relevância para a ocorrência dos peixes-bois marinhos. 4. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Fundação Mamíferos Aquáticos, ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, Fundação Grupo Boticário. Os autores agradecem ainda ao Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio. Plano de ação nacional para a conservação dos sirênios: peixe-boi-da-Amazônia: Trichechus inunguis e peixe-boi-marinho: Trichechus manatus. Brasília, 2011. 80p. Cohen, J. (1960). A coefficient of agreement for nominal scales. Educational and Psychological Measurement, 20, 37-46. FEMAR- Fundação de Estudos do Mar (2001). Manguezais, Educar para proteger. ISBN 85-85966 - 21 – 1. LIMA, R. P.; PALUDO, D.; SOAVINSKI, R. J.; SILVA, K. G & OLIVEIRA, E. M. A. (2011). Levantamento da distribuição, ocorrência e status de conservação do peixe-boi marinho (Trichechus manatus, Linnaeus, 1758) ao longo do litoral Nordeste do Brasil. Natural Resources, Aquidabã, v.1, n.2. p.41-57. MEIRELLES, A.C.O. (2008). Mortality of Antillean manatee (Trichechus manatus manatus) in the State of Ceará, northe-eastern Brazil. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom, v. 88, n. 6, p.1133-1137. MEIRELLES, A. C. O.; CARVALHO, V. L.; SILVA, C.P.N. Encalhes de neonatos de peixeboi-marinho na costa semi-árida do nordeste do Brasil: Quais fatores podem estar envolvidos? In: XVI Reunión de expertos en Mamíferos Acuáticos de América del Sur, 2014, Cartagena. Anais...Cartagena, 2014. NORMANDE, I. C. Manejo para conservação de peixes-bois marinhos (Trichechus manatus LINNAEUS, 1758) no Brasil: programas de soltura e monitoramento. 2014, 115 f. Dissertação (Mestrado em Diversidade Biológica e Conservação) - Universidade Federal de Alagoas. Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde. Maceió PARENTE, C. L.; VERGARA-PARENTE, J. E. & LIMA, R. P. (2004). Strandings of Antillean manatee (Trichechus manatus manatus) in Northeastern Brazil. The Latin American Journal of Aquatic Mammals. 3(1): 69-76. QUINÕNES, E. M. Relações água-solo no sistema ambiental do estuário de Itanhaém. Campinas, FEAGRI, UNICAMP, 2000. SCHAEFFER-NOVELLI, Y. (coord.). Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995.

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FMA

Exposição #VivaOceano movimenta Aracaju e recebe mais de 400 mil visitantes Chamar atenção da sociedade para o impacto que o descarte incorreto do lixo causa nos oceanos e levar conhecimento sobre as espécies marinhas e a importância da conservação dos mamíferos aquáticos, sensibilizando, compartilhando e trocando experiências com o público. Esta foi a proposta da exposição #VivaOceano, que esteve em cartaz no Shopping Jardins, em Aracaju (SE), de 13 a 26 de março. A exposição foi promovida pela Fundação Mamíferos Aquáticos, que atua na região com atividades de sen-

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sibilização, educação ambiental, com o Subprograma Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades - PRMEA[i] e com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Quem visitou a exposição, além de adquirir conhecimento sobre os animais marinhos e o ecossistema brasileiro, pôde conhecer a unidade móvel de atendimento e resgate de fauna (Astromóvel), usada


FOTOS ACERVO FMA

para salvamento de animais, e participar de atividades de educação ambiental que incluíam encenações de práticas de salvamento e um Espaço Kids, com ações lúdicas especialmente voltadas para as crianças. Na ocasião, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho exibiu o documentário “Peixe-Boi”, produzido pela NatGeo para a série “No Mar: Um Mergulho no Conhecimento”. O documentário, gravado na Área de Proteção da Barra do Rio Mamanguape, traz para reflexão social a atual situação do peixe-boi marinho no Brasil e os esforços de um trabalho em conjunto (instituições, pesquisadores e comunidade) para tentar proteger o animal e evitar a extinção da espécie. A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho também ficou disponível para tirar dúvidas sobre a espécie e trocar conhecimento com os visitantes sobre este mamífero aquático que está “em perigo” de extinção no Brasil. Para Jociery Vergara-Parente, diretora presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos, a Exposição #VivaOceano pode ser considerada como um marco para a relação da Fundação Mamíferos Aquáticos com os sergipanos. “A FMA vem atuando na região desde 1998, com o monitoramento do peixe-boi marinho Astro, implantando sua filial e outras bases a partir

de 2010, e essa foi a primeira vez que a instituição apresentou seus resultados à sociedade numa exposição grandiosa. Expor em um centro comercial de grande fluxo e com a qualidade e beleza que foi a Exposição #VivaOceano (utilizando-se de um lounge com produtos alusivos às espécies marinhas, espaço kids e uma belíssima coleção de materiais biológicos e ainda as pegadas do impacto deixadas pela ação humana na natureza), foi sem dúvida algo diferencial. Em uma estimativa de público, foram atendidas mais de 2.000 crianças no espaço kids, que além de aprenderem sobre a importância da conservação de forma lúdica, ganharam bottons de ‘Protetores da Natureza’, e um público adulto de 437.000 pessoas circulando pelo Shopping nos dias da Exposição. Vale salientar que esta ação somente foi possível graças aos patrocinadores e apoiadores do evento”. [i] As atividades de monitoramento de Praias, desenvolvidas pela Fundação Mamíferos Aquáticos, fazem parte do Subprograma Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades na Área de Abrangência da Bacia Sergipe-Alagoas – PRMEA, medida de avaliação de impactos ambientais exigidas pelo licenciamento ambiental federal, constando a Petrobras como empreendedor e conduzida pelo IBAMA.

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GPS

INDICAÇÕES

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PRINCÍPIOS DE ESTATÍSTICA EM ECOLOGIA

COMO MUDAR O MUNDO (HOW TO CHANGE THE WORLD)

Este livro reúne informações sobre a teoria de probabilidades, de forma introdutória, incluindo os pressupostos da inferência estatística e o teste de hipóteses, e sobre delineamentos e análises específicas, tipicamente encontrados em ecologia, com uma descrição detalhada. É indicado sobretudo para ecólogos e cientistas da área ambiental. Apresenta uma perspectiva sobre o que é importante na interface ecologia e estatística, utilizando um texto com linguagem acessível e amplamente ilustrado para facilitar a aprendizagem do conteúdo. Contempla tanto as exposições clássicas como as discussões sobre os métodos e as técnicas mais recentes na área. Autores: Nicholas J. Gotelli e Aaron M. Ellison

Nos anos 70, um grupo de amigos navega até uma zona de testes nucleares para protestar e tentar impedir a execução dos testes. Esta ação chamou atenção do mundo todo. O documentário conta a história do Greenpeace, como começou, quem foram os pioneiros e como eles deram início a um movimento moderno de ativismo verde. O filme dispõe de um rico acervo de imagens que dão vida à narrativa. Direção: Jerry Rothwell

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eventos

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2019 nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins. XVIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA Data: 11 a 15 de junho 2019 Local: Fortaleza (CE) http://www.sbgfa.ggf.br/2019 10º FORUM INTERNACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS - FIRS Data: 12 a 14 de junho 2019 Local: João Pessoa (PB) http://firs.institutoventuri.org/pt/ 30º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL Data: 16 a 19 de junho de 2019 Local: Natal (RN) abes-dn.org.br/abeseventos/30cbesa-natal/ 16º CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE Data: 24 a 27 de setembro de 2019 Local: Poços de Caldas (MG) www.meioambientepocos.com.br

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FOTO REFLEXÃO RESPIRA FUNDO E VAI... Como diz a frase atribuída ao físico Albert Einstein: “Observe profundamente a natureza, e então você vai entender tudo melhor”. Esta da imagem é “Mel”, uma fêmea reintroduzida que vive no estuário da APA da Barra do Rio Mamanguape, litoral norte da Paraíba. Todos os dias, a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho acompanha, monitora, cuida, observa e aprende com ela. “Mel” está com 14 anos. Em um ambiente conservado, livre de ameaças, um peixe-boi marinho pode viver até 60 anos. E todos nós podemos contribuir para esta longevidade, conservando e cuidando das nossas praias, dos mares, dos rios, dos estuários, dos manguezais, do meio ambiente.

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ILUSTRAÇÃO

Em todas as edições, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordam o universo dos animais aquáticos e de seus habitats, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Esta é parte da obra que o artista plástico Alexandre Huber pintou na Barra de Mamanguape em homenagem ao peixe-boi marinho, como forma de sensibilizar a comunidade e os turistas sobre a importância da conservação da espécie.

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse: www.vivaopeixeboimarinho.org

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