NEWSLETTER FMVG N.º 10 FEVEREIRO 2018 | CULTURA ALGARVE

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newsletter n.º 10, Fev./2018

A HERANÇA

QUE QUEREMOS GUARDAR 2

FMVG: Conheça o novo vice-presidente

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A Liberdade de Ser

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Formação em Artes Plásticas

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FOTO: Mário Lino

Festa de Querença a PCI


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DESTAQUE

Homem da Ciência e filho de Querença é o novo membro da Administração da FMVG. Em entrevista, fala em dinâmicas centrípetas do litoral para o interior e propõe uma bolsa de estudo para estudantes de Querença que queiram vir a ser médicos no concelho de Loulé.

trazer-me livros, ouvir-me lê-los e apreciar as minhas emoções. Eram as Da esq. para a dir.: Gabriel Gonçalves, José Maria Guerreiro, Idálio Revez e Pedro Ferré edições Romano Torres, li todas as histórias do Pinóquio, Marianita cultural? sem Eira nem Beira, Tonecas e Agapito e outros Não sou conhecedor profundo do Algarve, mas é que não recordo. Foram estes os meus primeiros evidente uma dinâmica cultural significativa, desde livros. De tudo o que li no início da idade adulta a Universidade do Algarve a múltiplas associadestaco O Drama de Jean Barois de Roger Martin ções, centros culturais, autarquias, etc. du Gard. O transcendente continua a impressioQuais são hoje as suas ligações ao Algarve e a nar-me. Querença? Nasci no lugar de Amendoeira na freguesia de Querença, onde fiz a instrução primária e o estudo secundário em Faro. Mais tarde criei uma empresa de Imagiologia em Faro. Mantive sempre uma profunda ligação com as origens, particularmente com os meus pais. É um frequentador da Fundação MVG. Que imagem tem de Manuel Viegas Guerreiro? José Maria Guerreiro: da meninice à idade adulta Tenho assistido aos principais eventos dos últimos dois anos na FMVG. Para minha mágoa nunca Como homem da Ciência, de que forma se revê conheci pessoalmente Manuel Viegas Guerreiro. nessa narrativa? Cedo me apercebi da sua obra e dimensão humaO Drama de Jean Barois marcou-me profundana. Quanto à Fundação considero que tem tido mente por duas razões. Primeiro pela religião, uma actividade altamente meritória, com prograquando a crença monoteísta ia progressivamente mas em curso de igual valor, cuja continuidade sendo substituída pela dúvida até atingir o ateíssinto estar garantida. mo. Em segundo lugar, pelo ênfase dado ao coRecebeu este ano o convite para integrar o Connhecimento como dependente da actividade ceselho de Administração da FMVG. rebral. Passados mais de 50 anos constatamos Ficou surpreendido? o grande desenvolvimento das neurociências, de Fiquei deveras surpreendido. Não me considerei tal forma que há quem considere o século XXI, o nem considero a pessoa indicada para o lugar, século do cérebro. Nesta área destaco a investialém de ter sérias limitações geográficas e de gação e obra de António Damásio. tempo. As principais razões desta aceitação fiQual o retrato que faz da região em termos de liam-se além do exposto, naquilo que defini como desenvolvimento do conhecimento e de oferta “o regresso às origens”, quando nos 70 anos decidi MM

Qual o papel que a cultura teve na sua vida? Cedo me fascinaram os livros e o conhecimento, desde o encantamento dos contos e histórias infantis às questões técnico-científicas, passando pela Política, História, Filosofia e Literatura. O meu pai, homem moderno no seu lugar, não teve relutância em proporcionar-me outros caminhos que abriram portas para um mundo sócio-económico-cultural muito diferente daquele que teria se tivesse ficado na Amendoeira. Quando fiz a quarta classe, a professora chamou-o e disse: «Se tiver possibilidades ponha o Zé Maria no liceu». Não foi preciso mais. Na quarta-feira ou sábado seguintes tratou da minha ida para o liceu e alojamento na casa do ‘Ti Chico Guerreiro’, em Faro. Foi aí que conheci o Gabriel Gonçalves [presidente da FMVG] e iniciei uma nova vida, cedo transformada em contestação, rebeldia e avidez pelo conhecimento. Mais tarde, feito o sétimo ano, ainda em grande conflito paternal, o meu pai querendo o melhor e mais barato, diz-me: «Zé Maria vais para a Academia Militar». Não vou, respondi-lhe eu. «Porquê?» - surpreendeu-se. Porque não tenho vocação! «Então vais para a América ter com a tua irmã.» Não vou – repeti - não gosto dos americanos. «Então para onde queres ir?» - insurgiu-se. Quero ir para Medicina. «E quanto é que isso pode custar?» Custa 20 contos por ano – respondi - tudo, alojamento, alimentação, propinas, livros e extras. «Então não é pelos 20 contos que deixas de ir para Medicina. Trata do que for preciso!». Homem sábio e amigo do filho, o meu pai. Pode indicar-nos um ou mais livros que o tenham marcado? Como já disse o meu pai foi muito importante na minha formação. Tinha um prazer enorme em

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JOSÉ MARIA GUERREIRO NA FMVG

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reunir, num jantar em Querença, a família e os companheiros de liceu naturais de Querença. Que ideias pretende ver desenvolvidas na FMVG? Além da continuidade das actividades culturais e dos projectos em curso, gostava de ver desenvolvidos recursos na área da saúde. Gostava de, na minha área e com objectivos de carácter social, poder contribuir para a construção de equipamentos sustentáveis que dotassem a Fundação de maior autonomia. É um projecto embrionário e ousado que carece de análise e estudo profundos, a ver vamos. Proponho também oferecer uma bolsa de estudo para Medicina a um estudante de Querença, já para o próximo ano lectivo, com regulamento a elaborar, impondo especialização nas áreas da saúde pública ou medicina geral e obrigatoriedade de exercício da profissão no concelho de Loulé ou em Querença, na Fundação, caso aqui se venha a implementar alguma unidade de saúde. O que representa para si participar na vida da Fundação? A possibilidade de poder contribuir com algo de útil para a terra e gentes a que me sinto ligado por sólidas raízes. Quais os principais desafios que se poderão colocar na prossecução desses objectivos? Essencialmente de sustentabilidade económica.

Acta da FMVG que delibera a integração de José Maria Guerreiro no Conselho de Administração da Fundação

Na sua perspectiva, de que forma uma aldeia do interior como Querença poderá fortalecer o seu papel como pólo cultural? Mobilizando e motivando pessoas com aptidões, na linha programática actual e, eventualmente, criando outros pólos com forte interesse local. Quanto ao pólo cultural, principal razão de ser da Fundação, tem que se polarizar no regional. O abandono do interior face à concentração no litoral é um problema sério e transversal ao país.

De que modo pode a FMVG combater essa realidade? Não pode combater. Poderá atenuar muito levemente se conseguir criar projectos locais que fixem pessoas em Querença. De qualquer forma, considero-me defensor da descentralização e da criação de estruturas intermédias com sustentabilidade económica que conduzam a um movimento centrípeto das populações, do litoral para o interior, enfim, um mundo a fomentar e a construir.

SOBRE JOSÉ MARIA GUERREIRO Médico especialista em radiologia, quando ainda não existiam exames TAC ou de Ressonância Magnética, nasceu no lugar da Amendoeira, Querença, onde cresceu e foi à escola até aos 10 anos. Tem o período da meninice como o mais feliz da sua vida, ao qual atribui a construção do seu arquétipo normativo cultural. Corporizou a ligação à terra e às suas gentes. Terra, água, trabalho humano e animal enquadravam naquele tempo o garante do sustento. A exaltação de valores como trabalho, ética e honra era transmitida entre os afectos que recebeu do avô e do pai. Evoca sempre a mãe, mulher simples, humilde e trabalhadora com quem nunca cortará o “cordão umbilical virtual”. Mais a avó Anica, que versejava entre os sermões do Sr. Padre. Cedo alcançou a fase política radical do materialismo-dialético e da militância associativa. Descobriu o cineclubismo, a Filosofia e a História, o Portugal do século XIX, o liberalismo, os vencidos da vida e o republicanismo. Ao longo dos anos académicos de Medicina estudava os dramas da Guerra Civil de Espanha e da II Guerra Mundial. No final do curso, preso pela PIDE, herdou traumas de difícil catarse. Conta que durante a tortura do sono, revia a autocrítica do Francisco Martins Rodrigues, o heroísmo do João Pulido Valente e de muitos outros, bem como a tragédia de Jean Moulin. Numa vida que nunca mais foi a mesma, termina a licenciatura em Medicina ao lado de Rosa, companheira para uma vida inteira. No pós-25 de Abril, integrou algumas estruturas directivas na área da saúde e participou em curtas actividades políticas. Hoje, sem militância política directa, José Maria Guerreiro assume uma corrente humanista tendo a liberdade como valor absoluto.

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REPORTAGEM

ESL

A LIBERDADE DE SER "A informação é o princípio do fim da ignorância. A reflexão, o princípio da cidadania".

Foi o que Isabel Freire, socióloga e educadora para a igualdade, diversidade sexual e de género promoveu junto de 300 alunos e professores em Loulé e Quarteira.

Daniel ainda se chama Nádia, mas garante a correcção para breve. Soube aos 4 anos que estava no corpo errado e mais tarde, com o apoio incondicional dos pais e o acompanhamento no Centro de Saúde, começou a tomar hormonas. Hoje, com 18 anos, já tem o processo de intervenção cirúrgica em curso, a fim de alterar a sua genitália. Está disponível – frisa - para dizer em voz alta que é possível lutar pela identidade, sexual e de género. O testemunho chegou ao final da tarde do passado dia 9 de Janeiro, após "Uma Pequena História do Sexo" ter sido contada nas escolas secundárias Dra. Laura Ayres e de Loulé. Trata-se de um seminário pensado para alunos do 10.º ao 12.º anos que está na estrada desde 2015 e chegou ao concelho no início deste ano, pela mão pela socióloga Isabel Freire. A palestra propõe uma viagem pelo discurso político, jurídico, social e cultural do Estado Novo ao pós-25 de Abril, com apeadeiros vários: o namoro e a conduta expectável para os géneros masculino e feminino; o silêncio, o racismo e a violência no casal; a igualdade e a diversidade sexual e de

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Isabel Freire durante a conferência em Loulé

género; o assexual, o intersexual e o queer. Os conceitos vão surgindo, naturalmente, no itinerário proposto pela socióloga que percorre aquilo a que chama a “cidadania da intimidade”: “A igualdade (e diversidade) de género é fundamental nas escolas. Esta igualdade – consagrada na Constituição Portuguesa e em muitos outros documentos legais – ainda não saiu do papel para as mentalidades e quotidianos de muitas instituições, empresas, famílias, relações afectivas e sexuais. É essencial abordá-la nos programas de educação sexual nas escolas - essa matéria que sendo obrigatória, é muitas vezes descurada, adiada, e nalguns casos simplesmente apagada das aprendizagens. Este é um terreno da identidade, da cidadania, da democracia.” – concretiza. Ao longo de duas horas, esse caminho é feito pelo esclarecimento, pelo questionamento e pela reflexão. Da troca de ideias entre conferencista e plateia desvenda-se a distância cultural a que se encontram os jovens do séc. XXI da realidade portuguesa de há 40, 50, 60 anos e qual o espaço que estes reservam – de forma consciente ou não - à herança educacional das gerações que os precedem. Isabel Freire, que tem investigado o tema da igualdade de género nos últimos 12 anos, salienta que o assunto é já central para as Nações Unidas, com recomendações para todos os países do mundo em matéria de igualdade de género: “Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO, lembra que apesar de muitos avanços, demasiados jovens no mundo - e eu diria que em Portugal também - ainda fazem hoje a sua transição da infância para a idade adulta recebendo informação sexual imprecisa, inadequada e carregada de julgamentos, afectando o seu desenvolvimento físico, social e emocional. Segundo a ONU, a

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igualdade de género é um dos 17 objetivos fundamentais para o desenvolvimento sustentável, definidos para 2030. Em Portugal, a Comissão para a Igualdade de Género publicou recentemente um importante Guia de Educação. Intitula-se

Conhecimento, Género e Cidadania no Ensino Secundário e foi elaborado por vários especialistas. Julgo que pode ajudar professores/as e alunos/as a pensar a igualdade e a diversidade sexual e de género que temos e ambicionamos.” No concelho de Loulé, a receptividade ao tema e ao formato da apresentação agradou a alunos e professores. “Não estava nada à espera. Gosto de debates. Não gosto quando passamos o tempo todo a olhar para o quadro ou para um power point. Aprende-se mais aqui do que numa aula normal” – sumariza João Gonçalves, um dos cerca de 80 alunos que assistiu à palestra na Escola Secundária Dra. Laura Ayres, Quarteira. Na Secundária de Loulé o auditório ficou completo. Perto de 200 alunos ouviram, debateram e estiveram atentos. Uma aluna questionou: “Quando não existem casas de banho separadas para as crianças nos centros comerciais, porque é que o local para mudar fraldas aos bebés está sempre localizado na casa de banho das mulheres?”. Os professores também tinham ideias para lançar: “Quantas de vós falam sobre política ou discutem o que vos parece errado? Se acham que há poucas mulheres em lugares de decisão comecem já, aqui na escola, a exercer o vosso direito de falar e de fazer a mudança”, instiga Fernanda Martins, professora de Geografia há 37 anos e que nos últimos três integra um grupo de professoras que orienta o projecto Parlamento dos Jovens. Este ano repete a experiência com 10 estudantes do 11.º e 12.º anos que levam medidas e argumentos


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“ Aprende-se mais

aqui do que numa aula normal ”

ao concurso inter-escolas, à luz do tema proposto a nível nacional: “Igualdade de Género - Um Debate para Tod@s”. Maria Anselmo, do órgão de gestão, orgulha-se da sessão que entretanto termina e comenta: “As próprias funcionárias dirigem-se a mim e questionam como devem proceder, porque há um casal de alunas que se beija em público e não sabem o que fazer” – conta descontraída - “Dizem que só o fazem para provocar!” Preocupações, dúvidas, confissões ou sugestões e relatos foram escritos pelos alunos em pequenos papéis anónimos e entregues a Isabel Freire. Estão disponíveis para leitura no blogue de Uma Pequena História do Sexo. A palestra chegou a Loulé a convite do Município em parceria com as escolas, sob a égide da plataforma “Loulé Cidade Educadora”, que a FMVG também integra. A rede nacional (Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras) inclui mais de 60 cidades portuguesas e faz parte da Associação Internacional criada na década de 90 para construir uma sociedade mais tolerante, participativa e inclusiva, baseada na promoção da Educação no seu mais amplo sentido. Inclui países como o Brasil, Espanha, Argentina e Cabo Verde. Luísa Martins, coordenadora da plataforma louletana, fez saber que será constituída a Carta Municipal para a Igualdade de Género e contra a Violência Doméstica e de Géneros: “Estes Planos Nacionais têm que ser aplicados a nível municipal e parecendo que não, a vinda da Doutora Isabel Freire a Loulé foi como que uma pedrada no charco para avançarmos para a Carta Municipal para a Igualdade de Género”, concluiu.

ISABEL FREIRE é doutorada em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais com a tese A Intimidade

FOTOS: JG

Materiais apresentados na palestra. Da esq. para a dir.: Revista Menina e Moça, 1952, n.º 60; anúncio EUA, anos 50; anúncio a livro, EUA, anos 50.

afetiva e sexual na imprensa em Portugal (1968-1978) e licenciada em Filosofia pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Jornalista de profissão, escreve desde 1999 para a imprensa, investigando preferencialmente a sexualidade e o género (Expresso, Público,, Diário de Notícias, Grande Reportagem e Visão). Actualmente é editora de conteúdos da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica. Publicou o ensaio Amor e Sexo no Tempo de Salazar , 2010 e a colectânea de biografias femininas Fantasias Eróticas – Segredos das Mulheres Portuguesas, 2007. É autora do texto dramático Damas d’Ama (2003), que aborda o fenómeno da gravidez precoce no contexto social de jovens afrodescendentes. O texto foi encenado pela Companhia Focus, exibido no Teatro Viriato (Viseu), Teatro Taborda (Lisboa), RTP África e RTP Internacional (2003).

UMA PEQUENA HISTÓRIA DO SEXO inscreve-se no direito à educação sexual, previsto na Lei n.º 60/2009, Portaria n.º 196-A/2010 e tem feito o seu caminho pelas escolas do país desde 2015. A Direcção-Geral da Educação faz a divulgação do projecto junto dos coordenadores PES dos agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas que, em conjunto com as respectivas direcções de escola, determinam a sua pertinência no cumprimento dos objectivos dos Projectos de Educação Sexual de Turma e do próprio projecto educativo.

MORADAS ÚTEIS: N.R.: ENTRE A DATA DA PALESTRA E A PUBLICAÇÃO DO N.º 10 DA NEWSLETTER DA FMVG O DANIEL FOI OPERADO https://umapequenahistoriadosexo.wordpress.com umpequenahistoriadosexo@sapo.com COM SUCESSO. SABE-SE QUE ESTÁ A RECUPERAR BEM. www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607

Palestras na Escola Secundária de Loulé (em cima) e Dra. Laura Ayres, Quarteira (em baixo)


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FORMAÇÃO

Pintura a aguarela realizada em três sessões de participação contínua ou independente. Formadora: Maria Viegas Fotografia: Dulce Margarido Querença, 15, 27 e 29 de Janeiro de 2018✓

A formação em desenho e serigrafia resultou de uma parceria entre a Fundação Manuel Viegas Guerreiro e a Associação Cívica Tomás Cabreira, Faro. Formadores: Catarina Castel-Branco e Jorge Carvalho Fotografia: Dulce Margarido Querença, 20 de Janeiro de 2018✓

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NOTÍCIAS

FESTA EM HONRA DE SÃO LUÍS CANDIDATA A PCI

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DO ALTO COMISSARIADO PARA AS MIGRAÇÕES Alunos da Escola Secundária Pinheiro e Rosa, Faro, receberam o 1.º Prémio Comunicação ACM na categoria Jovem, entregue em Lisboa. No passado dia 30 de Janeiro, apresentaram-no aos restantes colegas numa sessão onde foi lida uma mensagem do secretário de Estado da Cultura. Miguel Honrado destacou a empatia dos jovens e a sua capacidade de transformar uma dura realidade em arte. A sessão reuniu técnicas do Alto Comissariado para as Migrações que sensibilizaram para a migração forçada. Os vencedores do prémio também deram o seu testemunho: “São pessoas como nós, só que passaram por experiências mais difíceis.” Rafael Pina ilustrou o livro Rostos de Guerra e traduz assim a experiência que viveu com os colegas em Abril de 2017, aquando da visita a um campo de refugiados na Grécia. A iniciativa, concretizada ao abrigo do projeto Erasmus+ In a far away land: Refugee children, levou à edição do livro, cuja primeira versão foi apresentada no 2.º FLIQ, em Querença e posteriormente, a edição final, em Faro.

Rafael Pina e Cátia Orvalho seguram o 1º Prémio Comunicação ACM

AUDITÓRIO DA FMVG ENCHE PARA OUVIR GUITARRA PORTUGUESA A noite de 13 de Janeiro foi de música portuguesa e sotaque espanhol em Querença. O auditório da Fundação MVG esgotou para ver e ouvir Ricardo J. Martins e seus convidados.

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A tipicidade da aldeia e a temperatura amena ajudaram à festa. Festa com saldo positivo O Mercadinho esgotou o stock de bolos caseiros, mel, compotas, artesanato e licores. Os restaurantes e bancas superaram as vendas da edição transacta. O dia foi atarefado para a Dona Rosa que às 14h00 já não tinha caldo verde na panela de 20 litros que ferveu pela manhã. Confeccionou mais 15 litros e ao final da tarde já tinha vendido para lá de 300 sopas. Cerca de 500 pães serviram de entalado a 200 quilos de chouriças. No conjunto, foram consumidos na Festa de Querença, entre 1.500 e 2.000 mil quilos da tão afamada chouriça. “O tempo ajudou e a Festa deste ano foi muito boa, mas há dois anos também veio muita gente!”, compara D. Rosa. A Paróquia da Nossa Senhora da Assunção também faz um saldo positivo da afluência. Todos compareceram ao leilão que, pela arte do Sr. Sérgio, registou intenso regateio para levar a melhor chouriça, acompanhada por vezes de vinho da Tôr. A banca também esgotou, a bem da Paróquia que aqui recolhe fundos para a sua obra, liderada pelo Padre Carlos Matos. Gabriel Guerreiro Gonçalves, presidente da FMVG, provou as chouriças e as azeitonas: “É importante reforçar a tradição e os saberes ancestrais ligados ao património e a Festa em Honra de S. Luís, a que o povo chama “Festa das Chouriças”, é disso um bom exemplo. Por outro lado, o reconhecimento da manifestação como PCI poderá trazer uma certificação à chouriça de Querença, protegendo e salvaguardando práticas e rituais que estão em risco de se perder, muito por força do despovoamento. É por isso urgente registar a sua originalidade e o seu valor identitário num inventário nacional.” O evento decorreu com a animação da palhaça Pirulita, os cantares de Janeiras e baile na CasaMM do Povo, já o Sol se tinha rendido à festança.

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As famosas chouriças de Querença e a festa religiosa que as envolve estão mais perto de se tornar Património Cultural Imaterial, à semelhança de outros marcos culturais portugueses como os chocalhos alentejanos, os caretos de Podence (Trás-os-Montes) e mais recentemente, os bonecos de Estremoz. A proposta inicial da Festa em Honra de S. Luís, submetida em 2015 junto da Direcção-Geral do Património Cultural, está este ano a ser alvo de revisão e pesquisa complementar junto de fontes arquivísticas e bibliográficas. Numa segunda fase, será realizado o trabalho de recolha de práticas e rituais junto de quem faz a festa e é guardador desse Saber. O registo em Inventário Nacional contribuirá para a salvaguarda das práticas rurais e religiosas de Querença que invocam a Natureza e S. Luís, protector dos animais. A Directora Regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, tem acompanhado com interesse o processo de salvaguarda deste património: “O pão, a chouriça e o vinho são elementos principais nestas festividades cíclicas que se pretendem salvaguardar como memórias vivas do Algarve interior e imaterial. O processo de inventariação e registo da festividade que está em curso pelos agentes da comunidade local é fundamental na preservação e salvaguarda de memórias, mas também na demonstração de vitalidade da aldeia.” - adianta. Alexandra Gonçalves esteve entre os milhares de pessoas que se mobilizaram para visitar Querença no passado dia 21, em mais uma edição da emblemática Festa das Chouriças em Honra de S. Luís. Desta vez, a aldeia recebeu mais de duas mil pessoas, entre comunidade local e visitantes de vários pontos da região. Entre eles, muitos turistas que, integrados em passeios ou de férias no barrocal, aproveitam para experienciar as tradições, a gastronomia e o convívio com as gentes locais.

ROSTOS DE GUERRA ARRECADA PRÉMIO

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Festa em Honra de S. Luís retoma candidatura a PCI. Proposta está nas mãos da FMVG, União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim e Paróquia de Querença.

EXPOSIÇÃO SOBRE TERESA RITA LOPES

TRL: Uma Paisagem de Mim pode ser observada na Biblioteca da FMVG até 30 de Março. Visitável de 2.ª F. a 6.ª F., entre as 9h30 e as 17h00. Entrada livre.


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FICHA TÉCNICA Edição: Textos e Paginação: Marinela Malveiro Fotografia: Cedência de Escola Secundária de Loulé e José Maria Guerreiro, FMVG, Jorge Gomes | CML, Mário Lino, Marinela Malveiro, Dulce Margarido e Kátia Vila | Photos 4 Life Secretariado: Fátima Marques Impressão: Gráfica Comercial - Arnaldo Matos Pereira, Lda. | Zona Industrial de Loulé Lt. 18, Loulé, Faro | T. 289 420 200

Festa em Honra de S. Luís, Querença, 2018

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