newsletter n.º 11, Mar./2018
ECO
FOTO: Marinela Malveiro
BOTÂNICO
GUARDIÃO DE SABERES
Qualifica: 2 Centro Aprender a Valorizar
Eco-Botânico: 3 Percurso Balanço
Plásticas junta 4 Artes gerações em Querença
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PARCERIAS
APRENDER (PAR)A VALORIZAR Aos 16 anos deixou a escola para começar a trabalhar. Hoje com 35 anos, a viver na Amendoeira, Querença, Leocádia Quaresma já não imagina deixar as formações.
Q
uando em 2016 lançou o livro de poesia Sou Eu, sentiu que esse “eu” estava incompleto. Em Agosto de 2017 inscreveu-se no RVCC Escolar Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências para obter o 12.º ano. “Eu tinha o 10.º ano incompleto, portanto, tinha na realidade o 9.º ano e pareceu-me que tinha que concluir a formação escolar. Pertenço ao grupo de cerca de 20 pessoas que estreou o Centro Qualifica de Loulé.” - revela orgulhosa. O Centro Qualifica da Escola Secundária de Loulé (ESL) está vocacionado para trabalhar com adultos que não concluíram o ensino secundário e que pretendam melhorar as suas qualificações escolares e/ou profissionais, por iniciativa própria, ou por solicitação de empresas. Disponibiliza - de forma gratuita - informação, aconselhamento e formação qualificada para maiores de 18 anos e pessoas portadoras de deficiência ou incapacidade. Doze formadores e duas técnicas garantem a oferta de RVCC (níveis básico e secundário, escolar e profissional) na ESL. Procedem também à orientação e encaminhamento para outras formações na própria escola ou fora dela, como cursos EFA, Português para Estrangeiros, Competências Básicas e Formações Modulares. “Por acaso ouvi falar do Qualifica na escola do meu filho, a EB 2,3 Padre João Coelho Cabanita e fui logo lá, à Escola Secundária para me informar. Foram todos muito simpáticos, acessíveis e têm sido sempre muito disponíveis, o que é bom porque às vezes não temos muito tempo.” - recorda. Leocádia é natural de Évora, mas veio para o Algarve com 5 meses. Sempre viveu em S. Brás
os bancos da escola. Sente-se motivada para continuar a aprender e para melhorar as suas competências. “Inscrevi-me agora no Curso de Inglês - Iniciação e acho importante. É mais um diploma que terei em Maio, um complemento e posso inscrever-me a seguir no Inglês - Continuação.” - planeia. E recomenda: “Nunca é tarde e merecemos aprender mais. Nem todos têm oportunidade de estudar enquanto jovens e esta é uma oportunidade que devemos agarrar. Estou muito orgulhosa de mim, não tenho problemas em dizê-lo.”
Leocádia Quaresma no lançamento do seu livro na FMVG
de Alportel até que, aos 20 anos, passou a residir em Loulé. Quinze anos depois está a terminar a última etapa deste regresso ao secundário. Já concluiu o período de aulas de Reconhecimento e Formação Complementar, de Outubro a Janeiro, com duas aulas por semana entre as 19h e as 22h. Recebeu formação em CLC - Cultura, Língua e Comunicação, CP - Cidadania e Profissionalismo e STC – Sociedade, Tecnologia e Ciência. Além do Reconhecimento, 50 horas de formação conferem-lhe agora mais auto-confiança: “Dá muito trabalho mas aprende-se muito. Ontem deitei-me às 2h da manhã e hoje levantei-me às 6h mas a sensação é muito boa. Nesta formação aprendi tanto sobre o 25 de Abril e depois é giro porque posso falar sobre isso com o meu filho Gabriel de 11 anos. Posso apoiar os meus filhos na escola, o que é muito gratificante.” Após o recomeço, Leocádia já não imagina deixar www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607
Os Centros Qualifica O Centro Qualifica da são continuadores ESL é um dos parcei- dos Centros Novas Oportunidades e ros de Loulé Cidade CQEPs, tutelados Educadora, rede de que também faz parte pela ANQEP – Agência a FMVG. Luís Palma, Nacional para a Qualiprofessor e coordena- ficação e Ensino Prodor do Centro Qualifi- fissional, IP. Dependem dos Minisca, participa regularmente nos encontros térios da Educação e mensais que reúnem do Trabalho, Solidariecerca de 20 entidades dade e Segurança Social. louletanas.
CENTRO QUALIFICA
CONTACTOS: Av. Laginha Serafim 8100-740 Loulé esloule@centroqualifica.gov.pt 289 412 735
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DESTAQUE
NOVO JARDIM DE QUERENÇA EM MARCHA
ter de aguardar novas linhas de orientação. Por outro lado, durante o mês de Janeiro, a Câmara encontrava-se num processo de reorganização interna, devido ao período pós-eleitoral. Foi por isso necessário fazer um compasso de espera mas, mesmo assim, temos estado a adequar os novos procedimentos administrativos e a articular entidades, construtores, fornecedores, enfim, todas as partes envolvidas na operação. Já estamos inscritos na Imprensa Nacional – Casa da Moeda e já terminámos a contratação de uma plataforma para publicitação de actos públicos. Apesar dos condicionalismos, que medidas já foram forrmalizadas na possecução da obra? Está em fase final de aprovação o Projecto de Arquitectura, projecto que foi objecto de ajuste directo com a empresa Culturgaia. Para a construção do percurso e de software informático, dados os montantes previstos para a sua execução, terá que ser seguido o procedimento da consulta prévia a um mínimo de três empresas. De qualquer forma, apesar das alterações da Lei da Contratação Pública introduzidas no início deste ano, como já referi, temos vindo a ultrapassar os constrangimentos que se nos deparam com o apoio da CML e já estamos a preparar os procedimentos para o lançamento do concurso do Percurso Eco-Botânico. Quando é que a obra será visível no terreno? Concluído que esteja o ajuste directo, por vontade da Fundação, será efectuada a abertura do procedimento para a empreitada, ou seja, a obra do Percurso Eco-Botânico MGG. Que outros passos serão dados nesta fase? Do lado tecnológico e da inovação, deverá ser iniciado o procedimento para a aquisição da aplicação para dispositivos móveis a desenvolver por www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607
Gabriel Guerreiro Gonçalves, presidente da FMVG
uma equipa especializada neste campo. É possível estabelecer uma data de inauguração do Percurso Eco-Botânico MGG? Não depende só da Fundação. Só a obra representa um peso orçamental de cerca de 50 por cento deste projecto. Serão alguns meses ainda.
Sobre o projecto assinado pelos arquitectos paisagistas Fernando Santos Pessoa e João Marum poderá (re)ler aqui a reportagem publicada no jornal diário Público no dia 31 de Dezembro de 2017 e que registou até agora 794 partilhas. MM
Quais os principais passos da operação até ao momento? A candidatura do Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro (MGG), em Janeiro de 2017 ao CRESC ALGARVE 2020, representou um passo importante para a Fundação, no sentido em que este é um projecto que valoriza os recursos naturais e a biodiversidade desta região do barrocal. Por outro lado, vai permitir estudar as espécies autóctones, sensibilizando para a questão ambiental e do património natural e cultural. Por isso, para nós, a aprovação da candidatura foi muito significativa, apesar de ter sofrido um corte em termos do que estava previsto no orçamento global inicial, superior a 300 mil euros. O processo de análise e aprovação foi lento e só em Agosto do ano passado recebemos a decisão final de aprovação de financiamento do projecto, pela Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve. O termo de aceitação viria a ser assinado pela FMVG e pela Câmara Municipal de Loulé (CML) só em Outubro, porque foi necessário apresentar outros documentos à candidatura. O valor do investimento fixou-se assim em cerca de 206 mil euros… Sim, 206 480 mil euros elegíveis, montante que é subsidiado a 70 por cento através do FEDER. Que outras fontes de financiamento estão previstas? Além do CRESC ALGARVE 2020 e dada a parceria com a CML, somos também por ela comparticipados. Aprovada a candidatura, ainda que condicionada, o que se passou entre o final de 2017 e o início de 2018? Em Dezembro de 2017 tomámos consciência de que o projecto era abrangido pelo CCP - Código dos Contratos Públicos e que a lei que o regula iria sofrer uma actualização, o que nos obrigou a
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O Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro dá os primeiros passos no mapa burocrático de execução. Oferta cultural alternativa do barrocal será lugar de interpretação, estudo e investigação. O presidente da FMVG faz aqui o balanço da obra.
Fernando Pessoa, arquitecto paisagista e Ricardo Lopes, fotógrafo do Público
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FORMAÇÃO
LINGUAGEM ARTÍSTICA EM QUERENÇA
A Fundação Manuel Viegas Guerreiro tem vindo a desenvolver, desde o início do ano de 2018, três ateliers em artes plásticas por mês, em parceria com a formadora Maria Viegas. O das segundas-feiras já tem um grupo fiel de Querença constituído por Céu, Doris, Isaura, Lúcia, Odília e Gonçalo. Juntou-se recentemente, vinda de Paderne, a Maria. O mais recente desafio colocado às formandas foi o de trazer para a aula fotografias do álbum de família e trabalhar a sua reprodução através das formas e do desenho de observação/desenho científico, no estilo Pop Art. Aos sábados, o desafio é juntar três gerações nas Oficinas dos Sentidos: uma criança, o pai ou mãe e um avô ou avó, mas o(a)s tio(a)s também são bem-vindo(a)s. Desse encontro inter-geracional nasce a comunicação através do desenho e da pintura. A aproximação aos outros e à Natureza, não esquecer que estamos em Querença, faz-se através da observação, do traço, da cor, da criação e da vivência colectiva, em suma, através da linguagem artística. Em Março, a formação veste-se com o tema “A Primavera”, nos dias 12 e 26, entre as 14h30 e as 17h00 e no dia 24, sábado, entre as 10h30 e as 13h00. As sessões, com inscrições abertas, são independentes e o material necessário à produção do desenho e posterior pintura é gratuitamente facultado. As formações de segundafeira têm um custo de €10. As da Oficina dos Sentidos, €15 por sessão para o adulto. Criança e avô(ó) ou tio(a) têm participação gratuita. Se efectuar a marcação de dois sábados (um por mês) as duas sessões custam apenas €20. O pagamento inicial será no entanto de €30 (€10 jóia), para garantir a boa execução da actividade,
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Céu, Doris, Isaura, Lúcia, Odília e Gonçalo fazem o núcleo duro dos ateliers de artes plásticas que decorrem em Querença. Junta-se agora Maria. Aos sábados, o desafio vai para encontros inter-geracionais.
Trabalho desenvolvido por Isaura
sendo os €10 devidamente restituídos na segunda sessão. Não deixe de experimentar. Poderá seguir estas acções em facebook.com/ManuelViegasGuerreiro ou através de correio electrónico. Se pretender receber informação sobre estes ateliers ou sobre a actividade da FMVG envie-nos o seu email para fundacao.mvg@gmail.com. www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607
Mais informações através do contacto: T. 962 910 811
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“ Somos tudo
e não somos ninguém”
SOBRE MARIA DULCE VIEGAS MARGARIDO Maria Viegas - a artista - ou Dulce Margarido - a professora - são uma só pessoa: “ninguém”, como a própria identifica. “Somos tudo e não somos ninguém”, enuncia. Nasceu a 25 de Abril de 1960 na freguesia de Lavradio, Barreiro, no apogeu da CUF-Companhia União Fabril , onde o seu pai Diogo Margarido amante da ciência e da tecnologia - trabalhou. Irrequieta, desassossegada, sempre insatisfeita, escolheu o traço para melhor comunicar, porque a palavra parecia não acompanhar o pensamento. Na infância mantinha as bonecas fechadas no armário enquanto abria a porta do laboratório de fotografia do pai e as páginas de revistas de fotografia. Escola Primária do Palácio Nacional de Queluz, Liceu Nacional de Queluz, Escola de Artes Decorativas António Arroio, Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Sociedade Nacional de Belas Artes, Universidade do Minho e Escola Superior de Educação de Portalegre carimbaram um percurso escolar tão nómada como a sua vida. Maria Viegas já viveu no Barreiro, no Entroncamento, em Queluz, Massamá, Leça da Palmeira, Costa da Caparica, Portimão, Loulé e Castelo de Vide, este em permanente retorno. O Alentejo ensinou-lhe o conceito de união, de proximidade e de família alargada, no qual todos se ajudam: pais, avós, primos, tios e vizinhos. Assim como um lema de vida, herança da avó paterna Maria Francisca Nunes: “O Saber não ocupa lugar”. Actualmente lecciona Artes Visuais na EB 2,3 Padre João Coelho Cabanita, Loulé e encontra-se a “desenhar” a Tese de Mestrado MICAT -
Dulce Margarido, a formadora em Querença
Master Internacional de Criatividade Aplicada Total, da Universidade de Santiago de Compostela. É licenciada em Artes Visuais pela Escola Superior de Educação, Portalegre. Deu aulas em Castelo de Vide, Santo António das Areias, Lagos, Alvor, Portimão (Escola Prof. José Buisel e ISMAT- Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes). Integrou ao longo de três anos
www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607
a Direcção Regional de Educação do Algarve como coordenadora do PREAA – Plano Regional de Educação Ambiental pela Arte. Faz parte da Direcção Regional da Associação de Apoio à Família e dos Amigos do Museu de Portimão. Formadora do Centro de Formação de Professores desde 1998 (CFPPM– Portimão e CFPLSLoulé), tem dinamizado desde então formações sempre com uma visão holística e integradora dos saberes, através da Educação pela Arte, com todas as ferramentas tecnólogicas disponíveis. “Aprender pela Arte” é a designação que adoptou desde então para abordar questões diversas como a educação ambiental, a educação patrimonial, a educação para a cidadania, para os Direitos Humanos, para a promoção da leitura, entre outras. Maria Viegas é membro do Instituto Português de Fotografia e da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica, tendo feito parte da direcção da APAF aos 20 anos de idade. É presidente de Câmara Lúcida, membro da Associação Cultural Souarte, da Associação Cívica Tomaz Cabreira e co-fundadora da Associação Cultural UM(U)S, Portimão. No seu caminho pela arte tem dinamizado formações, tertúlias e lançamento de livros na Casa Manuel Teixeira Gomes, Portimão. Colaborou desde a 1.ª edição na Mostra Cultural “Março Jovem”, em Portimão. Em Maio de 2017 participou no 2.º FLIQ - Festival Literário Internacional de Querença, a convite da Fundação Manuel Viegas Guerreiro. Dois meses depois regressou para orientar um conjunto de ateliers de Pintura a Aguarela, iniciativa que foi retomada em 2018, com novos contornos e novos desafios.
ÚLTIMA CHAMADA
FICHA TÉCNICA Edição: Textos e Paginação: Marinela Malveiro Fotografia: Cedências de Teresa Rita Lopes, Leocádia Quaresma e Dulce Margarido, Marinela Malveiro e Dulce Margarido Secretariado: Fátima Marques Impressão: Gráfica Comercial - Arnaldo Matos Pereira, Lda. | Zona Industrial de Loulé Lt. 18, Loulé, Faro T. 289 420 200
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