NEWSLETTER FMVG N.º 7 NOVEMBRO 2017 | CULTURA ALGARVE

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Versão do desenho original de Alfredo Conceição

newsletter n.º 7, Nov./2017

Querença ganha Jardim Botânico Manuel Gomes Guerreiro 4

João Guerreiro, antigo reitor da UAlg fala sobre o pai, o homem da Ecologia

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Exposição Casimiro de Brito regressa a Querença

MVG tem nova 9 Fundação administração


Espólio MGG

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DESTAQUE

JARDIM ECO-BOTÂNICO MGG EM QUERENÇA “Ao delimitá-los [jardins] e preservá-los está-se a contribuir para que neles o Homem aprenda a conhecer, a respeitar e a amar a Natureza. Só assim poderá sobreviver.” Manuel Gomes Guerreiro, in O Homem na Perspectiva Ecológica Visitar um jardim botânico com recurso à realidade aumentada não faria porventura parte do imaginário de Manuel Gomes Guerreiro, filho de Querença e um dos mais proeminentes nomes das Ciências da Terra do país mas, em breve será realidade. O projecto que a Fundação MVG e a Câmara Municipal de Loulé estão a desenvolver configura uma singela homenagem ao investigador e professor universitário, incansável defensor da natureza mediterrânica e da introdução da ecologia na forma de encarar a floresta, a mesma que continua na ordem do dia. O Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro (MGG), da autoria dos arquitectos paisagistas Fernando Pessoa e João Marum representará o primeiro jardim botânico in situ no Algarve, um mosaico da flora mediterrânica do barrocal algarvio, com as árvores, os arbustos, as plantas, as ervas aromáticas e medicinais que a caracterizam. Algumas, raras e protegidas. A Thymus lotocephalus G. López/R. Morales, tomilho cabeçudo, faz parte da lista de arbustos a plantar por ser considerada uma espécie vulnerável. Reconhecendo que a “musealização” do património natural da sub-região algarvia do barrocal é da maior imporThymus lotocephalus

tância em termos florísticos pelas suas formações mediterrânicas, os responsáveis pelo projecto de construção do jardim sublinham que este não se limitará a apresentar colecções de plantas ou a ser um depositário de partes de plantas que podem ser reproduzidas, tal como um banco de sementes e de germoplasma. Poderá albergar herbários que possibilitem de forma permanente a análise de elementos de carácter sazonal, como a floração e a frutificação. O plano de plantação, que será acompanhado pelo botânico José Rosa Pinto uma referência no estudo da flora do Algarve – contempla numa primeira fase 65 espécies de arbustos, 28 de plantas indígenas e outras tradicionais, escolhidas por serem típicas do barrocal mas não só. O tradicional sobreiro (Quercus suber L.), uma entre as oito espécies de árvores seleccionadas, tem vindo a desaparecer nas últimas décadas pela desertificação, desordenamento florestal e seca prolongada, bem como devido a pragas de insectos e fungos. Também em situação vulnerável, a Stipa tenacissima L. e a Teucrium haenseleris Bois, nas herbáceas, serão agentes de sensibilização do público para a importância da sua preservação, bem como de outras espécies autóctones, contribuindo para a manutenção da diversidade botânica da região.

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SOBRE MANUEL GOMES GUERREIRO Filho de Querença, cursou o liceu em Faro e ingressou mais tarde o Instituto de Agronomia onde se licenciou e doutorou em Engenharia Florestal. Primeiro reitor da Universidade do Algarve, foi investigador, professor universitário, notável figura da ecologia nacional que marcou o panorama intelectual português. Publicou cerca de 150 obras de investigação científica, proferiu inúmeras conferências e colaborou em encontros científicos, especialmente no domínio do ensino, em Portugal, Moçambique, Angola e Espanha. Em África, presidiu ao Instituto de Investigação Científica de Moçambique (1963), e assumiu o cargo de vice-reitor da Universidade de Luanda (1974). Integrou comissões técnicas à Europa e a Cabo Verde e destacados grupos de trabalho como a Comissão Nacional de Conservação do Solo. Em 1974 fez parte da comissão instaladora da Universidade de Évora e dois anos depois seria convidado para secretário de Estado do Ambiente no 1.º Governo Constitucional, presidido por Mário Soares. Foi responsável pelo Departamento de Ciências do Ambiente da Universidade Nova de Lisboa em 1978 e presidiu a comissão instaladora da Universidade do Algarve. Participou na criação da Universidade Internacional. Nas lides políticas foi ainda Mandatário para o Algarve na reeleição de Ramalho Eanes para a Presidência da República (1980). Morreu em 2000 com 81 anos. Uma semana antes havia participado na Presidência Aberta de Jorge Sampaio dedicada à floresta, onde mais uma vez apontou para os problemas que a floresta enfrentava na altura, contra os quais sempre se insurgiu, apresentando estratégias, linhas de orientação e soluções.


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Fernando Pessoa visualiza a obra: “Será uma rede de veredas pedonais de descoberta da Natureza, abertas entre a vegetação e por forma a facilitar o caminhar sem grandes subidas e descidas. Uma série de lacetes percorre todo o espaço do percurso, sendo ligados por alguns degraus em pedra da região e rampas para os deficientes motores.” Aliando a valorização do património ambiental ao desenvolvimento científico e educacional, a FMVG conta com a parceria da Univer-

Mauro Figueiredo, professor na UAlg explica como património e tecnologia se podem articular: “Ao usar a realidade aumentada o visitante vai obtendo informação complementar à disponível no local no seu dispositivo móvel, seja Android ou iOS da Apple. Informação sobre as diversas plantas e suas aplicações medicinais, gastronómicas ou outras que se julguem relevantes, enriquecendo fortemente a sua experiência de visita. Serão usadas metodologias de gamificação para que a experiência do visitante seja apresentada ao estilo de um jogo e seja mais desafiante.” MGG, eco e tecnologia O uso da tecnologia será complementar ao conhecimento e ao ensino, numa actualização do que sugeria Manuel Gomes Guerreiro, Stipa tenacissima L. no acto da sua Jubilação na Universidade do sidade do Algarve (UAlg), que irá adaptar Algarve em 1989: “Entendamos que para uma comunidade de seres humanos, de uma app à visita e exploração do território, por forma a potenciar a experiência de inter- pouco lhe servirá tecnologias avançadas, capital abundante e gestão computorizapretação do jardim. Património e tecnologia estão assim de mãos da, em especial quando de origem exterior, se não houver planos bem urdidos dadas na exploração de uma narrativa coerente, devidamente identificada e catalogada, que tenham em boa conta o problema ou garante da sustentabilidade dos valores patri- a realidade do problema ambiente/homem. A batalha ganhar-se-á a montante, na es moniais e criativos do interior do Algarve.

“Não respeitar todos os seres e o ambiente que partilham – ambiente que só nós podemos voluntariamente alterar – é atentar contra a unidade da criação e da Terra, é atentar contra a diversidade harmoniosamente equilibrada, é prejudicar a sacra comunicação intra-terrena. Talvez aqui, nesta profunda e humanista convicção, tenha Gomes Guerreiro encon-

cola onde se faz a aprendizagem e não nos investimentos a jusante, por mais volumo- Teucrium haenseleris Bois sos que sejam.” Desta forma, o Percurso Eco-Botânico MGG será concebido numa plataforma de valorização do conhecimento em parceria com entidades de ensino, promovendo aulas ao ar livre sobre jardinagem e ecologia, incentivando a investigação neste domínio também junto das academias. O projecto inclui uma comissão científica nos ramos da Botânica e da Ecologia que dará suporte científico à sua implementação e gestão ao longo do tempo. Orçamentado em cerca de 200 mil euros, será comparticipado a 70 por cento pela Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve, no âmbito do Programa Operacional CRESC ALGARVE 2020. Património imaterial sustentável A par do desenvolvimento da componente digital ao longo da implementação do projecto, está prevista a concepção de branding e

trado a força e a ousadia para, ainda jovem, denunciar com veemência, a perversa florestação industrial e para denunciar também, depois, tantas e tão variadas outras perversões.”

Stipa tenacissima L. Eanes e Manuel Gomes Guerreiro General Ramalho

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General Ramalho Eanes, in Prefácio de Manuel Gomes Guerreiro: fotobiografia


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ter-se de pé! A sua vida foi intensamente preenchida por duas linhas fundamentais que condicionaram o seu percurso profissional: o estudo da floresta e das suas relações com o meio e o ensino universitário, com especial incidência na área da ecologia. O contacto próximo com distintas realidades biofísicas, desde Alcobaça, onde trabalhou com Joaquim Vieira Natividade, até ao Algarve e a Trás-Os-Montes, permitiram-lhe um conhecimento profundo do território continental português. O seu périplo profissional foi enriquecido com a passagem pelas ilhas da Macaronésia, com a permanência de cerca de 15 anos em África (Moçambique e Angola) e com visitas circunstanciais aos Estados Unidos da América e ao Brasil. Este percurso variado, suportado sempre por enquadramentos institucionais diversos, desde unidades de investigação científica a departamentos universitários, correspondeu a uma permanente atitude reflexiva, ao aprofundamento constante do conhecimento e a uma contínua e saudável irreverência. Características que o colocam num patamar raro de afirmação do seu próprio pensamento. O Algarve sempre foi um caso à parte. Recordava a sua meninice em Querença, vagueando nas azinhagas e nas cortes, e cumprindo as brincadeiras instrutivas do mundo rural. Recordava com frequência a sua avó, cabreira analfabeta, que fazia a gestão do património agrícola familiar, utilizando um sistema próprio de contabilidade com o qual garantia sucesso à sua missão. Descansa no cemitério de Querença, convivendo com uma quadra que evoca o seu percurso de vida: Eu na terra fui nascido E eu na terra fui criado A terra me há-de comer Depois de ser sepultado

FMVG, sintetiza o quadro natural em que se desenha o Percurso Eco-Botânico MGG: “Querença, inserida na Rede Natura 2000, compartilha o território com dois Sítios Classificados, a Rocha da Pena e a Fonte da Benémola. Por outro lado, a

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João Guerreiro, filho de MGG

Manuel Gomes Guerreiro nasceu nas Vargens de Querença, em 1919. Parece que, nesse mesmo dia, o seu pai, Manuel Guerreiro, plantou em local próximo de casa uma sobreira que, rejeitando a lei da morte dos humanos, insiste em sobreviver e em man-

comercialização de infusões com ervas locais, chás, licores, observação de aves e dinamização de passeios de burro e de carroça. O Percurso Eco-Botânico MGG situar-se-á num terreno junto à sede da FMVG em

Querença numa propriedade com cerca de 5 ha, onde já existe um complexo cultural constituído pela Biblioteca Manuel Viegas Guerreiro, especializada em Estudos Algarvios, colecções de fotografia, pintura, artesanato, auditório e um restaurante de gastronomia regional. Gabriel Guerreiro Gonçalves, presidente da

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MANUEL GOMES GUERREIRO POR JOÃO GUERREIRO

Via Algarviana tem sido também um importante agente de promoção e divulgação do património imaterial. Estas são condições únicas para revitalizar este território de baixa densidade do barrocal algarvio e para torná-lo cada vez mais sustentável.”

Moldura natural onde se desenhará o Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro

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EXPOSIÇÃO

CUMPRIU-SE ENTRE MIL ÁGUAS “É importante que programas como este não fiquem na gaveta e que sejam divulgados, daí que a Fundação também agradeça à Doutora Patrícia, pela expressão que deu a esta exposição.”

A frase é de Gabriel Gonçalves, na altura vice-presidente da Fundação MVG (é hoje presidente) e data de 13 de Janeiro de 2017, dia em que a exposição itinerante “Entre Mil Águas: Vida Literária de Casimiro de Brito” foi inaugurada em Albufeira. Dez meses depois, prepara-se para encerrar um ciclo. A mostra foi comissariada por Patrícia de Jesus Palma, historiadora do livro e investigadora do CHAM-Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Passou por cinco concelhos algarvios e oito espaços diferentes, sempre com o intuito de aproximar a obra do público. Os painéis, concebidos em sistema roll-up, leves e fáceis de acomodar em zonas de passagem, convidaram a uma viagem pela vida do escritor. O Arquivo Histórico de Albufeira, as Bibliotecas Municipais de Faro, Loulé, Olhão, Silves e Vila Real de Santo António, a Biblioteca da Universidade do Algarve e da Escola Secundária de Loulé, realçaram a importância de Casimiro de Brito na literatura nacional, desde a década de 50, por exemplo, com os Cadernos do Meio Dia e evidenciaram o seu papel como embaixador da cultura portuguesa no mundo. Poeta universal Casimiro de Brito viveu e viajou pelos quatro continentes e é autor de 70 livros mas confessa que tem mais de 20 por publicar. A sua obra está traduzida em cerca de 30 línguas,

Novas publicações Recentemente, o autor lançou em Lisboa Música Nua, quarto volume do Livro das Quedas e Escrito no Vento/Paroles de Vent, um livro escrito a quatro mãos com Zlatka Timenova, que também participou da homenagem de Querença. O livro Festival Literário Internacional de Querença: Catálogo de 2016 regista essa homenagem, que reuniu outros críticos literários como Maria João Reynaud, Maria João Cantinho, Mateja Rozman e João Barrento. Em Janeiro do próximo ano, Casimiro de Brito fará 80 anos e a Imprensa NacionalCasa da Moeda, que completará 250, publicará o primeiro volume da Poesia Completa do autor. Casimiro de Brito orgulha-se: “Repare só quem foram os últimos em mais de 50 anos: Camilo Pessanha (o meCartaz produzido para divulgação da exposição lhor poeta português), Fernando Pessoa do árabe ao holandês, do sueco ao grego, do (o maior), Almada-Negreiros, José Régio, búlgaro ao japonês, chinês e russo. O poeta Vitorino Nemésio, Alexandre O’Neill. E Camões, claro. De algarvios só editaram algarvio tem alcançado as mais elevadas dois autores: o poeta João Lúcio e o grandistinções em Portugal e no estrangeiro e está representado em mais de 200 antolode Teixeira-Gomes.” O poeta respondia gias internacionais. assim a uma entrevista concedida à newsletter Foi o assumir dessa dimensão que levou a da FMVG em Agosto deste ano, um ano após FMVG a distinguir o seu nome e a materiaa homenagem. lizar “Entre Mil Águas: Vida literária de Casi- Quanto à exposição “Entre Mil Águas: Vida miro de Brito". A homenagem ao poeta uni- Literária de Casimiro de Brito”, contou com o versal que tem raízes na pequena aldeia do apoio da Direcção Regional de Cultura do barrocal teve o 1.º Festival Literário Interna- Algarve, da Câmara Municipal de Loulé e da cional de Querença como palco para celebrar Associação Portuguesa de Bibliotecários, 60 anos de escrita, rodeado de amigos em Arquivistas e Documentalistas. encontros de Bem-Querença. www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607


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Itinerância da exposição ENTRE MIL ÁGUAS: VIDA por vários espaços públicos de

DA HOMENAGEM EM 2016

Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António

Arquivo Histórico de Albufeira

Biblioteca Municipal de Olhão

Biblioteca Municipal de Loulé

Biblioteca da Escola Secundária de Loulé

Biblioteca Municipal de Faro

Biblioteca Municipal de Silves

DO SEU “DICIONÁRIO PESSOAL”

ESCREVER

Amo, logo escrevo. Arrancar uma certa música ao silêncio do corpo. Escrever é divagar por caminhos que não conheço. Escrevo como quem traduz de uma língua desconhecida. Escrevo devagar como se a morte não existisse. Não é uma missão mas não tenho mais nenhuma. Para quem escrevo não sei. Nem para quem respiro. Quando escrevo sou uma criança deslumbrada com o mundo.

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LITERÁRIA DE CASIMIRO DE BRITO leitura do Algarve.

Detalhe de um dos oito painéis da exposição

Biblioteca de Gambelas, Faro

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REGRESSO AO CHÃO

Subitamente regresso ao chão da infância, à velha casa na serra deitada. Essa casa que todos os dias abre a sua brancura aos braços do sol, ao céu para sempre azul. E parece o mesmo esse velho céu que tanto interroguei. Todos os dias regresso ao chão da primeira fala. A sombra da azinheira que tantas vezes abracei acolhe-me de novo nos seus braços cansados. Terá reconhecido o menino que sorri ainda ao seu chão mais antigo?*

Conferência em Vila Real de Santo António

*Poema inédito publicado no livro Festival Literário Internacional de Querença: Catálogo de 2016. O livro inclui a homenagem a Casimiro de Brito, o catálogo da exposição e os dois dias que compuseram o restante Programa do Festival. Está disponível na FMVG, em Querença, pelo valor de €5. MM

Detalhe de um dos oito painéis da exposição

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NOTÍCIAS

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Catarina Bernardino na pele de Sofia Gomes de Lima

do magistério, 1º ciclo) até ao final dos trabalhos, perto da hora do almoço. Foi a “senhora professora” que fez a leitura do Memorando do anterior encontro. Dessa leitura ficou o registo de que a FMVG

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A sala já estava composta quando chegou a Senhora Professora Sofia Gomes de Lima. Cerca de 15 parceiros da Rede Municipal Cidade Loulé aguardavam o início dos trabalhos numa manhã de sexta-feira quando entra uma “personagem”. Batom vermelho e trejeitos senhoris sinalizaram-na antes dos presentes poderem apreciar com detalhe o casaco rosa com mangas em corte, a camisa claustrofobicamente abotoada até ao pescoço, a malinha que mais parecia um cãozinho, daqueles que agora até se levam para o restaurante. A professora do magistério iria moderar a reunião do passado dia 20 de Outubro na Fundação António Aleixo, Quarteira. O desafio tinha sido lançado no 5.º encontro da Rede, na Casa da Cultura de Loulé. Nesse dia foi na pele de Catarina Bernardino, actriz, bailarina e psicóloga que apresentou o projecto CurArte, que tem como objectivo visitar pessoas que estão isoladas em casa. Fá-lo tal como nos explicou: “em personagem”. Foi o que presenciámos na última reunião. Catarina ficou “em personagem” (professora

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A SENHORA PROFESSORA

Sessão de trabalho da Rede Municipal Cidade Educadora na Fundação António Aleixo, Quarteira

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apresentou em Setembro uma reflexão sobre o princípio 2 da Carta da Associação Internacional das Cidades Educadoras. Entre estalidos repenicados leu que a Fundação sublinhou “a importância do património imaterial no desenvolvimento cultural e identitário das populações de um território, enquanto meio e recurso para a integração, partilha e intergeracionalidade.” Acrescentou a importância da aprovação da Hemeroteca do Algarve no Orçamento Participativo nacional, bem como a candidatura do projeto do “Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro”, a ser promovido pela fundação de Querença. Os encontros da Rede Municipal Loulé Cidade Educadora, coordenadas por Luísa Martins, da Câmara Municipal de Loulé, têm reunido mais de 20 parceiros de cerca de 18 entidades louletanas. Projectos em curso A par do projecto curArte, também a Casa da Cultura de Loulé, os agrupamentos escolares, Universidade Sénior, Academia do Saber, Centro de Saúde, Protecção Civil, Ao Luar


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Teatro, a Barroca e tantos outros têm exposto os seus projectos, articulando parcerias e geminando novas abordagens na construção de um Município mais participado, multicultural e integrado, da serra ao litoral, da cidade ao interior. Outro projecto que também já está em marcha chama-se “Loulé Sem Fronteiras” e foi apresentado pela Fundação António Aleixo que falou dos grupos de franceses, nepaleses

e italianos que se encontram inscritos na Fundação e na Junta de Freguesia de Quarteira para aprenderem língua e cultura portuguesas. Um dia, ainda virão a Querença para visitar o primeiro jardim Eco-Botânico do Algarve e conhecer a riqueza do património imaterial, natural e cultural do barrocal. No final da 6.ª sessão da Rede Municipal, a “senhora professora” atribuiu nota positiva

aos presentes que ficaram aptos para o encontro seguinte, agendado para o dia 21 de Novembro. Esse, já sem a Senhora Professora Sofia Gomes.

Gabriel Guerreiro Gonçalves é o novo presidente do Conselho de Administração da FMVG. O seu lugar de vice-presidente é agora ocupado pelo médico José Maria Afonso Guerreiro. Idálio Revez mantém-se como vice-presidente, bem como os dois vogais: Manuel Viegas dos Santos e Pedro Ferré. Mudanças assinaláveis também ao nível dos estatutos da Fundação. No passado dia 10 de Outubro, foram escrituradas alterações ao documento de 2004 que se prendem com a necessária adaptação às regras da nova leiquadro das fundações e com a própria actividade e objectivos da FMVG. De tal modo que, reforçando a relevância do património natural, a área do ambiente foi incluída nos seus objectivos fundamentais. No artigo 4º pode ler-se agora: “A FUNDAÇÃO tem por fim contribuir e promover a todos os níveis o desenvolvimento cultural, ambiental, social e económico do Algarve”. Ainda no âmbito da sua actividade foi acrescentada uma nova alínea respeitante à promoção do desenvolvimento sustentável do território.

Conselho de Administração da FMVG no acto de escritura dos novos estatutos em Loulé

A constituição e competências dos órgãos da Fundação também sofreram modificações. Foi criada uma Comissão Executiva composta pelo presidente e pelos dois vice-presidentes, que exercem a gestão corrente da Fundação e outros poderes conferidos pelo Conselho de Administração. Por outro lado, tornaram-se mais claras as regras para os restantes órgãos. Em matéria de Mecenato, por exemplo, os novos estatutos fixam que todo e qualquer

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FUNDAÇÃO TEM NOVA ADMINISTRAÇÃO

acto de mecenato é sujeito a contrato que especifique, entre outros aspectos, os fins a prosseguir pela Fundação, como forma de garantir a transparência e o rigor do acordo. OS NOVOS ESTATUTOS PODEM SER CONSULTADOS AQUI.


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ROSTOS DE GUERRA “A mudança de mentalidades começa na escola." Francisco Soares cas, participou no painel “Zona(s) de Desconforto”, moderado por Paulo Dentinho, director de informação da RTP. No mesmo dia, os alunos dinamizaram o poema de Zakariias, por auto-recriação, na escadaria exterior da FMVG. Precisamente cinco meses após essa leitura, o livro encontra-se disponível na secretaria da escola Pinheiro e Rosa em Faro, pelo valor de €5. "Erasmus+ In a Far Away Land: Refugee children" envolve alunos e professores de escolas da Grécia, Itália, Roménia, Turquia e Portugal. MM

AEPROSA Sofia, aluna da Esc. Pinheiro e Rosa, Ana de Freitas da UAlg, Francisco Soares do AEPROSA e Marinela Malveiro da FMVG

Alunos apresentam o livro de sua autoria Rostos de Guerra

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Além da direcção do Agrupamento, estiveram presentes a Universidade do Algarve e a Fundação Manuel Viegas Guerreiro. Recordamos que em Maio deste ano, os alunos fizeram parte da lista de participantes do 2.º Festival Literário Internacional de Querença. Clara Abegão, uma das professoras que coordena o projecto de mobilidade e boas práti-

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O mote foi lançado por Francisco Soares, director do agrupamento de escolas Pinheiro e Rosa, Faro, no passado dia 13 de Outubro na FNAC, na capital algarvia. Nessa noite, alunos da escola secundária Pinheiro e Rosa apresentaram o livro Rostos de Guerra. Cátia, Luísa, Gonçalo e Rafael foram quatro dos jovens portugueses que visitaram em Abril o campo de refugiados Veria (próximo de Salónica), na Grécia, no âmbito do projecto "Erasmus+ In a Far Away Land: Refugee children". Os alunos ouviram histórias na primeira pessoa e conheceram Zakariia Sabbagh, escritor sírio que se encontra na condição de refugiado. Portadores da sua poesia, trouxeram também a inspiração para produzir contos, poemas e ilustrações que vieram a ser compilados em livro. A apresentação, que teve direito a momento musical e leituras, decorreu perante cerca de meia centena de pessoas que aplaudiram de pé o projecto e a mobilização de alunos e professores para a problemática dos refugiados.

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EVENTOS

FORMAÇÃO

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SESSÃO “Apoio às actividades económicas de base local”. Decorreu no passado dia 12 de Outubro, no auditório da Fundação MVG, tendo sido dinamizada pela Associação In Loco em parceria com o IAPMEI. O licenciamento das unidades de produção e a transformação foram dois dos temas da formação. A ordem de trabalhos integrou também o Dia de Atendimento Descentralizado, muito participado pela assistência.

CONCERTO Lotação esgotada na noite em que a ligação de Zeca Afonso ao mar do Algarve foi cantada à beira-serra, no auditório da FMVG. O concerto O SUL DE JOSÉ AFONSO, promovido pelo Cine-Teatro Louletano, assinalou 30 anos sobre a morte de José Afonso. João Afonso e Luís Galrito trazem, com este formato, a memória do homem livre, do compositor e do professor que no Algarve deu aulas em Lagos e Faro e que, fora dos muros da escola, privou com figuras como Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa e Pité.

Na noite de 7 de Outubro a energia subiu ao palco com a voz e a guitarra de João Afonso e de Luís Galrito, com a guitarra e coros de Rogério Pires, com o acordeão de Paulo Machado e os efeitos de vídeo de João Espada. Sónia Pereira leu cartas, poemas e outros escritos, deixando a audiência com vontade de ouvir e de sentir mais. No final do concerto, foram muitos os que ainda permaneceram no átrio e exterior da Fundação trocando impressões, comentários e conversas.

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FICHA TÉCNICA Edição: Textos e Paginação: Marinela Malveiro Fotografia: Mário Lino, Marinela Malveiro, espólio Manuel Gomes Guerreiro, Bibliotecas Municipais de Faro, Olhão, Silves e Vila Real de Sto. António, ESL, AEPROSA, Sweet Photography e banco de imagens Impressão: Gráfica Comercial, Loulé

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