Boletim Informativo
n.º 6, Out./2017
Heméra do Al Gharb vence no Orçamento Participativo de Portucale eventos: O Sul de 7 Próximos 5 José Afonso e apresentação da Revista Nova Águia
Exposição de Casimiro de Brito na Universidade da cidade de Ossónoba
com Directora 2 Entrevista Regional de Cultura do Al Gharb
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ENTREVISTA
Hemeroteca Digital
DIRECTORA REGIONAL DE CULTURA DO ALGARVE GARANTE QUE A
HDA É PARA CUMPRIR MAS ADMITE QUE MUITO HÁ PARA DEFINIR NA ESTREIA DO OPP. Recorda-se do momento e das circunstâncias em que tomou conhecimento da ideia de criar uma Hemeroteca Digital do Algarve (HDA)? Esta ideia foi-nos apresentada pelo Eng.º Luís Guerreiro, o proponente da ideia ao Orçamento Participativo de Portugal (OPP), há algum tempo. Creio que há mais de um ano, mas tínhamos tido várias conversas informais com outras pessoas, que partilhavam do seu interesse e importância, como foi o caso da Doutora Patrícia de Jesus Palma ou do jornalista Idálio Revez. O que representou na altura para a Directora Regional de Cultura a possibilidade de viabilização de um projecto desta natureza? A concretização de uma mais valia para todos os que se interessam pela História Local e, mesmo, Nacional. É importante referir que esta disponibilização digital tem como público-alvo não somente investigadores e académicos, mas toda a população que nela pode recuperar memórias de um passado não muito longínquo e que lhes permitirá construir pontes com as suas histórias pessoais. Também será, sem dúvida, um instrumento precioso de apoio à investigação e à construção de memórias colectivas, a partir do trabalho que daí possa resultar. Da experiência que tem, sente que há (re)conhecimento da dinâmica do Algarve, junto dos portugueses, em matéria cultural, social e científica no séc. XIX?
Penso que existe muito desconhecimento sobre a história recente do Algarve, não só nacional como mesmo localmente. Há para além da questão da acessibilidade da informação também outras questões de identidade e de auto-estima, que conduzem por vezes ao menor conhecimento e envolvimento das comunidades, mas tem existido um grande progresso. A ideia de que esta região estava fora/longe dos centros culturais nacionais tem vindo a ser desmontada através de trabalhos desenvolvidos em sede de mestrados e doutoramentos que temos vindo a ajudar a editar e publicar, bem como os municípios. E da relevância ao nível da imprensa no Algarve e do seu valor para a construção histórica da região? A ideia tem por base facilitar o acesso aberto a factos de um período de quase dois séculos, contados por aqueles que os transmitiam, no momento em que os mesmos aconteciam. A concretização da ideia apresentada também poderá permitir disponibilizar aos leitores o acesso a revistas sobre temas mais específicos, pois tem também a intenção de disponibilizar publicações periódicas algarvias de diversas temáticas.
HEMÉRA Hemeroteca - do grego heméra, «dia» + théke, «depósito». Nome feminino. Significa: 1. Colecção de publicações periódicas. 2. Local onde se encontram reunidas publicações periódicas.
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Alexandra Gonçalves,
Lembra-se de quando acreditou que a HDA poderia vir a ser uma realidade? A participação no OPP veio possibilitar a sua concretização e incentivou-se por isso a apresentação da ideia. Para já é o que podemos reconhecer. A população envolveu-se na votação, por isso, deseja que a ideia se concretize e isso é de respeitar. O que representa para a DRCAlg a aprovação desta candidatura? Ficamos naturalmente satisfeitos que tal tenha acontecido e também que a cultura tenha mobilizado junto dos cidadãos a vontade de fazer mais nesta área. No âmbito das áreas em votação, a que mais votos recebeu foi a Cultura que no conjunto de todos os projectos em votação obteve mais de 50 por cento dos
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HEMEROTECA DIGITAL DO ALGARVE
do Algarve votos, totalizando 49.057 no conjunto de todos os projectos, que se materializou na concretização de dois de âmbito nacional (única área a eleger
“Os cidadãos manifestam
a sua vontade de ter mais cultura nas suas vidas”
Que articulação vislumbra entre este projecto e outros já implantados na região ou em vias de se afirmarem? Esta é uma questão prematura pois não há ainda a definição do projecto de execução, mas esperemos que com a concretização da ideia se venham a criar muitas sinergias no Algarve Cultural. Que passos serão dados na sequência da aprovação da HDA no OPP? O desenvolvimento de todo este processo decorrerá segundo orientações da Secretaria de Estado da Modernização Administrativa que ainda aguardirectora regional de Cultura do Algarve damos. Relembramos que é a primeira vez que ocorre quer a nível nacioprojectos neste âmbito) e 13 nal, quer a nível mundial. Caberá ao de cariz regional (divididos pelas Estado através dos seus serviços da sete regiões) o que é demonstrativo administração das respectivas áreas – de que os cidadãos manifestam a cultura, ciência, agricultura, formação sua vontade de ter mais cultura nas de adultos, justiça e administração suas vidas. interna – e em articulação com os O que lhe parece que terá justifica- proponentes transformar as ideias em do a confiança ou o interesse de realidade, mas ainda não conhecetodos quantos votaram? mos o processo seguinte. A qualidade da proposta em si, a ca- Há algum prazo de que nos possa pacidade de todos os que se envolve- dar conta e que aponte para uma ram na sua divulgação mobilizando o primeira visibilidade da criação voto para que este se tornasse reali- da HDA? dade, o reconhecimento da personali- Aguardamos orientações sobre estas dade proponente, que infelizmente já questões mas a duração prevista não se encontra entre nós. para a concretização das ideias vencedoras é de 24 meses.
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Foi um dos últimos projectos de Luís Guerreiro enquanto cidadão: o de colocar a votos a criação de uma HDA na primeira edição do OPP. A ideia do anterior presidente da FMVG, de disponibilizar todos os títulos emergentes da imprensa periódica da região colheu o maior número de votos entre os projectos algarvios: 703. Ficou em sétimo entre todos os projectos da área da cultura e em décimo primeiro no global. Resultados que só foram conhecidos após o seu falecimento. A HDA poderá colocar, à distância de uma consulta virtual, uma publicação como a que faz capa desta newsletter: o n.º 343 do ano 7.º do jornal O Districto de Faro, datado de 5 de Outubro de 1882, uma quinta-feira, precisamente como hoje, em que se assinalam 107 anos de República Portuguesa. Há colecções em elevado estado de deteriorização, de difícil acesso ou simplesmente inacessíveis que importa salvaguardar. Caberá agora à Secretaria de Estado da Modernização Administrativa dar continuidade ao processo do OPP, uma estreia mundial. Gabriel Guerreiro Gonçalves representou a FMVG no passado dia 14 de Setembro no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, na cerimónia de divulgação das ideias vencedoras. Uma sessão que foi liderada pela ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, pelo ministro da Cultura, Castro Mendes, e pela secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, Graça Fonseca. O presidente interino da FMVG recebeu a notícia com entusiasmo: “O resultado desta votação representa a concretização de uma das últimas vontades de Luís Guerreiro. Por outro lado, representa também o interesse do próprio projecto e o despertar da população para uma área da cultura que tem sido esquecida, a da imprensa. A Hemeroteca vai dar a conhecer a história e a evolução da imprensa no Algarve ao longo de praticamente dois séculos, o que é de toda a relevância para a cultura do país.” A criação da Hemeroteca tem um prazo de execução de 24 meses e um investimento total de 200 mil euros. Das 601 ideias inscritas no OPP, 38 saíram vencedoras.
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NOTÍCIAS
CIDADES EDUCADORAS “A Cultura é só uma, tudo aquilo que aprendemos do nascer ao morrer, da nossa invenção ou alheia, sentados nos bancos da escola ou da vida.” A frase é de Manuel Viegas Guerreiro (1978) e encerrou a apresentação da Fundação MVG no último encontro da Rede Municipal Loulé Cidade Educadora, realizado na Casa da Cultura de Loulé, no passado dia 29 de Setembro. Tendo sido desafiada na reunião anterior por Luísa Martins, coordenadora da Equipa de Projecto de Intervenção Cultural e Promoção da Cidadania do Município, a FMVG apresentou uma reflexão sobre o art.º 2 do Ponto I – O Direito a uma cidade educadora, um dos Princípios da Carta das Cidades Educadoras. A importância da integração da diversidade cultural na educação, explícita no artigo, foi evidenciada através do visionamento de um excerto do programa da RTP “Café Central”, de 1989. O patrono da Fundação de Querença, uma das figuras convidadas do programa, justifica a similaridade do processo de elaboração da poesia popular e erudita, sublinhando que ambas fazem parte do conceito Cultura. O pensamento de Manuel Viegas Guerreiro foi também invocado por o mesmo Princípio apelar à compreensão, cooperação solidária internacional e à paz no mundo: “Ora o posicionamento do etnólogo, linguista e antropólogo cultural espelha essa necessidade de ir ao encontro do outro, de ouvir as suas razões e de partilhar esse conhecimento, integrando-o num saber universal.” Marinela Malveiro, colaboradora da Fundação, frisou que só esse conhecimento integrador do outro poderá concorrer para valores como a tolerância, a generosidade e a paz, combatendo todas as formas de discriminação, como a xenofobia e a homofobia.
O FLIQ-Festival Literário Internacional de Querença foi apontado como um produto dessa construção de identidades, agregador do contributo da comunidade escolar mas também, na última edição, inclusivo da reflexão sobre o tema dos refugiados, realizada através de testemunhos de quem encontrou abrigo em Portugal e não só. As histórias chegaram do Irão, do Iraque, Grécia e Síria. Exemplos da acção da Fundação que vão ao encontro do “diálogo” e da “liberdade de expressão” apontados na Carta das Cidades Educadoras. Foi ainda apresentado um outro projecto da Fundação: o futuro Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro, recentemente aprovado em sede de candidatura pela Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve. A Fundação explicou de que forma este projecto também poderá contribuir para esbater as assimetrias entre rural/urbano, interior/litoral e reforçar o conceito de Querença-aldeia criativa. Ao longo da sessão de trabalho, participada por mais de 20 membros da Rede Municipal, foram partilhadas notícias, experiências e apresentado o andamento dos projectos que cada entidade desenvolve. No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Cidade Educadora, foram alinhadas várias propostas para assinalar o dia 30 de Novembro em Loulé. Com detalhes ainda por definir, pretende-se mobilizar toda a população do concelho para a Hora do Aplauso. No fundo, gerar uma onda de agradecimento a outrém. Esse “reconhecimento” será articulado com orientações da Associação Internacional das Cidades Educadoras, onde o Município de Loulé se faz representar por Luísa Martins.
Sessão de trabalho da Rede Loulé Cidade Educadora na Casa da Cultura de Loulé
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Panorâmica da exposição itinerante “Entre Mil Águas: Vida Literária de Casimiro de Brito”
CASIMIRO DE BRITO ENTRE OS ESTUDANTES A exposição itinerante “Entre Mil Águas: Vida Literária de Casimiro de Brito” visitou a Biblioteca da Universidade do Algarve e já está em marcha para Vila Real de Santo António. Patrícia de Jesus Palma, investigadora do CHAM-Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e comissária da mostra, esteve em Gambelas,
Exposição de homenagem a Casimiro de Brito no átrio da Biblioteca da Universidade do Algarve, Faro
Faro, no passado dia 28 de Setembro, para apresentar a palestra “Casimiro de Brito: um sorriso universal” bem como a natureza da exposição.
Sessão a que poderá assistir na Biblioteca Municipal Vicente Campinas no próximo dia 9 de Outubro, dia de abertura da mostra na “cidade pombalina”. “A ideia é colocar a obra do escritor em locais públicos de passagem e que quem leia uma palavra, um verso do poeta, o leve com ele. É preciso quebrar barreiras entre os escritores e os leitores.” - explica Patrícia de Jesus Palma. Foi o que aconteceu no átrio principal do edifício por onde passaram dezenas de alunos no início de mais um ano lectivo. A garantia é de Salomé Horta, directora da Biblioteca: “Eles paravam, liam e por vezes um ou dois painéis inteiros. Foi notório o interesse dos alunos nesta exposição.” Oito painéis e um filme aproximam a obra do público, na descoberta de um conhecimento mais amplo do autor que tem obra traduzida em 30 línguas. Casimiro de Brito está representado em mais de 200 antologias internacionais e tem mais de 80 livros editados.
A exposição nasceu do programa da 1.ª edição do FLIQ-Festival Literário Internacional de Querença, em 2016, para homenagear os 60 anos de escrita publicada de Casimiro de Brito, poeta algarvio com raízes em Querença e que recentemente lançou mais um livro: Música Nua. A versão itinerante da exposição tem o apoio da Direcção Regional de Cultura do Algarve, Câmara Municipal de Loulé e Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas.
O filme exibido no último painel da exposição “Entre Mil Águas: Vida Literária de Casimiro de Brito” pode ser visionado no Canal de YouTube da Fundação Manuel Viegas Guerreiro.
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FORMAÇÃO
VINHA E LICENCIAMENTO DE ADEGAS
Sessão sobre “Instalação de Vinha e Licenciamento da Adega”, com a participação de técnicos da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve e Câmara Municipal de Loulé, numa organização da Associação In Loco e da associação "os Barões". FMVG, 13 de Outubro de 2017
ACTIVIDADES ECONÓMICAS LOCAIS O workshop tem como objectivo criar e fortalecer espaços de proximidade às empresas e agentes locais, bem como a articulação com as entidades locais que se disponibilizam no próximo dia 12 para dar a conhecer as realidades do território e informar sobre licenciamento de actividade económica. Além de plenário, o programa contempla várias apresentações e um período de debate. Segue-se o atendimento individual que tem marcação prévia obrigatória.
Para participar no plenário e debate inscreva-se através do email infoagri@in-loco.pt. Caso pretenda atendimento individual preencha a Ficha de Inscrição até dia 10 de Outubro neste link. O WORKSHOP DEPENDE DE UM NÚMERO MÍNIMO DE PARTICIPANTES PARA REALIZAR-SE. www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607
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EVENTOS
NOVA ÁGUIA
REVISTA A FMVG será palco de apresentação do n.º 20 da revista Nova Águia com presença do director Renato Epifânio e da vice-directora, Maria Luísa Francisco. A Nova Águia pretende ser uma homenagem à Águia, uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal, na qual colaboraram algumas das mais relevantes figuras da cultura, como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Raul Proença, Leonardo Coimbra, António Sérgio, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva. Nesta edição, apresentada em Querença,
previamente a Lisboa, a revista destaca os autores José Rodrigues, no ano da sua morte; Raul Brandão, nos 150 anos do seu nascimento e Francisco Manuel de Melo, nos 350 anos da sua morte. A revista dedica ainda o número do 2.º semestre de 2017 a João Ferreira e a Antônio Paim, consideradas duas das figuras maiores da Filosofia LusoBrasileira, colaboradores da Nova Águia e que chegaram aos noventa anos de vida. Mais informações em http://novaaguia.blogspot.pt
O SUL DE JOSÉ AFONSO
CONCERTO No ano em que se assinalam 30 anos sobre o falecimento de José Afonso, João Afonso (sobrinho do cantautor) e Luís Galrito trazem à memória a ligação de Zeca ao Algarve. Ao palco da FMVG subirá uma proposta interdisciplinar que integra a música, o vídeo e a poesia, numa reinvenção da obra do inspirador andarilho que marcou várias gerações de músicos e públicos. José Afonso foi professor em Lagos e em Faro nos anos 60. Deu concertos clandestinos pela região, criou músicas e letras inspirado no Algarve, onde privou com figuras como Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa e Pité.
A sua ligação ao mar, da Meia Praia à Ria Formosa chegará à beira-serra no próximo sábado à noite. Voz e guitarra: João Afonso Voz e guitarra: Luís Galrito Guitarra e coros: Rogério Pires Acordeão: Paulo Machado VJ: João Espada Declamação: Sónia Pereira
Preço único: 5 € À venda no Cine-Teatro Louletano, locais aderentes, em www.bol.pt e na FMVG, uma hora antes do início do concerto.
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PERCURSO ECO-BOTÂNICO MANUEL GOMES GUERREIRO “Ao delimitá-los [jardins] e preservá-los está-se a contribuir para que neles o Homem aprenda a conhecer, a respeitar e a amar a Natureza. Só assim poderá sobreviver.” Manuel Gomes Guerreiro, in O Homem na Perspectiva Ecológica O Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro constituirá o primeiro Jardim Botânico in situ no Algarve. É a próxima aposta da Fundação Manuel Viegas Guerreiro. MUSEALIZAR ESTE ESPÓLIO É MAIS DO QUE NATURAL, É OBRIGATÓRIO.
FICHA TÉCNICA Edição: Textos e Paginação: Marinela Malveiro Fotografia: Cedência de Doutora Alexandra Gonçalves; In Loco; Mário Lino, Marinela Malveiro; jornal O Districto de Faro, 5.10.1882, BNP; site do OPP Colaboração: Patrícia de Jesus Palma Impressão: Gráfica Comercial www.fundacao-mvg.pt | +351 289 422 607