PUBL I C A Ç Õ E S D A F U N D A ÇÃO R O B INSO N
ISSN 1646-7116
Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism in Portalegre
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Publ i c a ç õ e s d a F u n d a ç ã o R o b i n s o n
Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism in Portalegre António Ventura
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Publicações da Fundação Robinson n.º 14 Robinson Foundation Publications no. 14 Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism in Portalegre António Ventura Portalegre, 2009 Portalegre 2009 Fundação Robinson Robinson Foundation Conselho de Curadores Council of Curators
José Fernando da Mata Cáceres (Presidente) (Chair), António Fernando Biscainho, Carlos Melancia, Jaime Azedo, Nuno Oliveira, Luís Calado, Sérgio Umbelino, António Ventura, Filipe Themudo Barata Conselho de Administração Administrative Council
José Polainas (Presidente) (Chair), Helena Nabais, Ana Manteiga, João Adolfo Geraldes, Joaquim Leal Martins Conselho Fiscal Fiscal Council
António de Azevedo Coutinho (Presidente) (Chair), José Escarameia de Sousa, António Escarameia Mariquito Administradora Delegada Assistant Administrator
Alexandra Carrilho Barata
A correspondência relativa a colaboração, permuta e oferta de publicações deverá ser dirigida a All correspondence to be addressed to Fundação Robinson Robinson Foundation Apartado 137 7300-901 Portalegre Tel. 245 307 463 fund.rob@cm-portalegre.pt www.fundacaorobinson.org design design
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Há Cultura Lda. Publicações da Fundação Robinson Robinson Foundation Publications Conselho Consultivo Editorial Board
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tradução translated by
David Hardisty (inglês) (english), Pedro Santa María de Abreu (espanhol) (spanish) revisão editing
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Caleidoscópio, edição e artes gráficas, SA
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Ana Bicho (Câmara Municipal de Portalegre) (Portalegre Town Hall) Jorge Maroco Alberto Agradecimentos acknowledgements
Aurélio Bentes Bravo, António Martinó Coutinho, Raul Ladeira
Capa: pormenor de ilustração de João Tavares para capa da revista Viagem, Maio/Junho 1950 Cover: detail of illustration by João Tavares for the cover of the magazine Viagem, May/June 1950
4 Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism in Portalegre
Cien años de turismo en Portalegre Presidente do Conselho de Curadores | Chair of the Council of Curators
6 Cem anos de turismo e a Fundação Robinson One hundred years of tourism and the Robinson Foundation
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Cien años de turismo y la Fundación Robinson António Camões Gouveia
Introdução
Introduction Introducción
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Portalegre no início do século XX
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Portalegre at the beginning of the 20th century Portalegre a inicios del siglo XX
A Sociedade de Propaganda de Portugal e Portalegre
The Society for the Promotion of Portugal and Portalegre La Sociedad de Propaganda de Portugal y Portalegre
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Portalegre no Guia de Portugal de Raul Proença
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Grémio Alentejano, Casa do Alentejo
66
Portalegre in the Guide to Portugal by Raul Proença Portalegre en la Guía de Portugal de Raúl Proença
Grémio Alentejano, Casa do Alentejo Grémio Alentejano, Casa de Alentejo
A Serra de Portalegre – estância turística
The Portalegre Mountain – tourist resort La Sierra de Portalegre – estancia turística
82
As festas da cidade
The city festivals Las fiestas de la ciudad
102
A Festa dos Aventais
A Festa dos Aventais – The Aprons Festival La Festa dos Aventais
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Da Comissão de Iniciativa e Turismo à Comissão Municipal de Turismo
From Planning and Tourist Commission to Municipal Tourist Commission De la Comissão de Iniciativa e Turismo a la Comissão Municipal de Turismo
132
As Festas Centenárias de 1950
The 1950 Centenary Celebrations Las Fiestas Centenarias de 1950
142
Cronologia
Chronology Cronología
196
Síntese: resumos e palavras-chave
Abstracts and key-words Resúmenes y palabras clave
Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism in Portalegre
José Fernando da Mata Cáceres presidente do conselho de curadores chair of the council of curators
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 4-5, ISSN 1646-7116
Reconhecendo bem as mais valias desta terra, a capacidade de acolhimento e a simpatia das gentes, é um motivo de orgulho promover iniciativas que ajudem a enaltecer o nome de Portalegre. Neste caso concreto, os “Cem anos de Turismo em Portalegre”, mais do que uma publicação, podem ser o ponto de partida para mais uma reflexão profunda acerca desta temática. Se temos as condições, o património, a paisagem e os produtos, porque é que Portalegre nunca se conseguiu afirmar como um destino turístico de excelência? Conhecer Portalegre é provar os produtos tradicionais qualificados aplicados à nossa gastronomia, é descobrir a hospitalidade de uma terra conservadora que tem vindo a apostar na inovação e na modernidade, é apreciar o valor patrimonial, histórico e cultural da sua arquitectura e dos seus gestos e saberes, nas ruas, nas praças, nos monumentos e naqueles com quem nos cruzamos. Em cem anos Portalegre modificou a sua forma de se apresentar ao mundo, multiplicou a oferta turística, descobriu que o caminho a seguir é o da diversidade da Cultura como forma de diversificar o Turismo. Turismo que pode ser em futuro muito próximo um dos valores mais ricos do concelho de Portalegre no que a Fundação Robinson terá, com certeza, uma palavra a dizer. Se há cem anos se trabalhou no sentido de criar uma imagem coordenada para Portalegre, assente no passeio à Serra de São Mamede, hoje fazêmo-lo tendo por base a memória e os patrimónios que podemos deixar às gerações futuras. Porque acreditamos em Portalegre estamos a investir em diferentes áreas do desenvolvimento: na cultura, na educação e na formação, na área social, na inovação e na criatividade. A dimensão turística que nos interessa hoje tem a ver com a construção cultural local, aquela que engloba a construção de novos espaços de estadia e lazer, espaços requalificados, novos jardins, novos museus, novos locais para passear ou que apetece visitar. Locais que falam de permanências de cultura, porque é nelas que residem os valores que nos caracterizam, os motivos capazes de atrair os olhares dos visitantes, as razões para querer conhecer e saber mais sobre nós. A renovação, a adaptação e a consequente abertura e o preenchimento de “vazios urbanos” ajuda-nos a construir esta realidade interior, consolidando o património existente, criando novos interesses, desafiando quem passa a uma visita mais atenta e prolongada. Conservando o carácter mais conservador e muito hospitaleiro dos espaços e das pessoas, abrimos a cidade ao exterior procurando dar respostas às novas vagas de turistas, cada vez mais exigentes. Estamos a construir uma imagem sólida, de qualidade, e, simultaneamente, moderna e arrojada. A paixão e o orgulho de Portalegre pelas suas coisas, pelos seus sítios, sente-se nas ruas, nos cafés, nas pessoas… O que é que, em conjunto, vamos fazer para que os outros sintam o mesmo que nós?
Knowing well the riches of this land, the ability to receive and the friendliness of its people, it is a source of pride to promote initiatives which help to praise the name of Portalegre. In this specific case, the “Hundred years of Tourism in Portalegre”, can be more than a publication, and rather the starting point for considered reflection on this theme. If we possess the conditions, the patrimony, the countryside and products, why is it that Portalegre has never managed to become a tourist destination par excellence? Knowing Portalegre involves tasting its rich traditional gastronomic products, discovering the hospitality of a conservative land which has been investing in innovation and modernity, and appreciating the patrimonial, historical and cultural aspects of its architecture, along with its gestures and tastes, in its streets, squares, monuments and the people we come across. During these hundred years Portalegre has altered the way it presents itself to the world, increased what it has to offer to tourists, and discovered that the path to follow is one of diversifying Culture as a means of diversifying Tourism, a Tourism which in the very near future could be one of the richest assets for the district of Portalegre and in which the Robinson Foundation will certainly have a word to say. If one hundred years ago, the image worked on in establishing a coordinated vision for Portalegre was based around a stroll to the Serra de São Mamede, today this is achieved by basing this on the memory and patrimony that we can leave to future generations. As such, in Portalegre we believe that we are investing in different areas of development: in culture, education and training, in the social area, in innovation and creativity. The aspect of tourism which interests us presently has to do with the construction of local culture, that which covers the creation of new spaces in which to stay and enjoy leisure, renovated spaces, new gardens, new museums, new places to walk around or to decide to visit. Places which tell us of the permanence of culture, since it is there that the values of which we are formed reside, the reasons which can attract the eye of the visitors, the reasons which they wish to learn about and so know more about ourselves. Renovation, adaptation and subsequent opening and filling of “urban emptiness” helps us to build this interior reality, by consolidating our existing patrimony, establishing new interests and daring those passing by to remain for a longer and more attentive stay. By conserving the most conservative and hospitable character of the spaces and people, we can open the city to the outside work by seeking to obtain answers to the new, ever more demanding, tourist trends. We are building a solid image, which is one of quality and, at the same time, both modern and bold. The passion and pride that Portalegre has for its things, for its places, is felt in the streets, the cafés, within people ... What can we jointly do so that others can feel that which we do?
Cem anos de turismo e a Fundação Robinson One hundred years of tourism and the Robinson Foundation
António Camões Gouveia F.C.S.H. da U.N.L. e Coordenador Científico da Fundação Robinson F.C.S.H. of the U.N.L. and Academic Coordinator for the Robinson Foundation
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 6-7, ISSN 1646-7116
A pergunta àquela questão que tanto se quer fazer ou que não se gosta de explicitar, tem lugar para ser aqui inscrita. Como é que a Fundação Robinson envolve o tema do livro Cem Anos de Turismo em Portalegre nas suas Publicações? Mais, antecedendo-a, uma outra deve ser expressa: a Fundação Robinson não é de âmbito arqueológico-industrial? Nesta mesma ordem directa e questionante deverão nascer as respostas. As Publicações da Fundação Robinson acolhem o tema do turismo na cidade de Portalegre, aceitando a coordenação científica e de gestão do projecto e candidatando a verbas comunitárias a sua produção, porque a Fundação faz parte de um percurso humano e urbano-citadino de que hoje é um afloramento qualificante. Afloramento, fundado em raízes sólidas, qualificante porque consistente nos seus saberes e olhares de arte e ciência. A Fundação olha-se da Fábrica e assume-se na realidade de programação que é o “espaço Robinson”. O “espaço Robinson” começa por ser, na cidade de Portalegre, a Fábrica da meia encosta que lhe traça um perfil alongado em chaminés de fumo branco e negro. Esta Fábrica, “das rolhas”, “da cortiça”, “a Robinson”, olhando-se do alto daquelas chaminés, foi capaz de originar formas de pensar que, por enquadramento de prevenção patrimonial, conduziram ao projecto da Fundação que lhe herdou o nome e as possibilidades de estudo das memórias. A Fundação, a sua equipa, conceptualizou os tempos, espaços e conteúdos e deixou as ideias crescer, tão lentamente quanto a certeza da cortiça no sobreiro, em benefício de Portalegre e daqueles que cá vivem e por cá passam, os turistas. O turismo que aqui se mostra, o fazer de cultura municipal que gerou turismo, é história local em que a Fundação Robinson se documenta e aprende, é atitude de criação e realidade de concretização em objecto, em produto, que responde ao mundo do espaço Robinson. Como a Fábrica na meia encosta, olhando a planície, como a Fábrica povoada de trabalhadores e de saberes profissionais, como a Fábrica, património a preservar, a comunicar e a divulgar. A Fundação Robinson, a programação dos diferentes patrimónios de Portalegre no espaço Robinson, pauta-se pela exigência que lhe merecem os portalegrenses e os que a visitam. A possibilidade de acolher nas suas Publicações o trabalho Cem Anos de Turismo em Portalegre insere-se nessa forma de programar e nessa exigência profissionalizante.
The question wanted to be asked or which remains unstated can be written here. How has the Robinson Foundation ended up being involved with the theme of the book One hundred Years of Tourism in Portalegre as part of its Publications? Yet, there is a further one which needs stating: Doesn’t the Robinson Foundation concern itself with archaeological-industrial matters? These open and direct questions will engender their own answers as indeed will their order. The Publications of the Robinson Foundation have welcomed the theme of tourism in the city of Portalegre, and have accepted academic coordination and project management of the project and applied for community funds for its authoring, since the Foundation is part of a human and urban-city path which nowadays is what might be called onward blossoming. Blossoming, based on solid roots, onward because it is consistent in its knowledge and way of looking at art and science. The Foundation looks out from the Factory and takes on its identity within the programming reality of what is the “Robinson space”. The “Robinson space” starts by being, in the city of Portalegre, the Factory halfway up the hill which traces an elongated profile through white and black smoking chimneys. This Factory, “of stoppers”, “of cork” “a la Robinson”, looking down from the height of those chimneys, was able to engender ways of thinking which, through being encapsulated within the preservation of heritage, led to the project of the Foundation which has inherited its name and the possibilities of studying memories. The Foundation, its team, have conceptualised times, spaces and content and have let ideas grow, as slowly as the certainty of the cork on the cork trees, to benefit Portalegre and those who live here as well as those who pass through here – the tourists. The tourism shown here, the municipal cultural work which has managed this tourism, is the local history which the Robinson Foundation has documented and learnt from. It is the attitude of creation and the reality of making an object, a product, real, which responds to the world of the Robinson space. As the Factory, halfway up the hill, looking at the plain, as the Factory peopled with workers and professional skills, as the Factory, as patrimony to preserve, to communicate and to disseminate. The Robinson Foundation, the programming of the different heritages of Portalegre within the Robinson space, seeks to attain the level which the people of Portalegre deserve as well as those who visit it. The possibility of receiving the work One hundred Years of Tourism in Portalegre within its Publications is part of this way of programming and this professionalising requirement.
Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism in Portalegre Ant贸nio Ventura
Introdução Introduction
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 10-25, ISSN 1646-7116
Brasão de Portalegre. Gravura (1860).
Em 18 de Maio de 1911 era publicado o decreto que criava a Repartição do Turismo no seio do Ministério do Fomento, estabelecendo que seria constituído um Conselho de Turismo composto por seis membros, o qual dirigiria os respectivos serviços. Nascia assim, há quase um século, o turismo moderno em Portugal. A publicação deste livro pode, por isso, ser considerado como uma espécie de comemoração antecipada daquela efeméride, incidindo, é certo, sobre uma região que durante séculos não suscitou grande interesse por parte de viajantes nacionais e muito menos de estrangeiros. Uma fonte importante para aquilatar o interesse ou desinteresse que uma região suscitou são os livros escritos por viajantes estrangeiros em Portugal, literatura que constitui um rico manancial, pleno de utilidade a vários níveis, embora com um grau de pormenor diferente. Regra geral, neles encontramos informações, descrições, comentários e reflexões sobre Portugal e o povo português, com apontamentos sobre a História, quase sempre retirados de livros consultados, descrição de usos e costumes, por vezes fruto de observações directas. No entanto, o facto de ser um estrangeiro a escrever sobre o país visitado não é sinónimo de distanciamento e de neutralidade em relação ao objecto visado. Muitos viajantes que vinham até ao extremo ocidental europeu, a Portugal e sobretudo a Espanha, já traziam ideias preconcebidas e a sua visão estava antecipadamente toldada por preconceitos, situação mais frequente eram viajantes oriundos de Inglaterra ou de outros países do Norte da Europa predominantemente protestantes. Para eles, a Península Ibérica e os dois Estados que a compunham era uma região governada por monarcas fanáticos, predominando a Inquisição e as suas perseguições, a intolerância e a iniquidade. Esta imagem que afectava mais a Espanha que Portugal, embora tenha nascido no século XVI como reacção contra a Espanha Filipina, desenvol11
On the 18th of March, 1911, the decree that created the Tourism Division within the Ministry of Development (Ministério do Fomento) was published, ordering a Tourism Council to be set up consisting of six members who would manage each respective service. Thus was born, almost a century ago, modern tourism in Portugal. The publication of this book can therefore be considered to be a kind of advance commemoration of that undertaking, originating, it is true, in a region that for centuries invited little interest on the part of national travellers and, even less, foreigners. An important source for measuring the level of interest or disinterest that a region inspired are the books
veu-se nas centúrias seguintes principalmente fruto de autores iluministas que influenciaram as elites cultas e mais susceptíveis de viajar. Por isso, alguns dos que se lançavam na realização da «grand tour», como parte integral da sua formação e educação1, deslocavam-se até Espanha e Portugal em busca de algum exotismo. No século XVIII desenvolve-se uma novo gosto pelo viajar. No passado, a generalidade dos que se deslocavam até outro país faziam-no por necessitar e muito raramente por gosto. Eram comerciantes, militares, diplomatas, eclesiásticos, que se deslocavam em função das actividades económicas ou dos cargos que desempenhavam. Mas, no «Século das Luzes», viajar começava a ser encarado como um acto tanto de enriquecimento pessoal no plano cultural, como de lazer, podendo por vezes acumular ambos os objectivos. Recordemos as deslocações de Voltaire e de Montesquieu a Inglaterra, em que ambos trataram de negócios mas também usufruíram o máximo da cultura inglesa, tão admirada pelos iluministas do Continente. Paralelamente ao gosto de viajar, apurou-se um género literário que alguns autores até consideram ter nascido nessa época, a literatura de viagens, diferente das narrativas ou meras descrições de viagens que são tão antigas como as mais antigas manifestações literárias da Humanidade. No século XVI, fruto da expansão europeia e do optimismo renascentista, esse género conheceu um desenvolvimento notável, como o atesta o nosso Fernão Mendes Pinto e a sua extraordinária Peregrinação. Mas a verdade é que no «Século das Luzes» esse gosto foi reinventado, privilegiando os relatos onde se descreviam viagens a regiões longínquas, nas quais desfilavam povos e civilizações desconhecidos em que o exotismo servia de aliciante, e de que o relato de Marco Pólo podia ser considerado como um arquétipo longínquo, onde se mesclava realidade, utopia e mero labor inventivo. Realidade e ficção, objectividade e mistificação, tudo se fundia em relatos
written by foreign travellers in Portugal, a literature providing a rich travel guide, full of useful information of various kinds, although with a particular type of detail. As a rule, we find there information, descriptions, commentaries and reflections on Portugal and the Portuguese people, with historical notes nearly always acquired from books, as well as on customs, sometimes as a result of personal observation. However, it does not necessarily follow that because it is a foreigner writing about a country he or she is visiting that his or her account will be distant or even neutral. Many travellers who came to the extreme west of Europe, to Portugal and above all to Spain, would have preconceived ideas and their vision was coloured by that. This was more common amongst travellers from England or from other predominantly Protestant northern European countries. In their view, the Iberian Peninsula and the two nations that occupied it, was a region governed by fanatical monarchs, persecuted by the Inquisition and suffering from intolerance and inequality. This image, which focused more on Spain than Portugal, had its beginnings in the 16th century as a reaction to the Spain of King Philip. However, it developed over the centuries that followed, principally as the fruit of Illuminist authors who influenced the cultured elite who were the most likely to travel. For this reason, some of those who embarked on the “grand tour” as a necessary part of their up-bringing and education1 would travel to Spain and Portugal in search of the exotic. In the 18th century, a new taste for travel develops. Previously, most people who travelled to another country had done so out of necessity and very rarely for pleasure. They were traders, soldiers, diplomats, clerics, for whom travelling was a necessary part of their economic activi-
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Planta de Portalegre. Início dos anos 20 (século XX).
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que prendiam os leitores europeus, ávidos de conhecer povos, civilizações, hábitos, paisagens e monumentos que nada tinham a ver com o mundo que os rodeava. O Oriente – China, Índia – continuava, desde a Idade Média, a merecer uma atracção especial, mas outras regiões asiáticas e da África do Norte foram privilegiados. A expedição de Napoleão ao Egipto, em 1798, com as numerosas obras que originou, contribuiu poderosamente para incrementar a popularidade que o gosto pelos temas arabizantes conheceu na Europa oitocentista. Mais tarde, a descoberta do continente africano, com as numerosas viagens de exploração em busca das nascentes do Nilo e do reconhecimento do interior, originou uma literatura abundante e específica. O gosto de viajar em países europeus, longe de possuir a atracção do exotismo das regiões equinociais, proporcionava, ainda assim, contacto com povos, culturas e realidades diferentes. O contraste podia não ser tão radical, mas as diferenças existiam e eram sensíveis. Em Portugal e Espanha o viajante europeu culto encontrava usos e costumes bizarros, paisagens agrestes, povoações primitivamente pitorescas. A literatura de autores estrangeiros que viajaram em Portugal é numerosa, como numerosos são os seus inventários, ponto de partida para qualquer pesquisa, a começar pelo clássico trabalho de Manuel Bernardo Branco Portugal e os Estrangeiros2, a que se seguiu Raymond Foulché-Delbosc3, com a sua pioneira Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal (1896), a excelente antologia de José Garcia Mercadal, Viajes de Extranjeros por España y Portugal, em boa hora recentemente reeditada pela Junta de Castilla y Léon com substanciais ampliações4, Arturo Farinelli5, o catálogo da Livraria Duarte de Sousa6, e as excelentes bibliografias de Carlos García-Romeral Pérez sobre viagens em Portugal e Espanha nos séculos XVI a XIX7. A vinda desses viajantes a Portugal e Espanha também se deveu inicialmente a razões de ordem profissional, e só a partir
ties or of fulfilling their duties. But in the “Age of Enlightenment”, travel began to be considered a means of personal cultural enrichment, as well as a form of relaxation, at times, simultaneously. We may recall Voltaire’s and de Montesquieu’s journeys to England, during which both engaged in business activities, but also took full advantage of their exposure to English culture, which was so prized by Continental Illuminists. Alongside a heightened interest in travel, there was an increase in a type of literature that some authors believe was born at this time. The travel book was very different from the narratives or mere descriptions of journeys which are as old as literature itself. In the 16th century, as a result of European expansion and Renaissance optimism, that genre took a major step forward in its evolution, as evidenced by Portuguese author Fernão Mendes Pinto’s extraordinary Peregrinação. But if truth be told, in the “Age of Enlightenment” the genre was reinvented, favouring accounts of journeys to distant lands populated by unknown civilizations and in which the exotic played an important role. Marco Polo’s travelogue can be considered a very early and supreme example of this style – a mix of reality, utopia and imagination. Real life and fiction, objectivity and mystification, all were present in accounts that captivated European readers, thirsty for knowledge of people, civilizations, customs, landscapes and monuments so different from the world around them. The Orient – China and India – continued to hold a strong attraction since the Middle Ages, but other Asiatic regions, as well as North Africa, were also popular. Napoleon’s expedition to Egypt, in 1798, with the numerous works that it inspired, contributed greatly to the increased popularity of Arab themes in 19th century Europe. Later, the dis-
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do século XVIII surgem também os eruditos, os amantes da arte, os naturalistas. Se consultarmos essas obras referentes às centúrias de Setecentos e de Oitocentos, chegamos à conclusão que os viajantes em Portugal, na sua grande maioria, entravam pelo porto de Lisboa, ou então por terra, frequentemente por Elvas, e os seus destinos eram relativamente limitados: Lisboa, Sintra, Batalha, Alcobaça, Porto, mais raramente Coimbra ou Évora. Faziam excursões aos arredores de Lisboa ou de Setúbal. É o que encontramos nas obras mais representativas da literatura de viagens de autores estrangeiros em Portugal. James Murphy viajou por Entre-Douro-e-Minho, Beira, Estremadura e Alentejo, com uma atenção especial focada no Mosteiro da Batalha que estudou em pormenor. O abastado e singular William Beckford deteve-se longamente na região de Lisboa e Sintra, com uma incursão na Batalha e em Alcobaça. Lord Byron, Hans Christian
covery of the African continent, the numerous journeys of exploration in search of the source of the Nile, and the discovery of the interior, gave rise to an abundance of literature of this type. The taste for travelling to European countries, far from holding the same exotic attraction as the equinoctial regions, nevertheless offered contact with different people, cultures and realities. The contrast may not have been so extreme, but the differences existed and were felt. In Portugal and Spain, the cultured European traveller encountered unfamiliar customs, rural landscapes and picturesque primitive settlements. The list of works written by foreign authors who visited Portugal is long. The starting off point for any research is the classic work by Manuel Bernardo Branco, Portugal e os Estrangeiros2. That should be followed by Raymond Foulché-Delbosc’s3 pioneering Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal (1896), José Garcia Mercadal’s excellent anthology, Viajes de Extranjeros por España y Portugal, fortunately recently republished by the Council of Castilla y Leon, with substantial additions4, Arturo Farinelli5, the Livraria Duarte de Sousa Catalogue6 and Carlos García-Romeral Pérez’ excellent bibliographies on travels in Portugal and Spain between the 16th and 19th centuries7. The coming of those travellers to Portugal and Spain was also due at first to professional requirements, and it was only from the 18th century that the scholars, art lovers and naturalists came. If we consult those works that refer to the 1700’s and 1800’s, we will come to the conclusion that the vast majority of travellers to Portugal entered by the port of Lisbon or by land, frequently via Elvas, and their destinations were relatively limited:
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Andersen, Fielding, com a sua breve e fatal visita, e Robert Southey são outros tantos exemplos que confirmam aquelas preferências geográficas, determinadas, por vezes, pela duração limitada da visita. No plano iconográfico, surgiram algumas obras excepcionais, fixando paisagens e vistas de localidades. Como precursoras destacam-se as pinturas feitas durante a viagem a Portugal de Cosme de Médicis, Grão-Duque da Toscânia, em 1668. Era acompanhado por Lorenzo Magalotti, Filippo Corsini, Vieri di Catiglione e pelo pintor Pier Maria Baldi que fez as belíssimas paisagens que ilustram a descrição desta viagem, e que se guardam na Biblioteca Laurenciana de Florença. Outras obras valiosas pela sua iconografia foram Views of Cintra, de William Hickling Burnett, com 14 gravuras litografadas em Londres em 1836, o célebre Costumes of Portugal (Londres, 1814), onde Enry L’Éveque reúne 50 gravuras a cobre aguareladas com cenas e tipos, quase todos de Lisboa. E George Vivian, com Scenary of Portugal and Spain (Londres, 1839), com 39 gravuras coloridas com uma amplitude geográfica que vai de Lisboa a Guimarães, Sintra, Santarém, Setúbal, Leiria, Coimbra, Porto, Torres Vedras, Vila do Conde, Braga e Ponte de Lima. No caso da Madeira, destacam-se Thomas Edward Bowdich, John Dix, John Driver, Edward Vernon Harcourt, James Holmen, James Macaulay, Robert Steel e W. S. Pitt Sringett, com Recollections of Madeira (Londres, 1843). No século XIX, as campanhas militares que decorreram em Portugal trouxeram até nós diversos estrangeiros que escreveram livros, normalmente com uma forte componente militar. Foi o que sucedeu durante a Guerra Peninsular, com numerosos oficiais franceses e ingleses que nas suas memórias se referem ao nosso país. Veja-se, pela qualidade das ilustrações, Thomas Saint Clair, A Serie of Views of the principal Ocurrences on the Campaigns in Spain and Portugal (Londres, 1815), G. Cumberland, Views in
Lisbon, Sintra, Batalha, Alcobaça and Porto, and more rarely, Coimbra and Évora. They would make excursions to the surrounding areas of Lisbon and Setubal. This is what we find in the more representative works of travel literature by foreign authors in Portugal. James Murphy travelled through the Douro and Minho, Beira, Estremadura and the Alentejo, paying special attention to the Batalha Monastery, which he studied in detail. The wealthy and eccentric William Beckford stayed a long time in the region of Lisbon and Sintra, with a visit to Batalha and Alcobaça. Lord Byron, Hans Christian Andersen, Fielding, with his short and fatal visit, and Robert Southey are a few more examples that confirm that geographical preference, sometimes determined by the limited length of their stay. With regard to illustration, there have been some exceptional works, depicting landscapes and views of various localities. An early and outstanding example of these is the collection of paintings done when Cosme de Medicis, Grand-Duke of Tuscany, visited Portugal in 1668. He was accompanied by Lorenzo Magalotti, Filippo Corsini, Vieri di Catiglione and by the painter Pier Maria Baldi who painted the beautiful landscapes illustrating the descriptions of their journey. This work is kept at the Laurentian Library in Florence. Other works noted for their illustrations are Views of Cintra, by William Hickling Burnett, with 14 engravings done in London, in 1836, the famous Costumes of Portugal (London, 1814), in which Enry L’Éveque assembles 50 water coloured copper engravings mostly of Lisbon scenes and people. And George Vivian’s Scenery of Portugal and Spain (London, 1839), with 39 coloured engravings covering a wide geographic area including Lisbon, Guimarães, Sintra, Santarém, Setúbal, Leiria, Coimbra, Porto, Torres Vedras, Vila do Conde, Braga and
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Spain and Portugal taking during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington (Londres, 1829), Campaigns of Field-Marshal, The Duke of Wellington (Paris, 18..) e, naturalmente, o clássico Sketches of the Country, Character and Costume of Portugal (Londres, 1809), de William Bradford, com dezenas de belas águas tintas. Durante as Guerras Liberais também surgiram várias obras de militares estrangeiros ao serviço de D. Miguel e de D. Pedro, como Charles Napier, Charles Show, Thomas Knigth, John Dixon, Peter Mins, Hugh Owen, no campo liberal, e do Barão de Saint-Pardoux, no campo absolutista. Essas obras têm um interesse desigual, e nem sempre encontramos nelas os pormenores e as informações que gostaríamos de encontrar. Muitos viajantes deslocavam-se com rapidez, rumo a destinos que mais os interessavam, omitindo ou raramente referindo as regiões de passagem. Podemos pois afirmar que é numerosa a literatura de viagens de estrangeiros que vieram a Portugal ao longo dos séculos pelas mais diversas razões. Quando comparados com outras regiões ou localidades que eram os grandes destinos – Lisboa, Porto, Sintra, Madeira, Batalha... – são escassos os relatos de viajantes estrangeiros que referem Portalegre e mesmo assim alguns são duvidosos. É o que sucede com Willem van der Burge, que terá viajado pela Península Ibérica em 1704, e que fala em Portalegre8, mas cujo texto parece ser a tradução de um relato mais antigo, anónimo, de inícios do século anterior. O conde Johann Centurius von Hoffmansegg, naturalista alemão que acompanhou Heirich Friedrih Link9 na sua viagem a Portugal, esteve em Portalegre e a descrição dessa e de outras andanças por Portugal foram descritas por Link10. Só na centúria de Oitocentos surgiram mais algumas referências, como sucedeu com o ministro anglicano William Morgan Kinsey, professor no Trinity College da Universidade de Oxford11, e de alguns militares ingleses que aqui estiveram 17
Ponte de Lima. In the case of Madeira, Thomas Edward Bowdich, John Dix, John Driver, Edward Vernon Harcourt, James Holmen, James Macaulay, Robert Steele and W. S. Pitt Springett, with Recollections from Madeira (London, 1843), all stand out. In the 19th century, the military campaigns which occurred in Portugal brought to our shores various foreigners who wrote books, usually with a strong military content. This was the case during the Peninsular War, with many French and English officers referring to our country in their journals. Witness the quality of the illustrations: Thomas Saint Clair, A Series of Views of the principal Occurrences in the Campaigns in Spain and Portugal (London, 1815), G. Cumberland, Views in Spain and Portugal taken during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington (London, 1829), Campaigns of Field-Marshal, The Duke of Wellington (Paris, 18..) and, of course, the classic Sketches of the Country, Character and Costume, in Portugal and Spain (London, 1809), by William Bradford, with dozens of beautiful water colours. During the Portuguese Civil War (1828-1834) several works also emerged, written by foreign soldiers in the service of D. Miguel and D. Pedro, such as Charles Napier, Charles Snow, Thomas Knight, John Dixon, Peter Minns, Hugh Owen, on the Liberal side, and Baron de SaintPardoux, on the Absolutist side. These works are of uneven value and we do not always find in them the detail and information we are looking for. Many travellers moved quickly, on their way to destinations that interested them, omitting, or rarely mentioning, the regions they passed on their journey. We can therefore confirm that there is much travel literature written by foreigners who, for various rea-
Sé de Portalegre Desenho de J. Larcher. Litografia de 1840.
durante a Guerra Peninsular. Edward Costello12 fez algumas rápidas alusões; Joseph Moyle Sherer compôs uma bela descrição da cidade e da sua localização, descrevendo uma cerimónia religiosa na Sé e uma procissão13; o capitão J. Kinkaid esteve em Portalegre em Abril de 1812 e refere o cenário romântico, a simpatia e a hospitalidade dos seus habitantes e os serões em Santa Clara, ao som do órgão e com os doces ali produzidos, apesar de os visitantes estarem separados pelas barras de ferro que resguardavam as monjas14. Outras breves alusões a Portalegre encontramo-las no tenente-coronel Jonathan Leach15, em Charles Boutflower16, em Francis Seymour Larpent17. Tardio, mas extremamente interessante, é o livro The Hills of Alen-
sons, visited Portugal over the centuries. In contrast with the major destinations, such as Lisbon, Porto, Sintra, Madeira Island and Batalha, very few journals refer to Portalegre, and of those some are suspect. A case in point, a journal written by Willem van der Burge, who is supposed to have travelled to the Iberian Peninsula in 1704, mentions Portalegre8, but the text appears to be a translation of an older anonymous account dating from the previous century. Count Johann Centurius von Hoffmansegg, a German naturalist, was accompanied by Heinrich Friedrich Link9 on his voyage to Portugal, which included Portalegre, and a description of that
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tejo, de Huldine V. Beamish, que viveu muitos anos na Quinta da Relva, na Serra de Portalegre, depois da II Guerra Mundial18. No plano iconográfico, apenas há a salientar G. Cumberland Jr., com Views in Spain and Portugal taking during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington (Londres, William Nicol., 1829). Das 19 gravuras, três são de Elvas e uma de Portalegre, abrangendo a Corredoura, com o mosteiro de São Bernardo ao longe, a igreja do Calvário e parte do edifício da Fábrica Real. Numa época em que o interesse dos turistas e estrangeiros se dirigia para locais muito concretos e os nacionais procuravam termas, praias e estâncias de montanha, poucos motivos justificariam uma viagem até Portalegre. Veja-se o clássico e muito popular guia publicado em meados do século XIX pela prestigiada editora de John Murray, que produziu roteiros de viagens para os quatro cantos do mundo, e que também elaborou um sobre Portugal. Ao referir Portalegre na rota 6, Lisboa, Crato, Portalegre, Arronches e Campo Maior, dedica a Portalegre uma dúzia de linhas onde refere a Sé, a Serra quase selvagem, o edifício da Câmara Municipal e o Paço Episcopal, terminando por recomendar: «but no traveller can be recomended to extend his excursion hither unless induced to do so by some particular object»19. Não obstante, a cidade encontrava-se relativamente próximo de alguns locais que mobilizavam viajantes. Elvas, desde logo. Como vimos, os estrangeiros que vinham até Portugal chegavam na sua grande maioria pelo porto de Lisboa, mas os que vinham por terra entravam a partir de Espanha pela fronteira do Caia. Ao longo dos séculos, Elvas foi uma das principais rotas de entrada e de saída de Portugal. Por esse facto, são abundantes os textos que referem Elvas na literatura de viagens. 19
visit and visits to other places in Portugal were written by Link10. It is only in the 1800’s that a few more references appear, such as with the Anglican minister, William Morgan Kinsey, professor at Trinity College, Oxford11, and with some English soldiers who were here during the Peninsular War. Edward Costello12 refers briefly to Portalegre; Joseph Moyle Sherer wrote a beautiful description of the town and its surroundings, describing a religious ceremony in the See and a precession13; Captain J. Kinkaid visited Portalegre in April 1812 and refers to the romantic scenery and to the pleasantness and hospitality of its inhabitants, and to the soirées in Santa Clara, with organ accompaniment and locally produced sweets, in spite of the visitors being separated from the nuns by iron railings14. Other brief references to Portalegre can be found in Lieutenant-Colonel Jonathan Leach15, Charles Boutflower16 and Francis Seymour Larpent17. Much more recent, but extremely interesting, is the book The Hills of Alentejo, by Huldine V. Beamish, who lived for many years in the Quinta da Relva, in the Portalegre Mountains, after World War II18. Regarding illustration, there is only G. Cumberland Jr., with Views in Spain and Portugal taken during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington (London, William Nicol., 1829). Of the 19 engravings, three are of Elvas and one is of Portalegre, of the Corredoura Garden, featuring the Calvário Church and part of the Fábrica Real building, with the São Bernardo Monastery in the background. At a time when tourists and foreigners focused on particular destinations and nationals looked for hot springs, beaches and mountain resorts, there was little to attract people to Portalegre. One has only to look at the classic and very popular guide published in the middle
Portalegre, The Winter Quarters of General Hill with the 2nd Division of the Army in Views in Spain and Portugal taken during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington. Gravura de G. Cumberland Jr. Londres, William Nicol., 1829.
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Sendo uma praça militar de grande importância, com uma guarnição numerosa mesmo no início do século XX, esse facto impunha uma permanência e frequência de numerosos militares. Para além de Elvas, assinalavam-se dois outros pontos de atracção nesta região, as estâncias termais de Cabeço de Vide e da Fadagosa de Marvão. Os banhos de Cabeço de Vide, conhecidos desde a época romana e com uma vasta bibliografia a partir de 1820, começou a funcionar como estabelecimento hidrológico em 1826 e ganhou um novo incremento em 1855 com a edificação de um balneário, no mesmo ano em que foi extinto o concelho e Cabeço de Vide passou a freguesia anexada a Alter do Chão. Em 1896, a empresa arrendatária rescindiu o contrato, passando o estabelecimento a ser administrado pela Câmara Municipal de Alter do Chão. Seguiu-se um período de decadência, ampliado pelo descontentamento dos cabeço-videnses
of the 19th century by the prestigious publishing house John Murray, which produced travel guides for the four corners of the Earth, and which produced one for Portugal. When it refers to Portalegre, in its Route 6 (Lisbon, Crato, Portalegre, Arronches and Campo Maior), it dedicates a dozen lines to it, in which it refers to the See, the “almost wild” mountains, the Town Hall, the Bishop’s Palace, and finishes with the advice “but no traveller can be recommended to extend his excursion hither unless induced to do so by some particular object”19. Notwithstanding, the town was relatively near some locations that attracted travellers. For instance, Elvas. As we have seen, most foreigners who came to Portugal entered via the port of Lisbon, and those who came overland from Spain crossed the border at Caia. Over the centuries, Elvas was one of the principal entry and exit routes to and from Portugal. For this reason, there are many references to Elvas in travel literature. Being an important military post, with a large garrison, even at the beginning of the 20th century, it had a large permanent and temporary military population. In addition to Elvas, two other attractions were recommended in this region: the hot springs at Cabeço de Vide and at Fadagosa de Marvão. The baths at Cabeço de Vide, known in the Roman era and with a vast bibliography dating back to 1820, began its life as a spa in 1826 and received a boost in 1855 with the building of the baths. That same year, the Town Council was abolished and Cabeço de Vide became a parish attached to Alter do Chão. In 1896, the company that was renting the facility cancelled its contract and the management of the spa became the responsibility of the Town Council of Alter do Chão. There followed a period of decadency, made worse by the discontent of the
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pela sua inclusão no concelho vizinho, numa disputa por vezes amarga que só foi sanada em 1932, com a desanexação de Alter do Chão e a passagem para o concelho de Fronteira, e, no ano seguinte, com a concessão da exploração das águas à Junta de Freguesia de Cabeço de Vide. Em 1906, o estabelecimento, que abria ao público entre 1 de Maio e 31 de Outubro de cada ano, era considerado modesto, primando «porém pelo asseio e pela boa disposição das excelentes instalações»20. A verdade é que as termas devem ter vivido um momento difícil nos primeiros anos do século XX. E é essa a razão pela qual nem aparecem referidas no livro Águas e Termas Portuguesas, publicado em 1918 pela Sociedade de Propaganda de Portugal, no qual são referidas simples nascentes da região, como as águas da Fonte das Rosas, na herdade de Fonte Paredes entre Avis e Ervedal, as nascentes de águas férreas nas margens da Ribeira Grande e da Ribeira de Seda, em especial a da cerca do Convento de São Bento de Avis, a nascente de água sulfurosa no Monte da Pedra e, finalmente, as águas minero-medicinais de Castelo de Vide, da Fonte da Mealhada21.
citizens of Cabeço de Vide over their inclusion in the neighbouring council. This often bitter dispute was resolved only in 1932, with the de-annexation from Alter do Chão and the transfer to the Council of Fronteira, followed one year later by the concession to the Parish of Cabeço de Vide for the commercial development of the hot springs. In 1906, the facility, which was open yearly to the public from the 1st of May to the 31st of October, was considered modest but worthwhile “because of its cleanliness and the good condition of its excellent installations”20. The truth of the matter is that the hot springs must have gone through a difficult period in the first years of the 20th century. This is the reason why they are not even mentioned in the book Águas e Termas Portuguesas, published in 1918 by the Sociedade de Propaganda de Portugal, in which are listed ordinary springs in the region such as Fonte das Rosas, on the Fonte Paredes property, between Avis and Ervedal, the ferrous springs on the banks of the Ribeira Grande and the Ribeira de Seda, and especially in the area surrounding the São Bento de Avis Convent, the sulphurous spring at Monte da Pedra and, lastly, the medicinal mineral waters of Castelo de Vide, at the Mealhada Fountain21. The most important spa in that period was Fadagosa de Marvão. Located 7.5 miles from the town, near the River Sever, the spring had been known since 1780, when a fountain arch was built. In 1885, António de Matos Magalhães became its owner. In August of the following year, the building of the first structures was completed. The thermal spa season began on the 1st of July and ended on the 30th of September, with an average of 500 visitors per year, mostly from Spain. In 1906 the Hotel das Termas opened. The closeness of the railway contributed to its popularity22.
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Brochura e postais de publicidade Ă s Termas da Fadagosa (MarvĂŁo).
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A estância mais importante nessa época era a Fadagosa de Marvão. Situada a 12 quilómetros da vila, próximo do rio Sever, o conhecimento dessas águas remontava a 1780, quando foi construída uma arca da fonte. Em 1885, esta foi adquirida por António de Matos Magalhães. Logo em Agosto do ano seguinte ficaram concluídas as primeiras edificações. A época termal começava em 1 de Julho e ia até 30 de Setembro, com uma média de 500 utentes, na maior parte espanhóis. Em 1906 foi inaugurado o Hotel das Termas. A proximidade do caminho-de-ferro facilitava a sua frequência22. Não era fácil a Portalegre beneficiar da proximidade desses pequenos pólos de atracção, até porque as vias de comunicação eram escassas. Distâncias que hoje parecem exíguas, possuíam naquele época dificuldades acrescidas. A cidade teria que procurar outras formas de atrair visitantes nesse dealbar do século XX e nas décadas seguintes. Este livro procura dar uma panorâmica do turismo em Portalegre até à década de 70, pouco antes da fundação da Comissão Regional de Turismo de S. Mamede.
It was not easy for Portalegre to benefit from its closeness to these small centres of interest, especially since roads and public transport were limited. Distances which today seem small, in those days presented serious difficulties. The town needed to find other ways to attract visitors in those early years of the 20th century and in the decades that followed. This book will offer a panoramic view of tourism in Portalegre until the 1970’s, shortly before the creation of the Saint Mamede Regional Commission of Tourism [Comissão Regional de Turismo de S. Mamede].
Notes
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We will not take time with conceptual and historical introductions to tourism, there being excellent books available on the subject. For example, Sérgio Palma Brito, Notas sobre a Evolução do Viajar e a Formação do Turismo, Lisboa, Medialivros, 2003.
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Manuel Bernardes Branco, Portugal e os Estrangeiros, Lisboa, A M Pereira, 1879, 2 volumes; Lisboa, Imprensa Nacional, 1893 – 1894 – 1895, 3 volumes.
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notas
Foulché-Delbosc, Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal, Madrid, Julio Olero Editor, 1991, facsimile reprint of the 1st edition, with an introduction by Ramón Alba, first published in Revue
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Não vamos perder tempo com introduções conceptuais e históricas sobre o turismo, havendo excelentes obras disponíveis para tal. Veja-se, por exemplo: Sérgio Palma Brito, Notas sobre a Evolução do Viajar e a Formação do Turismo, Lisboa, Medialivros, 2003. Manuel Bernardes Branco, Portugal e os Estrangeiros, Lisboa, A M Pereira, 1879, 2 volumes; Lisboa, Imprensa Nacional, 1893 – 1894 – 1895, 3 volumes. Foulché-Delbosc, Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal, Madrid, Julio Olero Editor, 1991, reimpressão fac-similada da primeira edição, com uma introdução de Ramón Alba. Publicado pela primeira vez na Revue Hispanic em 1894, e autonomamente em 1896, por W. Walter. J. Garcia Mercadal, Viajes de extranjeros por España y Portugal, Junta de Castilla y Léon, Consejeria de Educación y Cultura, 1999, 6 volumes. Arturo Farinelli, Apuntes sobre viajes y viajeros por España y Portugal, Oviedo, Separata da Revista crítica de Historia y Literatura españolas, portuguesas e hispanoamericanas, Abril – Setembro de 1898; Mas apuntes y divagaciones bibliográficas sobre viajes y viajeros por España y Portugal, Madrid, Tipografía de la Revista de Archivos,
Hispanic in 1894, and in 1896, by W. Walter. 4
J. Garcia Mercadal, Viajes de extranjeros por España y Portugal, Junta de Castilla y Léon, Consejeria de Educación y Cultura, 1999, 6 volumes.
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Arturo Farinelli, Apuntes sobre viajes y viajeros por España y Portugal, Oviedo, Separata de la Revista crítica de Historia y Literatura españolas, portuguesas y hispano-americanas, April – September 1898; Mas apuntes y divagaciones bibliográficas sobre viajes y viajeros por España y Portugal, Madrid, Tipografía de la Revista de Archivos, Bibliotecas y Museos, 1903; Viajes por España y Portugal desde la edad media hasta el siglo XX: nuevas y antiguas divagaciones bibliográficas, 4 volumes, Rome, Reale Accademia d’Italia, 1942-1979.
6
Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XIX e XX, Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, 1972; Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XV a XVIII, Lisbon, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, 1974.
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Bibliotecas y Museos, 1903; Viajes por España y Portugal desde la edad media hasta el siglo XX: nuevas y antiguas divagaciones bibliográficas, 4 volumes, Roma, Reale Accademia d’Italia, 1942-1979. Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XIX e XX, Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, 1972; Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XV a XVIII, Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, 1974. Carlos García-Romeral Pérez, Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglos XV – XVI – XVII), Madrid, Olero & Ramos Editores, 2001; Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglo XVIII), Madrid, Olero & Ramos Editores, 2000; Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglo XIX), Madrid, Olero & Ramos Editores, 1999. Nieuve Historische en Geographische Reisbeschryvinge van Spanjen en Portugal. Alles in verscheide Brieven beschreven, Gravenhage, Engelbrecht Boucqet, 1705, 2 volumes. O segundo é sobre Portugal. Link publicou o relato da sua viagem a Portugal: Bemerkungen auf einer Reise durch Frankreich, Spanien und vorzüglich Portugal (Kiel, 1801-1804, 3 volumes), e Travels in Portugal and through France and Spain, with a dissertation on the Literature of Portugal and Spanish languages (Londres, 1801, 1 volume), numa tradução de John Hinckley. Dois anos depois surgia a tradução francesa: Voyage en Portugal fait depuis 1797 jusq’en 1799, suivi d’un essai sur le Commerce du Portugal, Paris, 1803, 2 volumes. Voyage en Portugal par Mr. Le Comte de Hoffmansegg , Paris, Lavrault, Schoell et Cie, 1805, pp. 243, 295 e 300. Portugal illustrated in a series of letters, Londres, Treuttel, Würtz and Richter, 1828, p. 307. Edward Costello, Adventures of a Soldier written by himself, Londres, Colburn and Co, Publishers, 1852, pp. 86 a 88. Recollections of the Peninsula, Londres, Longman, Hurst, Rees, Orme, Brown and Green, 1824, pp idem, pp. 64 e 65. J. Kinkaid, Adventures in the Rifle Brigade in the Peninsula, France and the Nederland’s from 1809 to 1815, Londres, T. and W. Boone, Stand, 1830, p. 143 e 144. J. Leach, Rough Sketches of the Life of an Old Soldier, Londres, Longman, Rees, Orme, Brown and Green, 1831, pp. 5, 87, 102, 113 e 221. The Journal of an Army Surgeon during the Peninsular War, Manchester, Refuge Printing Dept., 1912, p. 131. The Private Journal of F. S. Larpent, Esq., Judge Advocate General of the British Forces in The Peninsula, Londres, Richard Bentley, 1853, Volume I, p. 155. Huldine V. Beamish, The Hills of Alentejo, Londres, Geoffrey Bles, 1958. A Handbook for Travellers in Portugal with a travelling Map, Londres, John Murray, 1856, 2.ª edição, p. 51. Inácio Caetano Xavier, As Águas Medicinais de Cabeço de Vide (Portugal), Portalegre, Tipografia Minerva Central, 1906, p. 20. Águas e Termas Portuguesas. Indicações para uso de banhistas e Turistas, Lisboa, Sociedade Propaganda de Portugal, Tipografia Universal, Lisboa, pp. 75 a 77. Marvão. A Estação Termal da Fadagosa. Época Balnear de 1911, Lisboa, Centro Tip. Colonial, 1912.
Carlos García-Romeral Pérez, Bio-Bibliografia de Viajeros por España
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y Portugal (Siglos XV – XVI – XVII), Madrid, Olero & Ramos Editores, 2001; Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglo XVIII), Madrid, Olero & Ramos Editores, 2000; Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglo XIX), Madrid, Olero & Ramos Editores, 1999.
Nieuve Historische en Geographische Reisbeschryvinge van Span-
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jen en Portugal. Alles in verscheide Brieven beschreven, Gravenhage, Engelbrecht Boucqet, 1705, 2 volumes. The second is on Portugal.
Link published the journal of his voyage to Portugal: Bemerkungen auf
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einer Reise durch Frankreich, Spanien und vorzüglich Portugal (Kiel, 1801-1804, 3 volumes), and Travels in Portugal and through France and Spain, with a dissertation on the Literature of Portugal and Spanish languages (London, 1801, 1 volume), in a translation by John Hinckley. Two years later, it was followed by the French translation: Voyage en Portugal fait depuis 1797 jusq’en 1799, suivi d’un essai sur le Commerce du Portugal, Paris, 1803, 2 volumes.
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Voyage en Portugal par Mr. Le Comte de Hoffmansegg , Paris, Lavrault, Schoell et Cie, 1805, pp. 243, 295 and 300.
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Portugal illustrated in a series of letters, London, Treuttel, Würtz and Richter, 1828, p. 307.
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Edward Costello, Adventures of a Soldier written by himself, London, Colburn and Co, Publishers, 1852, pp. 86 to 88.
13
Recollections of the Peninsula, London, Lomgamn, Hurst, Rees, Orme, Brown and Gree, 1824, pp. idem, pp. 64 and 65.
14
J. Kinkaid, Adventures in the Rifle Brigade in the Peninsula, France and the Nederland’s from 1809 to 1815, London, T. and W. Boone, Stand, 1830, pp. 143 and 144.
15
J. Leach, Rough Sketches of the Life of an Old Soldier, London, Longman, Rees, Orme, Brown and Green, 1831, pp. 5, 87, 102, 113 and 221.
16
The Journal of an Army Surgeon during the Peninsular War, Manchester, Refuge Printing Dept., 1912, p. 131.
17
The Private Journal of F. S. Larpent, Esq., Judge Advocate General of the British Forces in The Peninsula, London, Richard Bentley, 1853, Volume I, p. 155.
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19
Huldine V. Beamish, The Hills of Alentejo, London, Georffrey Bles, 1958. A Handbook for Travellers in Portugal with a travelling Map, London, John Murray, 1856, 2nd edition, p. 51.
20
Inácio Caetano Xavier, As Águas Medicinais de Cabeço de Vide (Portugal), Portalegre, Tipografia Minerva Central, 1906, p. 20.
21
Águas e Termas Portuguesas. Indicações para uso de banhistas e Turistas, Lisbon, Sociedade Propaganda de Portugal, Tipografia Universal, Lisboa, pp. 75-77.
22
Marvão. A Estação Termal da Fadagosa. Época Balnear de 1911, Lisboa, Centro Tip. Colonial, 1912.
Portalegre no início do século XX Portalegre at the beginning of the 20th century
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 26-37, ISSN 1646-7116
Almanaque bijou, de publicidade à Farmácia Lopes.
Como era Portalegre no despontar do século XX? O concelho de Portalegre pouco diferia, na passagem do século XIX para o século XX, da grande maioria dos concelhos da província, com a excepção de incluir uma cidade – pequena cidade – igualmente capital de distrito, que teve uma expansão considerável a partir de 1860. Tinha então 6 433 habitantes, número que passou para 7 039 em 1878, 10 538 em 1890 e 18 500 em 1900, segundo os respectivos censos. As duas freguesias urbanas, Sé e S. Lourenço, contavam com 9 303 habitantes, o que traduz um decréscimo por razões que não conseguimos ainda apurar com clareza, mas que se estriba, segundo cremos, na crise que a partir de 1891 afectou a indústria e o comércio locais. Outro elemento que ressalta é um certo equilíbrio entre a população citadina e a rural. A urbe encontrava-se – tal como ainda hoje, se bem que com dimensões diferentes – rodeada por povoações, lugarejos e montes onde predominava a pequena propriedade rural e a agricultura de subsistência. O casario espraiara-se, a partir do século XVII, para fora da cerca medieval da cidade. A história do desenvolvimento urbanístico da cidade está por fazer, mas reconhece-se que se expandiu para Este, pelo arrabalde de S. Francisco e Corro, lugar de lide, a partir da Porta de Alegrete, e para Norte, em direcção ao Rossio do Espírito Santo. Essa progressão para Norte efectuara-se segundo duas linhas rectas, uma partindo da Porta da Deveza, fronteira ao Rossio, outra tomando como referência a Mouraria, extramuros. Pelas ruelas medievais e pelas novas que se foram construindo, frente à Fábrica Robinson, disseminava-se um ainda numeroso conjunto de artesãos, alfaiates, sapateiros, carpinteiros, chocalheiros, cesteiros, cuja tradição se perdia na distância dos séculos e que deram nome a diversas ruas – dos Canastreiros, Sapateiros, Chocalheiros – e os operários – corticeiros, na sua maioria, mas também alvanéus, padeiros e tecelões – que conferiam à cidade um cunho marcadamente industrial. Pela Rua da Cadeia (actual do Comércio), Pracinha, Rossio, Rua do Mercado e Rua dos Canastreiros 27
What was Portalegre like at the beginning of the 20th century? At the turn of the century, the council of Portalegre was not very different from most of the councils in the province, with the exception that it included a town, albeit a small town, which was also the capital of the district, and that it had undergone considerable expansion since 1860. At that time, it had 6,433 inhabitants, increasing to 7,039 in 1878, 10,538 in 1890 and 18,500 in 1900, according to the censuses. In 1900 the two urban parishes – Sé and S. Lourenço – had 9,303 inhabitants, which indicates a decrease in population, the reasons for which are still
(que resistiu até hoje a várias mudanças de nome, desde “Infante D. Manuel” a “31 de Janeiro”), surgiam estabelecimentos comerciais de diversos ramos, tabernas, mercearias, salsicharias, lojas de tecidos, tabacarias e cafés. Existia uma certa vida mundana e boémia em redor daqueles últimos, com realce para a Tabacaria Estrela, onde pontificava o caricaturista Eleutério Alvarrão, ou para a loja de Frederico Porto, em ambos os casos sedes de tertúlias informais. Novos bairros foram erguidos nos finais do século XIX. Um deles, iniciativa de dois operários – Joaquim Dias Ferreira e Bernardino José Rainho – começou a ser construído em 3 de Abril de 1895 e ainda hoje conserva os nomes dos seus fundadores que já ninguém recorda: «Ferreira e Rainho». O segundo, empreendimento individual do comerciante Joaquim Lopes Pires, comerciante, prestamista e proprietário da loja «O Novo Mundo», popularmente conhecido como «Joaquim da Bola», começou a ser construído em 3 Janeiro de 1898 e foi concluído em 1900. O abastecimento de água foi melhorado com a construção de uma canalização desde os Maguetos, aprovada pela Câmara Municipal em 1894 e feita sob projecto do engenheiro Filipe Canavarro. As obras decorreram entre 1895 e 1896, importaram em 9 505$000 réis, chegando a água à cidade a 1 de Maio de 1897. A iluminação pública, iniciada em 1855 com azeite e melhorada dez anos depois com petróleo, passou em 1901 a utilizar a energia eléctrica. Por outro lado, o desenvolvimento da cidade foi acompanhado pela instalação de novos serviços: delegações da Caixa Económica Portuguesa (Dezembro de 1887) e do Banco de Portugal (1 de Joaquim Lopes Pires.
unclear. However, we believe it had its roots in the crisis which from 1891 onwards began to affect the local industry and commerce. Another element which comes to mind is a certain equilibrium between urban and rural population. The town was surrounded, as it is today (although to a different degree), by small villages, homesteads and hills in which small holdings and subsistence agriculture predominated. From the 17th century onwards, homes spread beyond the medieval town walls. The history of the urban development of the town is yet to be written, but it is known that the town grew in an easterly direction from the Alegrete Gate towards the S. Francisco and Corro suburbs, and in a northerly direction towards Rossio de Espirito Santo. Progress towards the north followed two separate straight line paths, the first from the Deveza Gate, bordering on Rossio, and the second outwards from Mouraria. Along the narrow medieval streets and along the new ones that were being built, opposite the Robinson Factory, a large number of craftspeople set up shop – tailors, shoemakers, carpenters, bell makers and basket makers. Although these crafts slowly disappeared over the centuries they gave their names to the streets they once occupied – Canastreiros (Basket makers), Sapateiros (Shoemakers), Chocalheiros (Bell makers)... And there were the workmen – mostly cork workers, but also masons, bakers and weavers who gave the town an industrial quality. On Rua da Cadeia (i.e. Cadeia Street, now called Rua do Comércio, i.e. Commerce Street), Pracinha, Rossio, Rua do Mercado (Market Street) and Rua dos Canasteiros (which has so far resisted various name changes, including Infante D. Manuel and 31 de Janeiro), commercial establishments of various kinds opened – taverns, grocers, sausage
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Abril de 1891). A primeira contava em 1901 com 472 depositantes com um total de 124 247$297 réis. Em Maio de 1898, o Banco de Portugal instalou-se numa casa própria, comprada por 5 000 000$000 réis. Em 1900 foram tomadas 1305 letras no valor de 337 908$592 réis sobre o país, e 131 983$550 sobre o estrangeiro. Os lucros da agência de Portalegre foram de 10 934$804 réis. O associativismo desenvolvera-se na segunda metade do século XIX. Vejamos a situação em 1901. A Cooperativa Operária Portalegrense, fundada em 1898, tinha um movimento de 12 390$000 réis de consumo e 14 480$000 réis de compras, com 312 associados. O Montepio Operário Artístico Portalegrense, fundado em 1888, tinha 399 sócios, com 6 604$700 réis de capital e 1 400$000 de rendimento. O Montepio Fraternidade, fundado em 1855, tinha 240 sócios, com 6 000$000 réis de capital e 1 100$000 de rendimento. O Montepio Euterpe, fundado em 1866 pela Sociedade Filarmónica Euterpe, tinha 127 sócios, com 2 900$000 réis de capital e 400$000 de rendimento. O Hospital da Misericórdia tinha um rendimento de 5 885$320 réis. O Asilo da Infância Desvalida, fundado em 1863, tinha um fundo nominal próprio de 14 000$000 réis e sustentava 30 crianças do sexo feminino. As Confrarias do Santíssimo Sacramento das Freguesias da Sé e de São Lourenço e as do Bonfim e do Senhor dos Aflitos tinham um capital nominal de 14 000$000 réis. Era, porém, a indústria que caracterizava a vida portalegrense nos finais de oitocentos. Os outrora florescentes lanifícios, com momentos de glória a partir do último quartel do século XVIII, entraram em decadência. As duas principais empresas faliram em 1868 e encerraram as suas portas, com o consequente desemprego para cinco centenas de operários. O golpe de misericórdia naquela indústria será desferido em 1896 com a falência da Companhia da Fábrica de Lanifícios de Portalegre, constituída em 1889 no Porto com capitais nortenhos – onde avultavam os do Banco União – e de cuja administração fazia parte o polémico António José Duro, 29
shops, fabric shops, tobacconists and cafés. There was a kind of mundane bohemian life surrounding the latter, especially the Tabacaria Estrela, a favourite haunt of the caricaturist Eleutério Alvarrão, or Frederico Porto’s shop, both of which were sites for frequent intellectual discussions. New districts were built in the 19th century. One of them, the initiative of two workmen – Joaquim Dias Ferreira and Bernardino José Rainho – started to be built on the 3rd of April, 1895, and still retains the names of its founders, whom no-one remembers any more: “Ferreira e Rainho”. The second, a one-man project of Joaquim Lopes Pires, nick named “Joaquim da Bola”, businessman, money lender, owner of the “O Novo Mundo” shop, started to be built on the 3rd of January, 1898 and was completed in 1900. The municipal water supply was improved with the construction of a pipe system from Maguetos, approved by the Town Hall in 1894 and built under the supervision of Engineer Filipe Canavarro. The works took place from 1895 to 1896, cost 9,505$000 réis and the water started to flow on the 1st of May, 1897. Street lighting was installed in 1855. At first it used olive oil and 10 years later it was changed to petroleum. In 1901, it was converted to electricity. On the other hand, the development of the town was accompanied by the introduction of new services: branches of the Caixa Económica Portuguesa (December 1887) and of the Banco de Portugal [Bank of Portugal] (1st of April 1891). The first of these had 472 depositors in 1901, with a deposit total of 124,247$297 réis. In May of 1898, the Bank of Portugal moved to its own building, which it bought for 5,000,000$000 réis. In 1900, 1305 loans were made – 337,908$592 réis nationally and 131,983$550 abroad. The profits for the Portale-
pai do poeta José Duro. Desse conjunto de empresas emergia a fábrica de preparação de cortiça do inglês George Robinson, fundada em meados do século XIX, e que assumiu, no último quartel de Oitocentos, o papel de principal entidade empregadora. Os inquéritos industriais não nos transmitem a imagem fiel das diversas actividades industriais e artesanais da cidade. O de 1881, por exemplo, é muitíssimo incompleto, incluindo apenas elementos sobre quatro empresas com o respectivo pessoal operário, ficando de fora as mais importantes, cujos proprietários se recusaram a responder. A 20 de Março de 1880, todas as fábricas de Portalegre dirigiram uma representação à Câmara dos Deputados protestando contra o novo imposto sobre a renda, assinado por George Robinson, Honório Fiel de Lima, e pelos gerentes das «fábricas de lanifícios e curtumes» José António Duro, Ramiro Marçal & C.ª , Manuel de Jesus Costa, Genoveva Amélia Cerejo e Costa & Irmão1. Este documento inclui um quadro com o número de trabalhadores de todas as fábricas da cidade que mostra a importância relativa de cada uma delas:
gre branch were 10,934$804 réis. The labour movement developed in the second half of the 19th century. Let us examine the situation in 1901. The Cooperativa Operária Portalegrense, founded in 1898, recorded 12,390$000 réis in expenses and 14,480$000 réis in purchases and had 312 members. The Montepio Operário Artístico Portalegrense, founded in 1888, had 399 members, 6,604$700 réis in capital and 1,400$000 in revenue. The Montepio Fraternidade, founded in 1855, had 240 members, 6,000$000 réis in capital and 1,100$000 in revenue. The Montepio Euterpe, founded in 1866 by the Sociedade Filarmónica Euterpe, had 127 members, 2,900$000 réis in capital and 400$000 in revenue. The Hospital da Misericórdia had a revenue of 5,885$320 réis. The Asilo da Infância Desvalida (Home for Disadvantaged Children), founded in 1863, had a nominal capital of 14,000$000 réis and supported 30 children of the feminine sex. The Confrarias do Santíssimo Sacramento of the parishes of the See, São Lourenço, Bonfim and Senhor dos Aflitos, had a nominal capital of 14,000$000 réis.
Estabelecimentos
Operários
Operárias
Total
Fábrica de Cortiça de George Robinson
260
420
680
Companhia da Fábrica Nacional de Lanifícios de Portalegre
147
41
188
Fábrica de Lanifícios e Curtumes de Portalegre
108
39
147
Fábrica de Lanifícios de Ramiro Marçal & C.ª
44
20
64
Fábrica de Lanifícios e moagens de Manuel Joaquim Costa
25
18
43
Fábrica de Tecidos da Viúva de Vicente Cerejo
4
12
16
Fábrica de Massas de Costa & Irmão
5
–
5
593
550
1143
Total
It was nevertheless industry which characterized life in Portalegre at the end of the 1800’s. The once flourishing wool industry, with moments of glory in the last quarter of the 18th century started to die out. The two main companies folded in 1868 and closed their doors, resulting in the laying off of 500 workers. The final blow of mercy in that industry came in 1896 with the bankruptcy of the Companhia da Fábrica de Lanifícios de Portalegre (a woollen mill), incorporated in Oporto in 1889 with northern capital augmented by the Banco União, and of which the management team included the polemical António José Duro, father of the poet José Duro. Out of this group of companies emerged the cork processing factory owned by
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Englishman George Robinson, founded in the mid 19th century and which assumed, in the last quarter of the 1800’s, the role of principal employer. Research on industries does not give us a true picture of the various industrial and craft activities in the town. For example, the one conducted in 1881 is extremely incomplete, covering only four companies and their employees, with the exclusion of the more important companies whose owners refused to respond. On the 29th of March, 1880, all the factories of Portalegre sent an official protest to the national Chamber of Deputies against the new revenue tax. The protest was signed by George Robinson, Honório Fiel de Lima and all the managers of the “wool and leather products factories”, José António Duro, Ramiro Marçal & C.ª , Manuel de Jesus Costa, Genoveva Amélia Cerejo and Costa & Irmão1. This document included a table which gave the number of workers in each factory in the town and showed the relative importance of each establishment: Male workers
Female workers
Total
Fábrica de Cortiça de George Robinson
260
420
680
Companhia da Fábrica Nacional de Lanifícios de Portalegre
147
41
188
Fábrica de Lanifícios e Curtumes de Portalegre
108
39
147
Fábrica de Lanifícios de Ramiro Marçal & C.ª
44
20
64
Fábrica de Lanifícios e Moagens de Manuel Joaquim Costa
25
18
43
Fábrica de Tecidos da Viúva de Vicente Cerejo
4
12
16
Fábrica de Massas de Costa & Irmão
5
–
5
593
550
1143
Establishments
Para recolhermos outros elementos informativos sobre Portalegre na viragem do século XIX para o século XX, vejamos o Anuário Comercial para 1902, para termos uma ideia da situação. A fazermos fé nos elementos ali publicados, o concelho teria 14 671 habitantes. A estação do caminho-de-ferro distava 11 quilómetros da cidade – uma reivindicação sempre repetida e nunca 31
Total
In order to gather more information about Portalegre at the end of the 19th century and at the beginning of the 20th century, we should study the Anuário Comercial for 1902. If we are to trust the published figures, the council had 14,671 inhabitants. The train station was located 7 miles from the town – an often repeated promise to extend the railway line to the town was never kept. There was a dili-
cumprida era que o comboio chegasse à cidade –, havendo carreiras de diligências para lá, ao preço de 300 réis. Feiras anuais: de 6 a 8 de Junho e de 13 a 15 de Setembro. Cafés, havia os de António dos Anjos Mourão, Fernando dos Santos Gallope e João Augusto Mourato. Estalagens, existiam duas, de José Joaquim Feiteira e de José dos Ramos, e dois hotéis, de António de Oliveira Caraça e Brito & Irmão. Os estabelecimentos comerciais, eram variados. Salsicharias: Amália Machado, Emília da Paz Malato, Francisco Emílio Alves, João Baptista de Brito, Manuel Joaquim Duarte, Nicolau Emílio Alves, Viúva Goês e Viúva Serra & Filho; empresas de transportes de pessoas e mercadorias: António de Oliveira Caraça, Brito & Irmão e José Luís Castelo. Um acontecimento sempre esperado com impaciência era a realização de feiras francas. Realizavam-se três por ano: na última quarta-feira do mês de Janeiro, predominantemente vocacionada para a transacção de gado suíno e popularmente conhecida como «Feira dos Porcos»; 1 a 3 de Junho, conhecida como «Feira das Cerejas»; 13 a 15 de Setembro, a mais antiga, instituída por alvará régio de 3 de Agosto de 1753, conhecida como «Feira das Cebolas». Quanto ao mercado, havia dois semanais: 32
Portalegre, Mercado do Corro. Anos 30 (século XX).
às quartas-feiras, no Corro, Praça do Príncipe Real, depois Praça da República, tendo as obras começado em 1884 e terminado em 1894; desde 3 de Abril de 1853, aos Sábados, no Rossio. A actividade comercial era intensa. Para além do gado, que se vendia em grande quantidade entre Dezembro e Março, em especial suínos gordos, exportava-se salsicharia – famosa pela sua qualidade –, cortiça preparada e em rolha, massas, alpergatas, azeite, frutas, madeiras, fazendo aumentar muito o tráfego através do caminho-de-ferro. A ligação entre a cidade e a estação era feita por 120 veículos e 200 animais de carga – burros, cavalos e mulas. Em 1899, Portalegre exportou para diversos pontos do país 1 000 000 toneladas de rolhas, 300 toneladas de cortiça em prancha, raspada e cosida, 300 toneladas de farinha e sêmeas, 70 toneladas de massas alimentícias e mais de 100 toneladas de enchidos.
gence service to the station which cost 300 réis. Annual fairs: 6th to 8th June and 13th to 15th September. Cafés: those of António dos Anjos Mourão, Fernando dos Santos Gallope and João Augusto Mourato. Inns: there were two, one belonging to José Joaquim Feiteira and the other to José dos Ramos, and there were two hotels, António de Oliveira Caraça’s and Brito & Irmão. There was a variety of commercial establishments. Sausage shops: Amália Machado, Emília da Paz Malato, Francisco Emílio Alves, João Baptista de Brito, Manuel Joaquim Duarte, Nicolau Emílio Alves, Viúva Goês and Viúva Serra & Filho; transport companies (people and goods): António de Oliveira Caraça, Brito & Irmão and José Luís Castelo. One event that was always looked forward to was the free fair. There were three per year: the last Wednesday in January, mainly devoted to the buying and selling of pigs and known as the “Feira dos Porcos” (i.e., “Pigs Fair”); the 1st to the 3rd of June, known as the “Feira das Cerejas” (i.e., “Cherry Fair”); the 13th to the 15th of September, the oldest, established by royal decree on the 3rd of August, 1753, and known as the “Feira das Cebolas” (i.e., “Onion Fair”). There were two markets per week: on Wednesdays, in the market square known as the “Corro”, in the Praça do Príncipe Real, later called Praça da República, the building of which began in 1884 and was completed in 1894; and, since the 3rd of April, 1853, on Saturdays, in Rossio square. The commercial activity was intense. In addition to the livestock, mainly pigs, which were sold from December to March, sausages were exported – famous for their quality. There was also processed cork and bottle corks, fabric shoes, pasta, olive oil, fruit and wood. On market days, the trains would run full. The connection between the town and the station was made by 120 vehicles and 200 pack
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No que respeita ao lazer, existia um amplo teatro, o Teatro Portalegrense, inspirado no Teatro Ginásio de Lisboa, sob traço de José de Sousa Larcher, cuja primeira pedra foi colocada a 24 de Junho de 1854, sendo inaugurado a 20 de Junho de 1858 com a representação de «O Alfageme de Santarém», de Almeida Garrett. O teatro foi restaurado em 1887, sendo constituída uma sociedade por acções para a sua gestão. Ao longo do tempo surgiram outros teatros improvisados, reflexo da intensa actividade associativa local, e também barracas para o animatógrafo. Uma sociedade composta por Eduardo Malato, Francisco Serra e Francisco Romão promoveu a construção de uma praça de touros que terá o nome de «D. Luís do Rego». D. Luís do Rego Brandão da Fonseca Magalhães, proprietário da herdade da Almojanda, nos arredores de Portalegre, bem como de outras propriedades da região, era um grande aficionado e cavaleiro tauromáquico. Por sua iniciativa foi construída a praça de touros, cujos acabamentos ficaram a cargo de Joaquim Caetano de Almeida, sendo as decorações – desenho e pintura – da responsabilidade de, respectivamente, José Maria da Fonseca e Álvaro Mateus. Custou 10 600$000 réis e tinha 4000 lugares. A sua inauguração foi marcada para os dias 14 e 15 de Setembro de 1894 – uma sexta-feira e um sábado –, coincidindo com a planeada visita do rei D. Carlos a Portalegre. Infelizmente, por razões de saúde, a visita régia não se realizou, mas D. Luís do Rego manteve a inauguração da praça para aqueles dias, com duas touradas que se prometiam memoráveis. O cartel era invejável. Como cavaleiro anunciava-se o grande Alfredo Tinoco da Silva, com os bandarilheiros João da Cruz Calabaça, Felipe Aragó (Minuto), Teodoro Gonçalves, Jorge Cadete e Torres Branco. Como forcados, o grupo do Riacho. Foram lidados 8 touros em cada corrida, da ganadaria do comendador Paulino da Cunha e Silva, da Borda d’Água.
animals – donkeys, horses and mules. In 1899, Portalegre exported to various points in the country 1,000,000 tons of corks, 300 tons of processed cork sheets, 300 tons of flour and seeds, 70 tons of dough and 100 tons of sausages. With regard to entertainment, there was a large theatre, the Teatro Portalegrense, inspired by the Teatro Ginásio in Lisbon and designed by José de Sousa Larcher, for which the first stone was laid on the 24th of June, 1854. The theatre opened on the 20th of June, 1858, with the production of “O Alfageme de Santarém” by Almeida Garrett. The theatre was restored in 1887, a public limited liability company having been set up to manage it. Over time, other theatres came into being, a reflection of the social and cultural activity in the region. There were also tents for magic lantern shows. A company formed by Eduardo Malato, Francisco Serra and Francisco Romão built a bull ring with the name of “D. Luís do Rego”. D. Luís do Rego Brandão da Fonseca Magalhães, owner of the Almojanda property, on the outskirts of Portalegre, as well as other properties in the region, was a big bull fighting aficionado and was himself a bull fighting horseman. It was on his initiative that the bull ring was built. The design details were the responsibility of Joaquim Caetano de Almeida, and the decoration was the work of José Maria da Fonseca and de Álvaro Mateus. It cost 10,600$000 réis and could seat 4,000. The official opening was on Friday the 14th and Saturday the 15th of September, 1894, and coincided with the planned the visit of King D. Carlos to Portalegre. Unfortunately, for health reasons, the royal visit did not take place, but D. Luís do Rego went ahead with the opening on those days, with two bull fights which promised to be memorable. The programme was enviable. The horseman was Alfredo Tinoco da Silva and
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the bandarilheiros (those whose role is to stab the bandarilhas, i.e., small javelins, in the back of the bull) were João da Cruz Calabaça, Felipe Aragó (Minuto), Teodoro Gonçalves, Jorge Cadete and Torres Branco. The Grupo do Riacho was the “forcados”2 team. There were eight bulls per fight, supplied by the “ganadaria” (ranch) belonging to Comendador Paulino da Cunha e Silva, in Borda d’Água. On the 14th of September, 1898, another bull ring was opened, merely 300 metres from the first one. Feast or famine! This one was built by Jacinto Serrão … a man of many ideas and business projects – he was a post office clerk and also owned a café –, Jacinto Serrão Burguete Soares de Albergaria Galhardo died in Paris, on the 17th of July, 1936. Outstanding in the field of learning, because of its age, the diocesan seminary was situated in its old home near the See. By request of the Commissary of the Diocese, Dr. José de Andrade Sequeira, the São Bernardo Convent was ceded temporarily to the Diocese after the death of the last nun, in 1878. This was done according to the decree of 26th November of that year to install the SemiMercado do Rossio.
Como não há fome que não dê em fartura, em 14 de Setembro de 1898 era inaugurada outra praça de touros a apenas 300 metros da anterior, iniciativa de Jacinto Serrão… Homem das mil iniciativas e negócios – foi fiel dos Correios, explorou um café –, Jacinto Serrão Burguete Soares de Albergaria Galhardo virá a morrer em Paris, a 17 de Julho de 1936. No ensino, destacava-se, pela sua antiguidade, o seminário diocesano, instalado no seu antigo edifício junto à Sé. Por instâncias do Vigário-geral da Diocese, Dr. José de Andrade Sequeira, o mosteiro de São Bernardo foi cedido provisoriamente à Diocese, depois da morte da última freira, ocorrida em 1878. Essa cedência foi concedida por decreto de 26 de Novembro daquele ano para ali se instalar o Seminário, o que foi confirmado por 35
nary in that location, and was confirmed by legal letter on the 15th of January, 1883. The transfer occurred on the 29th of December, 1878. In 1900, there were 120 students, including 101 borders. There were various feasts, both religious and secular. Carnival was celebrated with balls and parties in the social clubs and charitable organizations. The Feast of Nossa Senhora da Piedade (Our Lady of Piety), who was venerated in the church of São Fancisco, was the most important one in the town. It is true that they lost some of their importance after the proclamation of the Republic, but they remained very popular. This was the case with the celebrations in the See and in São Lourenço, especially
carta de lei de 15 de Janeiro de 1883. A transferência ocorreu a 29 de Dezembro de 1878. Em 1900 havia 120 alunos, dos quais 101 internos. Realizavam-se diversas festas tanto religiosas como profanas. O Carnaval era celebrado com bailes e festas nas associações recreativas e de beneficência. As festividades religiosas tinham um lugar de destaque, com realce para a de Nossa Senhora da Piedade, que se venerava na igreja de São Francisco, e que era a mais pomposa e importante da cidade. É certo que se viram limitadas com a proclamação da República, mas nem por isso deixaram de ser muito frequentadas. Era o caso das celebrações na Sé e em São Lourenço (com destaque para o Mártir São Sebastião e Nossa Senhora das Candeias), na igreja do antigo mosteiro de São Bernardo (Divina Pastora), a de Nossa Senhora da Graça (igreja de Santo André), de Nossa Senhora do Bom Despacho (igreja de São Pedro), da festividade do Espírito Santo, na igreja da mesma evocação, a procissão dos Passos, que atraía sempre muitos fiéis, o mesmo sucedendo com a de São Mateus, na Avenida de George Robinson. Tradicionais e muito concorridas eram as festas da Senhora da Penha, Santana, S. Cristóvão, Bonfim, Nossa Senhora dos Remédios e São João Baptista (Reguengo), Nossa Senhora das Mercês (Urra), Nossa Senhora da Esperança (Ribeira e Nisa), a de S. Mamede, que se celebrava junto à igreja na serra do mesmo nome e, acima de tudo, a grande romaria e peregrinação ao Senhor dos Aflitos. Os Santos Populares eram igualmente celebrados. No São João erguiam-se cascatas e altares, com músicos que percorriam as ruas, comes e bebes. Os agrupamentos musicais, teatrais ou recreativos em geral eram numerosos, o mesmo sucedendo com os desportivos a partir de 1910. O futebol, introduzido pelos ingleses, floresceu com rapidez, chegando a coexistir cinco ou seis clubes, por vezes com situações bizarras: o Sport Clube Esperança organizou, a 27 de Abril de 1913, um passeio à serra de São Mamede, com tiro aos
those in honour of the Martyr Saint Sebastian and N.ª Sr.ª das Candeias (i.e., Our Lady of Lamps), in the church of the old Saint Bernard Monastery (Divina Pastora, i.e., Divine Pastor), of Nossa Senhora da Graça, i.e., Our Lady of Grace, (in the church of Saint Andrew), of Nossa Senhora de Bom Despacho, i.e., Our Lady of Resourcefulness (in the church of Saint Peter), the Feast of the Holy Ghost, in the church of the same name, the Procissão dos Passos (Procession of Steps), and the Procissão de São Mateus (Procession of Saint Matthew), on Avenida George Robinson, both of which always attracted many of the faithful. Both traditional and very popular, were the feasts of Senhora da Penha (i.e., Our Lady of the Rock), Santana, Saint Cristopher, Bonfim, Nossa Senhora dos Remédios (i.e., Our Lady of Medicine) and Saint John Baptist, in Reguengo, Nossa Senhora das Mercês in Urra, Nossa Senhora da Esperança (Our Lady of Hope), in Ribeira and Nisa, Saint Mamede, which was celebrated near the church on the mountain of the same name and, above all, the great pilgrimage to the Senhor dos Aflitos (Lord of the Afflicted). The Popular Saints were also celebrated. On St. John’s day (São João), fountains and alters were erected, musicians walked about and drinks and snacks were sold on the street. Musical and theatrical groups and groups offering a variety of entertainment were numerous, and so were the sports clubs, after 1910. Football was introduced by the English and became popular very quickly, to the point when there were six clubs. At times, strange things happened: the Esperança Sports Club (SCE) organized a donkey ride and pigeon shoot in the Saint Mamede mountains on the 27th of April, 1913. But in a general meeting, taking into consideration their financial state, they decided to dissolve the company. On the 25th of May, the members
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pombos e burricadas. Mas, em assembleia geral, perante a situação financeira, decidiu dissolver-se, a 25 de Maio. Contudo, os sócios do extinto SCE organizaram uma excursão à ribeira de Arronches, com passagem pela Quinta Formosa onde discutiriam a fundação de outra agremiação… com o mesmo nome. Com a proclamação da República vulgarizaram-se as festas, marchas, desfiles e manifestações de todo o tipo. As comemorações do 1.º de Maio já se realizavam regularmente desde 1893. Do mesmo modo eram frequentes as quermesses, tômbolas, festivais, bailes, etc., dos bombeiros. O aniversário da mudança de regime, o 1.º de Dezembro, os triunfos eleitorais, a homenagem a figuras históricas ou coevas com bandas, archotes, etc., acabaram por banalizar momentos que antes eram raros. Por exemplo, a vitória dos democráticos nas eleições de Novembro de 1913 provocou uma grande manifestação em Portalegre, na Praça do Município, em que o povo desfilou pelas ruas com archotes, com a banda dos Bombeiros à frente. As festas escolares eram frequentes e, com um significado muito particular, a Festa da Árvore suscitou grande adesão, mobilizando o universo escolar e não só. Ficou memorável a Festa da Árvore que se realizou em 1915 no Jardim Operário. A cidade necessitava de outros festejos que atraíssem um maior número de forasteiros. As feiras e outras actividades mobilizavam sempre muita gente de fora, como a imprensa local sublinhava. Mas era pouco…
of the extinct SCE organized an excursion to the bank of
Nota
Notes
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Representação dirigida à câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa pelos Representantes de todas as Fábricas de Portalegre, Portalegre, Tip. Portalegrense, 1880, 6 p.
the River Arronches, passing by the Quinta Formosa (Formosa Farm), where they discussed the formation of a new club… with the same name. With the declaration of the Republic, new feasts, marches, parades and demonstrations of all kinds spread. The festivities of the 1st of May had already been taking place since 1893. The Volunteer Firemen also frequently held fairs, raffles, festivals, dances, etc. The anniversary of the change of regime, the 1st of December, election triumphs, homages to historical figures, with bands and torches, etc., turned what used to be occasional events into common occurrences. For instance, the victory of the Democratic Party in the elections of 1913 caused a big demonstration in Portalegre, in the Praça do Município, in which the crowds, led by the Firemen’s band, marched in the streets carrying torches. School feasts were frequent and the Festa da Árvore (Feast of the Tree) was especially popular, not only with school children. The Festa da Árvore in 1915, in the Jardim Operário (Worker’s Garden) was particularly memorable. The town needed other festivities which would attract more people from out of town. The fairs and other activities always attracted a lot of people as the local newspapers noted. However, it wasn’t enough…
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Representação dirigida à câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa pelos Representantes de todas as Fábricas de Portalegre, Portalegre, Tip. Portalegrense, 1880, 6 p.
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N.T.: A forcado is a member of the team that performs the pega de cara or pega de caras (“face catch”).
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A Sociedade de Propaganda de Portugal e Portalegre The Society for the Promotion of Portugal and Portalegre
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 38-51, ISSN 1646-7116
A Sociedade de Propaganda de Portugal desempenhou um papel de primeiro plano no início do século XX na divulgação das virtualidades turísticas portuguesas tanto no estrangeiro como no interior do país. Fundada a 28 de Fevereiro de 1906, no seguimento de uma assembleia reunida na Liga Naval de Lisboa, era o coroar dos esforços desenvolvidos por Leonildo de Mendonça e Costa, fundador e director da Gazeta dos Caminhos de Ferro, que desde os finais do século anterior pugnava pela fundação de uma «Associação promotora do Bem do País». Dirigindo uma carta a Alfredo da Cunha, director do Diário de Notícias, apelava à congregação das boas-vontades com o objectivo de sublinhar os valores pátrios. Nas páginas da Gazeta dos Caminhos de Ferro publicavam-se diversas descrições de viagens, como as Notas de Viagem, do engenheiro Cândido Xavier, publicadas ao longo dos vários números de 1896. A iniciativa de criação da Sociedade de Propaganda de Portugal teve uma enorme receptividade na sociedade portuguesa. Numa época em que se agudizavam as lutas políticas, com clivagens entre republicanos e monárquicos mas também entre estes últimos, a Sociedade surgia como uma entidade supra-partidária, situando-se acima das paixões ideológicas. Prova disso foi a adesão de figuras antagónicas como Fernando de Sousa, o aguerrido «Nemo» da imprensa católica, ferozmente anti-maçónico, e de Magalhães Lima, Grão-mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, que assumiu em 1911 a presidência da SPP. A Sociedade apostou, desde o início, na sensibilização da opinião pública portuguesa para a sua causa através de uma persistente propaganda interna e regional. Depois, procurou instalar por todo o país estruturas logísticas que permitissem efectivar o turismo, estabelecendo ao mesmo tempo relações com agremiações estrangeiras, filiando-se na Federação Franco-hispânica dos Sindicatos de Iniciativa. O objectivo central da SPP era fazer com 39
The Sociedade de Propaganda de Portugal played a major role at the beginning of the 20th century in spreading tourism information about Portugal both internationally and at home. Founded on the 28th of February, 1906, following a meeting held at the Liga Naval de Lisboa (Navy League of Lisbon), it was the crowning of the efforts of Leonildo de Mendonça e Costa, founder and director of the Gazeta dos Caminhos de Ferro (Railway Gazette), who, since the last days of the previous century, had fought for the creation of an “association that would promote our country”. In a letter to Alfredo da Cunha, director of the Diário de Notícias newspaper, he appealed to his good will to emphasize the value of Portugal. In the pages of the Gazeta dos Caminhos de Ferro various accounts of journeys were published as Notas de Viagem (Voyage Notes), written by Engineer Cândido Xavier, published in several 1896 issues. The creation of the Sociedade de Propaganda de Portugal was very well received by Portuguese society. At a time of worsening political battles, with deep rifts between republicans and monarchists, and even within the monarchist camp, the Society emerged as a supra-party entity, placing itself above ideological passion. Proof of this was the membership of such antagonistic figures as Fernando de Sousa, the combative “Nemo” of the Catholic press, ferociously anti-freemason, and Magalhães Lima, Grand-Master of the Grande Oriente Lusitano Unido (United Lusitanian Grand Orient – the Portuguese Masonic Obedience), who, in 1911, assumed the presidency of the SPP. From the beginning, the Society was focused on sensitizing Portuguese public opinion to its cause through persistent promotion on a national and regional level. Later, it endeavoured to set up a logistical structure throughout
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que Portugal fosse visitado e apreciado por nacionais e estrangeiros.1 É evidente que, tratando-se de uma instituição não oficial, inteiramente privada, a sua capacidade de manobra e grau de intervenção estavam limitados à partida. Em Julho de 1907 começou a publicar-se o respectivo boletim, com periodicidade mensal, onde se dava conta das actividades da associação e se publicavam artigos em português e em inglês sobre as riquezas monumentais e naturais do país. Tendo como Presidente de Honra o príncipe D. Luís Filipe, a SPP era presidida pelo conselheiro José Fernando de Sousa, Secretário do Conselho da Administração dos caminhos de Ferro do Estado, tendo como Vice-Presidentes André Leproux, Director-geral da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e António Maria de Oliveira Belo, Secretário da Associação Comercial de Lisboa. Dos corpos gerentes destacava-se Ramiro Leão, natural de Gavião e um dos mais importantes comerciantes da capital. Do organigrama da SPP faziam parte as comissões de hotéis, comunicações marítimas, festejos, financeira, higiene, melhoramentos, monumentos, praias e termas e recepção. Ao folhearmos o boletim da SPP, poucas referências encontramos ao interior do país: Gerez, Coimbra, Serra da Estrela, Bussaco. Só tardiamente surge o Algarve (1911). Em Dezembro de 1906, o número de sócios era de 2175 (1054 sócios fundadores e 1121 outros sócios). Nos anos seguinte verificou-se um aumento significativo dos mesmos, como é patente nos respectivos relatórios anuais:
the country that would support tourism, at the same time establishing relations with foreign groups and affiliating itself with the Fédération Franco-espagnole de Syndicats d’Initiative. The main objective of the SPP was to encourage nationals and foreigners to visit and appreciate Portugal1. Naturally, since it was not an official institution but a private one, its ability to manoeuvre and the level of inter-
Número de sócios da Sociedade de Propaganda de Portugal
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vention were limited from the start.
Datas
Número de sócios
1906
2175
1912
5995
lished, which contained a report on the Society’s activ-
1913
2225
ities, and in which articles appeared in Portuguese and
1916
9829
English extolling the richness of Portuguese monuments
1918
10 635
and landscapes. The Society’s Honorary President was
In June 1907 the monthly bulletin began to be pub-
A Sociedade procurou promover o turismo nacional e estrangeiro organizando e divulgando o inventário dos monumentos, riquezas artísticas e lugares pitorescos do país. Publicou material promocional, nomeadamente guias e cartas de Portugal, organizou excursões. Para promover o turismo, incentivaram o melhoramento da hotelaria e fizeram diversas propostas ao poder político para que se melhorassem estradas, portos e caminhos-de-ferro, sugerindo ainda a abolição dos passaportes, bem como o estabelecimento do Sud-Express diário e a organização de um guia prático de Caminhos-de-Ferro do Estado. Em 1908, a SPP promoveu um concurso de hotéis, destinado a premiar os que mais tivessem progredido em relação a instalações sanitárias, sendo admitidos os hotéis de localidades constantes em três grupos: Grupo I: Âncora, Braga, Caminha, Fafe, Guimarães, Penafiel, Póvoa de Varzim, Viana do Castelo e Vila do Conde; Grupo II: Alcobaça, Belas, Caldas da Rainha, Coimbra, Ericeira, Figueira da Foz, Leiria, Luso, Mafra, Nazaré, Penacova, Queluz, Santarém, S. Martinho do Porto, Tomar e Torres Vedras; Grupo III: Castelo de Vide, Elvas, Évora, Estremoz, Portalegre, Setúbal e Vila Viçosa. Os prémios eram de 150 000 réis para o 1.º, 30 000 para o segundo e um bilhete gratuito de ida e volta concedido pelos caminhos-de-ferro do Estado para uma viagem à escolha2. Apenas se inscreveram hotéis de Valença, Caminha, Vizela, Figueira da Foz e Setúbal. Em 1910, a SPP promoveu a realização de um curso de empregados de hotéis em colaboração com a Casa Pia de Lisboa. Em Fevereiro de 1911, a SPP lançou um apelo para a criação de delegações locais da Associação. Em Maio, decorreu em Lisboa o Congresso Internacional de Turismo. Só nos finais de 1912 aparece na relação de hotéis e similares que concediam descontos aos sócios da SPP um estabelecimento de Portalegre: o Hotel Caraça, que concedia 10% de desconto. A Sociedade publicava anualmente um pequeno volume inti-
Prince D. Luís Filipe and its board of directors was as follows: Councillor José Fernando de Sousa, Secretary of the Administrative Council of the State Railways, VicePresidents André Leproux, General Manager of the Portuguese Royal Railway Company and António Maria de Oliveira Belo, Secretary of the Commercial Association of Lisbon. One of the outstanding members of the management team was Ramiro Leão, from Gavião, an important businessman in the capital. The SPP’s organization chart included hotel management, maritime communications, festivities, financial, hygiene, improvements, monuments, beaches, hot springs and reception. Leafing through the SPP bulletin, we can find few references to the interior of the country: Gerez, Coimbra, Serra da Estrela and Bussaco. The Algarve shows up only in 1911. In December, 1906, the number of members was 2,175 (1,054 founding members and 1,121 other members). In the following years there was a significant increase in membership as is evidenced by the annual reports: Number of Members of the Sociedade de Propaganda de Portugal Dates
Number of Members
1906
2,175
1912
5,995
1913
2,225
1916
9,829
1918
10,635
The Society endeavoured to promote tourism in Portugal on a national and an international level. It provided an inventory of monuments, art and picturesque places in the country. It published promotional material, mainly
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tulado Lista das Vantagens dos Sócios, com os estabelecimentos nacionais que concediam descontos aos associados, sendo os de Portalegre raros. Nas listas de 1916 e na de 1919 surgem exactamente os mesmos: o Grande Salão Paraíso, que concedia 25% de desconto nos seus espectáculos, os Armazéns do Chiado, com 5% e o Café Restaurante de Tiago Morgado, com 10%. Em 1913 já estavam constituídas delegações em Penacova, Portimão e Bairrada e em vias de instalação em Leiria, Manteigas, Évora, Elvas, Covilhã, Vila Real, Portalegre e Faro. Naquele ano existiam sócios em Avis, Santa Eulália, Elvas, Castelo de 43
guides and maps, and organized excursions. In order to attract tourists to the country they encouraged hotels to improve their quality and made several proposals to government for the improvement of roads, ports and railways. They even suggested that passports should not be required and that there should be a daily service of the Sud-Express. They also recommended that there be a practical guide to the State Railways. In 1908, the SPP held a hotel competition with the intention of giving awards to those who had made progress with regard to sanitary
Vide, Monforte, Montargil, Barbacena, Alter do Chão, Sousel, Marvão e Alpalhão. Na cidade de Portalegre o seu número era de 47, acrescidos de mais 17 nos primeiros meses de 1914. Entre eles contavam-se personalidades marcantes da vida local, industriais, comerciantes, professores, militares e funcionários. Merecem realce Sebastião Vitorino Bragança, Adelino Brito, Fernando Costa, João Mário de Albuquerque de Azevedo Coutinho, Luís de Sousa Gomes, António José Goês Cardoso, Manuel Gerardo Cassola, João do Monte Empina, Jorge Maria de Macedo, António Maria de Matos, Henrique Esteves Moreira, Apolino Marques, George Milner Robinson, Adriano Tapadinhas, Arnold Watson, George Robinson da Silveira, Jorge Frederico Velez Caroço, Emílio Costa e Augusto César de Oliveira Tavares. Emílio Costa era então funcionário da SPP e ministrava em Berna um curso de Língua Portuguesa. A 10 de Maio de 1914, no salão nobre da Câmara Municipal de Portalegre, Emílio Costa proferiu uma conferência sobre o papel da SPP. Em Junho do mesmo ano, a SPP procedeu à inauguração de três delegações no distrito de Portalegre. Uma comissão composta por Emílio Costa, Melo de Matos, Jaime de Pádua Franco e António José Ferreira Madail realizou uma sessão em Elvas a 3 de Junho, ficando constituída uma comissão local formada por José Nunes da Silva Sobrinho, presidente, António José Torres de Carvalho, secretário, António Nunes de Andrade, tesoureiro, Miguel Francisco da Conceição Santos e António dos Santos Cidrais, vogais. No dia seguinte os visitantes deslocaram-se a Castelo de Vide, onde foram obsequiados com uma almoço na Quinta da Atalaia. Os corpos dirigentes da delegação local eram constituídos por João Magrassó, presidente, Alfredo Vítor Lecoq, tesoureiro, António Vicente Raposo Repenicado, secretário, João Luís Carvalho Cordeiro, Ramiro César Murta e Francisco Manuel de Faria Videira, vogais. Carvalho Cordeiro publica uma pequena monografia de Castelo de Vide no
facilities. There were three geographical groups: Group I: Âncora, Braga, Caminha, Fafe, Guimarães, Penafiel, Póvoa do Varzim, Viana do Castelo and Vila do Conde; Group II: Alcobaça, Belas, Caldas da Rainha, Coimbra, Ericeira, Figueira da Foz, Leiria, Luso, Mafra, Nazaré, Penacova, Queluz, Santarém, S. Martinho do Porto, Tomar and Torres Vedras; Group III: Castelo de Vide, Elvas, Évora, Estremoz, Portalegre, Setúbal and Vila Viçosa. The prizes were 150,000 réis for first place, 30,000 réis for second place and a free return train ticket to a destination of one’s choice, offered by the State Railway, for third place2. Only hotels from Valença, Caminha, Vizela, Figueira da Foz and Setúbal entered the competion. In 1910, the SPP sponsored a course for hotel employees in collaboration with Casa Pia, of Lisbon. In February of 1911, the SPP called for the creation of local delegations of the Society. In May, the International Tourism Congress was held in Lisbon. It was only towards the end of 1912 that hotels and other establishments began to give discounts to members of the SPP. The first was a hotel in Portalegre – the Hotel Caraça, with a 10% discount. Every year the Society published a booklet with the title Lista das Vantagens aos Sócios (List of Advantages to Members). The list included national establishments that gave discounts to members, and those in Portalegre were rare. In the 1916 and 1919 lists, exactly the same ones appear: The Grande Salão Paraíso, offering a 25% discount on its shows, the Armazéns do Chiado, with 5% and the Café Restaurante de Tiago Morgado, with 10%. In 1913, delegations were already set up in Penacova, Portimão and Bairrada and delegations in Leiria, Manteigas, Évora, Elvas, Covilhã, Vila Real, Portalegre
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Luís Gomes. Caricatura de José Tavares.
Boletim da SPP3, mas, apesar desse início promissor, a delegação local será dissolvida em 1916. Ainda no mesmo dia 10 de Maio de 1914, pelas 19 horas, realizou-se no Teatro Portalegrense uma sessão de propaganda presidida pelo presidente da Câmara Municipal, António Maria de Matos, na qual usaram da palavra todos os visitantes à excepção de Ferreira Madail, e ainda Luís Gomes e José Marques Lemos. A comissão directiva da delegação de Portalegre ficou constituída por João Manuel Franco de Sousa, presidente, Jaime Ribeiro Martins, tesoureiro, e Luís Gomes, secretário. A SPP iniciou então a publicação de um novo órgão, Propaganda de Portugal, com a forma de jornal, que no seu n.º 3 incluía duas páginas dedicadas a Portalegre e à divulgação dos seus monumentos mas, acima de tudo, sublinhava o que ela tinha de melhor: «mas onde Portalegre pode reivindicar as honras tirar os proveitos duma região de turismo de primeira ordem, é nos seus arredores, na sua belíssima serra. Sem nos demorarmos a descrever as muitas e grandes belezas da região, afirmamos que os arredores montanhosos de Portalegre constituem uma região de turismo, como estação de Verão, das melhores de Portugal, desde que se faça por ela o pouco relativamente que ele necessita: boas vias de comunicação. Esta região, pondo-se em comunicação rápida e cómoda com o resto do país, reputamo-la superior ao Buçaco e a Bom Jesus do Monte»4. Portalegre passava a figurar nos roteiros da SPP, como se verá nos guias que começaram a ser publicados. A 5 de Maio de 1915, Luís Gomes realizava na 45
and Faro were in the process of being set up. That year there were members in Avis, Santa Eulália, Elvas, Castelo de Vide, Monforte, Montargil, Barbacena, Alter do Chão, Sousel, Marvão and Alpalhão. In Portalegre, there were 47, increasing by 17 members in the first months of 1914. Amongst the members were outstanding personalities in the life of the town – industrialists, merchants, professors, military personnel and officials. Deserving of mention were Sebastião Vitorino Bragança, Adelino Brito, Fernando Costa, João Mário de Albuquerque de Azevedo Coutinho, Luís de Sousa Gomes, António José Goês Cardoso, Manuel Gerardo Cassola, João do Monte Empina, Jorge Maria de Macedo, António Maria de Matos, Henrique Esteves Moreira, Apolino Marques, George Milner Robinson, Adriano Tapadinhas, Arnold Watson, George Robinson da Silveira, Jorge Frederico Velez Caroço, Emílio Costa and Augusto César de Oliveira Tavares. Emílio Costa was at that time an official of the SPP and was conducting a course in Portuguese in Berne. On the 10th of May, 1914, in the reception hall of the Portalegre Town Hall, Emílio Costa gave a talk on the role of the SPP. In June of the same year, the SPP inaugurated three delegations in the District of Portalegre. A commission consisting of Costa, Melo de Matos, Jaime de Pádua Franco and António José Ferreira Madail held a meeting in Elvas on the 3rd of June, and set up a local commission consisting of José Nunes da Silva Sobrinho, president, António José Torres de Carvalho, secretary, António Nunes de Andrade, treasurer, Miguel Francisco da Conceição Santos and António dos Santos Cidrais, representatives. On the following day, the visitors travelled to Castelo de Vide where they were honoured with a luncheon at the Quinta da Atalaia. The directors of the local delegation
sede da SPP em Lisboa uma conferência intitulada «O Alto-Alentejo, Região e Turismo», na qual defendia a necessidade de aproveitamento das potencialidades turísticas da região definida por aqueles três concelhos, e que foi publicada no ano seguinte. Outra componente importante da actividade da SPP era a edição de materiais promocionais, mas, nos de âmbito nacional, Portalegre está completamente ausente. No folheto Portugal, publicado em espanhol e com excelente qualidade gráfica, aparece Lisboa, Sintra, Batalha, Cascais, Tomar, Coimbra, Buçaco, Porto e Braga. Na brochura Portugal. Clima, Paisages, Estaciones termales, também em espanhol, publicada em 1912, Portalegre é ignorada nas sugestões de excursões, onde já encontramos Setúbal, Évora, o Algarve, Santarém e Óbidos. Mas, em contrapartida, aparece no capítulo dedicado aos sanatórios, uma vez que a cidade dispunha do sanatório Dr. Rodrigues de Gusmão, inaugurado em 1909. Na brochura surge uma fotografia panorâmica de Portalegre e a informação de que o seu sanatório regional dispõe de 30 camas. Embora não fosse directamente uma edição da SPP, não podemos deixar de referir o Manual do Viajante em Portugal, de Leonildo de Mendonça e Costa, publicado em 1907, na Tipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro, com uma 6.ª edição em 1930. Esta obra, ilustrada com algumas plantas de cidades, mapas dos distritos e um de Portugal, elaborado pela SPP, teve uma notável divulgação, saindo ainda uma versão em francês em 1908. Portalegre é referida na Excursão VI – Lisboa a Sevilha, em duas páginas e meia, incluindo o mapa do distrito. Para além de sumaríssimas notas sobre os monumentos e um comentário sobre o aspecto interior da cidade, «pouco atraente pelos arruamentos estreitos, íngremes e mal calçados», sublinhava a beleza da serra, «com interessantes casinhas de campo a quem chamam «Sintra do Alentejo»5. O Relatório da Direcção sobre a gerência de 1916 apontava para a execução de um rol substancial de monografias consagra-
were João Magrassó, president, Alfredo Vítor Lecoq, treasurer, António Vicente Raposo Repenicado, secretary, João Luís Carvalho Cordeiro, Ramiro César Murta and Francisco Manuel de Faria Videira, representatives. Carvalho Cordeiro published a small portrait of Castelo de Vide in the SPP Bulletin3, but, in spite of that auspicious beginning, the local delegation was dissolved in 1916. Also on the same day of 10th May, 1914, at seven o’clock in the evening, there was, at the Teatro Portalegrense, a promotional presentation presided over by the president of the Town Hall, António Maria de Matos, at which all the visitors spoke, with the exception of Ferreira Madail, Luís Gomes and José Marques Lemos. The following were named directors of the Portalegre Commission: João Manuel Franco de Sousa, president, Jaime Ribeiro Martins, treasurer, and Luís Gomes, secretary. At that time the SPP started to publish a new organ of the Society, Propaganda de Portugal, in a newspaper format, which, in its 3rd issue, included two pages devoted to Portalegre and its historical buildings, but, above all, underlining its best quality: “but where Portalegre can claim honours and benefit from a first rate tourist region is in its surroundings, in its beautiful mountains. Without spending much time describing the many aspects of this magnificent region, we can confidently say that the Portalegre’s mountainous area can be one of Portugal’s best tourist regions and summer resorts, so long as the minimum is done for it: good road and rail accessibility. In our opinion, this region, with fast and comfortable communication with the rest of the country, can be greater than Buçaco and Bom Jesus do Monte”4. Portalegre began to be featured in the SPP tourist routes, as can be seen in the guides that were start-
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ing to be published. On the 5th of May, 1915, Luís Gomes gave a talk in the SPP head office in Lisbon with the title “O Alto-Alentejo, Região e Turismo” (“Northern Alentejo, the Region and its Tourism”) in which he speaks of the necessity to take advantage of the tourism potential of the region outlined by those three councils. The talk was published the following year. Another important aspect of the activities of SPP was the editing of promotional material. Amongst the material covering the whole country, Portalegre is completely absent. In the folder Portugal, published in Spanish with excellent graphics, the following towns are mentioned: Lisbon, Sintra, Batalha, Cascais, Tomar, Coimbra, Buçaco, Oporto and Braga. In the brochure Portugal. Clima, Paisages, Estaciones termale, also in Spanish, published in 1912, Setúbal, Évora, the Algarve, Santarém and Óbidos are included in the excursion suggestions, but Portalegre is ignored. However, it does appear in the chapter dealing with spas, since the town did have the Dr. Rodrigues de Gusmão Spa, which opened in 1909. The brochure has a panoramic photograph of Portalegre and mentions that the spa has 30 beds. Although it wasn’t actually published by the SPP, we feel compelled to refer to the Manual do Viajante em Portugal, by Leonildo de Mendonça e Costa, published in 1907 by the printers of the Gazeta dos Caminhos de Ferro, with a 6th edition in 1930. This work, illustrated with some maps of towns and districts, and a map of Portugal drawn by the SPP, was widely distributed, and there was even a French edition, published in 1908. Portalegre is mentioned in Excursion VI – Lisbon to Sevil, in two and a half pages, including a map of the district. Apart from extremely brief notes on the historical buildings and a comment about
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the look of the interior of the town, “not very attractive, with narrow, steep and badly paved streets”, it does remark on the beauty of the mountains, “with interesting little houses” which some people call “the Sintra of the Alentejo”. The Directors’ Report on the management of 1916 refers to the creation of a substantial collection of monographs of various Portuguese regions, three of which had already been published, and 20 others being prepared! In fact, the SPP published various regional guides. In 1916, the following were published: Porto e Arredores: Indicações para uso dos Viajantes (Oporto and Surroundings: Information for Travellers), Santarém - seus Arredoredores: Indicações para uso dos Viajantes (Santarem and Surroundings: Information for Travellers) and Évora e seus Arredores: Indicações gerais para uso dos Viajantes (Evora and its Surroundings: General Information for Travellers) / Sociedade de Propaganda de Portugal. Followed by: Na região do Mondego: Figueira da Foz e Arredores: Indicações gerais para uso dos Viajantes (The Mondego Region: Figueira da Foz and Surroundings: General Information for Travellers) / Sociedade Propaganda de Portugal
das a diversas regiões portuguesas, tendo já sido três publicadas e estando em curso outras 20! De facto, a SPP publicou diversos guias regionais. Em 1916 saiu Porto e Arredores Indicações para uso dos Viajantes, Santarém seus Arredores. Indicações para uso dos Viajantes e Évora e seus arredores: indicações gerais para uso dos viajantes / Sociedade de Propaganda de Portugal. No seguinte: Na região do Mondego: Figueira da Foz e arredores: indicações gerais para uso dos viajantes / Sociedade Propaganda de Portugal (1917); A região do Vouga: Aveiro, Águeda, S. Pedro do Sul, Viseu: indicações gerais para uso dos viajantes / Sociedade Propaganda de Portugal (1917); Coimbra e seus arredores: indicações gerais para uso dos viajantes / Sociedade de Propaganda de Portugal (1917); Na Região do
(1917); A região do Vouga: Aveiro, Águeda, S. Pedro do Sul, Viseu: Indicações gerais para uso dos Viajantes (The Vouga Region: Aveiro, Águeda, S. Pedro do Sul, Viseu: General Information for Travellers) / Sociedade Propaganda de Portugal (1917); Coimbra e seus Arredores: Indicações gerais para uso dos Viajantes (Coimbra and its Surroundings: General Information for Travellers) / Sociedade de Propaganda de Portugal (1917); Na Região do Ave / Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Famalicão: Indicações gerais para uso dos Viajantes (The Ave Region: Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Famalicão: General Information for Travellers) (1917). In 1918 the Northern Alentejo guide was published, clearly favouring the
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Ave / Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Famalicão / Indicações gerais para uso dos viajantes (1917). Em 1918 era publicado o guia sobre o Norte Alentejano, privilegiando claramente as três localidades onde existiam delegações da SPP: No Alto Alentejo / Portalegre, Elvas, Castelo de Vide/ Indicações gerais para uso dos viajantes. Ao longo de 74 páginas, discorria-se sobre a história de cada localidade, monumentos, passeios possíveis e pontos de interesse, para além de se reunirem informações actuais que nos possibilitam ter uma ideia muito precisa dos recursos locais em 1918. No que respeita a Portalegre, refere-se a existência do fabrico de amêndoas por João Maria Guapo, na Rua dos Açougues, de arcos de pau, cestos e canastras por Elisiário de Brito, Francisco Miranda e viúva Serra, de doces diversos por Maria Joana Dias, feitos no antigo convento de Santa Clara, ao tempo recolhimento, e de flores artificiais por Maria Ana Malato.
three localities where there were SPP delegations: No Alto Alentejo: Portalegre, Elvas, Castelo de Vide: Indicações gerais para uso dos Viajantes. (Northern Alentejo: Portalegre, Elvas, Castelo de Vide: General Information for Travellers). Here we have 74 pages full of historical notes on each locality, information on historical buildings, suggestions for walks and points of interest, as well as current information which allows us to have a very precise idea of the local resources in 1918. With regard to Portalegre, the following are mentioned: João Maria Guapo’s almond factory, on Rua dos Açougues, cane bows and baskets made by Elisiário de Brito, Francisco Miranda and the widow Serra, a variety of cakes and sweets made by Maria Joana Dias at the old Santa Clara Convent and artificial flowers made by Maria Ana Malato.
Hospedagem e restauração em 1918
Hotels and Restaurants in 1918
Hotel Caraça, de António de Oliveira Caraça
Hotel Caraça, owned by António de Oliveira Caraça
Hotel Garcia, de António Garcia
Hotel Garcia, owned by António Garcia
Casa de Hóspedes, de José Amaro de Andrade Temudo
Guest House owned by José Amaro de Andrade Temudo
Estalagens de:
Inns owned by:
Alexandre Azeitona
Alexandre Azeitona
Joaquim Lourinho
Joaquim Lourinho
Joaquim Pereira
Joaquim Pereira
José Avelino Facha
José Avelino Facha
José Joaquim Pereira
José Joaquim Pereira
José Maria Baptista
José Maria Baptista
Casas de Pasto de: Joaquim Maria Casaca
Joaquim Maria Casaca
Tiago Morgado
Tiago Morgado
Esperança Maria
Esperança Maria
Restaurante de César Moreira
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Workers Restaurants owned by:
Restaurante of César Moreira
O Guia descreve Portalegre salientando o contraste com o resto do Alentejo: «é sempre agradável a surpresa que experimenta o turista que pela primeira vez visita a linda cidade do Alto Alentejo, pois vai quase sempre convencido de que ali encontrará mais um clássico trecho dessa província, que tão errada e injustificada reputação goza pelo que respeita a belezas naturais, quando é certo que as tem como todas as províncias, embora a paisagem seja mais diversa. O contraste entre Portalegre e o médio e baixo Alentejo é completo, e logo ali tem o forasteiro a primeira impressão das surpresas que o esperam». Não esqueceu as valências – bancos, fábricas, correios, associações – as ligações rodoviárias e ferroviárias, as associações, o ensino, a imprensa local, os divertimentos. Informava que os principais produtos comercializados eram os frutos secos, a madeira, a cortiça, o gado suíno e o azeite. Dedicava duas páginas e meia à Fadagosa de Marvão, o que atesta a sua importância e terminava com algumas sugestões de passeios nos arredores da cidade: Reguengo, com quintas interessantes e comércio de canastras e de madeira de castanho, Fortios e Ribeira de Nisa, valendo mais pelas paisagens que se podiam usufruir e a serra de São Mamede, que é descrita com bastante pormenor, nomeadamente a cadeia de picos que se prolongava pela Espanha dentro. No entanto, parecendo ignorar o opúsculo de 1918, o guia Portugal, com centena e meia de páginas, publicado em 1929 em inglês e em francês, com amplas referências a todo o país, nas excursões centradas em Évora, Portalegre não é considerada, em detrimento de Beja, Vila Viçosa, Estremoz e Elvas. De qualquer forma, a Sociedade de Propaganda de Portugal contribuiu de modo significativo para a divulgação da região de Portalegre, nas páginas dos seus boletins, nas conferências realizadas, na actividade das suas delegações, publicando ainda o primeiro guia turístico de Portalegre.
The Guide describes Portalegre, highlighting the contrast with the rest of the Alentejo: “It is always a pleasant surprise for the tourist when he visits for the first time the beautiful town of northern Alentejo. He goes there expecting to find another typical corner of that province which has such a wrong and unjustified reputation with regard to its beauty, when in fact it has as much as other provinces, albeit more varied. The contrast between Portalegre and central and southern Alentejo is complete, and the stranger has there his first impression of the surprises that await him”. The Guide has not forgotten its richness – the banks, the factories, the post office, the societies, the road and railway connections, education, the local press, entertainment… It informs us that the principal products are dried fruits, wood, cork, pork and olive oil. It devotes two and a half pages to the Fadagosa de Marvão thermal spa (which confirms its importance) and finishes with some suggestions for outings in the surrounding area: Reguengo, with its interesting “quintas” and its basket and chestnut wood industries. Fortios and Ribeira de Nisa are mentioned for the beauty of the landscape. The São Mamede mountains are described in much detail, especially the chain of peaks that stretches beyond the Spanish border. However, as if ignoring the existence of the 1918 guide book, the Portugal guide, published in 1929, in English and French, with 150 pages covering the whole country, Portalegre is notably absent from the Évora based excursions which include Beja, Vila Viçosa, Estremoz and Elvas. Nevertheless, the Sociedade de Propaganda de Portugal contributes significantly to the promotion of Portalegre in the pages of its bulletins, in its talks and through the activities of its delegations. It also published the first Portalegre tourist guide.
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Estatutos da Sociedade de Propaganda de Portugal, Lisboa, Papelaria e Tipografia Guedes & Saraiva, s.d., p. 3. «2.º Concurso de Hotéis», Boletim da SPP, n.º 5, Setembro de 1908, p. 69. Carvalho Cordeiro, «Castelo de Vide. Esboceto monográfico», Boletim da Sociedade de Propaganda de Portugal, n.º 6, Novembro – Dezembro de 1916, pp. 106 a 110. «Terras de Portugal. Portalegre», Propaganda de Portugal, n.º 3, 10 de Junho de 1914, p. 5. Leonildo de Mendonça e Costa, Manual do Viajante em Portugal com itinerários de Excursões em todo o País e para Madrid, Paris, Vigo, Santiago, Salamanca, Badajoz e Sevilha, Lisboa, Tipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1924, 5.ª edição, p. 215.
Notes
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Estatutos da Sociedade de Propaganda de Portugal, Lisboa, Papelaria e Tipografia Guedes & Saraiva, s.d., p. 3.
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3
«2.º Concurso de Hotéis», Boletim da SPP, no. 5, September 1908, p. 69. Carvalho Cordeiro, «Castelo de Vide. Esboceto monográfico», Boletim da Sociedade de Propaganda de Portugal, no. 6, November – December, 1916, pp. 106 to 110.
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«Terras de Portugal. Portalegre», Propaganda de Portugal, no. 3, 10th June, 1914, p. 5.
5
Leonildo de Mendonça e Costa, Manual do Viajante em Portugal com itinerários de Excursões em todo o País e para Madrid, paris, Vigo, Santiago, Salamanca, Badajoz e Sevilha, Lisboa, Tipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1924, 5th edition, p. 215.
Portalegre no Guia de Portugal de Raul Proença Portalegre in the Guide to Portugal by Raul Proença
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 52-57, ISSN 1646-7116
A 16 de Abril de 1925 chegaram a Portalegre Raul Proença e Reinaldo dos Santos, a fim de recolherem elementos destinados ao Guia de Portugal. Foram recebidos e acompanhados por Luís Gomes e Laureano Sardinha, um médico militar muito entendido em Arte e possuidor de uma excelente colecção de cerâmica portuguesa que mais tarde foi integrada no Museu Municipal de Portalegre. Estava em marcha um grandioso projecto que mobilizou vontades e recursos sob a direcção de Proença. Para a elaboração da parte referente a Portalegre foi também consultado o conde de Almarjão. A 31 de Dezembro de 1927 acabava de ser impresso o 2.º volume do Guia de Portugal, dedicado à Estremadura, ao Alentejo e ao Algarve. Nele encontramos uma excelente descrição turística de Portalegre, acompanhada de um mapa da cidade. O texto que reproduzimos em fac-simile é das provas originais corrigidas por Proença e pelo Dr. Laureano Sardinha.
On April 16th, 1925 Raul Proença and Reinaldo dos Santos arrived in Portalegre, with the purpose of gathering information for the Guide to Portugal. They were received and accompanied by Luís Gomes and Laureano Sardinha, a medical doctor very well acquainted with Art and in possession of an excellent collection of Portuguese ceramics, which was later incorporated into the Museu Municipal de Portalegre (the Portalegre Municipal Museum). A grand project which called upon determination and resources was set in motion under the management of Proença. The Count of Almarjão was also consulted about the work on the part of the project relating to Portalegre. On December 31st, 1927 the 2nd volume of the Guide to Portugal, dedicated to Estremadura, Alentejo and the Algarve, came off the press. We found an excellent tourist description of Portalegre in it, accompanied by a map of the town. The text we reproduce in facsimile is of the original proofs corrected by Proença and Dr. Laureano Sardinha.
Guia de Portugal. Raul Proença, 1927.
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Planta de Portalegre incluĂda no Guia de Portugal. Raul Proença, 1927.
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Provas tipogrรกficas do texto referente a Portalegre, publicado no Guia de Portugal de Raul Proenรงa, corrigidas pelo prรณprio, 1927.
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Grémio Alentejano, Casa do Alentejo Grémio Alentejano, Casa do Alentejo
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 58-65, ISSN 1646-7116
Uma das primeiras estruturas regionalistas fundadas após a proclamação da República foi a Liga Alentejana, constituída a 30 de Outubro de 1912 numa reunião havida no Ateneu Comercial de Lisboa, convocada por uma comissão de elementos da colónia transtagana residentes na capital. O documento inicial era subscrito por duas dezenas e meia de personalidades de diversas orientações políticas e partidárias desde o antigo deputado progressista Lourenço Cayola, professor da Escola Colonial, até aos republicanos Júlio Martins, Ladislau Parreira, Vasconcelos e Sá, Caldeira Queirós e João Camoesas, José da Ponte e Sousa e o libertário Emílio Costa1. A 29 de Outubro, o diário Intransigente, que deu um destaque invulgar à iniciativa, publicava um artigo sobre os interesses do Alentejo, no qual apoiava a iniciativa e chamava a atenção para algumas dificuldades existentes: «o Alentejo é muito grande, os alentejanos não se conhecem muito bem uns aos outros e entre eles há diferenças apreciáveis de carácter, filhas da grande extensão da província e das poucas relações que têm mantido uns com os outros»2. A futura Liga deveria ser norteada por um princípio essencial – pôr os interesses que se prometeu defender acima das conveniências políticas ou das simpatias pessoais. A reunião de 30 de Outubro contou com a presença de três centenas de pessoas e foi presidida por Agostinho Fortes, que apelou para a união de «todos os alentejanos, dispondo-os a realizar um programa mínimo capaz de solucionar os problemas mais ingentes da vida provincial»3. Usaram ainda da palavra João Camoesas, Pedro Muralha, António Serrano, Pedro Martins, Mateus Ramos, Armando Massano, Alfredo Pico, José de Lemos, Anselmo Vieira, antigo deputado monárquico, e Emílio Costa. Foi eleita uma comissão encarregada de redigir os estatutos, constituída por Lourenço Cayola, Artur Pestana, João Camoesas, Emílio Costa, Armando Camacho, Mário Miranda Monteiro, Armando Zagalo e Vasconcelos e Sá. 59
One of the first regional framework founded after the proclamation of the Republic was the Liga Alentejana (League of Alentejo), established on October 30th, 1912 in a meeting held at the Ateneu Comercial de Lisboa (Lisbon Commercial Athenaeum), called by a commission of elements from the colony of inhabitants from beyond the river Tagus resident in the capital. The initial document was signed by twenty five personalities of various political inclinations and parties from the ex progressionist deputy Lourenço Cayola, teacher at the Escola Colonial, to the republicans Júlio Martins, Ladislau Parreira, Vasconcelos e Sá, Caldeira Queirós and João Camoesas, José da Ponte e Sousa and the libertarian Emílio Costa1. On October 29th, the daily newspaper Intransigente, which exceptionally highlighted the initiative, published an article on the importance of Alentejo, in which it supported the initiative and drew attention to some of the existing difficulties: “Alentejo is very big, the inhabitants of Alentejo do not know each other very well and there are appreciable differences of character among them, born of the great expanse of the province and of the few connections maintained between them”2. The future League was to be led by an essential principle – to place the causes they promised to defend before political convenience or personal sympathies. The meeting of October 30th was attended by three hundred people and was presided over by Agostinho Fortes, who appealed to “all the inhabitants of Alentejo, in union, to put into place the creation of a minimal programme able to solve the greatest problems in the life of the province”3. João Camoesas, Pedro Muralha, António Serrano, Pedro Martins, Mateus Ramos, Armando Massano, Alfredo Pico, José de Lemos, Anselmo Vieira, ex Monarchic deputy, and Emílio Costa all spoke. A commission charged with
Constituiu-se uma outra comissão instaladora que integrava Pedro Martins, Francisco Lopes, Sousa Câmara, António Serrano, Frederico Villaret, Martinho Rosado, Alfredo Pico, Armando Massano e Ladislau Parreira. Uma terceira comissão, a formar posteriormente, teria como função organizar a propaganda da Liga por toda a província. De entre as adesões recebidas destaca-se a de Adelaide Cabete, que era natural de Elvas. O jornal de Machado Santos deu uma ampla cobertura ao andamento dos trabalhos, publicando convocatórias e relatos da reunião, incitando a que se imitasse o exemplo dos alentejanos – «o regionalismo, que há muito tempo só se tem manifestado entre nós para a luta da mesquinha e mais que nociva política dos partidos e dos influentes, parece querer orientar-se de forma a produzir efeitos benéficos para o progresso das diversas regiões do país»4. No mesmo jornal, num artigo intitulado «A Liga Alentejana propõe-se realizar uma obra grandiosa»5, Edmundo de Oliveira censurava asperamente o silêncio com que a generalidade dos outros órgãos de imprensa acolheram a iniciativa, dando conta da magnitude do projecto em curso. É que a Liga Alentejana pretendia criar diversas estruturas interligadas, uma cooperativa, escolas, um jornal, organização de excursões ao Alentejo, bem como a edição de materiais de promoção da província. Note-se, porém, que os dinamizadores da Liga eram alentejanos residentes em Lisboa, o que contradizia de certo modo a filosofia subjacente ao projecto. Não se tratava de uma acção desencadeada a partir do interior, das terras abandonadas e esquecidas pelo poder central, mas sim concebida na capital, embora por regionalistas dedicados que não esqueciam a sua origem. Segundo os seus estatutos, a Liga Alentejana era «completamente estranha a quaisquer agrupamentos e doutrinas políticas, sociais e religiosas»6 (Art.º 19), apostando na realização
drafting the Statutes was elected, composed of: Lourenço Cayola, Artur Pestana, João Camoesas, Emílio Costa, Armando Camacho, Mário Miranda Monteiro, Armando Zagalo and Vasconcelos e Sá. Another inaugural commission was set up comprised of Pedro Martins, Francisco Lopes, Sousa Câmara, António Serrano, Frederico Villaret, Martinho Rosado, Alfredo Pico, Armando Massano and Ladislau Parreira. A third commission was to be formed later, with the role of setting up the promotion of the League all over the province. One of the more outstanding members to join was Adelaide Cabete, who was born in Elvas. Machado Santos’s newspaper gave ample coverage of the progress of the work, publishing convocations and reports on the meeting, encouraging the following of the example of the people of Alentejo – “provincialism, which for so long has only shown itself among us through the struggle of grudging and more than noxious political and influential parties, seems to wish to move in the direction of producing beneficial effects for the development of the various regions in the country”4. In the same newspaper, an article entitled “The Alentejo League proposes to take up an imposing position”5, Edmundo de Oliveira severely criticised the silence with which the other organs of the press in general had received the initiative, considering the magnitude of the project under way. The Liga Alentejana aimed at creating various interrelated structures, a cooperative, schools, a newspaper, the organisation of tours of Alentejo, as well as the publication of material to promote the province. However, it should be noted that the active organisers of the League were people from Alentejo resident in Lisbon, which somewhat contradicted the underlying philosophy of the project. This was not an internal unfettered action, on abandoned and forgotten territory by central powers,
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de congressos regionais que, como já referimos, nunca tiveram lugar, pelo menos no que diz respeito ao Alentejo. Dentro dos objectivos definidos de lutar pelo desenvolvimento e pela propaganda do Alentejo, a Liga Alentejana, que chegou a ter uma sede em Évora, realizou algumas sessões de propaganda, a mais importante das quais teve lugar a 13 de Abril de 1913 em Elvas, no Teatro Elvense, presidida por António Simões Paquete, proprietário em Évora, na qual usaram da palavra o Dr. Evaristo Cutileiro e João Camoesas. Emílio Costa concebia a existência desta estrutura numa perspectiva mais ampla de verdadeira alternativa de poder – «a proclamação da República não trouxe para o país uma era de descentralizaçaão, porque os governos republicanos não são diferentes, sob esse ponto de vista, de quaisquer outros governos. A acção das regiões tem que se exercer contra eles, contra o seu poder absorvente, a sua tendência tirânica como condição indispensável de progresso. As Ligas, como a Liga Alentejana são os organismos que estarão indicados para iniciar essa acção e educação. Devem-se constituir numerosas e fortes, porque delas resulta o progresso geral, o bem-estar de todos»7.
although conceived in the capital, but one by dedicated people of the region who had not forgotten their origin. According to its Statute, the Liga Alentejana was “completely separate from any political, social or religions groups and doctrines”6 (Article 19), pledging itself to the accomplishment of regional congresses, as already stated, which had never taken place, at least as far as Alentejo was concerned. Within the objectives defined for the struggle for the development and promotion of Alentejo, the Liga Alentejana, which even had a head Office in Évora, had some meetings for promotion, the most important of which was held on April 13th, 1913 at Elvas, in the Teatro Elvense, presided over by António Simões Paquete, a landowner from Évora, at which Dr. Evaristo Cutileiro and João Camoesas spoke. Emílio Costa conceived the existence of this framework within the wide perspective of true alternative power – “the proclamation of the Republic did not bring an era of decentralisation to the country, because the republican governments are no different, in this respect, from any other governments. The regions’ procedure must exert itself
O Grémio Alentejano e a Casa do Alentejo A última estrutura regionalista alentejana criada durante a I República foi o Grémio Alentejano, constituído a 16 de Outubro de 1923. Entre os seus fundadores encontramos nomes já conhecidos – Aboim Inglês, Agostinho Fortes, Hernâni Cidade – a par de uma nova geração que se empenhou no projecto. Depois de algumas sedes provisórias, o Grémio instalou-se em 1927 na Rua de S. Pedro de Alcântara, 45, com uma sessão a 30 de Janeiro onde foi conferencista Brito Camacho, e, depois, a 2 de Maio de 1932, no Palácio de S. Luís, na Rua de Eugénio dos Santos. O Grémio Alentejano mudou a sua designação para Casa do Alentejo, instituição que ainda existe, com uma notável actividade. 63
against them, against their absorbing power, their tyrannical tendency as an indispensable condition for progress. Leagues such as the Liga Alentejana are those organisations most appropriate to start this action and education. They should be set up, numerous and strong, because, general progress results in the welfare of everyone”7.
The Grémio Alentejano and the Casa do Alentejo The last regional structure in Alentejo to be created during the 1st Republic was the Grémio Alentejano (Guild of Alentejo), established on October 16th, 1923. Well-known names are to be found among its founders – Aboim Inglês,
O carácter abrangente do regionalismo anterior ao 28 de Maio prosseguiu, reforçado pela colaboração entre os vários grémios que chegaram a constituir um Conselho Superior do Regionalismo, com representantes das várias organizações existentes em Lisboa. Mais uma vez, o exemplo do Grémio Alentejano é significativo. Realizaram-se dois Congressos da Imprensa Alentejana, um em 1932 e outro em 1933. Mas nunca conseguirá levar a cabo um congresso regional, planeado desde 1940 e periodicamente agitado até 19538. Dos corpos gerentes do Grémio, depois Casa do Alentejo, fizeram parte figuras oriundas de campos políticos muito diferentes, como Passos e Sousa e Hernâni Cidade, Agostinho Fortes e Leopoldo Nunes. Em nome do progresso do Alentejo e da defesa dos seus interesses, fazia-se a propaganda das belezas naturais e monumentais, do folclore e da história. Em 1938, Andrade Saraiva escrevia: «o regionalismo, sendo essencialmente patriótico e afectivo, é incompatível com toda a espécie de facciosismo e de sectarismo, porque todo o faccioso e sectário é, no fundo, um antipatriota, que, conscientemente, promove lutas, violências, a discórdia e a desagregação nacional»9 . Vítor Santos, embora de uma forma menos explícita, não deixava de salientar em 1941 que o regionalismo é um movimento «de cunho nitidamente nacional, talvez o único capaz de fazer canalizar o esforço de todos os homens para o bem comum»10. Casimiro Mourato.
Agostinho Fortes, Hernâni Cidade – apart from a new generation which became engaged in the project. After having some provisional head offices, in 1927 the Grémio took up residence at number 45, S. Pedro de Alcântara street, with a session on January 30th with Brito Camacho as speaker, and, later, on May 2nd, 1932, at the St. Luís Palace, in the Eugénio dos Santos street. The Grémio Alentejano changed its title to Casa do Alentejo (House of Alentejo), an institution which still exists, with remarkable activity. The all-embracing character of interior regionalism of May 28th continued, strengthened by collaboration between various guilds which rose to make up a Higher Counsel Superior for Regionalism, with representatives from various organisations already in existence in Lisbon. Once more, the example of the Grémio Alentejano is noteworthy. Two Congresses of the Alentejo Press took place, one in 1932 and another in 1933. But there was never a regional congress, as had been planned since 1940 and periodically threatened until 19538. Among the governing body of the Grémio, later the Casa do Alentejo, were figures from different fields of politics, such as Passos e Sousa and Hernâni Cidade, Agostinho Fortes and Leopoldo Nunes. In the name of the development of Alentejo and the defence of its interests, its natural beauty and monuments, folklore and history were propagated. In 1938, Andrade Saraiva wrote: “regionalism, being essentially patriotic and affective, is incompatible with any kind of partiality and sectarianism, because all factious and sectarianism is, essentially antipatriotic, which, consciously promotes conflict, violence, discord and national disintegration”9 .Although in a less explicit manner, Vítor Santos, does not fail to point out in 1941 that regionalism is a movement “of a distinct national stamp, perhaps the only
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O Grémio, primeiro, com portalegrenses dedicados como Luís Gomes, e a Casa do Alentejo depois foram veículos extraordinários de divulgação das potencialidades turísticas do Alentejo em geral e de Portalegre em particular. Nos seus órgãos de imprensa, em especial na Revista Alentejana, colaborou com frequência Casimiro Mourato com artigos exaltando as virtualidades da região.
one able to channel the efforts of all men towards common good”10. The Grémio, first, with dedicated people from Portalegre such as Luís Gomes, and then the Casa do Alentejo, were extraordinary vehicles for the diffusion of the tourist potentials of Alentejo in general and of Portalegre in particular. Casimiro Mourato frequently collaborated in its organs of the press, especially in the Revista Alentejana,
Notas «Pró Regionalismo. A Futura Liga Alentejana», O Intransigente (Portalegre), n.º 394, 3-11-1912, p. 1. V. para a história do alentejanismo. «A fundação da Liga Alentejana», O Grémio Alentejano, número comemorativo do XIV aniversário do Grémio Alentejano, 1937, pp. 10 e 12. 2 «Os Interesses do Alentejo», Intransigente (Lisboa), n.º 692, 29-10-1912, p. 1. 3 Correio Elvense, 7-12-1912, p. 1. 4 «Regionalismo», Intransigente (Lisboa), n.º 730, 12-12-1912, p. 1. 5 Intransigente (Lisboa), n.º 758, 15-1-1913, p. 1. 6 Os Estatutos da Liga Alentejana foram publicados em diversos jornais da província. Veja-se, como exemplo, o Correio Elvense de 24-5-1913, p. 1. 7 Emílio Costa, «As Ligas Regionais e o Poder Central», Intransigente (Lisboa), n.º 758, 28-1-1913, p. 1. 8 V., por exemplo, Victor Santos, «Uma vez mais o Congresso», O Grémio Alentejano, n.º 15, Novembro de 1936, pp. 1 e 4; «Uma Ideia que não morre. O Congresso Alentejano»?, Revista Transtagana (Évora), n.º 33, Dezembro de 1936, p. 1. 9 J. Andrade Saraiva, «O Regionalismo e a Concórdia nacional», O Grémio Alentejano, n.º 39, Novembro de 1938, p. 1. 10 Victor Santos, Regionalismo, Política nacional, Lisboa, Ed. da Casa do Alentejo, 1944, p. 5.
with articles praising the virtuosities of the region.
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Notes
1
“Pró Regionalismo. A Futura Liga Alentejana”, O Intransigente (Portalegre), n.º 394, 3-11-1912, p. 1. V. For the history of the promotion of Alentejo. “A fundação da Liga Alentejana”, O Grémio Alentejano, commemorative number for the XIV anniversary of the Grémio Alentejano, 1937, pp. 10 and 12.
2
“Os Interesses do Alentejo”, Intransigente (Lisboa), no. 692, 29-10-1912, p. 1.
3
Correio Elvense, 7-12-1912, p. 1.
“Regionalismo”, Intransigente (Lisboa), no. 730, 12-12-1912, p. 1.
Intransigente (Lisboa), no. 758, 15-1-1913, p. 1.
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6
The Statutes of the Liga Alentejana were published in various newspapers of the province. See, for example, Correio Elvense of 24-5-1913, p. 1.
7
Emílio Costa, “As Ligas Regionais e o Poder Central”, Intransigente (Lis-
8
See, for example, Victor Santos, “Uma vez mais o Congresso”, O Gré-
boa), no. 758, 28-1-1913, p. 1. mio Alentejano, no. 15, November 1936, pp. 1 and 4; “Uma Ideia que não morre. O Congresso Alentejano”?, Revista Transtagana (Évora), no. 33, December 1936, p. 1. 9
J. Andrade Saraiva, «O Regionalismo e a Concórdia nacional», O Grémio
10
Victor Santos, Regionalismo, Política nacional, Lisboa, Ed. da Casa do Alen-
Alentejano, no. 39, November 1938, p. 1. tejo, 1944, p. 5.
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A Serra de Portalegre – estância turística The Portalegre Mountain – tourist resort
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 66-81, ISSN 1646-7116
A Serra de Portalegre sempre impressionou ao longo dos séculos. Frei Amador Arrais descreveu-a de forma magistral nos seus Diálogos:
For centuries the Portalegre Mountain has always
«É a serra de Portalegre uma das melhores da Lusitânia do seu tamanho, que parece extremar-se a natureza na fresquidão do arvoredo, a muitos prados, e diversidades de boas frutas, suavidade de ares aprazíveis, que correndo entre flores e ervas cheirosas sopram mui suavemente ruído músico e soidoso de várias plantas, multidão de claras fontes, doces e frias águas. É toda coberta de sombrios soutos, pomares, vinhas, olivais etc. e de mui altos castanheiros e outras árvores tecidas per obra da natureza em troncos da graciosa era, e dela cingidas e suas ramas que representam em todo o ano o mês de Maio, e nunca perde de todo a formosura da sua primavera»1.
“The Serra de Portalegre is one of the best of its size
impressed. Friar Amador Arrais describes it perfectly in his Diálogos:
in Lusitania, and seems to reach the very limits of nature in the pleasant coolness of its groves of trees, many meadows, and diversity of good fruit, its bland pleasant climate, flowing through sweet smelling flowers and grasses, very gently blowing musical and nostalgic notes of a variety of plants, a multitude of clear fountains, fresh, cool water. It is all covered with shady plantations, orchards, vineyards, olive groves etc. and very tall chestnut trees and because of other trees woven in time by the work of nature among the trunks, encircling them and their foliage, it is as in the month of May all year round, never
O padre Diogo Pereira Sotto Maior, em 1619, referia:
loosing the beauty of spring”1.
«da parte do Norte, ou quase debaixo de norte, cai a grande serra de Portalegre tão nomeada por todo o mundo, porque é a mais rica coisa que deve de haver em todo ele»2.
In 1619, Father Diogo Pereira Sotto Maior said:
“in the north, or just below the north, slopes the great mountain of Portalegre so well-known throughout
Alberto Pimentel, administrador do concelho de Portalegre no ano de 1877, evoca o passeio à serra, «entre espessas florestas de castanheiros bravos, tão espessos, que em eles estando crescidos não entra lá dentro nem sol nem calma, por mais ardente que o dia esteja»3. E terminamos com o testemunho do visconde de Benalcanfor, porque os exemplos são numerosos:
the world, because it is the most magnificent thing in it”2.
In 1877, Alberto Pimentel, administrator of the district of Portalegre, calls to mind the trip up the mountain, “among thick forests of wild chestnut trees, so thick, that since they have grown neither the sun nor unrest can enter, however hot the day may be”3.
«Sabíamos que havia por lá fontes, levadas, castanheiros de grandes sombras; mas toda essa paisagem imaginária, que 67
And to finish with the Viscount of Benalcanfor’s remarks, because there are many examples:
transportávamos dentro de nós, empalideceu, desbotou ante a magia do esplêndido cenário alpestre daquela região. As cumeadas das serras recortam-se ali em feitios caprichoso, como as de Sintra ou da Peninha em Colares»4.
“We knew that there were springs and fountains, cascades, great shady chestnut-trees; but all the imaginary landscapes we carry within ourselves turn pale and faded before the magic splendour of alpine scenery in this region. The mountain ridges and crests
Infelizmente, as vicissitudes da natureza com a «tinta», que destruiu grande parte dos castanheiros, e dos homens, com a crescente procura da madeira de castanho, alteraram drasticamente a flora da Serra e Portalegre. Mas, apesar disso, ela conservou muito do seu potencial continuando a impressionar o visitante. No entanto, mesmo no século XX, sucedem-se os testemunhos positivos. No volume Portugal Contemporâneo organizado por Albino Forjaz de Sampaio e editado em 1905 no Brasil, Portalegre é brevemente referida em termos elogiosos: «é uma das cidades portuguesas mais industriais, disposta no alto de um monte delicioso, dominando uma vasta e produtiva planície»5. Brito Camacho, numa visita a Portalegre nos finais da década de vinte, na companhia do Dr. Abílio Ferreira, de Crato, escreveu algumas notas curiosas sobre a cidade e os seus arredores:
are outlined in a capricious fashion, like those of Sintra or Peninha in Colares”4.
Unfortunately, Lusitanian vicissitudes of nature such as “ink”, which has destroyed a large part of the chestnut trees, and of men, with their increased demand for chestnut tree wood, have drastically altered the flora of the Mountain and of Portalegre. But, in spite of this, it has preserved much of its potential and continues to impress visitors. Meanwhile, even in the 20th century, there is positive proof. In the book Portugal Contemporâneo organised by Albino Forjaz de Sampaio and published in 1905 in Brazil, Portalegre is briefly praised: “it is one of the most industrial Portuguese cities, set high on a delightful hill,
«Quase na assomada para a cidade, ainda dentro da zona florestal, há casas isoladas de habitação, construídas com bom gosto, sem o preciosismo dos chalets feitos por cópia, quase sempre em absoluta desconformidade com o ambiente. Na Serra há abundância de água, jorra por toda a parte, e porque o ar ali é puro, sem poeiras e sem micróbios, sendo agradável para todos, é útil para os debilitados e enfraquecidos fazerem ali uma estação, de algumas semanas ou de alguns meses. Toda esta estrada que venho de percorrer, passando pelo Reguengo, devia ser já, e há muito tempo, uma larga avenida arborizada, convenientemente espaçadas as árvores, para não encurtarem a vista. Pára o automóvel, por instantes, para o dr. Abílio Ferreira, incorrigível fumador, chupar
overlooking a vast, fertile plain”5. On a visit to Portalegre at the end of the nineteen twenties, accompanied by Dr. Abílio Ferreira de Crato, Brito Camacho wrote some rare notes on the city and its surrounding area.
“Almost at the summit of the city, still within the forest belt, there are isolated dwelling houses, built with good taste, without the affected copies of chalet, which are almost always in absolute discordance with the scene. There is an abundance of water on the Mountain, which gushes out all over the place, and because the air is pure there, with no dust or bacteria, pleasant for everyone, it is beneficial for the
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um cigarro, e delicio-me a ver a cidade, de forma aproximadamente triangular, com tendência a estender-se para o lado do vértice. A impressão que dá, numa vista de conjunto, é muito agradável, não se vendo, do ponto onde estou, a parte baixa, onde há alguns prédios e vulto. Não tem nada de monumental, mas também não tem nada de mesquinho, antes afecta um ar de elegância e garridice, que faz lembrar uma noiva rústica, vestindo como se fosse uma princesa. (…) É dia de feira. Abundância de fruta no mercado; rumas de melão e melancia, que se vendem a olho, e uma incalculável porção de loiça para uso doméstico, loiça de barro cosido, simples e grosseira, como talvez já se fabricasse quando por aqui andaram os sarracenos. Todas as mulheres de lenço na cabeça, todos os homens de jaqueta vestida, e raros chapéus-de-sol como se o calmasio não fosse de respeito. Almoçámos no Café Central, que é, nos dias de feira, o rendez-vous dos lavradores do sítio, que acodem à cidade»6.
feeble and weak to stay there for a few weeks or even months. All the highway I have just travelled along, passing through Reguengo, must have been a wide, tree planted avenue for a long time, the trees suitably spaced out so as not to block the view. The car stops for some instants while Dr. Abílio Ferreira, an incorrigible smoker, draws on a cigarette, and I delight in viewing the city, which is approximately triangular, with a tendency to spread at its summit. Viewed altogether it gives a very pleasant impression, although from where I am standing I cannot see lower down, where there are some buildings in the distance. It is not majestic but is also not unpleasant, rather it affects an air of elegance and smartness, which reminds one of a country bride, dressed as a princess. (…) It’s market day. There is a copious amount of fruit at the market;
Anos mais tarde, Charles David Ley, professor do Instituto Britânico em Portugal, visitou José Régio e Francisco Bugalho e ficou impressionado com a Serra de Portalegre7. O próprio José Régio, na letra que escreveu para a «Canção de Portalegre», musicada por Frederico Valério, evocava a esplêndida vista que se desfrutava:
piles of melon and water-melon sold without being weighed, and a countless amount of crockery for domestic use, clay pottery, plain and rustic, just as it was forged when the Saracens were here. All the women wear a head scarf, all the men wear a jacket, and there are few sun shades, as if the heat were not to be respected.
«Olhei da Serra a cidade, Tão branca, estreita, comprida! Faz-me alegria e saudade Assim de novo vestida».
We ate lunch at the Central, which on market days is the rendez-vous for the farmers of the area, who throng to the city”6.
Years later, Charles David Ley, teacher at the British
E foi justamente a Serra e o seu potencial que projectou a cidade em termos turísticos. 69
Institute in Portugal, visited José Régio and Francisco Bugalho and was impressed by the Portalegre Mountain7.
Tudo começou por volta de 1912 – não existem documentos que o atestem, mas apenas depoimentos orais8 – e teve como protagonista João Augusto de Carvalho Serra. Nascido em Portalegre, em 30 de Agosto de 1895, filho de Inácio Augusto de Carvalho, sapateiro, e de Emília Rosa Rainho, estudou na Escola Industrial Fradesso da Silveira, mas dedicou-se ao comércio de sapataria – era proprietário da sapataria Serra – possuindo ainda algumas propriedades tanto urbanas como rústicas, dedicando-se também à actividade agrícola. Algumas situavam-se na Serra de Portalegre, onde tinha uma casa no Souto do Gago. Como um dos seus filhos sofresse de bronquite asmática, um médico recomendou-lhe os ares de montanha, pelo que passou a permanecer durante mais tempo na serra. Alguns amigos pediam-lhe a casa para passar alguns dias no Verão. Apercebendo-se dos potenciais daquele local, a beleza natural e os bons ares, João Serra iniciou um processo de construção de residências nos seus térreos e também de cedência gratuita de parcelas a amigos que ali quisessem construir vivendas. Por outro lado, as virtualidades do local tornavam-se cada vez mais conhecidas e começou a procura sazonal por parte de pessoas que ali pretendiam alugar residência durante alguns meses. No total construiu 32 moradias mobiladas, com três quartos, sala e cozinha, pelo que teve que alienar algum património para financiar o projecto. Havia um senão: as casas não possuíam casa de banho porque havia problemas com o abastecimento de água, sendo o fornecimento feito diariamente, à noite, a partir da nascente na Fonte dos Maguetes. Embora existisse água, na época não era possível elevá-la de modo a ser utilizada. Mas a verdade é que o sucesso da Quinta da Saúde, como começou a ser conhecida ainda nos anos vinte, não podia ser maior. Tal designação parece ter sido dada em 1927 por Virgínio Rego9. A procura era muita, tanto de veraneantes como de pacientes que sofriam de doenças respiratórias não contagiosas, incidindo nos meses de Junho, Julho e Agosto, mas com procura
José Régio himself, in the lyrics he wrote for the “Canção de Portalegre”, put to music by Frederico Valério, evoked the splendid view to be enjoyed:
“Look at the Mountain over the city, So white, narrow, elongated! It makes me happy and nostalgic All dressed anew”.
And it was the very Mountain and its potential which led to the planning of the city for tourist purposes. Everything began about 1912 – going by spoken evidence, as there are no documents to confirm this8 –, João Augusto de Carvalho Serra playing a leading role in this. Born in Portalegre, on August 30th, son of Inácio Augusto de Carvalho, a shoemaker, and Emília Rosa Rainho, he studied at the Escola Industrial Fradesso da Silveira (Fradesso da Silveira Industrial School), but went into the shoe trade – he was the owner of the shoe shop Serra. He was also the owner of some property both in town and in the country, and did some farming, too. Some of his property was on the Portalegre Mountain, where he has a house in Souto do Gago. As one of his children suffered from asthmatic bronchitis, a doctor recommended the mountain air for him, and so he spent more time up the mountain. Some friends asked to stay in his house for a few days in summer. João Serra became aware of the potential of the place, the natural beauty and the good, fresh air, and began proceedings to build dwelling houses on his land and also to give pieces of land, free of charge, to friends who wished to build houses there. On the other hand, the virtues of the site became more and more well known and people who wished to rent lodgings for some
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months began to seek seasonal accommodation. 32 furnished houses were built in all, with three bedrooms, living room and kitchen, and he had to use some inheritance to finance the project. One inconvenience was that the houses had no bathrooms because there were problems with the water supply, the water being supplied at night from the spring in Fonte dos Maguetes (i. e., Fountain of Maguetes). Although there was water, at the time it was not possible to pump it for use. But the truth of the matter was that the success of the Quinta da Saúde (i. e., Good Health Property), as it began to be known
Quinta da Saúde.
in the 1920s, could not have been greater. It seems to
também nos de Maio e Setembro. Outro problema inicial residia nos acessos, que se limitavam à azinhaga da Santo António. A estrada de acesso que será conhecida como Estrada da Serra foi construída por iniciativa de João Serra, com o concurso de muitos operários da Fábrica Robinson que ficaram desempregados em virtude da crise que atingia a indústria corticeira. A sua acção começou a ter um maior reconhecimento depois da visita a Portalegre do Presidente da República, marechal Carmona, em Maio de 1932. Um grupo de senhoras levou a mulher do Presidente à Quinta da Saúde, onde teve lugar uma recepção, procedendo à inauguração do telefone. João de Carvalho Serra foi condecorado, a 9 de Junho daquele ano, com o grau de comendador da Ordem de Benemerência. Entre os frequentadores, alguns dos quais ali veranearam durante 10 a 15 anos, estavam famílias abastadas da região, que contribuíam para dinamizar o comércio local, mas também outros de fora como o pintor Dordio Gomes e o Eng.º Jorge Jardim e por ali passaram jornalistas como o portalegrense Aprígio Mafra, João Pereira da Rosa e Tito Martins, que muito contribuíram para a promoção da Quinta pelo país fora e até no estrangeiro. Por vezes, os hóspedes animavam por sua iniciativa o local. O Dr. Francisco 71
have been designated as such in 1927 by Virgínio Rego9. It was much sought after, both by holidaymakers as well as by patients suffering from uncontagious respiratory diseases, during the months of June, July and August, but also in May and September. Access to the vicinity
João Serra.
was also a problem, which was only through the Santo António pathway. The Access highway known as the Estrada da Serra (the Mountain Road) was constructed under the initiative of João Serra, with the cooperation of many of the workers from the Fábrica Robinson (Robinson Factory), who lost their jobs because of the crisis which hit the cork industry. His activity became more acknowledged after the President of the Republic, Marshal Carmona visited Portalegre, in May 1932. The group of ladies took the President’s wife to the Quinta da Saúde, where there was a reception in honour of the inauguration of the telephone. João de Carvalho Serra was decorated, on June 9th of that year, with the rank of commander of the Ordem de Benemerência (Order of Merit). Among the regular users, some of whom went there in the summer for 10 and 15 years, were wealthy families of the region, who contributed to the increase in local trade and commerce, but there were also outsiders such as the painter Dordio Gomes and Engineer Jorge Jardim, as well as journalists such as the Portalegre born Aprígio Mafra, João Pereira da Rosa and Tito Martins, who contributed a lot to the promotion of the Quinta throughout the country and even abroad. Sometimes the visitors livened up the place on their own initiative. There Dr. Francisco Semedo, from Ourique, promoted a dinner
Semedo, de Ourique, promoveu ali um jantar com mais de 300 convivas em honra dos veraneantes. E também as curiosidades: um lavrador de Campo Maior levava uma vaca para que os filhos pudessem ter leite em abundância… Outro propagandista da Quinta foi Pedro Muralha, editor do Álbum Alentejano. No jornal A Rabeca, aquele jornalista elogiava, em 1932, João de Carvalho Serra: «homem sem prepa-
with more than 300 guests in honour of the summer visitors. There were also some odd events: a farmer from Campo Maior took a cow with him so his children could have plenty of milk…. Another person who played a big role in the Quinta was Pedro Muralha, editor of the Álbum Alentejano. In the A Rabeca newspaper, in 1932, this journalist praised João
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Festas dos Bombeiros na Quinta da Saúde.
Convívio de Bombeiros na Quinta da Saúde.
ração intelectual, possuindo apenas alguns meios de fortuna, ele multiplicando-os com uma grande quantidade de capital de energia, e só com a sua energia contando vencer, ele, repetimos, lutando durante alguns anos por uma obra que idealizou, conseguiu ver enfim transformado em realidade esse seu sonho, que para a maioria dos homens não passaria de mera fantasia. Este bocado da Serra de Portalegre a que me estou referindo, e que há pouco mais de 12 anos era virgem e consequentemente selvagem, é hoje um autêntico Éden»10. Empenhado na preparação do projecto do Álbum Alentejano, Pedro Muralha visitou Portalegre algumas vezes. Na revista que publicou em 1935, Vida Alentejana, inseriu outro artigo intitulado «A Serra e Portalegre e alguns dos seus Chalets»11, onde sublinhava o facto de só agora ter sido criada uma Comissão de Iniciativa e Turismo em Portalegre: «não será a Serra de Portalegre digna de ser consi-
de Carvalho Serra as: “a man with no intellectual background, owner of a fortune, which he multiplied with a great deal of energy, only counting on his own energy to win, working for years towards his ideal undertaking, finally managed to see this, his dream, transformed into reality, which for most men would not go beyond mere fantasy. This piece of the Portalegre Mountain to which I am referring, and which until about 12 years ago was untouched and therefore wild, is today a real Eden”10. Pledged to the preparation of the project Álbum Alentejano, Pedro Muralha visited Portalegre a few times. In the magazine Vida Alentejana, which he published in 1935, he had another article entitled “A Serra e Portalegre e alguns dos seus Chalets» (The Mountain and Portalegre and some of its Chalets)11, where he underlined the fact that the Planning and Tourist Commission in Portalegre had only just been created: “is the Serra de Portalegre not worthy to be considered as one of the most amazing tourist regions in our country?”. And he described a tour along a circuit which became the classic trip Round the Mountain (a Volta à Serra), going through various quintas (i. e., properties), from the Ribeira de Sedavalley to the Quinta da Saúde, passing through the Lameira, Carreira, Leão, Cantarinhos, Relva, Campos and Branca Properties. He consecrated a large area to the João Serra project, expressing his surprise at the excellence of what he saw. Unlike the houses in the Serra da Estrela, with bay, tiled roofs and no plaster work, he came upon “beautiful chalets all covered with plaster, not illuminated with oil but using electricity; and the Mountain, this Mountain, if all these 130 hectares were used to its benefit, would be one of the places most worthy of admiration in the Peninsula. (…) All the roads and pathways are very
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derada uma das mais estupendas regiões de turismo do nosso país?». E descreveu um passeio num circuito que se tornará clássico, a Volta à Serra, pontuada por diversas quintas, desde o vale da Ribeira de Seda até à Quinta da Saúde, passando pelas Quintas da Lameira, Carreira, do Leão, dos Cantarinhos, da Relva, de Campos e Branca. Dedicou um largo espaço ao projecto de João Serra, manifestando surpresa pela qualidade do que viu. Contrariamente às casas da Serra da Estrela, de telha vã e sem reboco, deparou-se com «lindos chalets todos estucados, não se usa ali iluminação de azeite, consome-se electricidade; e a Serra, esta Serra que se toda fosse beneficiada com estes 130 hectares, seria um dos recintos mais dignos de admirar-se da Península. (…) Todos os caminhos muito limpos, muito bem arranjados. Toda a Quinta tem já uma grande rede de estradas, todas elas delineadas pelo estimado proprietário de este Éden. Entre o verde compacto, isto é, no meio das florestas de castanheiros e pinheiros, encontram-se os chalets. Estes são para duas famílias, com todas as comodidades exigidas pela civilização. Coile de tennis, balouços para crianças; enfim, tudo quanto um estabelecimento deste género pode exigir, ali se encontra. No Álbum Alentejano, cuja parte referente a Portalegre só foi publicada em 1937, Pedro Muralha volta a publicar o mesmo texto, mas com um título diferente12, como fez com tantos outros primitivamente inseridos na Vida Alentejana. Em 1934, o jornal A Voz Portalegrense sublinhava o incremento da construção na serra de Portalegre: «vão aumentando em quantidade e impondo-se também um pouco pela qualidade»13. Anúncios de aluguer de chalets e quintas na serra começavam a surgir… A imprensa local, com destaque para A Rabeca e para A Voz Portalegrense, era pródiga em elogios: «A Serra de Portalegre é o grande fulcro de todas as atenções. Povoada como está hoje, a Serra de Portalegre pode vir a ser – salvo as devidas proporções – 74
Quinta da Saúde.
o mesmo que as Penhas da Saúde são para a Covilhã, ou o mar foi para a Figueira: um elemento de riqueza»14. Não é de estranhar que João de Carvalho Serra tenha encarado, em 1936, a construção de um hotel. As autoridades locais – Governo Civil, Câmara Municipal – e a Comissão de Iniciativa e Turismo passaram a utilizar a Quinta da Saúde para a realização de recepções a entidades oficiais ou outros eventos. Ali decorreu um Porto de Honra, por ocasião da inauguração da luz eléctrica na estrada da Serra (Junho de 1935). Ali decorreram as recepções ao ministro do Interior, Gomes Pereira (Outubro de 1933), ao ministro da Instrução, Carneiro Pacheco (Maio de 1935) e a outros membros do governo que visitavam a cidade e o distrito. A Guerra Civil de Espanha fez desaparecer os turistas espanhóis que frequentavam a Quinta, mas mesmo nessa época e durante a II Guerra Mundial, o racionamento não afectou os
clean and tidy. The whole Property already has a large network of roads, all delineated by the venerated owner of this Eden. Among the dense greenery that is in the middle of the forests of chestnut and pine trees, are the chalets. These are for two families, with all the comforts available to civilisation. Tennis courts, children’s swings; in fact, all this modern generation could require is there. In the Álbum Alentejano, in which the part referring to Portalegre was only published in 1937, Pedro Muralha published the same text again, but with a different title12, as he had done with so many others originally included in Vida Alentejana. In 1934, the A Voz Portalegrense newspaper drew attention to the increase of construction on Portalegre Mountain: “they are increasing in quantity and of imposing quality”13. Advertisements for the rent of chalets and farms on the mountain began to increase… The local press, especially A Rabeca and A Voz Portalegrense, was lavish with praise: “The Portalegre Mountain is the great centre of all attention. With its present population, the Portalegre Mountain could become – in all due proportions – the same as the Penhas da Saúde are for Covilhã, or the sea is for Figueira: an element of wealth”14. It is not surprising that in 1936 João de Carvalho Serra undertook the construction of a hotel. The local authorities – Local Government, Municipal Council – and the Planning and Tourist Commission began to use the Quinta da Saúde for receptions of official personages or other events. A Porto wine Reception was held there, on the occasion of the inauguration of electric light along the Mountain road (June 1935). Receptions for the Minister of the Interior Gomes Pereira (October 1933), the Education Minister Carneiro Pacheco (May
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1935) and the other members of the government who visited the city and the district were also held there. The Spanish tourists who used to go to the Quinta, disappeared because of the Spanish Civil War, but even during this time and throughout the 2nd World War, rationing did not deter the summer visitors, as the Quinta da Saúde was the third supply authority, after the sanatorium and the hospital… The CP (Railways) granted
veraneantes, uma vez que a Quinta da Saúde era a terceira prioridade no abastecimento, depois do sanatório e do hospital… a CP concedia aos frequentadores da Serra bilhetes especiais equivalentes aos de banhos e com a mesma duração. A Quinta possuía pessoal próprio e um automóvel com motorista para conduzir os hóspedes à cidade quando o necessitassem, posto médico, telefone e serviço regular de correio no Verão. Mas com a permanência de algumas dezenas de pessoas naquele local, foi necessário desenvolver outras actividades complementares, como um casino e uma esplanada. Aos sábados à noite realizavam-se «ceias à americana» e bailes com a orquestra local «Ferrugem». Nesses programas de animação também incluíam burricadas até à Serra de São Mamede, para as quais os agricultores que habitavam na zona alugavam animais. Depois foram construídos uma capela e um campo de tiro aos pombos. Em 1941, o semanário nacionalista Correio de Portalegre, ao comentar e louvar a acção da Comissão Municipal de Turismo, referia que «não resta, pois, dúvida, de que a serra é, verdadeiramente, o centro do turismo em Portalegre»15, e que no Verão ante76
special tickets to the regular visitors to the Mountain equivalent to those for the bathing resorts, and for the same length of time. The Quinta had its own personnel and a motorcar, with a driver to drive the guests to the city when necessary, a medical centre, telephone and regular mail services in the Summer. But as there were a few score people there, it became necessary to develop other complementary activities, such as a casino and an esplanade. On Saturday nights there were “American suppers” and Convívio de Bombeiros na Quinta da Saúde.
balls with the local “Ferrugem” orchestra. In these entertainment programmes there were also donkey rides to
rior estiveram na Quinta da Saúde cerca de 200 pessoas! . O autor da série de artigos concluía que «a razão de ser do turismo em Portalegre reside na Serra; o centro da Serra é constituído pela Quinta da Saúde; consequentemente, a Quinta da Saúde seu fulcro do turismo local»17. João Carvalho Serra agradeceu ao articulista e manifestou toda a disponibilidade para prosseguir a sua obra18. Naquele ano começou o alcatroamento da estrada da Serra. Em 1942, o arquitecto Jacobety Rosa foi encarregado pela Comissão Municipal Turismo de elaborar um estudo sobre a Quinta da Saúde19. Em Março daquele ano, uma brigada do Secretariado da Propaganda Nacional esteve na Quinta da Saúde para estudar as melhorias a introduzir no casino de forma a torná-lo mais cómodo e atraente. O SPN e a CMT ajudaram na renovação de mobiliário. A 28 de Maio, a Quinta recebia outro visitante ilustre: Marcello Caetano, Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa esteve em Portalegre e no acampamento da Mocidade Portuguesa em Marvão, detendo-se em diversos locais da Serra de Portalegre. Em 1945, estudantes espanhóis de Agronomia tiveram uma recepção na Quinta da Saúde. O jornalista e escritor Julião Quintinha foi outro propagandista da Quinta da Saúde: «tal o êxito desta iniciativa particu16
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the São Mamede Mountain, for which the local farmers rented animals. Then, a chapel and a pigeon shooting range were built. In 1941, Correio de Portalegre, the weekly national newspaper, commenting upon and praising the Municipal Tourist Commission, reported that “thus, there is no doubt that the mountain is really the centre of tourism in Portalegre”15, and that last Summer some 200 people visited the Quinta da Saúde!16. The author of this series of articles concluded that “the reason for tourism in Portalegre is the Mountain; at the centre of the Mountain is the Quinta da Saúde; consequently the Quinta da Saúde is the centre of local tourism”17. João Carvalho Serra thanked the columnist and showed every sign of continuing his work18. In that year the tarring of the Mountain road began. In 1942, the architect Jacobety Rosa was entrusted by the Planning and Tourist Commission to carry out a study on the Quinta da Saúde19. In March of that year, a group of people from the National Propaganda Secretariat went to the Quinta da Saúde to examine what
improvements should be carried out on the casino to make it more comfortable and appealing. The NPS and the PTC helped towards the renovation of the furniture and fittings. On May 28th, the Quinta was once more visited by the distinguished: Marcello Caetano, Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa (National Commissioner of the Portuguese Youth Movement) was in Portalegre and at the Portuguese Youth camp in Marvão, stopping at various places on the Portalegre Mountain. In 1945, Spanish Agricultural students attended a reception at the Quinta da Saúde. The journalist and writer Julião Quintinha also played an important part at the Quinta da Saúde: “this private initiative has been so successful that there is no house available this season, several hundreds of people spend-
lar que já não existe nesta época uma casa disponível, passando ali todos os anos algumas centenas de pessoas no mais cativante convívio»20. A Serra de Portalegre e a Quinta da Saúde eram realidades indissociáveis e prestigiadas. Não é de estranhar que Duarte Pacheco, em 1945, tenha prometido a construção de uma pousada naquele local, mas que não passou da promessa… Em Abril de 1957 ali decorreu o acampamento regional da Ala de Portalegre da Mocidade Portuguesa, com uma centena de filiados de centros escolares e extra-escolares da região. A Quinta funcionou também como local privilegiado de festas da cidade, como a Festa dos Aventais, ali realizada desde 1928, com algumas interrupções. Também a Festa do Comércio, a partir de 1940 passou a realizar-se ali a Festa do Comércio, organizada pelo Grémio do Comércio de Portalegre, mobilizando centenas de pessoas, comerciantes, empregados do comércio e respectivos familiares. Do mesmo modo foi palco de convívios organizados pelos bombeiros.
ing a most enchanting interlude there every year”20. The Portalegre Mountain and the Quinta da Saúde were prestigious, indissociable realities. It is not surprising that in 1945 Duarte Pacheco promised to build a country-house hotel there, but it did not go beyond a promise… In April 1957 the regional holiday camp of the local Branch of the Portalegre Portuguese Youth Movement was set up, with about a hundred children from schools and organisations of the region. The property served as a favoured place for city festivals, like the Aprons Festival, held there in 1928, with a few interruptions. As from 1940 the Trade Fair was also held there, organ-
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Quinta da Saúde: grupo de residentes e de veraneantes.
Em 1955 foi criada uma casa para hóspedes de curta duração, género pousada. Mas nem tudo corria pelo melhor. Um dos problemas principais era o facto de as casas da Quinta não disporem de instalações sanitárias próprias nem de água canalizada. Já em 1928 todos os proprietários que na Serra alugavam casas para «curas de ares» e repouso foram intimados pela Junta de Higiene a construírem retretes apropriadas. Com o tempo, as exigências foram sendo renovadas e João de Carvalho Serra não tinha possibilidade de cumprir com todos os requisitos exi79
ised by the Grémio do Comércio de Portalegre (Portalegre Trade Guild), rallying hundreds of people, tradesmen, shop assistants and their respective families. In the same way social activities organised by the fire brigade were also staged there. In 1955 house for short-term guests, a kind of country-house hotel, was constructed. But not everything went well. One of the main problems was the fact that the houses in the property did not have their own
gidos. A 1 de Abril de 1960 era celebrado um contrato de arrendamento entre ele e a Câmara Municipal de Portalegre, presidida pelo Dr. Martinho de França de Azevedo Coutinho, pelo qual a Quinta de Saúde era alugada à autarquia pelo período de 29 anos, pela renda anual de 25 mil escudos. Iniciava-se uma nova fase na vida Martinho de Azevedo Coutinho. daquela estância, agora sob os auspícios da autarquia portalegrense. A instalação de um parque de campismo da Orbitur e obras diversas alteraram significativamente a estrutura da Quinta, que perdeu o aspecto luxuriante que tivera no passado, com a demolição de algumas casas e abertura de arruamentos mais amplos. A 19 de Dezembro de 1963 morria em Portalegre João de Carvalho Serra, o homem a quem Portalegre tanto deve e que permanece mergulhado no mais profundo esquecimento.
hygiene facilities, or running water. Already in 1928, all
Notas
Notes
1
1
Diálogos de Dom Frei Amador Arrais Bispo de Portalegre, Lisboa, Tipogra-
2
Diogo Pereira Sotto Maior, Tratado da Cidade de Portalegre, introdução, rea-
3
Alberto Pimentel, Viagens à Roda do Código Administrativo, Lisboa, Ofi-
4
Visconde de Benalcanfor, Realidades e Fantasmas, Porto, Livraria Por-
5
Albino Forjaz de Sampaio, Portugal Contemporâneo, Rio de Janeiro,
2 3 4 5 6 7
Diálogos de Dom Frei Amador Arrais Bispo de Portalegre, Lisboa, Tipografia Rolandiana, nova dição, 1846, p. 253. Diogo Pereira Sotto Maior, Tratado da Cidade de Portalegre, introdução, leitura e notas de Leonel Cardoso Martins, Lisboa, IN-CM, 1982, p. 54. Alberto Pimentel, Viagens à Roda do Código Administrativo, Lisboa, Oficina Tipográfica de J. A. de Matos, 1905, p. 31. Visconde de Benalcanfor, Realidades e Fantasmas, Porto, Livraria Portuense de Clavel & Cia – Editores, 1881, p. 155. Albino Forjaz de Sampaio, Portugal Contemporâneo, Rio de Janeiro, Publicação d’O Malho, 1905, pp. 200 e 201. Brito Camacho, Por Cerros e Vales, Lisboa, Guimarães & C.ª, s.d., pp. 157 a 159. Charles David Ley, Escritores e Paisagens de Portugal, Lisboa, Seara Nova, 1942, p. 106.
the landlords who rented houses on the Mountain for “clean air cures” and rest were summoned by the Board of Hygiene to build appropriate toilets. In time, the existing ones were renewed and João de Carvalho Serra was unable to comply with all the demanded requirements. On April 1st, a lease between him and the Portalegre Municipal Council, presided over by Dr. Martinho de França de Azevedo Coutinho was made, by which the Quinta de Saúde was rented to the autarchy for a period of 29 years, for an annual rent of 25 thousand escudos (i. e., 124.70 Euros). A new phase in the life of that spa began, this time under the auspices of the Portalegre autarchy. A camping site in Orbitur and various alteration works significantly changed the structure of the property, which lost the luxury appearance it had had in the past, through the demolition of some of the houses and the building of wider streets. On December 19th, 1963, João de Carvalho Serra, the man to whom Portalegre owes so much and has now been quite forgotten, died in Portalegre .
fia Rolandiana, new edition, 1846, p. 253. ding and notes by Leonel Cardoso Martins, Lisboa, IN-CM, 1982, p. 54. cina Tipográfica de J. A. de Matos, 1905, p. 31. tuense de Clavel & Cia – Editores, 1881, 155. Publicação d’O Malho, 1905, pp. 200 and 201. 6
Brito Camacho, Por Cerros e Vales, Lisboa, Guimarães & C.ª , s.d., pp. 157 to
7
Charles David Ley, Escritores e Paisagens de Portugal, Lisboa, Seara Nova,
159.
80
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Feito por D. Inês Serra, filha de João de Carvalho Serra. O semanário A Rabeca escrevia: «acaba de ser cognominada Quinta da Saúde pelo nosso amigo Sr. Virgínio Rego», n.º 569, 29-5-1927, p. 3. Pedro Muralha, A Civilização na Serra», A Rabeca, n.º 822, de 23-10-1932, pp. 1 e 2. Vida Alentejana, n.º 27, 19 de Março de 1935, pp. 4, 5 e 7. Pedro Muralha, «Portalegre Cidade Presépio. Uma das mais lindas Serras do país», Álbum Alentejano. Tomo III Distrito de Portalegre, Lisboa, Imprensa Beleza, s. d. [1937], pp. 927 a 930. «Erra filão à vista», A Voz Portalegrense n.º 117, 4-3-1934, p. 2. A Voz Portalegrense, n.º 100, de 29-10-1933, p. 1. José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem II», Correio de Portalegre, n.º 6, 19 de Novembro de 1941, p. 1. José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem III», Correio de Portalegre, n.º 7, 26 de Novembro de 1941, p. 4. José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem IV», Correio de Portalegre, n.º 8, 3 de Dezembro de 1941, p. 1. João de Carvalho Serra, «Uma Carta. A Serra de Portalegre e a obra do Homem», Correio de Portalegre n.º 9, de 10 de Dezembro de 1941, p. 1. «Urbanização. A Cidade, a Serra e o Asilo», Correio de Portalegre, n.º 20, 25 de Fevereiro de 1942, pp. 1 e 4. Julião Quintinha, «Impressões de Portalegre», Diário do Alentejo, 20 de Julho de 1942. Transcrito em Correio de Portalegre, n.º 42, 29 de Julho de 1942, p. 1.
1942, p. 106. 8
Made by D. Inês Serra, daughter of João de Carvalho Serra.
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The weekly newspaper A Rabeca wrote: “it has just been nicknamed Quinta
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Pedro Muralha, “A Civilização na Serra”, A Rabeca, no. 822, 23-10-1932,
da Saúde by our friend Mr. Virgínio Rego”, no. 569, 29-5-1927, p. 3. pp. 1 and 2. 11
Vida Alentejana, no. 27, March 19th, 1935, pp. 4, 5 and 7.
12
Pedro Muralha, «Portalegre Cidade Presépio. Uma das mais lindas Serras do país», Álbum Alentejano. Tomo III Distrito de Portalegre, Lisboa, Imprensa Beleza, s. d. [1937], pp. 927 to 930.
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«Erra filão à vista», A Voz Portalegrense no. 117, 4-3-1934, p. 2.
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A Voz Portalegrense, no. 100, of 29-10-1933, p. 1.
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José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem II», Correio de
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José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem III», Correio de
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José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem IV», Correio de
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João de Carvalho Serra, «Uma Carta. A Serra de Portalegre a obra do
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«Urbanização. A Cidade, a Serra e o Asilo», Correio de Portalegre, no. 20,
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Julião Quintinha, «Impressões de Portalegre», Diário do Alentejo, July 20th,
Portalegre, no. 6, November 19th, 1941, p. 1. Portalegre, no. 7, November 26th, 1941, p. 4. Portalegre, no. 8, December 3rd, 1941, p. 1. Homem», Correio de Portalegre no. 9, December 10th, 1941, p. 1. February 25th, 1942, pp. 1 and 4. 1942. Transcribed in Correio de Portalegre no. 42, July 29th, 1942, p. 1.
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As festas da cidade The city festivals
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 82-101, ISSN 1646-7116
Não existia qualquer tradição de realização de «festas da cidade», mas, tradicionalmente, a grande festa anual era a feira das Cebolas, em Setembro, ou fazia-se coincidir com ela certos eventos de maior importância. Realizada pela primeira vez em 13 de Setembro de 1841, no Rossio do Espírito Santo, local onde se manteve durante mais de um século, aquela feira converteu-se num evento anual único e de grande amplitude. Por isso mesmo, algumas realizações foram a ela associadas. A 11 de Setembro de 1863 foi inaugurada na cidade a iluminação a petróleo. A 14 de Setembro de 1894 foi inaugurada a Praça de Touros D. Luís do Rego. A 14 de Setembro d 1898 foi inaugurada a Praça de Touros de Jacinto Serrão. A 12 de Setembro de 1901 foi inaugurada a luz eléctrica pública e particular. Normalmente, a feira era acompanhada de música na Avenida de D. Carlos (depois da Liberdade), pelo menos uma tourada e eventualmente a realização de uma tômbola, quase sempre em benefício dos bombeiros voluntários. Ocasionalmente decorriam festejos pontuais, como os que tiveram lugar em 1897. A 1 de Abril daquele ano, George Weelhouse Robinson adquiriu a «Fábrica Pequena», pondo termo a uma longa crise vivida sem solução aparente, que colocava em risco os postos de trabalho de dezenas de operários. Esta aquisição, que ascendeu a 21 608$000 réis, deveu-se fundamentalmente a propósitos filantrópicos, cedendo ao pedido das famílias dos trabalhadores ameaçados. A «Fábrica Pequena», agora rebaptizada de «Fábrica das Meninas Robinson» ganhou um novo vigor com a vinda de equipamento. A cidade rejubilou, agradecendo ao benemérito industrial. A 11 e 12 de Agosto de 1907 decorreram as Festas de Portalegre, em honra de Nossa Senhora da Piedade. Bandas de Portalegre e de Alpalhão, quermesse, missa solene, tourada na praça D. Luís do Rego e festival na Avenida de D. Carlos, com iluminações, fogo de artifício e as bandas. Nesse mesmo ano, a Feira das Cebolas (13, 14 e 15 de Setembro) foi um sucesso: «era grande 83
There was no folk custom for “city festivals”, but, traditionally, the great annual festival was the Onion Fair in September, and certain more important events were made to coincide with this. Held for the first time on September 13th, 1841, in Rossio do Espírito Santo, where it continued to be held for more than a century, the fair turned into a very big, unique, annual event. That is why, some events became associated with it. On September 11th, 1863 the illumination of the city with petrol was inaugurated. On September 14th, 1894 the D. Luís do Rego Bullring was inaugurated. On September 14th, 1898 the Jacinto Serrão Bullring was inaugurated. On September 12th, 1901 the public and private electricity supply was inaugurated. Normally, the fair was accompanied by music on the D. Carlos avenue (later to be renamed Avenida Liberdade, i.e., Liberty Avenue), at least one bull fight and sometimes a raffle, almost always for the benefit of the voluntary fire brigade. Occasionally, there were other festivals, such as those which were held in 1897. On April 1st of that year, George Weelhouse Robinson bought the “Fábrica Pequena” (i.e., the small factory), calling an end to a long crisis which seemed to have no apparent solution, placing the jobs of scores of workers at risk. This takeover, which cost 21 608$000 réis (now equal to 0.11 euros or eleven centimes), was essentially for philanthropic motives, yielding to the appeals of the families of the threatened workers. The “Fábrica Pequena”, since renamed “Fábrica das Meninas Robinson” (i. e., the Factory of Robinson Girls), picked up with the arrival of equipment. The city rejoiced, showing its gratitude to the industrial benefactor. On August 11th and 12th, 1907 the Portalegre Festivals were held, in honour of Nossa Senhora da Piedade (i.e., Our Lady of Mercy). There were bands from Portale-
Festa da inauguração da luz eléctrica (1901).
o número de barracas de bufarinheiros, fazendas, calçado, louças, latas, ourives, caldeireiros, leilões, rifas, restaurantes, animatógrafos e vários outros divertimentos»1. As primeiras «festas da cidade» com este nome, ocorreram nos dias 13 a 16 de Setembro de 1912, coincidindo com a Feira das Cebolas. Foram organizadas por uma comissão central constituída por Joaquim José de Abreu, George Milner Robinson, Jorge Caroço, Jerónimo Garção e Jorge de Macedo, que coordenava outras comissões específicas: de propaganda, desportiva, cavalhadas, fogo de artifício, tômbola e bazar, alojamentos trans-
gre and Alpalhão, a bazaar, high mass, a bull fight in the D. Luís do Rego bull ring and a festival in the D. Carlos Avenue, with illuminations, fireworks and bands. This year, the Onion Fair (September 13th, 14th and 15th) was a success: “there were a great number of stalls for street traders, cloth and materials, trousers, crockery, tins, jewellers, coppersmiths, auctions, raffles, restaurants, animatographers and various other sideshows”1. The first “city festivals” with this name, were held from September 13th to 16th, 1912, coinciding with the
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Festa da Árvore (1915). Festa da Árvore (1915). Feira dos Porcos.
porte, exercícios de bombeiros, finanças, iluminação, coretos e exposição de produtos locais. Os Caminhos-de-ferro proporcionaram uma redução no preço dos bilhetes de 50% a partir de Lisboa e de 30% a partir de outros destinos. Muitas residências particulares disponibilizaram-se para receber hóspedes durante as festas. O jornal O Distrito de Portalegre publicou um número especial dedicado aos forasteiros, de formato menor ao habitual, com alguns artigos de carácter histórico, informações úteis e anúncios. A imprensa local fala em milhares de forasteiros e sublinha que desde os festejos pela inauguração da luz eléctrica, que Portalegre não assistia a um evento tão marcante e movimentado2. Dado o sucesso alcançado, a iniciativa repetiu-se. As festas de 1913 decorreram entre 13 e 16 de Setembro, organizadas por uma comissão das forças vivas locais. Apesar de alguns apoios institucionais, o grosso do financiamento recaía sobre o comércio e a indústria locais. Constaram de uma exposição de arte ornamental, touradas, fogo de artifício, iluminações, corrida de bicicletas, jogos desportivos, arraiais, tômbola e parada agrícola. Um dos pontos altos foi a actuação da Banda
Festa da Árvore (1915), no Jardim Operário.
Onion Fair. They were organised by a central commission made up of Joaquim José de Abreu, George Milner Robinson, Jorge Caroço, Jerónimo Garção and Jorge de Macedo, who organised specific commissions for advertising, sport, horse shows, firework displays, raffles and bazaars, lodg-
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da Guarda Nacional Republicana. A ornamentação do recinto, desde a Fontedeira até ao Rossio, esteve a cargo de José Maria dos Santos e de Victor Duarte Sequeira. Os Caminhos-de-ferro proporcionaram preços especiais com bilhetes válidos para ida e volta nos comboios ordinários e nos rápidos. O semanário A Cidade publicou um álbum anunciativo dedicado às festas. Sublinhava-se que «a serra de Portalegre, com 600 metros de altitude é digna de ser visitada» e que «o forasteiro encontra em Portalegre dois magníficos hotéis, várias empresas de trens, duas garagens de automóveis, um café modelar»3. De facto, para além dos hotéis Caraça e Brito e da pensão de José Amaro de Andrade Temudo, Carlos Ribeiro Sogalho alugava trens e automóveis, Pedro Rubio da Graça alugava automóveis, e Paulo Prezas disponibilizava também trens. Para além das feiras anuais, com realce para a das Cebolas, começaram a organizar-se festas de outro tipo, pela iniciativa de associações particulares mas que ganharam uma grande repercussão. Assim, em 1920, o Grémio Planetário organiza as Festas da Cidade de Portalegre, nos dias 23 e 24 de Maio, com um cortejo histórico evocativo do ressurgimento de Portalegre e o
ing and accommodation, transport, fire brigade exercises, funding, illumination, bandstands and exhibitions and shows of local products. The railways offered a 50% reduction on the price of tickets from Lisbon and 30% from other destinations. Many private residents offered accommodation for guests during the festivities. The O Distrito de Portalegre newspaper published a special edition dedicated to the visitors, in a smaller size than usual, with some articles of an historical nature, useful information and advertisements. The local press mentions millions of visitors and underlines the fact that, since the festivities for the inauguration of electric light Portalegre had not seen such a remarkable and moving event2. Since it was such a success, the event was repeated. The 1913 festivities were held between September 13th and 16th, organised by a commission of eminent local public figures. Apart from some institutional support, the bulk of the financing fell upon the local trade and industry. There were an ornamental art exhibition, bull fights, fireworks, illuminations, bicycle races, sports activities, singing and dancing, raffles and an agricultural show. One of the highlights was the Guarda Nacional Republicana (i.e., the National Republican Guard) band performance. The cost for the decoration of the area, from the Fontedeira to the Rossio, was met by José Maria dos Santos and Victor Duarte Sequeira. The Railways offered special return tickets in the normal and fast trains. The weekly newspaper A Cidade published a publicity album dedicated to the festivities. It emphasized that “the Portalegre Mountain,
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lançamento da primeira pedra do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, com a presença do ministro da Guerra, coronel João Estêvão Águas. No ano seguinte, a mesma agremiação levou a cabo as Festas da Primavera na Cidade de Portalegre, de novo benefício ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, nos dias 5 e 6 de Junho, com exposição de artes e indústrias, batalha de flores, concertos, corrida de cavalos, futebol e sarau. Em 1922, a mesma associação, que entretanto alterara o seu nome para Grémio Transtagano, organizou de novo as Festas da Primavera, nos dias 3, 4 e 5 de Junho, em benefício ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra. No primeiro dia começou o concurso de montras ornamentadas e decorreram festas escolares no Liceu de Mousinho da Silveira, parada militar na Avenida da Liberdade, festa nacional de educação física no campo da Fontedeira, jogo de futebol e concerto pela banda regimental. No segundo dia abriu a Exposição de Produtos Regionais, seguindo-se uma batalha de flores e à noite festival com as bandas Euterpe e dos Bombeiros, com fogo de artifício. No terceiro e último dia houve corrida de cavalos, jogo de futebol e um sarau de gala no Teatro Portalegrense. Este sarau começou com uma conferência do Dr. António Correia, a peça
600 metres high, is well worth a visit” and that “visitors will find two magnificent hotels, various carriage companies, two garages for motorcars and an excellent café in Portalegre”3. In fact, besides the hotels Caraça and Brito and the José Amaro de Andrade Temudo guesthouse, Carlos Ribeiro Sogalho rented carriages and motorcars, Pedro Rubio da Graça rented motorcars, and Paulo Prezas also supplied carriages. Besides the annual festivals, especially the Onion Fair, other kinds of festivals began to be organised, under the initiative of private associations which became very influential. Thus, in 1920, the Grémio Planetário (Planetary Guild) organised the City Festivals on May 23rd and 24th, with a pageant evocative of the renaissance in Portalegre and the laying of the first stone of the Monument to the Dead of the Great War, in the presence of the Minister for War, Colonel João Estêvão Águas. The following year, the same association took care of the Festas da Primavera (i.e., the Spring Festivals) in the City of Portalegre, once again for the benefit of the Monument to the Dead of the Great War, on June 5th and 6th, with exhibitions of art, trade and industry, battle of flowers, concerts, horse races, football and an evening of musical entertainment. In 1922, the same association, which had in the meantime altered its name to Grémio Transtagano (Transtagano Guild), once again organised the Spring Festivals, on June 3rd, 4th and 5th, for the benefit of the Monument to the Dead of the Great War. On the first day, the competition for decorated shop-windows began, and school parties were given in the Mousinho da Silveira High School. There was a military parade on the Avenida da Liberdade, a national festival of physical education on the Fontedeira arena, a football match and a concert by the regimental
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«O Primeiro Beijo», de Júlio Dantas, «Um Acto de Cabaret», por um terceto de piano, violino e violoncelo, a comédia «A Roca de Hércules», de Manuel Pinheiro Chagas e um concerto pela banda do regimento de Infantaria n.º 22 regida pelo capitão José Cândido Martinó. Durante o certame estiveram abertas diversas barracas de chá e foi publicado um catálogo muito cuidado, com textos diversos, entre os quais um poema inédito de José Duro, e publicidade. Em 1923, realizaram-se de novo as Festas da Primavera organizadas pelo Grémio Transtagano, a 5, 6 e 7 de Junho. O programa foi semelhante ao anterior: Exposição Regional na Escola Fradesso da Silveira, concurso de montras, romagem aos mortos da Grande Guerra, exercício dos bombeiros na Fábrica Real, batalha de flores, festival nocturno com as bandas dos bombeiros e Euterpe, iluminação da Avenida e fogo de artifício, barracas de chá, corrida de motocicletas no campo da Fontedeira, cor-
band. On the second day, the Exhibition of Regional Products opened, followed by a battle of flowers and an evening of entertainment with the Euterpe and Fire Brigade bands, with fireworks. On the third and last day, there were horse races, a football match and gala evening of musical entertainment in the Teatro Portalegrense (Portalegre Theatre). This evening of musical entertainment began with a conference given by Dr. António Correia, the play “O Primeiro Beijo” (The First Kiss), by Júlio Dantas, “Um Acto de Cabaret” (An Act of Cabaret), by a trio of piano, violin and violoncello, the comedy “A Roca de Hércules” (Hercules’ Distaff), by Manuel Pinheiro Chagas and a concert by the band of the regiment of the 22nd Infantry, conducted by Captain José Cândido Martinó. During the performances various tea stalls were open and a carefully prepared catalogue was published, with a variety of texts, among which a previously unpublished poem by José Duro, and advertisements. In 1923, the Spring Festivals were again organised by the Transtagano Guild, on June 5th, 6th and 7th. The programme was similar to the previous one: Regional Exhibition in the Fradesso da Silveira School, shop-windows competition, homage to the dead of the Great War, Fire Brigade exercises in the Fábrica Real, battle of flowers, night entertainment with the Euterpe and Fire Brigade bands, illumination of the Avenida, tea stalls, motorcycle races on the Fontedeira arena, running races, football and gala evening of musical entertainment in the Portalegre theatre. A more carefully prepared programme was also published, with texts of a historical and literary nature and advertisements. The Spring Festivals became a regular event. In 1924, another edition, still under the initiative of the Transtagano Guild and dedicated to the Monument for the Dead of the Great War, coincided with the
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rida pedestre, futebol e sarau de gala no teatro Portalegrense. Também se publicou um programa, mais cuidado, com textos de carácter histórico e literário e publicidade. As Festas da Primavera tornavam-se num acontecimento regular. Em 1924, mais uma edição, sempre por iniciativa do Grémio Transtagano e dedicada ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, coincidindo com a segunda feira anual. Desta vez ao longo de quatro dias – 5, 6, 7 e 8 de Junho –, tinha um formato semelhante aos anteriores: concurso de montras, exposição de produtos regionais, festa desportiva (desta vez com boxe), romagem aos mortos da Grande Guerra, batalha de flores, festival nocturno com bandas, concerto diurno, futebol, torneio de tiro aos pombos e concerto na Avenida da Liberdade. Para além das costumadas barracas de chá, houve animatógrafo, tômbola e iluminações. O programa era mais volumoso e contava com textos de carácter histórico de Lacerda Machado, Luís Gomes, Casimiro Mourato e Galiano Tavares para além de abundante publicidade. Terminou então essa primeira fase das Festas da Primavera. Nos anos seguintes, para além das habituais feiras anuais,
second annual fair. This time over a period of four days – June 5th, 6th, 7th and 8th –, it had similar programme to the previous ones: shop-windows competition, exhibition of regional products, sports festival (this time including boxing), homage to the dead of the Great War, battle of flowers, an evening of musical entertainment with bands, daily concert, football, pigeon shooting tournament and concert on the Avenida de Liberdade. Besides the usual tea stalls, there was animatography, raffles and illuminations. The programme was more extensive and included texts of an historical nature by Lacerda Machado, Luís Gomes, Casimiro Mourato and Galiano Tavares, as well as an abundance of advertisements. This first phase of the Spring Festivals ended. In the following years, besides the usual annual festivals, the Festa dos Aventais (the Aprons Festival) and the religious festivals, others are recorded, such as the Festa da Flor (Flower Festival), on June 7th and 8th, 1925, for the benefit of the Voluntary Fire Brigade. From September 13th to 15th, 1926, on the occasion of the Onion Fair, festivities for the benefit of the Portalegre Charitable Institution took place. On June 23rd and 24th, 1927, there were new popular festivities also for the benefit of the Santa Casa da Misericórdia Charitable Institution, which took place from September 13th to 16th, 1928 and September 13th to 16th, 1929, with festivities on the Avenida da Liberdade, once again coinciding with the Onion Fair, for the benefit of the Misericórdia Charitable Organisation, the sanatorium and the rehabilitation centre. From September 10th and 11th, 1930, the festivities took place again, and the only edition of the newspaper A Voz Portalegrense was published, with a print run of 3,000 copies, artistically composed and dedicated to the visitors.
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da Festa dos Aventais e das festas religiosas registamos outras como a Festa da Flor, em 7 e 8 de Junho de 1925, em benefício dos Bombeiros Voluntários. De 13 a 15 de Setembro de 1926, por ocasião da Feira das Cebolas, realizaram-se festas em benefício da Misericórdia de Portalegre. Em 23 e 24 de Junho de 1927, decorreram novas festas populares também em benefício da Santa Casa da Misericórdia, o mesmo sucedendo de 13 a 16 de Setembro de 1928 e de 13 a 16 de Setembro de 1929, com festas na Avenida da Liberdade, de novo coincidindo com a Feira das Cebolas, em benefício da Misericórdia, do sanatório e da casa de regeneração. Em 1930, 10 e 11 de Setembro, as festas repetiram-se, sendo então publicado o número único do jornal A Voz Portalegrense, com uma tiragem de 3000 exemplares, artisticamente composto e dedicado aos forasteiros. A imprensa local não regateava loas aos produtos regionais, com destaque para os famosos enchidos, a groselha e as amêndoas de Portalegre.
The local press did not fail to praise the regional products, especially highlighting the famous sausages, the red currents and almonds of Portalegre. In 1931, from June 5th to 8th, on the occasion of the Cherry Fair, the festivities in aid of the Santa Casa da Misericórdia Charity Institution were held again, and a well compiled programme was published by STEL, in Lisbon, with texts that had nothing to do with Portalegre and abundant advertising. Motorcar Gymkhana, flower vendors, battle of flowers, festival in the streets, livestock auction and concerts were the highlights. Similarly, on the 5th, 6th and 7th, the district Exhibition took place on the Fontedeira arena, organised by the Portalegre General District Council, with agricultural, industrial, artistic, bibliographical and livestock sections. In 1935 the Spring Festival reappeared, promoted by the Football and Athletic Sports Association of Por-
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talegre under the patronage of the Planning and Tour-
Exposição distrital, 1931.
ist Commission, coinciding with the Cherry Fair and also with the Aprons Festival. On May 30th, and June 1st, 2nd, 3rd, 4th, 5th, 6th, 7th and 9th, there was an extensive, varied programme highlighted by the inauguration of electric lighting on the Mountain road (May 30th), the School Party (June 1st), with a procession of 5,000 children from primary schools in the district and a rhythmic gymnastics parade with 1,000 children, the 1st Portalegre Hippic Competition (June 2nd) and the 1st Bicycle Tour of Portalegre (June 3rd). The Avenida da Liberdade was cordoned off, and there were entrance fees. These festivities were of an unprecedented dimension, with the publication of an advertising campaign and other specific documentation. In 1936, the Spring Festivals were promoted by the
Em 1931, de 5 a 8 de Junho, por ocasião da Feira das Cerejas, repetiram-se as festas em benefício da Santa Casa da Misericórdia, com a publicação de um bem elaborado programa publicado pela STEL, de Lisboa, com textos que nada têm a ver com Portalegre e abundante publicidade. Gincana de automóveis, venda da flor, batalha de flores, festival no Passeio Público, leilão de gado, concertos, eram os pontos a destacar. Paralelamente, nos dias 5, 6 e 7, teve lugar no campo da Fontedeira a Exposição Distrital, organizada pela Junta Geral do Distrito de Portalegre, com as secções agrícola, industrial, artística e bibliográfica e pecuária. Em 1935 regressaram as Festas da Primavera, promovidas pela Associação de Futebol e Desportos Atléticos de Portalegre e com o patrocínio da Comissão de Iniciativa e Turismo, coincidindo com a Feira das Cerejas e também com a Festa dos Aventais. Nos dias 30 de Maio, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9 de Junho, decorreu um extenso e diversificado programa que teve como pontos altos a inauguração da luz eléctrica na estrada da Serra (30 de Maio), 93
Planning and Tourist Commission, with the collaboration of the Portalegre Municipal council, trade and industry and local farmers. This took place on June 4th, 5th, 6th, 7th, 8th, 9th and 10th, on the occasion of the Cherry Fair. The mark of the experienced hand of João Tavares is left on this publicity and programme. The most significant highlights were the 1st Aviation Exhibition, the 2nd Por-
a Festa Escolar (dia 1 de Junho), com o cortejo de 5000 crianças de escolas primárias do distrito e uma parada de ginástica rítmica com 1000 crianças, o I Concurso Hípico de Portalegre (2 de Junho), a I Volta Ciclista a Portalegre (3 de Junho). A Avenida da Liberdade ficou vedada, com entradas pagas. Estas festas tiveram uma dimensão inédita, com a edição de um programa e de outra documentação promocional específica. Em 1936, as Festas da Primavera foram promovidas pela Comissão de Iniciativa e Turismo, com a colaboração da Câmara Municipal de Portalegre, comércio, indústria e lavoura locais. Decorreram nos dias 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 de Junho, por ocasião da feira das Cerejas. Tudo muito mais cuidado a denotar a mão experiente de João Tavares no cartaz e no programa. Como momen-
talegre Hippic Competition and the inauguration of the José Elias Martins bull ring . In 1937, there was no Spring Festival, but the Municipal Council developed a programme for the City Festivals very similar to the two previous ones4. In the following year, the Spring Festivals were even better. Promoted by the new Municipal Tourist Commission on June 5th, 6th, 7th, 8th, 9th, 10th, 11th and 12th – and once again coinciding with the Cherry Fair, its strong points were the District Exhibition in which the Municipal Councils of Elvas, Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo e Vide, Crato, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor and Sousel and the 7th Fire Brigade National Congress par-
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Cartaz Festas da Primavera. João Tavares, 1935.
ticipated. The parades of the Legion and the Portuguese Youth, the Motor Rally, the fraternisation party for past and present pupils of the high school, the inauguration of the Mountain belvedere, the flower exhibition, etc. are all outstanding. Once again João Tavares designed the programme’s poster. The splendour of these festivities contrasts with the decline of traditional fairs. The A Voz Portalegrense newspaper reported in 1939, on the Onion Fair: “for some years the sound of popular Basílio’s voice and witty comments conquering people when constantly auctioning crockery has been missed. Leonard’s meat pies and ham stall has also disappeared. Marujo’s liver meat has disappeared. The clowns’ sideshows have also vanished. Circuses have become rare”5. And in this same year the A Rabeca newspaper, when reporting on the Cherry Fair, said that the greatest success had been the electric cars stall and a Chinese circus with an elephant. Most of the stalls were deserted, the Euterpe band did not perform alone as the Legion’s band appeared. The rain contributed to making things sadder. That’s how the second cycle of Spring Festivals went. From then on, the fairs revived, especially those in June and September, although during the latter rain fell frequently. Normally, apart from the trade activities inherent at any fair, with stalls for food, entertainment, music in the street, there was always a circus and one or two bull fights. In 1944, there was an important exhibition: the Exhibition of Corporate Business of the District of Portalegre, mainly organised by Dr. Bento Caldas, delegate for the Portalegre Institute of Labour and Social Welfare (Instituto do Trabalho e Previdência). The chosen venue was the
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tos mais significativos destacamos o I Certame de Aviação, o II Concurso Hípico de Portalegre e a inauguração da praça de Touros de José Elias Martins. Em 1937 não houve Festas da Primavera, mas a Câmara Municipal elaborou um programa de «Festas da Cidade» muito semelhante aos dois anteriores4. No ano seguinte as Festas da Primavera surgiram reforçadas. Promovidas pela novel Comissão Municipal de Turismo nos dias 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 de Junho – mais uma vez coincidindo com a Feira das Cerejas – tinha como pontos fortes a Exposição Distrital que contou com a participação das Câmaras Municipais de Elvas, Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor e Sousel e o VII Congresso Nacional dos Bombeiros. Merecem ainda destaque as paradas do Legionário e da Mocidade Portuguesa, o Rali Automobilístico, a festa de confraternização entre antigos e actuais alunos do Liceu, inauguração do miradouro da Serra, exposição de flores, etc. De novo o design do cartaz e do programa foi de João Tavares. O brilho destas festas contrastava com uma certa decadência das feiras tradicionais. O jornal A Voz Portalegrense escrevia em 1939, a propósito da Feira das Cebolas: «já há anos que falta o popular Basílio que com o seu barulho da sua voz e ditos engraçados conquistava os fregueses para a loiça que constantemente leiloava. As empadas e o fiambre da barraca do Leonardo deixaram também de aparecer. As iscas do Marujo eclipsaram-se. As barracas dos fantoches sumiram-se. Os circos escasseiam»5. E nesse mesmo ano, o jornal A Rabeca referia, a propósito da Feira das Cerejas, que o maior sucesso tinha sido a barraca dos carros eléctricos, um circo chinês com um elefante. A maior parte das barracas desertas, a banda Euterpe não actuou só, comparecendo a da legião. A chuva contribuiu para a tornar ainda mais triste. 96
Brochuras e cartaz das Festas da Primavera. 1936.
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Terminou assim o segundo ciclo das Festas da Primavera. A partir de então, reforçaram-se as feiras, em especial as de Junho e de Setembro, embora neste último caso a chuva fizesse a sua aparição frequente. Normalmente, para além das actividades comerciais inerentes a qualquer feira, como as barracas de alimentação, divertimentos, música no Passeio, havia sempre um circo que aparecia e uma ou duas touradas. Em 1944, ocorreu um importante certame: a Exposição da Vida Corporativa do Distrito de Portalegre, cujo principal organizador foi o Dr. Bento Caldas, delegado do Instituto do Trabalho e Previdência em Portalegre. O local escolhido foi o edifício do antigo Colégio de São Sebastião da Companhia de Jesus, onde esteve a Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre. Ao longo de 10 salas estavam representadas as principais actividades do distrito, desde a arte popular à indústria, actividades de grémios, casas do povo e outros organismos corporativos. O pavilhão da Comissão Municipal de Turismo de Portalegre foi concebido por João Tavares e estava decorado com fotografias e com bonecos feitos por Capela e Silva, com trajos regionais, apresentando
old building of the Jesuit College of São Sebastião, where the Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre (Portalegre Wool Factory) had been. Throughout 10 large rooms the main activities of the district were represented, from popular art to industry, guild activities, social centres and other corporative organisations. The Portalegre Municipal Tourist Commission pavilion was conceived by João Tavares and was decorated with photographs and dolls made by Capela e Silva, with regional costumes, and there was also a catalogue by João Tavares, with text by José Régio. At the inauguration on June 5th, the undersecretary of State for Corporations and Social Welfare, Dr. Joaquim Trigo de Negreiros was present, and it closed in Elvas on September 23rd, the day the National Statutes of Labour were published. An Official Guide of the ExhiChegada do Dr. Trigo de Negreiros. .
Bonecos de Capela e Silva no pavilhão da Comissão Municipal de Turismo. .
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Átrio da Exposição. Pavilhão da Comissão Municipal de Turismo. Um oleiro. Inauguração oficial da Exposição.
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bition was published, with texts by Bento Caldas, Afonso Leite de Sampaio, Galiano Tavares, Azinhal Abelho, Morujo Trindade and Capela e Silva, followed by a description of all the corporative organisms in the district – guilds, syndicates, social centres – with the respective management. In 1946 the possibility of holding the City Festivals was discussed. It was generally agreed that that there should be annual festivities, but when? In the month of September the weather was unsettled. Perhaps in June or July. Some proposed they should be called Popular Festivals. The Municipal Tourist Commission invited the opinion of some organisations and a commission presided over by Dr. Martinho de Azevedo Coutinho was formed. The Popular Festivals – as they were called – took place on September
ainda um catálogo do mesmo João Tavares, com um texto de José Régio. A inauguração, no dia 5 e Junho, contou com a presença do subsecretário de Estado das Corporações e Previdência Social, Dr. Joaquim Trigo de Negreiros, e o encerramento decorreu em Elvas a 23 de Setembro, data da promulgação do Estatuto do Trabalho Nacional. Foi publicado um Guia Oficial da Exposição, com textos de Bento Caldas, Afonso Leite de Sampaio, Galiano Tavares, Azinhal Abelho, Morujo Trindade e Capela e Silva, seguindo-se a relação de todos os organismos corporativos do distrito – grémios, sindicatos, casas do povo – com as respectivas direcções. Em 1946 debateu-se a possibilidade de realização de umas Festas da Cidade. Era consensual que deviam realizar-se umas festas anuais, mas quando? O mês de Setembro era incerto. Talvez em Junho ou Julho. Houve quem propusesse o nome de Festas Populares. A CMT convidou algumas organizações a pronun100
Francisco Fino e Trigo de Negreiros.
ciarem-se e formou-se uma comissão presidida pelo Dr. Martinho de Azevedo Coutinho. Os Festejos Populares – assim se chamaram – realizaram-se nos dias 13, 14, 15 e 16 de Setembro, coincidindo com a Feira das Cebolas, com tourada, futebol, volta em bicicleta ao Triângulo Turístico, festival de música no Estádio da Fontedeira e fogo de artifício. Em 1948, de novo entre 1 e 16 de Setembro, houve exposição de produtos regionais, ranchos folclóricos, artistas da rádio, corridas de touros e arraiais. O modelo repete-se até à exaustão. As Festas Centenárias de 1950 contribuíram para adiar a resolução da não existência de umas festas concelhias ou da cidade, continuando a apostar-se no reforço das feiras. Por exemplo, em 1960, a Feira das Cebolas teve umas festas organizadas pela Comissão de Turismo e pelo Grémio do Comércio, e em 1963 as festas durante a Feira das Cebolas foram organizadas e reverteram a favor das Conferências de São Vicente de Paula. Somente em 1964, o executivo presidido pelo Prof. Manuel de Jesus da Silva Mendes decide passar a celebrar as Festas da Cidade no dia 23 de Maio, assumindo assim um carácter de celebração do aniversário da elevação de Portalegre a cidade.
13th, 14th, and September 1st and 16th, and coincided with the Onion Fair, with bull fight, football, bicycle tour of the Tourist Triangle, music festival in the Fontedeira Stadium and fireworks. In 1948, again between September 1st and 16th, there was an exhibition of regional products, folklore groups, radio personalities, bull fights and singing and dancing. The pattern continues until it wears itself out. The Centenary Festivities in 1950 contributed towards postponing the reaching of a solution on the non existent municipal or city festivities, continuing to use fairs as a backup. For example, in 1960, the Onion Fair had festivities organised by the Tourist Commission and the Grémio do Comércio (Trade Guild), and in 1963 the festivities during the Onion Fair were organised by and reverted to the Saint Vincent de Paul Seminary. Only in 1964, the executive authority, presided over by Professor Manuel de Jesus da Silva Mendes, decided to celebrate the City Festivals on May 23rd, thus taking on the quality of celebration of the anniversary of Portalegre being raised to the level of a city.
Notas
notes
3 4 5
1
Folha Portalegrense, no. 46, 19-9-1907, p. 2
2
A Plebe no. 887, September 22nd, 1912, pp. 2 and 3.
1 2
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Folha Portalegrense, n.º 46, 19-9-1907, p. 2. A Plebe, n.º 887, de 22 de Setembro de 1912, pp. 2 e 3. A Cidade, n.º 25, 14-9-1913, p. 1. «Festas da Cidade», A Rabeca, n.º 992, de 17-3-1937, p. 3. A Voz Portalegrense, n.º 406, de 16-9-1939, p. 1.
3
A Cidade no. 25, 14-9-1913, p. 1.
4
“Festas da Cidade”, A Rabeca, no. 992, 17-3-1937, p. 3.
5
A Voz Portalegrense, no. 406, 16-9-1939, p. 1.
A Festa dos Aventais A Festa dos Aventais – The Aprons Festival
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 102-111, ISSN 1646-7116
Pavilhão da Comissão da Festa dos Aventais. .
A história da Festa dos Aventais tem sido objecto de alguns estudos e testemunhos1, sendo consensual que ela surgiu a partir do passeio à Portagem, junto ao rio Sever, que António Maria Serra ali organizou em 1907. No entanto, cremos que a questão é um pouco mais complexa. É certo que naquele ano e nos seguintes a merenda da Portagem se realizou, mas a proclamação da República veio alterar aquele hábito. A 25 de Maio de 1911, a «Merenda da Portagem», organizada por António Maria Serra reuniu mais de 2000 pessoas, entre as quais 800 oriundas de Portalegre, mas também de Marvão, Castelo de Vide, Beirã e Póvoa e Meadas. Com a participação da Banda dos Bombeiros, ela assumiu um cariz marcadamente republicano e democrático2. Mas para o dia 22 de Maio daquele ano estava programada uma «Merenda Democrática» na Quinta Branca, de Elisiário de Brito, em recepção a Eusébio Leão. Apesar de haver muitos inscritos, foi anulada devido ao adiamento da deslocação daquele político a Portalegre. Entretanto, em Abril de 1911, o Dr. António José Lourinho lançou uma ideia e uma proposta: «Um dos meios mais eficazes de atrair e reunir o Povo, um dos melhores ensejos de boa sementeira de ideias generosas e patrióticas – é a festa popular, onde se combine o deleite e a lição. Aí se abre generosamente a alma dos que trabalham, se expande na sua genuína pureza o coração dos que labutam e se inspiram de entusiasmo pelo bem e de amor pela Pátria os que pela Pátria são capazes de morrer. Uma festa tal nada tem de comum com os tradicionais folguedos em que se associa o fanatismo, a embriaguez, a desordem e a brutalidade. As festas modernas do Povo, as festas da democracia são de intuitos definidos, almejam o bem comum, convertem numa utilidade moral e social todo o movimento colectivo. Portalegre deve iniciar estas festas que honram as povoações que as adoptam. Permitimo-nos lembrar uma Merenda Democrática na pito103
The history of the Festa dos Aventais (i.e., the Aprons Festival) has been the object of a number of studies and interpretations1, and according to common consent it came about through the outing to Portagem, next to the river Sever, which was organised by António Maria Serra in 1907. Nevertheless, we believe the question is a little complex. In fact, in that year and in the following ones the Portagem picnic was held, but the declaration of the Republic changed the tradition. On May 25th, 1911, the “Merenda da Portagem” (Portagem picnic), organized by António Maria Serra rallied together more than 2000 people, 800 of whom were from Portalegre, and also from Marvão, Castelo de Vide, Beirã and Póvoa and Meadas. With the participation of the Firemen’s Band, it took on striking republican and democratic characteristics2. But a “Merenda Democrática” (Democratic Picnic) was planned to be held at Elisiário de Brito’s Quinta Branca on May 22nd of that year, to
welcome Eusébio Leão. Although many people had enrolled to attend, it was cancelled as this politician deferred his visit to Portalegre. Meanwhile, in April 1911, Dr. António José Lourinho put forward an idea and a proposal: “One of the most effective ways of attracting and bringing the People together – one of the best opportunities for sowing generous and patriotic ideas well – is to give a party for the people, where pleasure and learning come together. The working class unlocked their souls, opening their hearts, in the perfectly genuine manner of those who work and are inspired by all that is good and for love of their Country, and are even willing to die for their Country. Such festivities have nothing in common with the traditional entertainment associated with fanaticism, drunkenness, disorder and brutality. Modern festivities of the population, democratic festivities, are of positive intent, and aimed at the common good, and to convert the whole collective movement to moral and social advantage. Portalegre should initiate these festivities which are in honour of the population which adopts them. We might remember a Democratic Picnic on the nearby picturesque Mountain, on one of those first sunny Sundays, or on May 1st, weather permitting”3. The appeal made by the esteemed Republican, President of the Administrative Commission of the Portalegre City Council
resca Serra próxima, num dos primeiros domingos de sol, ou no 1.º de Maio, se o tempo o permitir»3. O apelo do prestigiado republicano, Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Portalegre não caiu no vazio. Em 1912 realizou-se a «Merenda Democrática» na Quinta Branca, Serra de Portalegre, propriedade de Elisiário de Brito, um destacado dirigente republicano local. Mas, no mesmo dia, a imprensa local refere que na Portagem se reuniram 2000 pessoas numa festa semelhante, a exemplo do que sucedia desde 1907, o que significa terem ocorrido
did not go without notice. In 1912, there was the Democratic Picnic at the Quinta Branca, Portalegre Mountain, of the proprietor Elisiário de Brito, a well-known, leading local republican. But, on the same day, the local press reported that 2000 people gathered in Portagem for similar festivities, as an example of what had been happening since 1907, which meant that two festivities occurred at the same time. We believe that the exact date of the beginning of the Aprons Festival is the year 1912, and that for two years the festivities were held simultaneously as two events, and then Portagem ceased to do so due
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Comissão da Festa e colaboradores (anos 70). O tradicional baile da Festa dos Aventais (anos 60).
to the advantage of the vicinity of the Quinta Branca, because it
Comissão da Festa dos Aventais e colaboradores.
was conveniently nearer the city. Although the hypothetical fiftieth anniversary was commemorated in 1952, the truth is that A Rabeca reported the festivities that year were to celebrate 40 years, which goes back to 19124. On May 1st, 1913 – a municipal holiday – and once again at the Quinta Branca, some four to five thousand people joined in the festivities, taking part in a march from the city to the Quinta Branca: “Although very large, the area was insufficient to accommodate so many pilgrims eager for the pleasures the country-side could afford them”5. The Fire Brigade’s Band and
Um avental premiado.
duas festas em paralelo. Cremos que a data exacta do início da festa dos Aventais é o ano de 1912 e que durante dois anos se realizaram simultaneamente as duas iniciativas, tendo a da Portagem deixado de se fazer em benefício da que tinha como palco a Quinta Branca, pela comodidade que representava a sua proximidade em relação à cidade. Apesar de se ter comemorado em 1957 o hipotético cinquentenário, a verdade é que A Rabeca de 1952 informava que a festa daquele ano era a 40.ª realização, o que remete para 19124. Em, 1913, no dia 1 de Maio – feriado municipal – e de novo na Quinta Branca, a festa contou com 4 a 5 mil pessoas, com desfile a pé da cidade para a Quinta Branca: «Tornou-se insuficiente o recinto, que é espaçoso, para albergar tantos romeiros ávidos dos prazeres que o campo proporciona»5. Participou a Banda dos Bombeiros e a Banda de Infantaria 22. Às 20 horas, os participantes organizaram uma marcha com archotes de regresso à cidade, à Praça do Município. A festa da Quinta Branca surge referida na imprensa como tendo sido «iniciada no ano passado» (1912), regozijando-se o semanário A Cidade: «ficaremos assim com duas festas cívicas anuais: a da cidade, também o ano passado iniciada, e a da quinta-feira de Ascensão»6. 105
the 22nd Infantry Band performed. At 10.00 p.m., the participants organised a torch-lit procession back to the city, in the Praça do Município (Municipal Square). The festivities at the Quinta Branca were reported in the press as having “begun last year” (1912), and the weekly newspaper A Cidade joyfully announced: “thus we shall have two annual civic festivals: one for the city, already begun last year, and one for Ascension Thursday”6. The festivities at the Quinta Branca happened again in 1914, on May 25th, with the Fire Brigade’s Band and the Dr. Frederico Laranjo Band, from Castelo de Vide. This time it was already called the “Festa dos Aventais”. But, at the same time, the press
A festa na Quinta Branca repetiu-se em 1914, no dia 25 de Maio, com a Banda dos Bombeiros e a Banda Dr. Frederico Laranjo, de Castelo de Vide. Aparece já com a designação de «Festa dos Aventais». Mas, paralelamente, a imprensa revela que «Muitas outras pessoas foram também hoje em excursão pelos Olhos de Água, Portagem, Prado e Castelo de Vide»7. A partir de então a Festa dos Aventais afirmou-se como uma grande festa portalegrense, e o passeio à Portagem acabou por desaparecer. Teve sempre o concurso de aventais, bandas e outras atracções, culminando com a marcha nocturna com archotes ou balões, pela serra abaixo, em direcção à cidade, ao som da música da Tuna Fraternal. O modelo era muito semelhante de ano para ano, com barracas de comes e bebes, o concurso de aventais nas modalidades de bordado à mão e de pintado, a animação musical e o baile. Na componente musical participaram bandas de Portalegre, como a Euterpe, dos Bombeiros (Popular), da Legião Portuguesa, e de Castelo de Vide, Nisa e Veiros, grupos musicais locais, como a «Enrascadófona», «Ideal» e «Ferrugem». Nos anos sessenta, por iniciativa de Mário Rodrigues Solano, residente no Barreiro, realizava-se uma excursão a Portalegre por ocasião da festa, sendo essa colaboração reforçada com a participação dos conjuntos barreirenses «Os Mexicanos» e «Holliday». O intercâmbio também contemplava excursões de portalegrenses ao Barreiro. Vejamos de forma sumária quando e onde teve lugar a Festa dos Aventais de 1915 a 1971.
reported that “Many other people today made the excursion to Olhos de Água, Portagem, Prado and Castelo de Vide”7. From then on the Aprons Festival became a great festival in Portalegre, and there was no longer a Portagem walk. There was always an aprons competition, bands and other attractions, ending with a balloon or torch lit march, down the mountain, towards the city to the sound of the music of the Tuna Fraternal band. It followed the same pattern from year to year, with food and drink stalls, the competition for aprons, both hand embroidered and painted, musical entertainment and the ball. The musical participants were bands from Portalegre, such as Euterpe, the Voluntary Fire Brigade, the Legião Portuguesa, and from Castelo de Vide, Nisa and Veiros, Local musical Groups, such as “Enrascadófona”, “Ideal” and “Ferrugem”. In the seventies, through the initiative of Mário Rodrigues Solano, a resident of Barreiro, there was a trip to Portalegre for the festival, with the Barreiro groups “Os Mexicanos” and “Holliday” adding to the number of performers. In exchange trips of people from Portalegre to Barreiro were also expected. Here is a summary of when and where the Aprons Festival took place from 1915 to 1971.
1915 May 13th. At the Quinta Branca. 1916 June 1st. At the Quinta Branca. Meeting point: the Jardim Operário (Workers’ Garden). 1917 Not held due to War. 1918 May 9th. At the Quinta Branca. 1919 Not held due to aftermath of War.
1915 13 de Maio. Na Quinta Branca. 1916 1 de Junho. Na Quinta Branca. Concentração no Jardim Operário. 1917 Não se realizou por causa da Guerra. 1918 9 de Maio. Na Quinta Branca.
1920 Due to bad weather, the celebration was held on June 13th. At the Quinta Branca. 1921 May 5th. Festivities held at the Fonte dos Amores (Fountain of Love) as it was closer to the city. Great success (A Rabeca, no. 275, 8-5-1921, p. 1).
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1919 Não se realizou no rescaldo da Guerra. 1920 Por causa do mau tempo, a festa passou para 13 de Junho. Na Quinta Branca. 1921 5 de Maio. Festa na Fonte dos Amores por ser um local mais perto da cidade. Grande sucesso (A Rabeca, n.º 275, 8-5-1921, p. 1). 1922 João Serra já tinha cedido a sua quinta, mas por ter um largo insuficiente, a comissão contactou a viscondessa do Reguengo, que cedeu a Quinta de Campos. Corridas de motas. Mais de 2000 pessoas. 1923 10 de Maio. Festa no Souto dos Apóstolos, propriedade de D. Fernando Botelho, junto à quinta de João Serra. 1924 29 de Maio. Decorreu no Monte da Penha. 1925 21 de Maio. Festa no Souto dos Apóstolos, do conde de Vila Real. «Apesar de o dia da Espiga se apresentar pouco convidativo, foi grande a concorrência» (A Rabeca, n.º 471, 24-5-1925, p. 2). 1926 13 de Maio. Festa na Quinta de Campos, de Pinto Bastos. 1927 26 de Maio. No Souto anexo à quinta de João de Carvalho Serra. 1928 17 de Maio. Na Quinta de João de Carvalho Serra. 1929 9 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1930 29 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1931 Não há informação. O semanário A Rabeca estava suspenso. 1932 30 de Maio. Na Quinta da Saúde, com milhares de pessoas. 1933 24 de Maio. Na Quinta da Saúde 1934 10 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1935 30 de Maio. Na Quinta da Saúde. Com torneio aos pombos no Campo de Tiro Manuel Picão Fernandes. 107
1922 João Serra had already offered his quinta (estate), but as its square was insufficient, the commission contacted the viscountess of Reguengo, who offered the Quinta de Campos. Motor bicycle racing. More than 2000 people. 1923 May 10th. Festivities held at Souto dos Apóstolos, D. Fernando Botelho’s estate, adjoining de João Serra’s estate. 1924 May 29th. Held at Monte da Penha. 1925 May 21st. Festivities at Souto dos Apóstolos, belonging to the count of Vila Real. “Although it was Harvest Festival day and it appeared not to be a good day, it drew the crowds” (A Rabeca, no. 471, 24-5-1925, p. 2). 1926 May 13th. Festivities at the Quinta de Campos, which belongs to Pinto Bastos. 1927 May 26th. At Souto annex of João de Carvalho Serra’s quinta. 1928 May 17th. At João de Carvalho Serra’s quinta. 1929 May 9th. At the Quinta da Saúde. 1930 May 29th. At the Quinta da Saúde. 1931 No information. The weekly newspaper A Rabeca had been suspended. 1932 May 30th. At the Quinta da Saúde, there were thousands of people. 1933 May 24th. At the Quinta da Saúde 1934 May 10th. At the Quinta da Saúde. 1935 May 30th. At the Quinta da Saúde. With pigeons tournament at the Campo de Tiro Manuel Picão Fernandes (a shooting range). 1936 May 21st. At the Quinta da Saúde. With the Popular Band and the Tuna Fraternal Band. 1937 May 6th. At the Quinta da Saúde. 1938 May 26th. At the Quinta da Saúde. With the Euterpe band and the music group directed by Gervásio Madeira. Few people.
1936 21 de Maio. Na Quinta da Saúde. Com a Banda Popular e a Tuna Fraternal. 1937 6 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1938 26 de Maio. Na Quinta da Saúde. Com a Banda Euterpe e o grupo musical regido por Gervásio Madeira. Pouco concorrida. 1939 18 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1940 2 de Maio. Na Quinta da saúde. Com a banda Euterpe. A marcha nocturna teve 400 balões. 1941 22 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1942 14 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1943 3 de Junho. Na Quinta da Saúde. 1944 18 e 21 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1945 Inicialmente marcada para 10 de Maio, a crise agrícola impediu a cedência da Quinta da Saúde, pelo que decorreu na Fonte dos Amores. 1946 2 de Junho. Na Fonte dos Amores. 1947 15 de Maio. Na Fonte dos Amores. 1948 6 de Maio. Na Quinta da Saúde. Muito prejudicada pelo mau tempo. 1949 26 de Maio. Não se realizou, mas em seu lugar por falta de apoios, decorrendo um festival Pró-Portalegre na Quinta da Saúde, seguido de passeio à serra. 1950 4 de Junho. No Miradouro da Serra. Integrada nas Festas Centenárias. 1951 3 de Maio. Na Quinta da Saúde, com o apoio do Grupo Amigos de Portalegre. 1952 22 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1953 Inicialmente marcada para 14 de Maio, foi adiada por causa do mau tempo para o dia 24. 1955 19 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1956 10 de Maio. Na Quinta da Saúde. 1957 30 de Maio. Na Quinta da Saúde. 108
1939 May 18th. At the Quinta da Saúde. 1940 May 2nd. At the Quinta da Saúde. With the Euterpe band. 400 balloons were used during the night march. 1941 May 22nd. At the Quinta da Saúde. 1942 May 14th. At the Quinta da Saúde. 1943 June 3rd. At the Quinta da Saúde. 1944 May 18th and 21st. At the Quinta da Saúde. 1945 Initially planned for May 10th, the farming crisis prevented the Quinta da Saúde being used, and so it took place at Fonte dos Amores. 1946 June 2nd. At the Fonte dos Amores. 1947 May 15th. At the Fonte dos Amores. 1948 May 6th. At the Quinta da Saúde. Suffered because of the bad weather. 1949 May 26th. It did not take place, but due to lack of support, festivities were held in Pro-Portalegre at the Quinta da Saúde, along the side of the mountain. 1950 June 4th. At the Mountain Belvedere (Miradouro da Serra). Integrated in the Centenary Festivities. 1951 May 3rd. At the Quinta da Saúde, backed by the Grupo Amigos de Portalegre (Friends of Portalegre). 1952 May 22nd. At the Quinta da Saúde. 1953 Initially set for May 14th, it was postponed to the 24th due to bad weather. 1955 May 19th. At the Quinta da Saúde. 1956 May 10th. At the Quinta da Saúde. 1957 May 30th. At the Quinta da Saúde. 1958 May 15th and 18th. At the Quinta da Saúde. 1959 May 13th and 16th. At the Quinta da Saúde. 1960 May 26th and 29th. At the Quinta da Saúde. 1961 May 11th and 14th. At the Quinta da Saúde. 1962 May 31st and June 3rd. At the Quinta da Saúde.
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1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971
15 e 18 de Maio. Na Quinta da Saúde. 13 e 16 de Maio. Na Quinta da Saúde. 26 e 29 de Maio. Na Quinta da Saúde. 11 e 14 de Maio. Na Quinta da Saúde. 31 de Maio e 3 de Junho. Na Quinta da Saúde. 23 e 26 de Maio. Na Quinta da Saúde. 7 e 10 de Maio. Na Quinta da Saúde. 27 e 30 de Maio. Na Quinta da Saúde. Prejudicada pela transmissão do jogo Benfica – Inter. 19 e 22 de Maio. Na Quinta da Saúde (parque da Orbitur). 4 e 7 de Maio. Na Quinta da Saúde (Orbitur). 23 e 26 de Maio. Na Quinta da Saúde (Orbitur). 15 e 18 de Maio. Na Quinta da Saúde (Parque da Orbitur). Inicialmente marcada para dia 10 de Maio, foi adiada por causa do mau tempo para dia 17. 20 e 23 de Maio. Na Quinta da Saúde (Parque da Orbitur).
1963 May 23rd and May 26th. At the Quinta da Saúde. 1964 May 7th and 10th. At the Quinta da Saúde. 1965 May 27th and 30th. At the Quinta da Saúde. Suffered the influence of the Benfica – Inter match being shown on television. 1966 May 19th and 22nd. At the Quinta da Saúde (Orbitur park). 1967 May 4th and 7th. At the Quinta da Saúde (Orbitur). 1968 May 23rd and 26th. At the Quinta da Saúde (Orbitur). 1969 May 15th and 18th. At the Quinta da Saúde (Orbitur park). 1970 Initially planned for May 10th, it was postponed for the 17th due to bad weather. 1971 May 20th and 23rd. At the Quinta da Saúde (Orbitur park).
Notas
Notes
1
1
2 3 4 5 6 7
111
Veja-se Ângelo Monteiro, A Festa dos Aventais (1907-1957). Recordação das suas Bodas de Ouro, Portalegre, Tipografia Casaca, 1957, baseado num artigo que Luís Gomes escreveu 1937 no semanário A Rabeca, e José Martins dos Santos Conde, A Festa dos Aventais. Festa popular, regionalista, republicana e laica, Portalegre. Edição da Escola Secundária de São Lourenço, 1987. Intransigente, n.º 245, 28-5-1911, p. 2. António José Lourinho, «Assuntos locais. Merenda Democrática», A Plebe, n.º 814, de 23-4-1911, p. 2. A Rabeca n.º 1680, de 21-5-1952, p. 2. A Cidade n.º 6, 4-5-1913, p. 2. A Cidade, n.º 5, de 27-4-1913, p. 2. A Cidade, n.º 58, 21-5-1914, p. 2.
See Ângelo Monteiro, A Festa dos Aventais (1907-1957). Recordação das suas Bodas de Ouro, Portalegre, Tipografia Casaca, 1957, based on an article written by Luís Gomes, in 1937, in the weekly newspaper A Rabeca, and José Martins dos Santos Conde, A Festa dos Aventais. Festa popular, regionalista, republicana e laica, Portalegre, Escola Secundária de São Lourenço Edition, 1987.
2
Intransigente, no. 245, 28-5-1911, p. 2.
3
António José Lourinho, “Assuntos locais. Merenda Democrática”, A Plebe, no. 814, of 23-4-1911, p. 2.
4
A Rabeca, no. 1680, de 21-5-1952, p. 2.
5
A Cidade, no. 6, 4-5-1913, p. 2.
6
A Cidade, no. 5, of 27-4-1913, p. 2.
7
A Cidade, no. 58, 21-5-1914, p. 2.
Da Comissão de Iniciativa e Turismo à Comissão Municipal de Turismo From Planning and Tourist Commission to Municipal Tourist Commission
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 112-131, ISSN 1646-7116
Em termos institucionais, foi preciso um longo caminho até à fundação de uma estrutura oficial que apoiasse o turismo em Portalegre. Em 1920 surge a primeira referência às Comissões de Turismo, no Decreto n.º 7037, de 17 de Outubro daquele ano1, que aprova no seu Artigo 9.º a organização daquelas estruturas: «Artigo 9.º – Directamente subordinadas à Repartição de Turismo organizar-se-ão comissões de turismo nas localidades do continente e ilhas adjacentes, propostas por esta Repartição. Estas comissões devem interessar-se pelos assuntos concernentes ao turismo, protecção e defesa dos monumentos nacionais de qualquer espécie relíquias históricas e artísticas, cooperação no estudo e nos serviços das estradas de turismo, higiene e propaganda das localidades e fiscalização dos respectivos locais e por todos os demais assuntos tendentes à melhor realização do seu objectivo. As comissões de turismo funcionarão nas sedes das câmaras municipais ou nos edifícios das escolas oficiais, nas localidades onde não houver câmaras municipais. As comissões locais de turismo poderão lançar uma pequena taxa de cura sobre todos os forasteiros que frequentem as respectivas estâncias balneares, termais e de turismo, cujo produto se destinará a fazer face às despesas necessárias para levar a cabo o seu objectivo de fomento e desenvolvimento de turismo, e aumentar os seus fundos e receitas próprias. O número de membros destas comissões locais não será inferior a 3, nem superior a 9. Nas localidades onde houver câmaras municipais, o médico municipal e um vereador delegado da câmara são membros natos da comissão. Os membros desta comissão que o não forem de direito próprio serão nomeados pelo Governo por proposta da Repartição de Turismo». 113
It took a long time, on the organisational side, before an official structure to support tourism in Portalegre was founded. In 1920 the first reference to the Tourist Commission appeared, in Decree nr. 7037, of October 17th of the same year1, and the organisation of such structures are confirmed in Article 9 thereof:
“Article 9 – Under the direct authority of the Tourist Department, tourist commissions proposed by this department will be set up in all the districts of the continent and adjacent islands. These commissions should concern themselves with matters of tourism, the protection and maintenance of national monuments and all kinds of historical and artistic relics, cooperation in the study and function of tourism schemes, hygiene and the promotion of the districts and inspection of the respective sites and all other matters likely to best achieve their objective. The tourist commissions will operate from the town halls or from local school buildings, in the districts which do not have a town hall. The local tourist commissions may levy a small restoration tax on all visitors to the respective bathing resorts, spas and tourist attractions, when this is to meet expenses needed to achieve the object of promoting and developing tourism, and increasing its own income and revenue. The number of members in these local commissions should not be less than 3, nor over 9. In the districts which have a Town Hall, the municipal physician and a town councillor delegated by the council shall be intrinsic member of the commission. The members of the commission which are not so by legal right shall be nominated by the Government on the proposal of the Tourist Department”.
As Comissões de Iniciativa A Câmara Municipal de Portalegre não descurou a promoção turística do concelho. De facto, em 1929 foram dados passos importantes com a organização de um plano que incluía a edição de monografias regionais, a impressão de vinhetas e cartazes de propaganda, realização de conferências na Sociedade de Geografia de Lisboa, participação em exposições, com pavilhão próprio, tanto no país como no estrangeiro. E também a realização de filmagens das melhores e mais pitorescas paisagens e motivos norte-alentejanos. A Câmara comunicou com a Sociedade de Iniciativa e Turismo de Lisboa, mais experiente em tais matérias2. Foi encarregada a empresa Lisboa-Film da realização de filmagens em Portalegre e sua região, com encargos no valor de 16 726$77. O filme foi efectivamente feito por dois operadores, acompanhados por Lacerda Machado, que percorreram as zonas rurais da Serra, Reguengo e São Julião. Foram filmados costumes, cenas de trabalho e trajos típicos e na cidade os principais monumentos. As Comissões de Iniciativa e Turismo foram criadas pela Lei n.º 1152, de 23 de Abril de 19213, nos locais que o governo classificasse como «estâncias turísticas». Só depois dessa classifica-
The Planning Commissions The Portalegre City Council did not neglect tourist promotion in the district council. In fact, in 1929 important steps were taken for a plan to include the publishing of regional guides, the printing of advertising pamphlets and posters, the realisation of conferences in the Sociedade de Geografia de Lisboa (Lisbon Geographical Society), participation in exhibitions, with its own pavilion, both at home and abroad. It also had films made of the best and most picturesque scenery and north Alentejo art and design. The Council contacted the Lisbon Planning and Tourist Commission, as it had more experience in such matters2. The firm of Lisboa-Film was charged with shooting the films in Portalegre and the region, at a cost of 16,726$77 (83.43 Euros). In effect, the film was made by two cameramen, accompanied by Lacerda Machado, throughout the rural areas of the Mountain (Serra), Reguengo, São Julião. Customs, scenes of workers and typical costumes and the main monuments in the city were filmed.
Da esquerda para a direita: Desdobrável de 1948, edição do SNI. Desdobrável de 1947, edição da Papelaria Silva. Desdobrável de finais dos anos 20. Edição da Câmara Municipal de Portalegre
114
Da esquerda para a direita: Desdobráveis da Câmara Municipal de Portalegre: - 1970 - 1961 - 1953 - Anos 60 - Anos 40
ção seria possível constituir tais organismos, que teriam «o fim de promover o desenvolvimento das estâncias, de forma a proporcionar aos seus frequentadores um meio confortável, higiénico e agradável, quer executando obras de interesse geral, quer realizando iniciativas tendentes a aumentar a sua frequência e a fomentar a indústria de turismo». As Comissões de Iniciativa e Turismo seriam constituídas em cada estância pelos seguintes vogais:
The Planning and Tourist Commissions were created under Law nr. 1152, of April 23rd, 19213, in districts the government classified as “tourist resorts”. Only after the establishment of this classification was it possible to set up such bodies, with the “aim of promoting the development of the resorts, in such a way as to offer visitors a comfortable, hygienic and pleasant environment, either by doing work of general interest, or taking initiatives liable to increase the number of visitors and to develop the
• Um delegado do município; • Um delegado da junta de freguesia; • Um delegado de cada uma das entidades que explorasse águas da estância; • Um médico director clínico ou adjunto de cada estância; • Um delegado da Sociedade de Propaganda de Portugal; • O capitão do porto ou delegado marítimo quando as estâncias fossem das praias; • O regente florestal quando houvesse matas do Estado nas proximidades; • O chefe de conservação das obras da área respectiva; 115
tourist industry”. The Planning and Tourist Commissions in each resort shall be composed of the following members:
• A representative of the City Council; • A representative of the rural community council; • A representative of each of the entities of the resort’s water concerns; • A medical director or assistant for each resort; • A representative of the Publicity Department for Portugal;
• Um hoteleiro; • Um proprietário; • Um comerciante.
• The Captain of the port or maritime delegate for beach resorts; • The forestry commissioner where there are State forests and woodlands in the area;
O hoteleiro e o proprietário eram eleitos pelos indivíduos que na localidade exercessem a respectiva profissão, sendo convocados para o acto eleitoral pelo respectivo administrador do concelho, devendo cada classe eleger o seu representante. Mas, no primeiro biénio fariam parte da comissão os indivíduos das respectivas classes, residentes permanente ou temporariamente no local da estância, que pagassem maior contribuição pelo exercício da indústria de que eram representantes. As competências eram definidas pelo Artigo 3.º da Lei n.º 1152:
• The director of maintenance work in the respective area; • A hotel-keeper; • A landlord; • A tradesman.
The hotel-keeper and the landlord shall be elected individuals who exercise their respective professions in the area, voted into office by the respective council administrator, each class electing its own representative. How-
«As Comissões de Iniciativa podem executar obras e realizar quaisquer melhoramentos em locais dependentes da acção do Governo ou das corporações administrativas, quando os respectivos projectos forem aprovados por aquelas entidades, não ficando, porém, estas ou quaisquer outras obras ou melhoramentos sujeitos ao pagamento de qualquer taxa ou licença. Quando os respectivos projectos não tenham sido devolvidos às comissões sessenta dias depois de entregues, consideram-se aprovados».
ever, in the first two years those of the respective classes, permanent or temporary residents of the local resort, who have paid the largest contribution to the exercise of the industry they represent, shall be part of the commission. The duties and responsibilities were defined in Article 3 of Law nr. 1152:
“The Planning Commissions can carry out repairs and any improvements on premises depending on support from the Government or administrative corporations,
O Artigo 5.º estabelecia o financiamento das Comissões de Iniciativa:
when the respective projects have been approved by those entities, these repairs or any other improvements, however, not being subject to payment of any
«Os fundos das comissões de iniciativa serão constituídos pela cobrança duma taxa especial denominada de Turismo, paga pelas pessoas que frequentam as estâncias e nelas tenham residência própria, por uma percentagem equivalente a 15% da contribuição industrial, paga pela sociedade ou entidades que explorem as concessões de águas minero-
tax or licence. When the respective projects have not been returned to the commissions sixty days after delivery, they shall be considered as approved”.
Article 5 establishes the financing of the Planning Commissions:
116
“The funds of the planning commissions shall be constituted by payment of a special tax denominated as Tourist tax, paid by those using the resorts who have their own homes there, in a percentage equivalent to 15% of the industrial contribution, paid by the society or entities who use the mineral-medicinal water concession, or do not carry out any trade or industry, by a percentage of 10% on property tax on property in the district and for any other revenue the same commissions may acquire”.
Paragraphs 3 and 4 of this Article 5 stipulate:
“§ 3 – Tourist tax for people who rent houses or stay in hotels will be covered immediately by the property owners and hotel proprietors; all other percentages will be covered by the treasurer of the planning commission. § 4 – 20 % of the funds raised through this law shall be destined for the Tourist Department; in the hydrologic resorts, however, the takings of this Council shall only be 5%, the other 15% being destined for the Institute of Hydrology”.
Then there will be a charge from the Tourist Department on the Planning Commission:
“Article 7 – The Planning commissions shall submit for higher approval their reports, budgets and improvement plans to be carried out, through the intermediary of the Tourist Department, who will give their view, with the opinion of the Mineral Waters Inspection in the case of hydrologic resorts, up to November 30th of each year.
Postal de João Tavares.
117
medicinais, ou nela exerçam qualquer comércio ou indústria, por uma percentagem de 10 por cento sobre a contribuição predial das propriedades da localidade e por quaisquer outras receitas que as mesmas comissões possam angariar».
Article 8 – The fiscal control and inspection of the planning commissions shall be exercised through the intermediary of the Mineral Waters Inspection or the Tourist Department, depending on the nature of the resort”.
Os parágrafos 3.º e 4.º deste Artigo 5.º determinavam: The Planning and Tourist Commission were not part
«§ 3.º . – A taxa de turismo das pessoas que alugarem casas ou estejam nos hotéis será cobrada por intermédio dos proprietários e hoteleiros; todas as outras percentagens serão cobradas pelo tesoureiro da comissão de iniciativa. § 4.º – 20 % dos fundos criados por esta lei serão destinados ao Conselho de Turismo; nas estâncias hidrológicas, porém, a receita deste Conselho será apenas de 5 por cento, devendo os 15 por cento restantes ser destinados ao instituto de Hidrologia».
of the autarchic administration, but related to the central administration and the autarchic administration, representing a large part of the economic activities; With regard to Portalegre, everything depends on the city being recognised as a tourist resort by the governmental jurisdiction, without which step a Planning Commission could not be set up. Such vindications were recurrent in the local press. As regards the foundation of a tourist area in Barcelos, in August 1933 the A Rabeca newspaper wrote: “What blight has fallen upon our region to make it
Havia, pois, uma tutela de Repartição de Turismo sobre as Comissões de Iniciativa:
impossible to obtain at least a little of the justice to which we are entitled?”4. Decree nr. 23 282, of December 2nd, 1933, faithfully
«Artigo 7.º – As Comissões de iniciativa submeterão à aprovação superior por intermédio da Repartição de Turismo, que sobre elas emitirá a sua opinião, com parecer da Inspecção das Águas Minerais quando se trate de estâncias hidrológicas, até o dia 30 de Novembro de cada ano, os seus relatórios, orçamentos e planos de melhoramentos a executar. Artigo 8.º – A fiscalização e superintendência sobre as comissões de iniciativas será exercida por intermédio da Inspecção das Águas Minerais ou Repartição de Turismo conforme a natureza da estância».
classified Portalegre as a tourist resort. We believe that the visit of the President of the Republic, Marshal Carmona, was of fundamental importance for this decision. The Commission was immediately formed, taking up position on December 22nd of the same year, with the following elements:
President: Dr. Galiano Tavares representing the Publicity Department of Portugal Vice-president: Dr. Américo Ribeiro, of the National Tubercular Assistance
As Comissões de Iniciativa e Turismo não faziam parte da administração autárquica, mas relacionavam a administração
1st Secretary: Engineer Salvador Mendes Frazão, Forestry Commissioner
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central e a administração autárquica, apresentando uma forte participação das actividades económicas. No que respeita a Portalegre, tudo dependia do reconhecimento da cidade como estância turística pelas instâncias governamentais, passo sem o qual não podia ser constituída uma Comissão de Iniciativa. Na imprensa local tal reivindicação era recorrente. A propósito da fundação, em Agosto de 1933, da zona turística de Barcelos, o jornal A Rabeca escrevia: «Que maldição caiu sobre a nossa terra que não é possível conseguir-se que, ao menos, se lhe faça um pouco daquela justiça a que tem direito?»4. Finalmente, o Decreto-lei n.º 23 282, de 2 de Dezembro de 1933, classificava Portalegre como estância de turismo. Cremos que a visita do Presidente da República, marechal Carmona, teve uma importância fundamental em tal decisão. A Comissão foi de imediato formada, tomando posse a 22 de Dezembro do mesmo ano, integrando os seguintes elementos:
2nd Secretary: Commander João de Carvalho Serra, for the tourist resort Treasurer: João do Monte Empina, delegate for the Association of Trade and Industry. Delegate Administrator: Major Aurélio Nunes da Silva, representative for the Rural Community Councils. Members: Engineer João de Pimentel Rolim, Director for Highways. Dr. Joaquim José de Abreu, representative of the landlords. School inspector António Barata, representative for the Portalegre City Council5.
The Commission, which was installed in the building of the General District Council, met twice a month, on the 15th and 30th, the first meeting being held on January 9th, 1934. The logotype of the commission, promoting
Presidente: Dr. Galiano Tavares representando a Sociedade de Propaganda de Portugal. Vice-presidente: Dr. Américo Ribeiro, da Assistência Nacional aos Tuberculosos.
the Mountain and created by João Tavares, appeared for the first time in the headlines of the weekly newspaper A Voz Portalegrense of December 31st, and was after used on headed writing paper and envelopes both for the Planning Commission and later for the Municipal Commission. Through not having received any subsidy from the State in 1934, the Commission had to ask for a loan and used the money of some of the members to keep itself going6. Augusto Severino da Silva was nominated as administrator. But in spite of its sparse resources, it subsidised the magazine O Volante with 1000$00 (4.99 euros), so that the 3rd Automobile Tour of Portugal would pass through Portalegre and oblige all the participants to stay for a day. Other subsidies were given to the Jornal da Situação and Diário da Manhã, to include texts on Portalegre.
Dr. Galiano Tavares.
João do Monte Empina.
119
Eng.º João de Pimentel Rolim.
An amount of 500$00 (2.49 euros) was granted to A. Mon-
1.º Secretário: Engenheiro Salvador Mendes Frazão, chefe dos Serviços Florestais. 2.º Secretário: Comendador João de Carvalho Serra, pela estância de turismo. Tesoureiro: João do Monte Empina, delegado da Associação Comercial e Industrial. Administrador Delegado: major Aurélio Nunes da Silva, representante das Juntas de Freguesia. Vogais: Engenheiro João de Pimentel Rolim, director das Estradas. Dr. Joaquim José de Abreu, representante dos proprietários, Inspector escolar António Barata, representante da Câmara Municipal de Portalegre5. A Comissão, que ficou instalada no edifício da Junta Geral do Distrito, passou a reunir duas vezes por mês, nos dias 15 e 30, realizando-se a primeira reunião a 9 de Janeiro de 1934. O logótipo da comissão, promovendo a Serra e da autoria de João Tavares, surgia pela primeira vez no cabeçalho do semanário A Voz Portalegrense de 31 de Dezembro de 1933 e depois será utilizado no papel timbrado e envelopes tanto da Comissão de Iniciativa como depois pela Comissão Municipal. Por não ter recebido em 1934 qualquer subvenção do Estado, a Comissão teve que pedir mobiliário emprestado e utilizou dinheiro de alguns dos seus membros para suportar o seu funcionamento6. Como chefe de secretaria foi nomeado Augusto Severino da Silva. Mas ainda que com parcos recursos, subsidiou com 1000$00 a revista O Volante, para que a 3.ª Volta a Portugal em Automóvel passasse em Portalegre com a obrigação de permanência de um dia para todos os participantes. Outros subsídios foram dados ao Jornal da Situação e Diário da Manhã, pela inclusão de textos sobre Portalegre. Foi concedido um apoio de 500$00 a A. Monteiro do Amaral, para publicação de um
Logótipo, papel timbrado e envelope concebidos por João Tavares.
teiro do Amaral, to publish a number of Expansão Portuguesa dedicated to the district of Portalegre. The possibility of building an airfield on land belonging to the earl of São Payo was also studied, but it did not materialise.
120
número da Expansão Portuguesa dedicado ao distrito de Portalegre. Estudou ainda a possibilidade de construção de um aeródromo num terreno propriedade do conde de São Payo, o que não se concretizou. A Comissão contratou Pedro Muralha para promover a região em jornais de Lisboa. De facto, já em 1932 aquele jornalista estivera na cidade, para preparar a edição do Álbum Alentejano, no volume referente ao distrito de Portalegre, iniciando-se assim uma colaboração que não foi isenta de percalços. A Comissão encarregou-o de fazer uma monografia de Portalegre que poderia ser uma separata do Álbum Alentejano. Em 1934 surgia a notíDesdobrável. Anos 30 (século XX).
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The Commission hired Pedro Muralha to promote the region in the Lisbon newspapers. In fact, already in 1932 this journalist had been in the city, to prepare the edition of Álbum Alentejano, in the volume referring to the district of Portalegre, thus initiating collaboration which was not without advantages. The Commission charged him to make a monograph on Portalegre which could be a reprinted article of the Álbum Alentejano. In 1934 news came out that it was to be printed at the Imprensa Beleza printing house, in Lisbon. But, in 1936, the local press reported that Pedro Muralha was in Portalegre again, to give the finish-
cia de que estava a ser impressa na Imprensa Beleza, de Lisboa. Mas, em 1936, a imprensa local informa que Pedro Muralha estava de novo em Portalegre para ultimar a famosa monografia já há três anos em preparação! Nunca será publicada, o Álbum Alentejano sofreu grandes atrasos e o volume sobre o distrito de Portalegre só será publicado apenas em 1938! A Comissão publicou ainda um mapa com os pontos principais de turismo da região, monumentos, estradas, distâncias e quintas da Serra. Como o verdadeiro centro turístico de Portalegre fosse a Serra, a Comissão insistiu em dois pontos fundamentais: o arranjo da estrada de acesso e respectiva iluminação, bem como a electrificação da Serra, para o que houve contactos com a Hidroeléctrica do Alto Alentejo. Em 1936 foram comprados 2000 pinheiros para arborização da estrada da Serra.
ing touches to the famous monograph which had already taken three years to prepare! It was never published, the Álbum Alentejano was much delayed and the volume on the district of Portalegre was only published in 1938! The Commission still published a map with the points of tourist interest in the region, monuments, roads, distances and country gardens on the Serra. As the real centre of tourism in Portalegre was the Serra, the Commission insisted on two fundamental points: the upkeep of the Access road and respective illumination, as well as the electrification of the Serra, so as to have a connection with the Alto Alentejo Hydroelectric station. In 1936, 2,000 pine-trees were purchased to line the Serra road.
The Municipal Tourist Commission
A Comissão Municipal de Turismo O Decreto-Lei n.º 27 424, de 31 de Dezembro de 1936, ao aprovar o novo Código Administrativo, criou uma comissão para acompanhar a sua execução e preparar a sua redacção definitiva, prevista para dois anos depois e posteriormente diferida para o final de 1940. O texto revisto do Código Administrativo de 1936 foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 31 095, de 31 de Dezembro de 1940, o qual, por manter a mesma lógica normativa é em geral referido como nova versão do anterior ou então, simplesmente por Código Administrativo de 1936-1940. As Juntas Gerais de Distrito foram extintas e os seus bens e atribuições passaram para as Câmaras Municipais e, em determinados casos, para as Juntas de Turismo. As Comissões de Iniciativa e Turismo foram assim extintas em 1936. No Capítulo VI, referente aos órgãos municipais, o Código estabelecia que passava a existir uma Comissão Municipal de Turismo, especificando as suas atribuições:
Law nr. 27 424, of December 31st, 1936, while approving the new Administrative Code, created a commission to follow up its execution and prepare its final edition, planned for two years later and later postponed until the end of 1940. The revised text of the 1936 Administrative Code was approved by Decree nr. 31 095, of December 31st, 1940, which following the same normative logic is generally referred to as a new version of the previous one or simply as the 1936-1940 Administrative Code. The General District Councils were abolished and their goods and belongings passed on to the Municipal Councils and, in some cases, to the Tourist Board. The Planning and Tourist Commissions were thus abolished in 1936. In Chapter VI, when referring to the municipal advisory members, the Code established that there would be a Municipal Tourist Commission, specifying its prerogatives:
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«Artigo 105.º – Nas zonas de turismo directamente administradas pela câmara municipal e para o efeito de colaborar com esta no estudo dos problemas turísticos, haverá uma comissão municipal de turismo presidida pelo vereador do respectivo pelouro e com a seguinte composição: 1.º – Um representante da comissão municipal de arte e arqueologia, onde a houver; 2.º – O delegado de saúde; 3.º – Um hoteleiro, eleito pelos proprietários dos hotéis existentes na zona; 4.º – Um comerciante estabelecido na zona e um proprietário, ambos designados pelo presidente da câmara municipal; 5.º – O capitão do porto ou delegado marítimo, onde os houver. § Único. Quando na zona não haja hotéis, será o hoteleiro substituído por pessoa designada pelo presidente da câmara municipal. Artigo 106.º – Às câmaras municipais que administrem zonas de turismo incumbem, pelo menos, as atribuições de exercício obrigatório impostas às câmaras dos concelhos urbanos de 3.ª ordem. Artigo 107.º – À comissão municipal de turismo compete: 1.º – Colaborar na preparação do plano anual de actividade turística; 2.º – Dar parecer sobre quaisquer projectos de obras de interesse turístico; 3.º – Sugerir o que entender por conveniente ao melhoramento das condições turísticas da zona 4.º – Dar parecer sobre o orçamento dos serviços de turismo; 5.º – Deliberar sobre propaganda, despendendo as verbas que para esse efeito lhes sejam atribuídas no orçamento. Artigo 108.º O pessoal dos serviços de turismo, nas zonas directamente administradas pelas câmaras municipais, será destacado dos restantes serviços municipais»7. 123
“Article 105. In the tourist areas directly administered by the city council and with the intention of collaborating with them on tourist problems, there will be a municipal tourist commission presided over by the respective municipal services made up of the following members: 1. A representative of the municipal commission for art and archaeology where there is one; 2. The health delegate; 3. A hotel-keeper, elected by the hotel owners in the area; 4 A Merchant established in the area and a landlord, both appointed by the president of the city council; 5. The capital of the port or maritime delegate, when there is one. § Apart. When there are no hotels in the area, the hotel-keeper will be replaced by someone appointed by the president of the city council. Article 106. In the city councils which administer tourist areas, at least, the prerogatives of the compulsory activities are incumbent upon the urban district councils of third order. Article 107. It is incumbent upon the municipal tourist commission: 1. To collaborate in the preparation of the annual tourist activity plan; 2. To give their opinion on any projects of work of tourist interest; 3. To suggest what they feel convenient to improve the conditions for tourism in the area; 4. To give their opinion on the budget for tourist services; 5. To give their opinion on advertising, employing the sums attributed for this purpose in the budget.
Desaparecia desse modo a recentemente formada Comissão de Iniciativa e Turismo8 sendo substituída pela Comissão Municipal de Turismo que era presidida por António Barata, vereador do pelouro do Turismo da Câmara Municipal de Portalegre, integrando ainda os antigos membros da CIT, Dr. Galiano Tavares, Dr. Joaquim de Abreu, Dr. Américo Ribeiro e João do Monte Empina. António Barata deixou a Câmara e foi substituído na CMT por Joaquim da Cruz Correia. No essencial, a nova comissão prosseguiu o trabalho da anterior, insistindo sempre com a valorização da Serra, através da construção de novas acessibilidades, da passagem da estrada para a tutela da Junta Autónoma e com a confecção de carimbos promocionais. Comerciantes locais aderiram, colocando nos seus envelopes propaganda alusiva à Serra. A CMP esteve envolvida na realização das Festas da Primavera e de outras festividades promovidas por entidades como o Grémio do Comércio, a Comissão da Festa dos Aventais, Bombeiros, escolas, etc. Diversos colaboradores da Comissão merecem destaque. Em primeiro lugar, o pintor João Tavares, professor do Liceu, que concebeu o seu logótipo e fez projectos de stands e foi encarregado de conceber a capa para uma monografia que nunca chegou a ser publicada.
Article 108. Tourist services’ personnel, in the areas directly administered by the city councils, shall be distinguished from those of the rest of the municipal services”7.
Thus, the recently constituted Planning and Tourist Commission was to disappear8 to be replaced by the Municipal Tourist Commission, presided over by António Barata, town councillor of the Municipal Tourist Services of Portalegre, further including the old members of the Planning and Tourist Commission, Dr. Galiano Tavares, Dr. Joaquim de Abreu, Dr. Américo Ribeiro and João do Monte Empina. António Barata left the council and was substituted in the Municipal Tourist Commission by Joaquim da Cruz Correia. Essentially, the new commission pursued the work of the previous one, still concentrating on the promotion of the Serra, through the construction of new accesses, roads and thoroughfares, under the tutelage of the Independent Board, and the confection of rubber stamps for advertising purposes. Local tradesmen joined in, putting advertising about the Serra on their envelopes. The Portalegre City Council was involved in the realisation of the Festas da Primavera (Spring Festivals) and other festivities promoted by entities such as the Grémio do Comércio (Trade Guild), the Comissão da Festa dos Aventais (Commission for the Aprons Festival), Fire Brigade, schools, etc. Various collaborators on the Commission are worthy of praise. First of all, the painter João Tavares, secondary school teacher, who invented the logotype and did projects for stands and was delegated to create the cover of a monograph which was never published. On the other hand, he
Joaquim da Cruz Correia.
João Tavares.
created the designs for postcards published in 1937 and
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Por outro lado, são de sua autoria desenhos para bilhetes-postais editados em 1937 e de um outro em 1940, com a volta à Serra, bem como de desdobráveis e de cartazes, nomeadamente para as Festas da Primavera. Uma curiosidade: João Tavares recebeu 500$00 pela concepção do cartaz das Festas da Primavera de 1935. Outro colaborador assíduo foi o arquitecto Miguel Jacobbety Rosa9, professor da Escola Industrial, que também fez stands e projectos para a realização da Parada do Trabalho (Maio de 1936), a construção de um teatro, do miradouro da serra e da Fonte dos Amores, entre outros. Embora tenha deixado Portalegre em 1938, para integrar os quadros dos serviços técnicos da Câmara Municipal de Lisboa, Jacobbety continuou a fazer projectos na cidade onde viveu e leccionou durante sete anos. A Comissão enviava regularmente aos jornais resumos das suas resoluções10. A questão dos transportes também mereceu atenção da Comissão, que concedeu subsídios a J. Facha para manter a carreira de passageiros entre Portalegre-cidade e Castelo de Vide, com ligação ao rápido e Madrid e mandou colocar chapas de esmalte com propaganda turística afixadas nas estações de caminho-de-ferro de Elvas, Portalegre e Castelo de Vide. No campo das fotografias, a Comissão começou com a colaboração graciosa do fotógrafo Joaquim António Rodrigues e depois de Carlos Madeira Curvelo, que fez as ampliações das fotografias regionais destinadas a propaganda. Outro fotógrafo local que colaborou intensamente foi Luís Rosiel. Dos que vieram a Portalegre por diversas vezes executar trabalhos, destaca-se Mário Novais. A partir das fotos de Carlos Curvelo foram feitas fotogravuras que eram cedidas aos órgãos de comunicação. Em 1938 a CMT era presidida por Joaquim da Cruz Correia, integrando ainda os Drs. Galiano Tavares, Américo Ribeiro, Laureano Sardinha e João do Monte Empina. Segue-se como 125
in 1940 for the tour of the Serra, as well as pamphlets and posters, namely for the Spring Festivals. Oddly enough: João Tavares received 500$00 (2.49 euros) for creating the poster for the 1935 Spring Festival. Another assiduous collaborator was the architect Miguel Jacobbety Rosa9, teacher at the Escola Industrial (Industrial School), who also made stands and projects for the Parada do Trabalho (Labour Parade) (May 1936), the construction of a theatre, a belvedere of the mountain and the Fonte dos Amores (Fountain of Love), among other things. Although he left Portalegre in 1938, to join the staff of the Lisbon City Council technical department, Jacobbety continued to make projects in the city where he had lived and taught for seven years. The Commission regularly sent summaries of their resolutions to the newspapers10. The transport situation also drew the attention of the Commission, which granted a subsidy to J. Facha to maintain the track for the passage of travellers between the city of Portalegre and Castelo de Vide, with a fast connection, and Madrid, and he ordered enamel plates with tourist publicity to be put up in the railway stations of Elvas, Portalegre and Castelo de Vide. In the field of photography, the Commission began with the kind collaboration of the photographer Joaquim António Rorigues and then Carlos Madeira Curvelo, who made the enlargements of regional photographs to be used in advertising. Another local photographer who actively collaborated was Luís Rosiel. Of the outstanding people who came to Portalegre to carry out work several times was Mário Novais. Carlos Curvelo made photo engravings from the photographs, which were given to the organs of communication. In 1938, the Municipal Tourist Commission was presided over by Joaquim da Cruz Correia, with Doctors Gal-
iano Tavares, Américo Ribeiro, Laureano Sardinha and João do Monte Empina. The next president was Manuel do Carmo Peixeiro, the Municipal Tourist Commission backing the Marvão City Council in the creation of a tourist area in that district. The MTC promoted glazed tile panels being put up in various places in the city, with scenes of farm workers in the fields and monuments, ordered from the Aleluia factory in Aveiro. The event of the 6th Fire Brigade Congress, from June 8th to 12th, 1938, was an important occasion for Portalegre. The MTC called for flower pots to be placed Dr. Laureano Sardinha.
Manuel do Carmo Peixeiro.
on the balconies and at the windows and also on the walls which bordered the road to the Serra.
presidente Manuel do Carmo Peixeiro, tendo a CMT apoiado a Câmara Municipal de Marvão para a criação de uma zona de turismo naquele concelho. A CMT promoveu a colocação de painéis de azulejos em diversos locais da cidade, com cenas de trabalho no campo e monumentos, encomendados à fábrica Aleluia, de Aveiro. A realização do VI Congresso dos Bombeiros, de 8 a 12 de Junho de 1938, constituiu um momento importante para Portalegre. A CMT apelou para que se colocassem vasos com flores nas varandas e janelas e também nos muros que bordejavam a estrada para a Serra. Em 1939, presidiu à CMT o tenente Carlos Serpa Soares, tendo a mesma mandado rever o projecto de Miguel Jacobetti Rosa referente à Fonte dos Amores. Deu prioridade à construção de novas estradas ligando a igreja da Penha à Cruz, a igreja de São Mamede ao marco geodésico e a estrada na serra ao Monte Carvalho. No plano da promoção, avançou com a impressão de postais sobre o Triângulo Turístico, a Volta à Serra e o Distrito de Portalegre. O arquitecto Read Teixeira elaborou diversos estudos sobre o arranjo de vários pontos da cidade. Foi elaborado um
In 1939, the president of the MTC was lieutenant Carlos Serpa Soares, who ordered Miguel Jacobetti Rosa’s project for the Fountain of Love to be reviewed. He gave priority to the construction of new roads to link the Penha church to Cruz, Saint Mamede church to the geodesic boundary, and the mountains road to Monte Carvalho. In the publicity campaign, he proceeded with the printing of postcards on the Tourist Triangle Tour of the Serra and the district of Portalegre. The architect Read Teixeira prepared various studies on adaptations to various points in the city. A standard pattern for chestnut sellers’ stalls was established. A suggestion for the construction of a country-house hotel on the Portalegre Mountain was suggested at this time, but it never materialised. In June 1939, the Commission addressed a petition to the Chairman of the Council, requesting, among other things, the construction of a hotel in the city or a country-house hotel on the Portalegre Mountain, the construction of tourist road such as that from São Mamede to Marvão, across the mountain, also serving the districts of São Julião, Urra,
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Postais de Jo達o Tavares (1937).
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modelo de barraca para as vendedoras de castanhas. Nessa época surge a sugestão para a construção de uma pousada na serra de Portalegre, o que não se concretizou. A Comissão dirigiu, em Junho de 1939, uma representação dirigida ao Presidente do Conselho, solicitando, entre outras medidas, a construção de um hotel na cidade ou de uma pousada na Serra de Portalegre, a abertura de estradas de turismo como a de São Mamede a Marvão, pela serra, servindo igualmente as freguesias de São Julião, Urra, Alegrete, Reguengo e a estrada ao Monte da Penha, miradouro natural, com ligação à estrada nacional, ramal n.º 1711.
Alegrete, Reguengo and the road to Monte da Penha, natural belvedere, with connection to the national road, branch road nr. 1711. The mountain road finally came under the jurisdiction of the Independent Board. In February 1941, a collection of postcards with views of the city, by Luís Rosiel, were put on sale, sponsored by the Tourist Commission, with the painters João Tavares and Renato Torres on the jury, and it further promoted the “Janelas Floridas” (i.e., flowered windows) competition. Then, there arose the possibility of a Portalegre–
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Postais editados com o apoio da Comissão Municipal de Turismo.
Castelo de Vide – Marvão Tourist federation, which was always impracticable because Marvão did not have the tourist resort statute. Dr. Afonso Leite de Sampaio thus proposed a federation between the three vertexes of the triangle, administrated by a commission of the respective council chairmen and an attorney to the provincial council who would be the president12. In 1942, a coming visit of António Ferro to Portalegre was discussed, and was considered as a decisive step towards tourist promotion of the city and the region. But Ferro went on a trip to Brazil, postponing this visit and it never took place. In April 1944, the photographer Mário Novais went to Portalegre to prepare a collection of postcards for the Tourist Commission, when in this same year new postcards on the Tourist Triangle had been printed.
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A estrada da Serra passou, finalmente, para a alçada da Junta Autónoma. Em Fevereiro de 1941 foi posta à venda uma colecção de postais com fotografias de vistas da cidade, da autoria de Luís Rosiel, patrocinada pela Comissão de Turismo, que promoveu ainda o concurso das «Janelas Floridas», fazendo parte do júri os pintores João Tavares e Renato Torres. Levantou-se então a possibilidade de uma federação Turística Portalegre – Castelo de Vide – Marvão, o que foi sempre inviabilizado pelo facto de Marvão não possuir o estatuto de estância turística. O Dr. Afonso Leite de Sampaio propunha então uma federação entre os três vértices do triângulo, administrada por uma comissão constituída pelos respectivos presidentes de câmara e por um procurador ao conselho provincial que seria o presidente12. Em 1942 falava-se numa próxima visita de António Ferro a Portalegre, o que era considerado como um passo decisivo na valorização turística da cidade e da região. Mas uma viagem de Ferro ao Brasil adiou essa deslocação que afinal nunca se concretizou. Em Abril de 1944 deslocou-se a Portalegre o fotógrafo Mário Novais para a preparação de uma colecção de postais para a Comissão de Turismo, tendo nesse mesmo ano sido editados novos bilhetes-postais sobre o Triângulo Turístico. No fundamental, a CMT, instalada em sede própria no cruzamento entre a Rua de Elvas e a Rua de 19 de Junho, desenvolveu uma acção regular ao longo do tempo, promovendo o concelho, nomeadamente a Serra. Em 1955 a Comissão mandou imprimir um cartaz de propaganda à Serra de Portalegre da autoria de Arsénio da Ressurreição. Mas também editou materiais como desdobráveis e postais, participou em certames com pavilhões, apoiou iniciativas locais de todo o tipo, desde as feiras tradicionais a festas e outras realizações pontuais. Um problema sempre adiado foi o da escassa oferta hoteleira.
Basically, the MTC, with its head offices at the crossing between Elvas Street and 19 de Junho Street, carried out regular activities for some time, developing the district, namely the Mountain. In 1955, the Commission had a poster printed, prepared by Arsénio da Ressurreição, advertising the Portalegre Mountain. But it also published material such as pamphlets and postcards, took part in pavilion contests, supported local initiatives of all kinds, such as traditional fairs and festivities and other timely activities. One problem which was always delayed was the insufficient supply of hotels. Whenever bigger festivities took place, and as had ensued since the beginning of the 20th century, the Commission had to take recourse in private enterprise, sometimes calling on the press, to provide lodgings for visitors in their homes, as the local guest houses and houses were of a very reduced capacity. Only in 1972 was this shortage resolved when the Hotel D. João III was opened. Over a period of time, innumerable local personalities performed the duties of town councillor for Tourism, on the Municipal Tourist Commission, such as Catálogo com texto de José Régio.
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Eng.º Próspero dos Santos. Romeu Cassola, funcionário da Comissão Municipal de Turismo durante décadas.
Sempre que decorriam festas de maior dimensão, e na linha do que sucedia desde o princípio do século XX, a Comissão tinha que recorrer aos particulares, por vezes com apelos na imprensa, para que alojassem em sua casa os visitantes, uma vez que as pensões e hotéis locais tinham uma capacidade muito reduzida. Só em 1972 tal carência será resolvida com a abertura do Hotel D. João III. Ao longo do tempo, passaram pela Comissão Municipal de Turismo inúmeras personalidades locais que desempenharam as funções de vereador do Turismo, como Amândio de Oliveira Santos, o Dr. Luís Roma Alves de Sousa, o Prof. Manuel Silvério, o Dr. Plínio Serrote, o Eng.º Óscar Boavida Malcata, o Eng.º Próspero dos Santos, entre outros. Com o 25 de Abril de 1974 tudo irá mudar, com a posterior constituição da Comissão Regional de Turismo de S. Mamede. Notas 1 2 3 4 5
Diário do Governo, I série, n.º 209, de 17 de Outubro de 1920, pp. 1371 a 1392. A Rabeca, n.º 659, de 17-3-1929, p. 1. Diário do Governo, I Série, n.º 84, de 23 de Abril de 1921, pp. 635 e 636. A Rabeca, n.º 866, de 3-9-1933, p. 1. A Voz Portalegrense, n.º 108, de 24-12-1933, p. 1. O Distrito de Portalegre n.º 3318, de 24-12-1933, p. 1. 6 A Voz Portalegrense, n.º 112, de 21-1-1934, p. 1. Veja-se o resumo das suas actividades no comunicado publicado em A Voz Portalegrense, n.º 153, de 4-11-1934, p. 4. 7 Código Administrativo. Decreto-lei n.º 27424, de 31 de Dezembro de 1936, Lisboa, 1937, p. 35. 8 Para as últimas decisões e iniciativas da CIT ver A Voz Portalegrense, n.º 206, de 10-11-1935, p. 4 e n.º 209, de 1-1-1935, p. 2. 9 Veja-se sobre este arquitecto, Luís André Salgueiro Freire da Cruz, O Estádio Nacional e os novos paradigmas do culto: Miguel Jacobetty Rosa e a sua época. Lisboa, [s.n.], 2005. (Dissertações e teses Lusíada). 10 Veja-se como exemplo A Voz Portalegrense n.º 223, de 8-3-1936, p. 2, e n.º 246, de 15-8-1936, p. 4. 11 A Voz Portalegrense, n.º 391, 3 de Junho de 1919, pp. 1 e 2. 12 Leite de Sampaio, «Federação Turística», Correio de Portalegre, n.º 16, de 28-11-1942, p. 6.
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Amândio de Oliveira Santos, Dr. Luís Roma Alves de Sousa, Prof. Manuel Silvério, Dr. Plínio Serrote, Eng. Óscar Boavida Malcata, Eng. Próspero dos Santos… With April 25th, everything was to change, with the subsequent constitution of the S. Mamede Regional Tourist Commission.
Notes
1
Diário do Governo, I series, no. 209, October 17th, 1920, pp. 1371 a 1392.
2
A Rabeca, no. 659, of 17-3-1929, p. 1.
3
Diário do Governo, I series, no. 84, of April 23rd, 1921, pp. 635 and 636.
4
A Rabeca, no. 866, of 3-9-1933, p. 1.
5
A Voz Portalegrense, no. 108, of 24-12-1933, p. 1.O Distrito de Portalegre no. 3318, of 24-12-1933, p. 1.
6
A Voz Portalegrense no. 112, of 21-1-1934, p. 1. The summary of its activities can be seen in the report published in A Voz Portalegrense no. 153, of 4-11-1934, p. 4.
7
Código Administrativo. Decreto-lei no. 27424, de 31 de Dezembro de 1936,
8
For the latest decisions and initiatives of the PTC see A Voz Portale-
9
About the architect Luís André Salgueiro Freire da Cruz see, O Está-
Lisbon, 1937, p. 35. grense, no. 206, of 10-11-1935, p. 4 and no. 209, of 1-1-1935, p. 2. dio Nacional e os novos paradigmas do culto: Miguel Jacobetty Rosa e a sua época. Lisboa, [s.n.], 2005. (Dissertações e teses Lusíada). 10
As an example see A Voz Portalegrense, no. 223, of 8-3-1936, p. 2, and no. 246, of 15-8-1936, p. 4.
11
A Voz Portalegrense, no. 391, June 3rd, 1919, pp. 1 and 2.
12
Leite de Sampaio, “Federação Turística”, Correio de Portalegre, no. 16, of 28-11-1942, p. 6.
As Festas Centenárias de 1950 The 1950 Centenary Celebrations
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 132-141, ISSN 1646-7116
Um dos pontos altos da vida portalegrense no século XX foi a celebração do IV Centenário da erecção da Diocese, pela bula Pro excellenti apostolicae sedis, do Papa Paulo III, de 21 de Agosto de 1549, e da elevação de Portalegre a cidade por carta régia de D. João III, datada de 23 de Maio de 1550. Como é natural, a Câmara Municipal e as forças vivas locais começaram a trabalhar durante o ano de 1949, sendo constituída uma Comissão Executiva presidida pelo Dr. Galiano Tavares, e depois subcomissões do Comércio (presidida por João do Monte Empina), de recepção aos ranchos e deputações concelhias (presidida por António José Carrapiço), do baile de gala (presidida por Guy Fino) e de divertimentos e folguedos populares (presidida por Manuel Celestino Peixeiro). A concepção gráfica ficou a cargo de João Tavares, que fez o respectivo logótipo e todo o material relacionado com a promoção, as vinhetas, os diplomas, o cartaz, que era vendido a 10$00 e o papel timbrado.
One of the highlights of life in Portalegre in the 20th century was the celebration for the IV Centenary of the creation of the Diocese, by Pope Paul III’s bull Pro excellenti apostolicae sedis, on August 21st, 1549, and the elevation of Portalegre to a city by D. João III’s royal charter, dated May 23rd, 1550. Quite naturally, the City Council and the local prominent people began work in 1949, with an Executive Commission presided over by Dr. Galiano Tavares, and then sub-commissions for Trade presided over by João do Monte Empina), for the reception of food and public delegations (presided over by António José Carrapiço), the festival ball (presided over by Guy Fino) and the amusements and popular entertainment (presided over by Manuel Celestino Peixeiro). The graphic art conception was entrusted to João Tavares, who made the respective logotype and all the material related to the promotion, the vignettes, the diplomas, the poster, which was sold at 10$00, and the stamped paper. The distribution of the vignettes, which were made in three colours, green, red and brown, began in October 1949, and they were sold at the price of $50. In January 1950, 8,896 had already been distributed. The festivities proceeded brilliantly, with a very varied programme and drew many foreign visitors. They began at midnight on May 23rd, with, the inauguration of the public illuminations to the peel of the fire brigade’s clarions, the Legião Portuguesa (Portuguese Legion) and Mocidade Portuguesa (Portuguese Youth). The street was overrun with musical groups. In the morning a memorial stone was unveiled in the D. João III street, followed by a reception, in the City hall, the District Councils and the march past of the bands of the rural and city parishes, previously concentrated in the Largo da Boa Vista. Engineer Augusto
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A concepção gráfica dos materiais de promoção coube a João Tavares.
A distribuição das vinhetas, que foram feitas em três cores, verde, vermelho e castanho, começou ainda em Outubro de 1949, sendo vendidas ao preço de $50. Em Janeiro de 1950 já tinham sido distribuídas 8896. As festividades decorreram de forma brilhante, com um programa muito variado e atraindo numerosos forasteiros. Iniciaram-se às 0 horas do dia 23 de Maio, com a inauguração das iluminações públicas e o toque de clarins dos bombeiros, Legião Portuguesa e Mocidade Portuguesa. A rua foi percorrida por grupos musicais. De manhã foi descerrada uma lápide na Rua de D. João III, seguindo-se a recepção, no Município, às Câmaras do Distrito e o desfile dos ranchos das freguesias rurais e da cidade, previamente concentrados no Largo da Boa Vista. Esteve presente o ministro do Interior, Eng.º Augusto Cancela de Abreu, mas o mau tempo prejudicou o programa. Às 14 horas do mesmo dia foram abertas cinco exposições: • De uma maqueta do Plano de Urbanização da cidade e brasões de algumas famílias notáveis de Portalegre, na Câmara Municipal. • De Pintores do Distrito de Portalegre, na Assembleia (Palácio Amarelo), sendo publicado um catálogo com introdução de José Régio. • Bibliográfica, na Biblioteca Municipal. • De actividades industriais do concelho no Centro de Assistência Social. • De artes populares, no edifício da Escola Primária, da Fontedeira. A sessão solene teve lugar às 18 horas, no Salão Nobre do Governo Civil, usando da palavra o Presidente da Comissão Executiva, proferindo em seguida o Dr. Joaquim Dias Loução uma conferência intitulada «A Antiga Vila de Portalegre, sua elevação a cidade, El-Rei D. João III». 135
Cancela de Abreu, Minister of the Interior was present, but bad weather spoiled the programme. At two o’clock in the afternoon on the same day five exhibitions were opened of:
À noite, no Estádio da Fontedeira, a Banda da Legião tocou das 22 até às 24 horas, seguindo-se fogo de artifício. As comemorações continuaram até ao dia 16 de Junho: • No dia 25 de Maio, pelas 22 horas, no Estádio da Fontedeira, exibição do rancho da Urra, concerto por Eugénia Lima e fados e canções por Márcia Condesso, Isabel Silva e Carlos Ramos. • No dia 26 de Maio, das 22 às 24, no Estádio da Fontedeira, exibição das «Harmónicas vocais de Ponte de Sor» e rancho do Reguengo. • No dia 27 de Maio, às 9 horas, caçada para convidados na Herdade de Entre-as-Ribeiras, na propriedade do lavrador José Carrilho de Moura. Às 14, almoço na mesma Herdade, oferecido pelos lavradores José Carrilho de Moura e José Elias Martins. Às 22, na Avenida, concerto pela Banda Euterpe, e às 23 Baile de Gala para convidados, nos salões da Liceu e Governo Civil. • No dia 28 de Maio, pelas 10 horas, no Estádio da Fontedeira, largada de pombos promovida pelo Clube Columbófilo «Asas do Portalegre». Às 16, tarde desportiva com corridas pedestres, lançamento de aeromodelos pela Mocidade Portuguesa, e jogo de futebol entre o Grupo Desportivo Portalegrense e Desportivo de Badajoz. Das 22 às 24, na Avenida, concerto pela Banda da Legião. • No dia 29 de Maio, pelas 18 horas, no Salão Nobre do Governo Civil, conferência pelo Dr. António Garção sobre «José Maria Grande». Às 22, no Estádio da Fontedeira, exibição do Grupo Enrascadófona». Às 22 horas, no Estádio da Fontedeira, exibição dos ranchos de Santa Eulália e da Fábrica Robinson. • No dia 30 de Maio, às 22 horas, na Avenida, concerto da Banda de Alegrete. • No dia 31 de Maio, às 22 horas, no Estádio da Fontedeira, exibição do rancho de Campo Maior. 136
• A maquette of the Town planning Project of the city and coats of arms of some families of note in Portalegre, in the Town Hall. • Painters of the Portalegre district, in the Assembly (Palácio Amarelo), published in a catalogue with an introduction by José Régio. • Bibliography, in the Municipal Library. • Industrial municipality activities in the Social Assistance Centre. • Popular art, in the building of the Fontedeira Primary School.
The solemn assembly took place at 6.00 p.m., in the Great Hall of the Civil Government, at which the President of the Executive Commission spoke, and Dr. Joaquim Dias Loução then gave a conference entitled “The Ancient Town of Portalegre, its elevation to a city, El-Rei D. João III”. At night, in the Fontedeira Stadium, the Band of the Legion played from 10 o’clock to midnight, followed by a fireworks display. The commemorations continued until June 16th:
• On May 25th, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, the Urra band, gave a concert by Eugénia Lima and played fados and songs by Márcia Condesso, Isabel Silva and Carlos Ramos. • On May 26th, from 10.00 p.m. to midnight, in the Fontedeira Stadium, there was a performance by the “Vocal harmónicas from Ponte de Sor” and the Reguengo band. • On May 27th, at 9.00 a.m., there was a hunt for guests at the Entre-as-Ribeiras Estate, on the property of the
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• No dia 1 de Junho, pelas 18 horas, no Salão Nobre do Governo Civil, o Dr. Possidónio Mateus Laranjo Coelho proferiu a conferência «Anais de Portalegre, a nova Cidade, a nova Diocese (século XVI)». Homenagem da Câmara Municipal de Castelo de Vide a Portalegre. Às 22 horas, no Estádio da Fontedeira, actuou o rancho dos Fortios e houve fados e canções por Márcia Condessa, Isabel Silva e Carlos Ramos. • No dia 2 de Junho, às 22 horas, no Estádio da Fontedeira, exibição dos ranchos de Santa Eulália e da Fábrica Robinson.
landowner José Carrilho de Moura. At 2.00 p.m., on the same Estate, there was one offered by the landowners José Carrilho de Moura and José Elias Martins. At 10.00 p.m., on the Avenida, there was a concert by the Euterpe Band, and at 11.00 p.m. a Gala Ball for guests, in the ballroom of the Secondary School and the Local Government buildings. • On May 28th, at 10.00 a.m., in the Fontedeira Stadium, releasing of pigeons promoted by the Clube Columbófilo “Asas do Portalegre” (i.e., the Pigeon – Breeders Club “Wings of Portugal”). At 4.00 p.m., sports afternoon with running races, model aircraft flying by Portuguese Youth Movement, and a game of football between Grupo Desportivo Portalegrense (Portalegre Sports Group) and Desportivo de Badajoz (Badajoz Sports Club). From 10.00 p.m. to midnight, a concert played by the Legion Band on the Avenida. • On May 29th at 6.00 p.m., in the Main Hall of the Local Government building, conference given by Dr. António Garção on “José Maria Grande”. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show by the Enrascadófona Group. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show by Santa Eulália and Fábrica Robinson bands. • On May 30th, at 10.00 p.m., on the Avenida, concert by Banda de Alegrete. • On May 31st, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show of Campo Maior band. • On June 1st, at 6.00 p.m., in the Main Hall of the Local Government building, Dr. Possidónio Mateus Laranjo Coelho gave the conference “Chronicles of Portalegre, the new city, the new Diocese (16th century)”. Homage was paid to Portalegre by the City Council of Cas-
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telo de Vide. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, the Fortios band performed and there were fados and songs by Márcia Condessa, Isabel Silva and Carlos Ramos. • On June 2nd, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, there was a show by the Santa Eulália and Fábrica Robinson groups. • On June 3rd, at 10.00 p.m., performance of religious plays in the Largo da Sé, by a group of pupils from the Conservatório de Lisboa (Lisbon Conservatory): “Auto de Santo António” (St. Anthony), by Afonso Álvares, and “Auto da Alma” (The Soul), by Gil Vicente. • On June 4th, at 6.00 p.m., Festa dos Aventais (i.e., the Aprons Festival). At 3.00 p.m., “Garden-Party” at the Quinta da Lameira, given by Eng. Henrique Acciaolli de Sá Nogueira. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, Amália Rodrigues show, by the “Enrascadófona” band and the Fábrica de Lanifícios (the woollen mill) folklore group. • On June 5th, inauguration of the Feira das Cerejas (i.e., the Cherry Fair). At 6.00 p.m., in the Main Hall of the Local Government building, Conference by Dr. Manue1 Portílheiro, “O Jornalismo portalegrense nos últimos 50 anos” (Portalegre journalism over the last 50 years). At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show by the Paião folklore group. • On June 6th, continuation of the Cherry Fair. At 4.00 p.m., in the Corredoura Park, representation of the Old Horse Shows. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show by the Paião folklore group. • On June 7th, continuation of the Cherry Fair. At 5.00 p.m., bull fight, with Luis Procuna and Manuel dos Santos. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium,
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• No dia 3 de Junho, às 22 horas, representação no Largo do Sé, por um grupo de alunos do Conservatório de Lisboa de autos religiosos, «Auto de Santo António», de Afonso Álvares, e «Auto da Alma», de Gil Vicente. • No dia 4 de Junho, pelas 8 horas, Festa dos Aventais. Às 15 horas, «Garden-Party» na Quinta da Lameira, cedida pelo Eng.º Henrique Acciaiolli de Sá Nogueira. Às 22 horas, no Estádio da Fontedeira, exibição de Amália Rodrigues, do grupo «Enrascadófona» e do rancho da Fábrica de Lanifícios. • No dia 5 de Junho, início da Feira das Cerejas. Às 18 horas, no Salão Nobre do Governo Civil, Conferência pelo Dr. Manuel Portilheiro, «O Jornalismo portalegrense nos últimos 50 anos». Às 22, na Estádio da Fontedeira, exibição do Rancho de Paião. • No dia 6 de Junho, continuação da Feira das Cerejas. Às 16 horas, no Parque da Corredoura, reconstituição das Antigas Cavalhadas. Às 22, no Estádio da Fontedeira, exibição do Rancho de Paião. • No dia 7 de Junho, continuação da Feira. Às 17 horas corrida de Toiros, com Luís Procuna e Manuel dos Santos. Às 22, no Estádio da Fontedeira, exibição dos Ranchos de Badajoz, Olivença e Huesca, seguindo-se fogo de Artifício. • No dia 8 de Junho, pelas 18 horas, Procissão do Corpo de Deus, sob a presidência do Bispo de Portalegre. • No dia 9 de Junho, pelas 18 horas, no Salão Nobre do Governo Civil, conferência pelo Dr. Manuel Hermenegildo Lourinho, «A Serra, Estância de Repouso». Das 22 às 24, na Avenida, concerto pela Banda Euterpe. • Dia 10 de Junho, pelas 22 horas, no Estádio da Fontedeira, concerto pela Banda Militar de Badajoz seguido de fogo de artifício.
Vinheta promocional.
show by bands from Badajoz, Olivença and Huesca, followed by fireworks. • On June 8th, at 6.00 p.m., Corpo de Deus Procession, presided over by the Bishop of Portalegre. • On June 9th, at 6.00 p.m., in the Main Hall of the Local Government building, conference by Dr. Manuel Hermenegildo Lourinho, “A Serra, Estância de Repouso” (The Mountain, Spa of Rest) . From 10.00 p.m. to midnight, a concert by the Euterpe band on the Avenida. • June 10th, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, concert by the Badajoz Militar Band, followed by fireworks.
The exhibitions opened at 2.00 p.m. and closed at midnight, with the exception of the Bibliográfica, which was open from 10.00 a.m. to 12.00 p.m. and from 2.00 p.m. to 7.00 p.m. and Popular Arts, which opened at 3.00.p.m. and closed 8.00 p.m. until June 10th, being entrance free for workers on May 30th and 31st, June 1st
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As exposições abriam às 14 horas e encerravam às 24, com excepção da Bibliográfica, que abria das 10 às 12 e das 14 às 19 e Artes Populares, que abria às 15 encerrando às 20 e até ao dia 10 de Junho, sendo livres para as classes trabalhadoras nos dias 30 e 31 de Maio, 1 e 4 de Junho das 17 às 20 horas. Houve projecções todas as noites durante 2 ou 3 períodos com fotografias de interesse local. No recinto da Fontedeira havia bailes todas as noites a partir das 22 horas, com as Orquestras «Ferrugem», «Jazz Ideal» e «Os Lisos». Foi composto um hino do centenário com letra da autoria do Dr. Roma da Fonseca, musicado pelo professor do Conservatório José Henrique dos Santos. O comércio local participou activamente no Concurso de Montras e de Interiores. No dia 16 de Junho, decorreu a Sessão Solene do IV Centenário da Diocese de Portalegre com um programa musical a cargo de uma orquestra regida por José Henrique dos Santos e um coro dirigido pelo padre Braz Jorge, autores do «Hino das Festas Centenárias da Diocese». Houve ainda intervenções do Dr. Dias Loução e do Bispo de Portalegre. Destas comemorações ficaram ainda um curioso emblema e diversas edições. Foi um momento em que Portalegre esteve no centro da atenção da comunicação social portuguesa, atraindo numerosos visitantes durante esses dias de festividades.
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and 4th from 5.00.p.m. to 8.00 p.m. Every night there were 2 or 3 sessions of projections of photographs of local interest. In the Fontedeira arena there were balls every night from 10.00 p.m., with the “Ferrugem”, the “Jazz Ideal” and the “Os Lisos” Orchestras. A centenary hymn was composed with lyrics by Dr. Roma da Fonseca, put to music by the Conservatory teacher José Henrique dos Santos. The local commerce played an active part in the Concurso de Montras e de Interiores (Shop Windows and Interiors Competition). On June 16th, the Solemn Ceremony for the IV Centenary of the Diocese of Portalegre took place, with a musical programme undertaken by an orchestra directed by José Henrique dos Santos and a choir conducted by Father Braz Jorge, composers of the “Hino das Festas Centenárias da Diocese” (the Diocese Centenary Celebrations Hymn). Dr. Dias Loução and the Bishop of Portalegre also participated. These commemorations left us with a special ensign and various publications. This was a moment when Portalegre was the centre of attention of Portuguese social communication, and attracted many visitors on these days of festivity.
Cronologia Chronology
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 142-195, ISSN 1646-7116
Estas informações não são nem pretendem ser exaustivas. Como o presente livro incide sobre o Turismo, a cronologia privilegia aquilo que tem a ver directa ou indirectamente com tal matéria ou muito próximas, deixando de fora outros eventos.
This information does not claim to be comprehen-
1901 • Fevereiro, 13 – A firma Pilar & Tejedor, de Badajoz, compra o edifício da antiga Fábrica de Lanifícios da Horta das Bolas para ali instalar uma fábrica de produção de energia eléctrica. • Maio, 12 – Na Serra da Penha foi colocada uma enorme cruz de madeira, depois substituída por uma de cantaria, destinada a assinalar o fim do século XIX e paga através de uma subscrição pública. • Setembro, 12 – É inaugurado a luz eléctrica em Portalegre para iluminação pública e particular, com grandes festejos organizados pela Associação Comercial e Industrial de Portalegre.
1901
1902 • Abril, 20 – Decorrem as provas velocipédicas de 50 quilómetros organizadas pela União Velocipédica de Lisboa entre Nisa e Portalegre. • Maio, 8 – Abre nesta cidade a fábrica de gasosas e água Seltz «A Pérola», propriedade de Antero Hernandez. • Julho, 21 – Instala-se no edifício do Governo Civil o Conselho Distrital de Agricultura de Portalegre, criado pelo decreto de 24 de Dezembro de 1901. • Outubro, 19 – Decorrem as corridas de bicicleta de velocidade por amadores de Castelo de Vide, de onde é dada a partida para Portalegre.
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sive. In the present book on tourism, this is a chronology mainly about what is directly or indirectly, or closely, connected with such material, quite apart from other events.
• February 13th – The firm Pilar & Tejedor, and Badajoz, bought the building of the old Fábrica de Lanifícios da Horta das Bolas to set up a factory there for the production of electric energy. • May 12th – An enormous wooden cross was set up on the Penha Mountain, later substituted by squared stone, intended to mark the end of the 19th century and paid by public contribution. • September 12th – Electric lighting was inaugurated in Portalegre for public and private illumination, with great festivity organised by the Portalegre Industrial Trade Association.
1902 • April 20th – The 50 kilometre cycling races organised by the União Velocipédica de Lisboa (Lisbon Cycling Union) between Nisa and Portalegre took place. • May 8th – The fizzy drinks and waters factory Seltz “A Pérola”, owned by Antero Hernandez, opened in the city. • July 21st – The Portalegre District Council of Agriculture was set up in the Local Government building, created under the Decree of December 24th, 1901. • October 19th – Castelo de Vide amateur bicycle speed races took place, departing from Portalegre.
1903 • Fevereiro, 14 – Terminou a construção da escola primária do Calvário, segundo planta de Adães Bermudes. • Março, 15 – Reúne na Sociedade Musical Euterpe uma grande comissão que se propunha realizar anualmente a festas da cidade. • Agosto, 22 – Inaugurado na Rua dos Muros, o Teatro Recreio Operário.
1903 • February 14th – The construction of the Calvário primary school, according to Adães Bermudes’ plan was completed. • March 15th – A large commission offering to annually organise the city festivals met in the Sociedade Musical Euterpe. • August 22nd – The Teatro Recreio Operário (Workers’ Entertainment Theatre) in the Muros street was inaugu-
1904 • Março, 5 – Chega a Portalegre o arquitecto Raul Lino incumbido pela Assistência Nacional aos Tuberculosos de fazer os estudos para a construção do sanatório. • Maio, 1 – Na tapada do conde de Vila Real realizou-se um exercício de tiro aos pratos, com uma máquina de António José Costa, o primeiro efectuado na cidade.
rated.
1904 • March 5th – The architect Raul Lino arrived in Portalegre entrusted by the Assistência Nacional aos Tuberculosis (National Tuberculosis Association) to look into the construction of a sanatorium. • May 1st – There was a plate shooting exercise on the
1905 • Abril, 6 – Inaugurada a Creche João Baptista Rolo num edifício junto à fábrica Robinson.
game preserve of the earl of Vila Real, using António José Costa’s machine, the first to take place in the city.
1905
1906 • Março, 3 – Começam as obras de canalização em ferro de água para o abastecimento da cidade. • Agosto, 12 – Festas de Nossa Senhora da Piedade, da Igreja do Espírito Santo, as mais importantes que ao tempo se realizavam na cidade. • Dezembro – É inaugurado o salão High-Life, na Avenida de D. Carlos, um barracão destinado a exibições cinematográficas.
• April 6th – Inauguration of the Creche João Baptista Rolo in a building next to the Robinson factory. O Rossio. Aguarela de João Tavares. The Rossio. João Tavares watercolor.
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1906
Visita de D. Carlos (1907). D. Carlos visit.
• March 3rd – The work on the iron piping and draining water system to supply the city began. • August 12th – Feasts of Nossa Senhora da Piedade (i.e., Our Lady of Mercy), in the Church of the Espírito Santo (i.e., the Church of the Holy Spirit), the most important ones held in the city at that time. • December – The High-Life reception room was inaugurated in the D. Carlos avenue, a large hall for film projections.
1907 • March 26th – King Dom Carlos arrived in Portalegre, by the Santo André street. He went to the Local Government offices where he was greeted by official personages, and then went on to the Portalegre station to catch
1907 • Março, 26 – Chega a Portalegre o rei D. Carlos, entrando pela Rua de Santo André. Dirigiu-se para o Governo Civil onde foi cumprimentado pelas entidades oficiais, seguindo depois para a estação de Portalegre onde tomou o comboio. • Abril, 25 – Abriu em Portalegre a fábrica de bebidas gasosas de António Joaquim Costa • Julho, 8 – D. Carlos visita oficialmente Portalegre e a sua guarnição militar, acompanhado pelo ministro da Guerra, António Carlos Vasconcelos Porto. Houve recepção no Paço Episcopal e foi hóspede do visconde do Reguengo. • Agosto, 11 e 12 – Grandes Festas de Portalegre em honra de Nossa Senhora da Piedade. • Setembro, 28 – Chegaram a Portalegre os participantes no Raid Hípico organizado pelo jornal O Século. • Outubro, 7 – É inaugurado o Posto e Desinfecção Pública de Portalegre. 145
the train. • April 25th – António Joaquim Costa’s factory of fizzy drinks and waters opened in Portalegre. • July 8th – Dom Carlos made an official visit to Portalegre and its military barracks, accompanied by the Minister of War, António Carlos Vasconcelos Porto. There was a reception in the Episcopal Palace at which the Viscount of Reguengos was a guest. • August 11th and 12th – The Grand Festivals of Portalegre in honour of Our Lady of Mercy. • September 28th – The participants of the Raid Hípico (Horse Ride) organised by the O Século newspaper arrived in Portalegre. • October 7th – The Portalegre Public Disinfectant Station was inaugurated.
1908 • Abril, 19 – Visita a Portalegre da Tuna Académica de Lisboa, com recepção no Liceu. • Julho, 17 – Grandiosas comemorações do I Centenário da Guerra Peninsular. • Julho, 21 – É fundada a Banda dos Bombeiros. • Agosto, 15, 16 e 17 – Festas organizadas por «um grupo de artistas», festival e iluminação na Avenida de D. Carlos, fogo de artifício, duas garraiadas e concerto musical. Sem apoio oficial. • Outubro, 28 – É fundada a corporação de Bombeiros Robinson • Novembro – Funda-se o Grupo Académico Musical Portalegrense, dirigido pelo futuro jornalista Aprígio Mafra. • Dezembro, 11 – Começou a terraplenagem do terreno cedido pela Câmara Municipal na Fontedeira, para ali ser instalado o campo de futebol para as duas corporações de bombeiros da cidade.
1908 • April 19th – The Lisbon Students’ Musical Group visited Portalegre and a reception was given at the Secondary school. • July 17th – Magnificent commemoration of the 1st Centenary of the Peninsular War. • July 21st – The Fire Brigade Band was founded. • August 15th, 16th and 17th – Festivities organised by “a group and artists”, festival and illumination in the D. Carlos avenue, fireworks, two bullock fights and a music concert, with no official support. • October 28th – The Robinson Fire Brigade was founded. • November – The Portalegre Academic Music Group was founded, run by the future journalist Aprígio Mafra. • December 11th – The ground began to be levelled off on the land granted by the Fontedeira City Council, to be
1909 • Abril, 25 – Foi inaugurado no Rossio o Salão Paraíso, uma barraca cinematográfica de António dos Anjos Mourão. Destinava-se à exibição de filmes, para o que estava apetrechado com uma máquina Pathè, e nele se realizaram muitos espectáculos de teatro, musicais e récitas • Junho, 6 – Estão em Portalegre os dirigentes republicanos Bernardino Machado, João Chagas, Inocêncio Camacho e José Relvas, que participaram num comício. • Outubro, 4 – Abre o hospital suburbano para tuberculosos. • Setembro, 2 – É publicado pelo Governo Civil de Portalegre o Regulamento de Hotéis, Hospedarias, Estalagens e Armazéns de Bebidas e Comidas e outras Casas e Correctores de Hotéis, Moços de fretes e carroceiros. • Dezembro, 6 – A Câmara Municipal de Portalegre nomeou Máximo Pires, natural de Arronches, pregoeiro citadino. Foi o último a desempenhar tal tarefa.
made into a football field for the two fire association in the city.
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1910 • Fevereiro, 28 – Visitou Portalegre o conselheiro Teixeira de Sousa, chefe do Partido Regenerador, a quem foi oferecido um banquete no teatro Portalegrense, com 80 convivas. Retirou a 1 de Março. • Junho, 5 – António José de Almeida participou num comício republicano no Teatro Portalegrense. • Junho, 16 – Por decreto desta data foram declarados monumentos nacionais a Sé de Portalegre e a igreja do mosteiro de São Bernardo, incluindo o túmulo de D. Jorge de Melo. • Agosto, 6 – Passagem de Bernardino Machado por Portalegre, onde ficou alojado. Participou no dia seguinte num comício republicano em Arronches. • Setembro, 1 – Começa o serviço de guardas-nocturnos na Rua do Comércio, Sé e Praça. • Setembro, 4 – Inaugurou-se no lado oriental da Avenida de D. Carlos (depois da Liberdade) o Salão Moderno. • Outubro, 1 – Começa o serviço de guardas-nocturnos na 2.ª área: Rua da Rainha D. Amélia, Pracinha, etc. 1911 • Janeiro, 30 – A Câmara Municipal de Portalegre declara o dia 1 de Maio como feriado municipal. • Março, 19 – Visita Portalegre o ministro da Guerra do Governo Provisório da República, coronel Correia Barreto. • Maio, 14 – Reabre na Avenida da Liberdade o Salão Moderno (cinema), há tempos encerrado. • Junho, 17 – O Liceu de Portalegre foi elevado a Central, categoria que conservou até 1928. • Julho, 2 – É inaugurado o campo de jogos da Quinta Formosa. • Outubro, 5 – Grandes festas em Portalegre comemorando o 1.º aniversário da Proclamação da República.
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1909 • April 25th – The Salão Paraíso, a large projection film hall belonging to António dos Anjos Mourão, was inaugurated in the Rossio (Main Square). It was to be used for the exhibition of films, for which it was fitted out with a Pathè machine, and many theatrical and musical shows and recitals were given there. • June 6th – The Republicans Bernardino Machado, João Chagas, Inocêncio Camacho and José Relvas were in Portalegre for a rally. • October 4th – The suburban hospital for tuberculosis opened.
• Outubro, 29 – Chega a Portalegre o contingente da Guarda Nacional Republicano ali colocado, ficando alojado no antigo convento de Santo Agostinho. • Novembro, 8 – Reunião dos clubes de futebol da cidade, onde foi eleita a primeira direcção da Associação de Futebol de Portalegre constituída por Álvaro Sampaio (presidente), Frederick Shaw (tesoureiro), Leopoldo José Mocho (1.º secretário) e José da Silva (2.º secretário). • Novembro, 23 – É exibido no Salão Paraíso o primeiro filme de longa-metragem em Portalegre: «Pecados da Juventude». • Dezembro, 3 – Na Barraca-Cine de Barreto Caldeira, junto ao lago do Rossio, tem lugar um espectáculo cinematográfico «só para homens». • Dezembro, 23 – Por decreto desta data, publicado no Diário do Governo n.º 1 de 2 de Janeiro de 1912, são mandados incluir no regime florestal parcial os baldios da Serra de São Mamede.
• September 2nd – The Regulamento de Hotéis, Hospedarias, Estalagens e Armazéns de Bebidas e Comidas e outras Casas e Correctores de Hotéis, Moços de fretes e carroceiros (i.e., The Hotels, Lodgings, Inns, Hostels and Food and Drinks Warehouses and other Houses and Hotel Inspectors, Freight Servants and Waggoners’ Regulations) was published by the Portalegre Local Government. • December 6th – The Portalegre City Council appointed Máximo Pires, native of Arronches, town crier. He was the last to carry out this task.
1910 • February 28th – Counsellor Teixeira de Sousa, head of the Partido Regenerador (i.e., Regenerator Party), visited Portalegre and a banquet was offered in his honour at the Portalegre theatre, with 80 guests. He went back on March 1st.
1912 • Maio, 16 – Na Quinta Branca, na Serra de Portalegre, realizou-se uma «Merenda Democrática». • Julho, 7 – Iniciou-se no perímetro florestal da Serra de São Mamede a plantação de penisco e de carvalhos, faias, choupos e castanheiros. • Setembro, 13 a 16 – Festas da Cidade organizadas pelo comércio e indústria locais.
• June 5th – António José de Almeida took part in a repub-
1913 • Janeiro, 15 – Abertura das propostas para a construção do caminho-de-ferro entre Estremoz e Portalegre • Março, 9 – Promovida pelo jornal O Século realizou-se a «Festa da Árvore», com um cortejo no Passeio Público com as crianças das escolas e a plantação de seis tílias. À noite, no Teatro Portalegrense, houve um sarau de gala.
• September 1st – The night watchmen began their services
lican rally in the Portalegre Theatre. • June 16th – On this day the Portalegre Cathedral and the church of the monastery of Saint Bernardo, including the tomb of Don Jorge de Melo, were declared national monuments by decree. • August 6th – Bernardino Machado went to Portalegre, where he took lodging. The next day he went to a republican rally in Arronches.
in the Rua do Comércio, Cathedral and Market Square. • September 4th – The Salão Moderno was inaugurated on the east side of the D. Carlos avenue (later named Liberdade avenue). • October 1st – The night watchmen began their services in the 2nd area: Rainha D. Amélia street, Pracinha, etc.
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• Abril, 26 – Esteve em Portalegre o ministro da Guerra, major João Pereira Bastos, onde assistiu a instrução de recrutas, seguindo depois para Elvas. • Maio – Inaugurada a Confeitaria La Esperanza, na Rua do Comércio 103 e 105, que produzia e vendia doces, bolos, vinhos e licores, propriedade do espanhol José Martin Vidal • Junho, 9 – Chega a Portalegre o Prof. Silva Teles, orientando uma visita de estudo do Curso de Geografia da Universidade de Lisboa, dedicada às Serras de Portalegre, de São Mamede e de Marvão. • Julho – António Maria Garcia assume a direcção do Hotel Brito. • Agosto, 3 – Esteve em Portalegre o Dr. Leite de Vasconcelos e depois em São Salvador da Aramenha. Levou consigo para o Museu Etnológico de Belém 57 vasos de barro e de vidro oferecidos por António Maçãs, Adolfo Mota e João Sequeira Fialho, para além de pesos romanos de barro, moedas de prata e de cobre e vários instrumentos pré-históricos de pedra. • Agosto, 24 – Visita Portalegre o arquitecto Ventura Terra, encarregado de estudar e indicar as obras a levar a efeito no templo, claustros e casa capitular do mosteiro de São Bernardo. • Setembro, 13 a 16 – Têm lugar pela 2.ª vez as Festas da Cidade de Portalegre, que foram abrilhantadas pela banda da Guarda Nacional Republicana. • Setembro, 14 – Festival de filarmónicas na praça de touros D. Luís do Rego.
1911 • January 30th – The Portalegre City Council declared May 1st as a municipal holiday. • March 19th – The Minister for War of the Provisional Government of the Republic, Colonel Correia Barreto, paid a visit to Portalegre. • May 14th – The Salão Moderno (cinema), which had been closed for some time, reopened in the Liberdade avenue. • June 17th – The Portalegre Secondary School was promoted to a higher level (Central), which category it retained until 1928. • July 2nd – The Quinta Formosa playing fields were inaugurated. • October 5th – Big festivities in Portalegre commemorated the 1st anniversary of the Proclamation of the Republic. • October 29th – The contingent of the National Republican Guard stationed there arrived in Portalegre, and were billeted in the old convent of Santo Agostinho. • November 8th – Meeting of the city’s football clubs, when the first management of the Portalegre Football Association was elected, composed of: Álvaro Sampaio (president), Frederick Shaw (treasurer), Leopoldo José Mocho (1st secretary) and José da Silva (2nd secretary). • November 23rd – For the first time, a full length feature film, “Pecados da Juventude” (The sins of Youth), was
1914 • Abril – Começam as projecções cinematográficas no Cine Popular, que funciona na praça de touros D. Luís do Rego. • Junho, 23 – No Jardim Operário têm lugar festas em honra de São João, cujo produto reverteu a favor da construção de um coreto naquele local. 149
shown in the Paraíso hall. • December 3rd – In Barreto Caldeira’s Barraca-Cine, next to the pond in Rossio, a cinema show was given for “men only”. • December 23rd – By a decree of this date, published in the Official Government Journal Diário do Governo
• Setembro, 6 – É inaugurado o novo Salão Paraíso, totalmente remodelado.
nr. 1 of January 2nd, 1912, it was ordered that the waste land of the Saint Mamede Hills be included in the partial forest regime.
1915 • Janeiro 21 – Por decreto desta data e por proposta do ministro da Instrução Pública Frederico António Simões, é dada ao Liceu Nacional de Portalegre a denominação de Liceu de Mousinho da Silveira.
1912 • May 16th – There was a “Merenda Democrática” (Democratic Picnic) in the Quinta Branca, on the Portalegre Mountain. • July 7th – The planting of pine-seeds and of oak, beech,
1916 • Junho – Foi inaugurada a sala de operações do Hospital da Misericórdia. • Constituída em Portalegre a subcomissão da Cruzada das Mulheres Portuguesas. • Julho, 12 – Um furacão atingiu a estação de caminho-de-ferro de Portalegre, destruindo 50 metros de cais. • Agosto, 31 – Numa reunião em casa de Artur Malato, foi fundado o Grémio Planetário. • Setembro, 10 – É inaugurado o coreto do Jardim Operário.
poplar and chestnut trees began in the forest belt of the Saint Mamede Mountain. • September 13th to 16th – City Festivals organised by local trade and industry.
1913 • January 15th – Opening of a tender for the construction of the railway between Estremoz and Portalegre • March 9th – The “Festa da Árvore” (Feast of the Tree) was held, promoted by the O Século newspaper, with a procession along the Promenade with school children and the planting of six linden trees. At night there was a gala evening party in the Portalegrense Theatre. • April 26th – The Minister of War, Major João Pereira Bastos, was in Portalegre and attended the instruction of recruits, and then went on to Elvas. • May – The Confectionery shop La Esperanza, property of the Spanish gentleman José Martin Vidal, in the 103 and 105 Comércio street, which produced and sold sweets, cakes, wines and liqueurs, was inaugurated. • June 9th – Professor Silva Teles arrived in Portalegre, for a study visit of the Geography Course at the University of Lisbon, dedicated to the Mountains of Portalegre, Saint Mamede and Marvão.
Coreto do Jardim Operário.
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• July – António Maria Garcia took over the management of the Hotel Brito. • August 3rd – Dr. Leite de Vasconcelos was in Portalegre and then in São Salvador da Aramenha. He took with him 57 vessels in clay and glass offered by António Maçãs, Adolfo Mota and João Sequeira Fialho, as well as Roman coins in clay, coins of silver and copper and various prehistoric stone instruments, for the Belem Ethnological Museum. • August 24th – The architect Ventura Terra, commissioned to study and denote the building work to be carried out in the church, cloisters and capitulary house of the Saint Bernard monastery, visited Portalegre. • September 13th to 16th – It was time, for the 2nd time, for the Portalegre City Festivals, which were brightened up by the band of the National Republican Guard. • September 14th – Philarmonic festival in the D. Luís do Rego bull ring.
1914 • April – Film projections began in the Cine Popular, which was installed in the D. Luís do Rego bull ring. • June 23rd – In the Jardim Operário (Workers’ Garden) there were festivities in honour of São João (Saint John), the proceeds of which reverted to support the construction of a bandstand there. • September 6th – The new, totally remodelled, Paraíso hall was inaugurated.
1917 • Abril, 30 – António Afonso Franco abre o Café Académico.
1915 • January 21st – By decree of this date, on the proposal
1918 • Março, 30 – Afonso Costa visitou Portalegre, vindo de Elvas, onde esteve detido. 151
of the Minister of Education, Frederico António Simões, the Portalegre National Secondary School was given the title of Mousinho da Silveira Secondary School.
• Junho, 20 – A caminho de Elvas, parou na estação de Portalegre o doutor Sidónio Pais, Presidente da República. Recebido por muitos populares, foi saudado por autoridades locais, por uma força do Regimento de Infantaria n.º 22 e pela Banda Euterpe. • Julho, 7 – Inaugurado o Grande Hotel de Portalegre, de Celestino Aires, antigo criado da casa Robinson. • Dezembro, 15 – Abre a delegação de Portalegre do Banco Nacional Ultramarino. • Dezembro – O Café Académico de Franco & Martins fechou por ter sido vendido a uma casa bancária o edifício onde se encontrava. 1919 • Junho, 16 – Por decreto deste dia, foram classificados como monumentos nacionais as janelas manuelinas do solar dos Melos e o cruzeiro do mosteiro de São Bernardo. • Setembro, 23 – É fundado o Sport Clube Estrela.
1916 • June – The operating theatre of the Misericórdia Hospital was inaugurated. The subcommittee of the Cruzada das Mulheres Portuguesas (The Crusade of Portuguese Women) was established in Portalegre. • July 12th – A hurricane struck the Portalegre railway station, destroying 50 metres of platform. • August 31st – At a meeting in Artur Malato’s house, the Grémio Planetário (Planetary Guild) was founded. • September 10th – The bandstand in the Jardim Operário was inaugurated.
1917 • April 30th – António Afonso Franco opened the Café Académico.
1918 • March 30th – Afonso Costa visited Portalegre, coming
1920 • Janeiro, 17 – Inaugurado o café Académico, de João Diogo Casaca, no local onde estava a sua tipografia. • Janeiro, 27 – No Salão Paraíso tem lugar uma sessão de propaganda da Aldeia Portuguesa com Leal da Câmara. • Março, 17 – São aprovados os estatutos do Grémio Planetário. • Março, 23 – Festa da Cidade, com um cortejo histórico evocativo do ressurgimento e Portalegre. • Maio, 24 – É lançada a primeira pedra do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, com a presença do ministro da Guerra, coronel João Estêvão Águas. • Julho, 14 – Festa da Paz, celebrando o aniversário do assinatura do armistício. Na Avenida da Liberdade foi plantada uma oliveira como símbolo da paz.
from Elvas, where he had been detained. • June 20th – On his way to Elvas, Doctor Sidónio Pais, President of the Republic, stopped at Portalegre station. Received by many people, he was greeted by the local authorities, by a contingent from the Regiment of the 22nd Infantry and the Euterpe band. • July 7th – The Grande Hotel de Portalegre, belonging to Celestino Aires, an old servant at the Robinson house, was inaugurated. • December 15th – A delegation of the Portalegre do Banco Nacional Ultramarino was opened. • December – The Café Académico, belonging to Franco & Martins closed because the building it was in had been sold to a bank.
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• Agosto, 23 – Constituída a Empresa Mercantil Limitada, com secção especial de transportes de passageiros com carreiras em camiões para as estações de Castelo de Vide e de Portalegre. Subcontrataram Luís Pereira Murta e Celestino Aires, que formaram a empresa Celestino & Aires. • Setembro, 27 – No Diário do Governo é publicada a lei que cede à Câmara Municipal de Portalegre o edifício do mosteiro de São Bernardo, sob várias condições.
1919 • June 16th – By decree on this day, the Manuelian windows of the Melos’ manor house and the transept of the Saint Bernard monastery were classified as national monuments. • September 23rd – The Sport Clube Estrela was founded.
1920 • January 17th – The café Académico, belonging to João
Junto à estação da Camionagem Murta.
1921 • Janeiro, 19 – Abriu ao público a filial da Caixa Geral de Depósitos, ficando provisoriamente instalada no edifício do Governo Civil, onde anteriormente era a Recebedoria do Concelho, Agência do Banco de Portugal e Tesouraria e Pagadoria do Distrito de Portalegre. • Março, 5 – Inaugurado o «Palace Hotel», na Rua de 31 de Janeiro, propriedade de Jerónimo Facha. Era o antigo Grande Hotel, devidamente remodelado. • Junho, 5 e 6 – Festas da Primavera, iniciativa do Grémio Planetário, em benefício do monumento aos mortos da Grande Guerra. Com exposição de artes e indústrias, batalha de flores, concertos, corrida de cavalos, futebol e sarau. • Junho – É fundado o Sport Clube de Portalegre. • Julho – Está em venda o Hotel Celestino, de Celestino Aires. • Agosto, 20 – O Grémio Planetário mudou o seu nome para Grémio Transtagano, mantendo a orgânica, fins e intuitos. • Setembro, 14 – Visita a Portalegre do chefe do governo, Dr. António Granjo, e do ministro da Guerra, coronel Freitas Soares, numa homenagem ao Regimento de Infantaria n.º 22 pelo seu desempenho na Grande Guerra. • Outubro, 10 – A empresa Murta cria uma carreira de char-a-banc entre Portalegre e Castelo de Vide.
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Diogo Casaca, on the premises of his typography, was inaugurated. • January 27th – In the Salão Paraíso there was an advertising session by the Aldeia Portuguesa with Leal da Câmara. • March 17th – The Grémio Planetário statutes were approved. • March 23rd –City Festival, with a pageant evocative of the renaissance and Portalegre. • May 24th – The first stone of the Monument to the Dead of the Great War was laid, in the presence of the Minister of War, Colonel João Estêvão Águas.
1922 • Março, 6 – Reunião no salão nobre da Câmara Municipal de Portalegre promovida pelo Grémio Transtagano, para preparação das Festas da Primavera. • Maio, 31 – A Câmara Municipal delibera criar dois mercados de gado suíno: um no 2.º domingo do mês de Maio e outro no 4.º domingo do mês de Outubro de cada ano. E que a feira das Cerejas, que tinha lugar no 1.º sábado de Junho passasse a realizar-se nos dias 5, 6 e 7 do mesmo mês para assim apoiar a obra do Grémio Planetário. • Junho, 3 e 4 – Festas da Primavera organizadas pelo Grémio Transtagano, em benefício do Monumento aos Mortos da Grande Guerra. O último dia foi muito prejudicado pela chuva. • Junho, 17 – Grandes festividades populares nas ruas da cidade pela chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Brasil. • Junho – João Diogo Casaca muda o nome do seu café de «Académico» para «Luso» e depois para «Atlântico». • Junho – Jerónimo da Silva Botelho inicia uma carreira de camioneta para as estações de Castelo de Vide e de Portalegre. • Setembro, 14 – Por iniciativa do Grémio Transtagano foi inaugurada, nas salas da Junta Geral do Distrito, a Exposição Agrícola Regional que se prolongou até ao dia 16. • Outubro, 24 – Reúne na Câmara Municipal o Congresso Municipalista do Distrito, com representantes de todas câmaras com excepção das de Nisa, Monforte e Sousel.
• July 14th – Festa da Paz (i.e., Festival of Peace), celebrating the anniversary of the signing of the amnesty. On Liberdade avenue an olive tree was planted as a sign of peace. • August 23rd – The Empresa Mercantil Limitada was established, with a special passengers’ transport section, with bus routes to the Castelo de Vide and Portalegre stations. Luís Pereira Murta and Celestino Aires, who created the firm Celestino & Aires, were subcontracted. • September 27th – The law which yields the monastery of Saint Bernard to the Portalegre City Council, on various conditions, was published in the Diário do Governo .
1921 • January 19th – The Caixa Geral de Depósitos branch office was opened to the public, provisionally installed in the Local Government building, where the Council Treasury Office, Branch of the Bank of Portugal and Treasurer’s office and Treasury of the Portalegre District had been.
Esplanada do Café Central.
1923 • Janeiro, 2 – Abre ao público o Café Central, de Manuel de Andrade e Sousa, no Largo Dr. Frederico Laranjo. • Janeiro, 26 – Visitou Portalegre o engenheiro José Abecassis Júnior, Administrador Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. 154
• Março – É fundado o Sport Clube União Comercial. • Maio – É expropriada pela Câmara Municipal de Portalegre a praça de touros D. Luís do Rêgo, em ruínas. • Junho, 5, 6 e 7 de Junho – Festa da Primavera organizada pelo Grémio Transtagano em benefício da construção do Monumento aos Mortos da Grande Guerra. • Junho, 5 – Abre ao público a Exposição Regional na Escola Fradesso da Silveira, uma iniciativa do Grémio Transtagano. • Setembro, 14 e 15 – 2.ª Exposição Agrícola Regional do Distrito de Portalegre, organizada pelo Grémio Transtagano, nas salas do Clube Republicano de Portalegre. • Dezembro, 3 – Organizada pelo Alentejo Futebol Clube tem lugar uma corrida ciclista de 75 quilómetros com o seguinte itinerário: Portalegre – Senhora da Luz – Póvoa e Meadas – Nisa – Alpalhão – Portalegre.
• March 5th – Inauguration of the «Palace Hotel», in the 31 de Janeiro street, owned by Jerónimo Facha. It was the old Grande Hotel, duly remodelled. • June 5th and 6th – Spring Festivals, initiative of the Grémio Planetário, for the benefit of the Monument to the Dead of the Great War. With an exhibition of art and industry, battle of flowers, concerts, horse races, football and evening entertainment. • June – The Sport Clube de Portalegre was founded. • July – The Hotel Celestino, belonging to Celestino Aires was put up for sale. • August 20th – The Grémio Planetário changed its name to Grémio Transtagano (Beyond the Tagus Guild), preserving its organisation, aims and purposes. • September 14th – The head of the Government, Dr. António Granjo, and the Minister of War, Colo-
1924 • Março, 23 – Visita Portalegre o ministro da Instrução, Dr. João Camoesas. • Abril, 13 – Reabre o Teatro dos Bombeiros com um novo aparelho cinematográfico. • Maio, 11 – É inaugurado o Estádio da Fontedeira depois do seu alargamento. • Junho, 5 a 8 – Festas da Primavera, de novo iniciativa do Grémio Transtagano para financiar ao construção do Monumento aos Mortos da Grande Guerra • Julho, 13 – No Estádio da Fontedeira é inaugurado um cinema ao ar livre. • Agosto, 10 – Iniciam-se as festas de São Mateus, em benefício do Sanatório e da Misericórdia de Portalegre. • Setembro, 30 – Inaugurou-se o Albergue de Inválidos do Trabalho «João Augusto Alves».
nel Freitas Soares visited Portalegre, to pay tribute to the 22nd Infantry Regiment for its performance in the Great War. • October 10th – The firm Murta created a char-a-banc line between Portalegre and Castelo de Vide.
1922 • March 6th – Meeting in the main hall of the Portalegre City Council promoted by the Grémio Transtagano, on the preparation of the Spring Festivals. • May 31st – The City Council decided to create two markets for livestock: one on the 2nd Sunday of the month of May and the other on the 4th Sunday of the month of October each year, and that the Cherries fair, which took place on the 1st Saturday in June would change to the 5th, 6th and 7th of the same month in support of the work of the Grémio Planetário.
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1925 • Janeiro – É fundado o Sporting Clube Portalegrense. • Abril, 4 – O aviador Sarmento de Beires, herói do voo LisboaMacau, esteve em Portalegre, percorrendo de automóvel algumas ruas. • Maio – Começam os trabalhos de demolição da praça de touros D. Luís do Rêgo. • Junho, 7 e 8 – Festa da Flor em benefício dos Bombeiros Voluntários. • Julho, 19 – O Teatro Portalegrense inaugura a época de Verão com sessões cinematográficas no estádio da Fontedeira. • Julho, 27 – É fundado o Grupo Desportivo Portalegrense. • Agosto, 1 – A empresa Murta reduz em 40% o preço dos bilhetes das camionetas para os comboios-correios nas estações de Portalegre e de Castelo de Vide. • Agosto, 23 e 24 – Festas de angariação de fundos para a Misericórdia de Portalegre na Avenida da Liberdade. Houve comboios especiais. • Outubro, 5 – É inaugurada a Biblioteca Municipal de Portalegre. • Outubro, 10 – Júlio Dantas, Presidente da Secção de Letras da Academia das Ciências de Lisboa, visita Portalegre, nomeadamente a Sé e outros monumentos, dando ainda uma volta pela Serra que achou encantadora. • Outubro, 18 – Chegam a Portalegre os participantes no Grande Circuito Hípico de Portugal, organizado pelo Diário de Notícias. • Novembro, 25 – É constituída a Hidroeléctrica do Alto Alentejo.
• June 3rd and 4th – Spring Festivals organised by the Grémio Transtagano, for the benefit of the Monument to the Dead of the Great War. The last day was very spoiled by the rain. • June 17th – Great people’s festivities in the streets of the city because of the arrival of Gago Coutinho and Sacadura Cabral in Brazil. • June – João Diogo Casaca changes the name of his café from “Académico” to “Luso” and then to “Atlântico”. • June – Jerónimo da Silva Botelho started a bus route for the stations of Castelo de Vide and Portalegre. • September, 14th – On the initiative of the Grémio Transtagano, the Regional Agricultural Exhibition was inaugurated in the General District Council halls and continued until the 16th. • October 24th – The Municipal District Assembly held a meeting at the City Council offices, with representatives from all the councils except those of Nisa, Monforte and Sousel.
1923 • January 2nd – The Café Central, in the Largo Dr. Frederico Laranjo, belonging to Manuel de Andrade e Sousa, was opened to the public. • January 26th – Engineer José Abecassis Júnior, General Administrator of National Buildings and Monuments, visited Portalegre. • March – The Sport Clube União Comercial was founded. • May – The D. Luís do Rêgo bull ring, in ruins, was expropriated by the Portalegre City Council.
1926 • Abril, 1 – O Café Central é trespassado ao tenente Domingos Rasquilha.
• June 5th, 6th and 7th – Spring Festival organised by the Grémio Tanstagano, the profits going towards the construction of the Monument to the Dead of the Great War.
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Estação Central da Camionagem Murta.
• Maio, 2 – Faz a sua apresentação pública o Grupo n.º 21 do Corpo Nacional de Scouts, que acabou de se formar em Portalegre. • Maio, 29 – Festa Nacional da Educação Física no Liceu de Portalegre. • Junho, 30 – É extinta a Escola Superior Primária de Portalegre.
• June 5th – The Regional Exhibition in the Fradesso da Silveira school, an initiative of the Grémio Transtagano, was opened to the public. • September 14th and 15th – 2nd Regional Agricultural Exhibition of the District of Portalegre, organised by the Grémio Transtagano, in the halls of the Clube Republi-
1926 • 13 a 15 de Setembro – Festas em benefício da Misericórdia coincidindo com a Feira das Cebolas. • Outubro, 17 – Gincana de automóveis organizada pelo Portalegre Clube e Sport. 157
cano de Portalegre (Portalegre Republican Club). • December 3rd – There was a 47 miles bicycle race organised by the Alentejo Futebol Clube with the following itinerary: Portalegre – Senhora da Luz – Póvoa e Meadas – Nisa – Alpalhão – Portalegre.
• Outubro, 18 – Deixa de ter quartel em Portalegre o Regimento de Infantaria n.º 22, sendo as suas instalações ocupadas pelo Batalhão de Caçadores n.º 1. • Dezembro, 12 – No Hospital da Misericórdia é inaugurado o gabinete de radiologia.
1924 • March 23rd – The Education Minister, Dr. João Camoesas, visited Portalegre. • April 13th – The Fire Brigade Theatre reopened with new filming equipment. • May 11th – The Fontedeira stadium was inaugurated
1927 • Janeiro, 7 – Visita a Portalegre dos ministros da Justiça, Doutor Manuel Rodrigues, e do Comércio e Comunicações, Júlio César de Carvalho Teixeira. • Abril – A delegação da Caixa Geral de Depósitos inaugurou os serviços da Casa de Crédito Popular, empréstimo sobre penhores. • Abril, 4, Maio, 1 e 2 – Visita do ministro da Guerra, tenente-coronel Passos e Sousa. • Maio, 5 – Passa por Portalegre a I Volta a Portugal em Bicicleta organizada pelo Diário de Notícias. • Junho, 23 e 24 – Grandes festas populares em benefício da Santa Casa da Misericórdia. • Setembro, 15 a 17 – Festas em benefício da Misericórdia, coincidindo com a Feira das Cebolas.
after being extended. • June 5th to 8th – Spring Festivals, another initiative of the Grémio Transtagano to finance the construction of the Monument to the Dead of the Great War. • July 13th – An open air cinema was inaugurated in the Fontedeira stadium. • August 10th – The Saint Mathew festivities, for the benefit of the Sanatorium and the Portalegre Misericórdia (a Charity Home), began. • September 30th – The “João Augusto Alves” Hospice for Invalid Workers was inaugurated.
1925 • January – Sporting Clube Portalegrense (Portalegre Sporting Club) was inaugurated. • April 4th – The aviator Sarmento de Beires, hero of the
1928 • Fevereiro, 2 – Visita Portalegre o ministro do Interior, José Vicente de Freitas, que se deslocou à Câmara Municipal, Governo Civil e Misericórdia. • Fevereiro, 26 a 28 – Visita do ministro da Instrução, Dr. Alfredo de Magalhães. • Junho, 6 – É inaugurado o novo edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones com a assistência do Presidente da República, general Carmona, e dos ministros do Comércio e do Interior, respectivamente José Bacelar Bebiano e José Vicente de Freitas. A visita durou até ao dia 8, sendo entregue o estandarte ao Regimento
flight Lisbon-Macau, was in Portalegre, driving round some of the streets by car. Cerimónia de atribuição da Ordem de Torre e Espada aos Bombeiros de Portalegre.
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Novo quartel dos Bombeiros.
de Artilharia Montada Independente n.º 14 e condecorada a corporação de Bombeiros Voluntários com a Torre e Espada. • Julho, 5 – A empresa de camionagem Murta inaugura os serviços combinados com a CP entre a estação e Portalegre-central. • Julho, 22 – Chegam a Portalegre dois operadores da Lisboa Film, para o trabalho da filmagem de propaganda da cidade e da região. • Setembro – Por divergências com a corporação, a Banda dos Bombeiros Voluntários autonomizou-se, passando a chamar-se Banda Popular de Portalegre. • Setembro, 13 a 16 – Festas em benefício da Misericórdia de Portalegre. • Novembro, 1 – Exposição de flores pelo florista amador António Pires Ventura, em benefício dos bombeiros.
• May – The demolition work on the Don Luís do Rêgo bullring began. • June 7th and 8th – Flower Festival for the benefit of the
1929 • Fevereiro – Derrubados os últimos eucaliptos e arvoredo velho do Parque Miguel Bombarda. A Câmara Municipal encomendou a Benvindo Ceia a concepção de 20 bancos em cimento armado para aquele parque. • Junho, 23 e 24 – Festas de São João no Parque de Miguel Bombarda em benefício da banda Euterpe. • Julho, 2 – Inaugurado o novo quartel dos bombeiros voluntários, na Praça do Município, projecto de Benvindo Ceia. • Julho, 11 – Inaugurado o posto rádio-telegráfico no quartel de Artilharia n.º 14 (São Francisco). • Julho, 27 – Por despacho desta data do ministro da Instrução é criado o Museu Regional de Portalegre, instalado na Igreja do antigo mosteiro de São Bernardo. • Agosto, 10, 11 e 12 – Grandes festas na Avenida Robinson em benefício dos Bombeiros Voluntários. • 12 de Setembro – No antigo convento de Santa Clara é inaugurada a Casa de Regeneração e Amparo, à frente da qual se destaca Olinda Sardinha. 159
Voluntary Fire Brigade. • July 19th – The Portalegrense Theatre opened its summer season with film sessions in the Fontedeira stadium. • July 27th – The Grupo Desportivo Portalegrense was founded. • August 1st – The firm Murta reduced the price of tickets by 40% in the buses to the mail trains at the stations of Portalegre and Castelo de Vide. • August 23rd and 24th – Festivities to raise funds for the Portalegre Misericórdia (a Charity Home) in the Liberdade avenue. There were special trains. • October 5th – The Portalegre Municipal Library was inaugurated. • October 10th – Júlio Dantas, President of the Department of Letters of the Lisbon Academy of Sciences, visited Portalegre, namely the Cathedral and other monuments, and went on a tour round the Mountain, which he found enchanting.
• Setembro, 13 – É inaugurada a rede telefónica urbana de Portalegre. • Setembro, 13 a 16 – Festas na Avenida da Liberdade, coincidindo com a Feira das Cebolas, em benefício da Misericórdia, do Sanatório e da Casa de Regeneração. • Setembro, 17 – Foi pela primeira vez visionado, no Teatro Portalegrense, o filme «Portalegre – Castelo de Vide – Marvão», realizado pela Lisboa Film, com legendas do general Lacerda Machado. Tinha 2338 metros dividido em 5 partes. Importou em 16 726$77.
• October 18th – The participants in the Grande Circuito Hípico de Portugal (Grand Steeplechase Tour of Portugal), organised by the Diário de Notícias, arrived in Portalegre. • November 25th – The Alto Alentejo Hydroelectric Station was set up.
1926 • April 1st – The Café Central was trespassed to Lieutenant Domingos Rasquilha. • May 2nd – Group nr. 21 of the National Scouts Organisation, which had just been constituted in Portalegre, gave
1930 • Maio, 19 – Inicia-se a carreira de autocarro entre Portalegre e Estremoz, primeiro às 2.as, 4.as e 6.as e depois diariamente. • Maio – Começa a reparação da estrada desde a Fonte dos Amores até à Quinta da Saúde. • Agosto, 2 – Por iniciativa do capitão Jorge Caroço é inaugurado o Cine Parque, cinematógrafo ao ar livre, nas traseiras da antiga Fábrica Real. • Agosto, 22 – Em reunião da Câmara Municipal de Portalegre é adjudicado à Hidro-Eléctrica do Alto Alentejo o fornecimento de energia eléctrica pública e particular. • Setembro, 5 – É exposta no Congresso Internacional de Fotografia de Zurique a pedido do engenheiro alemão Weil, a planta da cidade de Portalegre na escala 1/1000, obra do Instituto Geográfico e Cadastral Português. • Setembro, 10 e 11 – Festas em benefício da Misericórdia, coincidindo com a Feira das Cebolas. • Novembro – A Câmara Municipal de Portalegre decide modernizar e modificar o jardim da Avenida da Liberdade, confiando a elaboração desse projecto à Casa Moreira & Filhos, do Porto.
its first presentation. • May 29th – National Festival of Physical Education in the Portalegre Secondary School. • June 30th – The Portalegre Primary School was closed. • September 13th to 15th – Festivities for the benefit of the Misericórdia Charity Home coincided with the Feira das Cebolas (i.e., the Onion Fair). • October 17th – Motor car Gymkhana organised by the Portalegre Clube e Sport. • October 18th – The 22nd Infantry Regiment gave up its barracks in Portalegre, and its installations were taken over by the 1st Gunners Battalion. • December 12th – The radiology unit was inaugurated in the Misericórdia Hospital.
1927 • January 7th – The Ministers of Justice, Doctor Manuel Rodrigues, and of Trade and Communications, Júlio César de Carvalho Teixeira, visited Portalegre. • April – The delegation for the Caixa Geral de Depósitos inaugurated the services of the Casa de Crédito Popular, loans on pledges.
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1931 • Junho, 5 a 7 – Decorre a 1.ª Exposição Distrital de Portalegre – Agrícola, Pecuária, Industrial e de Artes e Ofícios, no Estádio da Fontedeira, levada a efeito pela Junta Geral do Distrito. • Julho, 15 – A Câmara Municipal de Portalegre decide adquirir material moderno para a iluminação do largo do Monumento aos Mortos da Grande Guerra e da ala central da Avenida da Liberdade. • Julho, 19 – Inaugurado o balneário da Santa Casa da Misericórdia. • Agosto, 1 – Inicia-se a carreira diária entre Évora e Portalegre, montada por Inácio Gonçalves Capucho. • Setembro, 4 – É feita a primeira ligação de electricidade da Hidro Eléctrica do Alto Alentejo para a cidade de Portalegre. • Setembro, 13 – Abriu o Museu Regional de Portalegre, instalado no antigo mosteiro de São Bernardo. • Outubro, 24 – Um grande temporal atingiu a cidade, derrubando centenas de árvores e também a cruz monumental colocada na Serra da Penha.
• April 4th, May 1st and 2nd – Visit of the Minister of War, Lieutenant Colonel Passos e Sousa. • May 5th – The 1st Bicycle Tour of Portugal organised by the Diário de Notícias passed through Portalegre. • June 23rd and 24th – Big popular festivities, for the benefit of the Santa Casa da Misericórdia Charity Home. • September 15th to 17th – Festivities for the benefit of the Misericórdia, coincided with the Onion Fair.
1928 • February 2nd – The Minister of the Interior, José Vicente de Freitas, visited the City council offices, the Local Government buildings and the Misericórdia, in Portalegre. • February 26th to 28th – The Minister of Education, Dr. Alfredo de Magalhães came on a visit. • June 6th – The new Post Office, Telegraphs and Telephones building was inaugurated with the presence of the President of the Republic, General Carmona, and the Ministers of Commerce and the Interior, José
1932 • Fevereiro – É fundado o Orfeão de Portalegre. • Março, 20 – No Teatro Portalegrense, inauguração do cinema sonoro, com o filme «Às Ordens de Vossa Alteza». • Abril, 8 – Começam as obras de reconstrução da cruz da Serra da Penha destruída pelo temporal. • Maio, 10 – O Presidente da República, general Carmona, visita Portalegre, sendo-lhe oferecido um banquete no Liceu Mousinho da Silveira. Era acompanhado pelos ministros do Interior (Mário Pais de Sousa), Justiça (José de Almeida Eusébio), Guerra (António Lopes Mateus) e Comércio (João Antunes Guimarães). 161
Bacelar Bebiano and José Vicente de Freitas, respectively. The visit lasted until the 8th, the banner of the 14th Independent Mounted Artillery Regiment was handed over and the corporation of the Voluntary Firemen was awarded the Torre e Espada (i.e., Tower and Spade). • July 5th – The transport company Murta inaugurated services combined with the Railways between the station and the centre of Portalegre. • July 22nd – Two cameramen from Lisboa Film arrived in Portalegre to work on the filming of publicity for the city and the region.
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• Junho, 6 – São inauguradas as obras de ampliação e melhoramento do edifício do Liceu. • Agosto, 1 – Começam no Cine-Parque os Concertos Sinfónicos dados pela Banda de Caçadores n.º 1, regida por José Maria Cordeiro. • Setembro, 13 – Abre o Museu Regional de Portalegre, instalado na igreja do antigo mosteiro e S. Bernardo. 1933 • Fevereiro, 13 – Por decreto n.º 22 180 desta data é criado o Arquivo Distrital de Portalegre, que fica instalado no edifício da Junta Geral do Distrito. • Fevereiro, 21 – O ministro da Guerra, Daniel Rodrigues de Sousa, visitou os quartéis de Portalegre. • Abril, 12 – Reunião na Associação Comercial e amigos de Portalegre, nomeando-se depois uma comissão para organização de um grémio regionalista, composta por major Aurélio Nunes da Silva, Dr. Honório de Freitas, Henrique Esteves Moreira, João Tavares, alferes Ricardo e Luís Costa. • Agosto, 3 – É aberto ao público o Posto Telefónico n.º 3, instalado no Café Atlântico, na Rua de 19 de Junho. • Agosto, 14 – Inaugurados no Café Central os cartazes decorativos publicitários feitos por João Tavares. • Agosto, 18 – Na agência do Banco de Portugal foi inaugurado o novo serviço de cofres de aluguer. • Agosto, 26 – Chegam a Portalegre os ciclistas da 4.ª Volta a Portugal, na etapa Évora – Portalegre. • Setembro, 25 – Em suplemento ao Diário do Governo, II Série, é publicado o plano das estradas municipais do Distrito de Portalegre. • Setembro, 29 – 3.º Concerto Sinfónico da Banda de Caçadores n.º 1 no Teatro Portalegrense. 163
• September – Due to divergences with the corporation, the Band of the Voluntary Fire Brigade became independent, becoming known as Banda Popular de Portalegre. • September 13th to 16th – Festivities for the benefit of the Portalegre Misericórdia. • November 1st – Flower exhibition by the amateur florist António Pires Ventura, for the benefit of the firemen.
1929 • February – The last eucalyptus and old groves of trees in the Miguel Bombarda Park were cut down. The City Council ordered the designing of 20 cement benches for the park from Benvindo Ceia.
• Outubro, 23 – O ministro do Interior, António Raul da Mata Gomes Pereira, visita diversos estabelecimentos de assistência de Portalegre, havendo ainda uma recepção na Quinta da Saúde. • Novembro, 16 – Para início das obras de alargamento da Rua de Elvas, começou a ser demolido um muro e parte do quintal do palácio dos condes de Melo. • Novembro, 29 – Inaugurada a Clínica Portalegrense, Casa de Saúde. • Dezembro, 2 – O Diário do Governo n.º 275, 1.ª Série, publica o decreto-lei n.º 23 282 que classifica como estância de turismo a cidade de Portalegre, abrangendo todo o concelho. • Dezembro, 21 – Inicia-se a demolição da Porta do Postigo – popularmente conhecida como Arco do Serra – para alargamento da rua, ficando depois encastoado na parede. • Dezembro, 23 – É instalada a primeira Comissão de Iniciativa e Turismo de Portalegre, presidida pelo Dr. Galiano Tavares.
• June 23rd and 24th – São João (Saint John) Festivities in the Miguel Bombarda Park for the benefit of the Euterpe band. • July 2nd – The new voluntary fire brigade barracks, in the Município square, a project by Benvindo Ceia, were inaugurated. • July 11th – The radio-telegraph station at the 14th Artillery (Saint Francisco) barracks was inaugurated. • July 27th – By a dispatch of this date by the Minister of Education, the Portalegre Regional Museum was created, installed in the Church of the old Saint Bernard monastery.
Obras de alargamento da Rua de Elvas.
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1934 • Abril, 4 – O ministro da Instrução, Alexandre Alberto de Sousa Pinto visita Portalegre acompanhado pelo director-geral do Ensino Primário. • Abril, 25 – A Câmara Municipal de Portalegre proclama Salazar cidadão honorário de Portalegre. • Junho – A II Prova de Resistência organizada pelo jornal O Volante e patrocinada por O Século passou por Portalegre. • Outubro, 23 – Visita Portalegre o ministro do Interior, capitão Gomes Pereira.
• August 10th, 11th and 12th – Big festivities in the Robinson avenue for the benefit of the Voluntary Fire Brigade. • September 12th – The Casa de Regeneração e Amparo was inaugurated in the old Santa Clara convent, at the front of which Olinda Sardinha was highlighted. • September 13th – The Portalegre urban telephone network was inaugurated. • September 13th to 16th – Festivities in the Liberdade avenue, coincided with the Onion Fair, for the benefit of the Misericórdia, the Sanatorium and the Casa de
1935 • Abril, 14 – É inaugurada a sede da delegação de Portalegre da Liga dos Combatentes. • Maio, 26, 29, 30 a 7 de Junho – Festas da Primavera organizadas pela Associação de Futebol e Desportos Atléticos, sob o patrocínio da Comissão de Iniciativa e Turismo. • Junho – Monteiro do Amaral esteve em Portalegre para preparar um número da revista Expansão Portuguesa dedicado ao Distrito de Portalegre. • Junho, 20 – Por decreto n.º 25 523, desta data, é classificado como monumento nacional o conjunto de todas as construções que compõem o convento de Santa Clara • Junho, 30 – É proibido o trânsito de veículos nas avenidas principais do Parque de Miguel Bombarda. • Agosto, 18 – É fundada a «Troupe Jazz Eléctrica». • Agosto – A Revista Transtagana, de Évora, dedica a Portalegre o seu número 17 e 18, de Agosto – Setembro, • Novembro, 11 – Inaugurado o Monumento aos Mortos da Grande Guerra com a presença do ministro da Guerra, Abílio Augusto Valdez de Passos e Sousa. Obra do escultor Henrique Araújo Moreira (Avintes, Vila Nova de Gaia, 1890-1979). 165
Regeneração. • September 17th – For the first time, the film “Portalegre – Castelo de Vide – Marvão”, produced by Lisboa Film, with sub-titles by General Lacerda Machado, was shown in the Portalegrense Theatre. It was 2338 metres long, divided into 5 parts. It cost 16 726$77 (83,43 €).
1930 • May 19th – The bus route between Portalegre and Estremoz began, first on Mondays, Wednesdays and Fridays and then daily. • May – Repairs to the road from Fonte dos Amores (i.e., Fountain of Love) to the Quinta da Saúde began. • August 2nd – On the initiative of Captain Jorge Caroço the Cine Parque open air cinema, behind the old Fábrica Real, was inaugurated. • August 22nd – In a meeting of the Portalegre City Council the Alto Alentejo Hydro Electric station was contracted to supply public and private electric energy. • September 5th – On the request of the German Engineer Weil, the plan of the city of Portalegre on a scale
of 1/1000, work of the Instituto Geográfico e Cadastral Português (Geographic and Cadastral Portuguese Institute), was put on exhibition at the International Photography Congress in Zurich. • September 10th and 11th – Festivities for the benefit of the Misericórdia, coincided with the Onion Fair. • November – The Portalegre City Council decided to modernise and modify the garden in the Liberdade avenue, entrusting the elaboration of this project to the Casa Moreira & Filhos, in Oporto.
1931 • June 5th to 7th – The 1st Portalegre District Exhibition – Agriculture, Cattle breeding, Industry and Arts and Crafts, took place in the Fontedeira Stadium, instigated by the General District Council. • July 15th – The Portalegre City Council decided to acquire modern equipment to illuminate the square for the Monument to the Dead of the Great War and the central wing of the Liberdade avenue. • July 19th – The Santa Casa da Misericórdia bathing resort was inaugurated. • August 1st – The daily bus route between Évora and Portalegre, set up by Inácio Gonçalves Capucho, began. • September 4th – The first electricity connection from the Alto Alentejo Hydroelectric Station for the city of Portalegre was made. • September 13th – The Portalegre Regional Museum, installed in the old Saint Bernard Monastery, was opened. • October 24th – A great storm hit the city, knocking down hundreds of trees and also the monumental cross on the Penha Mountain.
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• Novembro, 17 – É inaugurado na Quinta de Santo António o Asilo Escola Distrital de Infância Desvalida do Sexo Masculino Dr. Manuel Fernandes de Carvalho. • Dezembro, 9 – O ministro da Guerra, Abílio de Passos e Sousa participa numa sessão de propaganda eleitoral no Teatro Portalegrense. • Sai o número Extraordinário n.º 6 da revista Expansão Portuguesa, dedicado ao distrito de Portalegre.
1932 • February – The Portalegre choral society was founded. • March 20th – Inauguration of films with sound, with the film “Às Ordens de Vossa Alteza” (by Your Highness commandment) in the Portalegrense Theatre. • April 8th – Repair work began on the Penha Mountain cross destroyed by the storm. • May 10th – The President of the Republic, General Carmona, visited Portalegre, and a banquet was offered
1936 • Fevereiro, 27 – Visita Portalegre o ministro do Interior, Mário Pais de Sousa • Maio – Abriu o Café Alentejano, que resultou de um projecto original de Benvindo Ceia, adaptado. • Junho, 4 a 10 – Decorrem as Festas da Primavera, promovidas pela Comissão de Iniciativa e Turismo, coincidindo com a Feira das Cerejas. • Junho, 8 – É inaugurada a praça de Touros de José Elias Martins, projecto de Joaquim de Carvalho Isaac e que teve como mestre-de-obras António Luís Mamão. Tinha 6000 lugares. • Novembro – Concluído o projecto de Miguel Jacobetty Rosa para o estádio, na parte respeitante a balneários, vestiários, gabinetes WCs e salão de festas.
in his honour at the Mousinho da Silveira Secondary School. He was accompanied by the Ministers of the Interior (Mário Pais de Sousa), Justice (José de Almeida Eusébio), War (António Lopes Mateus) and Commerce (João Antunes Guimarães). • June 6th – The work of extending and improving the secondary school building began. • August 1st – The Symphonic Concerts given by the 1st Gunners Regiment Band, directed by José Maria Cordeiro began in the Cine-Parque. • September 13th – The Portalegre Regional Museum, installed in the church of the old Saint Bernard monastery was opened.
1933
1937 • Janeiro, 11 – Começaram as obras no edifício da Caixa Geral de Depósitos, na Rua de Elvas. • Março – Corre a notícia de que um grupo de capitalistas do norte visitará Portalegre, interessado num projecto de transformação da Serra da Penha e da sua ermida num miradouro semelhante ao Bom Jesus do Monte, de Braga. • Abril, 12 – Chegou a Portalegre o ministro das Colónias, Dr. Francisco Vieira Machado, que percorreu o triângulo turístico. 167
• February 13th – By decree nr. 22180 of this date the Portalegre District Archives, installed in the General District Council building, were created. • February 21st – The Minister of War, Daniel Rodrigues de Sousa, visited the Portalegre barracks. • April 12th – Meeting in the Associação Comercial e amigos de Portalegre (i.e., Trade Association and friends of Portalegre), after which an organising commission for a regional guild was nominated, composed of Major
• Junho, 22 – Chega a Portalegre o cruzeiro dos estudantes das Colónias à Metrópole, indo os estudantes jantar à Quinta da Saúde. • Julho, 6 – Grande manifestação que percorreu as ruas de Portalegre de repúdio contra o atentado a Salazar. • Julho, 9 – Serviço especial de carros de aluguer para a Serra a partir do largo Dr. Frederico Laranjo. Funcionava das 21 às 0 horas e os veículos deviam ostentar um dístico apropriado. • Agosto, 24 – Visita do ministro do Interior Dr. Mário Pais de Sousa a Portalegre, onde inaugurou um bebedouro no Parque de Miguel Bombarda. Ficou alojado na Quinta da Saúde. • Novembro, 7 – Inauguração das novas instalações do Comando da Polícia da cidade: gabinete do comandante, escola, camarata, refeitório, posto de socorros, etc. 1938 • Abril, 8 – Na sede da Comissão Municipal de Turismo de Portalegre tem lugar a exposição da maqueta em madeira da exposição, da autoria de João Tavares, que vai ser construída com a colaboração das câmaras do distrito por ocasião do Congresso do Bombeiro. • Maio – O semanário A Rabeca publica em diversos números, por ocasião das Festas da Primavera, o trabalho de Luís Gomes Ciceroneando um Forasteiro, que também saiu em separata. • Junho, 5 a 12 – Festas da Primavera e Congresso Nacional dos Bombeiros. • Junho, 7 – Inaugurado o Miradouro da Serra, projecto do arquitecto Miguel Jacobetty Rosa. • Agosto, 9 – Chega a Portalegre a VII Volta a Portugal em Bicicleta, organizada pelo Diário de Notícias e pelo jornal Sports. • Outubro, 29 – Visita Portalegre o ministro das Colónias, Dr. Vieira Machado, para participar numa reunião de propaganda eleitoral no Teatro Portalegrense. A sessão foi radiodifundida pela Emissora Nacional. 168
Caixa Geral de Depósitos.
Rua de Elvas.
1939 • Janeiro, 1 – Inaugurado na Rua de Oliveira o «Retiro da Severa», de Celestino Aires, com uma sessão de fados onde cantou Lucília do Carmo. • Fevereiro – A Estrada da Serra passou para a alçada da Junta Autónoma das Estradas. • Agosto, 9 – Chega a Portalegre a VIII Volta a Portugal em Bicicleta. • Dezembro, 18 – Constituída a Sociedade por cotas «Francisco Fino Ltd.ª », por Francisco de Sales Fino e Frederico Pereira Jardim. 1940 • Abril, 29 – O ministro da Instrução Carneiro Pacheco esteve em Portalegre, visitou escolas, o miradouro e a Quinta da Saúde, onde almoçou. • Junho, 10 – É inaugurado o Parque Infantil no Parque de Miguel Bombarda. • Novembro, 9 – Inaugurado sem formalidades o novo edifício da Caixa Geral de Depósitos, na Rua de Elvas. • Novembro, 17 – Estreou-se a «Troupe Jazz Ideal». • Dezembro, 12 – Começa a demolição das casas ao fundo da Rua de Elvas, para ampliação da mesma.
Troup Jazz Ideal.
Aurélio Nunes da Silva, Doctor Honório de Freitas, Henrique Esteves Moreira, João Tavares, Second Lieutenant Ricardo and Luís Costa. • August 3rd – Telephone post nr. 3, installed in the Café Atlântico, in 19 de Junho street, was opened to the public. • August 14th – In the Café Central, the ornamental advertising posters, made by João Tavares, were inaugurated.
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1941 • Abril, 28 – Manifestação de homenagem a Salazar, com desfile pelas ruas, partindo da Avenida da Liberdade e terminando no Governo Civil. • Agosto, 16 – A X Volta a Portugal em Bicicleta passou por Portalegre. • Novembro, 16 – É inaugurada em Alegrete a primeira Casa do Povo no concelho de Portalegre. • Novembro, 17 – Vindo de Castelo Branco visita Portalegre o Eng.º Duarte Pacheco, ministro das Obras Públicas e Comunicações, acompanhado pelo arquitecto Baltazar da Costa, Director-geral dos Monumentos Nacionais. • Dezembro, 25 – É inaugurado o Albergue Distrital. • Dezembro, 24 a 31 de Dezembro – Concurso de Montras promovido pelo semanário Correio de Portalegre, Câmara Municipal, Grémio do Comércio e Comissão Municipal de Turismo.
• August 18th – In the Bank of Portugal branch office the new service of rented safes was inaugurated. • August 26th – The cyclists in the 4th Tour of Portugal, in the Évora – Portalegre stage, arrived in Portalegre. • September 25th – In a supplement to the Diário do Governo, II Series, the plan of the municipal roads of the Portalegre District was published. • September 29th – 3rd Symphonic Concert by the 1st Gunners Regiment Band in the Portalegrense Theatre. • October 23rd – The Minister of the Interior, António Raul da Mata Gomes Pereira, visited various establishments offering assistance in Portalegre, and a reception was held in the Quinta da Saúde. • November 16th – To commence the work on the widening of the Elvas street, a wall and part of the quintal of the Earls de Melo palace began to be demolished. • November 29th – The Portalegrense Clinic, a Nursing Home, was inaugurated.
1942 • Janeiro, 26 – Visita Portalegre do ministro do Interior, Dr. Mário Pais de Sousa, em campanha eleitoral para as eleições presidenciais. • Fevereiro, 9 – Por edital desta data, o governador civil Joaquim Lino Neto proíbe nas ruas e nos recintos abertos quaisquer festejos carnavalescos. • Março – Terminaram as obras de renovação total do café Alentejano, de José Joaquim Francisco Fernandes. • Maio, 28 – Marcello Caetano, Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa, visita Portalegre e o acampamento da Mocidade Portuguesa em Marvão. • Junho, 20 – Festival «Verbena Azul», no campo de jogos do Liceu, organizada pelo Grupo Desportivo Portalegrense e pela Mocidade Portuguesa.
• December 2nd – O Diário do Governo nr. 275, 1st Series, published decree nr. 23 282, which classified the city of Portalegre as a tourist resort, embracing the whole district. • December 21st – Demolition began on the Porta do Postigo – popularly known as Arco da Serra – to widen the road, and was later leaned up against the wall. • December 23rd – The first Portalegre Planning and Tourist Commission, presided over by Dr. Galiano Tavares, was installed.
1934 • April 4th – The Minister of Education, Alexandre Alberto de Sousa Pinto visited Portalegre accompanied by the Director General of Primary Education.
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• Junho – Julião Quintinha esteve em Portalegre ao serviço da Revista de Turismo. • Julho, 30 – João Villaret recita a «Toada de Portalegre», de José Régio, no Teatro Nacional D. Maria II. • Novembro – Inaugurado o novo café Vitória, de Manuel de Carvalho Serra, Diogo Roque e Manuel Lourinho Júnior. • Novembro, 5 – Constituída a Sociedade Ensimagem Limitada.
Grupo de trabalhadores que participaram nas obras do Parque de Miguel Bombarda (Corredoura).
1943 • Junho, 5 – Inaugurada a casa de pasto de Joaquim da Cruz Baptista, na Rua de 31 de Janeiro. • Julho – O lago do jardim da Corredoura (Parque de Miguel Bombarda) é aberto como piscina, sendo publicado o respectivo regulamento.
• April 25th – The Portalegre City Council proclaimed Salazar an honorary citizen of Portalegre. • June – The II Prova de Resistência organised by the O Volante newspaper and sponsored by the O Século newspaper was passed to Portalegre. • October 23rd – The Minister of the Interior, Captain Gomes Pereira, visited Portalegre.
1935 • April 14th – The head Office of the Portalegre delegation of the Liga dos Combatentes (i.e., Combatants’ League) was inaugurated. • May 26th, 29th, 30th to June 7th – Spring Festivals organised by the Associação de Futebol e Desportos Atléticos (Association of Football and Athletic Sports), under the patronage of the Planning and Tourist Commission. • June – Monteiro do Amaral came to Portalegre to prepare a number of the magazine Expansão Portuguesa dedicated to the Portalegre District. • June 20th – By decree nr. 25 523, of this date, all the buildings which made up the Santa Clara convent were classified as a national monuments. • June 30th – Traffic was prohibited on the main avenues of the Miguel Bombarda Park. • August 18th – The “Troupe Jazz Eléctrica” was founded. • August – The magazine A Revista Transtagana, of Évora, dedicated its numbers 17 and 18, of August – September, to Portalegre. • November 11th – The Monument to the Dead of the Great War was inaugurated in the presence of the Minister of War, Abílio Augusto Valdez de Passos e Sousa. Work of the Sculptor Henrique Araújo Moreira (Avintes, Vila Nova de Gaia, 1890-1979).
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1944 • Janeiro – Na Quinta de Santo António foi instalado o Instituto Académico Adventista. • Abril – Por falta de saúde da sua proprietária, Rosalina Vinte e Um, anuncia-se a venda ou trespasse da Pensão Vinte e Um. • Maio – A Câmara Municipal encarregou o arquitecto paisagista Caldeira Cabral, professor do Instituto Superior de Agronomia, de estudar o arranjo e repovoamento do Parque de Miguel Bombarda. • Maio • Esteve em Portalegre o fotógrafo Mário Novais, para tirar fotografias destinadas a propaganda turística. • Junho, 5 a 25 – Exposição da Vida Corporativa do Distrito de Portalegre, patente no antigo edifício da Fábrica Real (Colégio de São Sebastião). A inauguração contou com a presença do subsecretário de Estado das Corporações Trigo de Negreiros. • Julho, 23 – Homenagem a José Duro promovida por um grupo de estudantes do Liceu, sendo erigido um banco-memória, com medalhão, no Parque de Miguel Bombarda, projecto de João Tavares.
• November 17th – In the Quinta de Santo António, the Asilo Escola Distrital de Infância Desvalida do Sexo Masculino Dr. Manuel Fernandes de Carvalho was inaugurated. • December 9th – The Minister of War, Abílio de Passos e Sousa, took part in an election rally in the Portalegrense Theatre. • The sixth extraordinary number of the magazine Expansão Portuguesa, dedicated to the district of Portalegre, came out.
1936 • February 27th – The Minister of the Interior, Mário Pais de Sousa, visited Portalegre. • May – The Café Alentejano, from an original project adapted by Benvindo Ceia, was opened. • June 4th to 10th – The Spring Festivals, promoted by the Planning and Tourist Commission, was held, coinciding with the Cherry Fair. • June 8th – The José Elias Martins bull ring, a project by Joaquim de Carvalho Isaac, of which António Luís Mamão was master builder, was inaugurated. It had 6,000 places. • November – Miguel Jacobetty Rosa’s project for the stadium, for bathhouses, changing rooms, toilets and entertainment halls, was concluded.
1937 • January 11th – Building work on the Caixa Geral de Depósitos building in the Elvas street began. • March – News came out that a group of capitalists from the north, interested by a project to turn the Penha Mountain and its chapel into a belvedere similar to the Bom Jesus do Monte one in Braga, were to visit Portalegre.
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Pensão 21. D. Rosalina, a proprietária, com amigos e familiares.
• April 12th – The Minister of the Colonies, Doctor Fran-
Banco-monumento, homenagem a José Duro. Projecto de João Tavares.
cisco Vieira Machado, visited Portalegre and travelled around the tourist triangle. • June 22nd – The tour for students of the Colonies to the Metropolis, arrived in Portalegre and the students had dinner at the Quinta da Saúde. • July 6th – Big demonstration in the streets of Portalegre in rejection of the attempt upon the life of Salazar. • July 9th – Special service of rented cars to the Mountain from the Dr. Frederico Laranjo square. It operated from 9.00 p.m. to midnight and the vehicles were to display an appropriate symbol. • August 24th – The Minister of the Interior, Doctor Mário Pais de Sousa, visited Portalegre, and inaugurat-
• Julho – Prossegue a demolição do que restava da antiga igreja de Santo André e de outros prédios arruinados. • Outubro – Abre a Pensão Testa, de Manuel Soares Testa, na Rua do Calvário n.º 6. Dezembro – Na Avenida da Liberdade, ultimam-se os preparativos para a abertura da Casa da Mocidade.
ed a drinking fountain in the Miguel Bombarda Park. He stayed at the Quinta da Saúde. • November 7th – The new premises of the Police Headquarters in the city: commanding officer’s room, school, dormitory, mess hall, first aid post, etc. were inaugurated.
1938
1945 • Junho – O fotógrafo Rosiel coloca no seu estúdio um placard intitulado «Actualidades gráficas de Portalegre», onde insere fotografias da vida citadina. • Junho – Abre a nova casa fotográfica de Francisco Leitão Realinho, junto aos Correios. • Novembro, 14 – Visita do ministro da Economia, Clotário Supico Pinto Ribeiro, que preside a uma sessão de propaganda eleitoral no Teatro Portalegrense. • Dezembro, 31 – Junto ao Parque Infantil do Parque Miguel Bombarda, começou a funcionar um serviço de leitura, em colaboração com a Comissão Municipal de Turismo. 173
• April 8th – At the Head Office of the Portalegre Planning and Tourist Commission there was an exhibition of the wooden maquette of the exhibition, by João Tavares, which was to be constructed with the collaboration of the district councils on the occasion of the Fire Brigade Congress. • May – In various numbers the weekly newspaper A Rabeca published Luís Gomes’s work Ciceroneando um Forasteiro, which also came out in a leaflet on the occasion of the Spring Festivals. • June 5th to 12th – Spring Festivals and Fire Brigade National Congress.
1946 • Fevereiro, 11 – Venda pela Câmara Municipal de Portalegre de terrenos no lado oriental da Avenida da Liberdade e Tapada de D. Fernando, para construção da Cidade Nova. • Junho, 23 – Exposição de Flores no Grémio da Lavoura. • Setembro, 26 – Constituída a sociedade «Tapetes de Portalegre Ltd.ª », por Manuel Celestino Peixeiro, Manuel, Francisco e Guy Fino. • Dezembro, 8 – Inaugurada a Casa de Saúde Madalena Sampaio, iniciativa do Dr. José Forjaz de Sampaio.
• June 7th – The Belvedere of the Mountain, a project by the architect Jacobetty Rosa was inaugurated. • August 9th – The 7th Bicycle Tour of Portugal, organised by the Diário de Notícias and the newspaper Sports, arrived in Portalegre. • October 29th – The Minister of the Colonies, Doctor Vieira Machado, visited Portalegre to participate in an electoral propaganda meeting in the Portalegrense Theatre. The session was broadcast by the National Broadcaster.
1939
A cidade nova.
• January 1st – The “Retiro da Severa”, belonging to Celestino Aires, was inaugurated in the Oliveira street with a fado show, in which Lucília do Carmo sang.
1947 • Janeiro – A revista Turismo dedica a Portalegre o seu número 71, Janeiro a Março de 1947. • Abril, 11 – O ministro do Interior, Eng.º Cancela de Abreu, visitou Portalegre. • Maio, 16 – O ministro das Obras Públicas, Eng.º José Frederico Ulrich, acompanhado pelo director-geral da Urbanização, Director dos Edifícios e Monumentos Nacionais, visitou diversas obras públicas em Portalegre. 174
• Novembro, 6 – esteve em Portalegre o Eng.º Daniel Vieira Barbosa, ministro da Economia, acompanhado pelo subsecretário de Estado do Comércio e Indústria, reunindo com os presidentes dos Grémios da Lavoura do distrito. 1948 • Janeiro, 24 – Inaugurado o Centro de Assistência Social na Fontedeira. • Abril, 12 – Visita do ministro do Interior, Cancela de Abreu, acompanhado pelo subsecretário de Estado das Corporações e da Assistência e pelo Dr. José Manuel da Costa, tendo percorrido diversos estabelecimentos de assistência da cidade. • Abril, 29 – Inaugurada a Escola da Fontedeira. • Junho – Inaugurado o Café «O Leão de Ouro», de Manuel Velez Madeira. • Julho, 1 – Abre o 1.º Congresso da Juventude Adventista Portuguesa, na Quinta de Santo António, com a presença de 300 participantes. • Julho – Sai o fascículo no 3 do volume I da série Portugal Turístico. Cidades e Vilas do Império, dedicado a Portalegre, com texto de Casimiro Mourato e fotografias de Mário Novais.
• February – The Estrada da Serra (i.e., Mountain Road) came under the jurisdiction of the Junta Autónoma das Estradas (i.e., Autonomous Board for Roads). • August 9th – The 7th Bicycle Tour of Portugal arrived in Portalegre.
Escola da Fontedeira.
• December 18th – The limited company “Francisco Fino Ltd”, was established by Francisco de Sales Fino and Frederico Pereira Jardim.
1940 • April 29th – The Minister for Education, Carneiro Pacheco came to Portalegre and visited schools, the belvedere and the Quinta da Saúde, where he had lunch. • June 10th – The Children’s Park in the Miguel Bombarda Park was inaugurated.
175
Setembro, 26 – É lançada a primeira pedra do Centro de Assistência Social e Creche, na Rua de Alexandre Herculano
• November 9th – The new Caixa Geral de Depósitos building, in the Elvas street was inaugurated with no formalities. • November 17th – The “Troupe Jazz Ideal” played for the
1949 • Maio, 24 – Visitam Portalegre os finalistas da Escola do Magistério Primário de Cáceres. • Agosto – A Câmara Municipal anulou os mercados que decorriam ao Sábado na Avenida da Liberdade, passando a realizar-se também na Praça da República. • Agosto, 21 – Começam as obras de construção do novo mercado municipal. • Outubro – São postas à venda ao preço de $50 cada as vinhetas promocionais das Festas Centenárias a decorrer no ano seguinte. • Novembro, 7 – Visita do ministro das Obras Públicas, Eng.º José Frederico Ulrich, que reuniu com os presidentes das Câmaras Municipais do distrito.
first time. • December 12th – The houses at the end of Elvas street began to be demolished to widen the road.
1941 • April 28th – Demonstration in homage of Salazar, with a march through the streets, from the Liberdade avenue to the Local Government offices. • August 16th – The 10th Bicycle Tour of Portugal passed through Portalegre. • November 16th – The first Community Centre in the district of Portalegre was inaugurated in Alegrete. • November 17th – Engineer Duarte Pacheco, Minister of Public Works and Communications, accompanied by Architect Baltazar da Costa, General Director of the
1950 • Março – a Câmara Municipal de Portalegre decidiu mudar o feriado municipal de 1 de Maio para 23 do mesmo mês. • Maio, 23 a 10 de Junho – grandes festividades comemorativas do 4.º Centenário da Elevação de Portalegre a Cidade, com a presença do ministro do Interior, Cancela de Abreu. • Junho – A revista Viagem dedica a Portalegre e às festas Centenárias o seu n.º 116. • Junho, 10 – o número da revista Notícias de Portugal, Boletim Semanal do Secretariado Nacional da Informação, dedica a sua capa a Portalegre. • Julho, 12 – 1.ª Festival de A Rabeca no estádio da Fontedeira, em benefício do arranjo do plátano do Rossio. • Julho, 21 – O jornal A Rabeca lança a ideia de constituição de uma Liga dos Amigos da Cidade.
National Monuments, came from Castelo Branco to visit Portalegre. • December 25th – The District Home was inaugurated. • December 24th to 31st – Shop Windows Competition promoted by the weekly newspaper Correio de Portalegre, City Council, Grémio do Comércio (Trade and Commerce Guild) and the Planning and Tourist Commission.
1942 • January 26th – The Minister for the Interior, Doctor Mário Pais de Sousa, visited Portalegre in the election campaign for the presidential elections. • February 9th – By a proclamation of this date, the local governor, Joaquim Lino Neto, forbade any Carnival festivities in the streets and open spaces.
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• March – The total renovation work on the café Alentejano, belonging to José Joaquim Francisco Fernandes, was finished. • May 28th – Marcello Caetano, National Commissioner for Mocidade Portuguesa (Portuguese Youth), visited Portalegre and the Portuguese Youth camped in Marvão. • June 20th – “Verbena Azul” Festival on the secondary school playing field, organised by the Grupo Desportivo Portalegrense (Portalegre Sport Group) and the Portuguese Youth. • June – Julião Quintinha was in Portalegre in the service of the magazine Revista de Turismo. • July 30th – João Villaret recited the “Toada de Portalegre”, by José Régio, in the D. Maria II National Theatre. • November – The new café Vitória, belonging to Manuel de Carvalho Serra, Diogo Roque and Manuel Lourinho Junior was inaugurated. • November 5th – The Sociedade Ensimagem Limitada was established.
1943 • June 5th – The Joaquim da Cruz Baptista pastry house, in the 31 de Janeiro street was inaugurated. • July – The pond in the Corredoura Garden (Miguel Bom-
Orquestra Ferrugem.
barda Park), with swimming pool, was opened, and the
• Agosto, 9 – 2.º Festival de A Rabeca, no mesmo local e com o mesmo propósito. • Setembro, 6 – 3.º Festival de A Rabeca, no mesmo local e com o mesmo propósito. • Dezembro, 20 – São aprovados os estatutos do Grupo dos Amigos de Portalegre 177
respective regulations were published.
1944 • January – The Instituto Académico Adventista (Adventist Academic Institute) was installed in the Quinta de Santo António.
• April – Due to bad health of the proprietor, Rosalina Vinte e Um, the sale or conveyance of the Vinte e Um guesthouse was announced. • May – The City Council charged the landscape architect Caldeira Cabral, professor at the Agronomy Superior Institute, to study the disposition and rearrangement of the Miguel Bombarda Park. • May – The photographer Mário Novais was in Portalegre, to take photographs for tourist advertising. • June 5th to 25th – Exhibition of Corporative Life in the District of Portalegre, held in the old building of the Fábrica Real (São Sebastião, i.e., Saint Sebastian School). The inauguration was attended by the undersecretary of State for Corporations, Trigo de Negrei-
1951 • Maio – Reabre o Cedro-Bar, no Passeio Público. • Junho, 20 – 4.º Festival do jornal A Rabeca, a favor do arranjo do Plátano do Rossio. • Julho, 11 – 5.º Festival do jornal A Rabeca a favor do arranjo do Plátano do Rossio. • Setembro, 26 – Inaugurado o Centro de Assistência Social (Rua de Santo André), pelo Ministro do Interior, Joaquim Trigo de Negreiros. • Dezembro, 4 e 5 – Programa dos «Companheiros da Alegria», de Igrejas Caeiro, transmitido de Portalegre.
ros. • July 23rd – Homage to José Duro promoted by a group of students from the secondary school, and a memorial bench was built, with a medallion, in the Miguel Bombarda Park, a project of João Tavares. • July – The demolition of the remains of the old Santo André (Saint Andrew) church and other ruined buildings continued. • October – The Testa guesthouse, belonging to Manuel Soares Testa, at 6 Calvário street was opened. • December – In the Liberdade avenue, preparations for the opening of the Casa da Mocidade (Youth House)
1952 • Janeiro – Começa a carreira de camioneta da «Setubalense» entre Castelo de Vide e Castelo Branco, com ligação de Castelo de Vide a Portalegre. Possibilitava a ligação aos comboios da Beira Baixa. • Março, 1 – A carreira de camioneta para a estação de Portalegre da empresa Murta, que era só aos Domingos, passa a ser diária.
were finished.
1945 • June – The photographer Rosiel placed a board entitled “Actualidades gráficas de Portalegre” (Portalegre Graphich Trends) in his studio, where he inserted photographs of city life.
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O Cedro-Bar.
• June – Francisco Leitão Realinho’s photography shop opened, next to the Post Office. • November 14th – Visit by the Minister of Economy, Clotário Supico Pinto Ribeiro, who presided over an electoral campaign session in the Portalegrense Theatre. • December 31st – A reading facility, in collaboration with the Planning and Tourist Commission, next to the Children Park in the Miguel Bombarda Park, began to operate.
1946 • February 11th – Sale by the Portalegre City Council of land to the east of the Liberdade avenue and the Tapada de D. Fernando (reserve), for the construction of the Cidade Nova (New City).
• Junho, 6 e 7 – Nova emissão dos «Companheiros da Alegria» a partir do Cine-Parque. • Agosto – A Pensão Alto Alentejo subiu de categoria, sendo agora denominada «Mansão Alto Alentejo». • Setembro, 10 – Visita a Portalegre do governador civil de Badajoz, Pedro Beillon Uiarte, com passeio à Serra. • A Comissão Municipal de Turismo adquire uma tapeçaria de João Tavares destinada à sua sede. • Outubro, 1 – É inaugurada a sala de espectáculos da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, no Parque de Miguel Bombarda.
• June 23rd – Flower Exhibition in the Grémio da lavoura (Farmers’ Guild). • September 26th – The company “Tapetes de Portalegre Ltd.ª ” (Portalegre Carpets), established by Manuel Celes tino Peixeiro, Manuel, Francisco and Guy Fino. • December 8th – The Madalena Sampaio Nursing Home, an initiative of Doctor José Forjaz de Sampaio, was inaugurated.
1947 • January – The magazine Turismo dedicated its number 71, January to March, 1947, to Portalegre.
1953 • Fevereiro – A empresa de Viação Murta adquire um autocarro «Maudslay». • Setembro, 26 a 28 – Comemoração do I Centenário da 1.ª Exposição Pecuária do País, que se realizou em Portalegre em 14 de Setembro de 1853. 179
• April 11th – The Minister of the Interior, Engineer Cancela de Abreu, visited Portalegre. • May 16th – The Minister of Public Works, Engineer José Frederico Ulrich, accompanied by the General Director for Town Planning, Director of National Buildings and Monuments, visited various public works in Portalegre.
• Novembro – A revista Turismo dedica a Portalegre o seu número 107, de Novembro. • Outubro, 8 – É constituída a empresa de camionagem Luís da Trindade Martins Murta & Filhos Ltd.ª . • Dezembro, 8 – Lançada a primeira pedra do Seminário Maior de Portalegre.
• November 6th – Engineer Daniel Vieira Barbosa, Minister of Economy, went to Portalegre accompanied by the Undersecretary of State for Commerce and Industry, and they had a meeting with the presidents of the Grémios da Lavoura (Farmers Guilds) of the district.
1948 • January 24th – Inauguration of the Social Assistance Centre in Fontedeira. • April 12th – Visit of the Minister of the Interior, Cancela de Abreu, accompanied by the Undersecretary of State for Corporations and Social Security and Doctor José Manuel da Costa, who went to visit various relief organisations in the city. • April 29th – Inauguration of the Fontedeira School. • June – Inauguration of the Café “O Leão de Ouro” (i.e., The Golden Lion), belonging to Manuel Velez Madeira. • July 1st – The 1st Congress of the Portuguese Adventist Youth opened in the Quinta de Santo António, with 300 participants. • July – Fascicle nr. 3 of volume I of the series Portugal Turístico. Cidades e Vilas do Império, dedicated to Portalegre, with text by Casimiro Mourato and photographs by Mário Novais, came out. • September 26th – The first stone was laid at the Social Assistance Centre and Nursery, in the Alexandre Herculano street.
1949 • May 24th – The graduate students of the Cáceres Primary School visited Portalegre.
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1954 • Janeiro, 7 – É arrematada a construção de 36 moradias na tapada de D. Fernando. Toma corpo a chamada «Cidade Nova». • Abril, 11 – Visita Portalegre o ministro da Justiça Doutor Cavaleiro Ferreira, a propósito das obras do novo Tribunal. • Julho – Decorrem obras no edifício da Estação de Serviço Facha, para instalação de um café e de dois pisos suplementares.
• August – The City Council closed the markets held on Saturdays on the Liberdade avenue, and they were continued in the República square. • August 21st – The construction work on the new market began. • October – The advertising vignettes for the Centenary Celebrations to take place in the following year were put on sale at a price of $50 (0,0025 €) each. • November 7th – The Minister for Public Works, Engi-
Estação de Serviço Facha.
neer José Frederico Ulrich, came on a visit to meet all the City Council presidents of the district.
1950 • March – The Portalegre City Council decided to change the municipal holiday from May 1st to the 23rd of the same month. • May 23rd to June 10th – Great festivities to commemorate the 4th centenary of the raising of Portalegre to the grade of city, with the presence of the Minister of the Interior, Cancela de Abreu. • June – The magazine Viagem dedicated its nr. 116 to Café Facha.
Portalegre and the Centenary Celebrations. • June 10th – The number of the magazine Notícias de Portugal, the weekly bulletin of the National Secretariat for Information, dedicated its cover to Portalegre. • July 12th – 1st Festival of A Rabeca in the Fontedeira stadium, to cover the treatment of the trees in Rossio. • July 21st – The newspaper A Rabeca came up with the idea of establishing the Liga dos Amigos da Cidade (League of Friends of the City). • August 9th – 2nd A Rabeca Festival, in the same place, for the same reason.
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• September 6th – 3rd A Rabeca Festival, in the same place, for the same reason.
Inauguração do Mercado Municipal.
• December 20th – The statutes for the Grupo de Amigos de Portalegre (Portalegre Group of Friends) were approved.
1951 • May – The Cedro-Bar, on the Promenade reopened. • June 20th – 4th Festival of the newspaper A Rabeca, for the treatment of the plane tree in Rossio. • July 11th – 5th Festival of the newspaper A Rabeca, for the treatment of the plane tree in Rossio. • September 26th Inauguration of the Social Assistance Centre (Santo André street), by the Minister of the Interior, Trigo de Negreiros. • December 4th and 5th – Programme of the “Companheiros da Alegria”, by Igrejas Caeiro, transmitted from Portalegre.
1952 • January – The bus route “Setubalense” between Castelo de Vide and Castelo Branco, with connection from Cas-
• Outubro, 10 – É inaugurado o arranjo da Fonte dos Amores, velho projecto de Miguel Jacometty. O grupo escultórico em cimento patinado foi executado por Manuel de Jesus Lopes, de Vila Viçosa. • Dezembro, 12 – É inaugurado o novo mercado municipal.
telo de Vide to Portalegre, began. This enabled connection with the Beira Baixa trains. • March 1st – The bus route to Portalegre station of the firm Murta, which had only been on Sundays, became daily. • June 6th and 7th – New emission of the “Companheiros da Alegria” at the Cine-Parque.
1955 • Janeiro – Na sede do SNI, em Lisboa, estiveram expostos desenhos de José Rodrigues Neves e fotografias de Mário Novais, numa iniciativa da Comissão Municipal de Turismo de Portalegre.
Mercado Municipal.
• August – The Alto Alentejo guesthouse went up in category, to be called “Mansão Alto Alentejo”. • September 10th – The local governor of Badajoz, Pedro Beillon Uiarte, came to Portalegre, and made a tour of the Mountain.
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• Fevereiro, 1 – É inaugurada a estação de serviço da CEGREL. • Maio – Circula na cidade a notícia de que um grupo de capitalistas pretende construir um hotel. • Maio, 28 – É inaugurado o novo edifício do Tribunal Judicial de Portalegre. • Junho, 1 – Começaram as obras do novo edifício da Escola Industrial e Comercial. • Junho, 5 – É inaugurado o Monumento ao Bombeiro, na Praceta do Bairro Dr. Oliveira Salazar, em plena «Cidade Nova».
• The Planning and tourist Commission acquired a tapestry by João Tavares for its head office. • October 1st – The entertainment hall of the Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (i.e., the Joy at Work National Foundation), in the Miguel Bombarda Park, was inaugurated.
1953 • February – The transport company Murta bought a “Maudslay” bus.
O novo Tribunal.
• September 26th to 28th – Celebration of the 1st Centenary of the 1st Cattle Breeding Exhibition in the Country, which took place in Portalegre on September 14th, 1853. • November – The magazine Turismo dedicated its number 107, of November, to Portalegre . • October 8th – The transport company Luís da Trindade Martins Murta & Filhos Ltd. was established. • December 8th – The first stone of the Portalegre Seminário Maior was laid.
1954 • January 7th – The construction of 36 villas in the D. Fernando reserve was approved. It was to be called “Cidade Nova” (New City). • April 11th – The Minister for Justice, Doctor Cavaleiro Ferreira visited Portalegre because of the work on the new court of justice. • July – Work was done to the Facha Service Station building, for a café and two extra floors. • October 10th – Work on the Fonte dos Amores (Fountain of Love), Miguel Jacometty’s old project, began. The sculpture group in smoothed cement was done by Manuel de Jesus Lopes, from Vila Viçosa.
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• Outubro, 23 – Inaugurado o novo edifício do Seminário Maior de Portalegre, com a presença do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira. O projecto é do arquitecto Vasco Palmeira.
• December 12th – The new municipal market was inaugurated.
1955 • January – At the headquarters of the SNI, in Lisbon,
1956 • Setembro, 29 – Inauguração do Cine-Teatro Crisfal, pela Companhia de Amélia Rey-Colaço Robles Monteiro. Projecto do arquitecto Domingos Alves Dias e iniciativa do empresário João Nunes Sequeira.
drawings by José Rodrigues Neves and photographs by Mário Novais, were on exhibition on the initiative of the Portalegre Municipal Tourist Commission. • February 1st – Inauguration of the CEGREL service station. • May – News went around the city that a group of capitalists intended to build a hotel. • May 28th – Inauguration of a new building for the Portalegre Court of Justice. • June 1st – Work on the new Industrial and Commercial School building began. • June 5th – Inauguration of the Monumento ao Bombeiro (Fireman’s Monument), in the Praceta do Bairro Dr. Oliveira Salazar, in the very centre of the “Cidade Nova”. • October 23rd – Inauguration of the new building for the Portalegre Seminário Maior, with the presence of the Cardinal of Lisbon, Don Manuel Gonçalves Cerejeira. The project was by the architect Vasco Palmeira.
1956 • September 29th – Inauguration of the Cine-Teatro Crisfal, by the Amélia Rey-Colaço Robles Monteiro Company. Project by the architect Domingos Alves Dias on the initiative of the businessman João Nunes Sequeira.
1957 • January 5th – Founding of the AMICITIA, Portalegre Cultural Group, which for a decade was to have a lot of
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1957 • Janeiro, 5 – É fundado o AMICITIA, Grupo Cultural de Portalegre, que desenvolverá durante uma década uma importante actividade, organizando exposições, edições e colóquios. • Janeiro, 23 – Festa dedicada a todos os portalegrenses em Lisboa, no salão de festas do Cinema Promotora. • Fevereiro – A «Transportadora Setubalense», de João Cândido Belo & Ca passa a servir Portalegre em substituição da Empresa Murta. • Maio, 7 – Sarau «Robbialac» no cine-Teatro Crisfal. A Empresa ofereceu a «Canção de Portalegre», com letra de Gentil Marques e música de Ferrer Trindade. • Está em organização o Clube de Ténis de Portalegre. • Primeiras experiências de recepção da televisão, na Quinta da Saúde. 1958 • Março, 23 – Visita a Portalegre dos ministros das Corporações e Previdência Social, Doutor Henrique Veiga de Macedo, e das Obras Públicas, Eng.º Arantes e Oliveira. • Abril, 9 – Começam as aulas no novo edifício da Escola Industrial e Comercial, ainda antes da inauguração.
activity, organising exhibitions, publications and conferences. • January 23rd – Festivities for all those from Portalegre in Lisbon, in the entertainments room of Cinema Promotora.
Escola Industrial e Comercial.
• February – “Transportadora Setubalense”, belonging to João Cândido Belo & Ca went over to serving Portalegre in place of the firm Murta. • May, 7th – “Robbialac” evening entertainment in the cine-Teatro Crisfal. The firm offered the “Canção de Portalegre” (Song of Portalegre), with lyrics by Gentil Marques and music by Ferrer Trindade. • The Portalegre Tennis Club was organised. • First experiments of television reception at the Quinta da Saúde.
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• Abril, 29 – São publicados pelos CTT 8 postais alusivos a Portalegre, com aguarelas de João Tavares. • Junho, 5 – Pelo ministro da Educação Nacional, Doutor Leite Pinto, foi inaugurado o novo edifício da Escola Industrial e Comercial. • Pelos Serviços Técnicos de Publicidade, de Lisboa, é publicado o Guia Regional do Alentejo, com amplas referências a Portalegre. 1959 • Maio, 29 – Visita a Portalegre do Ministro da Educação, Prof. Leite Pinto. • Junho, 9 – Inauguração do novo edifício do Colégio de Santo António. • Julho, 3 e 4 – Visita do Ministro das Corporações, Dr. Veiga de Macedo. • Novembro, 11 – Começam as aulas na Escola do Magistério Primário de Portalegre 1958 • March 23rd – The Ministers of Corporations and Social Security, Doctor Henrique Veiga de Macedo, and of Public Works, Engineers Arantes and Oliveira visit Portalegre. • April 9th – Classes in the new building of the Industrial and Commercial School began, even before its inauguration. • April 29th – 8 allusive postcards of Portalegre were published by the CTT (Post Office), with watercolours by João Tavares. • June 5th – The new building of the Industrial and Commercial School was inaugurated by the Minister for National Education, Doctor Leite Pinto.
Colégio Santo António.
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• The Guia Regional do Alentejo (Regional Guide to Alentejo) was published by the Technical Advertising Services, in Lisbon, with extensive reference to Portalegre.
1959 • May 29th – The Minister for Education, Professor Leite Pinto visited Portalegre. • June 9th – Inauguration of the new Santo António (Saint Anthony) School building. • July 3rd and 4th – Visit by the Minister of Corporations, Doctor Veiga de Macedo. • November 11th – Classes began at the Portalegre Primary School. • The magazine Roteiro de Portugal, in Oporto, dedicated the cover of its winter number to Portalegre.
1960 • The Portalegre Cineclube, Portalegre Centro de Cultura Cinematográfica (Cinematographic Culture Centre), was founded. • February 15th – The new centre of “Transportadora A Setubalense”, began to operate on the Penha road. • June 18th to 21st – The Minister of the Interior, Arnaldo Schultz, was in Portalegre and stayed at the Quinta da Saúde.
• A revista Roteiro de Portugal, do Porto, dedica a Portalegre a capa do seu número de Inverno.
• August 10th – The painter Vieira da Silva and her husband, Arpad Szenes, visited Portalegre on the invitation of the industrialist Guy Fino, director of Portalegre
1960 • É fundado o Cineclube de Portalegre, Centro de Cultura Cinematográfica de Portalegre. • Fevereiro, 15 – Começa a funcionar a nova central da «Transportadora A Setubalense», na estrada da Penha. 187
Manufactura de Tapeçarias (Tapestry Producers).
1961 • January 3rd – The urban municipal bus routes began to operate, with three units.
• May 11th – “Noite Portalegrense” in Lisboa, in the main hall of the Sociedade Promotora de Educação Popular (Popular Education Promoting Society), in the Fontaínhas square. • May 23rd – The João Cândido Belo & Cia Transport Company decided to have a business day with a trip to the Portalegre Mountain. • May 30th and 31st – The President of the Republic, Admiral Américo Thomaz, visited Portalegre and stayed at the Quinta do Rosal, on the Mountain. • June 10th – After a break of two years, the Festas do Comércio e dos Empregados de Escritório (i.e., the Festivities of Trade and Office Workers) started again at the Quinta da Saúde. • December 19th – The new bus route of the municipal
• Junho, 18 a 21 – Esteve em Portalegre o ministro do Interior, Arnaldo Schultz, ficando instalado na Quinta da Saúde. • Agosto, 10 – A pintora Vieira da Silva e o seu marido, Arpad Szenes, visitam Portalegre a convite do industrial Guy Fino, director da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.
services of Volta à Serra began.
1962 • February – The Municipal Museum was set up in the old Seminary building, next to the Cathedral. • June 26th – Work on the levelling of the land for the
1961 • Janeiro, 3 – Começaram a funcionar as carreiras de autocarros urbanos municipais, com três unidades. • Maio, 11 – «Noite Portalegrense» em Lisboa, no salão nobre da Sociedade Promotora de Educação Popular, no Largo das Fontaínhas. • Maio, 23 – A Empresa de Camionagem de João Cândido Belo & Cia decidiu realizar o dia da empresa com um passeio à Serra de Portalegre. • Maio, 30 e 31 – Visita a Portalegre do Presidente a República, almirante Américo Thomaz, que ficou alojado na Quinta do Rosal, na Serra.
future municipal stadium began. • August – The new Cooperative Cellar building came into operation.
1963 • February – The building of a new hotel was announced, involving the construction companies Associados do Alto Alentejo, Sacor, and the Portalegre City Council, which was to be in the Liberdade avenue, where the Health Delegation building was. • May 30th and 31st and June 1st – The President of the Republic, Admiral Américo Thomaz, visited Portalegre.
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Esplanada do Café Luso (anos 60).
• Jun, 15th and 16th – Coming from Elvas, the President
Visita presidencial (1963).
of the Republic went to Portalegre again, and made a visit to the Manufactura de Tapeçarias (Tapestry Producers).
1964 • January – The City Council ordered shelters to be put up at the bus stops. • May 23rd – On this day the Portalegre City Council took over the organisation of the City Festivals. • June 10th – Portalegre Festivities of Trade and Office Workers in the Fontedeira stadium and the Quinta a saúde. • June 13th and 14th – The Minister of Corporations and
• Junho, 10 – Depois de dois anos de interrupção, voltam a realizar-se as Festas do Comércio e dos Empregados de Escritório na Quinta da Saúde. • Dezembro, 19 – Começa a nova carreira de autocarro dos serviços municipalizados da Volta à Serra.
Social Security, Doctor José Gonçalves de Proença, visited Portalegre. • August 13th – José Régio and Doctor Francisco Fino, Vice-president of the executive committee, went to the Portalegre City Council for the drawing up of a purchase contract for the contents of the future Casa-Museu do
1962 • Fevereiro – O Museu Municipal foi instalado no edifício do antigo Seminário, junto à Sé. • Junho, 26 – Começaram os trabalhos de terraplenagem do futuro estádio municipal. • Agosto – Começa a funcionar o novo edifício para a Adega Cooperativa. 1963 • Fevereiro – Anuncia-se a próxima construção de um hotel, envolvendo a empresa Construtores Associados do Alto Alentejo, a Sacor, a Câmara Municipal de Portalegre, que se situaria na Avenida da Liberdade, onde estava o edifício da Delegação de Saúde. 189
Poeta (Poet’s House-Museum) by the Portalegre town council.
• Maio, 30 e 31 e 1 de Junho – Visita a Portalegre do Presidente da República, almirante Américo Thomaz. • Junho, 15 e 16 – vindo de Elvas, o Presidente da República vem de novo a Portalegre, visitando a Manufactura de Tapeçarias. Visita presidencial (1963).
1965 • May 23rd to June 5th – 1st International Show of Portalegre Photographic Art, under the initiative of AMICITIA, Portalegre Cultural Group. • Inauguration of the Rádio Clube Português retransmitter on the Serra. • August – The decree for the creation of the Portalegre Mental Health Centre, to be installed in the old Santo António (Saint Anthony) convent, was published.
1966 • March 1st – The Banco Espírito Santo opened a branch at 95 Liberdade avenue. • April 2nd – Visit of the Minister of Corporations, Doctor Gonçalves de Proença.
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Visita do Presidente da República à Manufactura de Tapeçaria, com Guy Fino.
Café-Restaurante Tarro.
Piscina Municipal.
1964 • Janeiro – a Câmara Municipal manda colocar abrigos nas paragens dos autocarros. • Maio, 23 – A Câmara Municipal de Portalegre passa a organizar nesta data as Festas da Cidade. • Junho, 10 – Festa do Comércio e Escritórios de Portalegre no Estádio da Fontedeira e Quinta da Saúde. • Junho, 13 e 14 – Visita a Portalegre do ministro das Corporações e Previdência Social, Doutor José Gonçalves de Proença. • Agosto, 13 – Na Secretaria da Câmara Municipal de Portalegre compareceram José Régio e o Dr. Francisco Fino, Vice-presidente do executivo, sendo lavrada a escritura de compra pela edilidade portalegrense do recheio da futura Casa-Museu do Poeta. 1965 • Maio, 23 a 5 de Junho – I Salão Internacional de Arte Fotográfica de Portalegre, iniciativa do AMICITIA, Grupo Cultural de Portalegre • Inaugurado na Serra o retransmissor do Rádio Clube Português. • Agosto – É publicada a portaria que cria o Centro de Saúde Mental de Portalegre, que ficará instalado no antigo convento de Santo António. 1966 • Março, 1 – Abriu na Avenida da Liberdade n.º 95 a agência do Banco Espírito Santo. • Abril, 2 – Visita do ministro das Corporações, Doutor Gonçalves de Proença. • Abril, 24 – Visita do ministro das Obras Públicas, Eng.º Arantes e Oliveira, onde visitou diversas obras em curso como o café-restaurante da Avenida (Tarro), o estádio e a piscina. 191
• April 24th – Visit of the Minister of Public Works, Engineer Arantes e Oliveira, who visited various work under way on the café-restaurant in the Avenida (Tarro), the stadium and the swimming pool. • May 17th – The president of the Republic, Admiral Américo Thomaz, inaugurated the FINICISA industrial unit, Fibras Sintéticas SARL. • September 13th – Inauguration of Portalegre Municipal Swimming pool, with the presence of the Minister of the Interior, Santos Júnior, the Secretary of State of Public Works and the Director General for Sport. Activities within the celebrations for the 40th anniversary of the National Revolution.
• Maio, 17 – O presidente da República, almirante Américo Thomaz, inaugura a unidade industrial FINICISA, Fibras Sintéticas SARL. • Setembro, 13 – É inaugurada a Piscina Municipal de Portalegre, com a presença do ministro do Interior, Santos Júnior, do secretário de Estado das Obras Públicas e do director-geral dos Desportos. Actos integrados nas comemorações do 40.º aniversário da Revolução Nacional. • Nunes Torrão publica em Castelo Branco o volume Portalegre. Suas Actividades comerciais, industriais e turísticas, com distribuição gratuita. 1967 • Fevereiro, 15 – A Câmara Municipal de Portalegre aprova o Regulamento de Fiscalização e Cobrança de Imposto de Turismo. • É fundado o Grupo Típico do Bairro da Boavista. Rancho da Boavista: desfile etnográfico.
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1968 • Fevereiro, 4 – Visitou Portalegre um grupo de 80 bolseiros do Instituto de Obras Sociais, acompanhados pelo presidente da instituição, o antigo ministro Henrique Veiga de Macedo. • Agosto, 17 – Começa na Serra de Portalegre o V Jamboree, 13.º Acampamento Nacional de Escuteiros. • Dezembro – Foi apresentada a maqueta do novo hotel a construir na Fontedeira, projecto do arquitecto Cruz Homem. • Dezembro, 9 – Abre em Portalegre uma agência do Banco da Agricultura.
• In Castelo Branco, Nunes Torrão published the book Portalegre. Suas Actividades comerciais, industriais e turísticas, (Portalegre. Its commercial, industrial and tourist Activities) for free distribution.
1967 • February 15th – The Portalegre City Council approved the Regulations on Budget and Tourist Tax Collection. • The Grupo Típico do Bairro da Boavista (Typical Group of Boavista neighbourhood) was founded.
1969 • Começou a funcionar a Escola Preparatória de Cristóvão Falcão. • Março, 23 – Visita a Portalegre do ministro as Corporações e Previdência Social, Doutor Gonçalves de Proença, nomeadamente ao bairro de São Cristóvão. • Maio, 23 – Visita a Portalegre do Presidente da República, almirante Américo Thomaz, procedendo à inauguração do Centro de Saúde Mental e do Pavilhão Gimno-desportivo. • Maio, 25 – É fundado o Grupo Forcados de Portalegre.
1968 • February 4th – A group of 80 scholarship holders from the Institute of Social Work visited Portalegre, accompanied by the president of the institution, ex-minister Henrique Veiga de Macedo. • August 17th – The Vth Jamboree, 13th National Scouts’ Encampment on Portalegre Mountain began. • December – The maquette of the new hotel to be built in Fontedeira was presented, project of the architect Cruz
Visita presidencial (1969).
Homem. • December 9th – A branch of the Banco da Agricultura opened in Portalegre.
1969 • The Cristóvão Falcão Preparatory School began to function. • March 23rd – The Minister of Corporations and Social Security, Doctor Gonçalves de Proença, visited Portalegre, namely the São Cristóvão quarter. • May 23rd – The President of the Republic, Admiral Américo Thomaz, visited Portalegre to preside over
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1970 • É inaugurado o posto de concentração e tratamento de leite de Portalegre (Central Leiteira). • Maio, 23 – O secretário de Estado do Trabalho e Previdência Social, Dr. Joaquim Paulo Dias da Silva Pinto, inaugurou 110 moradias no bairro de São Cristóvão (Atalaião). • Junho, 14 – É lançada a primeira pedra do futuro Hotel D. João III, iniciativa da empresa Jorge & Soares Ld.ª , de Fernando Afonso Soares e Alberto Jorge. Com um orçamento previsto de 16 000 contos e um prazo de execução de 18 meses, virá a custar 24 000 contos.
the inauguration of the Mental Health Centre and the Sports and Gymnastics Pavilion. • May, 25th – The Portalegre Grupo de Forcados (Bull Jumping Group) was founded.
1970 • The Portalegre station for milk concentration and treatment (known as Central Leiteira) was inaugurated. • May 23rd – The Secretary of State for Labour and Social Security, Doctor Joaquim Paulo Dias da Silva Pinto, inaugurated 110 houses in the São Cristóvão (Atalaião) quarter.
Inauguração do Bairro do Atalaião.
• June 14th – The first stone of the future Hotel D. João III was laid, initiative of the firm Jorge & Soares Ltd., belonging to Fernando Afonso Soares and Alberto Jorge. With an expected budget of 16 000 contos (i.e., 79,807.66 euros) and a time limit for completion of 18 months, it was to cost 24 000 contos (i.e., 119,711.50 €).
1971 • April, 24th – A group of British doctors visited Portalegre to pay homage to John Hunter, a great figure in English medicine who had been there in 1762-4. • April, 30th – Visit of the Minister of Public Works,
1971 • Abril, 24 – Visita a Portalegre de um grupo de médicos britânico que homenagearam John Hunter, grande figura da medicina inglesa que aqui esteve em 1762-4. • Abril, 30 – Visita do ministro das Obras Públicas, Eng.º Rui Sanches, a propósito dos novos projectos em marcha: novo Liceu, piscina coberta, centro social de S. Cristóvão, Clube de Ténis, estátua de D. João III e recuperação do castelo.
Engineer Rui Sanches, because of the new projects which were in process: new secondary school, closed swimming pool, S. Cristóvão (St. Christopher) social centre, Tennis Club, statue of Don João III and repairs to the castle. • May, 23rd – Visit of the chairman of the council, Professor Doctor Marcello Caetano, on the Day of the City, inaugurated in the Poet’s House-Museum of José Régio.
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Inauguração da Casa-Museu José Régio.
• Maio, 23 – Visita do Presidente do Conselho, Prof. Doutor Marcello Caetano, no Dia da Cidade, inaugurando a Casa-Museu do Poeta José Régio • Julho 2 a 8 – Semana contra a Tuberculose. • Outubro, 24 – Abre a agência de Portalegre do Banco Totta & Açores. 1972 • Março, 4 – Noite Portalegrense na casa do Alentejo em Lisboa. • Julho, 7 – É constituída a Invicar – Sociedade de Confecções, por Francisco Costa Caroço, Emília da Piedade Borrego e Raul dos Santos Vilela. • Junho, 14 e 15 – Semana contra a Tuberculose. • Novembro, 12 – O Presidente da República almirante Américo Thomaz, inaugura a Escola de Enfermagem, visitando ao mesmo tempo o Hotel D. João III, já concluído.
• July 2nd to 8th – Tuberculosis Week. • October, 24 – The Banco Totta & Açores opened a branch in Portalegre.
1974 • Maio – Começou a funcionar, sem inauguração formal, o novo edifício dos CTT.
1972 • March 4th – Portalegre Night in the Casa do Alentejo (Alentejo House), in Lisbon.
Hotel D. João III.
• July 7th – Invicar – Sociedade de Confecções was founded, by Francisco Costa Caroço, Emília da Piedade Borrego and Raul dos Santos Vilela. • June 14th and 15th – Tuberculosis Week. • November 12th – The President of the Republic, Admiral Américo Thomaz, inaugurated the Nursing School, and visited the Hotel Don João III, now completed, at the same time.
1974 • May – The new CTT (Post Office) building began to function, with no formal inauguration.
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Resumos e palavras-chave Abstracts and key-words Resúmenes y palabras clave
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 196-197, ISSN 1646-7116
PORTUGUÊS
english
e sp a ñ o l
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
Cien años de turismo en Portalegre
Uma panorâmica sobre o desenvolvimento urbanístico e o crescimento da cidade, os costumes da época, os locais e as festas de interesse, eventos e iniciativas para atrair visitantes, as publicações com referências à região. Uma retrospectiva histórica sobre a forma como foram abordadas as questões do turismo em Portalegre ao longo do século XX, num concelho onde desde cedo houve quem descobrisse recursos e potencialidades turísticas únicas. A serra de São Mamede era, à época, o grande atractivo da região, destacando-se por contraste com a imagem do Alentejo das planícies douradas.
A view of the urban development and the growth of the city in the last 100 years, as well as the clothes of the period, the places and festivities of interest, events and initiatives to attract visitors, and publications referring to the region. A retrospective history on the way in which matters of tourism were dealt with and the corresponding structures to promote them in Portalegre throughout the 20th Century, in a district which early on knew how to discover its singular tourist resources and potential. The Portalegre Serra was, at that time, the main attraction of the region, in contrast to the general image of the Alentejo as being one of splendorous plains.
Una panorámica sobre el desarrollo urbanístico y el crecimiento de la ciudad durante los últimos 100 años, las costumbres de la época, los locales y las fiestas de interés, los eventos y las iniciativas para atraer a visitantes, las publicaciones que mencionan la región. Una retrospectiva histórica sobre la forma como se enfocaron las cuestiones del turismo y las estructuras para promocionarlo en Portalegre a lo largo del siglo XX, en una comarca en donde desde pronto ha habido quien descubriera recursos y potenciales turísticos únicos. La sierra Portalegre era, en aquella época, el gran atractivo de la región, destacándose, por contraste, de la imagen del Alentejo de doradas llanuras.
Palavras-chave Turismo Século XX Portalegre Serra de São Mamede Personalidades Festividades Publicações
keywords Tourism 20th Century Portalegre Serra de Portalegre Personalities Festivities Publications
palabras-clave Turismo Siglo XX Portalegre Sierra de Portalegre Personalidades Fiestas Publicaciones
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