PUBLICAÇÕES DA FUNDAÇÃO ROBINSON 24

Page 1

PUBL I C A Ç Õ E S D A F U N D A Ç ÃO R O B INSO N

Olhar de Fotógrafos III Looking as Photographers III

ISSN 1646-7116

24



PUBL I CAÇÕ E S D A F U N D AÇÃO R O B I N S O N

24

Olhar de Fotógrafos III CONVIVER NA ARTE | CAMPO DE ESTUDO DE FOTOGRAFIA | PORTALEGRE 2012

Looking as Photographers III LIVING ART | PHOTOGRAPHY FIELD TRIP | PORTALEGRE, 2012


PUBLICAÇÕES DA FUNDAÇÃO ROBINSON N.º 24 ROBINSON FOUNDATION PUBLICATIONS No. 24 Olhar de Fotógrafos III | Conviver na Arte | Campo de Estudo de Fotografia | Portalegre 2012 Looking as Photographers III | Conviver na Arte | Campo de Estudo de Fotografia | Portalegre 2012 Portalegre, Setembro 2013 Portalegre, September 2013

Fundação Robinson Robinson Foundation CONSELHO DE CURADORES COUNCIL OF CURATORS

Adelaide Teixeira (Presidente) (Chair), Ana Manteiga, Antero Teixeira, Joaquim Mourato, António Ceia da Silva, Rui Cardoso Martins, Sérgio Umbelino CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRATIVE COUNCIL

Nuno Miguel Carrilho Santana (Presidente) (Chair), Nuno Gonçalo Franco Lacão, Rui Manuel Carrilho Crisanto CONSELHO FISCAL FISCAL COUNCIL

António de Azevedo Coutinho (Presidente) (Chair), José Neves Raimundo, António Escarameia Mariquito ADMINISTRADORA DELEGADA ASSISTANT ADMINISTRATOR

Alexandra Carrilho Barata Publicações da Fundação Robinson Robinson Foundation Publications CONSELHO CONSULTIVO EDITORIAL BOARD

Amélia Polónia, António Camões Gouveia, António Filipe Pimentel, António Ventura, Carlos Serra, João Carlos Brigola, Luísa Tavares Moreira, Maria João Mogarro, Mário Freire, Rui Cardoso Martins DIRECTOR EDITOR

António Camões Gouveia ADMINISTRAÇÃO DAS PUBLICAÇÕES PUBLICATIONS ADMINISTRATOR

Alexandra Carrilho Barata SECRETARIADO DE EDIÇÃO PUBLICATION SECRETARY

Célia Gonçalves Tavares

A correspondência relativa a colaboração, permuta e oferta de publicações deverá ser dirigida a All correspondence to be addressed to Fundação Robinson Robinson Foundation Apartado 137 7300­‑901 Portalegre Tel. 245 307 463 fund.rob@cm­‑portalegre.pt www.fundacaorobinson.pt DESIGN DESIGN

TVM designers COORDENAÇÃO COORDINATED BY

António Camões Gouveia COORDENAÇÃO EDITORIAL EDITORIAL COORDINATION

Há Cultura Lda. TRADUÇÃO TRANSLATED BY

David Hardisty (inglês) (english), Pedro Santa María de Abreu (espanhol) (spanish) REVISÃO EDITING

António Camões Gouveia, Célia Gonçalves Tavares, Odete Rolo, Luís Nogueiro, Roberto Leite, Rui Lourenço IMPRESSÃO PRINTED BY

Fortisgraf dep. legal 264028/07 issn 1646­‑7116

Na capa, fotografia de Cover photograph from Paulo Catrica


4 Muitos olhares, o Espaço Robinson,

excelentes resultados!

The Robinson Space: many visions, excellent results! ¡Muchas miradas, el Espacio Robinson, excelentes resultados! Presidente do Conselho de Curadores Chair of the Council of Curators

8 Quando documentar se faz na arte When art documents

Cuando se hace en el arte la documentación António Camões Gouveia

12 Campo de Estudo de Fotografia Photography Field Trip

Campo de Estudio de Fotografía

Paulo Catrica e Carlos Vargas

16 Bilhete postal Postcard Postal

20

Alexandra Palmeiro

Nunca mais será aquilo que era de antes

It will never again be what it was before

Jamás volverá a ser lo que fuera antaño

Alexandre Ramos

24 My Dreams Have no Meaning My Dreams Have no Meaning

My Dreams Have no Meaning

Ana Sofia Santos

28 Fim da linha End of the line

Fin de viaje

André Vicente Gonçalves

32 Estado de Conservação State of Conservation

Estado de Conservación

Cláudio Alves

36 Fábrica na Cidade Factory in the City

Fábrica en la Ciudad

Helder Sousa

40 Essencial Essential

Esencial Hermano Noronha

44 Entre Deus e o Diabo Between God and the Devil

Entre Dios y el Diablo Joana Castelo

48 I can still feel her presence I can still feel her presence

I can still feel her presence Maarit Halonen

52 O Retrato The Portrait

El Retrato Margarida Sá Marques

56 Home Home

Home Maria Salgado

60 Objectologia Objectology

Objetología Patrícia Barbosa

64 José dos Reis Pereira José dos Reis Pereira

José dos Reis Pereira Pedro Pinto Basto

68 O meu corpo voa em pedaços My body flies apart

72

Mi cuerpo vuela en pedazos Rita Carvalho

Oração para quando nos cruzamos com um homem que mete medo

Prayer for when we come across a man who frightens us

76

Oración para cuando nos cruzamos con un hombre que da miedo Simone Almeida

Notas biográficas e palavras­‑chave

Biographical notes and key­words

Notas biográficas y palabras clave


Muitos olhares, o Espaço Robinson, excelentes resultados! The Robinson Space: many visions, excellent results!

Maria Adelaide de Aguiar Marques Teixeira PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTALEGRE E PRESIDENTE DO CONSELHO DE CURADORES DA FUNDAÇÃO ROBINSON MAYOR OF THE MUNICIPALITY OF PORTALEGRE AND CHAIRWOMAN OF THE COUNCIL OF CURATORS OF THE ROBINSON FOUNDATION

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 4­‑7, ISSN 1646­‑7116

4


Hoje falamos sem qualquer suspeita, ou medo, da necessidade de divulgar, de nos expormos em campo de comunicação mais ou menos alargado. Nesse mesmo sentido sabemos bem da importância de existir, ainda que de forma virtual, nesse mundo imenso que é a web. Por outro lado, comunicar, exposição, na linguagem uni‑ versal da web é, em primeiro lugar, imagem. Imagem que se quer de qualidade, técnica e artisticamente. Quando alguns anos atrás a Fundação Robinson começou a desenvolver o projecto Conviver na Arte apostou em todas estas realidades de forma clara e ine‑ quívoca. Primeiro concedendo à Arte, significando esta maiúscula uma universalidade de abrangências, da tra‑ dicional escultura e pintura, às artes da escrita dramá‑ tica e ao guionismo televisivo ou documentarístico, com percursos evidentes e possíveis pela música, clás‑ sica, concretista, ou experimental, ou nas suas aflora‑ ções baléticas ou corporais, não esquecendo os mun‑ dos tão alargados e contemporâneos das instalações, da fotografia, do vídeo, do cinema,... enfim o universo da Arte. Ao mesmo tempo a forma do projecto, uma residên‑ cia de incidência artística, mais ou menos longa, mais ou menos dirigida tematicamente ou na especificidade de uma das técnicas já referidas, deu ao projecto uma outra atraente linguagem e prática, a da importantíssima e revolucionária Educação pela Arte. Chegados a 2012 foi necessário experimentar. Con‑ siderando o corpo fotográfico que a Fundação possui, considerando a necessidade de “aprender a fazer”, foi tomada, em boa hora, a decisão de uma restrição temá‑ tica, o Espaço Robinson, e técnica, a fotografia, em todas as suas dimensões. 5

Today I can talk without suspicion or fear of the need to disclose and expose ourselves in a somewhat broad field of communication. Just as we are well aware of the importance of existing, albeit virtually, in the vast world that is the Web. In fact, the universal language of communicating ourselves on the Web is principally that of image. Image, that is, both in terms of technique and artistry and what you wish for in terms of quality. When some years ago the Robinson Foundation began developing the Living Arts (Conviver na Arte) project, it concentrated on all these realities in a clear and unambiguous manner. Firstly with Art, that uppercase letter signifying a universality of areas, from traditional sculpture and painting, to the art of writing drama and television screenplays or clearly organised documentaries, receptive to classical, concretist or experimental music, or their ballet or corporal manifestations, not forgetting worlds as extensive and contemporary as photography, video, film... the universality of art, indeed. At the same time the shape of the project, a reasonably extended artistic residence, thematically or generally related to one of the techniques mentioned above, gave the project another attractive practical feature, that of the extremely important and revolutionary Education through Art. In 2012 it was now necessary to experiment. Considering the photographic archive that the Foundation has, and considering the need to “learn to do”, the decision was made in good time to restrict the theme to the Robinson Space, and the artistic form to photography, in all its dimensions. The result was evident from the early days of the 2012 Photography Field Trip (Campo de Fotografia 2012). Everything worked, and anything not working well was explained, and then was time for classes, criticism, tutoring, self-training, and field work (many, many hours both day and night...) and


O resultado foi evidente a partir dos primeiros dias do Campo de Fotografia 2012. Tudo funcionou, o que funcionou de forma mais deficiente foi explicado, os tempos de aulas, de crítica, de tutoria, de auto-formação, de trabalho de ter‑ reno (muitas e muitas horas do dia e da noite...) e de avalia‑ ção e auto-avaliação, quer dos trabalhos, quer da logística do projecto, foram cumpridos em exigência crítica e artís‑ tica constante. Resultados: um acervo fotográfico jovem, de muita qua‑ lidade e muito diversificado; um corpo mais alargado dos conhecedores do Espaço Robinson vindos de localidades muito diferentes, de Escolas Superiores variadas; irrequie‑ tos possuidores de atitudes e saberes sobre a fotografia, contemporâneos e em construção; evidentes e posteriores publicações em sites da especialidade; participação em edi‑ ções; este número das Publicações da Fundação Robinson (um novo e diversificado Olhar de Fotógrafos) e, acima de tudo, uma pequena rede crítica e afectiva de conhecedores da ima‑ gem possível e real do Espaço. Por fim, sem o esquecer, mais uns milhares de imagens autorais contemporâneas que enri‑ quecem o nosso arquivo fotográfico. Estamos satisfeitos, que assim se sintam os quinze jovens que connosco compartilharam o seu tempo de Verão e os seus saberes e sentimentos perante o real. Obrigado, Alexandra, Alexandre, Ana Sofia, André, Cláudio, Helder, Hermano, Joana, Maarit, Margarida, Maria, Patrícia, Pedro, Rita e Simone. Obrigado Paulo e Carlos e todos os outros Professores, Emanuel, Olívia, Pedro, Carlos, António e Jenny, pelo que quiseram e conseguiram ensinar. Obrigado a toda a Equipa da Fundação que aqui se comprometeu com toda a intensidade a que nos vem habituando. Estamos cientes que esta é uma das actividades da Fun‑ dação com mais futuro, com mais possibilidades de comuni‑

assessment and self-assessment, both of the projects, and the logistics of the project, and everything was completed within demanding critical and artistic requirements. And the results: one young high quality and very diverse photographic collection; a larger pool of those knowledgeable about the Robinson Space who came from very different places, different higher educational institutions; restless possessors of attitudes and knowledge about photography, contemporaries and “works in progress”; there will clearly be future publications in specialty websites; and be involved in issues; and this issue of the Publications of the Robinson Foundation (a new and diverse Looking as Photographers) and, above all, a small critical and affective network of knowledgeable individuals concerning the possible and real image of the Robinson Space. Last, but certainly not least, several thousand more images to enrich our contemporary photographic archive. We are pleased that this is also how the fifteen young people feel, who shared with us their summer time and their knowledge and feelings for this reality. Thank you, Alexandra, Alexandre, Ana Sofia, André, Cláudio, Helder, Hermano, Joana, Maarit, Margarida, Maria, Patrícia, Pedro, Rita and Simone. Thank you Paulo and Carlos and all the other teachers, Emanuel, Olívia, Pedro, Carlos, António and Jenny, for what you wished and managed to teach. And thanks to all the Team from the Foundation and all their intensity to which we have become accustomed. We are aware that this is one of the Foundation’s activities which will continue in the future, with more communication possibilities than the actual exhibition, where the technical and artistic quality is clearly evident. Let

6


cação, de verdadeira exposição, em que a qualidade técnica e artística é evidente. Fica o desafio da melhoria futura num caminho cada vez mais diversificado nos temas, nas técnicas e nas origens geográficas dos jovens participantes.

7

me leave here the challenge of future improvement in an increasingly diverse manner, both in terms of themes, techniques, and the geographical origins of the young participants.


Quando documentar se faz na arte When art documents

António Camões Gouveia FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DA U.N.L. COORDENADOR CIENTÍFICO DA FUNDAÇÃO ROBINSON FACULTY OF SOCIAL SCIENCES AND HUMANITIES OF THE N.U.L

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 8‑11, ISSN 1646­‑7116


Muita coisa acontece entre nós. Muito do que acontece permanece na nossa memória de forma mais ou menos viva. Outras coisas há que mere‑ cem ser recordadas, por nós e por todos os que vierem no futuro. Para que isso aconteça, registar, gravar, incorporar ima‑ gens, sons e palavras em suportes vários torna-se impera‑ tivo. No mundo de hoje temos o benefício da multiplicação dos suportes para este registo e essa foi, sempre!, uma pre‑ ocupação e boa prática da Fundação Robinson. Constituir arquivo, guardar para amanhã, dar nome aos que registam e saber o nome daqueles e das coisa que se registam. Datar. Localizar. Tudo operações evidentes, necessárias, mas por vezes pouco praticadas. Por isso, pela posição de programação adoptada desde início nesta maté‑ ria o acervo de fotografia detido pela Fundação, de auto‑ rias várias mas bem definidas e qualificadas, é hoje notável! Por esta razão, desde a primeira hora, o projecto Conviver na Arte, uma parceria com a Fundación António Gala (Córdova), e com a participação, a outros níveis, da Fun‑ dação Eugénio de Almeida (Évora) e do Centro de Estudos Ibéricos (Guarda), mereceu sempre atenções cuidadas de programação e de financiamento. Houve problemas, houve necessidade de aferições que muitas vezes ultrapassaram os desejos e as possibilidades que a Fundação antevira. Mas o projecto aconteceu. Acon‑ teceu com uma qualidade extrema, como logo se mostrou a 17 de Setembro de 2012 no Centro de Artes do Espec‑ táculo de Portalegre (CAEP) e que, numa primeira abor‑ dagem de síntese, fica agora registado neste número das Publicações da Fundação Robinson. O tempo de residência, Campo de Fotografia 2012, teve como coordenador cientifico-artístico o Prof. Doutor Paulo 9

A lot happens among us. Much of what happens stays in our memory in a relatively vivid form. Other things deserve to be remembered, for ourselves and for all those who will follow after us. For this to happen, it is essential to register and record, and include images, sounds and words in various media formats. In today’s world we have the benefit of the multiplication of such media to do this recording and this has - always! been a concern and good practice of the Robinson Foundation. To form an archive, save it for tomorrow, provide the names of those who carried out the recording and know the name of those individuals and those things which were recorded. Date. Locate. Necessary and obvious steps, but sometimes not commonly practised. This position has been adopted since the outset for the photographic archival material held by the Foundation, which contains well described and defined works from various authors which has now become quite a remarkable archive! Therefore, from the very beginning, the Living Arts project (Conviver na Arte), a partnership with the António Gala Foundation (Cordoba), and the participation, at other levels, of the Eugénio de Almeida Foundation (Évora) and the Centre for Iberian Studies (Guarda), has always warranted careful programming and funding support. There have been problems, and sometimes assessments which often exceeded the hopes and possibilities that Foundation had predicted. But the project took place. And was carried out with considerable quality, as was seen at the exhibition held on 17 September 2012 at the Portalegre Centre for Performing Arts (CAEP), a summary of which is now published in this issue of the Publications of the Robinson Foundation. The 2012 Photography Field Trip (Campo de Fotografia 2012) period of residence was carried out under the artis-


Catrica (Mestre em Imagem e Comunicação no Goldsmith’s, Londres, e Doutor em Estudos de Fotografia pela Universi‑ dade de Westminster, também em Londres) e crítico asses‑ sor o Dr. Carlos Vargas (Assistente Convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, reconhecido programador de Cultura e conhecedor e coleccionador de fotografia contemporânea e histórica), implicando a um tempo toda a pequeníssima e altamente qualificada Equipa da Fundação e um apoio diário das estru‑ turas do Instituto Politécnico de Portalegre e da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, um dos novos habitantes do Espaço Robinson. Por aqui passaram, e fizerem acontecer!, quinze jovens e altamente promissores estudantes de Fotografia, que se candidataram a esta iniciativa e foram seleccionados, assim como seis Professores de diferentes estabelecimen‑ tos de Ensino Superior onde a Fotografia é ensinada. Os construtores das imagens vieram de Évora, Lisboa, Porta‑ legre, Sintra, Porto, Tondela e da Finlândia e os seus afe‑ ridores e tutores personalizados num acompanhamento constante, crítico e nunca facilitador, de Braga, Guimarães, Leiria, Lisboa e Porto. Resultados imediatos? Projectos para o futuro sobre o presente do Espaço Robinson, memórias de hoje para ontem, olhares críticos, comprometidos com o observado, documentais, criadores de arte efectiva e cheia de diferen‑ tes belezas. São quinze percursos, de enorme validade e diversi‑ dade técnica, que percorreram todo o Espaço Robinson nos seus conteúdos intrínsecos e nas suas consequências envolventes. O encontro com os montados da cortiça de espaço agrí‑ cola e as marcas “fabris” dos silos de cereais junto das

tic and academic coordination of Prof. Doutor Paulo Catrica (Master in Image and Communication from Goldsmith’s, London, and PhD in Photographic Studies from the University of Westminster) and critical advisor Dr. Carlos Vargas (Invited Junior Lecturer at the Faculty of Social Sciences and Humanities of the New University of Lisbon, a recognized Cultural events programmer and a knowledgeable collector of contemporary and historical photography), which provided a compact and highly qualified Foundation Team and the daily structural support of the Polytechnic Institute of Portalegre and the School of Hospitality and Tourism of Portalegre one of the new inhabitants of the Robinson Space. So, passing through here – and making it happen! – fifteen young and highly promising Photography students who had applied for and were selected for this initiative, as well as six Lecturers from different Higher Education establishments where Photography is taught. The constructors of the images came from Évora, Lisbon, Portalegre, Sintra, Oporto, Viseu and Finland and their assessors and individual tutors, who provided constant support and feedback, from Braga, Guimarães, Leiria, Lisbon and Oporto. The immediate results? Projects for the future in the present-day Robinson Space, memories from today to yesterday, critical perspectives, committed to what is observed, documentaries, creators of effective art filled with differing forms of beauty. These were fifteen extremely important journeys containing technical diversity, the intrinsic content of which along with their engaging consequences transversed the Robinson Space. The meeting of the stacked cork from the agricultural space with the “manufacturing” marks of the grain silos along the railway lines (Alexandra Palmeiro); attempts to

10


linhas férreas (Alexandra Palmeiro); tentativas de encon‑ trar soluções visuais para os medos da degradação (Alexan‑ dre Ramos); dar dimensões ao movimento da luz no espaço fabril (Ana Sofia Santos); máquinas e equipamentos obser‑ vados pela noite, ganhando dimensão miniaturial (André Gonçalves); integração de retratos de operários no estado de conservação de toda a Fábrica (Cláudio Alves); releituras espaciais de uma Fábrica numa cidade, Portalegre (Helder Sousa); reconstituição, por resíduo objectual, do Corpo de Bombeiros Privados (Hermano Noronha); ouvir falar José Régio, do Cântico Negro à Toada de Portalegre, com o olhar posto na Fábrica (Joana Castelo); andar pela Fábrica num dia-a-dia de hoje registando o crescer e morrer de plantas e ervas (Maarit Halonen); deixar falar e corporizar a memó‑ ria familiar e próxima dos primeiros Robinson (Margarida Sá Marques); sair da Fábrica e avançar à procura das Asso‑ ciações que darão corpo aos “novos habitantes” (Maria Sal‑ gado); categorizar e fazer listas visuais dos pequenos objec‑ tos pessoais de quotidiano que se mantêm nos cacifos dos operários (Patrícia Barbosa); voltar a José Régio para dei‑ xar escrever um livro de Portalegre, poesia e Fábrica (Pedro Pinto Basto); encontrar percursos explicativos que vão da Fábrica aos objectos da Colecção Sequeira (Rita Carvalho); executar fotografias possíveis do vazio numa Fundação em espera de futuro ou de finalização (Simone Almeida). Aconteceu muita coisa, a pouco e pouco essas coisas terão corpo de Cultura e não deixarão esquecer. Foi este o mérito e a qualidade do Campo de Fotografia 2012 da Fundação Robinson.

11

find visual solutions to fears of degradation (Alexandre Ramos); providing dimensions to the movement of light within the manufacturing space (Ana Sofia Santos); machinery and equipment observed at night, becoming miniature in size (André Gonçalves); placing the portraits of workers within the state of conservation of the Factory as a whole (Cláudio Alves); spatial rereadings of a Factory in the city of Portalegre (Helder Sousa); reconstruction, from the remains of the object, of the Private Body of Fire-fighters (Hermano Noronha); hearing the words of José Régio, from the Cântico Negro to the Toada de Portalegre, looking at the Factory (Joana Castelo); a present-day walk through the Factory recording the growth and death of plants and herbs (Maarit Halonen); speaking and embodying the close family memory of the first Robinsons (Margarida Sá Marques); leaving the factory and going forward searching for the Associations which will embody the “new inhabitants” (Maria Salgado); categorizing and making visual lists of the small personal everyday items remaining in the workers lockers (Patrícia Barbosa); returning to José Régio to leave the writing of a book on Portalegre, poetry and the Factory (Pedro Pinto Basto); finding explanatory routes from the Factory to the items in the Sequeira Collection (Rita Carvalho); taking the possible photographs within the emptiness of a Foundation awaiting its future or its completion (Simone Almeida). A lot has happened, and little by little these things will have a cultural embodiment and will not be forgotten. This has been the merit and quality of the 2012 Photography Field Trip at the Robinson Foundation.


Campo de Estudo de Fotografia Photography Field Trip

Paulo Catrica FOTÓGRAFO COORDENADOR CIENTIFICO-ARTÍSTICO DO PROJECTO CONVIVER NA ARTE | CAMPO DE ESTUDO DE FOTOGRAFIA | PORTALEGRE 2012 PHOTOGRAPHER ARTISTIC AND ACADEMIC COORDINATOR FOR THE LIVING ART | PHOTOGRAPHY FIELD TRIP | PORTALEGRE 2012 PROJECT

Carlos Vargas PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO TEATRO NACIONAL D. MARIA II CRÍTICO ASSESSOR DO PROJECTO CONVIVER NA ARTE | CAMPO DE ESTUDO DE FOTOGRAFIA | PORTALEGRE 2012 CHAIRPERSON OF THE BOARD OF DIRECTORS OF THE DONA MARIA II NATIONAL THEATRE CRITICAL ADVISER FOR THE LIVING ART | PHOTOGRAPHY FIELD TRIP | PORTALEGRE 2012 PROJECT

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 12‑15, ISSN 1646­‑7116


Na origem o Campo de Estudos de Fotografia da Fun‑ dação Robinson em Portalegre, esteve o objectivo de enco‑ rajar um grupo de jovens artistas a produzir projectos foto‑ gráficos, no âmbito das valências específicas da Fundação Robinson ou referentes à cidade de Portalegre. A estrutura curricular da residência envolveu na pri‑ meira semana e meia tutorias de conjunto, usualmente rea‑ lizadas no final do dia, coordenadas em conjunto pelo Paulo Catrica e por António Camões Gouveia, e complementadas pela assessoria preciosa da Célia Tavares, da Laura Romão e da Odete Rolo. Na primeira semana a discussão tratou essencialmente aspectos de identificação e delimitação de assuntos e de campos de pesquisa. De modo a construir um espaço crítico e de reflexão sobre: que assuntos a abordar? A questão central: a partir destes poder-se-iam construir narrativas visuais? A insistência em promover um conjunto de leituras sobre os assuntos a investigar ou promover o contacto pes‑ soal entre os artistas residentes e diversos agentes da cidade directamente ou indirectamente relacionados com a Fun‑ dação: a Biblioteca Municipal, a Casa-Museu José Régio, e/ou os futuros residentes do Espaço Robinson – a Escola de Artes do Norte Alentejano – Conservatório Regional de Por‑ talegre, o Grupo Folclórico e Cultural da Boavista, o Orfeão de Portalegre e a Sociedade Musical Euterpe. O objectivo foi o de promover uma visão o mais profunda e informada sobre os assuntos a desenvolver. O plano curricular envolveu dois workshops por semana, realizados à Sexta-feira e ao Sábado, leccionados por fotógra‑ fos convidados. Estes últimos foram escolhidos pelo mérito do seu trabalho artístico, sendo comum a todos o facto de manterem uma actividade académica. Cada um dos convida‑ dos realizou uma conferência/palestra sobre o seu trabalho 13

The aim from the outset of the Photography Field Trip at the Robinson Foundation in Portalegre was to encourage a group of young artists to produce photographic projects relating to either the specific features of the Robinson Foundation or the city of Portalegre. The curriculum programme for the residential project included joint tutorials during the first week and a half, usually held at the end of the day, and jointly coordinated by Paulo Catrica and António Camões Gouveia, with the invaluable help of Célia Tavares, Laura Romão and Odette Rolo. In the first week discussion dealt mainly with aspects to do with identifying and delimiting issues and research topics. This was in order to create a critical space and reflection on: which issues should be addressed? The central question was: using these, could they construct visual narratives? There was an insistence on promoting a series of readings on the subjects to be investigated and promoting personal contact between the resident city stakeholders directly or indirectly related to the Foundation: the Municipal Library, José Régio House-Museum, and/or future residents of the Robinson Space – the School of Arts of the North Alentejo, the Portalegre Regional Conservatory, the Boavista Folklore and Cultural Group, the Portalegre Choral Society (Orfeão de Portalegre) and the Euterpe Musical Society. The aim was to promote deeper and informed insight into the issues to be developed. The curriculum programme also contained two workshops per week, held on Fridays and Saturdays, given by invited photographers. The latter were chosen due to the merits of their artistic work, and the fact that they also were involved in academic work. Each of the guests gave a talk/lecture about his or her artistic work, and a round


artístico, e uma sessão de tutorias individuais com os artis‑ tas residentes de modo a garantir feedback dos projectos em desenvolvimento. Deste modo pretendeu-se criar uma rela‑ ção de proximidade entre os convidados e os artistas per‑ mitindo diferentes abordagens críticas aos novos trabalhos, alargando o campo de referências e fomentando linhas de pesquisa visual e teórica mais abrangentes. A lista de fotógrafos/professores convidados para os workshops incluiu o António Júlio Duarte, da Universi‑ dade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, a Olívia Silva, da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto, o Carlos Lobo e a Jenny Fer‑ ray, da Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, o Pedro Letria e o Emmanuel Brás da Escola Superior de Artes e Design do Instituto Politécnico de Leiria (Caldas da Rainha). Em conjunto com a Fundação a primeira fase do campo pretendeu promover o conhecimento das diferentes reali‑ dades do Espaço Robinson, articulando o passado indus‑ trial da Fábrica e a condição presente da Fundação. Nos primeiros dias as visitas à Fábrica e a disponibilidade de acesso aos diversos espólios materiais da Fundação permi‑ tiram desde cedo a alguns dos artistas identificar interes‑ ses específicos e desenvolver metodologias individuais de investigação. O território da antiga Fábrica e o Espaço Robinson sur‑ giram como principal assunto/motivo dos projectos, no entanto outras linhas de investigação emergiram, uma em torno da paisagem exterior à fábrica, outra a partir da Casa‑ -Museu José Régio e da relação do poeta com a cidade. Podemos agregar os projectos em dois núcleos de inte‑ resse genéricos, um directamente relacionado com a Fábrica e um segundo que olhou a cidade e a paisagem envolvente.

of individual tutorials with the resident artists to ensure feedback on the projects being developed. The idea with this was to create a close relationship between the guests and artists allowing different critical approaches to new works by widening the field of references and promoting lines of visual research within a wider ranging theoretical perspective. The list of photographers/teachers invited to the workshops included António Júlio Duarte, of the Lusófona University of Humanities and Technologies, Olívia Silva, of the School of Music and Performing Arts of the Polytechnic Institute of Oporto, Carlos Lobo and Jenny Ferray, of the School of Arts of the Catholic University of Oporto, and Pedro Letria and Emmanuel Brás of the School of Arts and Design of the Polytechnic Institute of Leiria (Caldas da Rainha). In conjunction with the Foundation, the first stage of the field trip sought to raise awareness of the different realities of the Robinson Space, linking the industrial past of the Factory with the present condition of the Foundation. In the first few days, the visits to the Factory and the availability of access to the various material archives of the Foundation soon enabled some of the artists to identify specific interests and develop individual research methodologies. The area of the former Factory and the Robinson Space emerged as the main topics/themes of the projects, although other research areas emerged, one based on the landscape outside the factory, another from the José Régio House-Museum and the relationship of the poet to the city. We can group the projects into two generic categories, one directly related to the Factory and a second that looked at the city and the surrounding landscape.

14


A maior parte dos trabalhos optou por uma perspec‑ tiva documental, no entanto as abordagens visuais foram muito distintas. Uns deliberadamente tradicionais, onde a uma série de fotografias corresponde uma narrativa visual sobre o assunto. Outros partindo de tipologias e de narra‑ tivas mais complexas que tratando assuntos de uma escala menor utilizaram discursos mais conceptuais, onde o con‑ ceito criou uma matriz de edição e organização do trabalho, e por último outros mais experimentalistas ou deliberada‑ mente formais na abordagem. Na primeira vertente e afirmativamente documentais, estão os casos de Helder Sousa, Margarida Sá Marques, Maria Salgado e Hermano Noronha. Com uma abordagem visual mais afirmativa ou experimental, os casos de Joana Castelo, Maarit Halonen, Pedro Pinto Basto, Cláudio Alves, Simone Almeida, André Gonçalves e Rita Carvalho. Cru‑ zando aspectos documentais com uma matriz conceptual, os trabalhos de Alexandra Palmeiro e Patrícia Barbosa. Por último os projectos de Ana Sofia Santos e Alexan‑ dre Ramos utilizando os interiores e os ambientes da fábrica como matéria moldável para a construção de discursos visu‑ ais mais formalistas. O projecto de Ana Sofia Santos é o único que vai ser apresentado em vídeo. Em conclusão, os trabalhos desenvolvidos no Campo de Estudos de Fotografia da Fundação Robinson em Porta‑ legre, permitem afirmar as hipóteses plurais de utilização da fotografia na construção de narrativas visuais originais. Pensamos que todos os projectos se enquadram den‑ tro dos objectivos da iniciativa da residência e que cons‑ truem um excelente motivo para a sua edição em livro ou mesmo a realização de uma exposição pública com todos os trabalhos.

15

Most of the works chose a documentary point of view, although the visual approaches were very different. Some were deliberately traditional, where a series of photographs represents a visual narrative on the subject. Other used more complex typologies and narratives and when dealing with matters of a smaller scale used more conceptual discourses, where the concept established an editing matrix and pattern of work, and finally there were other approaches which were more experimental or deliberately formal. In the first category, and certainly documentary in style, are the projects by Helder Sousa, Margarida Sá Marques, Maria Salgado and Hermano Noronha. Those with a more affirmative or experimental visual approach were the projects by Joana Castelo, Maarit Halonen, Pedro Pinto Basto, Cláudio Alves, Simone Almeida, André Gonçalves and Rita Carvalho. The projects of Alexandra Palmeiro and Patrícia Barbosa mixed documentary aspects within a conceptual matrix. Finally, the projects of Ana Sofia Santos and Alexandre Ramos using the interiors and ambiences of the factor as mouldable material with which to create more formal visual discourses. The project by Ana Sofia Santos was the only one to be presented on video. In conclusion, the projects developed during the Photography Field Trip at the Robinson Foundation in Portalegre were examples of the various possibilities of utilising photography in the construction of original visual narratives. We think that all the projects met the aims of the residence and that they together constitute an excellent collection, to be published in book form, or even the contents of a public exhibition of all the works.


Bilhete Postal Postcard

Alexandra Palmeiro (1979) CENTRO INTERDISCIPLINAR DE INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE INTERDISCIPLINARY CENTRE FOR RESEARCH AND INNOVATION AT THE POLYTECHNIC INSTITUTE OF PORTALEGRE

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 16-19, ISSN 1646­‑7116


O projecto consiste numa colecção de postais, ilustrados com imagens dos Silos da extinta EPAC, localizados no Distrito de Portalegre.

The project consists of a collection of picture postcards

Os silos da EPAC (Empresa para Agroalimentação e Cereais) foram legados à paisagem alentejana como um teste‑ munho histórico da região, do que outrora foi considerado como “o celeiro de Portugal”. Estes edifícios distinguem‑ -se pela sua imponente presença e inserem-se na paisa‑ gem como catedrais. Detentores de uma envergadura que reclama um estatuto, adquirido pelo passar do tempo, são pertença do colectivo e da identidade das localidades onde se inserem. A colecção de postais permite criar uma estrutura visual que define a minha relação com os silos. Remete para uma intemporalidade, inerente aos silos, que conjuga o passado e o presente. Evidencia-se a forma como os silos se inserem na paisagem e os diferentes pontos de vista dos mesmos. Um processo preceptivo que pretende potenciar a reflexão sobre o património da região.

The EPAC (Empresa para Agroalimentação e Cereais) silos

17

of the Silos of the former EPAC, located in the District of Portalegre.

were bequeathed to the Alentejo landscape as a historical testimony of the region, which was once regarded as “the breadbasket of Portugal”. These constructions are distinguished by their imposing presence and form part of the landscape as if they were cathedrals. They have a scale which claims a status acquired by the passage of time, and belong to the collective identity of the places where they are to be found. The collection of postcards establishes a visual structure that defines my relationship with the silos. It refers to a timelessness, inherent in the silos, which combines the past and present. This can be seen in the way the silos are inserted into the landscape and the different viewpoints of the same. A necessary process that aims to foster reflection on the region’s patrimony.


18


19


Nunca mais será aquilo que era de antes It will never again be what it was before

Alexandre Ramos (1979) UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS LUSÓFONA UNIVERSITY OF HUMANITIES AND TECHNOLOGIES

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 20­‑23, ISSN 1646­‑7116


Este trabalho foi desenvolvido com o objectivo de mos‑ trar que a fábrica ainda pode ser benéfica para a cidade de Portalegre, a partir do trabalho da Fundação Robinson.

This work was carried out with the aim of showing

Somos feitos de fragmentos do passado, aglomerados de experiências, sabendo sempre renovar-nos perante as naturais dificuldades conjunturais, uma luz de esperança no dia-a-dia de uma cidade em profundo declínio. Há uma interpretação corrente de que a preservação das espécies ameaçadas é incompatível com a exploração económica do ambiente em que vivem, a consistência depende da capaci‑ dade da sua estrutura constitutiva para resolver os requi‑ sitos que impõem a sua funcionalidade física e económica. Mas a história da Robinson não se reduz a essa compo‑ nente material... Nesta, em particular, seria naturalmente benéfico uma discussão e uma legislação objectiva... Assim sonhamos o futuro, assente naquilo que nos orgulhamos de ter sido o nosso passado...

We are made of fragments from the past, clusters of

Texto elaborado a partir de frases soltas incluídas na publicação zero da Fundação Robinson e no site ciência.hsw.uol.com.br/extincao-animais. htm para o projecto “Conviver na Arte”, Setembro 2012.

21

that the factory can still be beneficial to the city of Portalegre, due to the work of the Robinson Foundation.

experiences, always aware of how to renew ourselves when faced with a natural set of difficulties, a light of hope in the day-to-day life of a city in deep decline. There is a current interpretation that the preservation of endangered species is incompatible with the economic exploitation of the environment in which they live, where consistency depends on the ability of its constitutive structure to address the requirements imposed by its physical and economic functionality. But the Robinson story is not limited to this material component... This, in particular, would naturally benefit from an objective discussion and legislation... And so we dream of the future, based on what we have been proud of in our past ...

Text prepared from individual sentences included in the initial publication of the Robinson Foundation and the site ciência.hsw.uol.com. br/extincao-animais.htm for the project “Living Art”, September 2012.


22


23


My Dreams Have no Meaning My Dreams Have no Meaning

Ana Sofia Santos (1983) IADE – INSTITUTO DE ARTES VISUAIS. DESIGN E MARKETING AR.CO. – CENTRO DE ARTE E COMUNICAÇÃO VISUAL IADE – INSTITUTE OF VISUAL ARTS, DESIGN AND MARKETING AR.CO – CENTER OF ARTS AND VISUAL COMMUNICATION

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 24‑27, ISSN 1646­‑7116


A incerteza, o medo do negro e do desconhecido instala‑ -se no espectador. Fotografias de longa exposição em que cada uma representa um local de trabalho. Captadas apenas com a luz natural que a fábrica proporciona, vai ajudando a construir cada acção. Um espaço vazio em que nada acon‑ tece e a única alteração que vai acontecendo ao longo do dia é a luz que entra e percorre todo o espaço da fábrica. O silên‑ cio está sempre presente, tal como as memórias passadas. Uma esperança num futuro que não mudou. Um stop motion ritmado pela luz que se vai movendo, assim é construída a narrativa que nos levará pelo imaginário do que restou da fábrica, como era e como é actualmente.

25

The uncertainty, the fear of the dark and the unknown permeates the viewer. Long exposure photographs in which each represents a workplace. Captured with just the natural light that the factory provides, helping to construct each action. An empty space where nothing happens and the only change that is happening throughout the day is the light entering and running throughout the factory space. The silence is always present as well as past memories. A hope in a future that has not changed. The stop motion, set to the rhythm of the moving light, has thus constructed the narrative that takes us in our imagination to what has remained of the factory, as it was and as it is now.


26


27


Fim da linha End of the line

André Vicente Gonçalves (1986) FOTOGRAFIA NA UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS PHOTOGRAPHY AT LUSÓFONA UNIVERSITY OF HUMANITIES AND TECHNOLOGIES

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 28‑31, ISSN 1646­‑7116


Este projecto visa descontextualizar os equipamentos do Espaço Robinson, estes equipamentos são de grandes dimen‑ sões e foram fotografados à noite com uma lanterna realçando as suas cores e de maneira a conseguir ter um fundo preto dando uma aparência mais plástica às fotografias. A escolha do formato quadrado deveu-se ao facto de dar a sensação de que as fotografias estão suspensas no ar, e a quantidade de preto à volta do objecto transmite a sensação de estarmos a observar uma miniatura e não os enormes equipamentos de vários metros como estão criados na realidade. O nome tem um duplo sentido, fim da linha de produção uma vez que são equipamentos de uma fábrica e no sentido de fim de vida porque estão velhos e não vão voltar ao fun‑ cionamento de outrora.

29

This project seeks to decontextualize the machines at the Robinson Space. These devices are of large size and were photographed at night with a flashlight to highlight their colours and to obtain a black background to give a more plastic look to the photos. The choice of the square format was due to the fact that it gives the feeling that the photos are suspended in the air, and the amount of black around the object conveys the feeling of watching a miniature object and not the huge machines which are actually several metres in size. The name has a double meaning, referring to the end of the production line as they are factory machines are and towards the end of their life because they are old and will not return to operation.


30


31


Estado de Conservação State of Conservation

Cláudio Alves (1981) AR.CO. – CENTRO DE ARTE E COMUNICAÇÃO VISUAL AR.CO – CENTER OF ARTS AND VISUAL COMMUNICATION

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 32‑35, ISSN 1646­‑7116


Onde se conservam e restauram obras de arte na Fundação Robinson retrataram-se as memórias da Fábrica.

Where the words of art in the Robinson Foundation are

O “Estado de Conservação” cresceu da premissa de elaborar um projecto fotográfico que fosse um acto de busca da memória da Fábrica Robinson. Nele foram foto‑ grafados antigos operários no Centro de Restauro, Igreja e Convento de São Francisco do Espaço Robinson. Na capela do lado do Evangelho, actual local de conservação e restauro foram fotografados antigos operários com o objectivo de trazer à contemporaneidade memórias de antigas vivências, sem deixar de contextualizar um olhar contemporâneo dessa passagem. Foi feita uma analo‑ gia entre a função prática da conservação e restauro e a ligação personificada com a memória dos fotografados. A memória é algo que sobrevive à pessoa ou ao facto, o retrato foi a minha materialização da memória humana da Robinson.

The “State of Conservation” grew from the premise of

33

conserved and restored is where the memories of the Factory are recounted.

developing a photographic project that was an act involving the search for the memory of the Robinson factory. In it former workers were photographed at the Centre for Restoration of the Robinson Space, and the Church and Convent of São Francisco. Conservation and restoration work is currently taking place in the chapel on the Gospel side, and this is where former workers were photographed, with the aim of bringing memories of former experiences up-to-date by providing a contemporary context. An analogy was made between the role of conservation and restoration practice and an embodied connection with the memory of those photographed. Memory is something that survives the person or the deed, and this picture was my realization of the Robinson human memory.


34


35


Fábrica na Cidade Factory in the City

Helder Sousa (1983) ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA, ARTES E ESPECTÁCULO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO SCHOOL OF MUSIC AND PERFORMING ARTS OF THE POLYTECHNIC OF OPORTO

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 36‑39, ISSN 1646­‑7116


Este trabalho retrata a Fábrica Robinson no contexto da cidade de Portalegre. A forma como a cidade se expandiu em torno do seu território.

This work depicts the Robinson Factory in the con-

Não se conhece Portalegre sem conhecer a Fábrica Robinson. Esta fábrica instalou-se em Portalegre em mea‑ dos do século XIX por uma família inglesa que viu neste território uma oportunidade de exploração da cortiça. Um material abundante na planície alentejana. Este trabalho procura explorar a forma como a cidade foi crescendo em torno do terreno desta fábrica que se estende por 7 hecta‑ res. Partindo do elemento simbólico que são as chaminés, as imagens abordam diferentes fases do desenvolvimento da cidade de Portalegre: paisagem, natureza, zona industrial e habitação. É visível uma certa estagnação que resulta do contexto económico e social em que vivemos. Percebe-se a expansão de várias extensões da cidade que no entanto se encontram inacabadas, acabando por fazer parte integrante da paisagem da cidade de Portalegre.

You cannot know Portalegre without knowing the Rob-

37

text of the city of Portalegre. The way in which the city expanded around its location.

inson Factory. This factory was set up in Portalegre in the mid-nineteenth century by an English family who saw an opportunity in this area to develop cork production, a material which is abundant in the Alentejo plain. This work seeks to explore how the city has grown around the location of this factory, which spans 7 hectares. Based on the symbolic element of the chimneys, the images depict various phases of the development of the city of Portalegre: landscape, nature, industrial and housing area. A certain stagnation is visible, resulting from the economic and social context in which we live. It is possible to make out the expansion of various extensions to the city that remain unfinished, however, which eventually have become part of the landscape of the city of Portalegre.


38


39


Essencial Essential

Hermano Noronha (1967) PÓS-GRADUAÇÃO EM FOTOGRAFIA, PROJECTO E ARTE CONTEMPORÂNEA PELO IPA – INSTITUTO SUPERIOR AUTÓNOMO DE ESTUDOS POLITÉCNICOS E ATELIER DE LISBOA – ESCOLA DE FOTOGRAFIA E CENTRO DE ARTES VISUAIS POSTGRADUATE STUDIES IN PHOTOGRAPHY, DESIGN AND CONTEMPORARY ART BY THE AUTONOMOUS SUPERIOR INSTITUTE FOR POLITECHNIC STUDIES (IPA) AND THE SCHOOL OF PHOTOGRAPHY AND VISUAL ARTS CENTER (ATELIER DE LISBOA)

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 40‑43, ISSN 1646­‑7116


Este é o resultado de uma recolha visual e documental no sentido de trazer para a superfície da memória colectiva uma memória e vivência privadas, a dos Bombeiros Pri‑ vativos Robinson.

This is the result of a visual and documentary collection

A minha atenção incidiu sobre os Bombeiros Privativos Robinson, antes mesmo de iniciar a Residência, chegando a Portalegre já com uma intenção definida de Projecto Foto‑ gráfico. Documentação e objectos encontrados na Fábrica, principalmente um placard com retratos de alguns dos bom‑ beiros ainda colados, levaram à ambição de realizar um tra‑ balho onde se cruzasse o seu passado com o seu presente procurando trazer à superfície as memórias do que foi o seu espaço e suas vivências. O processo de retrato, embora iniciado, foi cedo abandonado pois seria necessário mais tempo que o disponível para ter sucesso e espelhar digni‑ dade. Mesmo com essa limitação foi feita uma apurada reco‑ lha visual e documental para criar um testemunho sobre a importância dos Bombeiros Privativos Robinson na activi‑ dade da Fábrica Robinson. O Projecto é concluído na forma final de livro e de exposição pública.

My attention focused on the Robinson Private Fire-

41

in order to bring to the surface the collective memory of a private memory and private experience, namely that of the Robinson Private Fire-fighters.

fighters even before starting the Residence, and I arrived in Portalegre with the idea now realised in the Photographic Project. Documentation and objects found in the factory, mostly a still-present placard depicting some of the firefighters, led to the ambition to carry out a project where their past is crossed with their present, and seeking to bring to the surface memories of what had been their space and their experiences. Although the portrait process was started, it was soon abandoned as it would require more time than was available to be successful and enable the work to provide a mirroring dignity. Even with this limitation an accurate visual and documentary collection was made to create a testimony to the importance of the Robinson Private Firefighters and their work at the Robinson Factory. The project was finally completed in book form and public exhibition.


42


43


Entre Deus e o Diabo Between God and the Devil

Joana Castelo (1982) ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA, ARTES E ESPECTÁCULO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO SCHOOL OF MUSIC AND PERFORMING ARTS OF THE POLYTECHNIC OF OPORTO

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 44‑47, ISSN 1646­‑7116


Imagens de Portalegre e da Casa José Régio, junta‑ mente com excertos de textos do poeta, que são uma reflexão sobre algumas inquietações da alma humana.

Images of Portalegre and the Casa José Régio, along with

José Régio, em alguns poemas, confessa a sua crença/ descrença no mundo religioso, característica que o nomeou de Poeta de Deus e do Diabo. Na sua obra, dedica um poema à solidão que o Alentejo lhe impõe, Na Toada de Portalegre, faz ainda referência ao vento suão – Lá vem o vento suão!, / Que enche o sono de pavores,/ Faz febre, esfarela os ossos, / E atira aos desesperados / A corda com que se enforcam / Na trave de algum desvão… Alguns poemas de Régio, a sua casa e a cidade de Portalegre são o mote para uma refle‑ xão visual sobre o peso da solidão alentejana e o confronto entre a religiosidade e a mortalidade.

In some poems, José Régio confesses his belief/disbe-

45

excerpts from texts by the poet, which are a reflection about some concerns about the human soul.

lief in the religious world, a characteristic which gave him the name of Poet of God and the Devil. In his work, he dedicates a poem to the solitude imposed by the Alentejo, Na Toada de Portalegre, and also makes reference to the southern wind – Here comes the southern wind!,/ That fills sleep with terror, / Causes fever, crumbles bones, / And shoots the desperate, / The rope to hang themselves with, / On that beam in some attic... Some poems of Régio, his home and the city of Portalegre form the theme for a visual reflection on the weight of Alentejan loneliness and the confrontation between religiosity and mortality.


46


47


I can still feel her presence I can still feel her presence

Maarit Halonen (1981) YRKESHÖGSKOLAN NOVIA, UNIVERSIDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS, FINLÂNDIA UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS YRKESHÖGSKOLAN NOVIA UNIVERSITY OF APPLIED SCIENCES, FINLAND LUSÓFONA UNIVERSITY OF HUMANITIES AND TECHNOLOGIES

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 48‑51, ISSN 1646­‑7116


A magia da presença. Em muitos lugares há sinais da sua existência, embora possa realmente não existir lá nada. O que criará esse sentimento?

The magic of presence. In many places there is evidence

É incrível como as plantas podem inspirar-nos, no diaa-dia, enquanto objectos ornamentais com vida própria. As plantas são para mim um indício de vida e de beleza, sobre‑ tudo quando as encontramos em locais inesperados. Há algo mágico naquilo que é comum – existem “não-lugares” que não pertencem a ninguém. Sendo parte de algo, ainda que individualizáveis, não são nada. A combinação entre duro e frio, claro e escuro, pode ser um caminho para vermos além da superfície. Suponho que a dicotomia preto e branco são extremos necessários1.

It is amazing how much inspiration ordinary, everyday

1

49

Tradução livre a partir do original em inglês.

of its existence, although there might actually not be anything there. What is it that makes that feeling?

objects and presence of life such as plants can give. Plants for me are a symbol of life and its beauty - at times they are found in quite surprising places. There is something magical in the ordinary –there is this non-existent space that does not really belong to anybody. It is like part of something and still it is an individual and yet it really is nothing. A combination of hard and cold with light and soft can be a path for the mind to see beyond the surface. I guess at times black and white, these different extremes are needed.


50


51


O Retrato The Portrait

Margarida Sá Marques (1990) ESCOLA DAS ARTES DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PORTO SCHOOL OF ARTS OF THE CATHOLIC UNIVERSITY OF OPORTO

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 52‑55, ISSN 1646­‑7116


“O Retrato” centra-se nas memórias que Mary Dinaréz Robinson da Silveira Chichorro Marcão (1932), bisneta dos primeiros Robinson em Portugal, tem da sua vida familiar.

“The Portrait” focuses on the memories that Mary

“O Retrato” surgiu da ideia de caracterizar a família fun‑ dadora da Fábrica Robinson. Com isto, estabeleci contacto com Mary Marcão, bisneta dos primeiros Robinson em Por‑ talegre. Através de conversas que mantive com ela e da sua disponibilidade em me contar as suas memórias, desen‑ volvi um projecto em torno da sua figura. Ao longo deste contacto, Mary deixou-me fotografar alguns objectos per‑ tencentes à sua família desde várias gerações e alguns espa‑ ços da sua casa, onde nasceu e viveu toda a sua vida. Ini‑ cialmente, a ideia do projecto era de certo modo superficial, alterando-se completamente devido ao relacionamento que fui estabelecendo com Mary Marcão. A sua entrega para com este, tornou a série muito mais profunda, excedendo até as minhas expectativas.

“The Portrait” arose from the idea of characterizing

53

Dinaréz Robinson da Silveira Chichorro Marcão (1932), great-granddaughter of the first Robinsons in Portugal, has of her family life.

the founding family of the Robinson Factory. As such, I established contact with Mary Marcão, great-granddaughter of the first Robinsons in Portalegre. Through conversations I had with her, and her willingness to tell me her memories, I developed a project around her figure. During this contact, Mary let me photograph some objects which had belonged to her family for several generations and some parts of the home where she was born and lived all her life. Initially, the project idea was somewhat superficial, but changed completely due to the relationship that was established with Mary Marcão. Her commitment made the series become much deeper, and even exceeded my expectations.


54


55


Home Home

Maria Salgado (1992) FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA FACULTY OF SOCIAL SCIENCES AND HUMANITIES, NEW UNIVERSITY OF LISBON

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 56‑59, ISSN 1646­‑7116


O meu trabalho foca-se nas sedes das associações que integrarão o Espaço Robinson, onde, conservando a sua individualidade, farão parte de um todo. Essa ideia mantém-se na apresentação das imagens.

My work focuses on the headquarters of the associations

No Espaço Robinson há uma área destinada aos Novos Habitantes da fábrica. Até se dar a mudança, estes con‑ tinuarão no seu espaço onde, a maioria, ocupa há largos anos. Esse espaço define-os e reflecte as suas característi‑ cas específicas, e como são lugares reaproveitados, impera o improviso. Quando mudarem para o Espaço Robinson, estas associações vão perder aquilo que era só deles (o café por exemplo) e vão ter de aprender a dividi-lo com as restantes associações, economizando recursos e bene‑ ficiando da convivência entre todas estas associações que muito têm em comum. O meu trabalho centrou-se nas actuais sedes das associações e aquilo que pretendi ao fotografá-las foi capturar a alma do grupo. Apresento as imagens como um todo e não organizadas por associação pois assim reforço a ideia que rege o espaço que irão habi‑ tar, cada uma conserva a sua individualidade num espaço que é de todos.

There is an area reserved for New Inhabitants of the

57

that formed part of the Robinson Space, where, retaining their individuality, they would form part of a whole. This idea was kept in the presentation of the images.

factory in the Robinson Space. Until the change is made, they will continue in their space, where most have been for many years. This space defines them and reflects their specific characteristics, and how places are reused, with improvisation being the key word. When they move to the Robinson Space, these associations will lose what was just theirs (the café, for example) and will have to learn to share with the other associations, to save resources and benefit from the coexistence of all these associations that have so much in common. My work has focused on the current headquarters of these associations and what I intended to photograph was to capture their souls. I have presented the images as a whole and not organized according to association as this strengthens the idea that governs the space that they will inhabit, with each retaining their individuality in a space that is for all.


58


59


Objectologia Objectology

Patrícia Salgado (1989) ESCOLA DAS ARTES DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PORTO SCHOOL OF ARTS OF THE CATHOLIC UNIVERSITY OF OPORTO

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 60‑63, ISSN 1646­‑7116


Objectologia é um projecto que narra a história dos objec‑ tos abandonados e nunca recuperados (consciente ou inconscientemente) dos operários corticeiros da Fábrica Robinson.

Objectology is a project that tells the story of the aban-

Durante as visitas à fábrica, reparei que os cacifos ainda preservam as roupas, os talões de multibanco e as fotogra‑ fias dos filhos. Os escritórios ainda guardam merendas e os postais das férias dos colegas. Através da descontextualiza‑ ção dos cenários, Objectologia pretende construir uma nar‑ rativa alegórica evocativa e elevar o significado do que ficou, do particular e íntimo. É o ampliar da minha visão perifé‑ rica da fábrica e, subtilmente, o descortinar da camada humana. Objectologia credibiliza os objectos do banal ofe‑ recendo ao espectador a possibilidade de imaginar a histó‑ ria de cada um.

During visits to the factory, I noticed that the lockers

61

doned and never retrieved objects (consciously or unconsciously) of the cork workers of the Robinson factory.

still preserve the clothes, the ATM receipts and photographs of the workers’ children. The offices still contain the snack boxes and holiday postcards sent by colleagues. By decontextualizing these scenarios, Objectology aims to construct an allegorical evocative narrative and elevate the meaning of what has remained, namely the private and the intimate. This is to extend my peripheral vision of the factory and, subtly, unveil the human layer. Objectology lends credibility to banal objects and offers the viewer the chance to imagine the story behind each one.


62


63


José dos Reis Pereira José dos Reis Pereira

Pedro Pinto Basto (1987) FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANA, UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA AR.CO - CENTRO DE ARTE E COMUNICAÇÃO VISUAL FACULTY OF SOCIAL SCIENCES AND HUMANITIES, NEW UNIVERSITY OF LISBON AR.CO – CENTER OF ARTS AND VISUAL COMMUNICATION

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 64‑67, ISSN 1646­‑7116


O projecto compreendeu fotografar espaços onde esteve e viveu o escritor José Régio, e ilustrar o seu olhar.

The project involved photographing spaces where the

O projecto refere-se a fotografias relativas a espaços percorridos por José dos Reis Pereira, ou seja, José Régio. Revisitei vários locais onde esteve José Régio, desde a escola em que leccionou, a casa onde viveu durante trinta e nove anos, até aos espaços que descreve nas suas obras. Também tentei representar fotograficamente algumas das vivências e visões que o autor teve. Como suporte para as fotografias, utilizei um vulgar caderno que nos reporta aos cadernos que José Régio tanto utilizava.

The project refers to photographs relating to areas lived

65

writer José Régio lived and which illustrate his viewpoint.

in by José dos Reis Pereira, that is, José Régio. I revisited several places that form part of the life experience of José Régio, from the school where he taught, the house where he lived for thirty-nine years, and including the spaces that he describes in his works. I also tried to photographically represent some of the experiences and visions that the author had. As support for the photos, I used an ordinary notebook to take us back to the notebooks that José Régio used so much.


66


67


O meu corpo voa em pedaços My body flies apart

Rita Carvalho (1971) CENTRO DE CONTAMINAÇÃO VISUAL MAUMAUS AR.CO - CENTRO DE ARTE E COMUNICAÇÃO VISUAL FOTOGRAFIA NA UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS MAUMAUS VISUAL CONTAMINATION CENTER AR.CO – CENTER OF ARTS AND VISUAL COMMUNICATION PHOTOGRAPHY AT LUSÓFONA UNIVERSITY OF HUMANITIES AND TECHNOLOGIES

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 68‑71, ISSN 1646­‑7116


Este projecto fotográfico centra-se no árduo desafio da Fundação Robinson para preservar e defender a memó‑ ria de um espaço.

This photographic project focuses on the difficult chal-

Suspenso: pendurado; pendente. Interrompido. Iminente. Perplexo. Parado. Atónito. Fragmento: pedaço de coisa que‑ brada. Resto de coisa gasta. Centro: ponto central equidistante de todos os pontos da circunferência ou da superfície de uma esfera. Parte central. Agrupamento dos principais influentes de um partido. Casa em que se reúnem. [Política] Conceito genérico que designa um conjunto de partidos, agentes polí‑ ticos e população que partilha doutrinas, ideologias, orienta‑ ções ou princípios considerados como estando, espectro polí‑ tico, entre a direita e a esquerda. Gravidade: peso. [Figurado] circunspecção, dignidade. [Física] propriedade atractiva exer‑ cida pela Terra sobre os corpos. Centro de gravidade: ponto em que se concentra o peso dos corpos. Equilíbrio: estado de um corpo que se mantém, ainda que solicitado ou impelido por forças opostas.

Suspended: hanging; pending. Interrupted. Imminent.

69

lenge facing the Robinson Foundation in preserving and protecting the memory of a space.

Perplexed. Stopped. Astonished. Fragment: piece of a broken thing. The rest of the remains of something. Centre: central point equidistant from all points on the circumference or surface of a sphere. Central part. Grouping of the main influences of a party. House in which they meet. [Politics] Generic concept that designates a set of parties, politicians and the population sharing doctrines, ideologies, principles or guidelines considered as being, on the political spectrum, between the right and left. Gravity: weight. [Figure of Speech] circumspection, dignity. [Physics] property of attraction exerted by the Earth on bodies. Centre of gravity: point where the weight of the bodies is concentrated. Equilibrium: State of a body in stasis, even if sought or impelled by opposing forces.


70


71


Oração para quando nos cruzamos com um homem que mete medo Prayer for when we come across a man who frightens us

Simone Almeida (1990) ESCOLA DAS ARTES DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PORTO SCHOOL OF ARTS OF THE CATHOLIC UNIVERSITY OF OPORTO

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 72‑74, ISSN 1646­‑7116


“Oração para quando nos cruzamos com um homem que mete medo”, leva-nos a imaginar como seria o dia‑ -a-dia das operárias na Fábrica Robinson.

“Prayer for when we come across a man who frightens

“Oração para quando nos cruzamos com um homem que mete medo”, surgiu na primeira visita à Fábrica Robin‑ son. Enquanto vagueava pelos espaços da fábrica come‑ çei a imaginar como terá sido trabalhar naquele sítio, cada canto contava uma história. Entretanto apercebi-me da quantidade de pornografia que havia espalhada pelo local e isso fez-me pensar como terá sido trabalhar como mulher naquele local. A fábrica esteve aberta 150 anos, será que a maneira como a mulher era vista – objecto sexual, foi sem‑ pre assim ao longo de todos estes anos?

“Prayer for when we come across a man who frightens

73

us”, leads us to imagine what the day-to-day life of the workers in the Robinson Factory would have been like.

us”, appeared on the first visit to the Robinson Factory. While wandering through the spaces of the factory, I started to imagine what it would have been like to work in that place, where every corner had a story to tell. However, I then realized the amount of pornography that was spread throughout the site and it made me think what it would have been like working as a woman in that place. The factory was open for 150 years, and was that the way a woman would have been seen – as a sex object, and was it always so throughout all those years?


74


75


Notas biográficas e palavras­‑chave Biographical notes and keywords Notas biográficas y palabras clave

Publicações da Fundação Robinson 24, 2013, p. 76‑85, ISSN 1646­‑7116

76


PORTUGUÊS

Alexandra Palmeiro Nasceu em Lisboa em 1979. Vive e trabalha em Portalegre desde 2010. Passou pelo Porto, onde concluiu o Mestrado em Comunicação Audiovisual, especialização em Fotografia Documental; Cal­das da Rainha onde concluiu a Licenciatura em De­sign Grá‑ fico e Multimédia e Oeiras onde viveu a sua infância e adolescência. Dedica-se à Fotografia e ao Design gráfico.

Ana Sofia Santos Em 2007 licenciou-se em Design Gráfico pelo IADE. Em 2011 concluiu os seus estudos em fotografia no Ar.Co. Tem outras paixões: o Ensino. Já deu aulas de Educação Visual, TIC e nas áreas da Fotografia, Revelação e Impressão em Laboratório e Fotografia Digital e Estúdio. É fotógrafa freelancer desde 2007 e expõe desde 2006 com trabalhos na área do Design Gráfico e Ilustração.

Palavras-chave Fotografia, Património, Portalegre, Colecção,

Palavras-chave Portalegre, Espaço Robinson, Stop motion, Preto e branco, Vertical

Postais, Silos

Alexandre Ramos Nasceu em Lisboa em 1979 e em 1997 muda-se para Viseu. O seu percurso profissional sempre esteve ligado à área comercial e desportiva, em particular o futebol como atleta e árbitro. Em 2005 regressa a Lisboa e começa a desenvolver o seu gosto pela fo‑ tografia, o que o leva a ingressar no curso de Fotografia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em 2009. Actualmente é finalista do curso e está a desenvolver um projecto na área da fotografia de desporto. Palavras-chave Fundação, Robinson, Fábrica, Extinção, Ausência, Esperança

André Vicente Gonçalves Estudante finalista da licenciatura de Fotografia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnolo‑ gias. Anteriormente foi estudante de Engenharia In‑ formática na Universidade de Évora e participou no programa ERASMUS na Universidade de Trento em Itália ainda como estudante de Engenharia. Como sempre gostou de fotografia decidiu deixar a enge‑ nharia para trás para seguir o que realmente lhe in‑ teressava tendo ingressado neste campo de estudos. Palavras-chave Industrial, Fábrica, Equipamento, Máquina, Objecto, Miniatura

Cláudio Alves Nasceu em Tondela, em 1981. Vive em Lisboa. Tem formação profissional em informática e multimédia mas sempre cultivou uma especial curiosidade pela fotografia. Em 2007, aventurou-se por um Mestrado Integrado de Engenharia de Computadores e Telemática na Uni‑ versidade de Aveiro. Por lá, diversos factores o leva‑ ram a alargar conhecimentos a áreas que desconhe‑ cia ter interesse. Desde o mesmo ano trabalha com fotografia e vídeo digital. Em 2008 interessa-se por fotografia analógica e utiliza-a de uma forma criativa e pessoal. Desde então tem vindo a conjugar a foto‑ grafia digital e analógica, encontrando os seus pontos de convergência/divergência. Em 2011 decide aprofundar de uma forma estrutura‑ da todos os seus conhecimentos de Fotografia. Actu‑ almente estuda Fotografia no Ar.Co, em Lisboa. Palavras-chave Portalegre, Espaço Robinson, Fábrica Robinson, Fotografia, Memória, Operários

Helder Sousa Tem o Curso de Artes Gráficas pela Escola Especia‑ lizada em Ensino Artístico Soares dos Reis (1998-2001). Em 2007 licenciou-se em Pintura pela Fa‑ culdade de Belas-Artes da Universidade do Porto. Frequenta desde 2010 o Mestrado em Comunica‑ ção Audiovisual na variante de Fotografia e Cinema Documental na Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto. É editor de imagem, operador de câmara e editor de vídeo e fotógrafo freelancer desde 2008. Palavras-chave Paisagem, Cidade, Território, Desenvolvimento

77


Hermano Noronha Em 2000 o interesse pela Fotografia, reactiva o ex‑ tinto Laboratório de Fotografia da Associação Cul‑ tural Oficina de Angra, onde funda a OfFo – Oficina de Fotografia (2009), integra o corpo de artistas re‑ sidentes da Academia das Artes e da Juventude da Praia da Vitória (2010). Em 2012 frequenta a Pós Graduação em Fotografia, Projecto e Arte Contem‑ porânea, Atelier de Lisboa/IPA. Desde 2005 que ex‑ põe com regularidade. Palavras-chave Fogo, Bombeiros, Corporação, Fábrica, Cortiça, Robinson

Joana Castelo Nasceu em Aveiro. Vive e trabalha no Porto, onde concluiu o Mestrado em Fotografia e Cinema Do‑ cumental. Participou como fotógrafa emergente no Projecto Entre Margens – O Douro em Imagens e na Residência Artística Conviver na Arte – Fundação Ro‑ binson. É fotógrafa e colaboradora na editora Lovers and Lollypops e no grupo de Fotografia documental ARCHIVO. Palavras-chave José Régio, Alentejo, Portalegre, Crente/Descrente, Deus e o Diabo, Solidão

Maarit Halonen Diz que não pode viver sem a fotografia. Frequenta o Curso de Fotografia na Yrkeshögskolan Novia, Uni‑ versity of Applied Sciences, na Finlândia. Em 2012 foi aluna do Programa Erasmus no Curso de Foto‑ grafia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Expõe regularmente desde 2008 no seu país de origem. Estagiou, em Fotografia/Desenho Gráfico e Animação, na Ideias com Peso em Lisboa. Conta no seu currículo com uma ampla experiência em exposições, fotografia de moda e direcção de pro‑ jectos. Palavras-chave Portalegre, Espaço, Fábrica, Cortiça, Luz, Plantas

Margarida Sá Marques Em 2011, licenciou-se em Som e Imagem, com es‑ pecialização em Vídeo, na Universidade Católica Portuguesa. Através do programa Erasmus esteve sete meses a estudar na Universitat Internacional de Catalunya, em Barcelona. Em 2012, focou-se na área que sempre lhe interessou, a fotografia, terminando a Pós-Graduação em Fotografia, também na Univer‑ sidade Católica Portuguesa. Palavras-chave Arquivo, Memória, Portalegre, Família, Robinsons, Mary Robinson

Maria Salgado Nasceu em Lisboa. Frequenta a licenciatura em História de Arte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Para‑ lelamente tem apostado na sua formação na área da Fotografia. Em 2011 concluíu o Curso de Co‑ municação Audiovisual, vertente de Fotografia na Escola Secundária Artística António Arroio e em 2012 frequentou o Curso de Fotografia Contem‑ porânea no Atelier de Lisboa com Bruno Santos. Tem participado em diversos projectos de arte, cine‑ ma e fotografia. Em 2011 foi assistente na produção do casting do filme Luz da Manhã de Cláudia Varejão. No mesmo ano iniciou estágio na STET Livros e Fo‑ tografia com Filipa Valladares e Paulo Catrica. Palavras-chave Espaço Robinson, Novos Habitantes, Associações, Sedes, Espaço, Vivência

Patrícia Barbosa Em Agosto de 2012 termina a Pós-Graduação em Fotografia da Universidade Católica do Porto. Dois anos antes conclui a licenciatura de Ciências da Co‑ municação – especialização em Multimédia da Uni‑ versidade do Porto chegando a estagiar na Rádio Renascença com a produção de infografias. Entre 2008/2009 colabora com a rádio e o jornal digital do curso. Palavras-chave Robinson, Fundação, Fábrica, Operários, Cacifos, Objectos

78


Pedro Pinto Basto Estudante na Faculdade de Ciências Sociais e Huma‑ nas, Universidade Nova de Lisboa no curso de An‑ tropologia, finalizou o curso de Fotografia na escola Ar.Co. Conhecimentos a nível de cinema e documen‑ tário. Participação em várias exposições em Almada e na escola Ar.Co. Palavras-chave José Régio, Portalegre, Casa-Museu, José Régio, Natureza, Olhar, Caderno

Rita Carvalho Nasceu em Lisboa em 1971. Estudou Fotografia no Centro de Contaminação Visual Maumaus e na Esco‑ la Ar.Co. Actualmente, finaliza a licenciatura em Fo‑ tografia na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Trabalhou como fotógrafa de impren‑ sa e assistente de vídeo. Vive e trabalha em Lisboa. Palavras-chave Fragmento, Suspenso, Centro, Gravidade, Centro de gravidade, Equilíbrio

79

Simone Almeida Nasceu em Joanesburgo (África do Sul). Sempre teve um interesse especial pela Fotografia. Não havendo em Moçambique nenhum curso específico ligado à área muda-se para o Porto onde se formou em Som e Imagem pela Escola das Artes na Universidade Católica Portuguesa. Especializou-se em Fotogra‑ fia após frequentar uma Pós-Graduação na mesma universidade. Tem participado em diversos projec‑ tos académicos e artísticos. Na área da produção artística e cultural desenvolveu em 2012 o projecto fotográfico Oblivious, um projecto que questiona a neutralidade no retrato. Palavras-chave Fábrica Robinson, Histórias, Mulheres, Dia-a-dia, Oração, Flash


ENGLISH

Alexandra Palmeiro She was born in Lisbon in 1979. She has lived and worked in Portalegre since 2010. She spent time in Oporto, where she completed a Master Degree in Audio-visual Communication, specializing in Docu­ mentary Photography; Caldas da Rainha where she completed a degree in Graphic Design and Mul­ timedia and Oeiras where she spent her childhood and adolescence. She is dedicated to Photography and Graphic Design.

Ana Sofia Santos In 2007 she graduated in Graphic Design from IADE. Then in 2011 she completed her photography studies at Ar.Co. She has another passion: teaching. She has taught Visual Education, ICT and the areas of Photography, Developing and Printing in a Labo‑ ratory and Digital and Studio Photography. She has been a freelance photographer since 2007 and has exhibited work in the field of Graphic Design and Il‑ lustration since 2006.

Keywords Photography, Patrimony, Portalegre, Collection, Postcards, Silos

Keywords Portalegre, Robinson Space, Stop motion, Black and white, Vertical

Alexandre Ramos He was born in Lisbon in 1979 and in 1997 moved to Viseu. His professional career has always been linked to business and sport, in particular football as a player and as a referee. In 2005 he returned to Lisbon and began to develop his passion for photog‑ raphy, which led him to enrol on the Photography Degree at Lusófona University of Humanities and Technologies in 2009. He is currently a final year student on the course and is working on a project in the area of sports photography.

André Vicente Gonçalves He is a final year student on the degree in Photog‑ raphy at the Lusófona University of Humanities and Technologies. Prior to this he was a student of Computer Engineering at the University of Évora and participated in the ERASMUS programme at the University of Trento in Italy as a student of En‑ gineering. As he has always liked photography he decided to leave engineering behind to follow what really interested him and as such has entered this field of study.

Keywords Foundation, Robinson, Factory, Extinction, Absence, Hope

Keywords Industrial, Factory, Equipment, Machine, Object, Miniature

Cláudio Alves He was born in Viseu in 1981 and lives in Lisbon. He vocationally trained in the area of computers and multimedia but has always cultivated a special curi‑ osity for photography. In 2007, he ventured out on to an Integrated Master in Computer Engineering and Telematics at the University of Aveiro. There, several factors led him to broaden his knowledge in areas he had not realised were of interest to him. From that year on he has worked in photography and digital video. In 2008 he became interested in analogue photography and uses it in a creative and personal manner. Since then he has been combin‑ ing analogue and digital photography and finding their points of convergence/divergence. In 2011 he decided to deepen his knowledge of Photography in a more structured way. He is currently studying Pho‑ tography at Ar.Co in Lisbon. Keywords Portalegre, Robinson Space, Robinson Factory, Pho‑ tography, Memory, Workers

Helder Sousa He studied Graphic Arts at the Soares dos Reis Spe‑ cialised School in Artistic Education (1998-2001). In 2007 he graduated in Painting from the Faculty of Fine Arts of the University of Oporto. Since 2010 he has been attending the Master in Audio-visual Com‑ munication (Photography and Documentary Film area) at the School of Music, Arts and Performance at the Polytechnic Institute of Oporto. He has been an image editor, cameraman and video editor, and freelance photographer since 2008. Keywords Landscape, City, Territory, Development

80


Hermano Noronha In 2000 his interest in Photography led to his reac‑ tivating the defunct Photography Workshop of the Cultural Association of Angra, where he founded OfFo – Oficina de Fotografia (2009), and joined the resident artists of the Academy of Arts and Youth at Praia da Vitória (2010). In 2012 he attended the Postgraduate course in Photography, Design and Contemporary Art at the Atelier de Lisboa/IPA. Since 2005 he has regularly exhibited. Keywords Fire, Fire-fighters, Corporation, Factory, Cork, Robinson

Maarit Halonen She says that she cannot live without photography. She studies Photography at Yrkeshögskolan Novia, Uni‑ versity of Applied Sciences, in Finland. In 2012 she was an Erasmus student on the Photography Under‑ graduate Programme at the Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Since 2008 she has exhibited regularly in her country of origin. She did an internship in Photography/Graphic Design and Animation at Ideias com Peso in Lisbon. Her curriculum vitae includes extensive experience of exhibitions, fashion photography and project man‑ agement. Keywords Portalegre, Space, Factory, Cork, Light, Plants

Joana Castelo She was born in Aveiro. She lives and works in Porto, where she completed her Masters in Photog‑ raphy and Documentary Film. She participated as an emerging photographer in the Entre Margens/ Douro in Images Project and in the Living Arts ar‑ tistic Residence with the Robinson Foundation. She is a photographer and contributor to the Lovers and Lollypops publisher and the ARCHIVE documentary photography group. Keywords José Régio, Alentejo, Portalegre, Believer/ Nonbeliever, God and the Devil, Solitude.

Margarida Sá Marques In 2011 she graduated in Sound and Image, special‑ izing in video, from the Catholic University of Portu‑ gal. As an Erasmus student she spent seven months studying at the Universitat Internacional de Catalu‑ nya in Barcelona. In 2012, focusing on the area that has always interested here, photography, and com‑ pleted her Postgraduate Diploma in Photography, also at the Catholic University of Portugal. Keywords Archive, Memory, Portalegre, Family, Robinsons, Mary Robinson

Maria Salgado She was born in Lisbon. She is an Art History un‑ dergraduate student at the Faculty of Social Sciences and Humanities of the New University of Lisbon. At the same time she has also concentrated on training in the area of Photography. In 2011 she concluded the Audio-visual Communication Course – Photog‑ raphy area, at the António Arroio Artistic Second‑ ary School and in 2012 attended the Contemporary Photography Course at the Atelier de Lisboa with Bruno Santos. She has participated in various art, film and photography projects. In 2011 she was a production assistant in the casting of the film Luz da Manhã by Cláudia Varejão. In the same year she started an internship at STET Livros e Fotografia with Filipa Valladares and Paulo Catrica. Keywords Robinson Space, New Inhabitants, Associations, Headquarters,Space, Experience

Patricia Barbosa In August 2012 she completed her Postgraduate Studies in Photography at the Catholic University of Porto. Two years previously she obtained her de‑ gree in Communication Sciences - specialization in Multimedia - from the University of Porto, carrying out an internship at Rádio Renascença in producing infographs. Between 2008/2009 she worked on the course’s digital radio and newspaper. Keywords Robinson, Foundation, Factory, Workers, Lockers, Objects

81


Pedro Pinto Basto An Anthropology student at the Faculty of Social Sciences and Humanities of the New University of Lisbon, he completed the Photography Course at the Ar.Co School. He has working knowledge of film and documentaries. He has taken part in various exhibi‑ tions in Almada and at the Ar.Co School. Keywords José Régio, Portalegre, House-Museum, Nature, Look, Exercise Book

Rita Carvalho She was born in Lisbon in 1971. She studied photog‑ raphy at the Maumaus Visual Contamination Centre and the Ar.Co School. She is currently completing her undergraduate studies in Photography at the Lusófona University of Humanities and Technolo‑ gies. She has worked as a press photographer and video assistant. She lives and works in Lisbon.

Simone Almeida She was born in Johannesburg (South Africa). She has always had a special interest in Photography. As there was no specific course in the area in Mozam‑ bique she moved to Oporto where she graduated in Sound and Image at the School of Arts of the Catho‑ lic University of Portugal. She specialized in pho‑ tography after attending a Postgraduate Course at the same university. She has participated in various academic and artistic projects. In the area of cultural and artistic work in 2012 she produced the Oblivious photographic project, a project that questions neu‑ trality within the picture. Keywords Robinson Factory, Stories, Women, Day-to-day, Prayer, Flash

Keywords Fragment, Suspended, Centre, Gravity, Centre of gravity, Equilibrium

82


E S PA Ñ O L

Alexandra Palmeiro Nació en Lisboa en 1979. Vive y trabaja en Porta‑ legre desde 2010. Ha pasado por Oporto, donde concluyó el máster en Comunicación Audiovisual, especializado en Fotografía Documental, por Caldas da Rainha, donde concluyó su licenciatura en Diseño Gráfico y Multimedia, y por Oeiras, donde vivió su infancia y su adolescencia. Se dedica a la fotografía y al diseño gráfico. palabras clave Fotografía, Patrimonio, Portalegre, Colección, Postales, Silos

Alexandre Ramos Nació en Lisboa en 1979 y en 1997 se traslada a Vi‑ seu. Su recorrido profesional ha estado conectado siempre con el área comercial y deportiva, especial‑ mente como atleta y como árbitro. En 2005, regresa a Lisboa y empieza a profundizar en su gusto por la fotografía, lo cual lo lleva a inscribirse en la carrera de fotografía de la Universidade Lusófona de Ciên‑ cias e Tecnologias, en 2009. Actualmente, es finalis‑ ta de la carrera y está desarrollando un proyecto en el área de la fotografía deportiva. palabras clave Fundación, Robinson, Fábrica, Extinción, Ausencia, Esperanza

Ana Sofia Santos En 2007 se licenció en Diseño Gráfico en el Insti‑ tuto de Arte, Design e Empresa y en 2011 concluyó sus estudios de fotografía en la escuela Ar.Co. Tiene otras pasiones, como la enseñanza. Ha impartido clases de Educação Visual, Tecnologias de Infor‑ mação e Comunicação y de fotografía, revelación e impresión en laboratorio, así como de fotografía di‑ gital y de estudio. Es fotógrafa freelance desde 2007 y expone desde 2006 obras en el área del diseño grá‑ fico y de la ilustración. palabras clave Portalegre, Espacio Robinson, Stop motion, Blanco y negro, Vertical

André Vicente Gonçalves Estudiante finalista de la licenciatura de Fotogra‑ fía de la Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Antes, fue estudiante de Ingeniería Informática en la Universidad de Évora, época en la que participó en el programa ERASMUS, en la Uni‑ versidad italiana de Trento. Como siempre le había gustado la fotografía, decidió abandonar la ingenie‑ ría para seguir lo que realmente le interesaba: la fo‑ tografía. palabras clave Industrial, Fábrica, Equipo, Máquina, Objeto, Miniatura

Cláudio Alves Nació en Tondela, en 1981. Vive en Lisboa. Tiene formación profesional en informática y multimedia, aunque siempre ha cultivado un interés especial por la fotografía. En 2007, se atrevió a cursar un más‑ ter integrado de Ingeniería de Ordenadores y Tele‑ mática, en la Universidad de Aveiro (Portugal). Allí, varios factores lo llevaron a ampliar sus conocimien‑ tos hacia áreas cuyo interés desconocía. Desde ese mismo año trabaja con fotografía y vídeo digital. En 2008 le interesa la fotografía analógica y la usa de manera creativa y personal. Desde entonces, ha ido conjugando la fotografía digital y la analógica, ha‑ llando sus puntos de convergencia/divergencia. En 2011, decide profundizar estructuradamente en to‑ dos sus conocimientos de fotografía. Actualmente, estudia fotografía en Ar.Co, en Lisboa. palabras clave Portalegre, Espacio Robinson, Fábrica Robinson, Fotografía, Memoria, Obreros

Helder Sousa Tiene el curso de Artes Gráficas de la Escola Espe‑ cializada em Ensino Artístico Soares dos Reis (19982001). En 2007 se licenció en Pintura por la Faculda‑ de de Belas-Artes da Universidade do Porto. Cursa desde 2010 el máster de Comunicación Audiovisual (variante de Fotografía y Cine Documental) en la Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo del Instituto Politécnico do Porto. Es operador de cáma‑ ra, editor de imágenes y fotógrafo freelance desde 2008. palabras clave Paisaje, Ciudad, Territorio, Desarrollo

83


Hermano Noronha En 2000, el interés por la fotografía reactiva el des‑ aparecido Laboratorio de Fotografía de la Asociación Cultural Oficina de Angra, donde funda OfFo – Ofi‑ cina de Fotografia (2009), que integra al cuerpo de artistas residentes de la Academia das Artes e da Ju‑ ventude da Praia da Vitória (2010). En 2012, cursa el Postgrado de Fotografía, Proyecto y Arte Contem‑ poránea, Atelier de Lisboa/IPA. Desde 2005 expone regularmente. palabras clave Fuego, Bomberos, Corporación, Fábrica, Corcho, Robinson

Joana Castelo Nació en Aveiro. Vive y trabaja en Oporto, donde concluyó el máster en Fotografía y Cine Documen‑ tal. Participó como fotógrafa en el proyecto Entre Margens – O Douro em Imagens, así como en la residencia artística Conviver na Arte – Fundación Robinson. Es fotógrafa y colaboradora de la editorial Lovers and Lollypops y del grupo de fotografía docu‑ mental ARCHIVO. palabras clave José Régio, Alentejo, Portalegre, Creyente/ No creyente, Dios y el Diablo, Soledad

Maarit Halonen Dice que no puede vivir sin la fotografía. Cursa la licenciatura de Fotografía en Yrkeshögskolan No‑ via, la Universidad de Ciencias Aplicadas de Finlan‑ dia. En 2012 estudió como alumna Erasmus en la licenciatura de Fotografía de la Universidade Lusó‑ fona de Humanidades e Tecnologias. Suele exponer, desde 2008, en su país de origen. Hizo prácticas de fotografía/ diseño gráfico y Animación en Ideias com Peso, en Lisboa. En su currículo cuenta con una am‑ plia experiencia en exposiciones, fotografía de moda y dirección de proyectos. palabras clave Portalegre, Espacio, Fábrica, Corcho, Luz, Plantas

Margarida Sá Marques En 2011, se licenció en Imagen y Sonido, especiali‑ zándose en vídeo, en la Universidade Católica Portu‑ guesa. A través del programa Erasmus estudió siete meses en la Universitat Internacional de Catalunya, en Barcelona. En 2012, se centró en el área que siem‑ pre le había interesado, la fotografía, terminando su posgrado en fotografía también en la Universidade Católica Portuguesa. palabras clave Archivo, Memoria, Portalegre, Familia, Robinsons, Mary Robinson

Maria Salgado Nació en Lisboa. Estudia la licenciatura de Historia del Arte en la Faculdade de Ciências Sociais e Hu‑ manas de la Universidade Nova de Lisboa. Al mismo tiempo, se ha dedicado a su formación en fotografía. En 2011 concluyó el Curso de Comunicação Audio‑ visual (Fotografía) en la Escola Secundária Artística António Arroio y, en 2012, cursó Fotografía Con‑ temporánea en el Atelier de Lisboa, con Bruno San‑ tos. Ha participado en diversos proyectos de arte, cine y fotografía. En 2011, fue asistente en la pro‑ ducción del casting de la película Luz da manhã, de Cláudia Varejão. Ese mismo año comenzó prácticas en STET-Livros e Fotografia, con Filipa Valladares y Paulo Catrica. palabras clave Espacio Robinson, Nuevos Habitantes, Asociaciones, Sedes, Espacio, Vivencia

Patrícia Barbosa En agosto de 2012 termina su postgrado en Fotogra‑ fia en la Universidade Católica do Porto. Dos años antes, concluye la licenciatura en Ciencias de la Co‑ municación (especialización en Multimedia) de la Universidade do Porto y llegó a hacer prácticas en Rádio Renascença, produciendo infografías. Entre 2008 y 2009 colabora con la radio y con el periódico on-line de su universidad. palabras clave Robinson, Fundación, Fábrica, Obreros, Taquillas, Objetos

84


Pedro Pinto Basto Estudiante de Antropología en la Faculdade de Ciên‑ cias Sociais e Humanas de la Universidade Nova de Lisboa, ha terminado el curso de Fotografía de la escuela Ar.Co. Conocimientos de cine y documental. Ha participado en varias exposiciones en Almada y el Ar.Co. palabras clave José Régio, Portalegre, Casa-Museo, José Régio, Naturaleza, Mirada, Cuaderno

Rita Carvalho Nació en Lisboa en 1971. Estudió fotografía en el Centro de Contaminação Visual Maumaus y en la escuela de artes Ar.Co. Actualmente, concluye su licenciatura en Fotografía en la Universidade Lusó‑ fona de Humanidades e Tecnologias. Ha trabajado en fotoperiodismo y como asistente de vídeo. Vive y trabaja en Lisboa. palabras clave Fragmento, Suspendido, Centro, Gravedad, Centro de gravedad, Equilibrio

85

Simone Almeida Nació en Johannesburgo (Sudáfrica). Siempre ha nutrido un interés especial hacia la fotografía. Como no había en Mozambique ninguna licenciatura espe‑ cífica en este ámbito, se trasladó a Oporto, donde se formó en Imagen y Sonido en la Escola das Artes de la Universidade Católica Portuguesa. Se especializó en Fotografía tras cursar un postgrado en la misma universidad. Ha participado en varios proyectos académicos y artísticos. En el área de la producción cultural y artística desarrolló, en 2012, el proyecto fotográfico Oblivious, que pone en tela de juicio la supuesta neutralidad del retrato. palabras clave Fábrica Robinson, Historias, Mujeres, Día a día, Oración, Flash


Conviver na Arte Projecto 0354-ARTE-6-E Parceiros Fundação António Gala | Córdova, Espanha Fundação Robinson | Portalegre, Portugal Universidade de Salamanca | Salamanca, Espanha Centro de Estudos Ibéricos | Guarda, Portugal Fundação Eugénio de Almeida | Évora, Portugal Câmara Municipal de Serpa | Serpa, Portugal



ARTE

Uni達o Europeia FEDER Investimos no seu futuro


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.