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As diferentes cores do ESG em Portugal
Os responsáveis máximos de cinco entidades nacionais levantam a ponta do véu e contam de que forma estão a abordar a crescente aposta no investimento sustentável.
Nos últimos anos o investimento com critérios ambientais, sociais e de governance (ESG) registou um impulso brutal. Foram vários os catalisadores que estimularam a mudanças na oferta das entidades gestoras para fazer face à procura e às exigências dos reguladores, em permanente evolução. Os avanços do ponto de vista regulatório nesta matéria, a influênciados investidores, em especial dos mais jovens e mais despertos para as questões da sustentabilidade, e até a pandemia, são alguns exemplos.
Esta tendência está a ganhar muita velocidade na Europa, e Portugal não é exceção. Seja através do lançamento de novos fundos já ESG-oriented, através da implementação de mudanças provenientes de regulamentos legais como a SFDR, ou até através da aposta na formação dos seus profissionais,as gestoras nacionais têm feito um esforço para mais ser mais verdes, mais azuis... e outras tantas cores. Porque o ESG não é só verde. Como se materializam na prática esses esforços?A FundsPeople falou com os CEO das cinco maiores gestoras de fundos mobiliários nacionais para perceber como os máximos responsáveis destas entidades olham para a questão do ESG na sua oferta. A nota dominante é, sem dúvida, a de que o tema já não pode ser ignorado.
Jorge Sousa Teixeira BPI Gestão de Ativos Paula Geada Caixa Gestão de Ativos
TRANSVERSALIDADE
Esta é a palavra que o novo CEO da entidade usa para falar do tema da sustentabilidade na organização, onde 70% dos AuM em fundos pertencem a produtos artigo 8º. “A experiência de um investidor nas nossas soluções vai também mudar com as preferências ESG e esse caminho tem que ser preparado”, explica. Assim, o profissional onsidera que toda a estrutura tecnológica e organizativa da empresa teve e tem de continuar a ser ajustada para se adaptar ao ESG. “Estamos a falar de uma grande quantidade de informação e de informação muito díspar. Informação nova. Saber comunicar a informação certa com o cliente é muito importante”, refere. VOZ ATIVA
Na Caixa Gestão de Ativos, o facto de estarem inseridos num grupo como a CGD é uma mais valia no tema. Como recorda Paula Geada, o grupo tem sido muito ativo em todas as vertentes do E, do S, e do G. e, portanto, consideram ter um forte aliado na construção do caminho rumo à sustentabilidade. Por outro lado, para a CEO é necessário mostrar que os fundos da casa refltem as preocupações com este tema e que dentro da sua capacidade, a gestora intervém junto das empresas em que investe para que também elas façam este caminho. “Só em conjunto conseguimos criar um ecossistema bom para todos”, sublinha.
João Pina Pereira GNB Gestão de Ativos Emanuel Silva IM Gestão de Ativos
PASSO A PASSO
Na GNB Gestão de Ativos a abordagem à temática é muito consciente das capacidades da própria entidade. Por isso, em termos de produto, a política de sustentabilidade vai gravitar entre o artigo 6º e o artigo 8º da SFDR. “Será muito difícil termos um fundo artigo 9º. Achamos que uma empresa pequena à escala global, como é o caso da nossa, não pode ter quaisquer veleidades de querer fazer o que é feito num fundo com artigo 9º”, explica. João Pina Pereira revela, porém, que “progressivamente vários fundos passarão a ser inseridos no artigo 8º” e já têm na mira a passagem de dois fundos para este artigo 8º. IMPORTÂNCIA VS. DIFICULDADE
Do lado da IMGA, o responsável da entidade acredita que “o tema da sustentabilidade é “extremamente importante” e que, por isso, é imprescindível estarem posicionados nele. Para já, conta, classifiaram os fundos entre o artigo 6º e o 8º, da SFDR, e criaram também um score interno para a parte ESG. Contudo, para o profissional, a grande transformação no ESG virá do lado dos clientes institucionais”, sendo ainda um espaço de pouca procura por parte dos clientes de retalho. Porém, o líder da IMGA considera que a legislação representa um obstáculo por ser muito densa e confusa. “Faltam dados, informação e padronização. É impossível fazer o que quer que seja neste tema sem o material para o fazer”, reitera.
Nuno Henriques Santander AM
COMPROMISSO
Conforme conta o CEO da Santander AM “existe um grande compromisso de que esta abordagem faça parte do ADN da entidade”. Além de a gestora ter a intenção de ver grande parte da gama de fundos de investimento da entidade classifiada como artigo 8º da SFDR, ao nível do grupo Santander, é atribuído um rating interno a cada um dos emitentes em que investem sem o recurso a fontes externas de dados. Segundo Nuno Henriques, na entidade acreditam que “na avaliação de investimentos, se forem considerados critérios não finaneiros a par dos critérios tradicionais, não só haverá mais retorno, como também um impacto positivo a médio e longo prazo”.
A OPINIÃO DE
JOHANN PLÉ Gestor do fundo AXA WF ACT Dynamic Green Bonds, AXA IM
RUMO A CARTEIRAS DE INVESTIMENTO CADA VEZ MAIS VERDES
Nos últimos anos, o aumento da consciência meio-ambiental estendeu-se de maneira global, chegando a consumidores, empresas e governos de todo o mundo. Consequentemente, a inquietude generalizada da população sobre a necessidade de reduzir o consumo energético ou preservar o nosso ecossistema, impulsionou um forte crescimento no mercado global de obrigações verdes. A mentalidade do investidor está a mudar e isso traduz-se numa maior presença de investimento responsável nas suas carteiras. Para dar resposta a esta tendência, da AXA IM colocamos à disposição dos investidores o fundo AXA WF ACT Dynamic Green Bonds, cujo objetivo é gerar receitas e crescimento a longo prazo, em linha com os vários ODS. Sob uma gestão ativa, especializada e flexível que permitirá aos investidores enfrentar melhor os ciclos de mercado, este fundo consolida a nossa oferta de obrigações de impacto, centrando-se em quatro pilares: edifícios verdes, ecossistema sustentável, transportes de baixas emissões de carbono e soluções energéticas inteligentes. As green bonds oferecem aos investidores uma fonte de melhor desempenho de longo prazo; de facto esperamos um aumento significativo na proporção de emitentes high yield e de mercados emergentes neste universo.