O DESPORTO E O DESIGN
CONHEÇE 5 ATLETAS/TREINADORES DE DIFEENTES MODALIDADES
O CASO NIKE
FICHA TÉCNICA TEMA
DesafiAr PROPRIEDADES AR- Revista do Mestrado em Design Gráfico da ESARTIIPCB em associação com a FA-ULisboa EDITORES Daniel Raposo José Silva João Neves COMISSÃO CIENTÍFICA DO MESTRADO Daniel Raposo Fernando Moreira da Silva Gonçalo Falcão João Neves José Silva Teresa Cabral DIREÇÃO DE DESIGN Daniel Raposo José Silva TEXTOS E REDAÇÃO Gabriela Silva Rodrigo Marques PROJETO DE DESIGN E PAGINAÇÃO Gabriela Silva Rodrigo Marques DESIGN DE CAPA
AGRADECIMENTOS
Gabriela Silva Rodrigo Marques
Alfra Teixeira Catarina Martins Enyo Freitas Fernando Mota FitnessUP - Castelo Branco Joana Pinto Jorge Bordalo José Abreu José Coelho - DRJD Luís Cabelo Luís Pedro Farias Maria Heitos Paula Marques
IMPRESSÃO Serviços Centrais - IPCB DATA DE EDIÇÃO 2020 TIRAGEM 150 exemplares ISSN 2184-4674
2
DESAFIAR
6
.
#AGENTEEXPLICA
O QUE É O DESIGN E A IMPORTÂNCIA QUE ESTE APRESENTA NA SOCIEDADE
28 PARKOUR MEET ALFRA TEIXEIRA #MASESOBREODESIGN?
84 4
10 #SABIASQUE
12
O CASO NIKE
ATLETISMO
44
MEET JOANA PINTO #MASESOBREODESIGN?
RUGBY
58
MEET MARIA HEITOR #MASESOBREODESIGN?
DESPORTOS DE COMBATE MEET JOSÉ ABREU MEET FERNANDO MOTA #MASESOBREODESIGN?
6
#AGENTEEXPLICA
#APPSDOMOMENTO
A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA E SAUDÁVEL POR PAULA MARQUES
O TOP DE APLICAÇÕES QUE TENS OBRIGATÓRIAMENTE QUE BAIXAR
DESAFIAR
| O QUE É O DESIGN E A IMPORTÂNCIA QUE ESTE APRESENTA NA SOCIEDADE |
O design não trata apenas da estética ou de tornar um produto mais atraente, o design desempenha um papel muito mais importante, ele responde à necessidade dos consumidores e possibilita que um certo produto ganhe valor. O design é uma ferramenta que melhora os aspetos comunicativos, funcionais e/ou ergonômicos de algo, de forma a resolver as necessidades detetadas. O design é algo complexo, não é apenas a comunicação e a estética, é inovação, é criatividade, é uma forma de pensar e de reinventar. Ele transforma a informação e comunica-a de forma visual e simplificada, marcando a diferença ao comunicar algo. O design cada vez mais ocupa um lugar de grande importância nas empresas, contribuindo para o sucesso, a sustentabilidade, a criação de valor, e claro, para uma melhor comunicação. É um
6
DESAFIAR
processo de pensamento e um campo de estudo muito abrangente e para cada vertente existe uma área do design que pode ser aplicada. As áreas mais conhecidas são o design gráfico e o design de produto, no entanto, existem muitas outras áreas para atender as mais diversas necessidades. Ambas as áreas são constantemente aplicadas na área do desporto, desde os equipamentos à comunicação, desde a fotografia às aplicações. As áreas mais conhecidas
são o design gráfico e o design de produto, no entanto, existem muitas outras áreas para atender as mais diversas necessidades. Ambas as áreas são constantemente aplicadas na área do desporto, desde os equipamentos à comunicação, desde a fotografia às aplicações. É importante perceber o quanto o design de comunicação pode influenciar na escolha de certos equipamentos ou até na escolha de um clube, ginásio ou grupo desportivo.
Fotografias de Krisztian Tabori
O DESPORTO E O DESIGN
7
Os designers gráficos, grandes arquitectos da informação, são os mestres da clareza e da informação. São os mestres das mensagens. São os mestres da semântica. E o mundo precisa de semântica, de significados. E eu gosto disso. Elegante, poderoso e intemporal. Carlos Rosa, diretor do IADE-Universidade Europeia O poder do design gráfico In Meios & Publicidade 23/02/2018
O processo do design de comunicação envolve toda a parte comunicativa, como o nome indica, trabalha sobretudo jornais, livros, revistas, brochuras, flyers, cartões-de-visita, infografias, diagramas, cartazes, entre outros. Esta vertente tem o poder de transformar uma mensagem confusa e complexa para uma mensagem visual e mais simplificada. São capazes de editar um certo conteúdo de forma a transmiti-lo de forma clara e criativa. Um produto é o resultado da ação do design, que combina a aparência final do mesmo com a funcionalidade. Os equipamentos são projetados de forma a responder a uma necessidade, é importante que estes não prejudiquem a performace do atleta nos seus treinos ou competições. Para cada segmento existem designers devidamente formados numa área muito específica, por exemplo no semento desportivo um designer de calçado. No ramo desportivo e numa grande parte das modalidades um dos equipamentos mais importantes e mais usados é o calçado, este pode influenciar a performance do atleta caso este use um calçado que não tenha sido projetado e adequado para a sua modalidade. É feita uma avaliação dos objetivos do atleta para perceber que propósito esse equipamento deve cumprir, perceber em quê que todos os outros produtos seme-
8
DESAFIAR
lhantes falham ou que aspetos deveriam ser melhorados e de que forma pode proporcionar mais conforto. As grandes marcas desportivas como a Nike, a Adidas, a Puma, a Reebok, entre outras são um grande exemplo de tudo isso. Elas para além de oferecerem um produto que promete uma boa performance desportiva e grande conforto, transmitem aos consumidores certos valores e fazem com que estes sintam-se parte de um grupo ao qual foi atribuído um certo status social, tudo graças à comunicação gráfica, audiovisual e ao marketing. É de realçar que estas grandes empresas são ponderadas na maneira como publicam a informação, pois o poder do design é tão grande que uma mesma mensagem pode transmitir um vasto conjunto de interpretações ou emoções, logo, caso seja projetada da forma errada pode ser fatal. O design e a comunicação influenciam nas decisões dos consumidores das marcas desportivas, seja para vender o produto, a marca e a imagem como também para afirmar uma posição social e defender os seus princípios enquanto marca.
~
Fotografia de Headway
Fotografias retiradas do site da nike
10
DESAFIAR
| O CASO NIKE | No caso Nike, a marca vende um conjunto de valores aos consumidores nas suas campanhas, sejam nos posters, ou na gestão das redes sociais onde apesar de nem sempre o slogan “Just Do It” estar presente continua a transmitir o valor e o status de atitude. A missão da Nike é trazer inspiração e inovação para todos os atletas do mundo e ainda acrescentam “If you have a body, you are an athlete – Se tens um corpo, és um atleta”, ou seja, qualquer um de nós pode ser um atleta. A Nike como muitas outras marcas, mantém um contato próximo com os atletas, observa-os, conversa e tenta perceber o que os motiva e recolhem a informação de forma poderem implementar esses dados no processo de design. O objetivo é criar tecnologias inovadoras, potenciar os produtos através da inovação de materiais sustentáveis e elevar o potencial dos atletas, fazendo com que possam cumprir os seus objetivos. Segundo Johanna Schneider, diretora sênior de design da Nike Women Sportswear, quanto menos um atleta pensa sobre o que está a vestir, melhor, o que realmente importa é que o atleta sinta-se bem e jogue bem.
“We are makers of things, we are makers of experiences”
Cartaz publicitário da marca Nike
A Nike é uma das marcas líderes de vestuário desportivo e uma parte desse sucesso deve-se às campanhas publicitárias. O conteúdo informativo das campanhas são histórias e mensagens com significados fortes, que levam o consumidor a sentir certos sentimentos de superação e confiança. As suas campanhas estão associadas com problemas atuais e com as causas que a marca apoia, como a igualdade, os problemas ambientais, os direitos humanos, a pobreza, entre outros.
Spirit of Nike Digital
O DESPORTO E O DESIGN
11
0 1
Local: Pista de Atletismo- Castelo Branco | Modelo: Luís Pedro Farias
JOANA PINTO Joana Jardim interessou-se no atletismo por incentivo de um professor e iniciou no ano de 2009 a modalidade na Associação Desportiva e Recreativa de Água de Pena – ADRAP, onde permaneceu até ao ano de 2011. Em 2012 passou para a Associação Cultural e Desportiva do Jardim da Serra – ACD Jardim da Serra, onde permanece até o presente. Atualmente Joana é professora de educação física e o seu percurso nesta modalidade foi um fator que ajudou na escolha da profissão.
18
DESAFIAR
Nome: Joana Jardim Pinto Naturalidade: Madeira, Portugal Idade: 24 Formação: Licenciatura em Educação Física e Desporto Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário Profissão: Professora de Educação Física Modalidade: Atletismo Escalão: Sénior Clube atual: ACD Jardim da Serra Uma virtude: Persistente e resiliente Um defeito: Perfecionista
Fotografias cedidas por Enyo freitas
20
DESAFIAR
| JOANA PINTO | Como te defines? Quem é a Joana Pinto? Joana Pinto: A Joana Jardim é uma pessoa ambiciosa, persistente, que gosta muito de ser perfecionista, luta muito pelos seus objetivos, mas também às vezes é um pouco insegura em relação ao que é capaz de fazer. Essencialmente a Joana é essa pessoa, que gosta de lutar, gosta de mostrar que consegue fazer, mas nem sempre acredita nas suas capacidades e isso é uma desvantagem que a Joana têm, que eu tenho. Como é que surgiu o teu interesse pelo atletismo? J.P: O meu interesse pelo atletismo não surgiu de uma forma autónoma, foi por incentivo de um professor da escola do Estreito, na altura. Ele sugeriu que eu experimentasse o atletismo, que fosse aos treinos ao fim do dia lá na escola e eu decidi que queria ir. Entretanto, eu fui e gostei. Gostei da dinâmica do grupo, gostei das pessoas que estavam lá, tínhamos uma boa relação e o meu gosto pelo atletismo foi surgindo naturalmente conforme eu ia praticando e aprendendo novas coisas. Como correu a tua primeira prova? J.P: A minha primeira prova não correu muito bem. A minha primeira prova foi o triatlo jovem e eu já comecei um bocadinho tarde no atletismo, neste momento tenho 24 anos e por norma é melhor começar um pouco mais cedo para nos familiarizarmos com os exercícios. A prova foi um triatlo técnico que engloba três provas, 60 metros barreiras, salto em comprimento e o peso. A primeira prova destas três foi o peso que foi aceitável, na corrida já não correu assim tão bem, no aquecimento caí, no meio da prova caí novamente, levantei-me e voltei a correr.
Mas foi uma boa experiência e ainda hoje recordo-me disso e o meu primeiro treinador também recorda-se e só serviu para mostrar que o atletismo não é fácil e que envolve muita persistência e muito trabalho. Sentes que o facto de praticares desporto influenciou na escolha da tua profissão? J.P: Sim, sem dúvida. Não foi só o facto de eu ter iniciado na modalidade de atletismo que influenciou a minha atual profissão, sempre ter gostei de desporto desde criança, eu andava no segundo ano e eu lembro-me de dizer à minha professora de educação física que um dia gostava de ser como ela, de ter a profissão que ela tinha. Claro que surgiram muitas incertezas no momento da escolha, mas depois falou o meu coração e o no meu coração estava o desporto e foi essa área que eu decidi ir, embora já estivesse no atletismo há uns cinco ou seis anos acredito que o facto de estar no atletismo foi uma decisão que influenciou certamente a minha escolha a nível profissional, sem dúvida. Para além do desporto também tens a música como atividade. Ao longo dos anos como conseguiste conciliar estas atividades com os estudos? J.P: Nem sempre foi fácil conciliar as duas atividades, duas atividades de recriação ou de lazer ou tempo livre como atualmente denominam e é nesse âmbito que eu as enfrento, não sou uma atleta profissional, nem de alto rendimento, faço atletismo porque gosto e sou música porque gosto, gosto do convívio, de aprender e de enfrentar novos desafios.
-
O DESPORTO E O DESIGN
21
As coisas não se adquirem de um dia para o outro, é preciso trabalho, é preciso esforço, às vezes é preciso muito suor...
Mas nem sempre foi fácil de enfrentar esses dois desafios juntamente com questões pessoais, o estudar, o ajudar os pais num estabelecimento comercial, não foi de todo fácil. Exigiu essencialmente muita gestão, muito controlo e muita rentabilização do tempo, porque eu sabia que tinha aquele tempo para estudar e era naquele tempo que eu tinha que estudar, se não estudasse nesse tempo já não iria ter tempo para estudar. Qual foi o teu maior desafio? J.P: O meu maior desafio foi enfrentar os meus medos e acreditar que eu conseguia, sem dúvida. No atletismo eu estou numa disciplina que não é muito fácil, é o salto com vara e sempre me foram colocadas algumas questões, de que eu sou magrinha e não tenho força, não tenho assim tanta habilidade técnica e desportiva para a modalidade e sempre foi preciso trabalhar muito e adquirir muita força, muita velocidade e foi sempre preciso trabalhar muito todas as componentes. Questionaram se eu alguma vez conseguiria fazer três metros no salto com vara, que não é nenhuma marca assim extraordinária, mas para mim era e sempre foi um sonho que eu tinha, de atingir aquela marca e foi preciso muito trabalho psicológico de mim própria, das minhas próprias capacidades e de acreditar em mim para conseguir, sem dúvida alguma. Um dos meus maiores desafios foi acreditar em mim, até nem me refiro só ao atletismo, também ao nível da minha formação académica, que eu considero que “era”, porque acho que já evoluí, era uma pessoa muito insegura, não acreditava naquilo que as pessoas me diziam, achava que eu é que era sempre das mais fracas, quando na verdade não era assim, não era essa a realidade.
22
DESAFIAR
Do atletismo qial é a modalidade que gostas mais? E qual gostas menos? J.P: Eu já pratiquei outras modalidades para além do atletismo, eu iniciei a minha atividade desportiva na ginástica. Ao nível do atletismo, sem dúvida que tem-se tornado a mais marcante, por isso é que eu continuo a praticar já após tanto tempo, sendo que a disciplina que mais me fascina no atletismo é o salto com vara, é a disciplina que eu dedico mais tempo, é aquela que eu estabeleço objetivos mais elevados para mim própria, é aquela para qual eu trabalho diariamente. Por outro lado, eu também gosto muito de fazer velocidade e salto em comprimento. No momento, tanto os lançamentos como as barreiras são das disciplinas que me despertam menos interesse, não pelo facto de ser ou mais difícil ou mais fácil, simplesmente porque não me cativa tanto quanto as outras disciplinas. Já conquistaste algumas medalhas. Como te sentes quando as conquistas? J.P: A grande maioria das medalhas que eu conquistei até hoje foi a nível regional, não é aquela emoção. As maiores medalhas que eu ganhei foram sem dúvida terme superado a mim própria, ter superado os meus recordes pessoais, a esse nível sim, foram momentos de muita alegria que embora não tenham sido representadas por um recurso material, como é uma medalha, significaram muito mais para mim e deram-me muito mais do que os meros pódios que alguma vez eu possa ter conquistado. Por vezes as medalhas nem sempre representam o melhor que nós conseguimos fazer, eu posso ter ganho uma medalha com uma marca insignificante e noutra competição não ter ganho alguma, mas ter feito um recorde pessoal.
Fotografias cedidas por Enyo freitas
É nessa perspetiva que eu levo o atletismo, não quero o atletismo para ganhar “medalhas” porque não é dessa forma que o encaro, mas sim na perspetiva de eu conseguir melhorar as minhas capacidades e conseguir superar os meus desafios. O que te motiva no dia-adia? J.P: Perfecionista como eu sou, o que me motiva é ser a cada dia que passa uma melhor, uma melhor profissional e dar um pouco de mim a cada um, a quem eu leciono, a quem eu dou treino. É fazer com que a sociedade também evolua, que eles percebam que existem determinadas formas para se comportar, para encarar os desafios,
que nem sempre podemos ganhar, precisamos aprender que muitas vezes é nas derrotas que conseguimos evoluir, que aprendemos mais. É através disso que eu pretendo inserir nos meus atletas e alunos, uma perspetiva de transformação, de evolução e de resiliência. As coisas não se adquirem de um dia para o outro, é preciso trabalho, é preciso esforço, às vezes é preciso muito suor e é nessa mesma perspetiva que eu pretendo transmitir os valores. Se tivesses de icentivar alguém à pratica do atletismo que argumentos utilizarias? J.P: Muita gente pensa que o atletismo é uma modalidade chata. “É só correr.”
maso atletismo não é bem assim, existem várias formas de fazer atletismo. Mas, eu acredito que o essencial do atletismo vira-se para o gosto e para a superação dos seus limites e é aí que se ganham um bocadinho mais o gosto. Claro que isso também depende muito da motivação e interesse de cada um, da personalidade, da capacidade de resiliência, de sacrifício, de esforço e tudo isso. Mas o principal argumento não só para praticar atletismo, como outra modalidade qualquer é tornar-se mais ativo, tornar-se mais saudável e a partir daí ter um estilo de vida mais ativo. Isso permitirá reduzir a possibilidade de vir a ter doenças muitas vezes relacionadas com o sedentarismo, como por exemplo
O DESPORTO E O DESIGN
23
a obesidade, as diabetes e outras doenças. Achas que já concretizaste todos os teus sonhos? Quais os que te faltam alcançar? J.P: Não, há muitos sonhos que me faltam alcançar. Um deles espero alcançá-lo este ano a nível do atletismo, tenho outro que pretendo que seja alcançado a nível profissional e a nível pessoal é claro que também tenho outros mais. A nível profissional gostava de ingressar no próximo ano letivo no ensino, a nível desportivo tenho um objetivo para esta época que é saltar 3,35m no salto com vara e estou a trabalhar para isso e a nível pessoal já são projetos um pouco mais individuais. Quais são as tuas perspectivas para o futuro? J.P: Já referi uma, gostava muito de começar a lecionar, é um dos meus principais objetivos neste momento e depois a ambição pessoal de construir uma família e lutar sempre por aquilo que eu sonho, lutar cada dia por um objetivo, ter sempre um objetivo em mente, focar-me e viver também um pouco sobre isso porque acho que é isso que nos faz ganhar garra pela vida, que nos faz lutar e conseguir tornarmo-nos melhores a cada dia que passa. Olhando para o teu percurso, o que te deixa mais orgulhosa? J.P: De muita coisa que eu ganhei pelo atletismo e pela minha formação académica, muito controlo emocional, muito trabalho psicológico, muito sacrifício, muita resiliência e muita determinação.
Fotografias cedidas por Enyo freitas
24
DESAFIAR
|ATLETISMO |
O atletismo é uma modalidade complexa, é um desporto individual, no entanto também funciona como equipa. É composta por várias especialidades como, a marcha, corrida, salto, lançamento e provas combinadas. Pode ser praticada em pistas, em campo nas modalidades de salto e lançamento e na rua no caso das maratonas ou provas. Ao representar esta modalidade em campanhas e cartazes são muitas vezes utilizadas fotografias de uma ou mais pessoas a correr ou em pose de partida, com expressões calmas e com cores “pale”, como o azul turquesa e um laranja claro, relacionado com as pistas de atletismo. A tipografia utilizada é maioritariamente sem serifa e com formas arredondadas, representando a contemporaneidade, esta é também bastante neutra, e sem se impor demasiado no objeto gráfico, dando assim destaque a imagem em si! As marcas gráficas dos clubes de atletismo contêm também elas, muitas vezes, símbolos represent-
26
DESAFIAR
ativos de uma pessoa a correr, símbolos de umas sapatilhas com asas, ligado à velocidade da corrida. Algumas equipas/clubes usam também animais na representação da sua marca gráfica, animais esses que são sobretudo aves, como por exemplo as águias. Com um design minimalista e tipografia também ela sem serifa, as cores utilizadas são tanto cores quentes como frias, maioritariamente tons de laranja e vermelho, e tons de azul. Ao representar uma equipa ou clube de atletismo, é importante representar, de certa forma, a velocidade, seja através de um corpo humano, animal ou objeto. Deve-se também ter em atenção às cores a utilizar, caso se queira destacar dos seus adversários, deve-se optar por cores opostas dos azuis e vermelhos, como por exemplo os roxos e os verdes.
Cartaz publicitário da marca de roupa e calçado adidas
Logo do clube de Atletismo Dansk Atletik
Cartaz publicitário da marca de roupa e calçado adidas
Logo do clube de Atletismo Runners of Cosmo
O DESPORTO E O DESIGN
27
1 2
Local: Skatepark- Castelo Branco | Modelo: Jorge Bordalo
ALFRA TEIXEIRA Segundo o Alfra Teixeira é necessário sair da zona de conforto e arriscar, pois acredita que só assim pode ser a melhor versão de si próprio. Começou por ser ginasta e aos dez anos descobriu a paixão pelo parkour, a prática desta modalidade abriu portas para um outro interesse, a área do vídeo. Afirma que é complicado conciliar todas as atividades devido à grande quantidade de trabalho e dedicação que estas exigem, no entanto o esforço diário permite que consiga manter o foco sem prejudicar a qualidade das mesmas.
34
DESAFIAR
Nome: Alfra Teixeira Naturalidade: Braga, Portugal Idade: 24 Área de conhecimento: Multimédia Profissão: Professor de Parkour, Fimlmaker, Professor de artes performativas e performer circense Modalidade: Parkour Clube atual: Team Braga e Malatitsh Uma virtude e um defeito: Teimoso e obsessivo Curiosidade: Semifinalista Got Talent 2015 (Team Braga)
| ALFRA TEIXEIRA | Como se define? Quem é o Alfra? Alfra Teixeira: Sou o Alfredo Teixeira, também conhecido por Alfra. Sou sobretudo atleta de parkour e é daí que surgiu tudo, também sou performer e mais recentemente treinador de ambas as áreas. Sou um recente filmmaker, porque esta modalidade sempre necessitou dessa área para se fazer ver para os outros. sidades detetadas. Como surgiu o seu interesse pelo parkour? A.T: Eu fui ginasta durante oito anos e esse interesse surgiu ao passar os movimentos que se fazia dentro do ginásio, que era “fixe” não é? Um miúdo de dez anos, tudo o que faz dentro quer fazer fora, vai para a escola e quer fazer um mortal, ainda por cima na altura dos D’zrt que eles faziam mortais, nós queríamos fazer o mesmo e uma coisa acabou por interligar a outra. Antes de saber o nome, que era parkour, porque em 2006 e 2007 ninguém sabia o que era, nem eu sabia o que era, surgiu a questão de fazer esses movimentos na rua lentamente.
Depois vamos conhecendo outras pessoas que também fazem parkour ou alguém que viu e também quer treinar e os grupos começam a surgir, o movimento começa a evoluir quer na própria cidade ou a nível nacional. O jeito que eu já tinha da ginástica e que transpus para o parkour levou que esse conhecimento fosse notório em pouco tempo, porque eu em um ano juntei-me à principal equipa de parkour em Portugal na altura e isso acabou por trazer reconhecimento e motivação para continuar e para chegar onde cheguei hoje. És treinador de parkour, trabalhas como filmaker e ainda representas. Como consegues conciliar todas nestas atividades?
36
DESAFIAR
A.T: Pois, boa pergunta, nem eu sei. Acho que é uma coisa complicada de se gerir e cada vez mais por causa da quantidade trabalho. Todas as semanas tenho que vir dar aulas de parkour e aulas de circo, todas as semanas tenho trabalho como performer, todas as semanas tenho trabalhos na área do vídeo e tenho reuniões para cada um desses projetos para além do trabalho. Eu sinto que cada vez mais está a ser difícil conciliar isso tudo e se calhar um dia vou ter que escolher porque pode não dar para manter tudo, mas até agora tenho conseguido e nenhum desses trabalhos tem sido prejudicado. Eu não posso querer trabalhar em tudo e prejudicar a qualidade em qualquer um deles, então até ao ponto que eu conse-
guir manter essa qualidade, essa fasquia alta, eu mantenho o que estou a fazer porque eu gosto de tudo o que faço. Estas atividades complementam-se? A.T: Todas elas. Eu comecei no parkour e na ginástica e o gosto por fazer vídeos no início não era um gosto, era uma necessidade. Na altura fazia parkour para pôr no youtube e na altura as câmaras eram o que eram. Foi a necessidade de mostrar que tínhamos uma equipa e que erámos miúdos de 10 e 11 anos e começamos a pegar nas máquinas, não sabíamos como era, mas ao menos íamos chegar lá. Então essa necessidade foi-se complementando e ao longo do tempo as
pessoas vão vendo e nós queremos manter essa qualidade e melhorar, se calhar, em vez de gastar o dinheiro em chicletes compras máquinas, juntar mais dinheiro para comprar uma coisa melhor. Ao longo do tempo a qualidade melhora, os programas e os efeitos acabam por melhorar essa visualização para as pessoas, e o facto de elas gostarem do que fazemos leva a que nós queiramos desenvolver essa área visual, quer seja na área do vídeo ou do design, para que se possa fazer para t-shirts, cartazes, fotos de capa de facebook ou para logotipos da equipa. Em todas essas áreas isso é necessário e na área da performance somos nós próprios a fazer os vídeos dos shows e dos espetáculos e as fotografias que tiramos às personagens, tudo isso somos nós a fazer.
Fotografias de Alfra Teixeira/Headframe visuals
Podemos fazer tudo isso mal, tirar uma foto e a pessoa nem gosta ou podemos fazer isso um bocadinho melhor, mostrar mais qualidade e fazer parecer às pessoas que aquilo é mais profissional, do que se calhar é. A imagem que transmitimos através dos Mídias é se calhar tão ou mais importante que a qualidade que apresentamos no próprio evento, portanto é muito importante manter essa qualidade.
O que te motiva? A.T: No parkour é ser melhor que eu próprio, sempre. Os desafios, a questão de sair de casa e sentir que vim mais forte, sentir que ultrapassei uma barreira e isso transpõe-se para a nossa vida, porque o facto de eu fazer um salto de que tenho medo, sou eu que estou a lutar contra mim mesmo, contra o medo que eu tenho, de que posso cair, que pode correr mal. Eu tenho que tirar as minhas conclusões do que pode correr mal, do que pode correr bem, porque em tudo o que tu fazes existem coisas que podem correr bem ou correr mal, tudo tem os seus prós e os seus contras e o parkour leva-nos a termos uma noção muito grande, de analisarmos uma situação antes de agir e ver o que pode correr mal, chegar a uma conclusão e arriscar. Às vezes damos um passo em falso e não sabemos como vai acabar, mas também se não dermos esse passo não vamos sair do que já temos, do que já temos por assegurado,
é preciso sair da zona de conforto para tentarmos melhorar aquilo que nós somos. Por exemplo, na nossa empresa de vídeo, nós podíamos estar a trabalhar por conta de outrem, era muito mais fácil, mas se calhar para nós a nossa visão é outra porque somos atletas de parkour. Somos três atletas e mais uma pessoa de marketing, mas todos temos a noção que é necessário arriscar, portanto para nós faz mais sentido tomar essa iniciativa de fazer algo novo com a nossa visão e não com a de outra pessoa. Acho que é através do parkour que nós temos essa proatividade e essa coragem de fazer alguma coisa, de fazer acontecer e não deixar que os outros façam por nós.
38
DESAFIAR
Que argumento utilizarias para convencer alguém a praticar esta modalidade? A.T: O parkour é para todas as idades e todos os géneros, cada vez mais isso começa a ser mais banal, as pessoas já começam a conhecer, antes era muito difícil. Antes as pessoas viam-nos como “gandulos”, hoje em dia se calhar já não o somos, somos apenas miúdos malucos. Algumas pessoas já veem de outra forma, já veem como arte, há muitas perspetivas do que é o parkour. O parkour traz mais-valias em termos de confiança e de mobilidade, porque é muito completo em tudo, nós trabalhamos todas as partes do corpo quer fisicamente ou mentalmente. O parkour é muito livre e cada um adapta o movimento ao que quer, há muito pouca competição, a liberdade de movimento e a expressão são grandes, podemos interligar com dança ou com os mortais que acaba por ser a vertente free running que é o parkour com mortais. Se é um desporto perigoso? Sim, sem dúvida alguma. Eu já caí, os miúdos já caíram, toda a gente vai cair um dia mais tarde. Temos é que aprender com os erros e fazer as coisas de outra forma, pensar melhor e ter mais cautela, mas depois de dominarmos o movimento é difícil de existir quedas perigosas porque já estamos habituados a cair, por isso se o movimento sair de uma forma não planeada nós acabamos por adaptar e as coisas acabam por correr bem. Sentes que a sociedade ainda não percebe o conceito de parkour? A.T: Hoje em dia já é muito mais fácil. Nós ao participarmos no programa acabamos por ter um reconhecimento muito mais positivo, embora façamos a mesma coisa que antes, só que ao participar no programa as pessoas acabam por ver isto de uma forma diferente e acabam por saber que isto é um desporto e não é vandalismo. Antigamente nós erámos vistos como vândalos tal como as pessoas que fazem graffiti, hoje em dia se calhar já compreendem de outra forma, embora ainda exista muita gente que não gosta e nós aceitamos isso.
Fotografias de Alfra Teixeira/Headframe visuals
Sentimos que é cada vez mais fácil de fazer parkour, porque há mais gente a fazer, há mais miúdos, nas escolas começam a fazer. Eu já dei formação a professores de educação física para eles poderem dar parkour de vez enquanto na escola e isso quer dizer que as pessoas já começam a conhecer e acaba por ser mais fácil explicar.
adaptar e cada projeto traz os seus desafios. Qual foi o maior desafio? A.T: Explicar aos meus pais que vivo do parkour, explicar-lhes que o parkour pode ser rentável, foi um desafio e continua a
Que desafios enfrentas quando filmas alguém a praticar parkour? A.T: Filmar outro tipo de coisas agora acaba por ser fácil porque o parkour acaba por ser um pouco extremo, é muito variável. Em termos de movimento temos que adaptar devido às mudanças de locais escuros para locais claros, porque não temos o controlo da imagem,tudo está a variar. Tudo isto acaba por ser difícil, mas acaba por nos dar muita “skill” a filmar tudo o resto. Por exemplo, filmar uma pessoa a fazer parkour com o drone não é fácil, não é como filmar um edifício que está estático, mas com o tempo acabamos por nos
O DESPORTO E O DESIGN
39
ser, porque para eles eu era médico, como qualquer pai se calhar, mas ao longo do tempo tem-se tornado mais fácil de eles perceberem porque é notório. Quer para os meus pais ou para a sociedade ainda é difícil perceber como o parkour é rentável visto que não é um emprego normal e envolve muito trabalho por trás, que não é visível mas necessário para te tornares bom naquilo que fazes e se for bem executado consegues viver com dignidade. É um trabalho instável porque de hoje para amanhã posso não ter mais trabalho, quer na área do vídeo, do parkour ou da performance, mas se eu mantiver o empenho e tentar seguir os passos que segui até agora e tentar melhorá-los, tudo indica que vai correr bem.
Como referiste, participaste no Got Talent Portugal 2015. Como foi a experiência?
A.T: Foi uma experiência boa, participar num programa em 2015 deu-nos muito reconhecimento, mas também foi uma experiência muito dura em termos de fazer acontecer. Nós eraos dois atletas de ginástica no grupo e já tínhamos alguma noção do que é uma apresentação, os restantes eram apenas atletas de parkour e não tinham essa perceção e de repente termos que fazer um show de dois minutos em palco foi complicado. Haviam muitas variáveis, os objetos que não estavam estáveis, as luzes e chão refletor, a pressão de que é naquele momento que tem que acontecer e não ter tempo para ensaios e ter que chegar lá com tudo planeado
Fotografias de Alfra Teixeira/Headframe visuals
40
DESAFIAR
do que vamos fazer mas nunca termos testado porque não tínhamos os objetos é muito complicado, principalmente para quem nunca experienciou isso e o gerir a emoção. Apesar de ter sido duro também foi gratificante e deu reconhecimento à equipa e conseguimos tirar muito trabalho a partir disso. As pessoas começaram a acreditar no desporto e em nós porque participamos num programa. Depois dessa experiência a procura pela modalidade aumentou? A.T: Sim, aliás o projeto da academia de parkour surgiu por causa do programa. Uma pessoa que nos viu a atuar, gostou, acreditou e ajudou-nos a concretizar não tanto um sonho, mas a vontade de querer partilhar o nosso
conhecimento. Todos nós acabamos por tirar muito proveito da participação. Para ti, qual é a chave do sucesso? A.T: O empenho, ser um bocado obsessivo e nunca desistir do que se quer por mais tempo que dure. Temos que persistir, porque o sucesso tanto pode demorar um ano como pode demorar cinco, mas se estivermos sempre a tentar somos bem-sucedidos. Também é importante tentarmos ter o nosso registo, temos referências para nos basearmos, mas ter a nossa assinatura naquilo que fazemos. Eu consegui não porque queria, mas porque tive muito empenho que levou a que isso acontecesse, embora não fosse o objetivo que eu tinha, mas foi a questão de “malta vamos fazer acontecer”, miúdos a tentar ter vídeos, fotografias e muito conteúdo na net, tudo isso levou a que tivéssemos uma exposição grande e somos uma referência nacional na modalidade, o que é muito bom. O que gostavas de alcançar e ainda não conseguiste? A.T: Tudo o que queria alcançar já alcancei, o que eu agora queria é melhorar tudo aquilo que já tenho. Não tenho o objetivo de ser o melhor atleta do mundo, nem de ter a melhor empresa de Portugal, mas tenho o objetivo de tudo aquilo que faço sair muito bem e de as pessoas gostarem, darem valor a isso e isso leva a que todos os projetos que tenho sejam fixes. A minha meta é que todos os projetos que tenho ou estou envolvido se tornem melhores, mais fortes e sempre com muita qualidade, que as pessoas olhem e digam que é um projeto de rigor.
Fotografias de Alfra Teixeira/ Headframe visuals
O DESPORTO E O DESIGN
41
| PARKOUR |
O Parkour é uma modalidade que foi buscar diversas influências a outros desportos como a ginástica e o Método Natural de Educação Física. Foi desenvolvido como um método de treinamento que permite uma pessoa, ultrapassar de forma rápida, eficiente e segura qualquer obstáculo, utilizando apenas as capacidades do ser humano. Esta modalidade pode ser praticada tanto individualmente como em grupo, e apesar de ser praticada maioritariamente em espaços urbanos, pode ser também praticada noutros meios, como por exemplo um espaço rural. Na representação desta modalidade, tal como no Atletismo, encontra-se muitas vezes a figura humana retratada, mas neste caso em ilustração e em posições aéreas, como por exemplo com uma mão a apoiar o corpo no chão, ao contrário do atletismo, em que se encontra a figura humana representada a correr. As cores utilizadas em cartazes desta área são cores neutras, como o branco e o preto, e uma terceira cor forte, como por exemplo o vermelho. A tipografia utilizada é sem serifa, e quase sempre em Bold, dando um grande destaque a esta parte do sup-
42
DESAFIAR
orte. As marcas gráficas dos clubes, grupos ou equipas têm muitas vezes como símbolo a figura humana ou uma figura animal, como o macaco, por estar ligado aos saltos e acrobacias que destacam a modalidade retratada. Apesar da existência deste tipo de símbolos, eles não têm um peso gráfico forte em relação à tipografia que neste caso é mais destacada. A tipografia é representada com um aspeto mais urbano, em alguns casos com aspeto de graffiti que também está ligado ao meio urbano. Também é apresentada de forma impactante, fontes sem serifas com espessura maioritariamente em bold e recorrendo a cores predominantes como o preto e o vermelho. Ao retratar este tipo de modalidade, será importante representar os movimentos feitos que a caracterizam, sendo um elo de distanciamento de outras modalidades, não esquecendo também a ligação particular ao meio em que a mesma é executada.
Conceito de logo feito por Dima Moshliak
Cartaz publicitário de evento de parkour do clube Fosca
Cartaz publicitário do clube Urban
Logo do clube de parkour Agiler
O DESPORTO E O DESIGN
43
2 3 4
Local: Campo de Treinos- Castelo Branco | Modelo: Rodrigo Marques
MARIA HEITOR Maria Heitor afirma que o rugby é um desporto que proporciona ótimos momentos em equipa e que é algo que marca a vida de quem pratica a modalidade. Iniciou a modalidade em 2003 na Agronomia Rugby onde ficou até 2009, depois de 2009 a 2011 jogou pelo Sport Lisboa e Benfica. De 2011 a 2013 jogou pelo Rugby Clube de Loulé e regressa ao Sport Lisboa e Benfica de 2013 a 2015, depois decide fazer uma internacionalização na França no Lille Metropole Rugby Club Villeneuvois onde esteve de 2015 a 2016. Atualmente joga pelo Sporting Clube de Portugal desde 2017.
50
DESAFIAR
Nome: Maria Heitor Naturalidade: Lisboa, Portugal Idade: 30 Formação: Educadora de infância Profissão: Assistente de administração Modalidade: Rugby Clube atual: Sporting Clube de Portugal Uma virtude: Compromisso Um defeito: Viver demasiado o Rugby
| MARIA HEITOR | Como se define? Quem é a Maria? Maria Heitor: A Maria é uma apaixonada pelo desporto e claramente que o rugby é o que mais me define, portanto defino-me como jogadora de rugby. O seu interesse pelo rugby deu-se através de um desafio. Alguma vez pensou que a partir de uma brincadeira fosse surgir algo tão sério? M.H: Não, eu na altura estava à procura de um desporto para fazer porque naquela época estava sem fazer nada e foi através de um desafio de uma amiga minha. Eu nunca pensei que se tornasse tão sério, mas a partir do primeiro treino percebi logo que ia ser alguma coisa séria. Quem são as suas referências? Tem ídolos? M.H: Sim, para mim a maior referência de todas é Jonah Lomu, um ex-jogador da seleção da Nova Zelândia. No rugby feminino, já joguei com muito boas atletas e a que mais me marcou foi uma jogadora da seleção francesa, a Yanna Rivoalen. Até agora qual foi o seu maior desafio? M.H: O meu maior desafio foi deixar tudo em Portugal e ir para França seguir o meu sonho. O que a motiva? Quais são as suas motivações? M.H: A minha grande motivação é a minha família que sempre me apoiou e sempre que tenho algo importante eles estão cá, estão comigo. No início foi um bocadinho difícil eles aceitarem que eu queria ir para França, mas mal perceberam que eu que-
52
DESAFIAR
ria mesmo foram os primeiros a apoiar e a visitar-me. Se tiver que incentivar alguém à prática do rugby, que argumentos utilizaria? M.H: É o melhor desporto em termos de equipa, porque criamos amizades para o resto da vida e levamos essas experiências para o resto da vida.
Se alguém tem a coragem de entrar em campo ao meu lado e dar o “litro” por mim, merece tudo e é o convívio e o espírito de equipa que são as melhores coisas do rugby. A sua internacionalização no Clube Lille Metropole Rugby Club Villeneuvois, foi um sonho tornado realidade. Como se sentiu ao viver essa experiência? M.H: Eu sempre tive o sonho de ir jogar lá fora porque sempre pensei que tinha que experimentar algo internacional. Estive um bocadinho indecisa entre Inglaterra e França, porque sabia falar inglês e não fazia a mínima ideia de como se falava francês, ainda pensei que era um grande risco ir até França sem falar. Mas pronto, pensei “Vou para a França.” Passadas duas semanas de ter tomado a decisão estava a jogar em França. No início foi um grande desafio, porque não sabia falar, apenas duas ou três colegas minhas falavam inglês, o resto não falava de todo nem português, nem inglês. Portanto o primeiro desafio foi quebrar a barreira linguística e aprender a língua.
Fotografias cedidas pelo fotografo Luís Cabelo
O DESPORTO E O DESIGN
53
Fotografias cedidas pelo fotografo Luís Cabelo
Existe uma boa adesão nesta modalidade por parte do sexo feminino, ou existe algum preconceito por acharem um desporto mais ligado ao sexo masculino? M.H: Infelizmente em Portugal a mentalidade ainda está muito fechada, o rugby é visto como um desporto para homens e os pais não gostam que as filhas comecem a jogar rugby. Apesar de já começar a mudar um bocadinho, mas mesmo assim os pais ainda condicionam a prática do rugby. As equipas femininas estão à mesma altura que as masculinas em termos de condições? Conseguem equiparar-se?
M.H: No Sporting temos muito boas condições, mas no resto da realidade do rugby feminino ainda há uma grande discrepância entre o rugby masculino e o feminino, ainda existem muitos passos a dar até chegarmos ao mesmo nível. As pessoas não conhecem que existe rugby feminino e às vezes quando eu conheço pessoas novas e digo que sou jogadora de rugby as pessoas ficam surpreendidas “Mas existe rugby feminino?”. Elas não fazem ideia que é uma modalidade e que já conquistamos algumas coisas em Portugal.
Ao seu ver, qual a equipa que é mais desafiante confrontar? Existe alguma? M.H: Em Portugal é claro que é sempre desafiante um Sporting – Benfica,
porque é sempre um jogo muito interessante. Em termos internacionais como o campeonato da Europa eu gosto sempre de jogar contra as equipas mais fortes, porque para mim são as mais desafiantes, apesar de saber que à partida eu vou perder o jogo. Eu prefiro jogar contra as melhores equipas do que contra as mais fracas ou ao mesmo nível, para poder aprender ao máximo.
Olhando para todo o seu percurso, o que a deixa mais orgulhosa? M.H: O que me deixa mais orgulhosa foi o ter tido coragem de deixar tudo em Portugal e ir para a França e
ter conquistado logo no primeiro ano o título nacional francês de rugby feminino. Era algo que arriscaria a fazer hoje novamente? M.H: Hoje não (risos), acho que o fiz na idade certa. Já treinou equipas. Como foi a experiência dar treinos? M.H: Aliás, já fui jogadora e treinadora da mesma equipa ao mesmo tempo. É um bocadinho complicado saber gerir os dois papéis, mas também acho que é muito engraçado dar treinos aos escalões mais jovens. Como consegue gerir a sua vida pessoal com o rugby?
tempo que jogava, arbitrava, estudava e trabalhava. Acho que quem quer tem tempo para tudo. Têm algo que gostava de dizer aos recentes praticantes desta modalidade? M.H: Experimentem e continuem, não deixem o rugby à mínima dificuldade. O rugby vai ser das melhores coisas que vão ter na vossa vida e vai ser o melhor tempo das vossas vidas. Quais são as suas perspetivas para o futuro? M.H: Jogar mais dois ou três anos e depois dedicar-me à arbitragem e ao treino.
M.H: Eu tenho um princípio que é “Quando se quer, consegue-se tudo!”. Tenho que arranjar tempo para tudo, já dei treinos ao mesmo tem-
O DESPORTO E O DESIGN
55
| RUGBY |
O rugby é um desporto coletivo de intenso contacto físico originário da Inglaterra. Disputado por duas equipas de 15 membros, os atletas conduzem uma bola oval com as mãos. O objetivo de cada jogo é que as equipas consigam atravessar pelo campo uma bola oval com as mãos, passando a bola aos colegas. O rugby costuma ser considerado um desporto violento, por permitir o uso da força para deter um membro da equipa rival. Ao representar esta modalidade em campanhas e cartazes é usado, na maioria das vezes, fotografias de jogadores em campo e equipados com a bola de rugby na mão, com posições particulares deste desporto, numa posição de poder, ou em corrida, com expressões sérias, muitas vezes de cabeça para baixo ou a olhar em frente. As cores utilizadas são fortes e escuras, na sua maioria verde, relacionado com o campo, no entanto por vezes é utilizado o vermelho, uma cor associada ao poder, guerra, violência. A tipografia utilizada normalmente é sem serifa e com uma estrutura forte. No caso das marcas gráficas, devido à sua origem Inglesa, a maioria das
56
DESAFIAR
equipas usa a representação da sua mascote, figura animal, como símbolo principal e característico. Animais esses que não são característicos de nenhum grupo de espécies, são usados todos os tipos de animais. Estes símbolos, juntamente com o elemento tipográfico estão quase sempre inseridos numa forma de emblema. O elemento tipográfico é, na generalidade, sem serifa com uma estrutura forte e em caixa alta. As cores utilizadas, tal como os símbolos, variam imenso, tendo apenas a particularidade de serem cores fortes. Ao ser feito um projeto nesta área deverá ter em consideração o aspeto forte com que o jogador de rugby costuma ser representado e o poder que as imagens utilizadas devem conter, tal como a tipografia, sendo que versões thin e regular não serão as mais adequadas. Na representação da equipa deve-se ter em atenção à mascote usada pela equipa e trabalhar todo o elemento gráfico em volta da mesma, sempre com cores chamativas.
Logo da equipa de rugby Pembroke
Cartaz publicitário de Jogo de Rugby entre as equipas Wales e South Africa
Conceito de Cartaz de rugby retirado do site commercial-archive.com
Logo da equipa de rugby Bees
Logo da equipa de rugby Los Jaguares
Conceito de Logo feito por Rodvagin
Logo da equipa de rubgy Titch
Cartaz publicitário da equipa de rugby ConnaCHT
O DESPORTO E O DESIGN
57
3 4
Local: ginásio FitnessUp- Castelo Branco | Modelo: Catarina Martins
JOSÉ ABREU José Abreu iniciou as artes marciais no karaté aos 15 anos, aos 18 anos tirou formação de sargento no exército, aos 20 anos começou a praticar Muay Thai, modalidade que atualmente tem uma grande importância na sua vida e aos 23 anos tirou o curso na Polícia de Segurança Pública - PSP. Em 2006, tirou formação de treinador e atualmente dispõe de três escolas de Muay Thai onde já treinaram mais de 1500 atletas. Desde então, já obteve vários títulos Nacionais de Kickboxing e Muay Thai, conta ainda com mais de 150 campeões nacionais de kickboxing, campeões mundiais de Muay Thai, campeões europeus e campeões ibéricos. Atualmente, tem mais de 40 atletas em competição dos quais 5 integram a seleção nacional e ainda um a lutar e a viver na Tailândia.
64
DESAFIAR
Nome: José Abreu Naturalidade: Madeira, Portugal Idade: 40 Formação: Licenciatura em Educação Física e Desporto Treinador IFMA – International Federation of MuayThay Amateur Treinador kickboxing I grau Profissão: Polícia Grau: II DAN Kickboxing X KHAN Muay Thai Posição: Treinador Clube atual: ADMTM – Associação Desportiva de Muay Thai da Madeira Posição Clube: Diretor técnico Uma virtude: Persistência Um defeito: Teimosia
| JOSÉ ABREU | Como se define? Quem é o José Abreu?José Abreu: Quem sou eu? Sou uma pessoa que não desiste facilmente dos sonhos e que persegue-os até conseguir. Tenho conseguido tudo aquilo que tenho sonhado até agora. Como é que surgiu a sua paixão pelo Muay Thai? J.A: A minha paixão pelo Muay Thai veio desde pequenino, ou seja eu sempre gostei de artes marciais. O Muay Thai obviamente não existia cá na Madeira, comecei a treinar Karaté quando era jovem. Depois, comecei a conhecer o Muay Thai pela televisão, nos filmes e comecei a apaixonar-me por esta arte marcial. Entretanto fui para o exército, tirar o curso de sargento, depois fui para a polícia e aí tive oportunidade de começar a treinar e a evoluir nesta arte marcial. Quem são as suas referências? Têm ídolos? J.A: Sim, claro. Nós quando temos uma paixão pelo desporto, temos sempre referências e eu sempre tive referências desde pequenino. Uma delas era o Van Damme, foi uma grande referência não só para mim, mas também a nível mundial. As principais referências de atletas eram os que passavam na televisão, no fight club. E claro, tenho os meus ídolos, como o Peter Aerts ou o Semmy Schilt, que são grandes referências para mim. Porquê a escolha desta modalidade? É sabido que é polícia de profissão, as duas atividades complementam-se? J.A: Nem sempre se complementam, por-
66
DESAFIAR
porque por exemplo hoje estou de direta (risos), hoje saí às 7h da manhã da polícia e vim treinar a malta porque temos um evento bastante importante. É difícil complementar até porque não só tenho a polícia, tenho um bar, também sou comerciante. Tenho três trabalhos e não é fácil porque eu na polícia faço turnos, de manhã, de tarde ou de noite e tenho que fazer muitas trocas. Os meus colegas às vezes dizem-me que a polícia é o meu part-time (em tom de brincadeira) e aqui é o meu trabalho full-time. Eu dou muito mais importância ao Muay Thai porque também exige muito trabalho, muito mesmo. Eu tinha uma questão sobre como consegue conciliar a sua atividade profissional e os combates/treinos de Muay Thai. De certa forma já respondeu a esta questão, têm algo mais a acrescentar? J.A: Normalmente eu peço trocas aos meus colegas de outras equipas. Eu trabalho numa equipa de intervenção rápida e o nosso horário até é flexível. Como tenho muitas idas ao Continente, Inglaterra, Espanha e outros países tenho que pedir dias e depois recuperar esses dias e trabalhar duas vezes o turno, é um sacrifício enorme. É por isso que existem poucos a fazer isto, e os que fazem por vezes não chegam ao nível que nós estamos. Utiliza ou já alguma vez recorreu às técnicas do Muay Thai nas suas intervenções como polícia? J.A: Às vezes, de forma um pouco mais soft. O Muay Thai quando aplicado como defesa pessoal é extremamente violento, como desporto é espetacular. Obviamente que eu não posso dar uma cotovelada na cara de um suspeito, a não ser que ele
esteja mesmo na iminência de me agredir violentamente, nesse caso tenho que passar para um nível mais exagerado de força. Mas já utilizei. Utilizei pontapés, esquivas, quando me tentaram bater esquivei-me e depois utilizei técnicas de projeção e de mobilização, que é o que eu uso mais. Não é tão agressivo para os suspeitos e é mais defensivo e seguro para mim.
Fazia parte dos seus planos, dos seus sonhos chegar a este patamar? J.A: Nós sonhamos sempre. Quando comecei a praticar, por acaso tinha o sonho de ser treinador. Tenho muita malta aqui, que nem sonha ser treinador, mas eu na altura já sonhava, gostava. Eu olhava para o meu mestre e eu identificava-me estar no lugar dele a ensinar, era
algo que me cativava tanto que eu fui sargento de instrução militar e eu adorava. Quando tive oportunidade de tirar formação de treinador segui em frente e aqui estou. Ser mestre/treinador apresenta muitos desafios, não é?
J.A: Muitos, mesmo. Ser treinador de um clube pequeno como o nosso, pequeno comparativamente com o futebol, até porque temos cerca 250 de praticantes e três escolas cá na Madeira, se pensarmos bem se calhar até é um dos maiores clubes de Portugal na modalidade. É um desafio porque nós temos de fazer tudo. Dar o treino que se calhar é a parte mais divertida e mais fácil, depois temos a parte financeira do clube, a gestão, a parte bu-
rocrática, todo esse trabalho é feito por mim e por uma equipa. Para criar essa equipa não é fácil, porque este é um trabalho voluntário. O treino com os atletas também é desafiante porque nós lidamos com pessoas e as pessoas são todas diferentes, todos os atletas são diferentes, todos têm as suas dificuldades, todos têm os seus problemas. É desafiante porque nós pegamos num indivíduo e criamos algo do zero, é pegar num diamante em bruto e lapidá-lo até ele ficar espetacular. Aqui, é a mesma coisa, pegamos numa pessoa que não percebe nada e vemo-la evoluir, ganhar, perder, estar nos bons e maus momentos com ela. Nós somos os segundos pais. É verdade.
Fotografias cedidas por José Abreu
68
DESAFIAR
Um indivíduo começa a adquirir uma confiança com o treinador que se calhar não têm com os pais, porque nós estamos sempre ali, nós estamos sempre aqui no treino e quer queiram quer não, vão passar por maus momentos e bons momentos, quando há glória, quando há derrota.
No treino eu levo-os ao limite e eu tenho que estar ali para quando eles tiverem no limite saber como vão reagir, bem ou mal estou ali para apoiá-los independentemente do resultado. Isso é que é desafiante, é ver o atleta evoluir até um nível profissional. Nós temos atletas profissionais na Tailândia e poder dizer “aquele” começou do zero comigo, além de desafiante é gratificante. E quando os seus atletas são chamados para a seleção nacional ou são distinguidos de alguma forma, como se sente? J.A: Claro! Sinto-me bastante orgulhoso, principalmente deles por perceber que o nosso trabalho funcionou. Ao receberem um prémio é como se eu estivesse a receber. O treino desportivo é uma tentativa e erro, ou seja, nem sempre funciona e para nós sabermos se funciona é através do resultado. Eles ao terem resultados sejam a nível regional, nacional, internacional ou pela seleção nacional, quer dizer que nós estamos a trabalhar bem e estamos a ter uma boa estratégia. Nós somos o clube com mais atletas na seleção nacional e isso é gratificante, é ótimo. É sempre bom receber um prémio.
Como já foi referido você foi distinguido com o prémio de mérito de treinador do ano, foi uma honra, não foi? Como se sentiu? J.A: Foi muito bom. Aliás, o primeiro ano que recebi, estávamos na gala de entrega de prémios da federação e chamaram por mim, só que eu não liguei, não estava à espera. Depois o presidente chamou-me novamente e fui receber o prémio de mérito desportivo, aliás, nesse ano recebi dois prémios, o de mérito e o de melhor gestão de clube. Eu não estava à espera e quando não estamos à espera é quando sabe melhor. É sempre gratificante receber um prémio. Nestes últimos dois anos também recebi porque nós temos tido bons resultados, ganhámos a Taça de Portugal, já fomos campeões nacionais algumas vezes e a nossa federação felizmente reconhece os treinadores. A prática do Muay Thai têm vindo a crescer. Ainda não têm a visibilidade que tem o futebol, gostava que isso fosse possível? J.A: Sim. Eu vou contar a história desde o início para você perceber. Eu comecei a dar treinos em 2006 e nesse ano levei dois atletas nacionais e enviei para a comunicação social esse feito, eles não me ligaram nenhuma. Não me ligaram nenhuma por dois motivos, ninguém sabia o que era o Muay Thai e depois quem é este clube? Quem sou eu? Não sabiam nada. Fomos aos nacionais, tive uma campeã nacional, uma mulher madeirense e isso não veio nas notícias. Se fosse o judo talvez já vinha, porque o judo já existe há muitos anos na Madeira. Claro que ao longo do tempo vou lutando por isso, porque é uma luta contínua, lutar a favor do reconhecimento na comunicação social. Para nós sermos conhecidos temos que mostrar resultados e trabalhar. Neste momento, posso dizer que eles já nos passam “cartão”, são eles os primeiros a nos chamar. Eu publico uma notícia no facebook e eles próprios vão lá tirar e publicam nos jornais. A RTP Madeira por
O DESPORTO E O DESIGN
69
exemplo, de vez em quando ligam-nos para fazer uma reportagem, ou mesmo se eu ligar eles vêm cá e antigamente eles não faziam isso. O jornalismo hoje em dia está a buscar as pequenas modalidades, já não estão a importar-se apenas com o futebol, apesar de 90% ser sobre futebol. Acho bem, porque a Madeira não é só futebol, aliás têm mais outras modalidades com melhores resultados que o futebol. Mas se formos à Tailândia, se pegarmos num jornal desportivo o destaque está no Muay Thai e eu vi uma fotografia do Cristiano Ronaldo a preto e branco na última página bem pequenino. Estão a ver a importância do Cristiano Ronaldo na Tailândia para um lutador de Muay Thai que se encontra em grande e a cores? Aqui é o inverso, nós é que aparecemos em pequenino a preto e branco e os jogadores de futebol a cores, aí é que se nota a diferença e a importância. Mas é normal, a cultura europeia é a cultura do futebol, queiramos ou não o futebol vai estar sempre presente e vai ser o número um. Não vale a pena lutar contra o futebol, nunca vamos ser tão grandes. 70
DESAFIAR
Podem é nos dar mais importância e maior destaque, mas é como o Muay Thai na Tailândia, eles sempre nasceram com o Muay Thai e o futebol não vai ultrapassar isso, apesar de eles cada vez mais jogarem futebol. A sociedade muitas vezes refere-se a esta modalidade como “violenta”. Qual a reação que tem das pessoas? J.A: É verdade, infelizmente é assim e nós fazemos muitas demonstrações nas escolas e as pessoas ainda estão pouco recetivas com esta modalidade por ser violenta, principalmente os pais. Para termos uma ideia, os nossos atletas de competição fazem um contrato e nesse contrato têm várias cláusulas, uma delas proíbe-os de jogarem futebol e andebol. Sabem porquê? Porque considero o futebol e o andebol mais violento que o Muay Thai. Tem a ver com a perspetiva, eu já joguei futebol quando era pequenino e sei que andava sempre magoado, entorses nos pés, joelhos, para além das lesões que existem no futebol comparando com as
que existem no Muay Thai. Como desporto de competição existe o confronto direto com outra pessoa, existe o risco de levar K.O. e adormecer, mas no futebol também existe, quantas vezes ele vão a correr a alta velocidade e levam uma rasteira e partem um braço ou uma clavícula? Se calhar é muito mais violento que o Muay Thai, porque no Muay Thai nós sabemos o que vai acontecer, saímos com algumas nódoas negras que é normal em termos profissionais, mas eles saem de um combate e já estão prontos para fazer outros logo a seguir. No futebol eles vêm sempre magoados para o ginásio, foi por isso que eu coloquei essa cláusula, porque vinham sempre magoados, com entorses, joelhos esfolados e depois tinham competições importantes e não conseguiam ir. É verdade que as pessoas ainda acham isto violento, porque também muitos mestres antigamente davam a arte marcial de forma errada, de forma muito restrita e não tinham uma metodologia moderna. Nós adotamos uma metodologia moderna, os nosso treinadores são formados
em educação física e temos uma metodologia de treino para crianças, para adultos e para competição de forma a evitar lesões nos atletas. Nós levamos o Muay Thai ao encontro das pessoas e das necessidades de cada um. Imagine que está perante um grupo de pessoas. Como é que iria motivar para a prática do Muay Thai? Que argumentos utilizaria? J.A: Isso já me aconteceu e acontece com muita frequência, tentar motivar um grupo de pessoas a treinar Muay Thai. Nós fazemos demonstrações porque por vezes a palavra não é suficiente e as pessoas gostam de ver o que é. Porque a maior parte das pessoas quando dizemos Muay Thai, perguntam o que é, porque não sabem. Nós fazemos muito na base da demonstração, através dos plastrons, fazer com que as pessoas experimentem. As pessoas têm que experimentar, depois disso já começam a ter outra ideia. Por essa razão nós damos um período de experimentação, não é só um dia, são vários, para verem se gostam. O DESPORTO E O DESIGN
71
Fotografias cedidas por José Abreu
72
DESAFIAR
Esta modalidade é praticada maioritariamente por pessoas do sexo masculino. Estamos próximos da igualdade de géneros na prática desta modalidade? J.A: Digamos que sim, estamos no bom caminho. Vou dar um exemplo, há uns anos atrás não era permitido as mulheres lutarem na Tailândia eram só os homens e a Tailândia é o país de origem do Muay Thai. Neste momento elas já podem lutar, mas com ringues no exterior, não podem ser cobertos, as regras vão se adaptando e elas ainda têm que entrar pela última corda, são umas regras um bocado restritas que têm a ver com a cultura deles. Mas penso que no futuro é para igualar, elas no mesmo patamar que os homens, até porque temos aí mulheres com grande nível como não se via há anos atrás. E não é preciso ir muito longe, mesmo aqui no ginásio temos a Marisol Freitas, que é nove vezes campeã nacional (cinco de Kickboxing e quatro de Muay Thai). Também se encontra na seleção nacional, começou há cinco anos atrás e também é treinadora adjunta e ajuda nos treinos pessoais. Eu tento igualar, para mim não vejo diferença, se é bom profissional, vai ser sempre bom profissional, seja homem ou mulher. No entanto, apercebemo-nos que algumas mulheres vinham a desistir por vergonha ou por ter maridos ciumentos, então nós decidimos criar uma turma só para mulheres lecionada pela nossa treinadora. Para si, qual é a receita para o êxito? J.A: Na minha opinião é nós não desistirmos dos nossos sonhos e não pensar que é só sorte, porque nisto não existe sorte. Existe trabalho, existe confiança em nós próprios de que vamos conseguir chegar lá, temos que ser persistentes. É preciso definir uma meta, “eu quero chegar ali”, vamos definir estratégias e alcançar uma meta de cada vez. Eu sempre defini objetivos e quando comecei a ser treinador eu tinha um sonho, que era levar um atleta aos nacionais e neste momento posso dizer que já levei mais de quinhentos atletas aos nacionais. Depois de conseguir
levar atletas aos nacionais, defini outra meta, gostava de ter um atleta na seleção nacional e tive. Tive o Guilherme, que até chegou a ser vice-campeão mundial da WAKO, que é extremamente difícil, é um torneio muito competitivo. Após isso quis ter um atleta campeão do mundo, entretanto levei o António Faria a Inglaterra e ele foi campeão do Mundo e neste momento já tenho vários atletas campeões do mundo. Portanto, é muito importante definir uma coisa de cada vez e quando chegamos lá tudo o resto torna-se mais fácil de alcançar. Quando estamos no “topo” difícil é manter, mas se nós formos bem estruturados acaba por ser fácil, não podemos é desistir.
É preciso definir uma meta, “eu quero chegar ali”, vamos definir estratégias e alcançar uma meta de cada vez.
O DESPORTO E O DESIGN
73
FERNANDO MOTA Para Fernando Mota o kickboxing tem uma importância especial, os treinos são momentos de exteriorização e de concentração. Começou a praticar kickboxing em 1992 e afirma que a prática desta modalidade proporcionou-lhe confiança e espírito de superação. De 2000 a 2006 praticou a modalidade no clube New Super Flex e de 2006 até ao presente na Associação de Kickboxing de Castelo Branco onde é treinador.
74
DESAFIAR
Nome: Fernando Mota Naturalidade: Castelo Branco, Portugal Idade: 45 Formação: Curso de Treinador grau 3 Profissão: Operário Fabril Modalidade: Kickboxing Grau: Cinturão Preto, I DAN Posição: Treinador Clube atual: AKCB – Associação de Kickboxing de Castelo Branco
76
DESAFIAR
| FERNANDO MOTA |
Como se define? Quem é o Fernando? Fernando Mota: Acho que sou uma pessoa que gosta de se superar e por isso escolhi esta modalidade, pela necessidade de superação e de acreditar que somos capazes de fazer mais do que aquilo que pensamos e faz-nos querer mais. Eu pelo menos penso assim e é isso que eu exijo aos meus atletas, que eles se superem, que saiam do seu nível de conforto para saberem que se quiserem conseguem ir mais longe do que estão a alcançar no momento. Como surgiu o seu interesse pelo kickboxing? F.M: Surgiu há bastantes anos atrás, em 1992. Como qualquer jovem nós queremo-nos afirmar em alguma coisa, pelo menos eu senti isso. Comecei a treinar kickboxing um bocado à revelia dos meus pais, só descobriram que eu andava a treinar três meses depois de eu começar, portanto foi quando eu fiz a primeira graduação para cinto amarelo e levei uma descasca. Levei uma descasca sobretudo da minha mãe porque naquela altura não se conhecia a modalidade como é conhecida hoje, e tínhamos muito a vertente de que erámos arruaceiros, brigões, que erámos “isto” e “aquilo”. Hoje em dia, digo que se não fosse o kickboxing se calhar teria tido alguns problemas, eu era um bocado revoltado e o facto de ter alguém (o meu mestre) que me puxasse e que soubesse dar ânimo deu-me confiança, se não fosse isso se calhar não estaria aqui. Qual é a importância que o kickboxing tem na sua vida? F.M: É muito importante, o kickboxing é uma forma de estarmos na vida, sentimo-
-nos bem, independentemente de sermos atletas, mestres, campeões ou não. Muitas vezes chegamos aqui com problemas do dia-a-dia, sejam a nível familiar, com os colegas ou do serviço, andamos revoltados e aqui é um espaço que exteriorizamos essa nossa revolta, damos uns murros e uns pontapés no saco e saímos daqui, creio que melhor do que quando entramos. É importante termos esse alívio, é uma fuga do nosso dia-a-dia. Como correu o seu primeiro combate em competição? Nervoso? F.M: Os nervos são sempre uma constante, eu acho que até para quem têm muita experiência. O meu primeiro combate não correu bem porque não estava habituado a jogar com pessoas mais experientes e o atleta que eu apanhei era um atleta experiente e mais pesado que eu, com isso ganhei experiência. No ano seguinte, felizmente entrou no clube um atleta novo já com muita experiência, comecei a jogar com ele e correu melhor. No primeiro ano ficamos sempre um bocadinho aquém. Fazia parte dos seus planos ser treinador/mestre? F.M: De início não, acho que quando se começa não se tem essa noção de querer ser mestre ou treinador, pelo menos eu na altura não tinha. Isso veio com o desenrolar das coisas e pelas situações que me levaram a isso. Nós começamos com o meu mestre em 1992, em 1998 ele estava a tirar o curso na ESE (Escola Superior de Educação) depois acabou o curso e fez-se à vida, aqui não tinha colocação e saiu. Entretanto paramos por uns tempos e depois um dos atletas mais antigos abriu novamente as aulas de kickboxing, em Castelo Branco, e na altura não se gan-
O DESPORTO E O DESIGN
77
hava dinheiro, agora também não (risos), mas na altura menos, andava-se muito por amor à camisola. Ele veio ter comigo e disse-me “Mota, eu não consigo ganhar dinheiro com isto, tenho que me fazer à vida”, ele foi fazer a vida dele e na altura andei um bocado desamparado, era cinto azul na altura e pensei “E agora o que eu faço?” e fiquei “naquela”. Falei com várias pessoas e entretanto começo a treinar em Condeixa-a-Nova, todas as terças-feiras, carrinho, conduzir até Condeixa-a-Nova, treinava e ia trabalhar e fiz isso durante três ou quatro anos. Então depois comecei a dar treinos aqui e comecei a evoluir também enquanto mestre e treinador. Quem são as suas referências? F.M: Acho que a minha maior referência é precisamente o meu mestre, Paulo Ribeiro, que neste momento está nos Açores por situações da vida, conseguiu colocação lá. Mas ele é a minha grande referência, entre outros, depois tive o mestre João Paulo Pereira de Condeixa que também me ajudou bastante, mas principalmente o Paulo Ribeiro.
Se tivesse que explicar o que é o Kickboxing a alguém, que argumentos utilizaria? F.M: É assim, o kickboxing, como eu disse há bocado é um pouco um modo de vida, o querer estar na vida de um modo diferente. Seja o kickboxing ou outro desporto qualquer, ajuda a livrar-nos daquilo que nos faz mal, sejam as nossas frustrações, os nossos “pesos” do dia-a-dia, as nossas amarguras. Aqui, exteriorizamos isso tudo e principalmente quando temos um bom ambiente de treino, que isso é algo que eu prezo muito nas minhas aulas. Há vários fatores também, como a autoconfiança, a autoestima, o saber estar, o querer ajudar o próximo e o espírito indomável, querer sempre superar--nos a nós próprios e é isso que deve sempre fazer parte de um
atleta, seja ele competidor ou não. Acha que a sociedade continua a ver esta modalidade como sendo violenta? F.M: Hoje em dia acho que estamos um bocadinho diferentes, também porque já é uma modalidade com alguns anos. Como eu disse há pouco, quando eu comecei erámos vistos de lado “Epá! Estes gajos são malucos!” e hoje em dia essa mentalidade está diferente. Isto também porque cada vez mais pessoas públicas, da televisão e dos espetáculos, treinam kickboxing. Por exemplo o Ricardo Araújo Pereira, o fadista Ricardo Ribeiro e depois existem vários conjuntos de pessoas que se sentem bem em treinar kickboxing. E as pessoas ao conhecerem esses conjuntos de pessoas que treinam, ajuda a perceber que não andamos
à “porrada” uns com os outros e faz mudar a mentalidade das pessoas. Até agora, qual foi o seu maior desafio? F.M: Acho que o meu maior desafio foi precisamente querer chegar até aqui, até onde estamos neste momento. O facto de não desistir, porque foi um longo caminho até chegar a mestre e esse foi um grande desafio pessoal, porque os meus pais nunca me ajudaram ou disseram “Pega lá dinheiro e vai pagar a mensalidade do ginásio!”. O ginásio, os equipamentos, tudo fui eu que paguei e quando se tem 19 ou 20 anos, com tanta coisa para fazer… Eu poupava o meu dinheiro para investir no ginásio, investir em mim e acho que esse foi o meu maior desafio.
O DESPORTO E O DESIGN
79
Como é conciliar a sua vida profissional e pessoal com os treinos? F.M: (Risos) Às vezes não é fácil, às vezes a vida profissional e a vida pessoal, pricipalmente a vida pessoal fica um pouco mais à margem, mas também não treinamos todos os dias e os fins-de-semana e o tempo que estamos juntos, temos que estar juntos. A nível profissional, é mais complicado, mas temos que fazer e como eu costumo dizer, quem corre por gosto não cansa. O que o motiva no seu dia-a-dia? F.M: Há várias coisas que me motivam e se calhar a maior motivação que eu tenho é chegar aqui e ter o treino cheio, ter pessoas no treino. Quando os seus atletas vão a competição e ganham, como se sente? F.M: Sinto orgulho, por mim e sobretudo por eles. Principalmente por eles, porque acho que o facto de eles estarem aqui a “sofrer” e nós puxarmos tanto por eles, nós treinadores, é para que se torne mais fácil no momento da competição e se eles sentirem-se bem com eles próprios é meio caminho andado para estarem mais à vontade na competição. Mas sim, é um orgulho. A AKCB conta com quantos atletas? F.M: Neste momento estamos entre os vinte e os trinta atletas. Neste momento existe equilíbrio entre os géneros nos treinos? Estamos cada vez mais perto de atingir o equilíbrio? F.M: De momento não existe equilíbrio. Mas acho que as senhoras neste momento estão a aderir bastante a esta modalidade e acho que também o facto de sentirem-se confortáveis com um espaço onde podem treinar sem serem olhadas
80
DESAFIAR
com uma conotação sexual, aqui dentro somos todos iguais e prezo para que isso se mantenha assim, mas acho que elas não se sentem desconfortáveis por ser um treino maioritário masculino. Tendo a sua experiência, que conselhos ou sugestões dá para as pessoas que estão a iniciar a modalidade? F.M: Os conselhos e sugestões são comuns em todos os desportos, é não desistir.Se realmente querem progredir, se querem iniciar uma carreira ou uma atividade deste tipo, primeiro tem que ter espírito de sacrifício e gostar do que estão a fazer. Não podem vir a pensar que isto é tudo “rosas”, não. Quando eu estava no outro ginásio por vezes chegava pessoal da musculação ou seguranças e eles pesavam que era só chegar ali e colocar as luvas, mas não, existe uma coisa essencial, a aprendizagem. Portanto o principal e mais importante é não desistir, querer superar-se a si próprio, continuar e persistir. Para si qual é a chave do sucesso? F.M: Para mim é a persistência. Quais são os seus objetivos? F.M: Neste momento estamos há muito tempo sem conquistar um título e a AKCB já teve vários títulos nos jornais, portanto um dos meus próximos objetivos é conquistarmos um título. Este ano estivemos muito perto de lá chegarmos, mas também com uma equipa tão pequenina não conseguimos fazer melhor, mas fiquei muito contente com a prestação que tivemos e para o ano vamos tentar.
O DESPORTO E O DESIGN
81
|MUAY-THAI-E-KICKBOXING |
O Muay Thai, modalidade referida na entrevista anterior, é conhecido por ser poderoso e eficaz, utiliza quase todos os membros do corpo de forma combinada, como a força dos punhos, cotovelos, pernas e joelhos. Exige uma boa preparação física e mental dos atletas para que sejam bem-sucedidos nos combates. O Kickboxing combina técnicas de punhos do boxe com técnicas de pernas de artes marciais como o karaté e o taekwondo. Apesar das suas diferenças, a forma de representar estas duas modalidades é bastante semelhante, sendo que em cartazes e campanhas, costuma haver a existência de fotografias em combate ou em treino com luvas e em posições de ataque, com expressões fortes e cores muito saturadas. A tipografia usada nesta modalidade é bastante semelhante à usada em rugby, sem serifa e bold. Nos cartazes de eventos e de combates são usados fundos neutros, maioritariamente preto e os elementos do costumam ter cores fortes e com grande contraste, conceden
82
DESAFIAR
do destaque ao conteúdo tipográfico.No caso da marca gráfica, o uso dos elementos pode variar desde objetos como as luvas de boxe, os sacos ou cinturões, o mongkon e o paprachiat (no caso do muay thai), porém o símbolo mais comum é um corpo humano em posição de pontapé, também é feito o uso de símbolos animais que representem a força, a coragem e a persistência. A parte gráfica é a mais destacada, o texto fica em segundo plano apesar de também possuir um caracter forte. As cores utilizadas são cores fortes, associadas à luta e guerra como por exemplo o vermelho e amarelo. Neste tipo de desporto é comum ser representado fotograficamente em posições de ataque com expressões fortes e de ataque. A tipografia e as cores usadas também devem transmitir respeito e superioridade. Ao representar a equipa como marca, devemos ter em conta a mascote, caso exista e criar a representação visual em torno da mesma.
Cartaz publicitário dos EFN Champions League
Cartaz publicitário do clube de Box Licoln Center
Material de redes sociais do clube Red Wolf
Logo do clube de Box Mestre Crezio
Logo do clube de Luta Invictus
Comercial da adidas- Fast is Feard
Logo do clube de Luta MMAUPA
O DESPORTO E O DESIGN
83
| A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA E SAUDÁVEL | por Paula Marques O ditado popular diz que “você é o que come” e não podia ser mais verdade. Os alimentos que ingerimos têm um grande impacto na nossa saúde e bem-estar. Ao manter a forma física e alimentarmo-nos bem estamos a reduzir o risco de desenvolver doenças relacionadas com a alimentação. Uma boa nutrição fornece ao organismo nutrientes que ajudam a manter o sistema imunitário saudável e permite ao corpo executar tarefas diárias com facilidade. Na realidade não existem bons ou maus alimentos. A chave para se manter saudável consiste na moderação e equilíbrio da alimentação. As refeições podem ser deliciosas e apelativas ao olhar e simultaneamente serem saudáveis. Grupos de Alimentos
Frequência de consumo
Fruta fresca
3 a 5 peças por dia
Hortículas
3 a 5 porções por dia, Uma delas crua (salada)
Arroz, massa, cereais 5 a 11 porções por ou derivados, batatas, dia pão
84
Leguminosas
Pelo menos duas porções por semana
Carne, peixe e ovos
1,5 a 4,5 porções semanais de cada um
Lactícinios
3 porções diárias
DESAFIAR
Os essenciais: Energia: hidratos de carbono, gorduras, proteínas e açúcares. Vitaminas e Minerais: apesar de serem necessárias em pequenas quantidades, são os pilares para uma boa saúde e essenciais em muitas funções do corpo. Fibras: São vitais para ajudar a excretar resíduos regularmente. Asseguram a absorção de nutrientes de forma gradual e controlada. Água: Não é um nutriente, mas tem um papel fundamental numa alimentação saudável. Sem líquidos o corpo sobrevive apenas alguns dias. Precisamos de cerca de 8 copos de líquidos por dia. Importante também: -Atingir o peso ideal – Excesso de peso piora muitos problemas de saúde. -Ser ativo – praticar exercício físico com regularidade. -Moderar o consumo de álcool – beber em demasia pode ser desastroso para a sua saúde. -Limitar o consumo de sal – deve reduzir o consumo de sal em alimentos processados ou durante a refeição e ajudará a manter-se saudável.
A OMS – Organização Mundial da Saúde recomenda ainda: moderar o consumo de carne vermelha e fomentar o consumo de carnes magras; escolher o azeite como principal gordura de adição; aumentar o consumo de fruta e hortícolas; moderar o consumo de hidratos de carbono simples, e aumentar o consumo de hidratos de carbono complexos; aumentar o exercício físico. Uma alimentação saudável é essencial para uma boa saúde – tanto a curto como longo prazo.
Fotografia de Dane Deaner
| O TOP DE APLICAÇÕES QUE TENS OBRIGATÓRIAMENTE QUE BAIXAR | Atualmente as tecnologias estão muito presentes na nossa rotina diária e cada vez mais surgem novas aplicações para ajudar nas mais diversas ocasiões. Nesta secção foram destacadas seis aplicações que ajudam a manter a forma, controlar a dieta, a saúde ou a manter-se hidratado.
NIKE RUN CLUB
NIKE TRAINING CLUB
Avaliação: 4,5
Avaliação: 4,6
O Nike Run Club acompanha e regista todas as corridas/caminhadas e os treinos são guiados por áudio pelos treinadores e atletas da Nike. A aplicação faz desafios de distância mensais ou semanais e classifica as suas corridas para aumentar a motivação para atingir os objetivos e ainda possibilita a partilha dos resultados nas redes sociais. A NRC, regista dados como o ritmo, localização, distância, elevação, frequência cardíaca, para que possa comparar os resultados e a evolução.
O Nike Training Club disponibiliza mais de 185 treinos gratuitos que focam desde força e resistência à mobilidade e yoga, com a ajuda de treinadores da Nike. Oferece a possibilidade de personalizar os planos de treino de forma a adaptar ao objetivo e disponibilidade de cada indivíduo. Os planos de treino são flexíveis, variam desde o nível de iniciante ao de avançado e o foco dos treinos podem ser escolhidos consoante o objetivo, tais como treinos de abdômen e tronco, braços e ombros e pernas e glúteos.
Pode ainda registar e acompanhar suas corridas com os dispositivos compatíveis com o Android Wear OS, cada atividade é seguida e sincronizada na aplicação, também permite verificar os detalhes das últimas corridas no histórico de atividades. 86
DESAFIAR
DESAFIO FITNESS DE 30 DIAS
DESAFIO FITNESS EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTOS
Avaliação: 4,8
Avaliação: 4,8
Esta aplicação possibilita treinos em casa de forma a melhorar a sua aptidão física com desafios diários que aumentam a intensidade de treino gradualmente. Existem diversos tipos de treino consoante a necessidade e cada um desses encontra-se dividido em três níveis, iniciante, médio e avançado.
Esta aplicação serve para reduzir a rigidez muscular, aliviar dores, aumentar a flexibilidade e aliviar o estresse. Disponibiliza exercícios de aquecimento matinal, alongamentos diversos que permitem alongar partes do corpo específicas consoante as necessidades dos indivíduos. Todos os exercícios são registados em um gráfico para acompanhar a progresso.
LEMBRETE DE BEBER AGUÁ
MONITOR DE SAÚDE, DIETAS E FITNESS
Avaliação: 4,9
Avaliação: 4,3
Esta aplicação tem como objetivo desenvolver um bom hábito de beber água regularmente e manter seu corpo saudável. Esta faz o registo de ingestão diária de água, estipula metas e possuí um histórico com as estatísticas do consumo durante o mês.
O monitor de saúde ajuda a atingir os objetivos, a escolher melhor os alimentos e s manter a forma. Controla o peso, a ingestão de água, conta as calorias, supervisiona o sono e a frequência cardíaca, conta os passos e ainda dispõe de um lembrete para a medicação
O DESPORTO E O DESIGN
87
DESAFIAR De-sa-fi-ar v.t. -Enfrentar -Provocar -Afrontar, não recear: desafiar o perigo DESIGN Design s.m. -Disciplina que visa a criação de objetos, ambientes, obras gráficas, ao mesmo tempo funcionais, estéticos e conformes aos imperativos de uma produção industrial. DESPORTO Des-por-to s.m. -Prática regular de uma atividade que requer exercício corporal e que obedece a determinadas regras, para lazer, para desenvolvimento físico ou para demonstrar agilidade, destreza ou força. -Atividade que se faz por diversão ou entretenimento.
O DESPORTO E O DESIGN
89
ALGUMAS PESSOAS QUEREM QUE ACONTEÇA, OUTRAS DESEJAM QUE ACONTEÇA, OUTRAS FAZEM ACONTECER. Michael Jordan
ISSN 2184-4674
9
772184
467009