BIOWORKING

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BIOWORKING UM ESPAÇO DE TRABALHO COLABORATIVO DENTRO DOS CONCEITOS BIOFÍLICOS

THALITA BRASILEIRO FERREIRA

RECIFE 2022



UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO ARQUITETURA E URBANISMO

Thalita Ferreira

BIOWORKING: UM ESPAÇO DE TRABALHO COLABORATIVO DENTRO DOS CONCEITOS BIOFÍLICOS. Trabalho de Graduação desenvolvido pela aluna Thalita Brasileiro Ferreira, orientado pelo Prof. Arthur Baptista e apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco como requisito parcial para a obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.

RECIFE 2022



SUMÁRIO 0I. O Tema 01. Introdução 02. Narrativa e Justificativa 03. Objetivos 03.01 Objetivo Geral 03.02 Objetivo Específico 04. Procedimentos Metodológicos

02. O Contexto 04. O Ambiente de Trabalho 04.01 O Escritório Taylorista 04.02 O Open Plan Office - Escritório em Planta Livre ou Escritório Aberto 04.03 O Office Landscape - Escritório Panorâmico

04.04 Os Escritórios Lúdicos 04.05 O Trabalho Remoto e o Coworking 05. O Coworking 05.01 Tempos de Reinvenção 05.02 O Coworking no Brasil 06. A Ergonomia 07. Biofilia - O homem, a natureza e o espaço 07.01 Estratégias para o Design Biofílico

03. O Território 08. O Bairro de Santo Antônio 09. O Recorte escolhido 10. A Análise

04. A Proposta 11. Precedências Projetuais 12. Diretrizes



0I. O Tema


01. Introdução Com a pandemia do COVID-19, diversas transformações aconteceram na sociedade, mas no âmbito do trabalho, pode-se dizer que foi a maior delas. O mundo entrou em uma urgência sanitária e também social, pois os ambientes corporativos passaram por mudanças para dar lugar aos “espaços virtuais”. Com isso, as relações entre as pessoas foram danificadas e doenças que afetam a saúde mental viraram foco das discussões. Em paralelo a isso, o Centro Histórico de Recife (CHR) tem sido alvo dos debates entre urbanistas e pesquisadores. Prova disso foi o primeiro Seminário Internacional de Reabilitação de Áreas Centrais (2021), um evento do Porto Digital em parceria com o BNDES, onde se palestrava justamente sobre como reabilitar o centro abandonado através de alguns estudos de caso. Entre outras discussões, é nítido que o CHR precisa urgente de diferentes soluções que possam trazer vivacidade e investimentos para a área. Nesse contexto, o presente trabalho foi concebido a partir do questionamento sobre a qualidade do ambiente de trabalho versus à necessidade de se pensar em diferentes alternativas que retomem as atividades do Centro. Logo, o projeto final aqui apresentado foi o anteprojeto de um coworking, um espaço de trabalho colaborativo, que foi desenvolvido à luz dos conceitos biofílicos, para o bairro de Santo Antônio, no centro de Recife/PE.


Como já demonstrado no sumário, o trabalho foi dividido em quatro partes. Após a caracterização do tema, irão seguir as seções do contexto, lugar e proposta. A primeira parte estuda a história do ambiente de trabalho até chegar no coworking. Em seguida é abordada a importância da ergonomia e da biofilia, além de como se utiliza o design biofílico nos projetos de arquitetura. Depois, se adentra no lugar, que analisa o território do Bairro de Santo Antônio, analisando todas as suas características legislativas e urbanísticas, e introduzindo o lote do projeto final. Por fim, a última seção corresponde à proposta.

Figura 01. Vista aérea do Bairro de Santo Antônio. Fonte: Quero um Negócio. Disponível em: https://blog.queroumneg o c i o . c o m . b r / w p - c o n t e n t / u p l o ads/2020/02/bom-negocio-em-recife-pe-20200210142436. jpg-1024x680.jpg


02. Narrativa e Justificativa As mudanças sociais e urbanas ocorridas durante o processo de modernidade e higienismo são incontestáveis. As cidades brasileiras passaram por diversas mudanças em sua estrutura e no que se considerava uma arquitetura ideal e de qualidade. Os interesses do mercado imobiliário começaram a tomar conta da urbanização e expandir a cidade para diversas áreas, esquecendo os traçados antigos e as centralidades. No Brasil, esse é um fenômeno muito comum, que decorre de um antigo processo que transforma essas outras áreas em novos pólos econômicos (BONDUKI, 2010, p.320). Tal fato reflete no processo de esvaziamento populacional e deterioração dos centros urbanos. A cidade do Recife é um exemplo que se insere nesse contexto. Na pesquisa Moradia no Centro (HABITAT PARA HUMANIDADE BRASIL, 2018), constatou-se um percentual expressivo de imóveis abandonados, que é reflexo do processo de esvaziamento populacional. Douglas Farr (2013), já defendia em sua obra a importância e a necessidade de se pensar em um urbanismo sustentável. De acordo com o autor, a densidade e o acesso à natureza, biofilia, são aspectos centrais quando se pensa no meio urbano. Planejar uma cidade mais compacta, de usos diversos, pensando no pedestre e na eficiência do transporte público deve ser objetivo e pauta nas discussões dos projetistas e urbanistas. Assim, o cenário em que Recife se encontra é oposto ao ideal de uma cidade sustentável, principalmente quando se considera o abandono do centro.


Com as discussões que estão ocorrendo a respeito do Centro Histórico de Recife (CHR), muitas das propostas consideram o uso misto - serviços/comércio + habitação. Entretanto, é importante pensar também no potencial de retomar as atividades laborais do território. O Bairro de Santo Antônio, onde se insere o projeto final aqui apresentado, era consolidado como pólo de comércio especializado e de luxo, um reduto boêmio para os intelectuais e muitos profissionais liberais e que, a partir da década de 1990, devido ao processo de degradação e abandono mencionado anteriormente, acaba se transformando em um pólo de serviços (IPHAN, s.d). Assim, é válido repensar nesse outro potencial para a área como uma das possibilidades para retomar sua vivacidade. Nesse contexto, se entra no debate sobre o ambiente de trabalho, quais as condições ideais e como ele pode interferir diretamente nas relações pessoais e na constituição de uma população. Muitas pessoas no espaço corporativo começam a desenvolver distúrbios de saúde mental, como ansiedade, depressão e a Síndrome de Burnout (esgota-

mento). Segundo dados da OMS, mais de 80 mil brasileiros estão afastados do trabalho por depressão. Com a pandemia do COVID-19, esses impactos na saúde dos indivíduos se intensificaram pela falta das relações sociais. Logo, é importante agir rápido para minimizar esse cenário e criar espaços que fomentem a saúde, segurança e a qualidade de vida dos trabalhadores, como é o caso do modo de trabalho coworking. O coworking surgiu através do movimento pela busca de locais de trabalho mais abertos, com muita vegetação, estações de trabalho compartilhadas, variedades de salas, além de locais específicos e preparados para vídeo-chamadas. No estudo The Global Impact of Biophilic Design in the Workplace (2015), constatou-se um aumento de 15% da criatividade nos indivíduos que trabalham em lugares com plantas e com espaços compartilhados. Por isso, a biofilia, já defendida por Farr (2013), é um elemento importante para a construção de um ambiente que busca o bem estar das pessoas e também o aumento da produtividade nos locais de trabalho.


Desta forma, este trabalho surge como uma alternativa para se instituir uma cidade mais compacta e com compacidade, onde se tenham locais de trabalho em áreas com potencial habitacional, além de ser uma forma de viabilizar um ambiente de corporativo colaborativo e que considere a saúde mental das pessoas como fator determinante de projeto.

Figura 02. Dados dos distúrbios da saúde metal dos brasileiros. Fonte: INSS, OMS, São Paulo Megacity Health Survey. Disponível em: https://files.passeidireto.com/7a2c9101-51b2-4f58-8065-e8f9334c1f71/bg1.png



03. Objetivos 03.01 Objetivo Geral Elaborar um anteprojeto arquitetônico de um espaço colaborativo à luz dos conceitos biofílicos, no bairro de Santo Antônio, em Recife. Para assim, contribuir na melhora da qualidade do ambiente de trabalho a partir dos benefícios da reaproximação entre o ser humano e a natureza. 03.02 Objetivos Específicos • Compreender e analisar o desenvolvimento dos ambientes de trabalho e suas respectivas condições para a identificação das potencialidades e problemáticas de um espaço coworking. • Estudar os conceitos biofílicos para empregar soluções construtivas que incentivem a reaproximação entre a natureza e seus usuários, e assim, melhorar a qualidade do ambiente de trabalho. • Definir as necessidades e preocupações atuais da população para propor espaços que promovam o bem estar e consequentemente a produtividade do colaborador. • Propor aum anteprojeto arquitetônico de um coworking à luz dos conceitos biofílicos, no bairro de Santo Antônio. Com diferentes espaços de trabalho: individuais, compartilhados, informais e lúdicos que permitam a convivência, a interação dos usuários e a potencialização da criatividade.


04. Procedimentos Metodológicos

Para o desenvolvimento deste trabalho, foram adotados os seguintes procedimentos: Conceituação Temática Estudo teórico e histórico acerca do ambiente de trabalho, seus modelos, organização espacial. Revisão bibliográfica a respeito do modelo coworking. Compreensão do conceito de biofilia e investigação da aplicabilidade do design biofílico. Análise Territorial Estudos territoriais com base nas análises sobre o bairro de Santo Antônio, investigação de tipologia, uso, gabarito, mobilidade, morfologia, entre outros aspectos de valia para o trabalho, como legislação e levantamento dos coworkings e escritórios na região. Precedências Projetuais Análise dos projetos que envolvem ambientes de trabalho compartilhados e/ou biofilia. Elaboração do Anteprojeto Desenvolvimento de um anteprojeto arquitetônico de um espaço colaborativo à luz dos conceitos biofílicos, no bairro de Santo Antônio, em Recife.



02. O Contexto


04. O Ambiente de Trabalho O ambiente de trabalho passou por diversas transformações físicas e tecnológicas. Desde os primórdios da humanidade, no Antigo Egito, já entendia-se a importância do que se configura o espaço corporativo. Os escribas faziam parte de uma casta reduzida e privilegiada, que ficava logo abaixo da família faraônica. Atualmente, nas grandes metrópoles, os “escribas” contemporâneos - atendentes e os mais diversos operários de gabinete - cresceram em quantitativo e em variedade, aumentando a produção de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos necessários para o ambiente corporativo. É de extrema importância para o projeto aqui desenvolvido, compreender como se deram essas transformações no ambiente de trabalho para chegar ao cenário atual. O trabalho é objeto de pesquisa de diversas ciências. As ciências da natureza estudam os condicionantes fisiológicos e psicológicos do trabalho, enquanto as sociais o analisam como um evento socioeconômico (SVATCHENKO apud KRAWULSKI, 1991, p.22). Desta forma, a seguir apresenta-se um breve contexto histórico de como o ambiente de trabalho se tornou o que é nos dias de hoje. Segundo Mendes (2019), ainda na Idade Média, surgiram os primeiros locais de estudo e conhecimento, os mosteiros. Esses lugares se configuravam como escritórios, sendo local destinado à leitura e escritura de documentos. O espaço era isolado da sociedade fazendo, assim, com que os monges


ficassem em concentração total. Entretanto, os ambientes corporativos de fato só vêm se formar mais a frente uma vez que, mesmo se configurando de certa forma como escritórios, os mosteiros ainda não eram considerados um local formal e com um layout racional de trabalho. O primeiro prédio que pode-se considerar como administrativo, segundo Caldeira (2005), foi o Palácio Florentino

dos Uffizi que, em italiano, significa escritórios. Atualmente o edifício abriga um dos museus mais ricos de arte da Europa, mas já foi palácio da dinastia Médici, construído por Giorgio Vasari, entre 1560 e 1574. O layout consiste em “dois edifícios estreitos e compridos, alinhados ao longo de uma espécie de rua interior e compreendia uma sucessão de salões dispostos em três pavimentos” (FONSECA, 2004).

Figura 03. Palácio dos Uffizi, atual Galleria degli Uffizi. Disponível em: https://www.romapravoce.com/wp-content/uploads/2021/06/galleria-uffizi-florenca-italia.jpg


Com a Revolução Francesa, em 1789, advindo do ideal burocrático que surge na época, começa-se a diferenciar e criar uma hierarquia entre as funções dos trabalhadores. Assim, os de maior graduação ocupavam as salas privadas voltadas para as áreas externas, enquanto os outros, de grau inferior, eram dispostos em grandes salões coletivos com vista para pátios internos (CALDEIRA, 2005). Essa configuração do espaço de trabalho continua a se desenvolver, sofrendo poucas alterações, até chegar a Revolução Industrial onde, com a intensificação da indústria, muitos novos espaços começaram a surgir para abrigar as funções administrativas da produção, sendo esses locais designados de forma exclusiva para escritórios. Ao decorrer do tempo, vários modelos de ambientes corporativos foram desenvolvidos, de acordo com as necessidades e se adequando com a realidade disposta à eles. Desta forma, de layout à mobiliário, diversos modelos foram adotados ao longo da história provenientes de doutrinas mais racionais e que visam a eficiência do trabalho, juntamente ao surgimento do

marketing e da propaganda, como visto a seguir.

04.01 O Escritório Taylorista Como já mencionado, alguns pensamentos voltados para a racionalização começaram a surgir com o aumento da escala de produção fator que, além de ter contribuído para o estímulo da concorrência, favoreceu para o investimento na eficiência no trabalho fabril e administrativo (FONSECA, 2004). Surge então, em 1890, a primeira doutrina administrativa científica, o taylorismo. Teoria elaborada por Frederick W. Taylor (1856-1915), tinha como ideal central a segregação espacial que explicitava a hierarquia entre os trabalhadores, incentivando, assim, a competição e o estímulo das atuações individuais destes. Desta forma, os layouts dos ambientes eram racionais e rígidos, assim como o design dos mobiliários e equipamentos eram guiados pela retórica estilística com o objetivo de garantir a disciplinaridade e linearidade no desenvolvimento do trabalho a ser realizado.


Esse novo tipo de escritório, apesar de fisicamente separado da fábrica, apresentava uma organização espacial que lembrava a planta industrial: um grande salão central era destinado aos funcionários dos escalões inferiores (datilógrafos, estenógrafos, contadores, contínuos, etc.), onde as mesas eram dispostas em fileiras paralelas, numa mesma direção, sob as vistas de um supervisor instalado defronte. Ao redor desse grande salão central, localizavam-se as salas privativas dos gerentes, que eram delimitadas por divisórias semienvidraçadas. Os funcionários dos escalões mais altos ocupavam os pavimentos superiores e nesses, suas salas confortáveis e privativas, revestidas com acabamentos internos de qualidade, situavam-se nos pontos com melhor vista e insolação. (FONSECA, 2004).

Figura 04. Planta de um edifício Taylorista – Edifício Larking Building (1906) de Frank Lloyd Wright, NY. Disponível em:

https://arqteoria.wordpress.com/2013/11/20/aula-2-evolucao-do-desenho-dos-espacos-de-trabalho/


Nesse período, o relógio de ponto se instituiu. Assim, foi possível se cronometrar o tempo de trabalho e se atentar mais aos fluxos internos dos funcionários contribuindo, desta forma, na definição dos tempos ideais de cada gesto a ser realizado. Com isto, nas décadas de 1940/50, alguns especialistas, como arquitetos e designers de interiores, passaram a se dedicar à análise das condições e questões ligadas aos modelos de trabalho dos operários e como o espaço poderia seguir a demanda desses indivíduos (FONSECA, 2004). Logo, esses especialistas começam a responder às demandas visando a melhor qualidade de vida dos trabalhadores nos locais de trabalho. Ao mesmo tempo em que se cronometra o tempo de trabalho e se controla o armazenamento e o fluxo de papéis por fichários alfanuméricos, escaninhos e tubulação pneumática para circulação interna de documentos, os espaços passam a ser dimensionados e configurados segundo padrões ergonométricos. (CALDEIRA, 2005). No final do século XIX, a Escola de Chicago foi um movimento que influenciou de forma decisiva no desenvolvimento de um novo tipo de edificação para escritórios. As construções passaram a ser altas, com estrutura de concreto armado e aço, permitindo uma planta flexível e fachadas mais livres para aberturas maiores, que a partir de 1940, se desenvolvem à fachadas de vidro. Desta maneira, houve uma melhora na iluminação dos pavimentos. Segundo Caldeira (2005), o arquiteto Frank Lloyd Wright foi pioneiro na arquitetura que integra e globaliza o projeto, o design de interiores e os instrumentos


de trabalho. Exemplo disso, é o Edifício da administração da S.C. Johnson, em Racine, como exposto a seguir. Em 1936, Frank Lloyd Wright inovou novamente ao projetar o edifício da administração da S.C. Johnson, em Racine. Neste projeto foram adotados os famosos pilares de capitel circular e o mobiliário metálico de cantos arredondados foi disposto de forma orgânica, antecipando as novas transformações que ocorrem a partir das décadas de 50 e 60, com a crise do taylorismo. (FONSECA, 2004)

Figura 05. Edifício administrativo da S.C. Johnson, F. L. Wright, 1936 - Fontes: S.C. John-

son.


04.02 O Open Plan Office Escritório em Planta Livre ou Escritório Aberto Antes de comentar sobre o Open Plan, é importante mencionar os escritórios que o antecederam. Durante as décadas de 50/60, principalmente nos Estados Unidos, novos ambientes de trabalho foram desenvolvidos com modelos diferentes de apropriação do espaço (FONSECA, 2004), um destes foi o General Office, como visto a seguir. No General Office, os funcionários de nível hierárquico maior chefes e gerentes - se dispunham na periferia do ambiente, enquanto os outros - operários - ficavam ao meio do edifício, no foco de seus superiores. O Single Office, que surge logo em seguida, consiste em um modelo em que os executivos se situavam ainda nas extremidades do espaço e os demais funcionários, de hierarquia mais baixa, ficavam concentrados em outro pavimento (FONSECA, 2004). Por fim, antes de mencionar o Open Plan, é importante citar ainda o Executive Core, que consistia em uma proposta inversa ao General Office e ao Single Office. Nesse modelo os chefes e gerentes ficavam ao centro e os demais funcionários ao redor, entretanto essa proposta não obteve êxito. Finalmente, chegou-se ao escritório Open Plan (inglês para “planta livre”), que foi tido como uma evolução na idealização dos ambientes de trabalho. Como o próprio nome diz, esse modelo de escritório, graças ao seu layout espacial livre, permitia uma flexibilização da atuação tanto do indivíduo quanto do grupo uma vez que, além de permitir e facilitar a comunicação, reduziu significativamente as diferenças de hierarquia (FONSECA, 2004).


Figura 06. Planta de um escritório aberto. Edifício One Chase Manhattan (1961) – SOM. Manhattan. Fonte: https://arqteoria.files.wordpress.com/2013/11/34c-escritorio-aberto-onechasemanhattan-som.jpg

04.03 O Office Landscape Escritório Panorâmico Essa foi uma proposta apresentada pela empresa de consultoria administrativa alemã Quickborner Team, em 1958. Esse sistema considerado revolucionário no planejamento de escritórios, tinha como premissa a planta livre, no sentido de que não deveriam ter divisórias internas fixas para que se tenha uma interação e uma comunicação mais rápida entre as pessoas. Desta

forma, não se tinha um ambiente hierárquico e massificado, e sim, um local com arranjo mais orgânico e com chefes e chefiados convivendo em um único espaço (FONSECA, 2004).


que estes têm contato direto com conversas paralelas, sons dispersantes e outros elementos que interferem na produção e desenvolvimento do trabalho. Apesar disso, esse é um sistema adaptável, podendo se moldar de acordo com a necessidade de cada empresa e, por isso, é muito comum atualmente.

Figura 07. Planta Edifício Osram (1962) W. Henn, Munique. Fonte: https://arqteoria.-

files.wordpress.com/2013/11/44-escritorio-paisagem-ou-burolandschaft-osrambuilding.j pg?w=382&h=382

Entretanto, apesar do sucesso, o modelo Office Landscape posteriormente começou a apresentar dificuldades. Uma delas é o fato de não se ter muita privacidade nesse espaço e também a impossibilidade de controlar os sistemas de temperatura e iluminação. Outro problema identificado são os altos níveis de distração em que os trabalhadores são submetidos, uma vez

É importante mencionar também que, no contexto do Office Landscape, foi lançado pela empresa norte-americana Herman Miller o Action Office, que tratava-se de uma linha de mobiliário para escritórios. O objetivo era que cada funcionário tivesse tudo o que lhe fosse necessário para trabalho ao seu alcance. Desta forma, os sistema era modular podendo ser definido de acordo com as necessidades de cada atividade (CALDEIRA, 2005). Tal modelo se desenvolveu ao decorrer do tempo no que se conhece atualmente por "cubículos". Durante esse período, na década de 70, devido à crise do petróleo, muitas empresas tiveram que cortar gastos e começaram a utilizar o espaço de trabalho da forma mais eficaz possível. Assim, os sistemas de


ventilação e iluminação natural foram comprometidos e tornaram-se inadequados, acarretando no surgimento da “Síndrome dos Edifícios Doentes” (MORAIS, 2019).

Figura 08. Cubículo. Fonte:https://www.hermanmiller.com/pt_br/products / w o r k s p a ces/workstations/action-office-system/design -story/

04.04 Escritórios Lúdicos Com a possibilidade do teletrabalho, o ambiente corporativo passou a sofrer diversas transformações. Na década de 90, muitas empresas começaram a adotar o trabalho remoto e, não apenas estas instituições, mas os municípios também começaram a estimular esse

tipo de conduta. Exemplo disso foi o Projeto Piloto de Teletrabalho, criado pela cidade de Los Angeles (EUA), onde o objetivo era que mais de 100 funcionários trabalhassem remoto para, assim, “reduzir a poluição do ar pelo tráfego de veículos, reduzir custos de locação, aumentar a produtividade e facilitar o acesso a candidatos mais qualificados para vagas de emprego” (MORAIS, 2019). Em 1995, a IBM, corporação estadunidense, entrou em um processo de redução da área de escritório com a possibilidade de migrar para o teletrabalho. Desta forma, foi possível em 14 anos modificar a força do modelo de trabalho tradicional, onde 40% dela não acessava o escritório físico. Com isso, a corporação vendeu uma boa parte de seus locais corporativos, arrecadando em torno de 2 bilhões de dólares. Paralelo ao cenário citado anteriormente, tinham-se ainda grandes investimentos na cultura corporativa. A robotização dos cubículos tornou-se foco de discussões que começaram desde a década de 70, onde fazia-se uma crítica a esses locais pela falta de humanidade que se tinham, quase que tratando as


pessoas como "animais em jaulas”. Assim, a indústria do mobiliário teve que então pensar em como tornar suas linhas em objetos mais humanizados e lúdicos, que tivesse foco na ergonomia. É nesse contexto que surge o Googleplex, em 1998, um complexo de edifícios que formam a sede da Google. A empresa multinacional, iniciou com seus edifícios corporativos o movimento “empresa dos sonhos”, que visa a promoção da qualidade de vida e liberdade. Ao mesmo tempo em que se cronometra o tempo de trabalho e se controla o armazenamento e o fluxo de papéis por fichários alfanuméricos, escaninhos e tubulação pneumática para circulação interna de documentos, os espaços passam a ser dimensionados e configurados segundo padrões ergonométricos. (CALDEIRA, 2005). Figura 09. Googleplex. Fonte: ://www.her-

manmiller.com/pt_br/products/workspac e s / w o r k s t a tions/action-office-system/design-story/


Entretanto, uma crítica a esse modelo foi levantada e começaram a intitular as intervenções propostas como “algemas de ouro” (MORAIS, 2019). O que acontece nesse âmbito é que o trabalho acaba se difundindo à vida pessoal, já que mesmo se tendo uma maior liberdade, os funcionários acabam estendendo sua jornada de trabalho, por muito mais horas do que antes. Ainda, segundo Jeremy Myerson, projetista de escritórios, o espaço corporativo da Google pode trazer um efeito negativo ao se pensar que este modelo é efetivo para todas as empresas. Ou seja, Myerson aborda que é necessário compreender que cada instituição tem sua cultura e suas necessidades, que replicar o modelo Google pode ser uma péssima ideia, uma vez que para ele “o efeito Google trouxe foi a ideia que trabalho é de alguma forma um playground e que você pode infantilizar seus funcionários” (MYERSON, 2016). O objetivo do projetista de escritórios é criar um espaço físico que reflete a cultura das pessoas que trabalham na organização e isso não é algo fácil de se fazer. Ultimamente tem-se uma nova “moda” em olhar para o Google e pensar: “Queremos um escritório igual ao Google!”. Agora, o escritório da Google foi pensado para refletir a cultura da companhia Google e se você é uma firma de engenharia ou de arquitetura, ou uma empresa de contabilidade, você não é necessariamente a Google; por quê você deveria ter um espaço de trabalho que parece superficialmente com o da Google? Isso quer dizer que o mais importante é as empresas entenderem sua própria cultura e trabalhar com designers e arquitetos que expressem essa cultura no ambiente corporativo. Assim, não é uma questão de imitar a Google, e sim, uma questão de achar a sua própria identidade e daí partir de um processo de projeto. (MYERSON, 2016)


A partir dos anos 2000, há um aumento significativo no trabalho remoto, provocando diversas mudanças no ambiente corporativo, inclusive, na demanda de novos espaços de trabalho, como é o caso do Coworking. No capítulo a seguir, aborda-se os principais desafios do trabalho remoto e como o coworking se tornou um espaço inovador e motivador para o meio corporativo.

04.05 O Trabalho Remoto e o Coworking Antes mesmo da pandemia do COVID-19, o trabalho remoto já vinha provocando mudanças significativas no cenário corporativo. O Home Office (inglês para “escritório em casa”) passou a ser tornar uma prática mais comum no mundo do trabalho, o que pode não ser a melhor opção visto que os trabalhadores encontram diversas dificuldades. Considera-se como exemplo disso o isolamento causado pela falta de interação corporativa; as distrações familiares; a necessidade de espaço e estrutura; a difusão entre vida de trabalho e pessoal e, ainda, o aumento da jornada de trabalho proveniente da falta de controle efetiva.

Figura 10. Diferença entre trabalhar em casa (em azul) e em um Coworking (em laranja) . Fonte: https://medium.com/generat o r h u b / t h e - a d va n t a g e s - t o - w o r k i n g - i n -a-shared-office-space-over-working-from-ho me-b4271b94b30e.

Assim, buscando desviar dos obstáculos citados anteriormente, as pessoas com trabalho remoto, empreendedores digitais e freelancers, passaram a buscar estabelecimentos como cafeterias, restaurantes, livrarias e hotéis, para realizar seu trabalho. Tudo o que estes trabalhadores precisam é de uma “estação” de trabalho e internet (wi-fi), o que foi fator determinante para que muitas cafeterias investissem nesses e outros elementos que estimulassem o trabalho virtual, oferecendo até aluguel de áreas de trabalho com assinatura mensal. Um exemplo desse tipo de


estabelecimento foi o escritório-cafeteria sueco The Coffice, localizado em Estocolmo (MORAIS, 2019).

Figura 11. The Coffice em Estocolmo .

Fonte: http://www.meltingbutter.com/stockholm-cafe-find-coffice/

O ideal de Coworking que se conhece atualmente surgiu em 2005 e foi criado por Brad Neuberg, programador de software. É importante mencionar que o termo usado por Neuberg já havia sido criado por Bernie DeKoven - um designer de games e teórico estadunidense que, em 1999, inventou o conceito de Coworking para descrever um espaço digital, uma espécie de "extensão do trabalho no ambiente online" (BEER OR

COFFEE, s.d), que é diferente do que se conhece atualmente pela expressão, pois hoje trata-se de um espaço físico colaborativo. Neuberg fundou o primeiro ambiente voltado para compartilhar o espaço de trabalho por estar frustrado com seu trabalho anterior em uma StartUp, onde sentia falta das interações com os colegas de trabalho. O local, chamado de San Francisco Coworking Space, consistia em um espaço com capacidade para algumas mesas e com infraestrutura necessária para atividades de escritório, podendo ser usado duas vezes por semana. O coworking se localizava em uma casa feminista conhecida como Spiral Muse, em São Francisco. Tratava-se de um espaço com capacidade para cinco a oito mesas destinadas a um trabalho a ser executado duas vezes por semana. O ambiente possuía características peculiares, tais como atividades relacionadas à meditação, alimentação, programação de passeios de bicicleta. Caracterizava-se igualmente pelo horário rígido de fechamento, fixado em 17h45. (SORAES, SALTORATO, 2015).


Em 2006, Neuberg já possuía recursos e credibilidade para garantir uma estrutura dedicada, sem precisar desmontar o espaço após o uso. Assim, ele abre o The Hat Factory, que substituiu o antigo espaço. Esse foi o primeiro coworking que se estrutura como o que se conhece atualmente e, segundo Andrade (2020), pode-se considerar este como o primeiro espaço oficial de coworking contemporâneo.

Figura 11 e 12. Primeiro coworkig que foi aberto na casa fiminista Spiral Muse / Dois coworkers no primeiro espaço. Fonte: http://codinginparadise.org/ebooks/html/blog/start_of_-

coworking.html.



05. O Coworking Infelizmente é pequeno o arcabouço teórico a respeito do coworking. A maior referência nacional sobre o tema, que possui mais completude em seus dados, é o Coworking Brasil. Segundo a plataforma, o Coworking “é um movimento de pessoas, empresas e comunidades que buscam trabalhar e desenvolver suas vidas e negócios juntos, para crescer de forma mais rápida e colaborativa”. Assim, o espaço é gerado a partir de várias iniciativas, onde diferentes empresas e profissionais independentes se juntam em um mesmo ambiente, com toda a estrutura de um escritório tradicional, para desenvolver seus negócios. É lugar para pessoas que valorizam a criatividade, inovação, troca de vivências e conexão de contatos, podendo ser uma espaço com fins comerciais ou não.

Figura 13. Espaço coworking. Fonte: https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/o-que-e-coworking/


Segundo Hillman (2008), são seis os principais motivos para utilizar um coworking:

01. Você não tem ideia do que está acontecendo em sua região; 02. Você precisa de motivação; 03. Você gosta de aprender coisas novas; 04. Você não tem ideia do que está acontecendo em sua região; 05. Seu trabalho/vida e equilíbrio está fora de sintonia; 06. Compartilhamento

de recursos, trabalhadores autônomos, funcionários nômades e equipes de empreendedores precisam de boas conexões, espaços ergonômicos, livres da agitação mas sem sofrer a solidão que se qualifica no home office. Resumidamente, é necessário um terceiro lugar.

Diagrama 01. Motivos para Utilizar o Coworking. Fonte: pela autora segundo o que se descreve em HILLMAN apud ANDRADE, 2020.


Desta forma, o Coworking surge como uma solução para os seis pontos apresentados anteriormente, sendo associado à ideia de terceiro ambiente, uma conexão entre o tradicional e o social que, por suas características híbridas e flexíveis, é o único que pode assegurar o desenvolvimento de uma sociedade. Segundo o sociólogo R. Oldenburg (1989), o terceiro lugar seria um ambiente fora de casa e do escritório, onde os indivíduos costumam se conectar e socializar de forma livre e informal. São ambientes indispensáveis para o tecido social urbano.

TRABALHAR JUNTO

TRABALHAR SOZINHO

COWORKING

Diagrama 02. Coworking como terceiro lugar. Fonte: pela autora segundo ANDRADE, 2020.

No Brasil, o primeiro Coworking surge em 2007, o Impact Hub, localizado na cidade de São Paulo.



05.01 Tempos de Reinvenção A pandemia do COVID-19 veio como um fator instigador das discussões a respeito do novo ambiente de trabalho. As pessoas já não pensam mais em trabalhar da mesma forma tradicional, que é uma perspectiva que afeta diretamente questões ligadas à produção, participação, capacidade e, até mesmo, a sustentabilidade (WHOWL, 2021). Anteriormente à pandemia, o modelo de trabalho híbrido e home office já vinha sendo colocado em prática, como mencionado previamente. Segundo dados da Global Workplace Analytics em parceria com a FlexJobs (2005-2015), nos Estados Unidos, o número de profissionais que trabalham em casa aumentou em 115%. No Brasil isso não é diferente já que, segundo o IBGE, em 2018, o país já tinha cerca de 4 milhões de pessoas que desenvolviam suas atividades de maneira remota. Ou seja, pode-se constatar que o trabalho home office é um modelo claramente aceito por uma boa parte das pessoas. Entretanto, nessa era virtual, quando se utiliza de um mesmo ambiente para moradia e trabalho, a pressão de se manter on-line e a carência de interações sociais são causas inevitáveis que afetam a saúde mental dos indivíduos. Em uma enquete realizada por um funcionário da Google no aplicativo Blind, que possui cerca de 3.6 milhões de usuários, quando perguntou se ‘trabalhar de casa está afetando a saúde mental’, de quase 10 mil respostas, 66% respondeu que sim. Ou seja, apesar do aumento percentual do trabalho remoto,


esta modalidade não é perfeita, fazendo-se necessário pensar em outras perspectivas e soluções. Quanto ao trabalho tradicional, todavia, não é ainda o modelo ideal. O ser humano tem a natureza social, necessitando assim de espaços de encontro e interações. Mas o ambiente tradicional corporativo não apresenta, em sua maioria, espaços e metodologias de trabalho humanizados. Logo, o movimento que está acontecendo é a pedida por locais mais abertos, com estações compartilhadas de trabalho, variedades de salas - integradas, em vidro, e reservadas - além de locais específicos e preparados para o ‘escritório virtual’, com estrutura apropriada para vídeo-chamadas. Ou seja, a necessidade de um ambiente de trabalho que seja adequado às novas necessidades dos trabalhadores. Logo, conclui-se que a pandemia foi uma aceleradora no processo de mudança do espaço de trabalho. O pós-pandêmico resume-se, então, à três formatos (WHOWL,2021), expostos no diagrama ao lado:

• volta à rotina tradicional de trabalho; • continuidade do trabalho remoto; • implementação do modelo híbrido, oferecendo possibilidade de escolha aos funcionários. Diagrama 03. O Pós - pandemia, segundo WHOWL,2021. Fonte: imagem: https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/carreira/profissoes-2/o-que-e-trabalho-hibrido/.


A pesquisa Global Workplace Analytics constatou que 30% das pessoas ainda permanecerão no sistema home office. Assim, entende-se que deverá haver um planejamento para a volta dos espaços de trabalho, devendo acontecer de forma híbrida. Em paralelo a isso, ainda tem o agravamento de doenças psicológicas e, principalmente, da Síndrome de Burnout, que é o esgotamento mental causado pelo trabalho. Segundo dados coletados pela ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), 72% dos brasileiros sofrem com estresse no trabalho e 32% desenvolvem a Síndrome de Burnout. O Brasil, fica apenas atrás do Japão no ranking de países com maior incidência de Burnout na população economicamente ativa (ISMA-BR). Entende-se, então, que o cenário encontrado é muito mais preocupante e é preciso pensar, urgentemente, nesse novo ambiente ideal de trabalho. Por tudo o que foi apresentado anteriormente, o Coworking entra em ação como uma das soluções mais efetivas para um ambiente de trabalho. Nele se contempla dinâmicas coletivas e indivi-

duais, agregando espaços para quem trabalha de home office, profissionais liberais, freelancers e, até mesmo, para grandes empresas. Cria-se nesses locais trocas em várias camadas sociais, entre pessoas e entre corporativas. E além de se pensar no trabalho, no coworking pensa-se também nas diversas necessidades dos usuários, de descanso à lazer. São espaços que atendem demandas mensais, diárias ou até mesmo de horas (WHOWL, 2021). Tratam-se de espaços alugados por meses, dias ou até mesmo horas, para profissionais que necessitam trabalhar ou, até mesmo, fazer apenas uma reunião. Alguns oferecem endereços comerciais, incluindo no pacote a utilização de secretárias, por exemplo. Além disso, o coworking estimula a troca de experiências e o desenvolvimento de parcerias de negócio. (WHOWL, 2021)


Por estado SP

663

RJ

129

MG

112

RS

97

SC

90

PR

87

PE

53

DF

42

Gráfico 01. Ranking de coworkings por estado. Fonte: elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking Brasil 2019.

Gráfico 02. Ranking de coworkings por cidade. Fonte: elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking Brasil 2019.

43 CAMP.

38

44 CWB

REC

54 POA

42

64 BH

BRAS.

106 RJ

SP

Por cidade

Segundo o último censo do Coworking Brasil (2019), São Paulo é o estado que lidera o ranking com mais coworkings do Brasil. Pernambuco encontra-se em 7° lugar e Recife está em 8° lugar no ranking por cidades. Tais dados expõem que, mesmo o estado e a cidade sendo os primeiros do nordeste, há ainda muito potencial de crescimento e deve-se sim investir na implementação de coworkings no território.

388

05.02 O Coworking no Brasil

Durante a pandemia, como já foi dito, as pessoas foram forçadas ao trabalho remoto e muitos problemas foram enfrentados quanto à qualidade do trabalho. Quando as atividades começaram a voltar de forma híbrida, e o coworking foi uma das opções adotadas, dados informam que mais de 60% dos frequentadores tiveram melhora na vida social, saúde e na produtividade e, ainda, que 66% dessas pessoas não trocariam o espaço compartilhado por um privado mesmo se o custo fosse parecido, segundo o censo Coworking Brasil. E para compreender como esses espaços funcionam, de maneira geral no país, a seguir foi feito um estudo, com base nos dados do censo do Coworking Brasil, para que se tenha uma compreensão da estrutura desses lugares e do perfil de seus usuários.


Quatro são os pilares que determinam o modelo dos ambientes de coworking. Segundo Giannelli (2016), são eles: Arquitetura e equipamentos. Que englobam desde a construção, mobiliários de suporte para trabalhadores a espaços dedicados à convivência. Despressurização e lazer. Que permitem a prática do ócio criativo e descanso. Networking. Troca de informações e cocriação entre diferentes profissionais, áreas de atuação e empresas em um mesmo espaço de convívio. Diferentes empresas. Não necessariamente precisa conter empresas de áreas diferentes. Além disso, pode abarcar freelancers e microempresas. (GIANNELLI, 2016, p. 56) O coworking pode oferecer uma gama de serviços, que são distribuídos nesses quatro pilares. Esses espaços estão cada vez mais completos e com uma estrutura mais equipada para atender as diferentes necessidades de seus usuários. A seguir, tem-se o percentual dos serviços básicos e extras oferecidos pelos coworkings no país.

53%

Acessível para cadeirantes

36%

46%

Atendimento em Inglês

76%

Possui Biblioteca

Armário Privado

94%

98%

Café Grátis

90%

Serviço de Impressão

31%

Estacionamento Próprio

Sala de Reuniões

61%

Serviço de Secretariado

43%

Estacionamento Conveniado

Gráfico 03. Serviços ofertados pelo coworking no Brasil - continua próxima página.


25%

1%

Atendimento em Espanhol

Atendimento em Libras

87%

95%

Espaços para Convivência

96%

Cozinha ou copa

78%

20%

24 Horas

13%

Standing Desks

45%

Endereço Comercial

Endereço Fiscal

Vende produtos de alimentação

43%

48%

95%

Telefone Privado

Bicicletário

80%

19%

Aceita cartões de crédito

Aluga computadores

Ar condicionado

16%

Gabinetes Telefônicas

58%

Faz eventos

3%

Estrutura para crianças

73%

Cadeiras ergonômicas

26%

Vende bebidas alcoólicas

25%

Permite animais

Gráfico 03. Serviços ofertados pelo coworking no Brasil. Fonte: elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking Brasil 2019.


Outro dado importante a se observar é algo já comentado neste trabalho: a multidisciplinaridade dos coworkings. Alguns desses ambientes podem possuir nicho específico, entretanto, segundo o Coworking Brasil (2019), no país cerca de 88% dos coworkings atendem profissionais de áreas diversificadas. Além disso, ainda de acordo com a plataforma, mais de 214 mil pessoas se utilizam do coworking pelo menos uma vez no mês, podendo ser apenas suas estações de trabalho, salas de reunião ou ainda para eventos. Os dois tipos de coworkers que predominam nesse tipo de ambiente, segundo Giannelli (2016) são os permanentes e os esporádicos. Os Coworkers permanentes são aqueles que alugam com certa frequência os Espaços que comumente são de dois modelos: os spots, que são áreas de trabalho individuais usadas em grande parte por freelancers que praticam o Home Office ou salas para aluguéis semestrais, que geralmente são locadas por pequenas empresas. Os Coworkers esporádicos são de usuários que estão de passagem pelo local e que alugam os spots por períodos curtos. Muitos destes são conhecidos como Nômades Digitais. Praticantes e viajantes que percorrem diversos lugares, estados e até países portando seus computadores e não possuem endereço fixo. (GIANNELLI, 2016, p. 55). Os nômades digitais, mencionados por Giannelli, são profissionais que podem trabalhar on-line de qualquer lugar do mundo (RIBEIRO, 2018). Não existe, portanto, uma profissão específica para ser esse nômade, podendo ser de designer à advogado, já que são muitos os ofícios que permitem o trabalho remoto.


Quanto ao tempo de permanência dos usuários, o maior percentual, 33%, corresponde de 6 a 12 meses, enquanto o menor percentual, 5%, equivale a menos de 3 meses. Assim, o tempo que a maioria dos usuários tendem a usar o coworking de maneira contínua pode chegar a um ano. Por fim, quanto aos dados coletados pela Coworking Brasil, cabe destacar o perfil dos usuários, onde a proporção de homens e mulheres é praticamente 50/50 e a idade tende a ser pessoas de 35 anos. Tempo médio de permanência dos coworkes Menos de 3 meses (5%) De 3 a 6 meses (20%) De 6 a 12 meses (33%) De 12 a 24 meses (26%) Mais de 24 meses (9%)

Idade e gênero dos usuários de coworking

35 anos

49% usam

50% usam

Gráfico 04 e 05. Tempo médio de permanência dos coworkers/ idade e gênero dos usuários. Fonte: elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking Brasil 2019.


06. A Ergonomia A ergonomia é responsável por estudar o ambiente físico, se dedicando aos aspectos de conformidade e adaptabilidade do espaço, de acordo com suas necessidades e atividades a serem desenvolvidas nele, podendo contribuir positivamente ou negativamente no desempenho das pessoas que o utilizam. Logo, para que bons resultados sejam obtidos, é importante o uso de elementos da psicologia ambiental, da ergonomia cognitiva, da antropométrica e da análise econômica do trabalho, além, é claro, da preocupação com questões de conforto térmico, acústico, lumínico e cromático (VILLAROUCO, 2002). Para que um projeto apresente completude, é importante considerar as alturas, as dimensões e os espaços destinados para a produção de cada tarefa. É válido, também, realizar uma análise de campo, para fazer um levantamento de dados quanto às necessidades físicas, psíquicas e cognitivas dos usuários do local trabalhado e qual são suas exigências para as tarefas a serem desenvolvidas. Villarouco (2002) define

5 aspectos para uma análise de projeto que estavam voltados para a adaptabilidade ergonômica: 1. Aspectos referentes à percepção ambiental, daqueles que irão utilizar efetivamente o espaço projetado. 2. Aspectos de adequabilidade dos revestimentos propostos, bem como da adequabilidade da cor destes revestimentos, em função de tarefas a serem desenvolvidas nos ambientes, e da interferência desses materiais no desempenho físico e cognitivo. 3. Aspectos cognitivos dos futuros usuários, na medida em que estes, representam papel determinante na relação homem-ambiente e na realização da tarefa envolvida pelo ambiente. 4. Aspectos concernentes à realização do trabalho a ser desenvolvido no ambiente, a fim de permitir dimensionamento adequado, incluindo as características dos postos de trabalho e as variáveis antropométricas interferentes nesse segmento. 5. Aspectos concernentes ao conforto ambiental, tais como, iluminação, cores, ventilação e ruídos. (VILLAROUCO apud RIBEIRO 2016).


O mobiliário pode sofrer alterações de acordo com seu modelo ou fabricante ou, ainda, de acordo com sua necessidade. Vale ressaltar que existem normas que regulam e servem de parâmetros para a elaboração de um projeto. No Brasil, tem-se a Portaria n. 3.751 em 23/11/90, a Norma regulamentadora NR 17, que trata da Ergonomia. Há também, em relação à qualidade de vida no trabalho, a norma ISO 9000 ou ISO 9001:2015 - Organização Internacional de Padronização - que estabelece padrões para que se tenha uma gestão de qualidade. Gurgel (2005) em seu trabalho defende os espaços mínimos recomendados para movimentos de ação, de maneira a serem executados sem maiores problemas. O autor cita oito requisitos para uma boa postura, de maneira a promover conforto e evitar doenças devido a um esforço repetitivo. Os requisitos são: 1. A cadeira deve regular e permitir que a pessoa se sente confortavelmente e com as costas completamente retas (quadris formando 90 com as pernas) e apoiadas no encosto. 2. A região da lombar deve estar apoiada num suporte especial e curvo. 3. Os pés devem estar apoiados no chão em apoio apropriado. 4. A altura dos olhos, ou seja, a linha do horizonte, deve estar alinhada com a parte superior da tela do computador ou ligeiramente abaixo dela. 5. É recomendada a distância de aproximadamente 60 cm entre a tela e os olhos. 6. O pescoço deve estar reto e pender ligeiramente para frente. 7. Deixe espaço considerável sob o tampo para que as pernas possam mover-se livremente. 8. Garanta que o cotovelo esteja apoiado no braço da cadeira ou no tampo da mesa, relaxando a musculatura. (GURGEL apud RIBEIRO, 2016) Quanto à ergonomia, por fim, é importante mencionar que cada ambiente terá uma exigência específica, dependendo das atividades desempenhadas. Logo, é fundamental uma análise ergonômica sobre cada usuário e cada lugar.


7.0 Biofilia - O homem, a natureza e o espaço O conceito de Biofilia foi introduzido pelo sociólogo Eric Fromm, em 1964, no seu livro The Heart of Men (O Coração do Homem). Entretanto, o termo vem a se popularizar mais à frente, no livro Biophilia de Edward O. Wilson (1984). O autor descreve a conexão do homem com a natureza como algo que faz parte do seu ser. O termo Biofilia derivado das palavras bio (vida), e da palavra philia (amizade, afinidade) significa amor à vida, e implica que os seres humanos têm uma necessidade biológica de conexão com a natureza física, e os níveis sociais, e que essa conexão afeta nosso bem-estar pessoal, produtividade e relacionamentos sociais (BROWING, 2015). Vários são os teóricos que construíram sua vertente a respeito do design biofílico, apresentando suas classificações e princípios. Calabrese e Kellet (2015), por exemplo, define que existem três tipos de experiência: a experiência direta com a natureza; a indireta com a natureza; e o espaço e lugar. Segundo os autores, dentro dessas experiências existem ainda 24 atributos que podem ser aplicados para que esse desenho com biofilia, entendendo que cada projeto tem suas necessidades e particularidades.


Diagrama 4. Pilares do design biofílico. Fonte: The Practice of Biophilic Design


O design Biofílico restabelece o contato do homem com a natureza, possibilitando que o indivíduo compreenda a sua própria interação com ambiente e sua conexão com a vida, de maneira que cumpra com as necessidades das pessoas para que promova seu bem estar e sua saúde. A biofilia foi, então, se adaptando ao longo de um processo de evolução do mundo e das pessoas, da mesma forma que o ser humano se adaptou ao processo de evolução do mundo (KAHN; SEVERSON, RUCKERT, 2009). Aplicação bem sucedida do design biofílico também deve resultar em um amplo espectro de aspectos físicos, mentais e benefícios comportamentais. Os resultados físicos incluem melhor condicionamento físico, redução da pressão arterial, aumenta conforto e satisfação, menos sintomas de doença e saúde melhorada. Os benefícios mentais variam de satisfação e motivação, menos estresse e ansiedade, para uma melhor resolução de problemas e criatividade (KELLET E CALABRESE, 2015, p.10).

Desta forma, a relação do ser humano com espaço afeta diretamente a sua produção no ambiente corporativo. Prova disso, são os dados da pesquisa Human Spaces (2015), que identificou que 33% dos entrevistados consideram que o design do espaço de trabalho afetaria sua decisão de trabalhar para uma instituição. Em contrapartida, o estudo também revelou que 47% dos ambientes corporativos pelo mundo não tem iluminação natural, que 58% não tem plantas, e 11% não tem janelas. Esses dados são preocupantes, uma vez que esses elementos são essenciais para melhorar o desempenho, impulsionar a criatividade e garantir o bem estar dos trabalhadores. Como diz em Pininga (2020), pessoas que trabalham em um local com elementos naturais têm uma melhora de 15% no seu bem-estar, 15% na sua criatividade e 6% na sua produtividade. Investir na Biofilia para o pós-pandemia é de extrema importância. Além da melhora percentual citada anteriormente, entende-se que o design biofílico colabora para alguns aprendizados desenvolvidos durante a crise sanitária. A


importância da filtragem do ar, de lugares mais abertos, iluminação, são questões que foram muito levantadas e exigidas durante os impactos do COVID-19. Segundo análise do German Institute of Global and Area Studies trabalhar em um escritório com elevado nível de filtragem do ar pode aumentar a expectativa de vida. Já em outro estudo, agora da Harvard School Health , aponta que o aumento da circulação do ar interno incrementa as capacidades cognitivas em aproximadamente 61%. Além disso, um estudo ainda em 2015, chamado The Global Impact of Biophilic Design in the Workplace, registrou um aumento de 15% em criatividade nas pessoas que trabalham em ambientes com plantas naturais. Nesse contexto, investir em biofilia, conectando-se com a natureza em seus espaços, faz muito sentido. Ou seja, torna-se uma ótima dica para o aumento de produtividade em seu ambiente de trabalho (WHOWL, 2021).

07.01 Estratégias para o Design Biofílico O design biofílico pode ser organizado em três categorias, segundo Terrapin (2014): natureza no espaço, analogias naturais e natureza do espaço. Natureza no Espaço: corresponde à presença direta, física e repentina de um elemento natural no ambiente. Alguns exemplos são plantas vivas, água, animais, como também brisas, sons, aromas, entre outros elementos naturais. A exemplo tem-se os vasos de plantas, comedouro de pássaro, fontes, canteiros de flores, telhados verdes, etc. Analogias Naturais: abordam os elementos orgânicos da natureza, de forma indireta. São os objetos, as cores, formas, materiais, sequências e padrões que podem ser encontrados na natureza. Como os mobiliários com forma orgânica, elementos ornamentais, materiais naturais sofreram alterações para serem inseridos no ambiente construído. Natureza do espaço: relaciona-se com as configurações espaciais da nature-


za. Trata-se de um desejo de ir além no ambiente, com fascínio e curiosidade pelo desconhecido, com visões obscuras e momentos reveladores. Cada categoria descreve estratégias de projeto. A seguir (próxima página), criou-se um diagrama para compreender esses padrões e seus aspectos.


NATUREZA NO ESPAÇO

Conexão visual com a natureza: Contato visual com sistemas vivos, elementos da natureza ou processos naturais. Conexão não visual com a natureza: Estímulos auditivos, olfativos ou degustativos que remetem à natureza. Estímulos sensoriais não rítmicos: Conexões casuais e efêmeras com a natureza que podem ser analisadas estatisticamente, mas não previstas com precisão. Variabilidade térmica e de fluxo de ar: Leve mudança na temperatura do ar, na umidade, no fluxo de ar e das temperaturas de superfície que imitam os ambientes naturais. Presença de água: Contribui para uma melhor experiência do lugar por poder ver, tocar ou escutar. Luz dinâmica e difusa: Criar condições semelhantes na natureza através das variadas intensidades de luz e sombra que variam com o tempo.

ANAOGIA NATURAL

Forma e padrões biomórficos: Referências alusivas a contornos, arranjos de padrão, de textura ou numéricos que persistem na natureza.

NATUREZA DO ESPAÇO

Conexão com sistemas naturais: Conscientização dos processos naturais, especialmente mudanças sazonais e temporais características de um ecossistema saudável.

Prospecção: Uma visão desimpedida à distância para vigilância e planejamento.

Conexão material com a natureza: Materiais ou elementos da natureza que, por mínima intervenção, refletem a ecologia ou geologia do espaço, criando um senso de lugar distinto. Complexidade e ordem: Importantes informações sensoriais presentes em um espaço com hierarquia semelhante às encontradas na natureza.

Refúgio: Um local de distanciamento das condições ambientais ou do principal fluxo de uma atividade, em que o indivíduo é protegido por trás e acima da cabeça. Mistério: A expectativa por mais informações, alcançada por meio de visões parcialmente obscuras ou outros aspec�tos sensoriais que induzem o indidíduo a outras imaginações no meio ambiete. Risco / Perigo: Uma ameaça indentificável associada a uma proteção confiável.

Tabela 01. Estratégias do Design Biofilico. Fonte: Terrapin Bright Green, 2014. Elaborada pela autora, 2022.



03. O Território


Escolha do Território

08. O Bairro de Santo Antônio

Envolvido pelo rio Capibaribe, o bairro de Santo Antônio é um dos bairros mais tradicionais do Recife, por ele passaram holandeses, portugueses, judeus, franceses, árabes e outros povos que deixaram suas marcas na paisagem, arquitetura e comércio popular. Pontuado de pátios, igrejas e casarões, o bairro possui uma grande concentração de construções barrocas e coloniais. palco de tanta historicidade e cultura, o bairro possui uma forte memória cultural e conta com marcantes elementos de paisagem.

referencia: https://conjuntosurbanospe.com.br/conjuntos-urbanos/recife-olinda/

O bairro também abriga importantes edificações religiosas e entre elas estão a igreja e convento do Carmo, a capela dourada e a igreja de são francisco, igreja nossa senhora da Conceição dos militares, entre outras. também privilegiado por sua variedade tipológica, Santo Antônio abriga tanto monumentos antigos, como o Palácio da justiça, a casa da cultura, a praça da república, como edifícios modernos que é o caso do edifício Sulamérica ou JK antigo (INSS)

referencia: https://citinova.mctic.gov.br/barco-solar-comeca-a-ser-desenhado-em-recife/

A região possui alguns dos monumentos culturais mais importantes do Recife, como a antiga Casa de Detenção do Recife, que atualmente abriga a Casa da Cultura, um dos maiores polos de comercialização de artesanato do estado, o Teatro Santa Isabel ou o antigo Liceu de Artes e Ofícios. referencia: Pedro Valadares, FLICKR, dez 2007


Mapa de Elementos de Paisagem

N 14 10 13

12 9

8

6

16

7

3 5 4 11 2 1

15

10

Teatro Santa Isabel

Edfícios Notáveis Antigos

11

Antiga casa de Detenção do Recife

Edfícios Notáveis Modernos

12

Liceu de Artes e Ofícios de PE

Edfícios Religiosos

4

Igreja do Divino Espírito Santo

7

Igreja Matriz de Santo Antônio

Palácio da Justiça

Monumentos Tombados Federais

Conjunto do Pátio de São Pedro dos Clerígos

13

1

Monumentos Tombados Estaduais

5

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

8

Igreja e Convento de Santo Antônio

Palácio Campo da Princesas

2

Igreja da Ordem Terceira do Carmo

14 15

3

Basílica Nossa Senhora do Carmo

9

Capela Dourada e Igreja de São Francisco

Igreja Nossa Senhora do Livramento

6

Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Militares

16

Diário de Pernambuco

Outros Monumentos


Escolha do Território

09. O Recorte Escolhido

Neste tópico será introduzida a área de intervenção, a partir de um panorama geral da área como leituras urbanas mais específicas, que servirá como base norteadora da elaboração das estratégias e diretrizes projetuais. O território escolhido para desenvolver esse estudo, foi selecionado levando em consideração alguns critérios que compõem os objetivos do trabalho, que incluem o perfil dos usuários e suas necessidades. Assim, a escolha de um território para a inserção de um coworking biofílico deve-se levar em consideração:

Fácil Locomoção Boa localização Contato com a Natureza A partir da análise de alguns aspectos fundamentais que nortearam a escolha do terreno de acordo com as potencialidades de seu território. O lote escolhido para a proposta do projeto é o terreno localizado na Rua Marquês do Recife, em frente ao prédio Segadas Vianna. A rua é bastante movimentada durante o dia, pois faz a conexão da Av. Martins de Barros com a Rua do Imperador Pedro II. Há comércios e serviços em toda a extensão da rua e forte contato visual com a natureza, como o Rio Capibaribe há poucos metros de distância do terreno, além de outros serviços e comércios próximos ao sítio.

Potencialidades: 1. Terreno de esquina. (Boa Visibilidade) 2. Frente para o rio capibaribe 3. Fácil acesso à tranporte 4. Rua movimentada em horários do dia favoráveis 5. fluxo intenso de pessoas de diferentes faixas etarias 6. Entorno favoravel ao tipo de projeto 7. Área do terreno proporcional ao programa

Características do Bairro de Santo Antônio De grande importância para a formação da cidade do recife, O Bairro de Santo Antônio, que é abraçado pelo rio capibaribe, fica localizado na região metropolitana do recife e compõe a Zona Político Administrativa 1 (RPA 1),juntamente com os bairros de São José, Bairro do Recife, Boa Vista, Santo Amaro, Cabanga, Soledade, Paissandu, Ilha de Joana Bezerra e Ilha do Leite.

Bairro Localização

Santo Antônio RPA 1

Área Territorial (Hectare) População Residente

81 285 Hab.


Mapa do Recorte Bairro de Santo Antônio Território Selecionado Rio Capibaribe RPA 1 RPA 2 RPA 3 RPA 4 RPA 5 RPA 6

N



A Análise


Legislação

Legislação

Com o intuito de obter a preservação da historicidade e cultura das cidades em meio ao constante crescimento da cidade, as diretrizes traçadas pela legislação impõe condicionantes a serem seguidas no modo de ocupação em cada local de acordo com suas respectivas especificidades.. O bairro em questão é formado por duas ZEPH’s (Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural), são elas a Zona de Preservação do Patrimônio Histórico-cultural Rigorosa e a Zona de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural Ambiental. Essas Zonas legislativas configuram áreas que possuem conjuntos de edificações portadoras de valor ou expressão histórica, artística ou cultural e tem como finalidade a preservação da identidade existente usando de parâmetros e requisitos urbanísticos específicos mais restritos para que as novas propostas de edificações atendam os pré-requisitos arquitetônicos e se encaixe em sua paisagem sem dissonância. Segundo o Art. 16 do Plano diretor, as ZEPH’s se dividem em: I. SPR - Setor de Preservação Rigorosa O SPR é constituído por áreas de importante significado histórico e/ou cultural que requerem sua manutenção, restauração ou compatibilização com o sítio integrado ao conjunto. II. SPA - Setor de Preservação Ambiental O SPA é constituído por áreas de transição entre SPR e as áreas circunvizinhas

Algumas condições e restrições quanto a ocupação e aproveitamento das ZEPH’s, apesar de todas terem sua devida importância, faz-se necessário mencionar algumas para o desenvolvimento da proposta no terreno selecionado: - Os Os lotes confinantes com SPR O não poderão ter construções coladas nas divisas com o Setor; - Obrigatória a construção no paramento, sem afastamentos laterais; - A área restante da SPR é declarada não edificada, devendo a mesma ter tratamento paisagístico; - Qualquer uso é permitido, desde que não acarrete a descaracterização do imóvel, interferência no entorno e obedeça ao que determina esta Lei. Quanto à legislação vigente, é importante mencionar que, segundo o zoneamento do Plano Diretor de Recife (2021), o terreno em questão está localizado no Setor de Preservação Rigorosa. Todavia, o setor do projeto que está zoneado como uma SPR não tem um plano específico e, para tanto, se utiliza a regra geral; intervenções compatíveis com a feição do lugar, e o mesmo se aplica para a SPA, visto que essa possui, segundo o anexo 11 da Lei Municipal n° 16.176/96, parâmetros urbanísticos gerais - que mesmo assim foram considerados aqui. Referência legal - Plano Diretor do Recife (2021): Art. 209. Relativamente às Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural ZEPH, deverá ser obedecido o disposto nos Anexos 3 e 11 da Lei Municipal n° 16.176/96 e no Anexo 8 da Lei Municipal n° 16.719/01 até a revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo ou elaboração do Plano de Preservação do Patrimônio Cultural


Mapa de Zoneamento

a pib Rio C

ari

be

2 1

Rio Capiba ri b e

ZEPH Rigorosa ZEPH Ambiental IEP 1

IEP 58/154

2

IEP 59/154

N


Tipologia

TIPOLOGIA

A análise tipológica aponta, a partir de suas características identitárias, as edificações. A identidade de um lugar, segundo o plano centro cidadão (2018), pode ter sua força associada à sua coerência visual e à capacidade de ser reconhecido ou identificado por parte dos usuários e visitantes. Na análise de Santo Antônio Identificou-se que os tipos arquitetônicos mais recorrentes foram: o sobrado, além Disso o território tem edificações do tipo "templo” marcantes visto que é um bairro de rica memória religiosa, tendo suas catedrais como elemeno identitário do local.

Sobrados em Santo Antõnio: https://infonet.com.br/blogs/293761/

https://tuliogadelha.com.br/emendas-parlamentares/projeto/basilica-de-nossa-senhora-do-carmo/


TIPOLOGIA N

Sobrado Casa de Porta e Janela Edf. Caixão Edf. Marquise Edf. Galeria

Edf. Singular Templo

Edf. Moderno Áreas Verdes

Imóvel sem Recúo Edf. Pódio

Edf. Horizontal sem pódio e sem recúo Edf. Sobre Pilotis Outros Vazios


Uso e Ocupação

Uso e Ocupação

O território analisado revela ser majoritariamente formado por atividades voltadas para uso comercial e de serviços, o fato do comércio local permanecer aberto apenas em horário comercial torna as atividades e fluxos da área sem vida durante a noite e fins de semana. A falta de equilíbrio entre os usos predominantes e os demais usos existentes trazem uma diminuição drástica de fluxo de usuários em determinados horários, uma vez que grande parte das atividades realizadas no bairro ocorrem durante o horário comercial, consequentemente resultam em ruas lotadas durante os dias da semana e ruas desertas durante a noite e os finais de semana. À noite, por não haver estabelecimentos abertos, a via funciona mais como um eixo de conexão e passagem, podendo gerar uma sensação de insegurança devido à ausência de pessoas sendo, assim, de extrema importância propor novos usos que fomentem a circulação de pessoas em diferentes horas.

Palacio campo das Princesas: https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g304560-

Embora a maior concentração da área seja do uso comercial, o local também é caracterizado pelo uso institucional e religioso, em todos o bairro, podem ser encontradas dez igrejas e templos religiosos.

igreja nossa senhora da conceiçao dos militares https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g304560-


Mapa de Uso e Ocupação

Comercial Cultural Educacional Institucional

N

Religioso Residencial

Misto - Comércio e Residência Misto - Comércio e Serviço

Serviço Saúde

Misto - Comércio e Educacional Misto - Serviço e Residência

Misto - Serviço e Educacional Sem Uso


N

Escritórios da Área

4

3

2

1

1

Capitania Coworking

2

Âncora Coworking

3

MRL Coworking

4

Overdrives

Coworking Escritorios Tradicionais

O bairro de santo antônio possui uma relevante quantidade de escritórios que seguem um modelo tradicional, enquanto abriga apenas quatro coworkings. E entendendo as necessidades das melhorias nas condições de trabalho tradicionais, o projeto que será desenvolvido agregará ao bairro um espaço colaborativo que promove conforto, criatividade , inspiração e saúde.



Gabarito

Gabarito

O entorno caracteriza-se por um baixo gabarito, a análise aponta uma predominância de edificações de até dois pavimentos e também existe uma notória quantidade de edificações de três a quatro pavimentos. Entretanto, alguns casos de edificações com gabarito superior a vinte pavimentos são encontrados na região, como na rua do terreno escolhido.

Figura 00.Edifícios do bairro Santo Antonio. Fonte: Goolge Maps

Figura 00.Edifícios do bairro Santo Antonio. Fonte: Goolge Maps

Figura 00.Edifícios do bairro Santo Antonio. Fonte: Goolge Maps


Mapa de Gabarito

1 pavimento 2 pavimentos 3 - 4 pavimentos 5 - 10 pavimentos 11 - 20 pavimentos Acima de 20 pavimentos Área Verde Vazio

N


Mobilidade Mobilidade A mobilidade do bairro de Santo Antônio é formada predominantemente por vias locais, de fluxo moderado e poucos modais. porém também são identificadas avenidas de grande importância para o sistema viário principal da cidade, como as avenidas Martins de Barros e Dantas Barreto, bem como a Rua do Sol, correspondem à eixos urbanos fundamentais, além de possuir também um eixo metropolitano, a Avenida Guararapes.Conclui-se que o bairro de Santo Antônio é uma bairro caminhável e bem estruturado em relação a disponibilidade de todos os tipos de transporte.

figura 00. Avenida Guararapes, no centro do Recife. Fonte: Paullo Allmeida/Folha de

figura 00. Sistema BRT atende a uma parte da Avenida Dantas Barreto / Foto: Clayton Leal


Mapa de Mobilidade

N

VIAS PEDESTRIANIZADAS VIAS MICROLOCAIS

VIAS DE EIXO URBANO

VIAS LOCAIS

VIAS DE EIXO METROPOLITANO


Acessibilidade Móvel

Acessibilidade Móvel

Terreno Estacionamento Paradas de Onibus Pontos de Bicicletário Gratuitos

N

A partir da análise realizada foram identificados A partir da análise realizada foram identificados pontos pontos positivos quanto a acessibilidade Além positivos quanto a acessibilidade móvel, Alémmóvel, do bairro de do bairro de Santo ser um bairro caminhável, Santo Antônio ser umAntônio bairro caminhável, pode-se concluir pode-se que a que a área em é bem abastecida relação a oferta áreaconcluir é bem abastecida relação a oferta em de transporte públi- de público, de estacionamento e pontos de bike, co, transporte de estacionamento e pontos de bike, tais elementos sãotais elementos são facilitadores para a chegada de usuários facilitadores para a chegada de usuários na área, independente na independente utilizarampúblicos, meios dealternativos transporte públise área, utilizaram meios desetransporte ou cos, alternativos ou automóveis particulares. automóveis particulares.


s o e e s a -



04. A Proposta


Precedentes Projetuais 11. Precedências Projetuais Neste capítulo, foram selecionados alguns projetos que têm como função oferecer informações importantes acerca dos aspectos mais relevantes discutidos na conceituação teórica, com o intuito de servir como base para a elaboração da proposta de um Coworking Biofílico. Assim, as referências foram selecionadas levando em consideração a arquitetura de um coworking e a aplicação de alguns padrões do design biofílico na arquitetura. As seguintes características dos projetos foram consideradas:

COWORKING

CONCEITO

APLICAÇÃO ESCRITORIOS NAO HIERARQUIZADOS PRIORIZAÇÃO DE SALAS COMUNITARIAS ESPAÇOS DE LAZER E ÁREAS EM COMUM

DESING BIOFÍLICO

CONEXÃO VISUAL COM A NATUREZA ABRIGO: LUGAR DE DESCOMPRESSÃO E DESCANSO PRESENÇA DE VEGETAÇÃO FORMAS E PADRÕES BIOMÓRFICOS ANALOGIA DE ELEMENTOS NATURAIS referencia: autora


Escritório IT’S Biofilia

Figura 00: IT’S Informov

Fonte:https://www.archdaily.FICHA TÉCNICA Localização: Itaim Bibi, São Paulo, Brasil. Autoria do Projeto: IT'S Informov Ano: 2019 Área: 350 m² IT’S Informov é uma empresa de arquitetura, engenharia e desgin focada na aplicação da bioͤOLD HP VHXV SURMHWRV PDLV KXPDQL]DGRV FRP um foco total nas pessoas, sendo um forte exemSOR GR HPSUHJR GD ELRͤOLD $ %LRͤOLD YDL DO«P GH LQFOXLU SODQWDV QR HVFULWµULR É um novo mindset para projetos corporativos com foco no usuário, ou seja, os colaboradores. O design biofílico utiliza elementos da natureza, como iluminação, ventilação, texturas, cores e formas para compor um ambiente que promova a interação e contribua para o conforto da equipe.


Centro de Inovação IHI [i-Base]

Como resultado, várias funções, características e ambientes necessáULRV SDUD R SURMHWR IRUDP LGHQWLͤFDdos. - Um formato de planta horizontal de 14m x 75m foi utilizado para coincidir com o processo de inovação, - ambiente em "camadas" permitiu que diferentes funções do espaço fossem dispostas lado a lado.

Figura 00: Centro de Inovação IHI

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/965733/centroFICHA TÉCNICA Localização: Yokohama, Japão. Autoria do Projeto: Nikken Sekkei Ano: 2019 Área: 1243 m² Para responder rapidamente às necessidades complexas e mutáveis da sociedade e de seus clientes, a IHI criou XPD ̸EDVH̹ SDUD R GHVHQYROYLPHQWR GH QRYRV QHJµFLRV com seus parceiros. Grande parte do período de planejamento foi gasto em diálogos incluindo observação atenta das atividades diárias dos engenheiros, entrevistas com todos os executivos, trabalho de campo em instalações VHPHOKDQWHV H XPD DPSOD JDPD GH ZRUNVKRSV D ͤP GH LGHQWLͤFDU TXHVW·HV HVSHF¯ͤFDV H GHͤQLU PHWDV FODUDV

-Espaços públicos para conectar pessoas e informações dentro e fora da empresa foram organizados, assim como espaços privados para equipes de start-up e pesquisadores


Figura 00: Centro de Inovação IHI Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/965733/centro-de-inovacao-ihi -i-base-nikken-sekkei?ad_source=search&ad_medium=projects_tab

Em seguida, todo o espaço foi propositalmente feito para impedir "sobreposições" posteriores. ,VVR VLJQLͤFD TXH SLVRV SDUHGHV WHWRV VLQDOL]Dção, base e revestimentos foram deixados com acabamentos “ásperos”. Em vez de uma instalação de uso único, resistente a manchas e organizada. O espaço foi projetado para ser trabalhado sem hesitação, como um jardim pessoal, pronto para ser organizado de acordo com a vontade de desenvolver novas ideias.

Figura 00: Centro de Inovação IHI

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/965733/cen-


Sede do Médicos Sem Fronteiras

Figura 00: Centro de Inovação IHI

Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/965733/centroFICHA TÉCNICA Localização: Yokohama, Japão. Autoria do Projeto: Nikken Sekkei Ano: 2019 Área: 1243 m² A Sede Corporativa do Médicos Sem Fronteiras incorpora um edifício existente localizado no bairro, transformando e promovendo espaços funcionais e biofílicos concebidos SDUD SHVVRDV $ DQWLJD HGLͤFD©¥R HUD XP YROXPH LQGXVtrial com quatro níveis iguais e uma cobertura que sofreu diversas transformações ao longo da sua vida útil.

$ HGLͤFD©¥R RFXSDYD SUDWLFDPHQWH toda a superfície do terreno, criando espaços muito profundos e com mínima iluminação e ventilação natural, sendo a cobertura utilizada exclusivamente para as instalações. Propõe-se, então, a inclusão de um pátio verde e laminado, melhorando as condições de luz e ventos dos espaços interiores. O corte escalonado otimiza a penetração da luz em cada andar e cria terraços que expandem os espaços de trabalho com novas salas de reuniões e de encontros ao ar livre. Uma nova escadaria também é incorporada ao pátio, aumentando a conexão entre os níveis e promovendo hábitos saudáveis. A vegetação acabou se tornando o ponto focal dos espaços externos, contribuindo para a biodiversidade e para gerar ambientes biofílicos.


Alguns aspectos interessantes desse projeto são: - A integração do térreo com a via pública, como se fosse um prolongamento dela. - Os postos flexíveis de trabalho se espalham pelos quatro pavimentos superiores e se organizam em torno do novo pátio central, que favorece a relação com os terraços e a vegetação, além de trazer uma unidade visual aos usuários - A nova coberta dinâmica forma espaços exteriores de encontro e produção. - O projeto considerou a reciclagem urbana ao reformar o HGLI¯FLR H[LVWHQWH TXH VLJQLͤFRX PHQRV GD PHWDGH GDV HPLVV·HV GH &2 HP FRPSDUD©¥R FRP R TXH VLJQLͤFDULD derrubá-lo e reconstruí-lo. 3URPRYHX VH D ELRGLYHUVLGDGH FRP R SUµSULR GHVHQKR GR HGLI¯FLR TXH WUD] ELRͤOLD FRORFDQGR D YHJHWD©¥R FRPR protagonista na cobertura, pátio, fachadas e interiores, melhorando a qualidade do ar, a saúde das pessoas e a biodiversidade da cidade. - Reciclagem e reaproveitamento da água da chuva do HGLI¯FLR SDUD XVR SUµSULR - Promove-se uma mobilidade sustentável através da implementação do bicicletário na entrada principal. O edifício está conectado à rede districlima e a pérgula de painéis fotovoltaicos na cobertura produz energia elétrica, FRQWULEXLQGR SDUD XPD PDLRU HͤFL¬QFLD HQHUJ«WLFD H SURdutividade. Esse projeto tem relevância especial ao presente trabalho SRU WUDWDU VH GH XPD SURSRVWD TXH YLVD D ELRͤOLD FRPR elemento transformador da saúde das pessoas e também da cidade, dentro de um ambiente corporativo. As soluções usadas, desde a mobilidade sustentável, materialidade, até a reciclagem, o uso de painéis fotovoltaicos, nortearam as diretrizes projetuais apresentadas no capítulo a seguir.


12. Diretrizes Diretrizes Projetuais Projetuais

1. LEGISLAÇÃO VIGENTE Segundo o zoneamento do Plano Diretor de Recife (2021), o terreno em questão está localizado no Setor de Preservação Rigorosa. Todavia, o setor do projeto que está zoneado como uma SPR não tem XP SODQR HVSHF¯ͤFR H SDUD WDQWR se utiliza a regra geral; intervenções compatíveis com a feição do lugar.

Baseado no estudo do referencial teórico apresentado, bem como na análise de precedentes projetuais, esta etapa envolve os recursos a serem utilizados para alcançar o objetivo de proporcionar a criação do projeto de um coworking biofílico, acolhedor e sustentável. Assim, as diretrizes que servirão de base para a elaboração do projeto, são:

1.1 fachada pensada no contexto, evitando a dissonância. 1.2 Propor uma intervenção que dialogue com a escala local, evitando equipamento monumental.

2 . INTEGRAÇÃO Criação de uma comunidade de FRZRUNLQJ RQGH RV SURͤVVLRQDLV H estudantes possam se juntar e se ajudar, diminuindo a competitividade e aumentando a colaboração entre os envolvidos. 2.1 Prever soluções com uma liberdade de layout, pensados de acordo com o fluxo 2.2 Propor espaços coletivos sem KLHUDUTXLD D ͤP GH HVWLPXODU R FRQtato social dos usuários simultaneamente.


3 . BIOFILIA

Com o intuito contribuir para melhorar a saúde no ambiente a partir do entendimento dos benefícios da reaproximação entre o ser humano e a natureza: 3.1 Permeabilidade visual: Conexão visual com a natureza: criar grandes áreas verdes (como pátios e jardins) que podem ser vistos das unidades privadas e dos espaços comuns; )RUPD H SDGU·HV ELRPµUͤFRV XWLOL]DU FRUHV WH[WXUDV PDteriais e formas que possibilitem analogias com sistemas naturais 3.3 Luz dinâmica e difusa: utilizar elementos arquitetônicos vazados que possibilitem a permeabilidade física e visual para favorecer a entrada de iluminação e ventilação natural;

4 . SUSTENTABILIDADE Utilizar algumas estratégias sustentáveis e bioclimaticas como o uso de: 4.1 Painéis fotovoltaicos 4.2 Sistema de reaproveitamento de águas pluviais;

4 . VALORIZAÇÃO DO TRABALHADOR Com o entendimento acerca dos benefícios para a saúde e produtividade no ambiente de trabalho adquiridos a partir do bem estar das pessoas. 5.1 Propor espaços que atendam às exigências da Norma de Acessibilidade NBR 9050 e Ergonomia. 5.2 Criação de áreas “Descompressivas” como sala de jogos e áreas de descanso.


PERFIL DE POSSÍVEIS USUÁRIOS

O programa de necessidades elaborado para o coworking foi baseado na análise dos precedentes projetuais após a observação de vários modelos de escritórios e ambientes de coworking existentes no Brasil e no mundo, e alguns ambientes foram adaptados para a realidade da cidade GR 5HFLIH D ͤP GH DWHQGHU DV demandas dos usuários. O projeto permite que usuários acessem o edifício com ou sem qualquer material e aparelho, contando com uma infraestrutura especializada, com aluguel de computadores equipados com os devidos softwares, espaço de armazenamento e reserva de salas especiais. Admite-se que o espaço é acima de tudo um lugar de colaboração, não competindo com outros espaços de produção como escritórios, IDFXOGDGHV H KRPH RIͤFHV mas complementando suas carências.

USUÁRIO

O Profissional Experiente

O Profissional Recém-formado

O Estudante Estagiário

O Freelancer Representante

CARACTERÍSTICAS

- Mais de 30 anos - Possui casa própia

- Mora com os pais ou de aluguel. - Trabalha para um escrtório maior. - Está tentando criar seu negócio

- 17 -25 Anos. - Mora com os pais ou de aluguel. - Ultiliza o transporte público

- Trabalha com artes plasticas, mobiliário, materiais de construção, desing gráfico ou fotografia. - Tem arquitetos/engenheiros como parceiros e indicam profissionais para seus clientes.

NECESSIDADES Contratar mais pessoas sem ampliar a estrutura física do escritório, Encontrar profissionais com diferentes especialidades que possuam fluxo de trabalho compatível com o seu, necessidade de se atualizar, seja pessoalmente ou através de membros da equipe. Um local de trabalho estruturado que não demande muito investimento, se encontrar regularmente com clientes e fornecedores e formar uma rede de contatos, se especializar e capacitar, participar de cursos e oficinas em suas áreas de interesse. Se reunir com colegas para trabalhos de faculdade ou com grupos de extensão e pesquisa, trabalhar remotamente como estagiário ou freelancer, num local mais estruturado, participar de cursos e ter contato com o mercado, conhecer profissionais e áreas de atuação. Divulgar seu trabalho e seus produtos de forma mais precisa e eficaz, realizar ou promover exposições e oficinas, patrocinar eventos e outros profissionais, trabalhar remotamente em um espaço com boa infraestrutura

referencia: WWWWWWWWWWWWWWWWWWW

Programa de Necessidades


EXTERNOS JARDINS BICICLETÁRIO PRAÇAS ESPAÇO PARA EXPOSIÇÃO CARGA E DESCARGA

LAZER

PRODUÇÃO

APOIO

CAFÉ

BIBLIOTECA

RECEPÇÃO

ESPAÇO PARA EVENTOS

SALAS DE REUNIÃO

HALL

SALA DE DESCOMPRESSÃO

SALA DE ESTUDO

TERRAÇO

SALAS DE TRABALHO PRIVADAS

CIRCULAÇÃO

ESPAÇO PARA APRESENTAÇÕES

ADM

SALA DE JOGOS SALA DE DESCANSO SALA DE EXPOSIÇÃO

SALAS DE AULA ESTAÇÕES DE TRABALHO OFICINA ATELIÊ SALA DE IMPRESSÃO SALA MULTIUSO

BANHEIROS VESTIÁRIOS

PAPELARIA

LIXO DML ALMOXARIFADO DEPÓSITO DESPENSA

Programa Arquitetônico Espaços de coworking têm a possibilidade de personalização e oferecimento de ambi¬QFLDV H VHUYL©RV HVSHF¯ͤFRV muito maior que edifícios de escritório comuns. De certa forma, a porcentagem de áreas dedicadas a vegetação, de convivência, áreas especíͤFDV SDUD SHWV FULDQ©DV videogames, studios, eventos, café, bar, happy hours dependem da cultura de cada coworking. O objetivo é poder receber o máximo de pessoas da área, além da utilização dos ambientes de trabalho, para realização de eventos, reuniões e cursos. Assim o edifício será dividido HP $PELHQWHV FODVVLͤFDGRV quanto ao seu uso, são eles:

COZINHA/COPA SALA DE FUNCIONÁRIOS

AMBIENTES DE APOIO AMBIENTES EXTERNOS AMBIENTES DE LAZER

AUDITÓRIO

AMBIENTES DE PRODUÇÃO

300 m² 160 m²

200 m²

450 m²

100 m²

ZONAS FOCADAS ZONAS INTERMEDIARIAS


Estudos de Implantação, Gabarito e Volumetria Para propor um projeto consonante é necessário analisar as diversas formas de implantação presentes na área de estudo, o traçado urbano característico da área é H[WUHPDPHQWH PDUFDQWH IHLWR GH HGLͤFDções sem recuos, que além de estarem no limite da rua, se dispõem lado a lado, uma "grudada'' na outra. O gabarito das ruas em estudo (AV. Martins de Barros, Rua do Imperador Pedro II e Rua Marquês do Recife) é relativamente baixo, sendo sua maioria de até quatro pavimentos, como pode ser observado no mapa de gabarito analisado posteriormente, entretanto a rua Rua MarTX¬V GR 5HFLIH RQGH ͤFD SRVLFLRQDGD D maior área do terreno, tem um dos maiores JDEDULWRV GD UHJL¥R FRP HGLͤFD©·HV GH SDYLPHQWRV LQFOXLQGR XPD HGLͤFD©¥R GH PDLV GH SDYLPHQWR SRU WU£V GR WHUUHQR Desta forma, seguindo a mesma escala dos edifícios adjacentes, a proposta se limita GHQWUR GRV P TXH FRUUHVSRQGHP DR "térreo mais sete pavimentos". Ao limitar o gabarito da proposta ao gabarito do contexWR ͤFD HYLGHQWH D QDWXUH]D FRQVRQDQWH GR edifício. $ H[HPSOR GH DOJXPDV HGLͤFD©·HV PDFL©DV encontradas na área em estudo , foi proposta uma volumetria que parte de um bloco inteiro construído sem recuos, entretanto são criados dois rasgos nas lâminas, que entram na proposta para ser o elemento que cria uma conexão visual entre os pavimentos, que cria uma unidade espacial.

1. Propor uma volumetria consonante com as do entorno (Maciça)

2. Propor a conexão visual os pavimentos


PAREDE DE VEGETAÇÃO PELE VISIVELMENTE PERMEAVEL

5 PAV. : Área de trabalho privadas 4 PAV. : Área de trabalho compartilhada 3 PAV. : Oficina, ateliê, multiuso 2 PAV. : Salas de aula, de estudo, biblioteca. 1 PAV. : Auditório, espaço para apresentações e exposição TERREO: Café - bar, bicicletario,

FOCADAS INTERMEDIARIAS

6 PAV. : Área de descanso e descompressão

PRODUÇÃO APOIO

7 PAV. TERRAÇO: Área de relaxamento e convivencia.

Zoneamento

EXTERNOS LAZER

CIRCULAÇÃO


Considerações Finais Com o claro aumento dos problemas de saúde atrelados ao ambiente de trabalho no decorrer dos anos, faz-se necessário repensar a qualidade dos espaços físicos onde passamos a maior parte do nosso tempo, visto que o ambiente pode provocar estímulos positivos ou negativos na saúde do indivíduo. O coworking é uma arquitetura que une, nele se contempla dinâmicas coletivas e individuais, cria-se nesses locais trocas em várias camadas sociais, entre pessoas e entre corporativas. E além de se pensar no trabalho, pensa-se também nas diversas necessidades dos usuários, de obrigações à laser. Assim, pode-se concluir que o coworking biofílico vem com uma proposta de ampliar as opções como se trabalhar para as pessoas, proporcionando uma conexão íntima com a natureza e com o bairro. O bairro de Santo Antônio mostrou-se como uma boa opção, visto que sua diversidade de usos, proximidade com o rio e serviços necessários para o dia a dia contribuem bastante para melhorar a qualidade de vida e eficácia dos indivíduos.



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