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IV Aniversário ACESP
O desafio dos estreantes
A prova só para estreantes foi realizada no sábado, os pilotos experientes e seus bólidos mais potentes correriam no domingo
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tudo tem sua primeira vez. Até os mais bemsucedidos pilotos de competição tiveram a sua primeira vez. Há quase 60 anos, as “primeiras vezes” de muitos candidatos a pilotos eram bastante facilitadas, incentivadas, até, como nos mostra a história.
Momentos antes da largada dos pilotos estreantes. entre eles, Carol Figueiredo, José Carlos pace e Élvio ringel (DKW de número 6). todos tinham a letra “e” ao lado do número. o Fusca de capô aberto é de Ari Antônio da rocha, o designer que criou o Aruanda. o DKW de número 7 é de Ângelo pace, irmão do Môco
Nos anos 50, um dos mais conhecidos clubes organizadores de corridas de automóveis era o ACESP - Automóvel Club Estadual de São Paulo -, que ficava na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Comemorando o seu quarto aniversário, o ACESP organizou uma prova em Interlagos que reuniria os principais pilotos daquela época, como Roberto Gallucci, Camilo Christófaro, Emílio Zambello, Jayme Silva, Cyro Cayres e Anísio Campos. Com provas de classificação no sábado, eles competiriam no dia seguinte, domingo, 30 de junho de 1963, em várias categorias, como a Turismo Preparo Livre, a Mecânica Continental e a Sport.
O mais interessante, no entanto, foi a prova que aconteceu no sábado, 29 de junho de 1963, com nada menos que 34 pilotos estreantes, com seus carros sem preparação. Na categoria de estreantes os pilotos tinham pouca ou nenhuma experiência de corridas, mas, mesmo assim, era a oportunidade de serem revelados verdadeiros ases do volante.
Nessa prova em especial, estavam correndo pela primeira vez José Carlos Pace, o Môco, que chegou à Fórmula 1 pouco tempo depois, Carol Figueiredo, que já era bem conhecido nas provas de kart, e Élvio Ringel, que bateu o seu DKW no dia anterior e correu com o DKW de Anísio Campos, que correria só no domingo.
o DKW de Élvio ringel
João Caldeira, o vencedor na classe até 1.300 cm3 Alinhado para a largada na categoria Mecânica Continental - Força Livre, nicola papaleo (número 14)
Flãmula comemorativa da prova Iv Aniversário ACesp
nos boxes, o Maserati-Cadillac de Alcides Camporezzi (48), que correu na categoria Mecânica Continental - Força Livre Carol Figueiredo e o Gordini
José Carlos pace estreou nas pistas com seu Gordini
teodoro Duvivier correu com um Aero-Willys, na categoria turismo preparo Livre
Quem reestreava nas pistas nessa prova era Expedito Marazzi, piloto-jornalista da revista Quatro Rodas, que havia feito a sua estreia oito anos antes com um MG.
Dos 34 pilotos inscritos, largaram 29 e chegaram 24. Venceu, na categoria até 1.300 cm3 , João Caldeira, com um Renault Gordini, seguido por Carol Figueiredo, também de Gordini, Ângelo Pace, DKW, e seu irmão José Carlos Pace, de Gordini. Élvio Ringel chegou em 7o lugar, com o DKW emprestado do Anísio. Marazzi, que correu de Dauphine, chegou em 19o lugar, atrás de seu amigo Ari Antônio da Rocha, que também estreava nesse dia com o Fusca da sua mãe.
No domingo, entre outros pilotos, estavam Camilo Christófaro, Roberto Galucci e Antônio Carlos Avallone, com carreteras equipadas com motores Chevrolet-Corvette, Emílio Zambello, com JK, Jayme Silva e Cyro Cayres, de Simca, e o inusitado Aero-Willys, de Teodoro Duvivier.
A categoria Turismo Preparo Livre largou às 13h30, com 10 voltas, e as categorias Sport e Mecânica Continental às 14h40, duas baterias de 10 voltas. Foi feito um minuto de silêncio em homenagem ao brasileiro Christian Heins, o “Bino”. Ele havia falecido em um acidente nas 24 Horas de Le Mans, duas semanas antes.