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Metodologia

Desde antes da pandemia, no eixo mediação, já trabalhávamos com os conceitos de mediação cultural como pesquisa, prática documentária e produção compartilhada de conhecimento. Nessa perspectiva, o museu participa de uma rede em interlocução com outros atores, sendo um agente social entre outros. Assim, os públicos são entendidos como sujeitos praticantes de cultura, em vez de simples destinatários ou beneficiários. A imagem a seguir, um diagrama das tipologias de rede concebido pelo engenheiro Paul Baran, no início dos anos 1960, ajuda-nos a explicar esses conceitos.

Imagem 3: Diagrama das tipologias de rede. Fonte: Paul Baran (1964)1

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Na rede centralizada, à esquerda, a mediação pensa o museu como um polo irradiador de conteúdos, dentro da lógica de que a produção de poucos (museu e artistas) é distribuída para muitos. Na rede distribuída, à direita, o museu atua de forma interdependente com outros agentes,

1. BARAN, P. On distributed communications. RAND Corporation, 1964. Disponível em: <https://bityli.com/fcm4H5>. Acesso em 5 nov. 2021.

abrigando uma articulação entre muitos do que também é produzido por muitos. Essa articulação não está dada e precisa ser observada, reagregada, discutida e desdobrada. Eis a perspectiva da mediação como prática documentária: ela não só reconhece os públicos como praticantes da cultura, mas também as dinâmicas culturais possibilitadas pela internet.

Na mediação como prática documentária é indispensável o registro, a sistematização e a organização das informações e conhecimentos compartilhados, no sentido de possibilitar uma comunicação pública e material do trabalho. Essa dimensão é muitas vezes esquecida no trabalho da mediação, que, por vezes, ignora a conversa com outros públicos, de outros tempos e espaços, para além das exposições.

A mediação como pesquisa corresponde a uma tentativa de diálogo mais horizontal com os públicos. Para isso, concebemos e nos desafiamos a praticar uma abordagem baseada nas quatro perguntas subsequentes:

1. Quais perguntas são para nós, educativo e museu? 2. Quais perguntas não podemos responder sozinhos? 3. Quais perguntas nós só poderemos responder com os públicos? 4. De que modo elas também são perguntas para os públicos?

O recurso ao uso de perguntas é frequente no trabalho educativo em museus como estratégia para disparar o diálogo. Muitas vezes, o trabalho de mediação vai até onde se disponibilizam certas perguntas. O fato de não se acompanharem as respostas que são dadas às perguntas que são feitas compromete a própria ideia da mediação ser um lugar de produção do conhecimento.

Assim, propomos que haja algum acompanhamento, de modo que o diálogo pretendido seja efetivo. Nesse processo, entendemos que conhecimentos são construídos e partilhados de maneira multidisciplinar e colaborativa. Desse modo, entendemos que a mediação não se reduz a um serviço de difusão de conteúdos. Do mesmo modo, entendemos que os públicos formulam narrativas, discursos e posicionamentos a respeito da arte e da vida.

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