CUORE ou (Aqui Jaz um Lago): Arquiteturas para a intervenção na ruína da paisagem

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Ou (Aqui Jaz um Lago) Gabriel Perucchi Carolina Pescatori Arquiteturas para a intervenção na ruína da paisagem.
CUORE
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CUORE

Ou (Aqui Jaz um Lago)

Arquiteturas para a intervenção na ruína da paisagem.

Caderno Final da Disciplina de Trabalho Final de Graduação FAU/UnB

Este é um trabalho de diagnóstico e intervenção projetual na planície do an tigo lago Fucino, no centro da península itálica.

Configurada como a ruína de uma paisagem, sua história de transfigu ração territorial percorre dezenove sécu los e diferentes povos e é rica em relatos não contados, obras inacabadas e ruínas não-catalogadas. O espaço se constrói no contemporâneo, mas é indissociável do antigo: o que lá havia ainda se vê, se vive e dá nome aos lugares. O que se per deu foi a vivaz memória de uma paisagem absoultamente diversa.

Este caderno é o produto final de entrega na disciplina de Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Ur banismo da Universidade de Brasília pelo discente Gabriel Perucchi, desenvolvido entre fevereiro e setembro de 2022, ori entado pela Professora Dra. Carolina Pescatori, tendo como banca examinado ra os docentes Professora Dra. Carolina Pescatori, Professor Dr. Eduardo Rossetti e o Arquiteto e Urbanista André Velloso.

Gabriel Perucchi

Orientação: Carolina Pescatori

Brasília,22desetembrode2022. Rotterdam,22desetembrode2022.

À Universidade de Brasília, Alma Mater que com sua grandeza acadêmica prepara cidadãos e produz indispensável ciência e tecnologia, retornando à socie dade os importantes investimentos que a mantêm uma instituição livre, pública e gratuita. À sua flexibilidade e alcance que permitem que seus estudantes experien ciem o ensino, a pesquisa e a extensão dentro e fora do Brasil.

Aos maestrais espaços do Campus Universitário Darcy Ribeiro e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e sua história, para sempre gravados na memória de quem os frequenta e palco das mais genuínas expressões de liber dade, resistência e utopia. Um gesto de projeto grandioso, concebido por grandes mestres da arquitetura brasileira e que traduz em lugar - o nosso lugar - os ansei os de igualdade e liberdade que fundaram a nova capital. Projeto-referência em que fomos privilegiados de estudar todos os dias.

Às excelentes escolas que tam bém tive a honra de completar períodos de estudo e seus docentes e colegas - Po litecnico di Torino e Faculdade de Arqui tectura da Universidade do Porto.

Aos mestres que me introdu ziram e conduziram pela prática e que inspiraram e inspiram o meu respeito e dedicação por esta complexa profissão - ARQBR, em Brasília, DREAM, em Paris e MVRDV, em Rotterdam.

À indispensável orientação da Professora Carolina Pescatori neste e outros trabalhos e às contribuições do Professor Eduardo Rossetti no percurso.

Aos que nessa caminhada esti veram mais próximos de mim e que sem os quais boa parte teria sido muito menos proveitosa. Com quem dividi os piores e melhores momentos da graduação e que sei que quando apertar a saudade, po derei sempre retomar a conversa no mes mo tom - ainda que a pausa ultrapasse os anos. Pedro, Ana, Renato, Alexandra, Luís, Giovanna, Daniel, Marcos, Arthur e Juli ana: suas histórias comigo ficam Por fim, aos de casa, a quem ded ico genuíno amor e imensa gratidão - Eli, Eduardo e Danilo.

4 AGRADECIMENTOS
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1. Contextualização

O que é?

2. Justificativa

Por que intervir? - Um território antagônico.

3. Referências de Projeto

4. Caracterização da Área de Intervenção

“Um enredo em quatro atos” - A análise territorial histórica.

5. Diretrizes Projetuais

“Uma intervenção em quatro escalas” - Arquiteturas na ruína da pais agem.

6. Os projetos

“Uma exploração em quatro mov imentos” - Quatro estudos.

7. Referências Bibliográficas p. 9, pdf.6 p. 46, pdf.24 p. 56, pdf.29 p. 84, pdf.43 p. 130, pdf.66 p. 154, pdf.78 p. 256, pdf.129

ÍNDICE

Enredo (s.m.):

1. Ato de prender ou colher com rede; 2. Sucessão encadeada de acontecimen tos e peripécias à volta do assunto princi pal de uma peça literária

O enredo

Quatro atos, ou períodos históricos de análise; quatro escalas, ou escalas de arruinamento sobre as quais intervir; qua tro movimentos, ou intenções projetuais pontuadas dentre as áreas reconhecidas como de relevância.

A primeira etapa do trabalho é conduz ida a partir de uma lógica cronológica e de ocupação do território por diferentes povos: a ocupação marsa e os primeiros assentamentos do lago sagrado; a col onização romana e a primeira obra de drenagem, a feudalização medieval e as novas cheias e a capitalização italiana e a segunda obra de drenagem.

A partir do reconhecimento e mapeamen to desses períodos, são levantados os pontos de interesse de intervenção, dos quais quatro têm sua exporação projetual desenvolvida.

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Intervenção (s.f.):

1. Ato de intervir;

2. Em um debate, ato de emitir opinião, contribuir com ideias;

2. Em arquitetura, projeto arquitetônico em lugar já edificado.

A intervenção

Povoa-se o território com propostas de es paços construídos úteis à população que ali vive e que recuperam e respeitam a memória de uma paisagem transformada. Os quatro atos e quatro escalas se man tém, mas projetos dentro de cada um dos quatro movimentos crescem, em número de intervenções e em nível de exploração formal.

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TUALIZAÇÃO

1. CONTEX-

CUORE

Cuore (s.m; italiano):

1. Coração. Utilizado com frequência na língua italiana como denotação de “cen tro”. Similar ao Core do inglês.;

2. A parte mais central ou mais profunda de algo; âmago.

3. A sede das principais atividades de uma comunidade, de um sistema organi zado.

1, 2, 3. “Cuore”: Central, tanto geografi camente, quanto culturalmente. O Fucino é um lugar onde se desenvolveram cul turas, que ja foi sagrado, pelo qual guer rearam civilizações e que hoje possui uma importância central no abastecimento de alimentos da Itália.

A memória do Fucino é ligada à sua cen tralidade. Como território, como sede de uma cultura e como centro produtivo e de escoamento.

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ou (Aqui Jaz Um Lago)

Fùcino (s.m; italiano, marso):

1. “Lugar turvo”, do marso antigo; 2. Lago que tornou-se uma planície agrícola na região de Abruzzo, Itália; 3. Lago histórico na península itálica.

1. “Aqui”: Lugar de importância para o desenvolvimento de uma civilização an tiga, os Marsos, que lhe deram o nome respeitado até hoje. ‘Lugar’ como aquele de pertencimento, ancestralidade, cuja história tem o potencial de fazer parte da memória.

2. “Jaz”: A ‘piana del Fucino’ tomou o lugar lugar do que um dia foi um lago. A paisagem cultural e natural deu lugar à paisagem produtiva. O lago, contudo, é controlado por uma massiva obra de in fraestrutura que drena constantemente as águas ainda ali depositadas pelos picos nevados, chuvas e pelas nascentes e rios componentes da bacia. Se bloqueada, re nascerá rapidamente o espelho d’água.

3. “Um Lago”: Um, como lago notoria mente isolado no centro da península, o Fùcino não fazia parte de uma rede de lagos, mas do resultado do desconge lamento de geleiras, da neve dos picos apeninos, chuvas e do afloramento de na scentes depositadas em uma depressão causada por movimentos tectônicos antigos. Era um lago alto, posicionado acima da cota de 600m acima do nível do mar. Sofria variações constantes de profundidade, decorridas de alterações climáticas.

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O QUE É?

Planície do antigo Lago Fúcino. Abruzzo, centro da península itálica.

É uma das principais zonas de produção agrícola de abastecimento nacional para a Itália e que já abrigou um dos maiores lagos do país.

Nascido do acúmulo de águas de nascentes próximas, descongelamento de geleiras, precipitações e neve de pi cos depositada em uma falha geológica côncava, o Fucino foi um lago alto de for mação lenta, com altíssima variabilidade de profundidade. Isolado entre os montes apeninos e cuja posição protegida e es tratégica na conquista e circulação na península itálica geraram diversos confli tos por seu controle.

O Fucino é atualmente o coração da Marsica, sub-região histórica com preendida na atual região de Abruzzo, na zona central da Itália. A Marsica tem tal nome em homenagem à primiera civilização a habitar a região, os Marsos, um povo latino cujo nome provém de sua devoção ao deus da guerra, Marte. O lago de Fucino era o núcleo de organização da civilização marsa e era para eles sagrado.

Conquistada pelos romanos como colônia nas campanhas republi canas de expansão ao longo do século III a.C., os povos da Marsica foram integra dos aos costumes de Roma e sua inde pendência civilizatória terminada.

A conquista da Marsica pelos romanos trouxe consigo as ocupações das cidades cada vez mais próximas das margens. A imprevisibilidade das mudanças de nível do Fucino - frequente mente não-sazonais, mas concentradas em períodos longos de seca ou de cheia - trouxe prejuízos para as cidades que ali se estabeleciam, vítimas de inundações inesperadas e crises sanitárias. A ex pansão de Roma e a posição estratégica do lago passaram a despertar interesses econômicos para além da manutenção de suas cheias.

No ano 41, o Imperador Cláudio ordena que galerias de drenagem sejam escavadas por dentro das montanhas para controlar as cheias do lago e, even

tualmente, drená-lo para dar espaço à produção agrícola no coração da penín sula itálica, posição estratégica para o escoamento para o restante do império e, principalmente, para o abastecimento da Capital, muito póxima ao vale desen hado pelo lago. A obra é continuada pelos imperadores sucessivos e obtém sucesso parcial ao controlar as enchentes, con tudo não é suficiente para drenar todo o lago, que cede espaço à produção agríco la apenas em uma parte de sua extensão.

A partir do século 5, com a decadência do Império Romano do Oci dente, as manutenções nas galerias são interrompidas e elas são finalmente blo queadas por sedimentos, fazendo com que, ao longo dos séculos seguintes, o lago enchesse novamente, contudo nun ca retornando a sua extensão pré-roma na.

Apesar de chave para o desen volvimento das diversas cidades à sua margem, sua economia pesqueira e suas identidades, ligadas a uma paisagem de terminante na organizaão do território, a vontade da nobreza de concentrar ali sua produção agrícola se mantém.

A posição era ideal, climatica mente e geograficamente para alimentar uma nova nação industrial e fazer crescer a renascida capital do Reino da Itália. Concedido ao Príncipe Alessandro Tor lonia em 1848, o lago é a jóia de um prin cipado no qual o monopólio agrícola da coroa poderá se desenvolver.

A paisagem natural do Fucino resiste por dezoito séculos aos interesses de avançar sobre ela a produção agrícola. Porém, a partir do projeto do engenheiro suíço Jean François Mayor de Montricher, o lago é totalmente drenado até 1873.

Entre a manutenção de suas margens pelas delimitações das áreas produtivas e o desenvolvimento de co operativas e vilas agrícolas em seu inte rior, o Fucino torna-se um dos principais espaços de produção da Itália e, salvo poucas intervenções contemporâneas, mantém sua função por toda a história recente.

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(Acima) Imagem de satélite tira da pela equipe da Estação Espa cial Internacional. Fonte: ISS Crew Earth Observa tions experiment, Caption by M. Justin Wilkinson (2008).

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Itália no continente europeu. Em preto, posição do antigo lago Fucino.

Fonte: camadas shapefile do portal Eurostat da Comissão Europeia (2020). Cartografia re alizada pelo autor. 0 500 1000km

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A região de Abruzzo, uma das 20 regiões do país. Em preto, posição do antigo lago Fucino.

Roma

Fonte: camadas shapefile do portal Eurostat da Comissão Europeia (2020). Cartografia re alizada pelo autor. 0 250 500km

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Itália central e a região de Abruzzo, com suas quatro províncias. Em preto, posição da planície do Fucino, provín cia de L’Aquila, cuja região sudoeste coincide com a região histórica conhe cida como Marsica.

Fonte: camadas shapefile do portal Eurostat da Comissão Europeia (2020). Cartografia re alizada pelo autor.

Roma
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0 25 50km

Cartografia geral da planície do Fucino, representando sistema viário, manchas urbanas, hidrografia e vegetação. Para a análise específica desse território e respeitando a hierarquia de seus eixos, o mapa foi rotacionado, com o leste para cima. 0 2,5 5km

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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Macro-camada de análise: cheios e vazios, ou a mancha urbana construí da.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Macro-camada de análise: sistema rodoviário e ferroviário - infra-estru tura de movimentação territorial e escoamento. Em vermelho, sistema fer roviário, o principal para o escoamento da produção.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Macro-camada de análise: hidrografia - bacia hidrográfica do Fucino e canais de irrigação e drenagem.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Macro-camada de análise: vegetação total. Áreas de vegetação preservadas e/ou acessíveis à exploração.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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AA - Cheia

AA - Seca

BB - Cheia

Cortes transversais e longitudinais do Vale do Fucino.

BB - Seca RomaMar Mediterrâneo

AA - Corte geral do caminho para o mar.

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Mapa-chave A B

Fucino

25 0 1 2 5 10km
A
B 0 1 2 5km

Formação do lago Fucino a partir de degelos e precipitações em meio à cor dilheira dos Apeninos. Em destaque, os principais corredores de degelo que ali mentaram sua formação. Pré-história.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

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O lago em sua maior extensão e o in ício da ocupação das populações mar sas nas colinas próximas às margens. Séculos XVI e XV a.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

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Eixos de colonização da república ro mana entre os séculos IV e III a.C., com a fundação de Alba Fucens como o quartel general da campanha italiana. Em verde, os centros marsos já estabe lecidos nas margens.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

Alba
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Fucens Cerfegna Pleistilia Marruvium Ortigia Transacqua Angitia

Os cunículos de Cláudio são construí dos entre 41 e 52 d.C., comissionados pelo imperador romano para controlar as destrutivas cheias periódicas do lago e criar espaço para o desenvolvi mento agrícola do território. A obra criava um emissário artificial entre a margem sudoeste do lago e o rio Liri.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

0 500 1000 2000m Corte Longitudinal do caminho percor rido pelos Cunículos de Cláudio. Fucino Rio Liri
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Alba Fucens

Pleistilia

Cerfegna

Marruvium

Recuo das margens depois do sucesso parcial da obra de drenagem romana. Alba Fucens e Marruvium tornam-se os principais centros durante o império, com suas próprias ágoras e anfiteatros. Séculos II a IV d.C.

Angitia

Transacqua

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

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Ortigia

O Fucino retoma parte de sua extensão após a queda do Império Romano e o bloqueio dos cunículos que, sem ma nutenção, foram parcialmente soterra dos. As margens pré-romanas, contu do, nunca serão retomadas.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

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Borgo di Alba Avezzano

Celano Gioia Lecce

A consolidação feudal do território mar sicano fez surgir e desenvolver-se di versos burgos às margens. A economia da pesca faz a urbanização às margens se intensificar. Avezzano, Celano, San Benedetto e Ortucchio crescem em im portância, com suas próprias fortalezas feudais e mercados. 1300 d.C.

Borgo di Luco

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

Cerchio Pescina S. Benedetto Isola di Ortucchio Trasacco
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A obra de drenagem total do Fucino aproveita parcialmente das escavações iniciadas no império romano para redi recionar as águas ao rio Liri. Comissi nado pelo Príncipe Alessandro Torlonia, a obra têm sucesso ao drenar o lago entre 1862 e 1873. Os eixos de drena gem passaram a ordenar o território.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

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Borgo di Alba

Capelle dei Marsi Avezzano

Celano

Cerchio Borgo Quattordici

Borgo Ottomila Paterno S. Pelino Pescina S. Benedetto dei Marsi Ortucchio Venere dei Marsi

Trasacco

Luco dei Marsi

Gioia dei Marsi Lecce nei Marsi

O desenvolvimento agrícola transfor mou o terriório e iniciou o processo de ocupação do interior da nova planície. Além da profunda mudança da pais agem, cresce a indústria de proces samento e escoamento de alimentos, beneficiando, principalmente, as ci dades de Avezzano e San Benedetto.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagrama elaborado pelo autor.

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35 1500 a.C. 100 d.C. 1300 d.C. 2010 d.C.

(Acima) Carta geológica napol itana para a Marsica, subregião histórica na região de Abruzzo, Século XIX. Fonte: Wikimedia Commons. (Ao lado) Prancha do projeto de drenagem do lago. Fonte: Eng. Jean François Mayor de Mon tricher (1862).

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Fonte: Edward Lear (1800) (Acima, direita) Fotografia da planície do Fucino. Fonte: Autor desconhecido Wikimedia Com mons.

(Ao lado, equerda) Interior das ruínas dos Funículos, cortados por entre a montanha. Fonte: Fotografia de Claudio Parente (2013).

(Ao lado, direita) Ladrões do Fuci no, obra de drenagem do século XIX. Fonte: Fotografia de Clau dio Parente (2013).

38 (Acima, esquerda) Gravura de Edward Lear do Lago de Fucino.
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(Acima) Planície do Fucino. Fon te: Fotografia de Claudio Par ente (2017).

(Ao lado) Planície do Fucino. Fon te: Fotografia de Claudio Par ente (2017).

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(Acima) Paisagem urbana da planície do Fucino. Fonte: Fo tografia de Claudio Parente (2017).

(Ao lado) Laghetto di Ortucchio, único corpo d’água remanescen te do lago. Fonte: Fotografia de Claudio Parente (2015).

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: Arquiteturas para a intervenção

“Aquiteturas para a intervenção”: Projetos de intervenção no espaço de valor históri co regional em diversas escalas, sobre sítios arruinados, catalogados ou não, nos quais se é possível gerar novos usos e atividades, ao passo que lhes é respeita da a memória.

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na ruína da paisagem.

“Ruína da paisagem”: Lugar de importân cia para o desenvolvimento de uma civi lização antiga, os Marsos, que lhe deram o nome respeitado até hoje. ‘Lugar’ como aquele de pertencimento, ancestralidade, cuja história tem o potencial de fazer par te da memória.

Os remanescentes claros do lago, tanto nas cidades quanto nas características naturais e topográficas do território po dem, como exercício de hipótese e de projetação, configurar o vale do Fucino como a ruína de uma paisagem, ao invés de simplesmente uma paisagem pon tuada de ruínas. A intervenção, assim, qualifica-se como um sistema de projetos conectados diretamente com o dia-a-dia da planície e com a sua história.

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JUSTIFICATIVA

2.

POR QUE INTERVIR?

Um território antagônico

As paisagens de extensos ter ritórios podem ser rapidamente transfor madas de forma artificial urilizando-se da topografia para acomodar corpos d’água. Os lagos artificiais criados com o propósito de servirem às urbanizações, são gentilezas urbanas singulares que pontuam a história recente da arquitetura da paisagem.

O que sucede, porém, quando um lago natural rodeado por cidades milena res, parte da identidade e da cultura de um território, é artificialmente drenado para servir às necessidades rurais de uma nação em desenvolvimento?

Este trabalho analisa e intervém em um território antagônico, um lugar pertencente tanto ao mundo antigo quan to ao velho mundo, que se desenvoleu não para criar a paisagem hídrica de um novo centro urbano, mas para privar daqueles existentes a sua. Um territórito transfigurado, ruína de uma paisagem quase apagada da memória.

A partir da narrativa milenar do lugar e do que o lago significou, insere-se intervenções construídas, equipamentos regionais sobre uma ruína natural. Com preende-se a grande escala para intervir na do Homem.

E por que da Universidade de Brasília investigar tal paisagem histórica? O imaginário de Brasília é permeado pela presença do Lago Paranoá. Habitamos e estudamos uma cidade construída às margens de uma megaobra de infraestru tura, marca do Brasil moderno, da grande intervenção na paisagem direcionada ao conforto, abastecimento e lazer. Explorar um território essencialmente antagôni co a esse modelo, tanto projetualmente como historicamente, é dar os primeiros passos em um território de desafios de investigação e possibilidades de projeto.

É, acima de tudo, lugar de dis cussão do novo que desafia-se a intervir no antigo, na ruína. Vontade, também, exacerbada por um tipo pouco usual de ruína: a de uma paisagem toda.

O território também é dotado de diversos possíveis objetos de análise que despertaram especial interesse para a realização deste trabalho. Algumas características se destacam à primeira vista na paisagem e morfologia do Fucino: Os grandes eixos que cortam a planície e organizam o território, nascidos do projeto de drenagem do lago ao final do século XIX; as manchas urbanas que pontuam e desenham o histórico de ur banização da região; as margens históri cas, ainda muito bem visíveis e o novo planejamento interno da planície de vias, vilas agricolas e canais de irrigação.

Sendo assim, em resumo, tor na-se relevante intervir no Fucino pelas seguintes razões:

1. Trata-se de um território pouco explorado em termos projetuais, sobre o qual produziu-se uma literatura de ar quitetura e urbanismo escassa, focada na publicação nacional e em análises geológicas e arqueológicas;

2. Paisagem antagônica ao moder no, transfigurada e ressignificada diversas vezes ao longo da história, cujo caráter morfológico extremo conta de forma sin gular a história da cidade através da ruína da paisagem;

3. Posição estratégica em um con texto geopolítico e histórico (internacion al) e na produção de alimentos (nacion al);

4. Interesse pessoal pela inter venção contemporânea no sítio arruinado e na análise territorial a partir da car tografia crítica.

5. Conjunto de características que despertam a vontade de compreender todo um território como uma só ruína e abrir à discussão sobre a ruína “da” paisagem, uma que é palco de intensa produção e troca entre as cidades que a circundam.

(Ao lado) Diagramas cronológi cos das megaobras hídricas antagônicas: Paranoá: a criação de um novo lago para uma cidade nova. Fucino: a drenagem de um lago histórico para responder a uma vontade milenar de ex ploração agrícola.

Fonte: elaborados pelo autor.

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Fucino: camadas de mancha urbana, topografia e sitema viário.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Brasília: camada do sistema viário. Lago Paranoá em destaque.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo do Distrito Fedeal (SEDUH, 2022). Cartografia re alizada pelo autor. 0 2,5 5km

Sobreposição do desenho do Plano Piloto de Brasília, muito bem delinado pelo seu sistema viário, sobre a planí cie do Fucino. A distribuição urbana é o principal contraste, com centros muito densos separados entre si que circun dam o vale.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 2,5

0
5km

Os grandes eixos cardeais, resquícios da megaobra de drenagem que hoje organizam o território. Fonte: Imagens de Gogle Earth (2018), manipuladas graficamente pelo autor.

As margens históricas, muito bem delimitadas pela sep aração entre áreas cultiváveis, paisagem natural e pais agem urbana e pontuadas pela intervenção milenar hu mana na região. Fonte: Imagens de Gogle Earth (2018), manipuladas graficamente pelo autor.

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As manchas urbanas circundantes, desenhadas pelas margens históricas e freadas pela fronteira agrícola. Fon te: Imagens de Gogle Earth (2018), manipuladas grafi camente pelo autor.

No antigo leito, a cuidadosa grelha das cooperativas e vilas agrícolas, um meticuloso planejamento de habitação rural, direcionado à produção e ao escoamento. Fonte: Imagens de Gogle Earth (2018), manipuladas grafica mente pelo autor.

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DE PROJETO

3. REFERÊNCIAS

90 PONTOS SOBRE A CIDADE DE 900KM DO NILO

Um projeto especulativo de inter gração das cidades ao longo do Rio Nilo, que propõe, depois de extensos mapea mentos e análises territoriais, uma série de intervenções urbanas e de infra-estru tura.

É relevante para este trabalho pela sua minuciosa metodologia de análise de um território como um todo e do excelente resultado de sua cartogra fia crítica e simplicidade do material de projeto, bem exemplificando uma possi bilidade de produto final para a disciplina de TFG I. A escolha de um território como objeto de estudo e intervenção implica na dificuldade de apresentar propostas específicas em detalhe em um primeiro momento. Sendo assim, o caráter analíti co dos mapeamentos e preliminares das proposições de intervenção fazem desse projeto um bom ponto de partida met odológico.

Apresenta uma análise territo rial textual que acompanha os mapea mentos, elencando 90 pontos sobre o território reconhecido em torno do Rio Nilo que, gradativamente, justificam a ne cessidade ali de um projeto de integração territorial.

Alguns dos pontos se estruturam da seguinte forma, a exemplo:

“(...) 7. The Nile City is an ac cident. There was never the will or the wish to create it; it just happened. There is also no consciousness of it as a per ceivable object because it is a biotope for 26,000,000 people – a zone whose residents hardly leave it and therefore cannot see it. The Nile City is a city with out a name.

8.Inhabitants of the Nile City have no idea of the Nile City’s existence. They are not citizens of the Nile City. To introduce this revolutionary notion, a project is required.

9. It will be possible to produce difference within the valley only by beginning with a new awareness of its present homogeneity. (...)” (Atelier Kempe Thill, 2011).

Enquanto as breves análises apresentam o território, elas também começam a evidenciar as intenções de projeto. Por fim, um sistema de inter venções urbanas e infra-estruturais é cri ado para integrar o que se propõe como a “Cidade do Nilo”, que compreende boa parte da extensão do rio.

Apesar da diferença na escala do território analisado e no caráter da intervenção, as similaridades aqui são importantes: ambos tratam de territórios de desenvolvimento histórico que remon ta à antiguidade e que se desenvolveram na sociedade industrial como lugar de sconexo e vítimas de gigantes obras de infra-estrutura. A barreira para integração neste trabalho é o Nilo, e no Fucino é a planície que resultou da drenagem do lago.

(Ao lado) Cartografia regional com as camadas de área agricul tada, agricultável, mancha urba na e hidrografia.

Fonte: Atelier Kempe Thill (2011).

A análise e a intervenção genérica no território
Atelier Kempe Thill, 2011. Egito - El Monash.
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(Acima) Recorte da cartografia da uma das margens férteis do Nilo. (Ao lado) Mapeamento sintético do sistema de intervenções.

Fonte: Atelier Kempe Thill (2011).

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(Acima) Pontes e canais de inte gração do Nilo, proposta genéri ca. (Ao lado) Padrão de urban ização proposto.

Fonte: Atelier Kempe Thill (2011).

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ÁREA ARQUEOLÓGICA DO CASTELO DE SÃO JORGE

A intervenção na ruína antiga.

João Carrilho da Graça, 2010. Lisboa, Portugal.

Primoroso exemplo da inter venção em sítios arqueológicos na arquitetura portuguesa, o projeto de Carrilho da Graça compreende o local e suas camadas históricas, alternando materialidades e diferentes graus de in tervenção para cada. Nos alicerces mais preservados, estudou-se a possível forma inicial da casa, que foi reinterpretada com a pureza de um pavilhão que mais parece uma “projeção” do que ali existia. Sem se preocupar com a mesclagem à mate rialidade do lugar, o arquiteto assume a genericidade do objeto e dá seu destaque material em branco. Não compete com os alicerces e ruínas porque, apesar de de senhar sua possível forma inicial, não se confunde com ela.

Tal gesto é intensificado pela soltura das paredes dos alicerces e o seu apoio em poucos pontos, possíveis através de um sistema estrutural em grandes treliças metálicas planas cober tas por placas de madeira e gesso pinta das em branco.

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(Acima) Planta-baixa do pavilhão e perspetiva explodida total. (Ao lado) Ampliação construtiva do sistema de paredes duplas sus pensas.

Fonte: Carrilho da Graça Arqui tectos (2011).

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(Acima) Fotografia da fachada principal do pavilhão branco. (Ao lado) Pátio interior.

Fonte: Acervo do autor (2022).

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(Acima) Portais de transição en tre cômodos. (Ao lado) Fachada leste.

Fonte: Acervo do autor (2022).

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(Acima) Virada de uma das pare des sobre a ruína do alicerce: compromete-se minimamente a ruína com poucos apoios em uma estrutura metélica. A impressão é de que as paredes levitam sobre o arruinado . (Ao lado) Caimento das paredes acompanha o de senho geral de altura do que so brou das paredes da residência.

Fonte: Acervo do autor (2022).

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O TEATRO ROMANO DE SAGUNTO

A intervenção na ruína romana.

Giorgio Grassi, Manuel Portaceli, 1985.

Sagunto, Espanha.

Um dos principais exemplos de intervenção na ruína romana, o projeto de Giorgio Grassi, arquiteto experiente nas intervenções em contextos patrimo niais, toma partido da reinterpretação volumétrica do que estava ali com uma linguagem contemporânea.

Sempre em contraste material e formal, o trabalho de Grassi é cuidadoso ao tocar o arruinado e não danificá-lo fisi ca ou visualmente: a intervenção é clara.

(Ao lado, acima) Corte transver sal da interveção, com palco e arquibancada. (Ao lado) Detalhe da intervenção para conservação de um pilar pertencente ao teatro romano.

Fonte: Giorgio Grassi (1985).

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(Acima) Vista da sóbria fachada que compõe os fundos do palco, voltada para a cidade. (Ao lado) Arquibancada e palco: elementos principais da intervenção. Fonte: fotografias de Chen Hao (Sem data).

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A intervenção na ruína medieval.

Fernando Távora, 1998. Porto, Portugal.

Reconstrói a torre cuja ruína terminou de ceder em um incêndio. De staca-se o minucioso trabalho de investi gação sobre a forma histórica (projeção, gabarito, materialidade, especialização) da torre medieval, para que se criasse uma interpretação contemporânea do objeto que compunha uma das paisagens centrais mais importantes da cidade do Porto.

O resultado é um projeto que respeita a história do lugar, mesclandose com a materialidade, mas destacando-se pela precisão austera de sua forma.

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CASA DOS 24

(Acima) Croquis de Fernando Távora no processo de reinterpre tação da torre.

Fonte: Fernando Távora (1998).

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(Acima) O encontro de escala e materialidade entre uma das torres da Sé do Porto e a Casa dos 24. (Ao lado) A releitua da volumetria e gabarito da torre medieval, mas de uma material idade pura e precisa: contraste respeitoso ao entorno Fonte: Fotografias de António Alves, Fernando Noronha e Fili pa Brito (Sem data).

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CONCURSO ORLA LIVRE

A intervenção na paisagem da agricultura e no lago contemporâneo.

Vários autores, 2018. Brasília, Brasil.

A requalificação para o lazer da orla de um lago criado para isso mostra a intensidade com que a vontade privada invade espaços de uso público e pode dar pistas sobre como intervir na recon strução de uma possível orla para o Fuci no.

A escala territorial das propostas se assemelha com a vontade de inter vir em uma grande área. O resultado é a intervenção em padrões de projeto e em desenhos delicados, que apesar de constituirem grandes equipamentos, não agridem a paisagem e são adequados à escala do lugar.

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79 (Acima) Sistematização de pa drões de projeto, metodologia gráfica útil para propostas pre liminares a nével territorial. Fon te: Studio Saigon (2018)

(Acima) Cais a partir do Parque das Garças, proposta dos es critórios Studio Saigon e LJ Group segundo colocado. Fonte: LJ Group (2018) (Ao lado) Urbanização da penín sula dos ministros, proposta vencedora. Estúdio 41.

Fonte: Estúdio 41 (2018).

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GALERIA DE ARTE DO CASTELO DE LA COSTE

A intervenção na paisagem da agricultura.

Renzo Piano, 2017. Aix-en-Provence, França.

Obra de impecável diálogo entre arquitetura e paisagem agrícola. Valoriza a implantação semi-enterrada, para que o gabarito da cobertura corresponda ao das tendas de estocagem de lavoura e à altura máxima das plantações, alinhando seus eixos estruturais com as linhas de plantação adjacentes.

O espaço concebido é puro e se abre gradualmente para o vazio, criando um percurso de diferentes momentos de apreensão da espacialidade.

(Acima) Croqui da seção trans versal da galeria. (Ao lado) Fo tografia aérea da implantação do edifício, semi-enterrado em meio a uma planície agrícola Fonte: Fotografias de Stephane Aboudaram (2017).

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IZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

4. CARACTER-

UM ENREDO EM QUATRO ATOS

A análise territorial-histórica.

Quatro momentos marcam pro fundamente a história de ocupação e de modificação da paisagem do Fucino.

1. A ocupação marsa, iniciada no século XVI a.C., é a primeira a deixar vestí gios construídos ao longo das colinas que circundam o vale. É também a civilização que ocupou por mais tempo o território sem ruir ou ser conquistada e que viu o lago em seu estado mais preservado. Por mais de um milênio, os marsos foram os defensores invictos desse território, que até hoje carrega o nome do povo em várias de suas cidades: San Benedetto, Luco, Venere, Capelle, Gioia e Lecce pos ssuem oficialmente o sufixo “dei Marsi” em seus nomes. Os marsos já não mais existem como civilização, mas sua nfluên cia no território é clara: as cidades das margens do fucino são “dos marsos”.

2. As campanhas romanas de expansão durante o período republicano trouxeram um fim à dominação milenar dos marsos. Focados em dominar toda a península itálica, os romanos subjulgar am todos os outros povos latinos e itálicos que nela habitavam. Os marsos, povo de cultura bélica, foram incorporados ao império romano e a suas legiões. Com as dificuldades impostas à colonização romana pelas grandes variações de profundidade do lago, é comissionada a grande obra de drenagem do Fucino, em 41 d.C. Escavando galerias de até 5,5km de estensão por dentro da montanha, ob tém sucesso parcial em drenar o lago, que passa a ter pouco menos da metade de seu volume pré-claudiano.

3. Com a queda do Imério Roma no do Ocidente, os cunículos de Cláudio deixam de sofrer manutenções e são soterrados. Por razões climáticas e do provável funcionamento remanescente muito reduzido dos cunículos, as margens do lago nunca mais retornam a seus lim ites pré-romanos, mas se expandem con sideravelmente, fazendo, por exemplo, a cidade de Ortucchio voltar a ser uma ilha lacustre.

Os burgos se desenvolvem no período feudal e suas fortalezas e caste los pontuam a paisagem. Novas cidades surgem, que passarão a ter grande im portância no desenvolvimento da região, como Avezzano e Celano.

4. As cheias e a variação de nível do lago continuam a causar danos às ci dades e a iminente unificação e industrial ização da Itália passam a requerer urgên cia da nobreza em criar mais espaços agricultáveis na península. Pela sua posição e clima, o Vale do Fucino é posto como prioridade para abrigar a produção. Entre 1862 e 1873, uma megaobra de in fraestrutura hídrica aproveita de parte dos caminhos já escavados pelos romanos e obtém sucesso em drenar completa mente o lago. Transfigura-se a paisagem e a economia da região: a água e a pesca dão lugar às lavouras e à agricultura.

A facilidade de locomoção dentro da nova planície com seus grandes eixos permite o crescimento e integração das cidades da região, que se desenvolvem como centros industriais de processa mento de produtos agrícolas e de escoa mento para o restante do país.

Esses quatro momentos guiam toda a análise e a classificação das inter venções a partir de seu recorte temporal e sobre qual escala de arruinamento devese intervir.

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Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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1º ATO 2º ATO

1100 a.C.

1500 a.C. a.C. d.C. d.C.

Início do desenvolvimento bélico da civili zação marsa e a construção de assenta mentos nas colinas em torno do lago.

Dominação romana do centro da pen insula itálica, incluindo a totalidade do território da Marsica, após a vitória na se gunda guerra sanítica.

Estabelecimento de Archippe, primeira capital marsa, que ocupava a área da atu al cidade de Ortucchio.

Início da primeira obra de drenagem do lago, marcada pela construção dos cunículos comissionadas pelo imperador Cláudio.

Auge da ocupação romana.

Territóro Marso Territóro Romano
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300
41
100

Territóro Italiano ATO 4º ATO

O lago volta a encher com o abandono dos cunículos.

Novas cidades são fundadas ao longo da margem.

Inicia-se a obra de drenagem total do Fucino. Nos onze anos seguintes, a pais agem se transfroma - de lago a planície agrícola.

O território é totalmente integrado à rede de produção e escoamento italiana e seu principal centro é Avezzano. A memória da paisagem do lago é dilui-se com o pas sar das gerações.

Territóro Feudal
89 1300 2010
(...) 600 d.C. 1862

1º ATO: MIRAR-SE NO ESPELHO SAGRADO

A paisagem do povo do lago.

Uma das caracterísitcas mais importantes do Fucino para o povo marso era a integração estratégica que seu vale permitia aos diversos povoados espalha dos pelas colinas próximas às margens do lago. Poucos caminhos permitiam a invasão do vale e qualquer tentativa era percebida e alertada rapidamente pelos marsos. Os assentamentos enxerga vam seu território e enxergavam-se uns aos outros. Essa coesão de ocupação e proteção de um território permitiu que os marsos dominassem o vale e seu lago por mais de mil anos.

As ruínas de alguns desses as sentamentos são visíveis até hoje no topo de algumas colinas.

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Território antrópico e extensão especu lativa do lago. 1500 a.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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(Acima) Ruínas de alicerces não catalogadas, provável origem marsa. (Ao lado) Ruínas de Burcil la, Sierri e Ca’ Marino.

Fonte: Imagens de Google Earth (2019).

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Ruínas de alicerces não cataloga das, provável origem marsa.

Fonte: Imagens de Google Earth (2019).

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2º ATO: TERRITÓRIO CONQUISTADO, TERRITÓRIO MODIFICADO

A paisagem da colônia.

A primeira mudança drástica na paisagem ocorre com a inauguração dos Cunículos de Cláudio, em 41d.C. Em poucos anos, o volume do lago é reduzido para menos da metade. Agora, pode ria-se desenvolver mais a agricultura em suas margens e haveria maior controle da atividade pesqueira.

Como marca de sua colonização e presença, os romanos fundam e modi ficam cidades para responderem a seus princípios urbanísticos. Dois monumentos se destacam no período: os anfiteatros de Alba Fucens e Marruvium (posterior San Benedetto dei Marsi).

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Território antrópico e extensão espe culativa do lago. Camada das ruínas catalogadas em laranja. 100 d.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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(Ao lado, direita) Exerior das ruínas dos Funículos. Fonte: Fotografia de Claudio Parente (2013).

98 (Acima) Sítio arqueológico dos Funículos de Cláudio, ou Funícu los de Nero. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado, equerda) Interior das ruínas dos Funículos, cortados por entre a montanha. Fonte: Fotografia de Claudio Parente (2013).
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(Acima) Ruínas do anfiteatro de Marruvium. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Ruínas do anfiteatro de Marruvium. Fonte: Sem autor identificado, TripAdvisor

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102 (Acima) Ruínas do sítio arque ológico de Alba Fucens. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Em primeiro plano, as ruínas do sítio arqueológico ro mano de Alba Fucens. Ao fundo, ruínas do burgo medieval de Albe e o Castello Orsini. Fonte: Fo tografia de Roy Focker (2008)
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104 (Acima) Ruínas do sítio arque ológico do anfiteatro romano de Alba Fucens, ao lado da Igreja de São Pedro, construída sobre a es trutura do antigo templo de Apolo. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Ruínas do sítio arque ológico do anfiteatro romano de Alba Fucens. Fonte: Fotografia sem autoria identificada
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3º ATO: A NOVA CHEIA

A paisagem das cidades.

As cidades desempenham um papel crucial no desenvolvimento da região. A feudalização do território força as cidades ao isolamento, criando mais centros dispersos entre si, mas muito densos internamente. A maioria das cidades existentes hoje dentro do vale foram fundadas nesse período. Os caste los e as fortalezas medievais são as prin cipais ruínas do período.

Com a obstrução das obras ro manas de drenagem, o lago passa a en cher novamente.

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(Acima) Centro da cidade de Avezzano, com as ruínas do Cas tello Orsini-Colonna. Fonte: Ima gem de Google Earth (2019) (Ao lado) Ruínas do Castello Orsi ni-Colonna, em Avezzano. Fonte: Fotografia de Barbaking (2011)

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(Acima) Centro da cidade de Cel ano, com o Castello Piccolomini em seu ponto mais alto. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Castello Piccolomini e Borgo de Celano. Fonte: Sem au tor identificado, sworld.co.uk

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Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Castello di Ortucchio.

Fonte: Fotografia de Gaetano Marcanio (2017)

112 (Acima) Centro da cidade de Ortucchio, ou Isola di Ortucchio, com seu castelo homônimo.
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(Acima) Centro da cidade de Tra sacco, com a Igreja dos Santos Cesidio e Rufino e a Torre de Tra sacco. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Torre de Trasacco. Fon te: Fotografia de Marica Masaro (2015)

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(Acima) Cidade de Luco dei Mar si, com sua particular morfologia desenvolvida entre os limites da montanha e do antigo lago. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Piazza Umberto I com a Chiesa di San Giovanni Battis ta. Fonte: Fotografia sem autor identificado, site.it (2020).

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4º ATO: A PLANÍCIE DRENADA

A ruína da paisagem.

O interior do lago, agora planície do Fucino, passa a fazer parte do desen volvimento ubano do território. Além de seus eixos de drenagem passarem a ordenar também os novos eixos viários e de irrigação, as cidades passam a estar mais rapidamente conectadas, quase lidas, hoje, como um só sistema urbano que funciona em torno de um centro de produção agrícola.

O que muda, contudo, é a pais agem e seu clima. A ausência do lago diminui a umidade e aumenta a tempera tura da região.

Hoje, as principais ruínas desse período se encontram dentro do lago, em algumas casas e vilas abandonadas. Contudo, a cidade de Ortucchio continua possuindo o último corpo d’água rema nescente do Lago Fucino, chamado de Laghetto di Ortucchio.

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Território antrópico. Camada dos vol umes construídos em vermelho e do sistema viário em cinza. 2010 d.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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(Acima) Borgo Ottomila, maior agrupamento dentro planície do Fucino. Fonte: Imagem de Goo gle Earth (2019) (Ao lado) Via residencial de Borgo Ottomila. Fonte: Fotografia de Jacopo Rufo (2015).

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(Acima) Malha das vilas agríco las. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Via de acesso a uma das vilas agrícolas. Fonte: Google Street View (2019).

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(Acima) Limites da zona industrial de Avezzano. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Via do limite da zona industrial de Avezzano. Fonte: Google Street View (2019).

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EPÍLOGO - O LAGO DE MARTE

A paisagem do futuro?

As dimensões de vazios urbanos dentro do Fucino e as poucas interferên cias de sinais e som tornam seu centro atrativo para a pesquisa espacial. Um dos espaços mais interessantes no interior do lago é hoje o Centro de Pesquisas Espaci ais e Monitoramento “Piero Fanti”.

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Território antrópico. Camada dos volumes contruídos em vermelho e do sistema viário em cinza. Área de pesquisa espacial marcada.

2010 d.C.

0 2,5 5km

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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(Acima) Centro Espacial do Fuci no “Piero Fanti”, da Agência Es pacial Européia. Fonte: Imagem de Google Earth (2019) (Ao lado) Antenas do centro es pacial na paisagem da Planície do Fucino. Fonte: Fotografia de Bob Marquat (2002).

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PROJETUAIS

5. DIRETRIZES

UMA INTERVENÇÃO EM QUATRO ESCALAS

Arquiteturas na ruína da paisagem.

Quarto recortes temporais que permitem compreender quatro distintas macro-escalas de arruinamento sobre as quais intervir e, a partir delas, é possível mapear seus pontos de interesse.

Cada escala é delimitada por um período e um povo, que conquistam e se estabelecem no vale de formas muito distintas, como mostra o mapeamento de ruínas ao lado.

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Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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134 1ª ESCALA 2ª ESCALA A Ruína Pré-Romana A Ruína Antiga
135 3ª ESCALA 4ª ESCALA A Ruína Medieval A Ruína Moderna

As aldeias-mirante do lago.

Alicerces Marsos pontuam as co linas em torno das margens originais do lago. Intervir sobre eles pode representar o caminho para mirantes e elementos que, assim como faziam os próprios mar sos, criem uma coesão espacial dentro do vale. De um ponto, enxerga-se od outros, e de cada um, vê-se toda a planície.

136 1ª ESCALA: MIRAR-SE NO ESPELHO SAGRADO

Alicerces dos muros marsos 0 2,5 5km

Território antrópico e extensão especu lativa do lago. Ligação dos pontos de interesse das ruínas marsas mapeadas em verde.

1500 a.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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Especulação de intervenção na ruína marsa: padrão projetual para pontos de repouso, pesquisa e mirante sobre a ruína da paisagem.

(Ao lado, acima) Ruínas de alicerces não catalogadas, provável origem marsa. (Ao lado) Ruínas de Burcilla, Sierri e Ca’ Marino. Possíveis objetos de in tervenção da 1a Escala.

Fonte: Imagens de Google Earth (2019).

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Scanned

2ª ESCALA: TERRITÓRIO CONQUISTADO, TERRITÓRIO MODIFICADO

A primeira obra e as cidades romanas.

Os principais pontos de interesse do período romano são Alba Fucens e o seu anfiteatro, Marruvium e seu anfiteatro e os cunículos de Cláudio. Todas as três obras remanescentes de uma dominação complexa, marcada por novas cidades, grandes obras e a imposição de sistemas e costumes.

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Alba Fucens

Território antrópico e extensão especu lativa do lago. Ligação dos pontos de interesse das ruínas romanas mapea das em vermelho. 100 d.C.

Anfiteatro de Marruvium Cunículos de Cláudio 0 2,5 5km

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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Especulação de intervenção na ruína romana: padrão projetual para reapro priação da função comunitária do equi pamento cultural.

(Ao lado) Ruínas dos anfiteatros de Marruvium e Alba Fucens. Possíveis objetos de intervenção da 2a Escala. Fonte: Imagens de Google Earth (2019).

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3ª ESCALA: A NOVA CHEIA

As novas cidades às margens.

Os pontos de interesse desse período são as próprias cidades e a relação que desenvolviam com o lago. Cada uma delas é marcada pela pre sença de fortalezas, igrejas e castelos e suas morfologias são fortemente influen ciados pelo desenho que faziam as mar gens do lago.

As antigas margens foram uti lizadas para delimitação da fronteira agrícola contemporânea, o que freou o avanço fundiário das cidades para den tro do que fora o lago, fazendo com que elas mantivessem ao menos um de seus limites muito semelhantes àqueles medi evais, marcando - como em uma ruína - a presença de um espelho d’água que não mais existe.

A cidade de Luco dei Marsi, com primida entre as colinas e as lavouras - ou as margens do lago, é uma das mais bem presenvadas em termos de morfologia urbana medieval, visto que dois de seus limites de expansão foram historicamente impedidos por fronteiras naturais, das quais uma tornou-se fronteira agrícola.

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Território antrópico e extensão espe culativa do lago. Camada dos volumes contruídos em vermelho. Ligação dos pontos de interesse dos burgos medie vais em preto. 1300 d.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

Celano S. Trasacco San Pelino Avezzano Cerchio
145
Benedetto dei Marsi Venere dei Marsi Ortucchio
0 2,5 5km Luco dei Marsi
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Especulação de intervenção na ruína medieval: padrão projetual para a re construção das margens das cidades - dispositivos bioclimáticos e equipa mentos de lazer.

(Ao lado) Cidade de Luco dei Marsi e o burgo medieval de Cel ano com seu castelo ao centro. Possíveis objetos de intervenção da 3a Escala. Fonte: Imagens de Google Earth (2019)

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4ª ESCALA: PLANÍCIE DRENADA

A última obra e as cooperativas agrícolas.

O interesse dessa escala passa a ser o interior da planície agrícola, sua produção e seus habitantes. No mesmo eixo, os pontos principais de interesse são organizados: Zona Industrial de Avez zano, Vilas Agrícolas do Fucino e Borgo Ottomila. Junto a Ortucchio, o Laghetto permanente é o último corpo d’água re manescente do lago. O lago, que unia a forma com que essas cidades se desen volveram, dá lugar a uma planície agrícola que, através de eixos expressos, une as cidades como um único sistema urbano voltado à economia agrícola.

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Território antrópico. Camada dos vol umes contruídos em vermelho e do sistema viário em cinza. Ligação dos pontos de interesse da urbanização do interior da planície drenada em azul. 2010 d.C.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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Zona Industrial de Avezzano Vilas Agrícolas Borgo 8000 Laghetto di Ortucchio 0 2,5 5km
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Especulação de intervenção na planí cie: padrão projetual para um centro de serviços básicos às cooperativas e um memorial ao lago e seu povo.

(Acima) Borgo Ottomila, maior agrupamento dentro planície do Fucino.

(Ao lado) Vilas agrícolas. Pos síveis objetos de intervenção da 4a Escala. Fonte: Imagem de Google Earth (2019)

151

Alba

Alicerces

Ligação dos pontos de interesse em intervenção: Antiguidade

1 - Período pré-romano: assentamentos marsos ao longo das montanhas;

2 - Período romano: intervenções que se aproximam das margens pelos vales e colonizam o território.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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1 2
Fucens Cunículos de Cláudio
dos muros marsos Anfiteatro de Marruvium 0 2,5 5km

S. Benedetto dei Marsi dei Marsi

Vilas Agrícolas Borgo 8000

San Pelino Avezzano Luco dei MarsiZona Industrial de Avezzano

Ligação dos pontos de interesse em intervenção: Idade Média e Idade Moderna

3 - Período medieval: estabelecimento das cidades nas margens e das independências comunais - cas telos e fortalezas como marcos do território; 4 - Modernidade: drenagem e capitalização do lago, estabelecimento de populações em seu interior.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

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0 2,5 5km 3 4 Celano
Venere
Ortucchio Trasacco
Cerchio
6. OS PROJETOS

UMA EXPLORAÇÃO EM QUATRO MOVIMENTOS

Povoar o território de intervenções.

Inicia-se a exploração projetual a partir de uma proposta para cada uma das quatro escalas. Cada proposta re sponde a um programa e a uma implan tação específica. Contudo, todas com partilham uma linguagem que prioriza a simplicidade e buscam referenciar-se no arruinado ou no existente para se consoli dar.

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Ortucchio

Anfiteatro de Marruvium

Alicerces ao Sul

Luco dei Marsi

Alicerces a Noroeste

Os quatro movimentos de projeto es colhidos, delimitados historicamente.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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1º MOVIMENTO 2º MOVIMENTO

Os mirantes - Em volta da margem Uma praça - Anfiteatro de Marruvium

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3º MOVIMENTO 4º MOVIMENTO

Uma nova margem - Luco dei Marsi

O memorial do lago - Ortucchio

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OS MIRANTES DO FUCINO SOBRE OS ALICERCES

Intervenção na ruína marsa da idade do bronze nas colinas ao sul e a noroeste.

Os alicerces no topo da colina próxima à cidade de Trasacco - a sul - foi a primeira reconhecida nos mapeamen tos de imagens de satélite deste trabalho.

Com o arruinamento muito avançado, apenas as marcações dos possíveis alicerces são visíveis. Em um processo de completar a volumetria virtu al daquilo que pode ter sido a muralha de um assentamento marso, nasce um vol ume puro, aceso dia e noite para comuni car sua presença - e a de seus mirantes semelhantes em outras colinas. Durante o dia, a materialidade branca acende sob o sol, indicando o ponto de interesse no topo da colina. A noite, a torre que nasce dos novos muros acende um ponto de luz.

Dentro, um pátio aberto convi da para a reunião, o acampamento, a exploração arqueológica. Um espaço interno possui sanitários e bebedouros para viajantes, além do acesso para um terraço de onde se observa com privilégio a totalidade do Vale do Fucino.

Um outro alicerce - a noroeste - é identificado nas colinas, sobre os qual assenta-se uma intervenção mais sim ples, um disco de concreto que se alça do chão, criando um marco escultórico na paisagem e um ponto de descanso, abrigo e observação, para aqueles que exploram as montanhas.

Como a mais geral das propos tas, os mirantes sobre os alicerces apre sentam duas soluções de intervenção no sítio arruinado que - como padrões de projeto - podem ser repetidas nos demais licerces espalhados pelo território, crian do uma rede de mirantes que podem ser notados tanto da planície quanto entre si, da mesma forma que possivelmente se relacionavam os marsos com esse ter ritório.

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Alicerces a Noroeste

Alicerces a Sul

Mapa de localização dos alicerces mar sos nas colinas a sul do Fucino.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Croquis de estudo dos mirantes nas colinas e a relação visual que estabelecem entre si.

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Localização dos alicerces e limite mé dio das margens no período marso. O diagrama apresenta a implantação e a relação topográfica com a cidade de Trasacco.

Fonte: camadas do Geoportal do Gov erno Regional de Abruzzo (2010). Dia gramas e estudo volumétrico realizados pelo autor. Imagem de Google Earth (2019), modificada pelo autor.

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Isométricas da proposta.

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166 Alicerces a Sul - Planta baixa e Corte AA
167 0 50m10 201:1000

A primeira solução para os mi rantes completa a projeção dos alicerces através de grandes muros que, em seus acessos, enquadram a paisagem. Sua presença é marcada pela sua cor clara, pela massividade de sua forma. e pela torre que desponta dos muros.

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Localização dos alicerces, próximos ao burgo de Celano com o imite médio das margens no período marso. O diagrama apresenta a implantação e a relação topográfica com as colinas a noroeste.

Fonte: camadas do Geoportal do Gov erno Regional de Abruzzo (2010). Dia gramas e estudo volumétrico realizados pelo autor. Imagem de Google Earth (2019), modificada pelo autor.

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Isométricas da proposta com a influên cia da luz do sol e croqui de concepção.

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A segunda solução para os mi rantes assenta plataformas de concreto armado sobre os con tornos do sítio.

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A PRAÇA-ANFITEATRO DE SAN BENEDETTO DEI MARSI

Intervenção na ruína romana do anfiteatro de Marruvium.

Ruína abandonada no centro de San Bendetto dei Marsi, antiga Marruvi um, capital marsa e, posteriormente, o mais importante centro romano a leste da planície. No projeto, explora-se o poten cial para a reapropriação do espaço do anfiteatro romano como um espaço públi co multiuso.

Assim, a intervenção não compromete nenhuma das partes arruinadas e toma a quadrícula romana de Marruvium como base para posicionar uma cobertura, uma rampa de acesso e duas novas arqui bancadas próximas ao acesso principal da arena. Esses elementos em estrutura metálica podem ser rapidamente des montados e as fundações em estacas não comprometem a preservação do sítio.

A paginação no centro da arena é feita com um piso elevado desmontável. Cada módulo é apoiado em quatro mon tantes metálicos e as pedras podem ser desacopladas para eventuais ex plorações arqueológicas.

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Mapa de localização de San Benedet to dei Marsi e o Anfiteatro Romano de Marruvium.

Anfiteatro de Marruvium

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Croquis de estudo Praça-Anfite atro em San Benedetto dei Marsi.

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178

Integração do vazio em torno das ruínas do anfiteatro com o seu interior, transformando toda a área em uma praça.

Duas arquibancadas, um piso de pedra e uma cobertura de estrutura metálica e sombrea mento de tecido criam um espaço multiuso para a popu lação de San Benedetto.

As cortinas horizontais se recolhem individualmente, cri ando diferentes configurações de luz e sombra dentro da arena.

Fonte: Imagens de Google Earth (2019), modificadas pelo autor.

179
180 Planta baixa e Corte AA A
181 0 5 20m101:500 A
182

As dimensões da cobertura são percebidas em duas escalas: na do céu, sua área marca o diâmet ro transversal total da arena. Contudo do nível da rua, de aces so à praça, o que se vê é apenas a esbelta horizontalidade de um elemento que marca e se projeta sobre um espaço que só aos pou cos é descoberto e reconhecido como a ruína de um anfiteatro.

183

A leve cobertura se rebaixa para criar um pé direito no nível do anfiteatro e quase toca os con tornos da ruína, convidando a explorar o rebaixo do anfiteatro, tranformado em espaço público de apropriação da comunidade.

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185

A NOVA MARGEM DE LUCO DEI MARSI

Intervenção na margem medieval do lago, em Luco.

A recriação artificial de uma margem para a cidade de Luco dei Marsi é a recriação da memória de uma das ci dades mais moldadas pelas margens do lago. Seu desenho é clara influência dos limites lacustres, comprimindo o burgo entre as colinas e as margens.

Criado como espaço de memória, produtor de microclima e eq uipamento de lazer para a população, a posição do novo espelho d’água dialoga com os vazios existentes na cidade, em especial o antigo porto lacustre e a praça central.

Um edifício é proposto para as colinas de Luco, com o propósito de com pensar a produção agrícola perdida para a área do novo espelho d’água através de culturas intensiva e a introdução de um banco de sementes e centro de pesquisa dedicados à pesquisa e produção local e a serviço dos que na planície trabalham.

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Luco dei Marsi

Mapa de localização de Luco dei Marsi e do local da intervenção.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

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Margens do lago no período medieval e o traçado regulador para o novo espel ho d’água.

Fonte: Imagens de Google Earth (2019), modificadas pelo autor.

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Destaque às praças históricas e às margens do antigo lago. Abaixo, o alin hamento da proposta com as praças e a igreja matriz, criando uma sequência ritmada de vazios.

Fonte: Imagens de Google Earth (2019), modificadas pelo autor.

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Alinhamento dos elementos verticais das propostas com a torre da igreja matriz. Em vermelho, a ampliação de uma via existente para acesso e escoa mento.

1. Centro de Pesquisa Agrícola

2. Banco de Sementes do Fucino

3. Pavilhão de Produção Intensiva de Luco dei Marsi

4. Cobertura de Apoio à Nova Margem.

5. Nova Margem.

6. Centro Comunitário das Cooperativas. 1 2 3

Novas edificações da proposta em ver melho.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagramas e estudo volumétrico realizados pelo autor.

190
4
5 6

Substituiaproduçãodeumaárea

Beneficiaaproduçãodotodo

Em verde, produção agrícola intensiva que substitui a área desativada pra a reconstrução da margem. Em preto, banco de sementes e centro de pesqui sa para a produção local e, em ama relo, edifícios de suporte e serviços da nova margem.

Articulação de novos vazios, em ver melho e os vazios históricos, em azul.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruz zo (2010). Diagramas e estudo volumétrico realizados pelo autor.

191
192 A A
193 Implantação e Corte AA 0 25 200m1001:5000

Croquis de estudo do Centro de Produção Intensiva e Pesquisa do Fucino, em Luco dei Marsi.

194
195
196
197 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta de Cobertura 0 1 2 10m5 A A
198 1 2
199 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta Baixa T+4 0 1 2 10m5 A A 1 - Laboratórios 2 - Copa e espaço de convivência 3 - Reservatório 3
200 1 2 3 42
201 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta Baixa T+3 0 1 2 10m5 A A 1 - Laboratórios 2 - Sanitários 3 - Recepção 4 - DML/Depósitos 5 - Praça 6- Reservatório 7 - Monta-cargas 5 6 7
202
203 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta Baixa T+2 0 1 2 10m5 A A 1 - Banco de sementes 2 - Monta-cargas 2 1
204
205 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta Baixa T+1 0 1 2 10m5 A A 2 1 1 - Banco de sementes 2 - Monta-cargas
206 1

1 - Acesso principal centro de pesquisa e banco de sementes

2 - Monta-cargas

3 - Doca de carga e descarga

4 - Estacionamento funcionários e pesqui sadores

5 - Corredor técnico e acesso aos shafts

6 - Prateleiras de pro dução

207 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta Baixa T+0 0 1 2 10m5 A A
2 2 3
208 1 6 2 3 4

1 - Áreas técnicas (cli matização, irrigação, geradores)

2 - Corredor técnico e acesso aos shafts

3 - Sanitários

4 - Produção de solo

5 - Monta-cargas

6 - Prateleiras de pro dução

209 1:300Centro de Produção Intensiva - Planta Baixa T-1 0 1 2 10m5 A A
5
210
211 1:300Centro de Produção Intensiva - Corte AA 0 1 2 10m5

Imagens de estudo para o Centro de Agricultura Intensiva de Luco. A produção agrícola tomada pe las novas margens é substituída pela compacidade da produção intensiva e dá à cidade um novo espaço de desenvolvimento de tecnologias de produção..

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213

Croquis de estudo da Nova Margem em Luco dei Marsi.

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1 - Cobertura apoio - Centro Comu

217 1:2500A Nova Margem - Planta de Cobertura 0 25 100m5010
de
à nova margem 2
nitário das cooperati vas agrícolas 1 2
218

1 Acesso - Escritório e vação (equipe sal

3 Barra e escada de descida rápida

219 1:300Cobertura de Apoio à Nova Margem - T+1 0 1 2 10m5
-
mirante 2
obser
va-vidas)
-
2 1 3
220 1
221 1:300Cobertura de Apoio à Nova Margem - T+0 0 1 2 10m5 1 - Vestiários 2 - Escritórios (equipe de segurança) 3 - Informações e se gurança 4 - Acesso mirante 5 - Quadro de energia 6 - Sanitários 7 - Gerador 8 - Saída rápida (equi pe salva-vidas) 12 3 4 6 6 7 8 5

A cobertura de acesso às novas margens de Luco cria o abrigo do sol e o elemento que mar ca o ponto de encontro e das principais aglomerações, além de compreender os edifícios de apoio e do serviço de salva-vidas, acessado pela torre, que cumpre também o papel de mirante e de marco de partido, que se alinha com a torre da Igreja Matriz da cidade.

222
223

A cobertura é o elemento con struído que marca a zona de transição entre a cidade e a areia das margens. O bosque que o precede é o elemento paisagísti co que inicia essa transição, que através da gradual densificação de sua vegetação com o tempo e sua altura, marca visualmente a chegada.

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225
226 5 5 10 7 7 12 15 1516 11 21
227 1:250Centro Comunitário das Cooperativas Agrícolas - T+1 0 1 2 10m5 1 - Estacionamento funcionários 2 - Controle de luz e som 3 - Jardim central 4 - Sala de cursos/es paço multiuso 5 - Foyer 6 - Recepção/segu rança 7 - Sanitários 8 - DML 9 - Almoxarifado 10 - Anfiteatro 11 - Portaria/segu rança 12 - Backstage 13 - Salas de reunião e administração das cooperativas 14 - Copa 15 - Vestiários esport ivos 16 - Apoio eventos 17 - Geradores 18 - Acesso mirante 13 13 13 14 7 3 4 6 7 8 9 7 17 18 7

O Centro Comunitário das Co operativas Agrícolas do Fucino é o espaço de organização e festividades dos trabalhadores da planície. Um espaço de re união que integra o externo e a paisagem aos seus espaços de transição entre áreas isoladas climaticamente, como seu an fiteatro e salas administrativas. Um pavilhão abriga convenções fechadas, enquanto outro serve de apoio a eventos ao ar livre. O grande campo que separa os dois serve de praça e eventual espaço esportivo. Acima do pa vilhão principal, paira uma co bertura que pode ser usada pelos membros das cooperativas para abrigo e acesso às areias das no vas margens.

228
229

O MEMORIAL DO LAGO NA ILHA DE ORTUCCHIO

Intervenção no Laghetto di Ortucchio.

A última porção remanescente de lago foi o lugar escolhido para criar um edifício-memorial, que celebra a história do lago Fucino e mantém viva sua memória. Dialogando com o castelo de Ortucchio e com os níveis históricos do lago, o memorial foca na experiência com a paisagem. Em seus espaços fechados, a história de cada período-chave do Fuci no é contada.

O espaço é iniciado a partir de um percurso circular que enquadra as águas do lago e seu ponto-chave é o mi rante no topo, situado na mesma altura da cota de coroamento do castelo. O edifício-anexo serve à administração do memorial e sanitários e também delim ita uma pequena praça que enquadra a paisagem no percurso de saída do edifício principal.

230

Mapa de localização de Ortucchio, antiga Ilha que detém o último corpo d’Água restante do lago Fucino.

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor. 0 2,5 5km

Ortucchio
231

Croquis de estudo do Memorial do lago em Ortucchio.

232
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Ilha de Ortucchio com a recriação das margens medievais do lago. Em des taque, Laghetto di Ortucchio. Abaixo, diagrama da geração da forma e do traçado regulador em diálogo com as ruínas do castelo.

Fonte: camadas do Geoportal do Gov erno Regional de Abruzzo (2010). Dia gramas e estudo volumétrico realizados pelo autor. Imagem de Google Earth (2019), modificada pelo autor.

234

N=Torre Ortucchio

N= Máxima do nível do lago

N= Média do nível do lago

Isométricas da proposta e corte esque mático dos níveis e programa.

Marsica Roma Lago Medieva Itália Acesso
235
236 A Implantação e Corte AA
237 AA A 0 25 100m501:2500
238 4 6 5 7 9 8 3 A
239 0 1 2 10m5Memorial do Fucino - Planta baixa do térreo 1:300 10 1 2 5 - Praça de saída 6 - Sanitário PCD 7 - DML/Almoxarifado 8 - Jardim aquático 9 - Administração 10- Acesso público A 1 - Hall de entrada 2 - Recepção, bilhete ria e seguraça 3 - Sala técninca 4 - Depósito funcinári os
240 21 3 4 A

1 - Espelho d’água (nivel médio histórico do lago)

2 - Memorial / Foyer

3 - Sala de apoio - Shaft

Memorial do Fucino - Planta baixa do primeiro pavimento 1:300

241 0 1 2 10m5
4
A
242 21 3 4 A

1 - Anfiteatro marsica no (nível dos marsos)

2 - Salão de projeção - Sala de apoio - Shaft

Memorial do Fucino - Planta baixa do segundo pavimento 1:300

243 0 1 2 10m5
3
4
A
244 1 2 3 A

1 - Sala de exposição ( níveis Roma e Lago Medieval)

2 - Sala de apoio

3 - Shaft

Memorial do Fucino - Planta baixa do terceiro e quarto pavimentos 1:300

245 0 1 2 10m5
A
246 1A

1 - Mirante do Fucino Itália moderna)

Memorial do Fucino - Planta de cobertura

247 0 1 2 10m5
1:300
(nível
A

Coroamento da torre do Castelo de Ortucchio

Nível máximo histórico do lago

Nível médio histórico do lago

248 1 2 3 4 5 6

1 - Mirante do fucino e a Itália moderna

2 - Pavimento técnico e climatização

3 - Sala de exposições do lago medieval

4 - Sala de exposições do período romano

5 -Auditório marsi cano e sala de ex posições do período marso

6 - Foyer dos níveis do lago

7 - Hall de entrada

249 1:300Memorial do Fucino - Corte AA 0 1 2 10m5 7

Imagens de estudo para o Memo rial do Lago em Ortucchio. O lugar turvo marso é relembrado em um espaço dedicado inteiramente a sua história, que paira sobre sua última parte remanescente.

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251

Maquete física do memorial confeccionada em PVC para im pressão 3D, papel supremo e fol ha de PVC, base em papel pluma.

Escala 1:500

252
253

Arquiteturas na ruína de uma paisagem, em um território transformado, que celebram sua memória, compreendem as dinâmicas do presente e observam seu futuro.

Este caderno apresentou o estu do de análise e intervenção arquitetônica na Planície do Fucino. Através do entendi mento de seus componentes geográfico e histórico foi possível aproximar-se do chão e encontrar pontos de interesse para intervenções que valorizassem esse território, seus habitantes e sua memória.

Ao longo da discipina de Tra balho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura e Ubanismo da Universidade de Brasília, povoou-se o território conhecido com quatro macro-intervenções, cada qual com sua complexidade programática e linguagem adequada ao sítio. Ao total, nove diferentes projetos dialogaram com a paisagem, seus habitantes atu ais e a sua história. O trabalho observa um grande espaço e intervém com ar quiteturas pontuais que, apesar de es pacialmente separadas, conectam-se em um mesmo projeto de valorização da memória e do futuro do Fucino.

Aqui jaz um lago, coração de uma região histórica - a Marsica - e de posição central na península itálica, dotado de milênios de história e de transformação e que anseia por possibilidades, estudos e intervenções. A memória da ruína da paisagem merece celebração e respeito, pois constitui um território em constante transformação que não será jamais uma imagem estática do passado, mas que não pode ser compreendido devencilhan do-se dele.

Portanto, neste lugar, projetar a partir de uma narrativa histórica faz-se necessário e buscar, no traço, respeitar essa história, torna-se o maior dos desafi os do fazer arquitetura.

254 UMA ODE AO LUGAR

Memorial do Lago no Laghetto di Ortucchio

A praça-an fiteatro de Marruvium

Mirante nos alicerces a sul

A nova margem de Luco

Mirante nos alicerces a noroeste

A distribuição das intervenções no ter ritório do Fucino.

0 2,5 5km

Fonte: camadas do Geoportal do Governo Regional de Abruzzo (2010). Cartografia realizada pelo autor.

255

BIBLIOGRÁFICAS

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CAMPANELLI, A. (ed). Il Tesoro del lago: l’archeologia del fucino e la collezione Torlonia. 1 ed. Italia: Carsa Edizioni. 2001.

CHISHOLM, H. Fucino, Lago di . In: En cyclopædia Britannica. Vol. 11 (11th ed.). Cambridge: Cambridge University Press, 1910. pp. 273–274.

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HUYSSEN, A. Nostalgia for ruins. In: Grey Room, 23 ed. Cambridge: MIT Press, 2006. pp. 6-21.

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PROIA, F. Polvere di lago. 1 ed. Avezzano: Anfiteatro editore, 2013.

7. REFERÊNCIAS
258
259

Exportado em formato PDF “Car ta” para publicação digital no dia 22 de Setembro de 2022. Confeccionado nas fontes “UnB Pro” e em suas variações.

Caderno de Diplomação 2 Gabriel Perucchi Carolina Pescatori
262 CUORE Ou (Aqui Jaz um Lago) Arquiteturas para a intervenção na ruína da paisagem.

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