cada um ĂŠ do seu jeito
de: Regina Balthazar Pundek ilustrada por: Gabriel Pundek Scapinelli
Todas as noites sem nuvens, estrelas olham a Terra e sonham como ser谩 a vida por aqui. Sem sabermos, somos motivo de muitas conversas. Hoje eu vou lhes contar a hist贸ria de uma estrelinha muito curiosa.
Um dia enquanto sua mãe dormia, uma pequena estrela desobedeceu a uma importante regra sideral, cortou o fio invisível que a prendia ao firmamento. Sua luz intensa rasgou o céu e em poucos minutos ela caiu no mar.
Que delícia! Por um bom tempo, até seus dedinhos murcharem, ela mergulhou e nadou entre os peixes e as algas. Depois saiu da água, fez castelos de areia e brincou ao calor do sol. Estava muito alegre e cansada quando a noite chegou.
Ela olhou para o céu cheio de luzes e se sentiu muito sozinha. Ela chorava olhando lá longe suas amigas, Antares e as três Marias. Soluços embalaram seu corpo até adormecer. Na manhã seguinte acordou arrependida e triste.
A Estrelinha decidiu não se entregar à tristeza. Deveria haver uma maneira de voltar para o céu, era preciso procurar, um jeito de ir em direção às alturas. Ao final do dia estava lá no alto da montanha mais alta, e lá começou a pular o mais alto que podia, tentando voar, mas nao conseguia.
. Foi quando viu um enorme sapo. Correu até ele e perguntou: - Senhor Sapo, vi que sabe dar grandes pulos. - Sei sim!! – disse o sapo vaidoso. - Será que pode me ajudar? Preciso ir para casa, estou com saudade da minha mãe.
- Sobe aí nas minhas costas. Vou levá-la num minuto. E o sapo pulou, pulou, pulou... Humilhado e cabisbaixo admitiu sua incapacidade: - Sinto muito não poder ajudá-la, eu tentei, mas... cada um é do seu jeito – e lá se foi.
Encolhidinha encostada no tronco de uma pitangueira, ela ouviu alguém dizer: “Diga lá belezura, o que a entristece?” - Era um Coelho prestativo, que logo ofereceu ajuda. Ela subiu em suas costas e ele pulou, pulou, pulou. Mas também não conseguiu. De mansinho ele se afastou pensando: “Cada um é do seu jeito. Nenhum coelho consegue pular até o céu.” A Estrelinha estava cada vez mais triste.
Quem ainda poderia ajudá-la? Surgiu em cena um macaquinho gentil. A Estrelinha correu até ele e contou sua história. Então o macaquinho a pegou pelas mãos e saltou, saltou, saltou. Mas, também não conseguiu. Ele foi embora chateado, mas sabia que fez o que pode e que no reino animal cada um é do seu jeito.
Dava pena de ver a Estrelinha chorando. De repente passou alguma coisa voando a sua frente. Era uma abelha! Levantou num segundo e implorou ajuda. A abelha, naturalmente generosa, aceitou sem pestanejar. Imaginem que engraรงado, uma estrela montada numa abelha.
E, lá se foram as duas numa cavalgada alada rumo ao firmamento.- Pocotó, pocotó, pocotó – barulhava alegremente a Estrelinha. - Zum, Zum, zum – zumbia a Abelhinha acompanhando a nova amiga.
Quando enfim a mãe e a filha se encontraram eram lágrimas e abraços para todo lado. Mesmo assim a Mãe, bem zangada, disse: “Eu não gostei do seu comportamento! Você poderia ter ficado lá para sempre! Estrelas não voam. Este é o nosso jeito de ser! Você precisa entender!” A Pequena Estrela envergonhada prometeu obedecer eternamente. E as duas voltaram a se abraçar.
Anoitecera e a Abelhinha assustada n達o sabia como voltar para a Terra, pois n達o conseguiria enxergar o caminho naquela escurid達o. A M達e Estrela, retribuindo o favor feito para sua filha, cortou um cacho de seu cabelo brilhante e enrolou na abelha cintura abaixo. Imediatamente a Abelhinha iluminada despediu-se e saiu voando feliz. E, assim surgiu o primeiro vagalume na face da Terra.