Edição Especial MEI, Coach e Negócios - SETEMBRO 2020 - ISSN 2525-801X
R E V I S TA ADMINIS TRAÇÃO & ISSN 2525-801X CIÊNCIAS MEI 9% 43% 43%
COACH
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NEGÓCIOS TI FINANÇAS
GESTÃO PÚBLICA
Edição Especial
Setembro / 2020 !1
Edição Especial MEI, Coach e Negócios - SETEMBRO 2020 - ISSN 2525-801X
Junho 2019 semana 1
Ano 2 Volume XI
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – Proibida a reprodução total ou parcial, sem a autorização por escrito.
Série Especial A Força do Conhecimento Edição 02
ISSN 2525-801X
Revista de Administração e Ciências ISSN: 2525-801X ORCIDE: 0000-0001-8789-7698 Publicação da área de Ciências Humanas
As opiniões emitidas nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. All articles are full responsability of their authors.
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Solicita-se permute
Catalogação Periodicidade Semanal ISSN 2525-801X
CDD 100
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Correspondência e Assinatura / Letters and subscription Revista de Administração e Ciências Rua Nicolau Vorobi 244 CIC – Curitiba – Paraná CEP.: 81250-210
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Revista de Administração e Ciências
Dr. Gaspar Collet Pereira Diretor Geral Rua Nicolau Vorobi, 244 CIC – Curitiba – Paraná CEP.: 81250-210
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Editorial Edição especial com artigos científicos produzidos por profissionais especializados nos assuntos.
Está edição tem como título: MEI, Coach e Negócios.
"O processo de estudo é completo quando o resultados da pesquisa realizada pode ser compartilhados publicamente". Prof. Morôni Kozoski
Sua opinião é muito importante para nós. Se desejar fazer elogios, comentários, críticas ou saber mais sobre os trabalhos realizados por cada autor entre em contato pela nossa página
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no Facebook.
PÁGINA 8 LIFE COACHING: DESENVOLVENDO NOVAS HABILIDADES
Katya Mourthé
PÁGINA 20 E AGORA, SOU MEI, COMO TER OPORTUNIDADES EM UM CENÁRIO INSERIDO POR ADVERSIDADES?
Glória Maria Pereira da Silva Fernandes
PÁGINA 44 PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL E FAMILIAR: UM ESTUDO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS
Vanessa Aline de Oliveira Silva Kozoski!6
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PÁGINA 44 Uma pesquisa inicial sobre os riscos para as contratações de Tecnologia da Informação no âmbito do setor público
Darlan Henrique da Silva Venturelli
Túlio César de Araújo Porto
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Marcelo Dias de Sá
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LIFE COACHING: DESENVOLVENDO NOVAS HABILIDADES
Katya Mourthé
"Estabelecer objetivos, de curto, médio e longo prazo são determinantes para se alcançar a performance desejada."
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LIFE COACHING: DESENVOLVENDO NOVAS HABILIDADES Katya Mourthé Morôni Kozoski
RESUMO O Life coaching usado como ferramenta de aprendizagem e desenvolvimento no planejamento da atividade a ser executada, visando resultados de alto nível de expertise. Desenvolver o talento significa aprender através de uma forma estruturada que possibilite controle e ajuste do sistema de treinamento e do alcance das metas determinadas. Prática Deliberada, Modelo do Técnico e Desenvolvimento do Expert (Talento) são estruturas e conhecimentos que irão auxiliar e possibilitar a estruturação do planejamento para desenvolver as Habilidades Mentais necessárias ao programa e planejamento de aprendizagem, treinamento e execução das tarefas, visando o mais alto nível de expertise no domínio no qual se deseja sucesso e eficiência. Estabelecer metas desafiantes, mas alcançáveis, se comprometer com estas metas e direcionar os esforços e a energia para alcançá-las, trabalhar a autoconfiança do cliente para que possa cada vez mais superar os desafios e melhorar suas capacidades, são a base do trabalho das habilidades mentais a serem desenvolvidas e que proporcionarão a oportunidade de se ter eficiência e conseguir o êxito desejado. É função do coach se preparar e oferecer as melhores alternativas para que seu cliente possa se interessar, desenvolver e ter sucesso na sua empreitada, conseguindo além do êxito uma melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Coaching for Life, Habilidades mentais, Psicologia do Esporte, Qualidade de Vida.
INTRODUÇÃO O Life Coaching, como ferramenta de desenvolvimento do ser humano, no projeto a ser apresentado possibilita um conhecimento e uma linha de trabalho voltada para os objetivos a serem alcançados. Muitas vezes o cliente tem um desejo, ou mesmo uma opinião, mas não tem ideia de como estruturar e organizar o planejamento. O Life Coaching pode ajudar a definir este caminho
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e seus passos. Desenvolver novas habilidades, principalmente mentais, irá ajudar a estruturar e direcionar o caminho a ser seguido. A estrutura organizacional do trabalho, do treinamento e da busca do resultado é primordial para o sucesso e viabilidade do trabalho. Organizar, em função dos objetivos, avaliar o que foi alcançado em cada etapa, ajustar o projeto para implementar novas possibilidades de evolução e satisfação. A Prática Deliberada (PD) vem possibilitar uma forma de trabalho de aprendizado e execução das tarefas de uma forma mais eficiente e adequada para se desenvolver o potencial e o mais alto nível de expertise no domínio a ser trabalhado. Juntamente com a estrutura de organização da aprendizagem e do treinamento formam a base do trabalho bem elaborado e fundamentado na busca do sucesso. O desenvolvimento de novas habilidades e a concretização de uma forma de estruturar a atividade mental voltada para a aprendizagem e o desenvolvimento do talento na área a ser trabalhada e onde se deseja alcançar o sucesso é um objetivo que se deve iniciar o mais cedo possível, quando se traça um planejamento e se busca o sucesso. As possibilidades aqui apresentadas visam oferecer a oportunidade e guiar o planejamento para alcançar o desenvolvimento necessário para se conseguir o resultado positivo e de sucesso no empreendimento em questão.
DESENVOLVIMENTO O Life Coaching é importante para se desenvolver todo um sistema de formação do cliente em potencial. O conhecimento necessário para se ter sucesso neste empreendimento passa pela base da capacitação através dos cursos realizados, somados à experiência e conhecimento profissional de cada pessoa para poder melhor atender ao seu cliente. Como estruturar o trabalho para aprender e desenvolver o conhecimento e estruturas necessárias para se alcançar o sucesso são primordiais no planejamento e evolução do domínio a ser trabalhado.
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Prática Deliberada (PD) Ericsson, Krampe e Tesch-Römer (1993) estudaram o desenvolvimento de músicos experts, e sugeriram a “prática deliberada” (PD), uma forma de treinamento altamente estruturado, visando o aumento da performance. Para que a PD ocorra são necessários recursos para que se desenvolva o treinamento, motivação para realizar a tarefa e esforço para melhorar a performance. Para estes autores, o meio ambiente é o principal responsável pelo desenvolvimento do talento, que depende da duração e da estrutura das atividades. São três tipos principais de atividades que podem ser desenvolvidos: 1) trabalho, performance pública, competições, serviços realizados pelo pagamento e outras atividades diretamente motivadas pela recompensa externa; 2) jogos ou diversão, atividades sem metas específicas que são inerentemente prazerosas; 3) PD, atividade especialmente elaborada para melhorar o nível atual de performance. As metas, custos e recompensas destes três tipos de atividades diferem, assim como a frequência com que as pessoas os buscam (Ericsson et al., 1993). A PD é definida como uma atividade altamente estruturada, e o objetivo específico é melhorar a performance. Tarefas específicas são criadas para superar as fraquezas (dificuldades), e a performance é cuidadosamente monitorada para proporcionar sugestões e meios de ser melhorada. A PD permite experiências de forma repetida, nas quais a pessoa pode dar atenção aos aspectos principais da situação e melhorar sua performance gradualmente, em resposta ao conhecimento dos resultados, feedback, ou ambos, pelo professor (Ericsson et al., 1993). A PD requer esforço e não é inerentemente prazerosa. Ela não oferece recompensas financeiras imediatas, gera despesas associadas ao acesso a professores e ambientes do treinamento. As pessoas são motivadas a treinar porque a prática melhora a performance. Assim, é importante compreender suas consequências a longo prazo (Ericsson et al., 1993).
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A maximização da PD não é simples nem provisória; ela se estende por no mínimo 10 anos, ou 10.000 horas, de treinamento adequado para a expertise em determinada especialidades e envolve a otimização de várias restrições: a) restrições de recursos - requer tempo e energia disponíveis por parte da pessoa, acesso aos professores, material e condições de treinamento; b) restrições de motivação - não é inerentemente motivante, é considerada um instrumento para se conseguir melhorias na performance; c) restrições de esforço - é uma atividade extenuante que só pode ser mantida por um tempo limitado a cada dia, durante períodos longos, para que não leve à exaustão (Ericsson et al., 1993). A PD envolve: 1) uma tarefa que é bem definida e é um desafio para a pessoa; 2) a presença de feedback informativo; 3) oportunidades de repetição e correção do erro. Para se maximizarem os ganhos de uma prática a longo prazo, as pessoas devem evitar a exaustão e limitar a prática a um nível em que elas possam se recuperar completamente, em uma base diária ou semanal (Ericsson et al., 1993). Côté e Hay (2002), Baker e Côté (2006) e Côté, Baker e Abernethy (2003, 2007), destacam a importância de participar de atividades de jogo com regras no estágio inicial de desenvolvimento do atleta e descrevem esse tipo de atividade ou jogo como intencional ou deliberado. O termo brincadeira deliberada foi escolhido para contrastar esses tipos de atividades com o restante das atividades e jogos infantis livres e a definição adulta de atividades de prática deliberada, apontada por Ericsson et al., (1993), Côté, Baker e Abernethy (2003, 2007), e Côté e Fraser-Thomas (2008). No contexto esportivo, as atividades deliberadas de jogos são diferenciadas das atividades de brincadeiras não-estruturadas, pois contêm um conjunto de regras e derivados de jogos esportivos padronizados. Enquanto isso, as regras dos esportes existentes são constantemente modificadas por crianças e adultos. Por exemplo, as regras do futebol, handebol e vôlei são modificadas regularmente para atender às necessidades das crianças que brincam nas ruas ou de maneira adaptada. As crianças geralmente modificam as regras (como as percebem), para encontrar um
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ponto em que elas são semelhantes às do esporte, mas permitem que elas joguem em seu nível (Baker e Côté, 2006).
The Coaching Model - o Modelo do Técnico Os objetivos gerais do programa de treinamento, da missão até os objetivos de treinamento diário, irão determinar o processo central de organização, treinamento e competição assim como os componentes complementares do contexto particular do esporte, e assim as características dos técnicos e dos atletas (Côté, Salmela, Trudel, Baria e Russell, 1995). Para ou técnico, o desenvolvimento dos atletas inclui inúmeras tarefas, que podem ser classificadas em três componentes: organização, treinamento e competição. Esses três componentes do desempenho, que estão em constante interação, são definidos como o Processo do Técnico (Coach). Incluídos nesses componentes de desempenho estão as tarefas e variáveis que o técnico considera importantes para o desenvolvimento dos atletas. É impossível para o técnico ter em sua memória a natureza exata do potencial de uma equipe ou de cada atleta. O que os técnicos guardam em sua memória são pré-suposições, imagens ou uma representação mental do potencial do atleta ou de uma equipe. Essas representações mentais ou modelos mentais determinarão como os técnicos agirão e se comportarão com seus atletas (Côté, 2006; Côté, et al., 1995). Técnicos experts dedicam uma quantidade significante do seu tempo diário com a organização. O treinamento deve ser baseado na percepção mental do desenvolvimento, nos princípios cognitivos e sociais do atleta em crescimento juntamente com o conhecimento técnico e habilidades apropriadas para maximizar o aprendizado e a performance das ações esportivas (Côté, et al., 1995). A Competição se torna a avaliação básica para os passos que antecedem a organização e o treinamento. Os resultados das competições irão, por sua vez, proporcionar informações essenciais para futuros ajustes na organização e no treinamento (Côté, et al., 1995).
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A natureza do modelo mental dos técnicos experts (Côté, et al., 1995) nos mostra como eles se envolvem nas tarefas centrais de organização, treinamento e competição, para melhor se adequarem ao seu contexto e metas pessoais. Eles trabalham ao máximo a prática deliberada (Ericsson et al., 1993) com seus atletas, enquanto também aperfeiçoam suas próprias habilidades e base de conhecimento (Salmela, 1996).
O Desenvolvimento do Expert O termo expert está relacionado à pessoa que se encontra entre os 5% melhores em um domínio específico. Esta performance superior do expert pode ser explicada em termos de seu maior domínio de um conhecimento específico. Os experts conseguem resolver problemas, dentro de seu domínio, de forma muito mais rápida e precisa do que os iniciantes. No esporte a expertise é mediada por processos cognitivos, como a monitoração, o planejamento, a racionalização e a antecipação (Ericsson, 1996; Starkes e Ericsson, 2003). Dweck (2017) sugere que o mindset é um conhecimento que deve ser trabalhado para o desenvolvimento do talento. Não apenas o fator genético é importante, mas o conhecimento, o esforço do atleta e do ambiente positivo em que é criado para a sua formação, melhorando seu caráter, força de vontade e sua mentalidade de vencedor (Dweck, 2017). Bloom (1985) afirma que os experts em vários domínios progridem através de três estágios em suas carreiras: Na Iniciação devem jogar e se divertir até que se mostrem como promessa ou “talento”; Na fase de Desenvolvimento, a prática deliberada por um longo período, conduzida pelo apoio dos pais e recursos, humanos e materiais, especializados. Na fase de perfeição, o comprometimento é feito em tempo integral com um técnico/ mentor altamente competente. Côté (1999) apresenta um modelo semelhante ao de Bloom (1985), mas específico para o desenvolvimento do talento (expert) no esporte. Para este autor, existem quatro fases de desenvolvimento: Os anos de experimentação, de especialização, de investimento e de manutenção.
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Nos anos de experimentação a participação em uma grande variedade de esportes/jogos, sem especialização em uma área específica. Nesta fase se desenvolvem as identidades básicas, motivações, valores e crenças sobre o esporte e si mesmo. O foco está em jogar/brincar e ensinar através dos jogos. O técnico como é uma pessoa de recursos que deve reestruturar o ambiente da brincadeira (evitando impor uma estrutura rígida). Utiliza jogo sensoriais para a aprendizagem e coloca o foco nos comportamentos de motivação intrínseca (brincadeira deliberada) em vez de atividades externamente controladas (prática deliberada) (Côté, 1999). Nos anos de especialização o técnico é mais especializado, com acesso a recursos pessoais e físicos adequados. O foco está em um ou dois esportes específicos. Nesta fase se desenvolvem as habilidades específicas do esporte através da prática deliberada (PD) que é um treinamento mais estruturado. O técnico cria um ambiente prazeroso, para que os participantes possam continuar envolvidos no esporte, ao mesmo tempo que torna as atividades desafiantes para que cada participante possa desenvolver suas habilidades, equilibrando atividades de brincadeira deliberada e de prática deliberada (Côté, 1999). Nos anos de investimento, o técnico é de alto nível com acesso aos melhores recursos disponíveis. O treinamento é em apenas um esporte específico e os atletas aumentam o nível de performance neste esporte. O desenvolvimento das habilidades específicas neste esporte se dá apenas através da prática deliberada (Côté, 1999). Os técnicos proporcionam recursos físicos e sociais para superar as restrições de esforço e motivação, associadas ao trabalho constante da prática deliberada (Salmela, 1996). Para Côté (1999), a última fase, os anos de manutenção vão acontecer para apenas poucos participantes que se mantiveram no alto nível internacional e o treinamento é somente através da prática deliberada, para se manterem no nível alcançado, havendo pouco desenvolvimento das habilidades já adquiridas e treinadas. Técnicos experts são responsáveis por organizar o ambiente para superar as restrições de recursos, motivação e de esforço que são necessários para a prática deliberada de longa duração, através da organização, treinamento e
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competição (Côté, et al., 1995; Côté, 1999, 2003; Salmela, 1996; Côté e FraserThomas, 2008). Um exemplo deste alto nível de treinamento é o que Bernardinho (2007) chama de trabalhar fora da “Zona de Conforto”, ou seja, estar sempre desafiando e colocando o nível do treinamento perto da performance máxima do atleta. São responsabilidades do técnico, diagnosticar o estágio atual do desenvolvimento de cada atleta, proporcionar atividades de aprendizagem que o desafiem a avançar para o próximo nível de aprendizagem, enquanto o mantém motivado (Côté, et al., 1995; Côté, 1999, 2006).
Desenvolvendo as Habilidades Mentais As Habilidades Mentais são os procedimentos que as pessoas aprendem e desenvolvem para melhorar suas ações e desempenho. Na psicologia do esporte, esse conceito é muito importante e deve ser dominado pelo técnico, para que ele saiba que o aspecto genético é relevante, mas não tão decisivo, quanto o ambiente e a prática deliberada, para que os atletas possam alcançar nível alto, como apontam os autores Baker e Côté (2006), Bruner, Erickson, Mcfadden e Côté (2009), Ericsson (1996, 2007), Singer, Hausenblas e Janelle (2001) e Weinberg e Gould (2018). A Capacidade é um potencial, com forte componente genético, que é desenvolvido. Fortalece a ideia de diferenças individuais e não tem zero na sua escala, como velocidade, coordenação, força, resistência e etc. Enquanto a Habilidade é um ato ou tarefa que requer movimento é intencional e aprendida a fim de ser executada corretamente. A habilidade é individual e tem zero na sua escala. Ela é adquirida através da prática e experiência, e por ser interna ao indivíduo tem traços pessoais e características subjetivas, tais como idiomas, esporte, música, arte e etc.
OMSAT-3* (Ottawa Mental Skills Assessment Tool) O OMSAT-3 * (Ferramenta de Avaliação de Habilidades Mentais de Ottawa) é um Teste que propõe avaliar algumas habilidades mentais no
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esporte. Foi desenvolvido por Natalie Durand-Bush e John H. Salmela na Universidade de Ottawa, Canadá (Durand-Bush, 1995; Durand-Bush, Salmela e Green-Demers, 2001), a fim de se ter uma ferramenta de avaliação e ajudar treinadores a entender seus atletas e organizar o treinamento e para os atletas aprenderem a valorizar suas habilidades mentais no esporte, conforme observado pelos autores Fournier, Carmels, Durand-Bush e Salmela (2005), Mourthé, Bahia, Mourthé-Sanches e Vianna Júnior (2008), Mourthé, Vianna Júnior, Bahia, Mourthé-Sanches (2009), Mourthé (2010), Mourthé, Vianna Júnior (2010) e Salmela (2011).
Estrutura das Habilidades Mentais (OMSAT-3*) O objetivo desta ferramenta é avaliar o nível de expressão das habilidades mentais dos atletas, considerando nelas as habilidades fundamentais, habilidades psicossomáticas e habilidades cognitivas (Durand-Bush, Salmela e Green-Demers, 2001. Como indicado pelo nome, esse grupo de habilidades compreende três habilidades fundamentais que são a base para o estado de desempenho mental no esporte. Atletas de nível internacional demonstraram possuir valores altos, entre 6 e 7, nas três habilidades fundamentais. Elas provaram ser altamente consistentes para atletas de elite: Estabelecimento de Metas: Para se alcançar um alto desempenho no esporte, é necessário ter uma visão de longo prazo do que se deseja alcançar, não apenas de maneira realista, mas também concreta, contando com um plano de ação previamente determinado. O mais importante é se ter objetivos diários e de curto prazo, ter clareza sobre o que se deseja alcançar e como será alcançado. Autoconfiança: Além de ser essencial ter metas claras e realistas, também é importante ter certeza de que essas metas podem ser alcançadas. Essa habilidade melhora quando o atleta ou seu treinador observa pequenas melhorias diárias em seu desempenho no esporte, que lentamente o levam a se
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aproximar do objetivo desejado. O aumento da autoconfiança demonstra que se influencia direta e beneficamente o resultado atual do atleta no esporte. Comprometimento (nível de compromisso pessoal): Essa habilidade mental é uma das melhores para se alcançar o desempenho no esporte. Certamente é essencial ter objetivos claros e ter confiança em alcançá-los, mas para isso é muito importante ter dedicação e compromisso com o trabalho duro e treinar com eficiência. Isso significa que toda a atenção deve ser dada para alcançar a conquista.
Habilidades Psicossomáticas: Este grupo compreende quatro habilidades, relacionadas a vários componentes mentais e à energia física necessária, bem como à capacidade de controlá-la. Elas podem ser consideradas os controles da energia psicológica do corpo. Como qualquer habilidade física, elas podem ser aprendidas e aprimoradas: Reação ao estresse: São as reações fisiológicas gerais que são apresentadas às diversas demandas do esporte. Essa escala fornece aos atletas uma indicação de como eles reagem a situações estressantes nos esportes. Se estiver baixo ele precisará aprender as habilidades e técnicas de relaxamento para lidar com situações estressantes, para que seu desempenho não seja prejudicado. Se for muito baixo será importante melhorar sua capacidade de reagir a situações estressantes ou reconsiderar sua prática no esporte em questão. Controle do Medo: Certos esportes apresentam perigos físicos ou psicológicos, que são elementos centrais, principalmente os esportes de combate e contato. Esses níveis de perigo podem ser maiores se o atleta não estiver enfrentando boas reações a situações que geram estresse. As vezes, o medo pode ser real ou imaginado, especialmente quando confrontado com uma situação desconhecida. Relaxamento: É a capacidade de reduzir os níveis de estresse, por meios físicos, como respiração profunda ou relaxamento, ou aqueles aprendidos por
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meios psicológicos, como métodos de meditação ou prática mental (treinamento ideomotor). Ativação: A habilidade de ativação pode ser usada para aumentar o nível fisiológico e a tensão muscular ou frequência cardíaca, em situações iminentes e que constituam um desafio. Pode ser alcançada com repetidas energizações, através da linguagem interior, autoinstrução, ou através de atividade física rigorosa. Relaxamento ou ativação podem ser usados para levar o atleta ao estado psicossomático desejado.
Habilidades Cognitivas: Habilidades cognitivas como focalização, refocalização, prática mental e planejamento de competição são extremamente importantes para o desempenho no esporte. Treinar e competir em altos níveis de excelência exige que o atleta esteja pronto para manter um foco sólido nos objetivos e nas etapas necessárias para alcançá-los. Focalização (da Atenção): É a habilidade de manter o foco da atenção nos aspectos mais importantes do desempenho esportivo. Significa manter a direção da consciência em relação a certas partes internas do corpo, quando você está executando um movimento, ou em um objeto externo do ambiente, como a bola, posições dos adversários ou de seus companheiros de equipe. As reações negativas ao estresse diminuem a capacidade de focalizar adequadamente. Refocalização: É a habilidade de retornar a um foco eficiente durante o treinamento ou na competição. Deve ser feito quando o atleta cometeu um erro, como uma queda, quando está no banco de reservas, ou após uma punição do árbitro, ou se está jogando mal. em uma competição. É preciso aprender a retomar e manter o controle, relaxando, lembrando quais elementos são importantes, em que se deve concentrar. Imaginação: A habilidade da imaginação é a capacidade de se criar imagens vividas, através de todos os sentidos, das ações de seu esporte, fora do contexto do treinamento, ou seja, na competição. Eles fazem parte dessas imagens, !19
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incluindo sons, emoções, estímulos visuais e sensações físicas, se tornando mais eficazes. A habilidade de criar imagens claras, alcançadas o objetivo, melhorará a confiança para realizar o mesmo, bem como o compromisso com o evento. Prática Mental: As habilidades de prática mental são equivalentes à sua "tarefa" psicológica, fora ou dentro da prática ou do ambiente de competição. Também podem servir para reforçar as habilidades de imaginação, quando o atleta está relaxado em casa ou quando está revendo os movimentos ou sua ação rapidamente antes de um jogo ou treinamento. A prática mental é mais eficiente quando relaxada e se torna mais eficiente quando combinada e direcionada ao treinamento. A prática mental também pode ser usada para repetir efetivamente estratégias de reorientação para situações problemáticas que possam ocorrer, permitindo ao atleta recuperar o foco. Planejamento de competição: O planejamento da competição reúne todas as habilidades apresentadas acima. Atletas de alto desempenho no esporte aprendem a planejar como querem agir, sentir e pensar durante as competições. Não se deve deixar as coisas acontecerem por acaso. Deve-se planejar com antecedência seu objetivo para cada fase da competição, mantendo o estado mental desejado, pensando na prática mental que repetiu, estando no estado emocional que escolheu e sentindo-se confiante de que pode alcançar seu objetivo. Quando a competição termina, ele deve comparar como os resultados dessa competição corresponderam ao seu planejamento para a consecução de seu objetivo final e quais habilidades mentais ele terá que melhorar para alcançar seu sonho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O auxílio que o Life Coaching pode proporcionar para o crescimento integral e profissional de cada ser humano é muito importante e deve ser apresentado e trabalhado com o cliente que almeja se desenvolver em qualquer área de conhecimento. No esporte, aprendemos a disciplina, regras, normas e colaboração dentro de um grupo. Isto também se aplica na formação da pessoa ao longo da sua vida, assim o exemplo e o conhecimento que !20
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trazemos do esporte pode ser uma ferramenta muito útil e eficaz para o desenvolvimento de todos envolvidos nesta área. Habilidades são aprendidas e desenvolvidas, para que este crescimento seja mais eficiente. No caso das habilidades mentais, aqui apresentadas, proporcionam uma base eficiente na superação de desafios, tanto na aprendizagem quanto na execução das tarefas, buscando o sucesso. Estabelecer objetivos, de curto, médio e longo prazo são determinantes para se alcançar a performance desejada. O comprometimento com estes objetivos definidos vai canalizar a energia do trabalho para se lograr o êxito desejado. Com estas duas habilidades mentais bem executadas a autoconfiança é cada vez maior e a possiblidade de se enfrentar novos desafios e acreditar nas próprias capacidades se tornam a chave para o sucesso.
REFERÊNCIAS BAKER, Joe; CÔTÉ Jean. Shifting training requirements during athlete development: The relationship among deliberate practice, deliberate play and other sport involvement in the acquisition of sport expertise. In: HACKFORT, Dieter.; TENENBAUM, Gershon. (Eds.) Essential processes for attaining peak performance, (pp. 92-109). Oxford: Meyer & Meyer. 2006. BERNARDINHO, Transformando Suor em Ouro. Sextante. 2007. 215 p. BLOOM, Benjamin S. Developing talent in young people. New York: Ballantine, 1985. 560 p. BRUNER, Mark W., ERICKSON, Karl, McFADDEN, Kimberley; CÔTÉ, Jean. Tracing the origins of athlete development models in sport: a citation path analysis. International Review of Sport and Exercise Psychology, 2. 1. 23- 37, 2009. CÔTÉ, Jean; FRASER-THOMAS, J. Play, practice and athlete development. In: FARROW, D.; BAKER, J.; MacMAHON, C. (Eds.). Developing Sport Expertise: Researchers and Coaches Put Theory into Practice. pp. 17-28. New York: Routledge, 2008. CÔTÉ, Jean. The Development of Coaching Knowledge. International Journal of Sports Sciences &Coaching, v. 1, n. 3, 217-222, 2006. CÔTÉ, Jean. The Influence of the Family in the Developmental of Talent in Sport. The Sports Psychologist, 13:395-417, 1999. CÔTÉ, Jean, BAKER, Joe; ABERNETHY, Bruce. Practice and play in the development of sport expertise. In TENENBAUM, Gershon: EKLUND, Robert .C. (Eds.), Handbook of Sport Psychology, 3rd ed, (pp. 184–202). Hoboken, NJ: Wiley. 2007. CÔTÉ, Jean, BAKER, Joe; ABERNETHY, Bruce. From play to practice: A developmental framework for the acquisition of expertise in team sport. In: STARKES, Jean; ERICSSON, K. Anders. (Eds.), Expert performance in sports: Advances in research on sport expertise, (pp. 89-114). Champaign, IL: Human Kinetics. 2003. CÔTÉ, Jean; HAY, John. Children’s involvement in sport: A developmental perspective. In J. M. Silva; D. Stevens (Eds.). Psychological foundations in sport. (2nd. ed., pp. 484-502.). Boston: Merrill. 2002. CÔTÉ, Jean; SALMELA, John H.; TRUDEL, Pierre; BARIA, Abderrahim.; RUSSELL, Storm. J. The Coaching Model: A Grounded Assessment of Expert Gymnastic Coaches’ Knowledge. Journal of Sport & Exercise Psychology, n. 17, p. 1-17, 1995. DURAND-BUSH, Natalie. Validity and Reliability of the Ottawa Mental Skills Assessment Tool (OMSAT-3). Unpublished Master Thesis, School of Human Kinetics, University of Ottawa, Canada. 1995.
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DURAND-BUSH, Natalie. Validity and Reliability of the Ottawa Mental Skills Assessment Tool (OMSAT-3). Unpublished Master Thesis, School of Human Kinetics, University of Ottawa, Canada. 1995. Durand-Bush, Natalie; Salmela, John H.; Green-Demers, Isabelle. The Ottawa Mental Skills Assessment Tool (OMSAT-3*). The Sport Psychologist. v. 15, p. 1-19, 2001. DWECK, Carol S. Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso. São Paulo: Objetiva. 2017. 310 p. ERICSSON, K. Anders. Deliberate practice and the modifiability of body and mind: toward a science of structure and acquisition of expert and elite performance. International Journal of Sport Psychology, v. 38, n. 1, p. 4-34, 2007. ERICSSON, K. Anders. The Road to Excellence: the Acquisition of Expert Perfomance in the Arts and Sciences, Sports and Games. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 1996. 378 p. ERICSSON, K. Anders.; KRAMPE, Ralf; TESCH-RÖMER, Clemens. The Role of Deliberate Practice in the Acquisition of Expert Performance. Psychological Review, v. 100, n. 3, p. 363-406, 1993. FOURNIER, Jean; CARMELS, Claire.; DURAND-BUSH, Natalie; SALMELA, John H. Effects of a season-long PST Program on gymnastic performance and on psychological skill development. ISJEP, 1, 7-25. 2005. MOURTHÉ, Katya. Conjunto de Acciones para el Desarrollo de las Habilidades Mentales Necesarias en el Desempeño Técnico de Gimnastas de Trampolín de Contagem, Brasil.. 2010. 104 p. Dissertação (Mestrado em Ciencias de la Educación Física, el Deporte y la Recreación) - Universidad de la Cultura Fisica y el Deporte - Facultad de Matanzas, Matanzas, Cuba. 2010. MOURTHÉ, Katya; BAHIA, Maria Regina Capanema; SANCHES, Priscila Mourthé; VIANNA JÚNIOR, Newton Santos. Perfil das habilidades mentais de ginastas de trampolim femininas de elite em 2004 e 2008. In: IX Congresso Sul Americano de Psicologia do Esporte. Belo Horizonte, Anais... Belo Horizonte, 2008. MOURTHÉ, Katya; VIANNA JÚNIOR, Newton Santos. Perfil das Habilidades Mentais de Ginastas de Trampolim de uma Equipe de Contagem, MG, Brasil. In: Congresso Internacional de Psicologia do Esporte, Florianópolis. Anais… Florianópolis, Universidade Estadual de Santa Catarina. 2010. MOURTHÉ, Katya; VIANNA JÚNIOR, Newton Santos; BAHIA, Maria Regina Capanema; SANCHES Priscila Mourthé. Mental Skills Profile of Brazilian Trampoline Elite Athletes in 2004 and 2008. In: ISSP 12th World Congress of Sport Psychology, Marrakech, Morocco. Proceedings… Marrakech, Morocco: International Society of Sport Psychology, 2009. SALMELA, John H. Great Job Coach. Ottawa, ON: Potentium. 1996. SALMELA, John H. Psychology and mental training for gymnastics. In: JEMNI, Moném. The Science of Gymnastics. Routledge. 2011. p. 107-166. SINGER, Robert N.; HAUSENBLAS, Heather A.; JANELLE, Christopher M. (Eds.) Handbook of sport psychology. NY: Wiley, 2001. STARKES, Janet L.; ERICSSON, K. Anders. Expert Performance in Sports: Advances in Research on Sport Expertise. Human Kinetics. 2003. WEINBERG, Robert. S.; GOULD, Daniel. Foundations of Sport and Exercise Psychology. 7 ed. Champaign: Human Kinetics, 2018.
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E AGORA, SOU MEI, COMO TER OPORTUNIDADES EM UM CENÁRIO INSERIDO POR ADVERSIDADES?
Glória Maria Pereira da Silva Fernandes
"O Microempreendedor Individual que queira permanecer num mercado altamente competitivo e digital, precisa estar motivado e capacitado, altamente inserido na sua gestão do conhecimento e do mercado em que atua." !23
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E AGORA, SOU MEI, COMO TER OPORTUNIDADES EM UM CENÁRIO INSERIDO POR ADVERSIDADES? Glória Maria Pereira da Silva Fernandes Profissional Contábil Fundadora e CEO da ACONTREC Contábil Especialista no MEI Pós-graduação em Gestão Estratégica Administrativa e Financeira Consultora Coach Financeira Professora e Palestrante
RESUMO Este Artigo tem por objetivo central você, Microempreendedor Individual MEI, para quem se encontra na informalidade ou ainda para os empreendedores que têm desejo de empreender e seguir na jornada empreendedora. Microempreendedor Individual é constituído como Empresário Individual no Brasil, criado pelo Governo Federal, por meio da Lei Complementar N° 128/2008 (19 de dezembro de 2008), porém só entrou em vigência a partir de 1º de Julho de 2009. Esta Lei teve por objetivo tirar os empreendedores da informalidade, cadastrando-os em um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), e foram enquadrados no Regime de Simples Nacional, adquirindo assim direitos previdenciários, entre outros, além de poderem abrir uma conta jurídica, terem mais facilidades em fechar serviços e/ou vender seus produtos por serem empresários formalizados. Os resultados obtidos é que as oportunidades encontradas no âmbito empresarial começam ser geradas a partir do momento que a empresa produz o autoconhecimento em si e no seu negócio. Desse modo, conseguirá entender de forma precisa quais as expectativas dos seus clientes, principalmente conseguindo delinear o seu nicho de mercado para uma atuação mais assertiva na prospecção de melhores resultados. Palavras-chave: MEI. Oportunidade. Desafios. Empreendedorismo.
A construção de um novo ideal fundamentado com o propósito de vida começa por meio do pensamento de que é possível; inserido com a coragem em ação diária, promovendo a realização do mesmo (Glória Maria Fernandes).
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INTRODUÇÃO O que se pode dizer sobre o que é opor tunidade para o Microempreendedor Individual e empreendedores de um modo geral? É nesta perspectiva desse cenário atual ao qual se apresenta, inserido no processo de uma Pandemia planetária, um dos grandes dilemas enfrentados pelas empresas que se refere a gerenciar pessoas em um mundo digital. Cabe ressaltar que o valor de cada indivíduo colabora para o crescimento de uma organização, podendo ser acrescentado ou depreciado conforme as suas políticas práticas de gestão financeira, gestão de todos os processos da empresa e da devida importância pela qual é direcionada também ao nicho de mercado que está entrelaçado ao mercado digital, aonde vem assumindo, no contemporâneo, a gigantesca dinâmica com a evolução tecnológica, precisando assim avaliar as diversas estratégias e decisões de gestão de risco por meio de conhecer a fundo e validar os processos do seu negócio como um todo. O futuro da empresa é um campo aberto de possibilidades e é possível intensificar na construção deste futuro e, para isso, é imprescindível desenvolver a capacidade de perceber tanto as ameaças e oportunidades no ambiente externo, como as forças e fraquezas no ambiente interno, potencializando, dessa maneira, os pontos fortes e minimizando os pontos fracos da gestão de sua cultura organizacional. Conhecer onde o empreendedor se encontra, quais as competências que ele tem e quais precisam ser lapidadas para o processo de expansão tornam-se pontos essenciais para prospectar um futuro de oportunidades. Assim, o presente Artigo Científico tem a finalidade, de uma maneira concisa, apontar aos empreendedores, de um modo geral, as oportunidades existentes no mercado empresarial, com objetivo de validar as novas demandas que surgem no processo de gestão das empresas e o papel do Microempreendedor Individual no processo de gestão do seu negócio.
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METODOLOGIA A metodologia utilizada foi exploratória por meio do estudo qualificado pelo levantamento bibliográfico como processo inicial, triagem da literatura de interesse, do procedimento encontrado a respeito do assunto como Revisão da Literatura, através de pesquisa em livros, sites, revistas, jornais e artigos relacionados ao tema. Em seguida e dando continuidade à pesquisa, foi aplicada por meio da experiência prática da autora desse Artigo, com mais de (Um mil) Microempreendedores Individuais e empreendedores informais de várias regiões do Brasil, aos quais já atendidos em seu Escritório, ACONTREC Contábil, na Cidade de Curitiba/PR.
CONTEXTUALIZAÇÃO Principalmente nesse período de Pandemia pelo Covid-19, a economia mundial experimenta uma significativa transformação que ocorre em torno dos mais diversos campos: empresarial, humano, tecnológico, de relações econômicas, políticas, de saúde entre as nações e também de gestão das empresas e dos negócios. Para uma compreensão adequada desse processo de mudança e entender que o mundo é completamente mutável, é necessário situar a empresa no contexto da atividade econômica e também inserir de forma mais efetiva o seu negócio no mundo Digital. A era Digital foi acelerada uns 5 a 6 anos apenas no primeiro semestre de 2020, sendo primordial que o Microempreendedor possa entender essa velocidade e consiga colocar o seu negócio nesse processo para se manter competitivo e até mesmo para se manter no mercado empresarial. “Não há ser humano que domine o futuro” (LEANDRO KARNAL, 2020). É fato que o ambiente externo da empresa está fora de controle do empresário, mas é de grande importância que o empreendedor passe a ficar monitorando o mercado, tanto para conseguir mensurar as ameaças externas como também identificar as oportunidades.
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Mas para ter oportunidades nesse novo cenário, é preciso ter estratégias com atitudes mais produtivas, validar os recursos que possuem, as competências que existe hoje para inovar e assim prospectar novos clientes e/ou fidelizar o seu público alvo. Entendida a economia como um todo, no qual as partes buscam o equilíbrio em suas relações, pode-se caracterizá-la como um sistema. Um dos componentes desse sistema é a empresa que, pela identificação de necessidades do ambiente, adquire os insumos para a elaboração de produtos e serviços voltados à satisfação de tais necessidades. Nessa perspectiva, a empresa também é um sistema e, sendo assim, deve-se ter em mente que sua existência somente se justifica na medida em que, a partir da identificação das necessidades do ambiente, seleciona aquelas que pode satisfazer por meio de sua especialização. Para Figueiredo; Caggiano (2008), identificada a necessidade, a empresa então organiza seus recursos humanos e materiais e adquire os insumos de que necessita para, em seus processos produtivos, transformá-los, por meio da sua correta utilização, nos produtos e serviços que atenderão aos interesses do mercado. À medida que a empresa satisfaz de forma contínua as necessidades do ambiente no qual se insere com seus produtos e serviços, alcança seu propósito e institui as condições imprescindíveis à garantia de sua continuidade. Entretanto, essa própria dinâmica desencadeia fatores com os quais a empresa se defronta em sua relação com o ambiente. Dentre eles, destaca-se crescente competitividade, uma vez que a abertura dos mercados do mundo digital propicia a outras empresas a participação em setores antes exclusivos, ou com poucos concorrentes, disputando a preferência dos consumidores. Numa situação de competição em um mercado em constante mutação e cada vez mais digital, o consumidor pode, ao mesmo tempo, avaliar a qualidade e o preço de produtos e serviços. Por isso, as empresas devem dedicar atenção crescente a alguns fatores que afetam diretamente seus resultados, como receitas e despesas de
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produtos e serviços, bem como uso de recursos necessários à manutenção de atividades e quais competências são essenciais. Nesse contexto, administrar empresas hoje envolve muito mais habilidades que no passado. Atualmente o empreendedor precisa estar envolvido nas atividades de toda a empresa, e não apenas de sua área, para poder agir e tomar decisões na hora certa. O mundo dos negócios, nos dias atuais, está intimamente ligado à inteligência individual. Despertar e motivar o potencial de cada pessoa passa inevitavelmente pela capacidade do líder em conhecer e extrair o melhor de seus liderados (KRAMES, 2006). Por esta razão, reconhecer a mudança, o rumo de suas atitudes e que as estratégias precisam estar em constante movimento, ajustando com o decorrer dos processos, é o que o distingue na hora de ser mais que um empreendedor competente, sobretudo quando se trata de quem vai gerir a si mesmo e a outras pessoas o caminho dos resultados nos negócios, em um ambiente totalmente digital, com uma evolução tecnológica cada vez mais dinâmica. Atrelado este processo de interferência digital e em busca de adaptação às novas tendências tecnológicas, a vez agora é do empreendedor que tenha equilíbrio emocional, além do seu conhecimento operacional. O líder desempenha um papel de facilitador da utilização mais completa possível do potencial dos seus seguidores, e ele deve ser capaz de administrar o sentido que as pessoas dão aquilo que estão fazendo. Isso mostra como a sensibilidade do líder e a capacidade de perceber as diferenças individuais de seus subordinados se torna um ponto chave dentro do processo. É justamente neste ponto que entra a Inteligência Emocional, como uma maneira de auxiliar o líder a compreender tanto a si mesmo como aos outros (VIDAL; LARA, 2008, p.4).
Sendo assim, a sociedade contemporânea está conectada à rede global, é ter acesso ao novo universo digital, repleto de probabilidades de uso, onde a Internet alterou a forma de comunicação entre as pessoas; a forma de adquirir informações; a forma de comprar; a forma de treinamento; a maneira de trabalhar e de se relacionar; a forma da cultura organizacional,
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entre tantas outras mudanças que ocorreram e ainda passarão a existir por meio da transformação digital. O tangível está cedendo espaço ao intangível. Para entender essa tendência, é oportuno analisar exemplos atuais de mercado, procurando perceber como está a relação entre o valor real da empresa e sua capacidade de produzir riqueza (AMORIN, 2006). E a evolução digital tem papel essencial neste novo cenário mundial, fazendo-se necessário que empreendedores tenham cada vez mais, inteligência emocional para saber lidar com todo esse processo de evolução. Mas você deve está se perguntando: como o Microempreendedor individual, empreendedor na sua jornada empreendedora, pode identificar oportunidades no cenário de adversidades devido à pandemia? De acordo com o SEBRAE, para identificar as oportunidades, é preciso fazer essas perguntas: 1.O que será feito? 2.Para que serve? 3.Como será feito? 4.Quanto irá custar? 5.Por quem será feito? 6.Quando será feito? Para complementar e de acordo com a experiência de mercado da autora desse Artigo, serão descritos os principais seis pontos que o empreendedor, de modo geral, precisa conhecer, validar e praticar no seu dia a dia: O PRIMEIRO PONTO é primordial que o Microempreendedor Individual possa construir alicerces e, desse modo, é necessário ter um maior autoconhecimento para ter a certeza de quais são as suas habilidades e quais precisam de aperfeiçoamento para alcançar seus objetivos dentro desse novo cenário mutável. A confiança em si mesmo é a base para seguir adiante, mas como isso será possível? É necessário fazer um autoconhecimento. Mergulhar em você mesmo e descobrir a sua forca, seus pontos
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fortes e em seguida entender suas fraquezas para posterior melhorar suas competências (FERNANDES, Glória Maria).
O SEGUNDO PONTO é sair da sua zona de conforto, quebrar os seus paradigmas enraizados e inovar seus processos por meio da validação de suas competências do que precisa ter para expandir. Faz-se necessário também fazer uma análise de shot, verificando as suas forças e fraquezas, como também as oportunidades e ameaças, conforme tais aspectos abaixo para facilitar o seu entendimento:
O TERCEIRO PONTO é buscar parceiros de negócios que possam somar por meio de outras habilidades que você não tem agora. O QUARTO PONTO é essencial, pois é verificar e construir estratégias de como levar os seus produtos e/ou serviços para o meio digital em caráter de urgência. O QUINTO PONTO é investir na sua educação continuada e permanente dentro de tudo que envolve o seu negócio, mas para isso, é preciso identificar quais as prioridades da sua empresa que estão correlacionadas com as necessidades dos seus clientes. Para cada dor que você conseguir resolver do seu cliente, mais oportunidades de negócio e de prosperar no mercado empresarial. O empreendedorismo exige resiliência. Muitas vezes é preciso em silêncio parar e validar as estratégias aplicadas. Buscar visualizar o que falta para dar aquela grande sacada e criar novas táticas de ação (FERNANDES, Glória Maria).
E O SEXTO PONTO é hora do Microempreendedor Individual deixar de lado as frases: ‘não posso’, ‘não sei’, ‘não consigo’ e partir para ser o protagonista da sua jornada empreendedora, pois é hora de pensar, inovar e empreender de forma planejada e estratégica. Saber de fato o que já tem de conhecimento e ir à busca de desenvolver novas competências para agregar mais valor para o seu cliente e mercado. Ter a capacidade de se refazer quantas vezes for necessário em prol de um todo e saber que quando se
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constrói uma empresa erguida como propósito de vida, tudo é muito mais além do que de si mesmo. É com essa crescente inserção da tecnologia nas atividades humanas que está instituindo novos protótipos sobre os relacionamentos humanos (quer seja pessoal, profissional, empresarial ou econômico), onde a percepção do papel do Microempreendedor Individual para esse progresso torna-se fundamental. Pois a cultura do mercado está proporcionando transformações estruturais, novas formas digitais estão surgindo, transformando as estruturas de poder e alterando as concepções dos empreendedores e empresas nesse novo universo, chamado de meio digital. É pertinente deixar aqui, na finalização desses pontos essenciais, a reflexão que o empreendedor precisa fazer, de acordo com a fundadora do Magazine Luiza, a Professora Luiza Helena Trajano, onde a mesma pede para escrever sobre os seguintes aspectos: 1) 3 coisas que a empresa faz, mas não deveria. 2) 3 coisas que a empresa não faz, mas deveria. 3) 3 coisas que a empresa faz e deveria continuar fazendo (TRAJANO, 2020). Diante de tudo que foi debatido nesse Artigo, é preciso que o Microempreendedor passe a refletir o seu papel como empresário, ou seja, onde está, quais ferramentas já possui e quais precisa, para daí então poder redefinir o seu projeto de vida dentro dos seus valores e propósito. A grandeza da vida encontra-se na plenitude dos nossos ideais. O que estamos construindo hoje será o nosso amanhã e quando o EU se expande, perpetua o NÓS, essa é a nova filosofia de vida (FERNANDES, Glória Maria).
CONSIDERAÇÕES FINAIS A pretensão deste Artigo foi de aproximar fatores de adversidades, principalmente devido à pandemia, os desafios e oportunidades que contribuam para a eficácia e o crescimento dos empreendedores, em
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especial, o Microempreendedor Individual, analisando a transformação digital como agente de mudança na cultura organizacional, enfocando como sendo uma ferramenta que deve auxiliar na busca da eficácia empresarial, agregando valor não só à empresa, como também às pessoas. Onde cada indivíduo possui uma ideia da relação esforço-desempenho e os resultados associados com os diferentes níveis de alcance de desempenho tecnológico. O Microempreendedor Individual que queira permanecer num mercado altamente competitivo e digital, precisa estar motivado e capacitado, altamente inserido na sua gestão do conhecimento e do mercado em que atua. E o conhecimento de todos os envolvidos no processo esteja agregado e que seja a principal meta para o crescimento de forma harmônica e transformadora. A tecnologia e a transformação digital chegaram para ficar e interferir gradativamente na cultura organizacional, e esta evolução precisa ser benéfica para todas as partes envolvidas. A evolução tecnológica e o desenvolvimento de novos métodos de trabalho são os que representam a fronteira entre o fracasso e o sucesso empresarial. Hoje em dia, as pessoas estão buscando acima de tudo um empreendedor mais humanizado e que entenda a empresa como a integração de seres humanos, com qualidades e defeitos inerentes a sua própria estrutura e que se juntam para levar adiante um empreendimento que acrescente valor à humanidade e ao todo.
REFERÊNCIAS AMORIN, R. O povo na web. Época, São Paulo: Abril, nº 412, p. 74 – 76, abril, 2006. FERNANDES, Glória Maria Pereira da Silva. Frases de empreendedorismo. Glória Maria Pereira da Silva Fernandes, fundadora e CEO da ACONTREC Contábil, 2020. KARNAL, Leandro. Competências profissionais, emocionais e tecnológicas para tempos de mudança. Curso da PUCRS ONLINE, 2020. KRAMES, Jefrey A. Os princípios de liderança de Jack Welch/Jefrey Krames. Rio de janeiro: Sextante 2006. TRAJANO, Luiza Helena. Competências profissionais, emocionais e tecnológicas para tempos de mudança. Curso da PUCRS ONLINE, 2020. VIDAL, Jean Carlos; LARA, Luiz Fernando. Inteligência emocional na liderança da Caixa Econômica Federal, Agência de Irati. Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3, nº1, março de 2008. ISSN 1980-6116. http:// www.unicentro.br - Ciências Sociais Aplicadas. Acesso em 02 de abril de 2017.
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PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL E FAMILIAR: UM ESTUDO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS
Vanessa Aline de Olivera Silva Kozoski "Só ira acontecer a mudança no cenário financeiro pessoal e familiar quando começar a existir uma educação financeira para todos de forma simples e natural."
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PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL E FAMILIAR: UM ESTUDO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS Vanessa Aline de Oliveira Kozoski
RESUMO Este artigo tem como base os princípios teóricos da administração financeira que busca auxiliar os indivíduos. Foram utilizados os conceitos acadêmicos e embasamentos em estudiosos da área financeira. Tem como objetivo mostrar de forma fácil uma solução para as crises financeiras pessoais e familiares que rodeiam grande parte da população, trazendo com isso um acumulo de sentimentos negativos por não saber controlar seus gastos e em muitos casos acaba com relações familiares. Palavras-chave: Administração Financeira. Indivíduos. Famílias, Soluções.
INTRODUÇÃO Esse trabalho tem como objetivo trazer conceitos básicos utilizados por empresas e companhias de uma forma simples e fácil que pode ser aplicado para indivíduos e suas famílias. Compreender sobre finanças não é só para estudantes de administração ou para pessoas que querem seguir carreira financeira. Todos os indivíduos para conseguir e saber como tomar a melhor decisão de como investir seu dinheiro, decidir como fazer melhores operações e se livrar de dívidas e juros abusivos, devem aprender sobre finanças. A administração financeira começa na pequena parte e depois pode ser transferida para o grupo maior a família. Estudando o cenário para conhecer a real situação financeira, poderá ser estabelecido um planejamento financeiro para resolver os conflitos financeiros.
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Resolver conflitos financeiros proporciona profissionais mais satisfeitos com seus salários e com sua vida, existirão relações mais sólidas apoiadas em verdades e clareza dos fatos em relação aonde foi comprometido seu dinheiro e se isso vai trazer um crescimento pessoal e familiar. Dinheiro não é tudo na vida e não pode ser encarado como um objetivo final, a riqueza é uma idéia muito mais ampla que se refere a sua qualidade e não a quantidade. Uma pesquisa divulgada dia 01 de Setembro pela FECOMERCIOSP (2014), mostra um alto nível de endividamento dos brasileiros, no ano de 2013 cresceu 63%. o que no ano anterior foi de 59% de acordo com a pesquisa 770 mil famílias apresentam algum tipo de crédito ou financiamento. Essa pesquisa mostra outro dado interessante e preocupante, Curitiba ficou com um nível de 87% do total das famílias endividadas, ela é capital com maior índice de endividados.
Gráfico – Endividamento das famílias em Curitiba -PR
Fonte: adaptado pela autora de FECOMERCIOSP (2014)
O endividamento ocorre com maior incidência nas famílias das classes mais baixas, segundo os dados teve a incidência da inflação e aumento das taxas de juros, também é possível verificar que a oferta do crédito foi reduzida, assim muitos optaram pelos cartões de crédito elevando
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seu endividamento, o pagamento mínimo das faturas é um dos juros mais elevados juntos com o cheque especial e o que torna mais difícil quitar suas dívidas. A falta de planejamento financeiro pode diluir os relacionamentos este é um grande vilão nas queixas de divórcios no mundo todo. O que reforça a busca por uma educação financeira para todos, que seja de uma forma simples para atingir os menos favorecidos e ajudar a mudar o cenário brasileiro. A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A administração financeira são técnicas que podem ser aplicadas nas empresas para obter um maior rendimento, sem desperdícios de materiais e retorno das aplicações feitas, serve para traçar metas e definir como a empresa irá investir seu capital e ter um retorno aceitável. Para iniciar este estudo é necessário entender um pouco sobre a administração financeira de acordo com Cropelli e Nikbakht (2005), “Finanças são as aplicações de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza”, estes conceitos podem ser utilizados para cada pessoa e depois aplicado para o grupo familiar e assim por diante, entendendo como gerir primeiro o próprio negócio. As pessoas no geral não gostam de ser controladas ou dar explicações, entretanto para ter uma vida saudável financeiramente é necessário ter um grande comprometimento em ser detalhista com seus gastos diários e mensais. O sucesso é ter sua riqueza aumentada e não um lucro imediato, quando buscamos uma renda maior para gastar mais estamos sendo imediatistas, sem pensar em acumular a riqueza, ser rico não significa ter muito dinheiro e sim saber utilizar esse dinheiro de forma que satisfaça seus desejos e ainda sobre algum valor para poupar ou investir. Segundo Bodie e Merton (2002, p. 32) “Finanças é o estudo de como as pessoas alocam seus recursos escassos ao longo do tempo.” o tema aqui proposto está presente na vida de todos os indivíduos e precisamos de
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pessoas, famílias mais preparadas e menos endividadas com uma educação financeira apropriada. A teoria financeira fica estabelecida como sendo um conjunto de conceitos que ajudam a organizar o pensamento das pessoas sobre como alocar recursos ao longo do tempo e um conjunto de modelos quantitativos para ajudar as pessoas a avaliarem alternativas, tomarem decisões e implementá-las. (Bodie e merton, 2002,p. 32).
As teorias financeiras podem ser utilizadas tanto para as empresas como para as pessoas e suas famílias, administração financeira inclui a todos, pois todas as decisões de consumo, investimento, financiamento estão presentes em nosso dia a dia. Para Bodie e Merton (2002) “há diversos motivos para uma pessoa querer estudar finanças e um desses motivos é para saber administrar os recursos pessoais”.
PLANEJAMENTO FINANCEIRO O planejamento Financeiro é um processo de se estimar suas necessidades futuras e identificar como foram utilizados os recursos, ganhos e identificar como foram gastos ou investidos. Para Gitman (2001, p.434) “O planejamento financeiro é um aspecto importante das operações nas empresas e famílias, pois ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações das empresas e das famílias para atingir seus objetivos”. Com planejamento e controle, pode-se avaliar esse cenário e verificar a necessidade de novas metas para garantir um futuro tranquilo e uma vida financeira estável. Nessa importante etapa é definido o quanto se deseja aumentar sua renda ou ainda como eliminar gastos menos importantes um estudo de prioridades deve ser feito perguntas simples podem ajudar a definir o que vem primeiro; Quanto preciso para pagar as contas fixas?
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Quanto gasto com variáveis? Quanto preciso aumentar minha renda para poder poupar?
Essas perguntas podem ajudar a definir a situação financeira de qualquer indivíduo e começar um plano de crescimento ou ainda de cortar gastos menos importantes. É necessária uma análise do contexto em que encontra se esse indivíduo e como seu meio está influenciando seus gastos e investimentos, suas atitudes se reflete na situação financeira que ele se encontra. Sua maturidade financeira também é influenciada por seus objetivos, jovens até 30 anos, nem sempre estão pensando em ter uma responsabilidade familiar, como assumir as responsabilidades de um lar onde se tem muitas contas e comprometimento com outro individuo. Em outro cenário aos 30 anos pode-se ter uma família com mais de duas pessoas que dependem de uma vida financeira mais equilibrada para atender as necessidades de se ter um teto, comida, água, luz, roupas e etc. Antes de se fazer um planejamento financeiro é necessário estudar este cenário para saber qual a situação atual e como aplicar esses conceitos em cada etapa ou momento de vida de cada um.
Desenvolvendo bons hábitos financeiros pode fazer uma diferença real e positiva em todos os níveis de renda. Acredita-se que, com a educação financeira, a maioria dos problemas financeiros pode ser evitada, pois os recursos serão administrados de forma apropriada. (gussener, 2007, p. 16).
É Possível fazer dois tipos de planejamento, o primeiro de curto prazo que pode ser semanal, mensal, trimestral ou semestral. Segundo Masakazu Hoji (2012) “O planejamento de curto prazo é, geralmente, de um ano ou um semestre, e coincide com o exercício social da empresa.” È possível adaptar
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os planos pessoais, como por exemplo, uma viagem de férias precisa ser planejada para que não comprometa um valor superior ao que pode ser gasto. O outro tipo de planejamento possível é o planejamento em longo prazo, que deve ser superior a um ano, por exemplo, um curso de graduação que pode ser inserido no longo prazo, ou ainda um investimento como um financiamento de carro ou um imóvel. Este planejamento pode ser revisado e adaptado a cada cenário em que se apresenta principalmente no longo prazo. A economia é um fator que sempre muda e afeta as famílias como desemprego, doenças podem fazer com que seja revisto e definido qual o principal objetivo e como conseguir manter o plano traçado no início. Para Cerbassi (2005) o planejamento financeiro pessoal é: Planejar suas finanças e entender o máximo que podemos gastar hoje sem comprometer esse padrão de vida no futuro. É fazer escolhas como viver bem o presente, mesmo que isso signifique adiar um sonho de comprar determinado carro ou um apartamento mais confortável. O planejamento financeiro é um estudo de seus gastos, investimentos e perspectiva de futuro, esse conceito de educação financeira vai além de ser organizado. É ter um rumo para seu futuro investimento em imóvel, plano de aposentadoria ou o acúmulo de renda que poderá trazer tranquilidade e equilíbrio para o individuo e sua família. Muitos autores falam sobre o assunto, segundo Gussener (2007) a importância da educação financeira para o equilíbrio do orçamento familiar, busca atingir o equilíbrio financeiro dentro das famílias, ensinando sobre produtos financeiros (conceitos e riscos), mostrando as percepções sobre hábitos de consumo, patrimônio líquido e equilíbrio entre receitas e despesas são utilizadas na formação de objetivos e planos de acumulação de capital e tranquilidade financeira. NIVEL DE ENDIVIDAMENTO
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Segundo dados da pesquisa da FERCOMERCIO/SP (2014) realizada mostra o quanto a população brasileira está despreparada e necessita da educação financeira. A pesquisa foi realizada com 770 mil famílias, podemos observar o despreparo da população de Curitiba, a capital mais endividada do país, isso pelos motivos já citados anteriormente e a falta de educação financeira. Algo que precisa ser implantado no início da adolescência para formar pessoas que vivem para ter dinheiro e não ser um escravo dele. Número de famílias endividadas em Curitiba é de 484.761, com 32% de sua renda comprometida com suas dívidas o que está acima da média nacional, outro dado importante da pesquisa é o valor médio da dívida R$ 2.364,00 por família e desses endividados 22% estão em atraso. O gráfico inserido abaixo mostra a Capital paranaense com maior número de famílias endividadas da região Sul.
Gráfico 01 – Endividamento das Famílias Região Sul
Fonte: adaptado pela aluna da FERCOMERCIO/SP (2014)
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Continuando a comparar o cenário da região Sul temos um comprometimento da renda mensal das famílias maior do que indica os bancos e as análises de risco que deveriam ser no máximo de 30% da renda mensal e aqui Curitiba e Florianópolis estão empatadas com 32% de comprometimento da renda das famílias, conforme dados da pesquisa.
Gráfico 02 – Endividamento das Famílias Região Sul
Fonte : Adptado pela aluna da FERCOMERCIO/SP (2014) Neste próximo gráfico temos os dados de valores comprometidos em dívidas o que mostra mais uma vez que a educação financeira é necessária para todas as pessoas e deve ser valorizada sempre para ter tranquilidade financeira. Esses valores são sobre as famílias que desta vez Curitiba ficou em segundo lugar na região Sul, mas ainda assim, o valor das dívidas pode prejudicar principalmente as famílias com rendas menores.
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Gráfico 03 – Endividamento das Famílias Região Sul
Fonte: Adaptado pela aluna da FERCOMERCIO/SP (2014)
Os gráficos possibilitam visualizar melhor a real situação da cidade de Curitiba e mostrar que é preciso levar isso a conhecimento das famílias e de jovens que começam fazendo dividas sem o planejamento e conhecimento básico sobre finanças.
ORÇAMENTO Um orçamento ajuda a controlar e identificar como o dinheiro foi utilizado é um mecanismo básico para iniciar o controle de sua vida financeira. Segundo Cropelli e Nikbakt (2005, p 322) “O orçamento de caixa é absolutamente necessário para prever e planejar o financiamento futuro”.
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Existem vários modelos e formas de orçamento o importante é que todas as informações registradas sejam corretas, reais e obter um orçamento confiável. O controle de caixa deve ser feito diariamente, semanalmente e enfim mensalmente desta forma no fim do ano teremos um resultado. Esse mecanismo é algo simples e rotineiro de se fazer pode ser em um caderno ou com planilhas, gráficos etc. Exige um esforço para anotar essas informações diariamente para que não se percam e aconteçam lacunas no período estimado. As despesas variáveis são muito importantes e precisam ser anotadas, pois facilmente podem ser esquecidas. São elas o estacionamento, presentes, lanches, entre outros. O planejamento orçamentário é um importante instrumento para controle, ele só terá validade se for bem adequado à realidade de cada um e causar impacto sobre os resultados previstos.
O orçamento geral retrata a estratégia da empresa e evidencia, por meio de um conjunto integrado por orçamentos específicos, subdivididos em quadros auxiliares, onde estão refletidas quantitativamente as ações e políticas da empresa, relativas a determinados períodos futuros. (MASAKAZU HOJI, 2012, p.404).
Este outro conceito pode ser aplicado a pessoas, por isso deve ser claro qual é o objetivo de cada indivíduo. Para cada família é fundamental para iniciar seu orçamento, nele fica evidente os gastos e investimentos, assim como as prioridades. A seguir, segue um fluxo de caixa simples para visualização de como começar um orçamento. Primeiramente é necessário fazer um levantamento das entradas que podem ser salário, hora extra, bônus entre outros. Assim a pessoa identifica o quanto ela realmente ganha. Depois precisa ser feito um levantamento das despesas fixas como aluguel, água, luz, telefone, alimentação e outras. Neste momento é muito
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importante levantar os gastos variáveis como viagens, lazer, cartão de crédito e outras despesas. Terminada as duas etapas é possível mensurar a diferença entre receitas e despesas e se ainda tiver saldo disponível a pessoa pode pensar em possíveis investimentos, como poupança, carta de crédito etc. O principal objetivo é ficar dentro do seu orçamento sem gastar mais do que ganha. Segue um modelo simples tendo em vista que é para indivíduos que não estão acostumados com esse método. Segundo os Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostram que o percentual de famílias brasileiras com dívidas passou de 63%, em julho, para 63,6% este mês – uma alta de 0,06%. Na comparação anual, o percentual passou de 63,1% (em agosto de 2013) para 63,6% – um avanço de 0,05%. Isso mostra o quanto falta a educação financeira para a população brasileira. Existem fatores externos, que não temos como mudar, os índices de desemprego, as taxas de juros, e um grande problema, a falta de controle das despesas variáveis como já mencionado anteriormente. As pessoas utilizam o limite do cartão que tem alta taxa de juros, fazem pagamento mínimo de fatura de crédito aumentando seu endividamento. Aqueles que já praticam esses hábitos financeiros terão mais condições de passar por uma crise, pois conseguiram se organizar e gastar menos do que ganham, é preciso fazer previsões para ter tranquilidade e mudar o cenário financeiro pessoal e familiar. Só ira acontecer a mudança no cenário financeiro pessoal e familiar quando começar a existir uma educação financeira para todos de forma simples e natural. É muito importante fazer uma poupança com uma quantia mensal para eventuais despesas como doença ou outro imprevisto, sem ter que recorrer a empréstimos com altas taxas de juros, esse pode ser um plano em curto prazo.
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ELIMINANDO AS DIVÍDAS Outro ponto importante é se livrar de dívidas pessoais, elaborar um plano para quitar primeiramente aquelas dívidas que tem uma taxa de juros mais alta. Fazer um levantamento de quanto se deve e colocar em ordem das taxas mais alta para as mais baixas, normalmente o cheque especial e cartões de crédito tem uma taxa de juros bem alta. Se atualmente uma pessoa não consegue pagar o valor integral de fatura do cartão ou sempre compensa usando o limite, é preciso analisar onde podem ser enxugadas no seu orçamento as despesas variáveis como passeios, lanches fora de casa, presentes. Começar reorganizando estes que são supérfluos para direcionar este valor para o pagamento total da fatura de crédito é uma ótima opção. Caso não encontre meios para redução de gastos, uma pessoa nesta situação terá que procurar formas de ganho extras, que podem ser as horas extras, free-lance, ou famosos bicos. Buscar novos meios de renda como um segundo emprego é um desafio que pode ser difícil e cansativo só vale a pena se tiver um objetivo maior a vista, que vise ter uma vida financeira sólida e tranquila. Concerteza este é um dos pontos mais difíceis do planejamento financeiro controlar e em muitos casos abrir mão de coisas que queremos agora, para ter uma vida financeira equilibrada e favorável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho foram utilizados conceitos teóricos de Administração Financeira, para justificar a necessidade que temos de ensinar a educação financeira para as famílias ou um único indivíduo de maneira simples e fácil para ser entendida. Conceitos teóricos foram transmitidos de forma clara para que o leitor consiga aplicar em seu dia a dia. Trouxe uma pesquisa que retrata a situação da cidade de Curitiba comparada a região Sul e foi apresentado o quanto temos que melhorar.
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Um orçamento simples foi indicado como primeira ferramenta para se organizar e mensurar como se tem feito o uso do dinheiro, com entradas e saídas. Conceitos de como se livrar das dívidas também foram abordadas para que possam saber como iniciar um novo ciclo na vida financeira e o principal foi analisar que controlar é sempre o caminho mais fácil e correto para conquistar uma vida financeira tranqüila. C o n fo r m e a s i n fo r m a ç õ e s a p r e s e n t a d a s c o m r e l a ç ã o a o s endividamentos das famílias da região sul do Brasil, a capital do Paraná é a cidade que tem o maior percentual de famílias endividadas, chega aos impressionantes 87%. Desta maneira o presente artigo apresentou a importância de existir estimulo para novos estudos sobre o tema. Também constatou a necessidades de políticas publicas para disponibilizar o acesso a educação financeira, sobre tudo, nas classes menos favorecidas. Por fim a relação crédito e endividamento é muito forte e aliado a busca pela qualidade de vida, que é cada vez maior do ponto de vista dos desejos das famílias brasileiras são as causas do atual cenário financeiro das famílias.
REFERÊNCIAS ACERBASI, Gustavo P. Dinheiro - os segredos de quem tem: como conquistar e manter sua independência financeira. São Paulo: Gente, 2005. BODIE, Zvi e MERTON, Robert C; trad. James Sunderland Cook. Finanças. Porto Alegre: Bookman, 2002. FECOMERCIOSP. Pesquisa sobre endividamento das famílias: divulgada em 01/09/2014 link: http:// economia.estadao.com.br/noticias/geral,onde-estao-os-brasileiros-mais-endividados,1553178, acesso realizado em 24 de setembro de 2014. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira – Essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. GROPPELLI, A.A. e NIKBAKHT,Ehsan. Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005 MASAKAZU, HOJI administração financeira e orçamentária 10º ed. 2012
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UMA PESQUISA INICIAL SOBRE OS RISCOS PARA AS CONTRATAÇÕES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO ÂNBITO DO SETOR PÚBLICO
Darlan Henrique da Silva Venturelli
Túlio César de Araújo Porto
Marcelo Dias de Sá
" No setor público, especialmente, o tema Gestão de Riscos tem recebido grande importância, o que pode ser visto pela INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA MP/CGU No 01, de 2016 e pela Instrução Normativa No1 de 04 de abril de 2019 da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia – SGD/ME."
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Uma pesquisa inicial sobre os riscos para as contratações de Tecnologia da Informação no âmbito do setor público Venturelli, Darlan Henrique da Silva Porto, Túlio César de Araújo Sá, Marcelo Dias de
Resumo
Este artigo busca identificar os temas mais importantes mencionados pelos estudos acadêmicos quando se pretende estudar a Gestão de Riscos nas Aquisições de Tecnologia da Informação realizadas no âmbito do Setor Público. Durante a análise bibliográfica foram identificadas importantes pesquisas que tratam sobre a gestão de riscos na cadeia de suprimentos, resiliência da cadeia de suprimentos, impactos desses riscos nos custos do negócio e ferramentas capazes de mitigar tais riscos. Observando o resultado da análise é possível inferir haver impacto da gestão de riscos na resiliência da cadeia de suprimentos no negócio da Administração Pública através do seu impacto na confiabilidade dos fornecedores. Ainda, será possível identificar ferramentas capazes de mitigar tais riscos, trazendo maior resiliência à cadeia de suprimentos, e consequentemente, impactos financeiros positivos ao resultado do negócio e na percepção do cliente. Como continuidade do estudo será necessário observar a relação dos riscos na cadeia de suprimentos e os resultados nas contratações de Tecnologia da Informação realizadas no âmbito do da Administração Pública, tema central do nosso estudo. Palavras-chave: Gestão De Riscos, Contratações de Tecnologia da Informação, Aquisições no Setor Público. Abstract This article intends to identify the most important topics already mentioned by academic studies when studying Risk Management in Procurement about Information Technology inside the Public Sector. During the literature review, important researches were identified about supply chain risk management, supply chain resilience, impacts of these risks on business costs, and tools to mitigate such risks. Observing the result of the analysis it is possible to infer that risk management has an impact on supply chain resilience in the Public Administration business, through its impact on supplier reliability. Moreover, it will be possible to identify tools capable of mitigating such risks, bringing greater resilience to the supply chain, and consequently, positive financial impacts on business results and customer perception. As a continuation of the study, it will be necessary to observe the relationship of risks in the supply chain and the results in the Information Technology acquisitions carried out under the Public Administration, central subject of our study.
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Keywords: Risk Management, Information Technology Acquisition, Procurement in the Public Sector. Introdução O contrato é uma ferramenta clássica para gestão dos riscos de negócio, alocando os direitos e as responsabilidades e entre os contratantes desde o seu início das negociações. Em projetos a gestão de riscos é uma disciplina fundamental para que seus objetivos sejam alcançados. Ainda, sabe-se que em grandes projetos a gestão contratual é atividade fundamental, considerando que os insumos e subprodutos são adquiridos por meio de contratações. No setor público, especialmente, o tema Gestão de Riscos tem recebido grande importância, o que pode ser visto pela INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA MP/CGU No 01, de 2016 e pela Instrução Normativa No1 de 04 de abril de 2019 da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia – SGD/ME. Ocorre que mesmo com normativos a respeito do tema, ainda não existe maturidade em cultura de riscos no âmbito do setor público, e muitas vezes as atividades de gestão de riscos são realizadas apenas para cumprimento do que preconizam os normativos, sem o foco no resultado de fato que a gestão de riscos poderia prover. A intenção da pesquisa é estudar o tema Gestão de Riscos nos processos de contratações de Tecnologia da Informação realizadas no âmbito da Administração Pública, para que possamos aplicar no setor público as boas práticas e ferramentas e técnicas disruptivas aplicadas em outros ambientes corporativos, para que seja possível melhorar a gestão dos projetos, de forma a atingir seus objetivos, entregando valor, com os recursos previstos e resultados esperados. Metodologia Este trabalho tem o objetivo de apresentar um estudo bibliométrico sobre o tema Gestão de Riscos nas contratações de Tecnologia da Informação no âmbito do Setor Público, explorando análise de redes de coocorrência de palavras-chave e cocitações. Para isso, foram utilizados
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métodos de pesquisa bibliométrica e de análise de redes através do uso das ferramentas VosViewr e Gephi. De maneira geral, os métodos bibliométricos empregam uma abordagem quantitativa para a descrição, avaliação e monitoramento de pesquisas publicadas, com o potencial de introduzir um processo de revisão sistemática, transparente e reproduzível. Mesmo conhecendo as limitações dos métodos bibliométricos baseados em citações (análise de citações, análise de cocitações e acoplamento bibliográfico) que impossibilita conhecer a razão pela qual uma publicação específica foi citada, a utilização desse método de análise buscou obter melhores resultados na qualidade das revisões de literatura mesmo do início da leitura, orientando a pesquisa para os trabalhos mais influentes e o mapeamento do campo de pesquisa sem viés subjetivo. (ZUPIC, CATER, 2014). Através do uso do VosViewer para a obtenção da rede que teve como entrada a pesquisa na base Elsevier Scopus, foi possível obter uma visualização dos termos mais citados e a relação entre esses termos. Ainda, foi possível a criação de uma rede utilizando a métrica de cocitação, de forma obter os autores e documentos mais cocitados. Seguindo estas práticas metodológicas, este trabalho compreende as seguintes etapa:
•conceituação do Gestão de Riscos nas Contratações no âmbito do Setor Público;
•definição da expressão de busca para a realização da pesquisa bibliográfica na base Elsevier Scopus;
•análise dos indicadores bibliométricos de evolução no tempo, documentos por área temática e por país;
•obtenção da rede de coocorrência de palavras-chave; •cálculo das métricas de rede de grau médio e centralidade de autovetor; •visualização das redes de coocorrência de palavras-chave; •interpretação dos resultados.
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Resultados e Discussão Para a realização da pesquisa, inicialmente, foi realizada uma busca por artigos relacionados ao tema proposto no portal Elsevier Scopus com a expressão de busca: ( TITLE-ABS-KEY ( "risk" ) ) AND ( ( "risk management" ) ) AND ( ( "procurement" ) OR ( "public private partnership" ) OR ( "ppp" ) ) AND ( "Information technology" ) AND ( LIMIT-TO ( DOCTYPE , "ar" ) OR LIMIT-TO ( DOCTYPE , "cp" ) OR LIMIT-TO ( DOCTYPE , "re" ) ).
Essa expressão, que enfatiza a busca pelos termos entre aspas, permitiu a seleção de 1247 documentos entre Artigos, “Conference Papers” e “Reviews”, com as seguintes características: a.70% produzidos desde 2011 até o momento, já tendo 2 documentos datados como 2020; b.Grande concentração nas áreas de Ciência da Computação, Negócios e Gestão e Engenharia; c.Aproximadamente 60% produzidos por EUA, China, Reino Unido e Austrália; Ainda, um importante achado na pesquisa, apesar de não fazer parte das palavras chaves contidas na expressão de busca, foi o aparecimento, no resultado a pesquisa bibliográfica, em artigos mais recentes, do tema “Gestão de Riscos na Cadeia de Suprimentos” e “Resiliência na Cadeia de Suprimentos”, como mostra a rede desenhada no software VosViewer (Figura 1), resultante da pesquisa na base Elsevier Scopus.
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Quadro1 – Rede obtida através da pesquisa por coocorência dos palavras-chave
Fonte: Base Elsevier Scorpus.
Ao ordenar o resultado da pesquisa por cocitação, percebemos que todos os documentos que figuraram entre os 15 primeiros da lista quando ordenados por centralidade de autovetor (Quadro 1), mencionam de alguma forma estudos sobre os riscos na cadeia de suprimentos, e como consequência observamos estudos sobre resiliência dessa cadeia e sobre ferramentas para gestão desses riscos.
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Quadro1 – Artigos resultantes da pesquisa ordenados por centralidade de autovetor
ID
36641
17205
30271
62089
15690
62125
15663
36758
63945
51149
34520
51154
10166
63362
Label kleindorfer, p.r., saad, g.h., managing disruption risks in supply chains (2005) production and operations management, 14 (1), pp. 53-68 craighead, c.w., blackhurst, j., rungtusanatham, m.j., handfield, r.b., the severity of supply chain disruptions: design characteristics and mitigation capabilities (2007) decision sciences, 38 (1), pp. 131-156 ho, w., zheng, t., yildiz, h., talluri, s., supply chain risk management: a literature review (2015) international journal of production research, 53 (16), pp. 5031-5069 tang, c.s., perspectives in supply chain risk management (2006) international journal of production economics, 103 (2), pp. 451-488 christopher, m., peck, h., building the resilient supply chain (2004) the international journal of logistics management, 15 (2), pp. 1-14 tang, o., musa, s.n., identifying risk issues and research advancements in supply chain risk management (2011) international journal of production economics, 133 (1), pp. 25-34 christopher, m., lee, h., mitigating supply chain risk through improved confidence (2004) international journal of physical distribution & logistics management, 34 (5), pp. 388-396 knemeyer, a.m., zinn, w., eroglu, c., proactive planning for catastrophic events in supply chains (2009) journal of operations management, 27 (2), pp. 141-153 tukamuhabwa, b.r., stevenson, m., busby, j., zorzini, m., supply chain resilience: definition, review and theoretical foundations for further study (2015) international journal of production research, 53 (18), pp. 5592-5623 pettit, t.j., croxton, k.l., fiksel, j., ensuring supply chain resilience: development and implementation of an assessment tool (2013) journal of business logistics, 34 (1), pp. 46-76 kamalahmadi, m., parast, m.m., a review of the literature on the principles of enterprise and supply chain resilience: major findings and directions for future research (2016) international journal of production economics, 171 (1), pp. 116-133 pettit, t.j., fiksel, j., croxton, k.l., ensuring supply chain resilience: development of a conceptual framework (2010) journal of business logistics, 31 (1), pp. 1-21 blackhurst, j., dunn, k.s., craighead, c.w., an empirically derived framework of global supply resiliency (2011) journal of business logistics, 32 (4), pp. 374-391 tomlin, b., on the value of mitigation and contingency strategies for managing supply chain disruption risks (2006) management science, 52 (5), pp. 639-657
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Gra u
66
Eigenvec tor Centrality
1.0
62
0,960908
56
0,913209
62
0,889021
57
0,875176
51
0,847292
51
0,840474
51
0,83978
48
0,824846
48
0,814868
45
0,803221
46
0,790286
44
0,78987
50
0,789861
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thun, j.h., hoenig, d., an empirical analysis of supply chain risk management in the german automotive industry (2011) international journal of production economics, 131 (1), pp. 63103 242-249
45
0,772871
Fonte: Base Elsevier Scorpus.
A cadeia de suprimentos é o conjunto de atividades que envolvem a produção, armazenamento e transporte de produtos ou serviços até o cliente final, incluindo a compra de matérias primas, controle dos estoques e transporte do produto. Segundo Barroso et al. (2011), Resiliência na Cadeia de Suprimentos (SCRes) é a capacidade que uma organização possui para reagir a efeitos negativos causados por distúrbios que ocorrem em um determinado momento, a fim de manter os objetivos da cadeia de suprimentos. moment in order to maintain the supply chain’s objectives. Ainda, segundo Kleindorfer (2005), existem duas categorias amplas de risco que afetam o design e o gerenciamento da cadeia de suprimentos: (1) riscos decorrentes dos problemas de coordenação da oferta e demanda (2) riscos decorrentes de interrupções nas atividades normais. Nessa toada, é mencionada a importância do desenho de sistemas de gerenciamento destinados a lidar com os riscos de interrupção da cadeia de suprimentos. Também, segundo Craighead (2007), as interrupções na cadeia de suprimentos e os riscos operacionais e f inanceiros associados representam a preocupação mais premente enfrentada pelas empresas que competem no mercado global de hoje. Como principais elementos relacionados à interrupção da cadeia de suprimentos temos os riscos, vulnerabilidade, resiliência e continuidade da cadeia de suprimentos, que impactam diretamente na continuidade de negócios, Segundo Tang (2006), para obter vantagem de custo e participação de mercado, muitas empresas implementaram várias iniciativas, como !54
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fabricação terceirizada e variedade de produtos. Essas iniciativas são eficazes em um ambiente estável, mas podem tornar a cadeia de suprimentos mais vulnerável a vários tipos de interrupções causadas por ciclos econômicos incertos, e por isso a necessidade de desenvolver novos modelos para mitigar as rupturas na cadeia de suprimentos. Christopher (2004) também entende que nos atuais mercados incertos e turbulentos, a vulnerabilidade da cadeia de suprimentos se tornou um problema de importância para muitas empresas e o desafio para os negócios hoje é gerenciar e mitigar esse risco, criando cadeias de suprimentos mais resilientes. Na mesma linha de pesquisa, Ho (2015) compreende que o gerenciamento de riscos desempenha um papel vital na operação eficaz das cadeias de suprimentos. Assim o termo Gerenciamento de Riscos da Cadeia de Suprimentos (SCRM) tem tomado grande importância nas pesquisas observadas, considerando definições de riscos da cadeia de suprimentos, tipos de riscos, fatores de risco e estratégias de gerenciamento / mitigação de riscos. Também é interessante observar no decorrer da pesquisa as evoluções e avanços da disciplina SCRM, buscando o gerenciamento mais proativo do risco da cadeia de suprimentos sob as perspectivas do sistema. Tang (2011) trouxe uma observação importante sobre a mudança no perfil de risco da cadeia de suprimentos das organizações como resultado de mudanças em seus modelos de negócios, por exemplo, a adoção de práticas "enxutas" e a mudança para a terceirização e uma tendência geral de reduzir o tamanho da base de fornecedores. Assim, observou que a demanda em quase todos os setores industriais se tornou mais volátil do que no passado e os ciclos de vida dos produtos e da tecnologia diminuíram significativamente com a introdução de produtos competitivos que dificulta a previsão da demanda do ciclo de vida. Ao mesmo tempo, a vulnerabilidade das cadeias de suprimentos a perturbações ou interrupções aumentou, aumentando a turbulência do mercado.
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Por esse motivo, muitos autores demonstram a necessidade de se mitigar o risco da cadeia de suprimentos com a visibilidade "ponta a ponta", de forma a aumentar a “confiança” da cadeia de suprimentos, que aumentará proporcionalmente à qualidade das informações da cadeia de suprimentos. Knemeyer (2009) demonstra que os investimentos feitos nos últimos anos para operar cadeias de suprimentos com menos recursos humanos e de capital, especialmente estoques resulta em menos folga disponível nas cadeias de suprimentos para lidar com eventos catastróficos. Portanto, o planejamento proativo para esses tipos de eventos deve ser uma prioridade para os gerentes da cadeia de suprimentos. Tomlin (2006) menciona um ponto importante a ser observado: A relação entre a confiabilidade dos fornecedores e sua capacidade. Assim, demonstrou que o fornecedor confiável tende a não ter flexibilidade e o fornecedor não confiável possui capacidade infinita. Assim, menciona que uma empresa neutra em relação ao risco adotará uma única estratégia de gerenciamento de interrupções: mitigação por estoque de estoque ou a mitigação por fornecimento único dos produtos confiáveis. Tukamuhabwa (2015) em seu estudo identifica a existência de uma ampla gama de estratégias para melhorar a resiliência, e menciona que a maior atenção tem sido o aumento da flexibilidade, a criação de redundância, a formação de relacionamentos colaborativos da cadeia de suprimentos e a melhoria da agilidade da cadeia de suprimentos. Ainda menciona a limitação das pesquisas para escolher e implementar um conjunto apropriado de estratégias para melhorar a resiliência na cadeia de suprimentos (SCRES). Pettit (2013) enfatiza em seu estudo que gerenciar o risco de um futuro incerto é um desafio que requer resiliência, ou seja, a capacidade de sobreviver, adaptar-se e crescer diante de mudanças turbulentas. Por isso, seu estudo desenvolve uma ferramenta de medição denominada Avaliação e Gerenciamento da Resiliência da Cadeia de Suprimentos (SCRAM ™), cujo teste piloto sugere uma correlação entre maior resiliência e melhor desempenho da cadeia de suprimentos.
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Ellis (2010) mostra em seu estudo que à medida que as cadeias de suprimentos se tornam mais complexas, as empresas enfrentam riscos crescentes de interrupções no fornecimento. Assim, demonstrou a relação entre três representações de risco de interr upção do fornecimento: magnitude da interrupção do fornecimento, probabilidade de interrupção do fornecimento e risco geral de interrupção do fornecimento, que são representações de risco necessárias para entender completamente a tomada de decisão arriscada com relação às interrupções no fornecimento. Conclui-se que a análise traz em sua essência o Risco na Cadeia de Suprimentos com Ponomarov (2009) que traz o entendimento do efeito adverso das interrupções na cadeia de suprimentos nas receitas e nos custos. No âmbito do governo federal, a Instrução Normativa 01 de 4 de abril de 2019 traz a determinação que o gerenciamento de riscos para a contratação de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP do Poder Executivo Federal deve ser realizado em harmonia com a Política de Gestão de Riscos do órgão prevista na Instrução Normativa Conjunta MP/CGU nº 1, de 10 de maio de 2016. Isso obriga, que todos os riscos sejam identificados, analisados e tratados durante o planejamento da contratação e acompanhados pelo menos ao final da elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico, ao final da fase de Seleção do Fornecedor, uma vez ao ano, durante a gestão do contrato e após eventos relevantes. Assim, como podemos observar na pesquisa, é importante que sejam considerados como relevantes os riscos relacionados diretamente à resiliência da cadeia de suprimentos, principalmente aqueles decorrentes dos problemas de coordenação da oferta e demanda e de interrupções nas atividades normais.
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Conclusão Este trabalho teve como objetivo apresentar um estudo bibliométrico sobre o tema Gestão de Riscos nas contratações de Tecnologia da Informação no âmbito do Setor Público. Através da expressão de busca realizada no portal Elsevier Scopus com a expressão de busca, foi enfatizado os termos Riscos, Gestão de Riscos, Aquisições, Parceria Público Privada e Tecnologia da Informação, porém, como resultado, obtivemos estudos com ênfase na gestão de riscos na cadeia de suprimentos, resiliência da cadeia de suprimentos, impactos desses riscos no negócio e ferramentas para mitigação desses riscos. Como continuidade do estudo será necessário observar a relação dos riscos na cadeia de suprimentos e os resultados nas contratações de Tecnologia da Informação realizadas no âmbito do da Administração Pública, tema central do nosso estudo. Inicialmente, já é possível inferir haver impacto da gestão de riscos na resiliência da cadeia de suprimentos no negócio da Administração Pública através do seu impacto na confiabilidade dos fornecedores. Ainda, será possível identificar ferramentas capazes de mitigar tais riscos, trazendo maior resiliência à cadeia de suprimentos, e consequentemente, impactos financeiros positivos ao resultado do negócio e na percepção do cliente. Referências Instrução Normativa Conjunta MP/CGU nº 01, de 10 de Maio de 2016. Dispõe sobre Controles Internos, Gestão de e Governança no Âmbito do Poder Executivo Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 Mai de 2016. Instrução Normativa Ministério da Economia nº 01, de 04 de Abril de 2016. Dispõe sobre o processo de contratação de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP do Poder Executivo Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 abril de 2019. Barroso, H.P., Machado, V.H. & Machado, V.C. (2011). Supply Chain Resilience Using the Mapping Approach. Supply Chain Management, Pengzhong Li (Ed.), InTech, Available from: http://www.intechopen.com/articles/show/title/supply-chain-resilience-using-the-mapping-approach. Craighead, c.w., blackhurst, j., rungtusanatham, m.j., handfield, r.b., The severity of supply chain disruptions: design characteristics and mitigation capabilities (2007) decision sciences, 38 (1), pp. 131-156. Christopher, m., lee, h., Mitigating supply chain risk through improved confidence (2004) International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 34 (5), pp. 388-396. Christopher, m., peck, h., Building the resilient supply chain (2004) The International Journal of Logistics Management, 15 (2), pp. 1-14.
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Revista Administração e Ciências Ano 3 - Edição Especial - setembro !60 2020 - ISSN 2525-801X