isso é tudo perda de tempo

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Isso é Tudo Perda de Tempo 1. Isso 2. Tudo 3. Perda 4. Tempo 5. Dinheiro 6. Isso é Tudo? 7. Perda de Tempo? 8. Tempo da Perda 9. Tudo Isso 10. Toda Perda Vitória, sexta-feira, 06 de novembro de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 Isso A “boca do caixa” no banco é algo de extraordinário a olhar e foi evoluindo muito através das décadas mais recentes, principalmente depois da introdução do computador e da Internet. Espalhou-se nos caixas eletrônicos de atendimento, tanto dentro quanto fora das instituições, particularmente nos “banco 24 horas”. Só os bancos maiores têm milhares de caixas externos cada um. Segundo dizem são oito mil as instituições bancárias no mundo e se cada qual tiver somente mil caixas teremos a caminho de 10 milhões desses aparelhinhos. 365,2427 DIAS POR ANO (dia e noite, por toda parte, 10 milhões de atendentes – seria interessante alguém fazer uma conta mais aproximada)

Caixa eletrônico Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Caixa eletrônico do Banco do Brasil 2


Um caixa eletrônico, caixa automático, terminal bancário ou Multibanco[1] (Portugal) / Banco 24 Horas [2] (Brasil) é um dispositivo eletrônico que permite que clientes de um banco retirem dinheiro e verifiquem o balanço de suas contas bancárias sem a necessidade de um funcionário do banco. Muitos caixas eletrônicos também permitem que as pessoas depositem dinheiro ou cheques, transfiram dinheiro entre contas bancárias, comprem cartões pré-pagos para seus celulares ou até mesmo comprem selos. História O primeiro caixa eletrônico do mundo foi fabricado pela empresa britânica De La Rue e foi instalado num bairro no norte da Grande Londres em 27 de junho de 1967 pelo Barclays Bank. A invenção é creditada à John ShepherdBarron, apesar de Luther George Simjian ter registrado patentes em Nova York, EUA nos anos 1930 e Donald Wetzel e dois outros engenheiros da Docutel também terem registrado uma patente em 4 de junho de 1973. Os primeiros caixas eletrônicos aceitavam apenas uma ficha ou cupom de uso único, que era retida pelo caixa. Essas trabalhavam em vários princípios como radiação e magnetismo de baixa coercitividade que era retirado pelo leitor de cartão para tornar fraudes mais difíceis. A idéia de um número de identificação pessoal (PIN) armazenado no cartão em si ao invés de ser digitado quando se queria retirar o dinheiro foi desenvolvido pelo engenheiro britânico James Goodfellow em 1965, que ainda possui patentes internacionais cobrindo esta tecnologia. Os primeiros caixas eletrônicos falantes — caixas com instruções sonoras para pessoas com deficiência visual — foram instalados no Canadá em 1999. O primeiro caixa eletrônico falante nos Estados Unidos foi instalado em São Francisco em outubro do mesmo ano. Em 2005 já há em torno de 30.000 caixas eletrônicos falantes naquele país. Usos alternativos Apesar dos caixas eletrônicos serem utilizados principalmente para retirar dinheiro, eles evoluíram para incluir muitas outras funções bancárias. Em alguns países que possuem uma rede integrada de caixas eletrônicos compartilhada por mais de um banco, como nos caixas eletrônicos Multibanco em Portugal e o Banco 24 Horas no Brasil, os caixas incluem muitas outras funções que não são diretamente relacionadas à conta bancária, como por exemplo: • Pagamento de contas, taxas (utilidades, contas de telefone, aposentadoria, taxas legais, etc) • Trocar dinheiro por cartões pré-pagos (para celulares, cabines telefônicas, etc) • Compra de ingressos (trem, shows, etc) Muitos caixas eletrônicos nos Estados Unidos também permitem a compra de selos postais. No Japão, onde os bancos cobram por retiradas de dinheiro, os caixas eletrônicos não são muito populares. Esperando atrair mais usuários, os novos caixas eletrônicos do Ogaki Kyoritsu Bank irão incluir jogos de chance que permitirão aos usuários ou livrarem-se dessa taxa ou ganhar 1000 ienes, enquanto os caixas do Bank of Tokyo Mitsubishi incluirão tecnologia de segurança biométrica [1].

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Terminais de caixa eletrônico Nomes Os caixas eletrônicos são conhecidos por muitos nomes, alguns mais comuns em alguns países do que outros. Enquanto alguns nomes em uso são genéricos, outros são marcas registradas, identificando certas redes de caixas eletrônicos. Exemplos incluem: • ATM (Automatic Teller Machine) nos Estados Unidos e na maioria dos países de língua inglesa, derivados incluem: o ABM (Automatic Banking Machine) no Canadá o ATH (A Toda Hora), na Costa Rica, Porto Rico e Colômbia o ATM Machine (que é um pleonasmo, mesmo assim é muito utilizado nos EUA) o ATM (Anjungan Tunai Mandiri = Autonomous Cash Platform) na Indonésia o ATM (Any Time Money, dinheiro a qualquer hora, na Índia) o ATM (Multicaixa - Angola) o ATM (Αυτόματη Ταμειολογιστική Μηχανή), tamb ém chamado de Μηχάνημα Εικοσιτετράωρων Συναλλαγών (m áquina de transações 24 horas) na Grécia o Automated Teller Machine • AutoBank • Banco24Horas, no Brasil. • Bancomat ou Bankomat, particularmente na Europa continental – Bancomat é marca registrada da UBS AG • Bancomat, na Itália e Suíça • Bancontact, na Bélgica • Banklink na República da Irlanda (tecnicamente, "Banklink" é a marca de caixas operada pela AIB mas é utilizado para descrever caixas de outras empresas) • Bank Box • Bankamatik, na Turquia • Bankomat, na Suécia, Áustria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Polônia, Croácia e Sérvia e Montenegro • Bankomat (Банкомат), em Belarus, Bulgária, Rússia e Ucrânia • Bankomat ou Caspomat (‫)טמופסכ‬, in hebreu, das palavras ‫"( ףסכ‬dinheiro") e ‫"( טמוטוא‬Automat"). • BankMachine, no Havaí (marca registrada do Bank of Hawaii mas também utilizado genericamente) e Canadá • Caixa Eletrônico, no Brasil. • Cajero Automático, na Argentina, Colômbia, Cuba, Peru e Espanha 4


Cash Box • Cash Dispenser • Cash Machine • Cashflow, na Nova Zelândia (ASB) • Cashlink, utilizado pelo Security Bank das Filipinas • Cashpoint, na Nova Zelândia (National Bank) e no Reino Unido (Lloyds TSB). Cashpoint® é marca registrada de Lloyds TSB Bank plc. • Cash Station, na zona de Chicago, EUA • ChemKey, em algumas partes do Estado norte-americano de Michigan • Distributeur Automatique de Billets (distribuidor automático de notas bancárias) na França • EasyBank • EasyCash • Electronic Teller (ET), utilizado pelo Metrobank das Filipinas • Electronic Teller Card (ETC) Machine, antigamente utilizado pelo HSBC em Hong Kong mas desde então aposentado em favor de ATM • Experteller, utilizado pelo Export and Industry Bank das Filipinas • Express Teller, utilizado pelo BPI das Filipinas • Fasteller, utilizado pelo PCI Bank das Filipinas e agora é utilizado pelo Equitable PCI Bank • GAB (Guichet automatique bancaire) no Canadá francófono • Geldautomaat, em holandês (Geld = dinheiro) o Também conhecido como pinautomaat o Também por flappentap, gíria • Geldautomat, na Alemanha (Geld = dinheiro) (alguns caixas do United Coconut Planters Bank das Filipinas são assim chamados) • Green Machine, no Canadá (caixas do TD Canada Trust) • "Hole-in-the-wall" • Hraðbanki (banco rápido), na Islândia. • InstaBank, no Canadá (caixas do Bank of Montreal) • Khodpardaz (‫ )زادرپدوخ‬no Irã, que significa pagador automático em persa. • MAC machine ou MAC (Money Access Center), particularmente na costa leste dos EUA (especialmente Nova Jersey e Pensilvânia) (marca registrada de MAS Inco Corporation) • Minibank, na Noruega • Money Machine, na Nova Zelândia e Canadá • Multibanco, em Portugal • Night and Day ATM, na Nova Zelândia (ANZ) • Otto, na Finlândia • Pangaautomaat, na Estônia • Pankkiautomaatti, na Finlândia • Pengeautomat na Dinamarca (Penge = dinheiro) • Pinautomaat na Holanda 5


Postomat, na Suíça (do banco Swiss Post) • Quick Cash, utilizado pelo Philippine Bank of Communications • Robotic Teller • Smarteller, Banco de Oro das Filipinas • Superteller, usado pelo Philippine National Bank • Telebanco ou Bankomato, em Espanha (marca registada: 4B) • TYME Machine (significa "Take Your Money Everywhere", leve seu dinheiro para qualquer lugar), no Estado norte-americano do Wisconsin • "Ugly Teller" • Unionteller, utilizado pelo Unionbank das Filipinas • Versateller, na Califórnia (marca dos caixas eletrônicos do Bank of America) • Veteran Teller, usado pelo Philippine Veterans Bank • Zidong tikuanji (自动提款机) ou Zidong guiyuanji (自动柜员机), em chinês • Saraph 'Ali (‫ )يلآ فارص‬em árabe Mesmo assim, mesmo com tal eficiência, as filas existem e até prosperam. Deram de colocar cadeiras e depois cadeiras acolchoadas e de diminuir o número de atendentes. Com essa palhaçada de ferir a constituição (deveriam respeitar “todos são iguais perante a lei”) separaram um caixa para grávidas, deficientes, idosos, doentes, o que leva a muito oportunismo, ostensivo ou não. E do outro lado ficam todos os outros atendimentos, com apenas mais um funcionário na hora do almoço, ou talvez dois. Por vezes juntam 20 pessoas no BANESTES, enquanto na CEF há às até 100 ou mais, assim como em outros bancos. É desesperador. Antes era pior ainda, quando não havia cadeiras. Eram filas colocadas entre fitas. E antes disso as aproximações do caixa eram caóticas, cada um por si, formando bolos de oportunistas, com gente furando fila e coisas assim. Ainda há quem chegue e na maior cara-de-pau peça a quem está mais adiante para pagar por ele pilhas e pilhas de documentos. Há empresas que deixam para depois do fim do expediente externo às 16 horas. Há gente encomendando agora aos “protegidos” (contra a constituição: velhos, grávidas, deficientes, doentes), inclusive pagando a eles; há gente alugando pais ou mães, avôs ou avós para pagar por eles. Há de tudo. Só não há estudos encomendados pelo governo federal, com tantas universidades-vadias por aí, com professores que fingem ensinar e alunos que fingem aprender.

Capítulo 2 Tudo Morando agora em Jacaraípe, Serra, e trabalhando no centro de Vitória levo em seletivo duas horas de manhã para chegar ao trabalho e três horas para voltar de tarde, somando cinco horas (entre espera no ponto e viagens) por dia de segunda a sexta; 300 minutos/dia x 5 dias/semana = 1.500 6


minutos/semana. Sendo 52 semanas por ano, retirando as férias de quatro semanas, de trabalho temos (fora os feriados) 48 semanas, ou (48 x 1.500 =) 72 mil minutos. Fazendo conta das leituras de noite e em finais de semana, mais as das férias, contei que posso aproveitar 360 dias de quatro horas por ano. E quem não lê? São [(72.000 minutos divididos por 60 minutos/hora = 3.600/3 =) 1.200 horas divididas por 24 horas/dia = 50 dias de 24 horas] 150 dias de 8 horas VEZES dezenas de milhares de pessoas, pois os bairros estão cada vez mais distantes (não é outro o motivo do TRANSCOL, Transporte Coletivo no ES). Na realidade, na Grande Vitória temos uns 1.400 mil habitantes, dos quais mais de metade da metade (metade é de crianças) operários de grandes distâncias, quer dizer, pelo menos 350 mil indivíduos fazendo esses trajetos longos todos os dias. Quanta energia e matéria gasta em bobagens, devidas ao péssimo planejamento da “mão invisível”. Aliás, só para constar, com 3,6 milhões de leis no Brasil (nação, estados, municípios) somente desde a constituição de 1988, como é que haveria essa “mão invisível” dirigindo nossos destinos? É contradição em termos. OLHANDO A ESTATÍSTICA DA ONU 50 % da população 48 % da população 2 % da população detêm 1 % da renda detêm 49 % da renda detêm 50 % da renda têm 25/1 automóveis e outros têm 1/50 (andam de têm 1/1 automóvel veículos (inclusive nas empresas) ônibus) na família COMO NÓS ESTAMOS (a distância marcada é, em linha reta, de menos de 12 km, mas certo dia entre espera no ponto e trânsito demorou duas horas e meia de ônibus)

Agora, some ∑ toda a perda para não falar da classe média. Alguém cada cidade-município, estado e nação, aproveitadas. É o tal de “capital humano”

de tempo dos pobres e miseráveis, deveria fazer isso como apuro em e no mundo. Tais somas não são desperdiçado. 7


“Pobres coitados”. Não estou me referindo aos pobres e miseráveis e sim a toda espécie humana, que tem tanto tempo a perder; como “tempo é dinheiro”, muito tempo-dinheiro está sendo perdido, jogado fora – com bem menos poderia ser feita a mesma quantidade de serviço, ou mais, mais bem-feita, com maiores cuidados e SEM FORÇAR A NATUREZA. Ou poderíamos fazer três ou quatro vezes tanto quanto, com a mesma quantidade, tornando todos os seres humanos verdadeiramente RICOS emocional e racionalmente, bem como em termos de equilíbrio. Ó Deus do Céu, quanto temos perdido em Natureza e em gente de todo tipo com tais desperdícios inacreditáveis!

Capítulo3 Perda TODO GÊNERO DE DESPERDÍCIOS filas em bancos

filhas de ônibus

filas nos Correios

filas nas repartições

filas nos aeroportos

filas nos metrô

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filas nas loterias

filas nas barcas

filhas em supermercados

engarrafamentos de automóveis

filas de caminhões

filas em hospitais

Trilhões de horas-homem perdidas irremediavelmente, para todo o sempre, sem ter sido produzido nada de bom nem para si nem para os outros. Quem está usando tudo isso não se preocupa, pagando R$ 8 a hora ou menos, até metade ou menos; quer extrair, condenando a pessoa a sobretrabalho e a morte precoce, a longas viagens e ao desconforto associado a elas. Desde que se possa comprar tal ou qual produto por tanto ou quanto, pouco importa o sofrimento incorporado nele. OS TRÊS MACACOS

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Somos nós os sofredores-macacos enquanto PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) ou AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundo): não queremos ver, não queremos ouvir, não queremos falarparticipar.

Capítulo 4 Tempo 10


VENDO O TEMPO COMO DINHEIRO MEDINDO O TEMPO MEDINDO O SEU TEMPO (este é de todos) (este é de quem se apossa dele)

Se - como Gabriel diz estar acontecendo desde algum tempo nos EUA - a relação entre os que mais recebem e os menos aquinhoados, pelo menos tempo empregado, chegou a 400/1, ENTÃO o tempo dos primeiros é mais rápido na proporção de 400/1, quer dizer, um minuto daqueles é equivalente a 400 minutos ou 6,67 horas destes, mais rápidos proporcionalmente que The Flash. Para que a vida daqueles seja lenta e pausada, para que seja livre de sofrimentos, de aborrecimentos, de empurrões e apertões nos ônibus, a vida destes deve ser superlotada, superapertada, superagônica e bem curta. APERTOS DOS POBRES

surfistas de trens aglomeramento de gente

ônibus superlotados entupimento das artérias

Enfim, os seres humanos foram ludibriados. Em troca de porcarias demos nosso precioso tempo de vida por valores ridículos (fazendo aqui as contas de lá, dos EUA, na base de 400/1 enquanto uns ganham R$ 500 por mês outros ficam com (400 x 500 =) R$ 200.000: uma vida supervalorizada e outra subvalorizadíssima. 11


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O CUBÍCULO DOS POBRES (um para um pobre e 400 para um rico; se o lote do pobre tiver 10 x 10 m = 100 m2, o do rico terá 4.000 x 4.000 m = 16.000.000 m2, quer dizer, 1.600 hectares)

Nessas condições, 2 % ou 2/100 terão condições superpropícias, enquanto 98 % ou 98/100 viverão em condições médias ou miseráveis; de fato, 50 % ou 50/100 viverão em condições péssimas, destruindo o ambiente como praga que se espalha – mas a praga não vem dos pobres, vem de quem os submeteu a essas condições deploráveis. Algo precisa ser feito para retornarmos não ao passado remoto dos hominídeos nos espaços livres, mas para avançarmos ao futuro remoto, ao tempo em que estaremos nos espaços descondicionados. Trata-se de recuperação, pois a Psicologia geral foi mudada sem consideração por nossas bases e nossos fundamentos, levando-nos ao desespero.

Capítulo 5 Dinheiro Que é dinheiro? À parte todas as definições dadas, todos os estudos já feitos, temos de ter uma abordagem distintiva aqui. Dinheiro é tempo, é espaço, é espaçotempo, é psicologia, é convencimento de movimento, é convenção de funcionamento, é confiança, é um punhado de investigações. Sobretudo, é psicologia. É uma convenção de papel, de metal, de cartão que ordena movimentos e confecções: “faça isso, faça aquilo”. É uma ordem psicológica, e só pode mover quem seja psicológico (não move os fungos, as plantas, os animais e os primatas) e aceite ordens. Deve ultrapassar convicções: quem seja imune aos desejos não será movido ao fazer: pessoas (como santos) que 12


tenham ultrapassado as motivações humanas mais baixas não serão convencidas. O DINHEIRO É GRADUADO 7. o nível mais alto e imune é o dos iluminados; 6. dos santos/sábios; 5. dos estadistas; 4. dos pesquisadores; 3. dos profissionais; 2. das lideranças; 1. do povo (o mais sujeito de todos). DINHEIRO É MOTIVADOR (quanto mais fraca a psicologia, mais poder tem o dinheiro, o sangue que troca desejos)

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Todo o dinheiro do mundo Desde muito cedo o dinheiro começou a fazer parte da vida humana. Sua existência está ligada às mudanças ocorridas na sociedade; boxe sobre moedas brasileiras. O dinheiro parece tão indispensável que não há quem ache ter demais. Na sua milenar trajetória, vale também como medida das mudanças nas sociedades humanas. Ao morrer, em 1715, o rei francês Luís XIV deixou o Tesouro Nacional em petição de miséria. Era uma situação sob medida para um astuto economista escocês chamado John Law, cujas propostas de reforma bancária não haviam porém entusiasmado seus compatriotas e cujo currículo incluía o assassínio de um desafeto em duelo e a autoria de um tratado sobre moedas e comércio. Law desembarcou em Paris em 1716 ansioso por oferecer ao regente da Coroa, o duque de Orléans, um remédio infalível para a falência do governo. O esquema era um ovo de Colombo: o regente lhe daria a permissão para abrir um banco e, em troca, o banco assumiria não só a dívida pública mas também os débitos pessoais de Sua Alteza, emitindo títulos pelos quais se comprometia com os credores a pagar o seu valor em ouro e prata. Os metais preciosos viriam do Novo Mundo, mais precisamente dos vastos territórios franceses na América do Norte, no que hoje são os Estados de Louisiana e Mississípi, onde haveria incalculáveis reservas minerais a serem exploradas por um companhia criada por Law - em regime de monopólio, naturalmente. Mais do que depressa, o duque aceitou. E, enquanto os franceses acreditaram no projeto, tudo correu às mil maravilhas. As ações da companhia do escocês dispararam na Bolsa parisiense, a Coroa livrou-se de suas dívidas e os credores sonharam com fortunas em ouro e prata. Mas não demorou até que se descobrisse que não havia metal nobre capaz de servir de lastro aos papagaios emitidos pela Banque Royale de Mister Law. O banco quebrou, o banqueiro fugiu da França (para morrer na miséria em Veneza) e os franceses mais desbocados recomendaram que aqueles papéis fossem usados para outro fim. O episódio entrou para a história como uma parábola sobre a confiança dos homens no valor do dinheiro e das promessas que não valem o papel em que são impressas. Tudo começou há bem mais de 2 mil anos, provavelmente no século VII a.C., quando os comerciantes da rica cidade de Lídia, Ásia Menor, começaram a trocar as mercadorias que adquiriam, não por outras mercadorias, como era o costume, mas por pequenos discos feitos de uma rara liga de ouro e prata existente na região, de nome electrum, em latim. Em pouco tempo, essas plaquetas, cuja marca registrada era a estampa com o símbolo do rei, como um leão ou um escaravelho, espalharam-se pelas cidades gregas do Mediterrâneo e por suas colônias na Sicília e na Itália. Não tardou muito para que a idéia de usar discos semelhantes, feitos de ouro ou prata, se espalhasse pelo mundo. Os romanos chamaram essas placas monetae, tabletes de metal, e delas se originou algo que, mesmo não trazendo felicidade, como costumam dizer os que não o tem tanto quanto gostariam, é com certeza um dos supremos motivos de alegria e de aflição do homem: o dinheiro. Na realidade, a idéia de trocar bens como alimentos, vestimentas, cabeças de gado, utensílios e mesmo escravos por peças de metal antecede à fundação da cidade de Lídia. De fato, desde que o homem do Período Neolítico, há cerca de 10 mil anos, deixou de perambular atrás de casa e comida, passando a 14


viver em grupos com endereço certo e sabido, e a trabalhar a terra, começou a produzir mais do que era capaz de consumir. Surgiu assim aquilo que os economistas tanto apreciam - o excedente. E a partir daí a vida humana não seria mais a mesma. Alguns produtos excedentes, mas nem por isso menos valorizados, transformaram-se em mercadoria de troca, inaugurando o toma-lá-dá-cá que se tornaria atividade central das sociedades humanas e assumiria o nome de comércio. Gêneros bem votados nesse primitivo sistema de trocas era o sal, que deu origem à palavra salário, e o gado, do qual derivou o termo pecúnia. Os metais foram uma preferência natural daqueles protocomerciantes, porque não se estragavam, podiam ser partidos em pedacinhos e carregados com facilidade, ao contrário, por exemplo, de uma vaca. Ao que se sabe, os chineses tiveram a primazia de usar peças de bronze de diferentes formatos, para efeito de negócios, cerca de 3 mil anos atrás. No entanto, a criação de sistemas comerciais à base de moedas de ouro, prata ou cobre, cada qual com a indicação do seu peso, foi mesmo uma idéia dos espertos lídios. Durante o reinado de Alexandre, o Grande da Macedônia, no século IV a.C., adotou-se a praxe, repetida até hoje nas cédulas de papel, de estampar nas moedas a cabeça do soberano. O objetivo era menos usar a real efígie como aval do peso e da qualidade atribuídos ao metal do que promover o culto da personalidade de Suas Majestades - naturalmente, por iniciativa deles próprios. Às vezes, porém, podia se dar o reverso da medalha. Após a morte do imperador romano Calígula, no primeiro século da era cristã, por exemplo, todo o dinheiro por ele patrocinado foi recolhido e fundido para que nem o nome nem as feições do tirano entrassem para a história. Que ninguém tenha dúvidas, ensinou o festejado economista americano John Kenneth Galbraith, no magnífico seriado que escreveu para a televisão, A era da incerteza: Poucas invenções humanas se prestaram tanto aos abusos como o dinheiro. De fato, séculos a fio após o seu aparecimento, ninguém em parte alguma tinha como saber de antemão se as moedas valiam o que diziam. Os mais desconfiados adquiriram o hábito de morder o metal antes de aceitá-lo, para perceber pela consistência se era realmente ouro, prata ou bronze - isso, além de exigir bons dentes, o que não era lá muito comum naqueles tempos, supunha um refinado conhecimento, também algo incomum, para a felicidade geral dos falsários. Estes, ao longo da História, freqüentemente residiam nos melhores palácios e não precisavam se esconder da polícia: os governantes mais esbanjadores ou premidos pelas necessidades, ou ambas as coisas - e que parecem ter sido a maioria -, descobriram que a quantidade de metal precioso nas moedas podia ser discretamente reduzida e substituída. Os gregos, sobretudo os atenienses, parecem ter resistido à tentação de aguar sua moeda, por entender que essa política, a longo prazo seria desastrosa para os negócios da cidade-estado, algo merecedor dos aplausos mais entusiásticos dos modernos economistas da escola apropriadamente chamada monetarista. Assim, após a divisão do Império Romano em 395, com a reafirmação de influência grega na fatia oriental, em Constantinopla, o besante, a moeda local, foi reconhecido como símbolo de dinheiro forte. Mas do lado de cá do Mar Egeu, o exemplo grego não pegou bem, sobretudo em Roma, cujos governantes pareciam querer levar vantagem em tudo, sempre. No século II, o denário - moeda de prata que deu origem à palavra dinheiro - de prata possuía, se tanto, uns 5 por cento; os outros 95 eram puro cobre. Seguindo a 15


lição que vinha de cima, os comerciantes ainda raspavam o pouco de prata que restava nas bordas das moedas para aumentar os seus lucros. A prática era sedutora demais para não se propagar durante a Idade Média, uma época em que qualquer um - reis, sacerdotes, senhores feudais e nobres em geral - podia fazer dinheiro, literalmente, sem controle algum. A tal ponto chegou esse festival de falsidades na Europa que no ocaso dos tempos medievais nem sequer o camponês mais inocente ainda acreditava no valor da face do dinheiro que recebia. Criou-se o hábito de pesá-lo, antes de consumar qualquer transação. E, no final do século XVI, com a Revolução Comercial, quando os mercadores de Amsterdam, nos Países Baixos, se tornaram os maiores negociantes europeus, foi preciso publicar um manual listando toda a parafernália de moedas em curso. Conseguiu-se enumerar 846 dinheiros diferentes, cada qual com variadas porcentagens de ouro e prata. Adulteradas, cortadas, limadas, as moedas medievais acabaram por se tornar algo que horrorizaria os velhos lídios - um senhor complicador para a boa marcha da economia. E muita gente começou a pensar seriamente em cambiar o sistema. Nicolau Copérnico (1473-1543), o astrônomo polonês que formulou a teoria de que a Terra gira em torno do Sol, e não o contrário, muitas vezes mandou para o espaço os assuntos cósmicos em troca de algo mais palpável, como a idéia da criação de uma moeda unificada em cada país. Atribui-se a ele a ajuizada afirmação de que entre as desgraças que habitualmente levam à decadência dos reinos, principados e repúblicas, as quatros principais são as lutas, as pestes, a terra estéril e a deterioração do dinheiro. Copérnico não foi o único homem de gênio interessado em tornar o metal menos vil. Além de projetar helicópteros, submarinos, espingardas e teares, e de pintar sorrisos enigmáticos, o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) projetou máquinas mais modernas para a fabricação de moedas. Até aquela época, elas eram feitas uma a uma, ensanduichando-se um metal entre duas matrizes. A partir do século XV, graças a Leonardo e outros, elas passaram a ser produzidas em série, com cilindros de lâminas de metal onde se cortavam muitas moedas ao mesmo tempo. Depois disso, ganharam bordas requintadas, que serviam também de proteção contra os raspadores de ouro e prata. Qualidade e quantidade, no entanto, não dependiam apenas do método de fabricação, mas dos rumos da economia. Durante a interminável Guerra dos Cem Anos na Europa (1339-1453), as despesas públicas dos reinos chegaram a ser quatro vezes maiores que os recursos de que os monarcas dispunham. O remédio foi apelar para a velha prática romana. Cada governante passou a cunhar o dobro de moedas do que recebia de impostos. O dinheiro resultante continuava a se chamar coroa, libra ou franco, conforme o país, mas o valor era obviamente menor. Era como andar de bicicleta, compara o professor Hilário Franco Júnior, da Universidade de São Paulo, autor de uma história econômica. Uma vez iniciado o processo, os reis não podiam parar. No século XVI, quando o ouro do Novo Mundo inundou a Europa, trazido pelos galeões espanhóis e portugueses, aconteceu o processo inverso. Já não havia necessidade de adulterar as moedas, pois circulava metal nobre suficiente para dar, vender e emprestar. Em 1580, por exemplo, a Casa da Moeda da Espanha fabricou oito vezes mais dinheiro do que em 1520. Como sempre as pessoas comuns pagavam a conta: se antes o dinheiro perdia valor por falta de lastro, agora perdia poder de compra por excesso de reservas. Ou seja, com tanto metal em circulação, o resultado foi um aumento explosivo nos preços. 16


O caminho estava aberto para a grande mudança que iria ocorrer com o advento do papel-moeda. A rigor, isso não era novidade na Europa, desde que os primeiros mercadores e prestamistas - os banquerii de Veneza e Gênova usaram papéis manuscritos como promessas de pagamento aos seus portadores, os ancestrais das promissórias de hoje. Mas à medida que nasciam os bancos estatais, o sistema de títulos entrou em alta por ser mais seguro e fácil de transportar. Essas notas ainda não podiam ser chamadas de dinheiro, pois apenas em operações determinadas substituíam as moedas, explica Hilário Franco, da USP. Como no caso das moedas, a teoria de Galbraith de que poucas invenções humanas se prestaram tanto aos abusos como o dinheiro se repetiu na história do papel, haja vista, entre tantos outros, o pouco edificante episódio protagonizado por John Law e pelo duque de Orléans na França do século XVIII. O papel-moeda só funciona quando existe confiança em que haja uma reserva por trás que lhe assegure o valor, explica o economista Flávio Saes, professor de História Econômica, também da USP. Foi o que aconteceu em 1689 nas colônias inglesas da América. Naquele ano, Inglaterra e França iniciaram uma guerra pela posse do Canadá. A colônia de Massachusetts, no nordeste dos atuais Estados Unidos, foi convocada a criar uma milícia para combater do lado dos ingleses. Na falta de moeda para pagar os soldados e comprar suprimentos, o governo autorizou a impressão de papel com valor equivalente. Terminada a guerra, as notas seriam honradas pelos ingleses. Como os cidadãos confiavam que teriam o dinheiro na troca, esses antepassados do dólar entraram rapidamente em circulação. Resultado: por volta da metade do século XVIII, todas as treze colônias americanas usavam papel como dinheiro. As notas inventadas nas colônias inglesas pagaram a Guerra da Independência americana. Da mesma forma, na França, os assignats - que tinham como garantia as terras pertencentes à Igreja e aos nobres - sustentaram o início da Revolução de 1789. O dinheiro impresso também sustentou a rebelião dos Estados Confederados na Guerra de Secessão americana de 1861 a 1865, lastreado na produção de algodão dos Estados do Sul, e a Revolução Russa em 1917. Em todos esses casos, porém, como foram emitidas em grande quantidade e sem lastro suficiente, as cédulas acabaram provocando um fenômeno com o qual todo brasileiro está hiperfamiliarizado: uma grande inflação. Seja como for, o papel-moeda virou sinônimo de dinheiro. As moedas não se tornaram obsoletas, observa Ítalo Gasparini Filho, chefe do Departamento do Meio Circulante do Banco Central, ouvido por Marta San Juan França. Mas com o tempo passaram a ser utilizadas apenas para fazer o troco ou em pequenas poupanças. O fim das moedas de ouro e prata marcou também o fim da utilização dos metais nobres como lastro da economia. Atualmente o que fixa o valor das moedas nos mercados internacionais são as relações comerciais entre os países, explica o professor Flávio Saes. As notas se expandiram, ganharam novas cores, vinhetas e desenhos. Os motivos são estéticos, mas também ideológicos. O dólar, assim chamado por causa do táler, moeda alemã do século XV, homenageia heróis americanos. Em outros lugares, as notas apresentam o brasão do país, monumentos, lugares, espécimes da fauna e flora, e símbolos dos principais recursos econômicos. A tendência atual no mundo inteiro é homenagear as figuras das artes, das ciências e da literatura, informa Ítalo Gasparini, do Banco Central. Ele lembra por exemplo o caso do ex-presidente Juscelino Kubitschek, cuja 17


imagem foi vetada em 1984 pelo general-presidente João Batista Figueiredo para a cédula de 10 mil cruzeiros. Gasparini acredita que as cédulas ainda vão durar muito tempo, tanto quanto as moedas. Mas economistas como Flávio Saes acreditam que a tendência é o virtual desaparecimento do dinheiro vivo nas transações cotidianas, substituído pelos cheques e cartões de crédito. No futuro, em vez de papel, teremos terminais de compra, prevê Saes. Além das transferências normais entre bancos, os computadores vão se encarregar também dos negócios menores. O fundamento do processo, porém, continuará a ser o mesmo, ou seja, o contrato social implícito em todo e qualquer ato envolvendo dinheiro. Esse pacto é o que faz com que uma pessoa aceite dinheiro (ou seus equivalentes, como cheque, cartão etc.) de outra; ela sabe que quando chegar a sua vez de fazer um pagamento o recebedor também o aceitará. O dinheiro vale, portanto, porque as pessoas confiam no seu valor. De todas as convenções que tornam possível a vida em sociedade, poucas certamente hão de ser tão fortes de duradouras. Para saber mais: Ouro em grãos (SUPER número 7, ano 3) Dinheiro sim! (SUPER número 7, ano 8) Muitos nomes, pouco valor São 2,3 bilhões de cédulas e 1,2 bilhão de moedas. Essa foi a produção apenas deste ano da Casa da Moeda do Brasil, a maior fábrica de dinheiro da América Latina, responsável não apenas pelos desvalorizados cruzados novos como também por uma parte das notas em circulação no Equador. Toda a dinheirama brasileira tem um padrão comum: as moedas são muito simples, finas, de aço inoxidável. As notas, que exibem brasileiros ilustres como Machado de Assis, Portinari, Carlos Chagas, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, têm cinco valores diferentes. O valor, naturalmente, vai depender da economia do país - e essa é outra história. Desde o período colonial, com efeito, o Brasil teve 37 tipos diferentes de dinheiro, sempre em função da inflação. As oficinas monetárias, que funcionaram em Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Vila Rica, criaram o real, que ficou conhecido no início do século XX como mil-réis. Dobrões, patacas, vinténs, cruzados e tostões são algumas das variações dessa moeda que sempre perdeu a corrida para a alta dos preços. No passado, a emissão sem controle de dinheiro por bancos diferentes muitas vezes inundou o país de moedas sem lastro, causando sérias crises. Centralizar a emissão de dinheiro foi algo que só ocorreu um 1964, com a criação do Banco Central. Mas, com a economia desorganizada, o cruzeiro, instituído em 1942, deu lugar em 1967 ao cruzeiro novo. Um milhão passou a valer mil e mil passou a valer um. A história se repetiria: com o tempo o cruzeiro deixou de ser novo e foi adquirindo um número cada vez maior de zeros, até que em fevereiro de 1986 tornou-se cruzado (três zeros a menos) e cruzado novo (menos três) no início deste ano. No andar da carruagem, o Brasil chegará à década de 90 já com outro dinheiro. Artigos 18


COPOM setembro/08 – Expectativas de inflação intactas desde a última reunião = Manutenção do ritmo de 0,75% de elevação da taxa SELIC. 10 de setembro de 2008 Alexandre Pavan Póvoa* Nossa avaliação é que o BC deverá manter o ritmo do ciclo de aperto monetário na reunião de setembro/08, elevando a taxa SELIC em 0,75% para 13,75% ao ano. Consideramos baixa a probabilidade de mudança de ritmo para 0,5%. Na última reunião, o COPOM deixou clara a sua preocupação com o comportamento das expectativas de inflação. O comunicado pós-reunião, reforçado posteriormente pela ata, foi bastante elucidativo quanto a este ponto central para o sistema de metas de inflação: “Avaliando o cenário macroeconômico e com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória de metas (o sublinhado é nosso), o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13% ao ano, sem viés.” (Comunicado pós-COPOM de 23/07) Nos últimos 45 dias, as cotações das commodities, tanto agrícolas quanto metálicas, sofreram perdas no mundo, levando a inflação interna no curto prazo, sobretudo por conta da deflação de alimentos, a apresentar queda. Começamos a observar alguns (ainda tênues) sinais de desaceleração na economia. No Boletim FOCUS, a projeção de crescimento do PIB foi rebaixada de (3,90%) para (3,60%) desde 23/07, data do último encontro do COPOM. O fato é que, apesar das boas notícias, as expectativas de inflação para 2009 não cederam, permanecendo teimosamente em 5%. Nossa opinião é que o BC cometeu um erro ao não acelerar o ritmo da elevação da taxa SELIC já na reunião de junho, quando as expectativas para o IPCA estavam relativamente mais bem comportadas. Entre as reuniões de junho e julho, a mediana das expectativas saltou de: ·

· ·

2008 - de 5,5% para 6,58% 12 meses – de 5,1% para 5,51% 2009 – de 4,6% para 5%

O erro foi corrigido em julho, depois das expectativas terem subido fortemente e em um momento onde já fosse até aceitável a manutenção do ritmo em 0,5% por conta da clara tendência de queda do preço das commodities. Cabe ressaltar que tanto petróleo, como as commodities agrícolas e metálicas, em média, caíram entre 25% a 30% da máxima atingida nos últimos meses. Desde a última reunião, o Boletim Focus apontou variação das expectativas de IPCA para os seguintes patamares: ·

· ·

2008 - de 6,58% para 6,27% 12 meses – de 5,51% para 5,20% 2009 – de estável em 5%

A inflexibilidade para baixo das expectativas para o IPCA 2009, com rebaixamento das estimativas fechadas de 2008 e de doze meses, geram a 19


certeza de que a projeção de melhora do ambiente inflacionário só está contemplada pelos analistas para o curto prazo. Consideramos muito pouco provável (e também não-recomendável) um eventual recuo do BC, após o discurso duro e ação na direção de contenção de expectativas. Novamente, a hipótese que mais acreditamos, além da subida em 0,75% da taxa SELIC é, no comunicado pós-reunião, a manutenção do viés de endurecimento da mensagem quanto ao aperto monetário futuro. Expectativas de IPCA (2008, 12 meses e 2009) – Boletim FOCUS

Fonte: BC As expectativas de 2008 e de 12 meses cederam muito mais por um alívio na inflação de curto prazo do que pela esperada “convergência tempestiva para as metas” apregoada pelo BC em seu comunicado pós-COPOM . A maior prova encontra-se no suporte encontrado pelo IPCA 2009 no nível de 5%, mesmo após o começo do aperto monetário. Inflação, melhora no curto prazo; Commodities, desaceleração global sendo colocada no preço. Desde o último COPOM em julho, o movimento de inflação de curto prazo foi de desaceleração. O IGP-M, após ter ficado acima de 1.5% nos meses de junho e julho, sofreu deflação no mês de agosto de 0.32%. Este número pode ser explicado pela expressiva queda das cotações das commodities agrícolas (mais especificamente milho e soja) no mercado internacional, dos preços de alimentos no âmbito local e do petróleo. Com isso, o temor sobre uma potencial espiral inflacionária foi temporariamente afastado (por exemplo, IGP’s acima de 15% em 2008). Adicionalmente, as pesquisas de intenção de elevação de preços na indústria nos indicam que diminuiu o percentual de empresas que desejam reajustar preços , dado que a cotação de alguns insumos também começa a cair. O IPCA seguiu movimento semelhante ao IGP-M , após ter acumulado 1.5% de variação entre maio e junho, sendo pressionado tanto por alimentos como por 20


serviços. No mês de julho, começamos a observar desaceleração nos preços dos alimentos, que apresentaram deflação em agosto. Apesar do recuo da inflação no curto prazo, os núcleos se mantêm em patamar que inspira preocupação, refletindo o desequilíbrio entre demanda e oferta. Porém, resta o consolo de que caíram as chances do estouro da banda superior da meta de inflação em 2008. Evolução do IPCA

Fonte: IBGE, Modal Asset Qual será o balanço na inflação de queda de preços de commodities versus desvalorização do Real ?

Fonte: Índice Goldman Sachs (GSCI); elaborado pelo Modal Asset Desde a última reunião do COPOM, observamos três fenômenos – queda de preço das commodities (petróleo: -17%; metálicas: -14% e agrícolas: -8%), recuperação do dólar norte-americano perante outras moedas do mundo e o aumento de aversão a risco - oriundo da “descentralização” das projeções de desaceleração global, antes muito concentradas nos EUA. Desde 23/07, o Real perdeu 10,5%, atingindo a marca de R$ 1,76/US$, com viés de perdas adicionais. A queda do preço das commodities, sobretudo no segmento de alimentos, já vem sendo sentida em alguns índices de inflação. As conseqüências da mudança de patamar da relação Real/dólar, se permanentes, são ainda desconhecidas. 21


Mais um motivo para o BC continuar firme na condução da política monetária, deixando em aberto os próximos passos. Ø Atividade, sinais de desaceleração ainda tênues O cenário de atividade ainda se mostra incerto, apesar do aperto de juros promovido pelo BC desde abril. Nossos modelos indicam que o ápice da atividade, que continua em nível elevado, se dará no terceiro trimestre de 2008. A política monetária só começará seu efeito mais forte no último trimestre de 2008. Já em 2009, deveremos observar um ritmo de crescimento do PIB inferior ao verificado nos últimos dois anos. A produção industrial volta a gerar preocupação. Após ter vivido o primeiro semestre em virtual estagnação, nos últimos dois meses observamos o movimento de recuperação baseado em recomposição de estoques. Alguns dados de crédito (sobretudo no segmento de pessoas físicas) começam a mostrar alguns sinais de desaceleração, inclusive em venda de automóveis. Porém, observando o comportamento dos bancos, a avidez pela contração de funding mostra que a concessão de crédito, com exceção de algumas modalidades (como consignado) continua firme. Atualmente, está cada vez mais claro que, apesar da influência da elevação nos preços de alimentos e em outras commodities como petróleo, o processo inflacionário em curso no Brasil tem sido alimentado também por demanda. Segundo o nosso cálculo baseado na metodologia do filtro HP, o PIB potencial brasileiro hoje está ao redor de 4.7% anuais, nível inferior ao da expansão verificada recentemente em nosso produto. Projeção de hiato do produto

Fonte: CNI/IBGE; Modal Asset O hiato do produto continua ajudando a pressionar a inflação, sempre com dois trimestres de defasagem. Em outras palavras, é provável que a pressão de preços continue ao longo do segundo semestre, até que a elevação da taxa SELIC e a conseqüente abertura na curva de juros reais comece a fazer efeito. Aceleração do IPCA x Hiato do Produto 22


Fonte: CNI/IBGE; Modal Asset Em termos de juros reais, desde o início do aperto monetário, o BC conseguiu cerca de 1,5% de ganho neste campo. O juro real (swap de 12 meses versus IPCA projetado para o mesmo período) saiu da casa dos 7,5% para o patamar de 9%. Acreditamos que o BC irá perseguir, em uma combinação entre juros nominais e queda de expectativas, um juro real ao redor de 10%. A extensão do processo de aperto monetário dependerá, sobretudo, da evolução das expectativas de inflação para 2009, tornando-se imperativa a quebra do suporte de 5%, persistente por semanas. Juro real prospectivo (Swap de 12 meses X Inflação anual projetada no Boletim Focus)

Fonte: Bacen e BM&F Reação dos mercados à decisão do COPOM O mercado chega à reunião do COPOM bastante concentrado na aposta de 0,75% na elevação na taxa SELIC. Certamente, o mercado externo tem sido muito mais importante na definição da direção dos mercados do que a decisão do BC. O mercado de DI, no vértice janeiro/10, precifica a alta de 0,75% na reunião de setembro, mais três elevações consecutivas de 0,5% nos encontros seguintes 23


e 50% de chances de majoração de 0,25% na quinta reunião, já em março/09. O mercado parece estar bem ajustado em termos de relação retorno/risco. Porém, como acreditamos na elevação de 0,75% com manutenção de discurso duro, acreditamos que o mercado tenha que precificar de alguma forma a possibilidade de mais uma alta de 0,75% em outubro, o que jogaria o vértice DI Janeiro/10 para patamar próximo a 15% ao ano. No caso da bolsa, qualquer decisão do COPOM tem pouca importância. Estamos vivendo um período de grande desalavancagem de commodities e mercados emergentes, o que está ensejando uma forte realização de lucros nas ações brasileiras. Este movimento supera qualquer análise de valuation, que por sinal começa a ficar atrativa para alguns papéis. Cabe lembrar que o Ibovespa já perdeu 1/3 de seu valor, desde a máxima atingida em maio/08. No caso do câmbio, a questão técnica é ainda mais preocupante. O “mundo inteiro” está comprado no Real e se houver uma desalavancagem de posições, mesmo o diferencial de juros não será suficiente para conter uma desvalorização adicional de nossa moeda, mesmo com todos os nossos bons fundamentos (altas reservas e déficit em transações correntes totalmente coberto pelo investimento direto). No mercado de ativos ligados à inflação , independente do resultado do COPOM, continuamos a apostar mais em ativos ligados em IPCA, evitando posições ligadas a IGP-M. Os indicadores de atacado apresentam comportamento de difícil previsão no curto prazo, por conta da influência dúbia da queda da cotação das commodities – positiva para a inflação - e a alta do dólar – negativa para o comportamento de preços. Alexandre Pavan Póvoa Tel. 21 3223 7860 Diretor Responsável Ivo Chermont P. L. de Vasconcellos Tel. 21 3223-7781 Tomás Fonseca Goulart Tel. 21 3223-7750 * Diretor da Modal Asset *Este artigo expressa a opinião do seu autor. O Acionista.com.br não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações dadas no artigo ou por eventuais prejuízos de qualquer natureza em conseqüência do uso destas informações. Advertência: As informações econômico financeiras apresentadas no Acionista.com.br são extraídas de fontes de domínio público, consideradas confiáveis. Entretanto, estas informações estão sujeitas a imprecisões e erros pelos quais não nos responsabilizamos. As opiniões de analistas, assim como os dados e informações de empresas aqui publicadas são de responsabilidade única de seus autores e suas fontes. O objetivo deste portal é suprir o mercado e seus clientes de dados e informações bem como conteúdos sobre mercado financeiro, acionário e de empresas. As decisões sobre investimentos são pessoais, não podendo ser 24


imputado ao acionista.com.br nenhuma responsabilização por prejuízos que eventualmente investidores ou internautas, venham a sofrer. O acionista.com.br procura identificar e divulgar endereços na Internet voltados ao mercado de informação, visando manter informado seus usuários mais exigentes com uma seleção criteriosa de endereços eletrônicos. Essa divulgação é de forma única, e os domínios divulgados são direcionados a todos os internautas por serem de domínio público. Contudo, enfatizamos que não oferecemos nenhuma garantia a sua integralidade e exatidão, não gerando portanto qualquer feito legal. DINHEIRO É CICLO DE CONFIANÇA (como psicologia, o dinheiro é figura ou psicanálise, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geohistórias). Já que tudo é onda e tudo é psicologia, em tese poderíamos “ouvir” os estados de espírito das PESSOAS e dos AMBIENTES.

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Ouviríamos os estados de espírito, desde que pudessem sem modulados. A EVOLUÇÃO DO DINHEIRO a) pessoal: a.1. individual; a.2. familiar; a.3. grupal (reaparece quando a fé nas outras decai); a.4. empresarial; b) ambiental: b.1. urbano-municipal (existiu nas cidades-estado e cada qual tinha a sua); b.2. estadual; b.3. nacional; b.4. mundial (não há, ainda). O dólar americano “fez as vezes” de moeda mundial, universalmente aceita durante 50 ou 60 anos, mas sua influência começa a minguar, o que acontece quando, como agora, a crença na universalidade dos institutos americanos decresce. Ora, se falamos de “perda de tempo” falamos automaticamente de “perda de dinheiro” (ou vice-versa, pois dinheiro e tempo são intercambiáveis), o que pode ser estabelecido com sua métrica, com sua medida. Podemos metrificar as PERDAS PSICOLÓGICAS através do dinheirométrico, das relações das moedas ou das métricas nacionais. Podemos medir a perda mundial psicológica simplesmente referenciando tudo ao dólar, o campo absoluto de todos os relativos (por enquanto e não por muito tempo ainda). 26


Capítulo 6 Isso é Tudo? QUANTO poderíamos poupar de todo o tempo gasto como psicologia mais esperta e até espertíssima? INDAGAÇÃO PROFUNDA (quem sabe, ao final, um tanto assim tal proporção mais vantajosa: 1/16)

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1 QUIÇÁ 1. diminuição da população a ½ ou 1/3; 2. verticalização radical das moradias (prédios de 1.000 ou 2.000 m de altura); 3. “eletronização” das atividades (veja a cartilha Exercício de Pensamento); 4. trabalho caseiro ou teletrabalho; 5. avanço mais rápido do trem de ondas do Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática), particularmente do motor da tecnociência; 6. outros redutores. E o que as pessoas fariam com o tempo ganho? Iriam enriquecer temporalmente, ficar folgadas, deixando apenas de fazer o desnecessário. SOMENTE O NECESSÁRIO (e não apenas no sentido de comer menos, como em Mogli, o Menino Lobo)

Somente o Necessário Mogli [balu] Eu uso o necessário Somente o necessário O extraordinário é demais Eu digo necessário Somente o necessário Por isso é que essa vida eu vivo em paz Assim é que eu vivo E melhor não há Eu só quero ter O que a vida me dá Milhões de abelhas vão fazer Fazer o mel pra eu comer 27


E se por acaso eu olhar pro chão Tem formigas em profusão Então, prove uma [mogli] Você come formigas? [balu] Tranquilamente... E você vai adorar a coceira que elas dão [baguera] Mogli, cuidado! [balu] E o necessário pra viver Você terá [mogli] Mas quando? [balu] Você terá Eu uso o necessário Somente o necessário O extraordinário é demais Eu digo o necessário Somente o necessário Por isso é que essa vida eu vivo em paz Vejam o pica-pau, pau Que só pensa em picar [mogli] Ai! [balu] Ele vai se dar mau, mau Pra se alimentar Não pique a pera no pé Pois pera picada no pé Nunca presta, pois é Não vai dar pé Você vai dar mal Não pique essa pera como um pica-pau Você entendeu esse angu? [mogli] Claro que sim, balu [baguera] Ah! puxa vida! Isso até parece conversa de louco! [balu] Vamos, baguera, entre no compasso E o necessário pra viver você terá [mogli] Está pra mim! [balu] Você terá Já que você está aí em cima Quer coçar meu ombro esquerdo, hein, mogli 28


Não, não agora o direito Isso mesmo Assim, assim Isso é uma beleza Isso é muito bom Eu agora preciso arranjar uma árvore Porque isso merece uma grande esfregadela [mogli] Você é gozado, balu [balu] Assim... É uma delícia Só um pouquinho mais

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Com o modelo não precisamos mais de tanta gente, até porque para passar ao espaço dito sideral devemos morrer todos, para nascerem lá os outros, já adaptados dentro da NOVA EVOLUÇÃO dos novos-seres (golfinhos, baleias, elefantes, primatas e seres humanos expandidos; robôs; ciborgues e andróides). Por agora desperdiçamos ainda muito tempo construindo em excesso casas, estradas, hospitais, redes de saneamento e tratamento de águas servidas, túneis, viadutos, meios de transportes e de tudo mesmo. Exageramos a dose, comprometemos a Terra, submetemo-nos uns aos outros a superesforço e sobretrabalho. Se o Primeiro Objetivo é ver i (ELI, Elea, Ele-Ela, DeusNatureza) não-finito, um dos objetivos subseqüentes é sermos o mais econômicos possível quanto à destruição DE QUALQUER COISA, inclusive e principalmente da Psicologia e da Vida gerais.

Capítulo 7 Perda de Tempo O MUNDO DE UM DIA SÓ

O MUNDO DE UM SÓ DIA AUTOR: PHILIP JOSÉ FARMER A AÇÃO DESTE LIVRO SE PASSA MUITOS SÉCULOS NO FUTURO, QUANDO O HOMEM ESTÁ ENFRENTANDO UM GRAVE PROBLEMA DE SUPERPOPULAÇÃO. A SOLUÇÃO ENCONTRADA É SIMPLES: CADA INDIVÍDUO TEM À SUA DISPOSIÇÃO UM DIA POR SEMANA PARA VIVER, TRABALHAR E AMAR. DURANTE OS OUTROS SEIS DIAS, ELE FICA CONGELADO, MANTIDO EM ANIMAÇÃO SUSPENSA ATÉ QUE SEU DIA CHEGUE NOVAMENTE. EDITORA FRANCISCO ALVES MUNDOS DA FICÇÃO CIENTÍFICA ANO: 1989 336 PÁGINAS FORMATO: 14 x 21 cm Mesmo que os (a caminho de) 7 bilhões de indivíduos da Terra atual ficassem suspensos 6/7 do tempo e só estivesse a cada dia acordado um bilhão, ainda haveria correria, porque essa afobação está fixada em nosso espírito hodierno. E logo empurraríamos o 1,0 bilhão a 7,0 bilhões, por “sobrar” espaço. 30


Não, o caminho não é esse, é o de nos auto-disciplinarmos maciamente, calmamente, mansamente, com educação e respeito aos outros e a nós mesmos. Soluções não são fáceis, são sempre demoradas e difíceis. A PERDA DE TEMPO não está no tempo desperdiçado em si, o que já é ruim, está principalmente no fato de não aproveitá-lo melhor em coisas boas, na valorização dos seres: de que adiantou haver muito tempo livre em certas passagens da geo-história se não sabiam aproveitá-lo com dignificações e engrandecimentos?

Capítulo 8 Tempo da Perda Cada era tem suas perdas distintas. PERD-ERA ERA TEMPO IDADE ANTIGA de 9 mil a.C. a 476 IDADE MÉDIA de 476 a 1453 IDADE MODERNA de 1453 a 1789 IDADE CONTEMPORÃNEA de 1789 a 1991 IDADE PÓS-CONTEMPORÂNEA de 1991 para diante OSCILAÇÕES DAS PERDAS (elas também vão ser maiores ou menores)

(como curiosidade, vemos que a Amazônia interfere no clima mundial): uns tipos de civilizações provocam mais perdas pessoambientais que outras

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Em alguns mundos vai haver amortecimento muito rápido, enquanto em outros a oscilação permanecerá indefinidamente.

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Estudos de civilizações comparadas nos permitiriam ver isso: como era o uso de seres humanos em Roma? Aliás, o chamado Império Americano foi extremamente benéfico no sentido de que muitas máquinas foram postas a serviço da redução da carga direta de trabalho, o que aplaudo ardentemente. Sem dúvida alguma é um tema interessantíssimo para teses de doutorado e pós-doutorado. O TEMPO DA PERDA é este nosso, pois somos nós que o estamos perdendo; mesmo quem tem tempo de sobra não sabe aproveitá-lo para ver. Os gurus e os iluminados também não trabalharam a contento para ensinar a humanidade.

Capítulo 9 Tudo Isso Então, a vida na Terra se resume a essa correria para lá e para cá? Evidentemente que não, taxativamente não. A VIDA NA TERRA 7. iluminados 6. santos-sábios 5. estadistas 4. pesquisadores 3. profissionais 2. lideranças 1. povo TODOS PERDEM TEMPO COM PROBLEMAS INVENTADOS (os iluminados, que em tese não teriam problemas nenhuns propõem-se resolver os problemas inventados pelos outros) Pois o cenário que emergiu no modelo é este:

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a)

o universo não-finito em espaço e tempo verá espocar em si em quaisquer espaçotempos um universo particular (digamos, este); b) que dura (o nosso) já 13,7 bilhões de anos; c) a vida na Terra vem de 3,8 bilhões de anos; d) os primatas de 100 milhões; e) os hominídeos de 10 milhões; f) com os 300 a 200 mil anos dos neanderthais começou a acumulação coletiva das preocupações através da Língua geral; g) houve apuro com os CRO-magnons desde 80 a 70 mil anos; h) mais ainda com a invenção da língua-escrita há 5,5 mil anos; i) e muito mais com a divulgação do conhecimento a partir da Bíblia de Gutenberg há 550 anos; j) e a propagação tornou-se alucinada com a Internet há 25 anos. Entrementes, veja, o pluriverso é NÃO-FINITO em espaço e tempo, não importando mesmo nada o quanto debatemos (isso não deslegitima as preocupações com os outros, pelo contrário). Não-finitamente em qualquer direção, não-finitamente em qualquer tempo EXISTIRAM, EXISTEM e EXISTIRÃO universos em quantidade e qualidade não-finita. Os seres pensantes, os racionais, os psicológicos de toda parte (inclusive nos planetas e mundos deste universo) estão quebrando a cabeça para resolver as questões universais: para quê nascemos, por quê existimos, qual o sentido da vida? É, naturalmente, fazer perguntas. Não é consumir coisas. Não é ser consumido por elas. É acessar i, é compreender o par não-finito (que, aliás, só é par divisível para nós, os confusos racionais).

Capítulo 10 Toda Perda Não obstante, o que vemos na geo-história de todos os espaçotempos? Vemos gente angustiada correndo de um lado para outro em busca de objetos, tentando contentar suas mentes com essa IDÉIA DE POSSE, pois a posse em si não existe, exceto no sentido de obstaculizar o uso por outros. As coisas NÃO SÃO realmente de qualquer um. Não são. Morremos e as coisas ficam, pois vemos como ficaram para trás as coisas de outros. Muitos já morreram, tivemos notícia disso, e não levaram as coisas, que ficaram com outros. Por sistema de convenção, com os herdeiros, nomeados ou não. O tempo todo estamos perdendo coisas: 1. porque não eram o que prometeram em troca do nosso dinheiro; 2. por ter dado defeito logo; 3. por terem sido roubadas; 4. por termos dado; 5. por terem emprestado sem devolver; 6. por morrermos; 34


7. por os objetos deteriorarem; 8. por outros perderem o que julgamos nosso; 9. por mil motivos. E há a perda de nós mesmos. De nosso tempo de diversão, de pessoas de que gostamos, de tempo de quietude, de tempo para olhar a i, da chance de estarmos com nossos filhos, de olharmos as paisagens. Enfim, de mil modo perdemos – e não apenas coisas supérfluas. Perdemos diamantes verdadeiros: a oportunidade de estar com animal-amigo, com amigo, com amiga, com crianças ou simplesmente olhando todas as criações de i ou dos seres humanos. Enfim, o chamado Livro da Natureza está aberto e se não o consultamos, se não nos maravilhamos com ele o problema é nosso. Tanto perdemos nosso tempo quanto fazemos os outros perderem o deles com excesso de tarefas, tarefas inventadas e desnecessárias. Deveríamos buscar compreender e estar ensinando, com toda urgência e dedicação, o que sabemos. Vitória, quinta-feira, 03 de dezembro de 2009. José Augusto Gava.

ANEXOS Capítulo 2 DISTRIBUIÇÃO DAS RENDAS

Distribuição de renda Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Distribuição de renda na economia é a forma como a renda é distribuída pelos habitantes de um país ou região. Introdução Um dos temas que mais intriga os economistas é como medir o resultado das atividades econômicas, ou seja, como avaliar corretamente a riqueza que é produzida. A forma mais tradicional de se medir o desempenho da economia de um país é pela análise de seu Produto Interno Bruto - PIB e de seu corolário, a renda per capita - que nada mais é o que o valor do PIB dividido pelo número de habitantes. O PIB nos diz qual é a riqueza total de um determinado país. Dividí-la, aritmeticamente, pelo número de seus habitantes nos dá uma idéia - muito imperfeita - do padrão de vida de sua população. Já em 1908 dizia Schumpeter: ''Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão que existe num país ou no mundo, mas todos medem sua utilidade de acordo com a quantidade disponível para si, e isso, por sua vez, depende da quantidade total). [1] Um país pode ser muito rico e seus habitantes muito pobres [2]. Ou pode não ser tão rico e seus habitantes desfrutarem de um padrão de vida superior ao de um país que tenha uma renda per capita maior. O que determina essa diferença é o perfil da distribuição de renda, ou seja, como a riqueza total que é produzida no país se distribui entre os habitantes. Para analisar estas questões de distribuição de renda na economia foram criados diversos índices estatísticos. Dentre os mais conhecidos encontra-se o 35


P90/P10 ou 10% mais ricos a 10% mais pobres, que mede quanto o grupo formado pelos 10% mais ricos da população recebe em comparação ao grupo dos 10% mais pobres. Outro índice muito conhecido é o Coeficiente de Gini. Alguns índices têm sua origem na sociologia e ajudam a compreender como os habitantes de um país se beneficiam (ou não) com a riqueza ali produzida. O principal deles é o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH. Muitos querem relacionar os problemas de distribuição de renda a questões ideológicas. Na realidade trata-se de uma questão fundamental de macroeconomia e com ela se preocupam as maiores entidades mundiais, adeptas das mais variadas ideologias, da extrema direita à extrema esquerda. [3]

A distribuição de renda no Brasil O Brasil possui grande parcela da população incapaz de atender às suas necessidades básicas e a distribuição de renda é uma das mais desiguais do mundo [4]; o Coeficiente de Gini do Brasil em 2001 era de 0,594 [5], melhor apenas que a Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia [4] . A concentração de renda permaneceu praticamente inalterada durante as últimas quatro décadas, com seus índices oscilando dentre as 10 últimas posições do mundo, dando os primeiros sinais de melhora somente a partir de 2001. Nos últimos anos, o país tem conseguido aliar o crescimento econômico com a redução da desigualdade. Estatísticas mostram [6] que a partir do último trimestre de 2002 a distribuição de renda no Brasil começou melhorar lentamente [5]. Em 2004, ocorreu o primeiro avanço significativo para a diminuição da desigualdade econômica no país: a taxa de crescimento da renda per capita para os mais pobres foi de 14,1%, enquanto a renda per capita média cresceu 3,6% no mesmo período. Contribuiu para essa melhora no quadro de distribuição de renda no país [7] um programa de transferência direta de renda, chamado, no governo Lula, de Bolsa família. Apesar disso, ainda não há garantia de que tal melhora será mantida no longo-prazo caso seja retirado o Bolsa Família , dado que não se sabe em que medida a transferência de renda implica incentivos para as famílias pobres de investir na educação dos filhos, o que afeta de forma mais significativa a renda familiar de longo-prazo. Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstrou que a desigualdade entre os rendimentos dos trabalhadores brasileiros (população economicamente ativa) caiu quase 7% entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro de 2008. Nesse período, o Coeficiente de Gini na renda do trabalho, ou o intervalo entre a média dos 10% mais pobres da população e a média dos 10% mais ricos, caiu de 0,543 para 0,505. "Para um país não ser primitivo, esse índice precisa estar abaixo de 0,45", afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, em entrevista à BBC Brasil [8]. No Brasil, a alta concentração de renda no topo da pirâmide dificulta a sua medição através dos índices mais comuns como o P90/P10. Isso por causa da anormalidade da distribuição: a metade pobre da população brasileira ganha em soma quase o mesmo valor (12,5% da renda nacional) que os 1% mais ricos (13.3%). [9] Gastos sociais no Brasil Uma característica peculiar do Brasil seria o fato da alta carga tributária não estar associada a uma baixa desigualdade de renda. Países como Reino Unido e Espanha, que possuem cargas tributárias semelhantes à brasileira, têm uma desigualdade de renda consideravelmente menor. Observa-se também, e 36


talvez como fator causal do primeiro problema, que o Brasil não tem sido eficaz em utilizar o sistema tributário e de gasto social para reduzir substancialmente sua alta desigualdade de renda, ou seja, não estaria ocorrendo uma efetiva transferência de renda das camadas mais ricas para as mais pobres;[10] na realidade ocorre exatamente o oposto [11]. Em 2002, os gastos com aposentadorias e pensões representaram 73% das despesas com transferências monetárias realizadas pelo governo, havendo um perfil regressivo na distribuição, pois a maior parte é apropriada pelas camadas mais favorecidas. Já os programas sociais de transferência simples de renda, com o objetivo de garantir uma renda mínima às famílias mais pobres, representaram apenas 1,5% do total das transferências governamentais.[10] Quanto aos gastos com educação, grande parte do orçamento se direciona ao ensino superior, havendo poucos recursos para os demais níveis da educação, o que leva a distorções sociais relevantes. Calcula-se que cerca de 46% dos recursos do Governo Central para o ensino superior beneficiam apenas indivíduos que se encontram entre os 10% mais ricos da população. De todo modo, na última década, o acesso ao ensino fundamental no Brasil melhorou e ajudou a reduzir a desigualdade educacional.[10] Um artigo publicado por José Márcio Camargo relata que, pelo fato das famílias pobres se depararem com essa baixa qualidade do ensino, elas tenderiam a dar pouca atenção à educação dos filhos. O menor investimento no capital humano dos filhos pelas famílias mais pobres pode criar um ciclo vicioso, pois como esta decisão implica a permanência da pobreza dos filhos no futuro, dado a baixa qualidade da mão-de-obra (consequentemente dos salários), ao lidarem com o mesmo problema, tenderiam a tomar a mesma decisão sobre seus filhos, perpetuando assim a pobreza.[12] Modelo concentrador O modelo de tributação no Brasil é altamente 'concentrador de renda'. Isso porque o Estado cobra impostos de todos, inclusive - e até principalmente dos muito pobres ("tributação indireta regressiva", que incide sobre os bens de consumo popular e da classe média, que são fortemente tributados) [11]. A Carga Tributária Bruta é constituída por tributos diretos – que incidem sobre a renda e o patrimônio – e por tributos indiretos – que incidem sobre o consumo. É sabido que a tributação indireta têm características regressivas, isto é, incidem mais sobre os mais pobres, enquanto que a tributação direta possui efeitos mais progressivos, incidindo mais sobre os mais ricos [11]. No Brasil o peso da tributação indireta é muito maior do que o da tributação direta, tornando regressivo o efeito final do nosso sistema tributário. Ademais, o grau de progressividade da tributação direta ainda é baixo no Brasil. O décimo mais pobre sofre uma carga total equivalente a 32,8% da sua renda, enquanto o décimo mais rico, apenas 22,7%. Isso provoca a perpetuação do efeito 'concentrador de renda', inaceitável num país com acentuada desigualdade de renda como o Brasil [11]. Um retrato da distribuição de renda no topo da pirâmide: a cidade de São Paulo Dados estatísticos oficiais de distribuição de renda no topo da pirâmide de renda no Brasil como um todo não estão disponíveis, mas um estudo, com fins mercadológicos, feito pela consultoria Escopo Geomarketing, cruzando dados do IBGE para a cidade de São Paulo, revela que os paulistanos gastam 4 bilhões de reais por ano em produtos de alto luxo. O cruzamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constatou que um pequeno grupo 37


de 24.700 paulistanos, que representam 0,24% da população da cidade de São Paulo, residem em domicílios cujo rendimento familiar médio mensal está acima de 50.000 reais. Desses, 7.880 têm renda disponível de 1 milhão de reais por ano, e, no topo deste grupo, noventa domicílios paulistanos têm renda de 1 milhão de reais por mês.[13] Ver também • Bolsa família • Coeficiente de Gini • Concentração de renda • Desenvolvimentismo • Desigualdade econômica • IDH - Índice de Desenvolvimento Humano • Índice de Theil • Lista de países por igualdade de riqueza • Princípio de Pigou-Dalton • Pobreza • Programa de Aceleração de Crescimento - PAC • Renda básica de cidadania • Estado de bem-estar social Ligações externas • Políticas Económicas de Desenvolvimento - (para entender mais sobre o assunto) • SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel. Por que um novo desenvolvimentismo ?. Jornal dos Economistas no. 186, janeiro de 2005, p. 3-5 • (em inglês) STIGLITZ, Joseph E. More Instruments and Broader Goals: Moving Toward the Post-Washington Consensus. The 1998 WIDER Annual Lecture. Helsinki, Finlândia, 07/1/1998. • GOIS, Antônio. Desigualdade no país pára de cair em 2006. Rio de Janeiro: Folha de S.Paulo. In: Folha Online, 12/04/2007, 10h13 Referências 1. ↑ (em inglês) SCHUMPETER, Joseph E. On the Concept of Social Value. in Quarterly Journal of Economics, volume 23, 1908-9. Pp. 213-232 2. ↑ GARDELS, Nathan.Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse processo funcionar é usar o chamado "modelo escandinavo" . Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006 3. ↑ Grupo do Banco Mundial-FMI Pede Mais Esforços para Reduzir Pobreza. Escritório de Programas de Informação Internacional do Departamento de Estado dos EUA (usinfo.state.gov) 4. ↑ 4,0 4,1 Desigualdade de renda no Brasil é uma das maiores do mundo. Agência Lusa, in Jornal da Mídia, 07/09/2005 - 16:11 5. ↑ 5,0 5,1 Nota Técnica n° 14., Fortaleza-CE: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), fonte: Microdados da PNAD Cálculos do IPECE, Jan/2006 6. ↑ BILLI, Marcelo. Desde 2001, crescimento favorece pobres. São Paulo: Folha Online, Dinheiro, Folha de S. Paulo, 24/12/2006 7. ↑ Bolsa Família: Elogios, também, do Banco Mundial 8. ↑ GLYCERIO, Carolina. BBC Brasil em São Paulo Desigualdade entre rendimentos de ricos e pobres cai 7% desde 2002, diz Ipea. São Paulo: BBC Brasil, 23/06/2008 - 14h06, in UOL Economia, Últimas Notícias 38


↑ SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel; organizadores. op. cit., p.XXVIII 10. ↑ 10,0 10,1 10,2 Ministério da Fazenda – Gasto Social do Governo Central, 2001-2002, Brasília, 2003. 11,0 11,1 11,2 11,3 11. ↑ POCHMAN, Márcio.Desigualdade e Justiça Tributária. Brasília: IPEA, 15 de maio de 2008, p.3. 12. ↑ Almeida, H. e J.M. Camargo, Human Capital Investment and Poverty, Texto para Discussão n. 319, Departamento de Economia, PUC/Rio, 1994. 13. ↑ Clase AAA, Veja São Paulo, Edição Especial Luxo, Vitrines de Ouro, maio 2005 Bibliografias recomendadas • Ministério da Fazenda – Gasto Social do Governo Central, 2001-2002, Brasília, 2003. • M. Pochman, “Gastos Sociais, Distribuição de Renda e Cidadania: uma equação política”, em Econômica, v.5, n. 1 junho 2003 • Ferreira, F.H.G. “Gasto Social no Brasil: algumas considerações sobre o debate” em Econômica, v.5, n. 1 junho 2003. • Hoffmann, R. “aposentadoria e Pensões e a Desigualdade da distribiuição da Renda no Brasil, em Econômica, v.5, n. 1 junho 2003. • Ferreira, F.H.G. e J.M. Camargo “Missing the Target: assessing social expenditures in Brazil” em The Brown Journal of World Affairs, v. VIII., n. 2, winter 2002. • Camargo, J.M. “Política Social no Brasil: prioridades erradas e incentivos perversos”, em São Paulo em Perspectiva, Fundação SEADE/DIEESE, vol. 18, n. 2, abril-junho 2004; • Morley, S. e D. Coady, From Social Assistance to Social Development: targeted education subsidies in developing countries, Denter for Global Development ,Washington D.C., 2003. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_renda" Distribuição de renda no Brasil, um problema de todos. Sexta-Feira, Jun 19 2009 Sobre Economia Evandro 12:32 Economistas vêm trabalhando o tema distribuição de renda há séculos. David Ricardo, exemplificou claramente quando escreveu no início do século XIX, que o principal objetivo da Economia Política( hoje denominada Ciência Econômica ou, simplesmente, Economia) era explicar a distribuição do produto nacional entre proprietários de terra, donos de capital e trabalhadores, na forma de renda, lucros e salários respectivamente. Esse problema é conhecido hoje como “distribuição funcional da renda”. Enquanto nas escolas de pensamento econômico clássico e marxista há explicações distintas (embora integradas) para a determinação dos salários, dos lucros (e juros) e da renda da terra, associando cada uma dessas remunerações a diferentes classes sociais; já a escola neoclássica, procura unificar a explicação da remuneração dos fatores de produção com base nos conceitos de produtividade marginal e de equilíbrio de mercado. De acordo com o relatório de desenvolvimento da ONU em 2005 – que utiliza o coeficiente de Gini pra medir a distribuição de renda – o Brasil ocupa uma posição extremamente alta no nível de desigualdade de renda (5º maior desigualdade de renda do planeta). O Índice de Gini varia de zero (maior igualdade) a 1 (maior desigualdade) e é 9.

39


um dos indicadores mais utilizados nas análises sobre distribuição de renda. Segue abaixo a tabela do World Bank de 2004 -Nota-se que o Brasil apresenta um dos mais altos Índices de Gini entre os países selecionados (0,591), bem como uma das maiores concentrações de renda na comparação entre a renda apropriada pelos 40% mais pobres e pelos 10% mais ricos. Essa concentração de renda brasileira é bem maior, inclusive, do que a de países mais pobres da África.

Apesar de se situar entre os países de renda per capita média, todos os indicadores apontam para uma enorme desigualdade de sua distribuição. Em função disso, pode-se dizer que o Brasil não é um país pobre, mas um país de muitos pobres. Assim, a desigualdade pode ser considerada o principal problema do país, e deve ser objeto da atenção especial das políticas públicas. Em comparações internacionais, os países latino-americanos em geral, e mais particularmente o Brasil, destacam-se pela elevada desigualdade da distribuição da renda. A seguir, o gráfico da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), traz a distribuição acumulada dos rendimentos familiares per capita para o ano de 2003. Observa-se que a linha dos rendimentos é bastante horizontal até o sétimo decil dos indivíduos (ordenados segundo sua renda domiciliar per capita), acentuando sua trajetória ascendente a partir daí, especialmente no último décimo.

Um exercício elaborado pela CEPAL em 2004, demonstra que, se fossem 40


excluídos da análise os 10% mais ricos, o Brasil, com 160 milhões de habitantes, seria o país com maior equidade na América Latina A explicação dessa desigualdade teria de ser procurada na formação e evolução econômico social das antigas colônias de Portugal e Espanha. Um aspecto fundamental foi, sem dúvida, a elevada concentração da posse da terra, especialmente quando a economia desses países tinha como núcleo a produção e exportação de produtos primários. No caso do Brasil, Celso Furtado(um dos maiores economistas brasileiros) destaca a extrema concentração da renda na economia açucareira colonial. O mesmo pesquisador, ao analisar as conseqüências da abolição do trabalho escravo, afirmava em suas obras que, praticamente em nenhuma parte houve modificações de real significação na forma de organização da produção e mesmo na distribuição da renda. Uma objeção sempre levantada contra as propostas de redistribuição da renda é a da falta de credibilidade do governo. A credibilidade do governo perante a população constitui condição essencial para que ele possa promover ações no sentido de reduzir a desigualdade. Associada a ela, está a questão da distribuição do gasto social do governo, que freqüentemente beneficia mais os relativamente ricos do que os relativamente pobres. Embora haja consenso (pelo menos aparente) sobre necessidade de diminuir a desigualdade, toda medida específica gera polêmica. Deve-se ou não cobrar anuidades nas universidades públicas? Deve-se ou não taxar as aposentadorias de funcionários públicos acima de determinado nível? A Receita Federal pode ou não usar as informações decorrentes da cobrança das movimentações financeiras para localizar sonegadores? Em quanto deve aumentar o salário mínimo? Um movimento no sentido de diminuir a desigualdade da distribuição da renda no país certamente não pode se basear apenas em determinada política econômica. Na realidade, praticamente toda política econômica tem um impacto, maior ou menor, sobre a distribuição da renda: política fiscal, previdência social, política de crédito, política educacional, reforma agrária etc. Alterações na legislação também podem ter impacto importante. A dificuldade na análise de cada medida é levar em consideração seus diversos efeitos diretos e indiretos, como fica claro na discussão sobre o aumento do salário mínimo. Contudo, muitas pesquisas mostram uma associação da desigualdade da distribuição da renda no Brasil com o nível e a distribuição da escolaridade e o aumento acelerado da escolaridade é uma estratégia que levaria ao crescimento econômico com menor desigualdade. Finalmente, cabe ressaltar que as ações de organizações comunitárias e não governamentais podem dar contribuição substancial para reduzir as desigualdades econômicosociais no Brasil. O problema está no nosso dia-a-dia e as soluções já foram mostradas. Agora basta agir. Economia Aplicada Print version ISSN 1413-8050 Econ. Apl. vol.13 no.2 Ribeirão Preto Apr./June 2009 doi: 10.1590/S1413-80502009000200004 ARTIGOS Mudança na distribuição de renda brasileira: significância estatística e bem-estar econômico * Erik Alencar de FigueiredoI; Flávio Augusto ZiegelmannII 41


I

Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da Paraíba, email: eafigueiredo@gmail.com II Departamento de Estatística, Programa de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul RESUMO Este estudo busca verificar a significância estatística da mudança na distribuição de renda brasileira no período de 1987 a 2005. Para tanto, adotou-se uma série de instrumentais estatísticos, destacando-se o cálculo dos desvios padrões das medidas de desigualdade, o teste de Kolmogorov-Smirnov, as estimativas das densidades não-paramétricas via suavização por kernels e bootstrap e as dominâncias estocásticas de primeira e segunda ordens. Os resultados apontam para uma alteração significativa no padrão distributivo. Por fim, conclui-se que as mudanças na distribuição de renda são condizentes comum maior nível de bem-estar econômico. ABSTRACT This study aims at verifying a statistically significant change in Brazilian income distribution during the period between 1987 and 2005. To do so we adopt several statistical tools, as the calculation of standard deviations of inequality measures, Kolmogorov-Smirnov test, nonparametric density estimation via kernel smoothing and bootstrap, and stochastic dominance of first and second orders. The results point to a significative change in the income distributive pattern. Finally, we conclude that changes in income distribution are related to higher levels of economic welfare. 1 Introdução A economia brasileira foi submetida a importantes transformações nos últimos vinte anos. Os processos de abertura comercial e estabilização dos níveis de preços desencadearam uma série de efeitos econômicos não negligenciáveis, destacando-se as alterações na estrutura da distribuição de renda, caracterizadas pela melhora nos indicadores sociais, tais como, concentração de renda, pobreza e bem-estar.1 No que se refere às alterações nos índices de concentração dos rendimentos, os dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (PNAD), relativos aos anos de 1987 e 2005, detectam um recuo de 5,3% no índice de Gini para a renda per capita. Em um primeiro momento, este percentual parece inexpressivo, porém, em se tratando do índice de desigualdade, representa uma queda substancial. Entre os 75 países para os quais há informações relativas à evolução da desigualdade, menos de um quarto apresentou tamanha redução citepipea. De fato, a alteração recente na distribuição dos rendimentos brasileiros tem tomado lugar de destaque na literatura especializada. Barros e Mendonça (1995), por exemplo, concluem que a desigualdade de renda aumentou continuamente entre 1960 e 1990. Nesse período, o grau de pobreza e bemestar seguiram os padrões de crescimento, melhorando quando havia crescimento e piorando quando havia declínio. A partir da década de noventa, há uma redução da desigualdade que, de acordo com Figueiredo et al. (2001), disfarça o aumento da polarização dos rendimentos. Ou seja, abriu-se um abismo entre os salários dos trabalhadores qualificados e os não-qualificados. Esses resultados foram contestados por 42


Hoffmann (2008). De acordo como autor, a formação de picos na distribuição, associada à tendência de as pessoas declararem valores "redondos" para seu rendimento, interfere no índice de polarização. Controlado por esse fator, a polarização teria caído nos últimos anos.2 No que se refere aos níveis de pobreza, houve uma redução percentual em torno de 6,8% no período de 1987 a 1999 (Barros et al. 2001). Estes resultados são confirmados por Ramos e Santana (2003), considerando o período de 1991 a 2001. Os autores constataram uma diminuição tanto no número de indigentes e pobres como nas suas condições (intensidade e severidade da pobreza, distribuição de renda entre os indigentes e pobres). Em resumo, os dados apontam para uma transformação recente na estrutura distributiva brasileira, caracterizada, em linhas gerais, pelo aumento da remuneração nos estratos inferiores de renda. Contudo, não obstante a importância desses resultados, não é verificada a significância estatística dessas alterações, tampouco é discutida a relação entre a "melhora" nos indicadores e os níveis de bem-estar experimentados pela sociedade. Portanto, estes resultados podem ser questionados em duas frentes. Primeira, sob prisma da análise estocástica, é possível que os movimentos sugeridos pelos indicadores estatísticos, sejam frutos de: a) uma variação aleatória pura ou; b) uma genuína alteração na estrutura dos dados. Por conta disso, torna-se imperativo questionar: houve uma mudança estatisticamente significativa na distribuição de renda brasileira? Segunda, qual o impacto das transformações ocorridas na distribuição de renda sobre o nível de bem-estar econômico brasileiro? Ou seja, as transformações estão, de fato, caracterizando uma "melhoria" do ponto de vista agregado? Esses questionamentos já foram, em certa medida, realizados na literatura internacional. Jenkins (1995) e Burkhauser et al. (1999) aplicam instrumentais não-paramétricos no sentido de estabelecer a significância estatística da mudança na distribuição de renda norte-americana e inglesa. Sob o ponto de vista da associação dos níveis de desigualdade e bem-estar social, destacamse os estudos de Bishop et al. (1993), Chen et al. (1994) Makdissi e Grouleau (2002), entre outros. Em uma investigação recente, Azevedo (2007) esboça um primeiro esforço no sentido de determinar a significância estatística da redução da desigualdade brasileira. Entretanto, os resultados vislumbram um pequeno horizonte de tempo, 2001 a 2005, e não estabelecem uma relação formal entre desigualdade de renda e bem-estar econômico. Isto posto, o objetivo deste paper é verificar a significância estatística da mudança na distribuição de renda brasileira no período de 1987 a 2005 e sua relação com o nível de bem-estar econômico. Para tanto, aplica-se uma série de instrumentais estatísticos, destacando-se o cálculo dos desvios padrões das medidas de desigualdade, o teste de Kolmogorov-Smirnov, as estimativas das densidades não-paramétricas via suavização por kernels e bootstrap, e as dominâncias estocásticas de primeira e segunda ordens. A escolha do período entre 1987 e 2005 justifica-se por tornar possível a comparação entre duas etapas distinas da economia brasileira, o antes e o pós abertura econômica, captando, comisso, a trajetória da desigualdade de renda em um período de intensas transformações econômicas. O artigo está organizado como segue. A segunda seção discute os métodos de inferência. Na terceira, será estabelecida a relação entre distribuição de 43


renda e bem-estar econômico. A quarta é destinada à apresentação dos resultados, enquanto na quinta seção apresentamos considerações finais. 2 Métodos de Inferência A detecção de uma mudança significativa na distribuição de renda e sua relação com o nível de bem-estar econômico requerem a aplicação de uma série de instrumentais estatísticos. Algumas dessas ferramentas, tais como o índice de Gini, a curva de Lorenz, o teste de Kolmogorov-Smirnov e as densidades estimadas via kernel e bootstrap, são bastante conhecidas na literatura especializada. Entretanto, alguns métodos necessitam de uma apresentação formal. Nesta seção serão apresentados dois deles: i) a estimação da variância da curva de Lorenz e do índice de Gini seguindo o método proposto por Kovačević e Binder (1997) e; ii) a construção das bandas de variabilidade usando bootstrap para as densidades estimadas via kernel. O primeiro procedimento será util na determinação da significância estatística das alterações da desigualdade e do bem-estar. Já as bandas de variabilidade auxilarão na análise localizada das alterações na distribuição de renda e serão uma análise complementar à do teste de signifância de Kolmogorov-Smirnov para igualdade de duas funções de distribuição de probabilidade. 2.1 Variâncias para as Medidas de Desigualdade Grande parte das análises dos padrões de distribuição de renda envolve os cálculos da curva de Lorenz e do índice de Gini. Contudo, a observação de uma série de indicadores não responde questões relativas a significância estatística, fazendo-se necessária a estimação de suas variâncias. O problema é que esse tipo de inferência envolve algumas dificuldades. Kovačević e Binder (1997) destacam duas delas: a) as estimativas baseiam-se em funções não-lineares das observações, dependendo, muitas vezes, do ordenamento dos dados e; b) seus cálculos podem ser efetuados a partir de desenhos amostrais complexos, tais como amostras estratificadas e conglomeradas. Este último tópico interfere diretamente na hipótese de observações i.i.d.. Do outro lado, a não consideração desses desenhos amostrais pode levar à inflação das variâncias das medidas de concentração (Zheng, 2002). Diante disso, Kovačević e Binder (1997) propõem a estimação da variância de algumas medidas de desigualdade a partir da linearização de Taylor via Estimating Equations (EE). Os autores demonstram que a variância para o estimador será

onde θ N representa o verdadeiro parâmetro em uma população finita, w i os pesos associados às observações e com

,

. A expressão (2.1) servirá como base para os cálculos das variâncias das medidas de desigualdade. Isto posto, considere a definição da curva de Lorenz 44


, , onde µ é a renda média da população, I (·) é uma função indicadora e ξ i é o quantil 100xp de renda da população. Utilizando o método EE, a estimativa para a curva de Lorenz resultará da solução do sistema de equações

para 0 < p < 1. A solução do sistema conduz a

, sendo

o 100xp-th quantil amostral,

= inf{yi ∈ s| (yi ) > p}. Para calcular

a sua variância, utiliza-se a fórmula (2.1) e o seguinte valor para

:

. Já a estimativa para o índice de Gini será obtida a partir da solução da primeira equação do sistemax

resultando em

onde

i

, e são oriundas das soluções do sistema. A variância do Gini é estimada pela equação (2.1), considerando

com . 2.2 Construção das Bandas de Variabilidade para as Densidades Kernel As estimações das densidades via kernel smoothing têm sido frequentemente utilizadas em investigações relativas à mudança no padrão de distribuição de renda.3 Este método permite a visualização de "fotografias" da distribuição estimada dos rendimentos em períodos distintos, sinalizando possíveis mudanças na estrutura dos dados. Na sua forma mais simples, os estimadores kernel são "alisamentos" de histogramas, onde somente os dados situados em uma determinada "vizinhança" do ponto x (onde a densidade é estimada) tem peso grande na estimação da densidade naquele ponto (ver Ziegelmann, 2003). Sua natureza não-paramétrica torna-se imprescindível quando não se tem o conhecimento do processo gerador dos dados. Neste caso, implementa-se o princípio de que "os dados falem por si mesmos", sem a necessidade de suposições a priori 45


sobre a sua distribuição. O estimador kernel de uma função densidade assume a seguinte forma:

onde K é uma função densidade simétrica que satisfaz K(x)d x = 1; N é o tamanho da amostra e; h corresponde ao parâmetro de alisamento ou janela (bandwidth). A estimação da densidade (2.2) depende da escolha da função K e do parâmetro de alisamento h. O estudo optará pela escolha do K ótimo obtido a partir da minimização do erro quadrático médio assintótico integrado.4 Já a escolha do h deve considerar uma importante característica dos dados relacionados à distribuição de renda, qual seja: a caracterização multimodal da distribuição, atribuída a indexação dos salários ao salário mínimo (Neri, Gonzaga e Camargo, 1999). A escolha de um um método plug-in simples, ou seja, baseado numa densidade subjacente normal, pode gerar uma sobresuavização da curva estimada (ver Ziegelmann, 2003). Apesar de isto não ocorrer nos dados analisados posteriormente, provavelmente devido a um tamanho de amostra bastante grande, alguns métodos de seleção serão comparados. É importante notar que seria interessante oferecer intervalos de confiança para a verdadeira função densidade. Um caminho para a construção destes intervalos é a determinação dos momentos amostrais da distribuição do estimador da densidade. Assim, se faria necessário o conhecimento da variância assintótica. Pode ser facilmente demonstrado (para detalhes ver Fan e Yao, 2003) que

onde representa a integral do quadrado da função kernel e -1 o{(Nh) } indica a taxa de convergência para zero do termo restante. Porém, este resultado apresenta uma dificuldade operacional: a variância assintótica depende da verdadeira densidade, f (x), normalmente desconhecida. Diante dessa dificuldade, este estudo opta pela utilização do bootstrap nãoparamétrico. Como já ressaltado, a inferência não-paramétrica é justificável dado que não se tem conhecimento a priori sobre o verdadeiro processo gerador dos dados. Intuitivamente, o bootstrap não-paramétrico baseia-se na distribuição empírica. Ou seja, utiliza-se o vetor de dados x de tamanho n para gerar b amostras pseudo-aleatórias também de tamanho n, onde cada elemento de x é sorteado com reposição e respectiva probabilidade 1/N. Vejamos o método com mais detalhes. Seja F uma função de distribuição populacional para as observações (x i ) e uma estatística de interesse, por exemplo, um estimador para θ. É importante destacar que T N é uma função de F. Deste modo, a função de distribuição acumulada (FDA) para T N , quando os dados distribuem-se de acordo com F, será . Idealmente, o processo de inferência baseia-se em G T (x,F). Entretanto, isso se torna impossível quando F é desconhecida. 46


Em um estudo influente, Efron (1979) propõe o método do bootstrap como uma forma de aproximação para a F desconhecida. Ou seja, busca-se uma F T que seja uma estimativa consistente para F, substituindo-a em GT (·). Desta forma, chega-se a , onde é uma distribuição de bootstrap. Desta forma, considere como os dados gerados pela simulação de bootstrap de acordo com a distribuição F T . Logo, as estatísticas extraídas dessa distribuição

possuirão distribuição

. Sendo

assim, pode-se dizer que a estatística de bootstrap possui distribuição idêntica à T N se a FDA de F T convergir para a FDA de F. Surge então uma pergunta: como escolher a F T ? Assuma F(x) = P(X i < x) = EI (X i < x), onde E(·) representa o operador de esperança e I (·) é uma função indicadora. Utilizando-se o método dos momentos chega-se a , onde F T é denominada função de distribuição empírica (FDE). O método de bootstrap, aqui discutido, propõe que F T seja estimada nãoparametricamente. Neste caso, a lei fraca dos grandes números e o teorema central do limite asseguraram que: a)

e; b)

. Ou seja, as propriedades assintóticas garantem as convergências em probabilidade e distribuição da FDE para a FDA.5 O algoritmo do bootstrap é um método de reamostragem, que de alguma forma também pode ser visto como um Método de Monte Carlo, visto que amostraremos ou simularemos aleatoriamente valores de uma função de distribuição empírica. Em resumo, considera-se: i) a amostra de tamanho N para gerar sub-amostras de igual tamanho e; ii) os vetores resultantes serão similares aos vetores de dados (x i ). A estatística de bootstrap é calculada para cada sub-amostra gerada. Ou seja, será estimada b vezes, dado que b corresponde ao número de réplicas. Assim, com a coleção de valores obtidos para

, chegamos a uma estimativa

para , visto que utilizamos apenas uma amostra de tamanho b. Convém ressaltar que o estimador da função densidade via kernel é viesado para pequenas amostras (ver Ziegelmann, 2003). Por esta razão, ao construirem-se os intervalos acima, utiliza-se o termo "bandas de variabilidade" em vez de "intervalos de confiança", visto que as bandas ficam ao redor de uma estimativa viesada. Assim, em nossa análise, usaremos estas bandas somente como indicativos complementares de diferenças locais entre duas densidades. 3 Distribuição de Renda e Bem-Estar Econômico A associação entre distribuição de renda (pobreza) e bem-estar econômico pode ser efetuada por dois caminhos. O primeiro, abordagem monetária, 47


fundamenta-se na teoria econômica tradicional, assumindo que os níveis de bem-estar social podem ser captados, de forma satisfatória, a partir de variáveis de renda. O segundo, não-monetarista, procura incorporar aspectos relativos às "necessidades básicas" e às "capacitações", destacando o caratér multi-dimencional da pobreza (Ravallion, 1994). De uma forma geral, a tensão entre esses dois grupos é marcada por críticas à visão monetarista, mais especificamente à estrutura utilitarista (ver Sen, 1985) e; pela dificuldade encontrada pelos não-monetaristas em desenvolver ferramentais de inferência robustos, o que resulta em uma relativa escassez de estudos empíricos nessa campo de atuação (ver Duclos e Araar, 2006). Ciente da amplitude do tema, esta seção opta pela apresentação de medidas capazes de ordenar os diversos níveis de bem-estar experimentados pelas unidades econômicas ao longo do tempo. Para tanto, considerar-se-á apenas os indicadores de bem-estar baseados na "dimensão renda". Esse tipo de esforço permite, por exemplo, observar se um programa de transferência de renda melhorou ou não o nível de bem-estar social. Se distribuição "A", caracterizada por uma maior desigualdade e uma renda média mais elevada do que uma distribuição "B", pode ser socialmente preferível, entre outras coisas. Em suma, os ferramentais procurarão comparar duas situações em termos de bem-estar social. A subseção seguinte elencará as principais propriedades dos métodos de comparação ordinais. Em seguida, serão apresentados e discutidos os conceitos de dominância estocástica de primeira e segunda ordens. 3.1 Princípios para o Ordenamento das Distribuições A comparação ordinal da desigualdade costuma se deparar comalguns "julgamentos éticos". Por exemplo, na situação descrita anteriormente, a distribuição "A" seria socialmente preferível a distribuição "B", se os recursos, oriundos da sua maior renda média, fossem empregados na melhoria de vida da população mais pobre. Neste caso, foi considerado um julgamento normativo. A literatura elenca algumas propriedades que servem como base para a formulação dos julgamentos. A seguir serão apresentadas as suposições necessárias para a comparação de dominâncias de primeira e segunda ordens. Considere uma função de bem-estar social, W(y), dependente do vetor com n níveis de renda y = (y 1 , ...,y n ). Isso posto, a primeira propriedade requer que: Princípio de Pareto: sendo y = (y 1 , ...,y n ), η > 0 uma constante positiva e = (y1, ...,yj +η, ...,yn). Então a função de bem-estar social W obdece a princípio de Pareto se W(y) < W( ) para todos os pares de y e . A primeira propriedade decorre da situação do Ótimo de Pareto: se a renda de um indivíduo cresce e as demais rendas não decrescem, então o bem-estar social deve aumentar. O princípio de Pareto estimula a seguinte questão: não importa qual o indivíduo j que receberá o acréscimo de renda η. Em outras palavras: Simetria: defina M como uma matriz de permutação n × n (composta por zeros e uns, de forma que a soma de cada linha ou coluna seja igual a um) e = My. Então a função de bem-estar social W obdece a simetria se W(y) =W( ) para todos os pares de y e . Ou seja, a identidade do indivíduo não intefere no ordenamento. Outro princípio relevante afirma que a replicação dos indivíduos da sociedade não deve influir na dominância. Esta suposição é conhecida como "Invariância da População". Sendo assim: 48


Invariância da População: seja

um vetor de dimensão 2n, com

Então a função de bem-estar social W obdece a simetria se W(y) =W( ) para todos os pares de y e . As propriedades acima são suficientes para a comparação de dominâncias de primeira ordem. Os ordenamentos de segunda ordemnecessitam do conhecido princípio de Pigou-Dalton. Princípio de Pigou-Dalton: seja η > 0 uma constante positiva e = (y1, ...,yj + η, ...,yk - η, y n ), com y j + η < yk - η. Então a função de bem-estar social W obdece o princípio de Pigou-Dalton se W(y) < W( ) para todos os pares de y e . Este último princípio postula que uma transferências de um rico para um pobre, sem alteração na média da distribuição, aumenta o bem-estar social. Em resumo, as suposições mencionadas são sufientes para os ordenamentos de primeira e segunda ordens. Para ordens superiores, costuma-se atribuir maior importância para os estratos inferiores da distribuição, incorporando critérios filosóficos relacionados à teoria da justiça. Contudo, a apresentação desse recurso foge dos objetivos desse estudo.6 O desenvolvimento de ferramentas comparativas eticamente robustas vem semostrando umimportante desafio para a literatura especializada (Davidson e Duclos, 2000). A lista de instrumentais é ampla. Entretanto, os critérios de dominâncias estocásticas de primeira e segunda ordens têm prevalecido na literatura. A subseção se ocupará com a apresentação dessas medidas. 3.2 Dominâncias de Primeira e Segunda Ordens O estudo de Atkinson (1970) estabelece a conexão entre aversão social à desigualdade e aversão individual ao risco. Em resumo, conclui-se que a observação dos axiomas tradicionais da teoria da escolha sob incerteza acarreta em uma função de bem-estar social (quase) côncava, o que, por sua vez, implica uma preferência coletiva pela igualdade. Considerando esse ponto de partida e alguns axiomas relacionados à característica da distribuição, pode-se desenvolver um instrumental capaz de mensurar e comparar os níveis de bem-estar a partir de informações de renda. Para entender melhor essa relação, considere que a renda de uma determinada sociedade possa ser representada por X, com µ x correspondendo à média de X e L x representando a forma que essa renda é distribuída entre os indivíduos. Sendo assim, a função de bem-estar pode ser escrita como: W(x) = ƒ (µ x ,L x ), com ƒ µ > 0 e ƒ L > 0 (derivadas parciais primeiras). Ou seja, dado um nível de desigualdade, quanto maior a renda média, maior o bemestar ou; dada a renda média, quanto menor a desigualdade, maior o bemestar. Porém, essa consideração torna-se complexa quando ambos os fatores variam. Diante disso, considere que a eficiência econômica é retratada pela renda média da população, enquanto a justiça social é representada pela distribuição dessa renda entre os indivíduos. Sendo assim, o nível de bemestar social gerado pela distribuição X é superior ao gerado por Y se onde µ i é a renda média de cada uma das distribuições, com i = x,y; L(·) representa a curva de Lorenz e; p corresponde a fração populacional. Em outras palavras, esse primeiro critério assume que um aumento na eficiência acarretaria em um maior bem-estar desde que a distribuição final desses rendimentos possuísse um nível de desigualdade igual ou inferior à 49


distribuição pré-existente. Neste caso, o aumento da eficiência não poderia ser acompanhado pela deterioração da justiça social. A adoção desse tipo de estrutura postula que as sociedades preferem uma situação caracterizada por menor desigualdade de renda e maior crescimento econômico. Entretanto, pode-se afirmar que uma função de bem-estar do tipo W(x) = ƒ (µ x ,L x ) é capaz de captar os principais aspectos de uma sociedade com essas características? Fields (1981) responde afirmativamente a essa questão. Isso posto, surge um outro importante questionamento: o aumento do bemestar social está sempre condicionado ao crescimento econômico acompanhado por uma redução na desigualdade? Em outras palavras, é possível que o aumento de eficiência possa gerar um maior bem-estar, mesmo com a deterioração da justiça social? Essa pergunta tomou lugar de destaque no estudo de Shorrocks (1983), servindo de base para o critério da dominância estocástica de segunda ordem. Nessa nova ferramenta de ordenamento, tornase necessário admitir que o aumento da desigualdade seria compensado pelo incremento de renda nos estratos inferiores da distribuição. Ou seja, a distribuição X gera maior bem-estar do que Y se onde GL i (p) = µ i L(p) representa a curva de Lorenz generalizada, com i = x,y. Grosso modo, a diferença entre os critérios (3.1) e (3.2) reside na ponderação dos conceitos de eficiência e justiça social. A desigualdade média atribui maior peso à justiça social. No entanto, vale salientar que o segundo critério torna possível avaliar uma situação em que o aumento da desigualdade é compensado por um maior crescimento econômico. Por conta disso, ele é compatível com uma classe mais ampla de situações. Em uma resenha sobre o tema, Barros e Mendonça (1995) apontam o caráter amplo do conceito de dominância estocástica de segunda ordem. De acordo com os autores, ele constitui um refinamento da abordagem de dominância estocástica de primeira ordem. Além de ser fundamentado em princípios éticos "incontestáveis". 4 4 Resultados 4.1 Dados e Análise Descritiva Este tópico tem como objetivos discutir a construção do banco de dados e apontar alguns resultados preliminares. Optou-se pela seleção da variável "renda domiciliar",7 oriunda da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo como base o mês de setembro dos respectivos anos. Dados os propósitos da pesquisa, considerou-se o período de 1987 a 2005. O primeiro passo foi o da conversão das moedas e o deflacionamento.8 Para tanto, utilizou-se o procedimento sugerido por Corseuil e Foguel (2002). Duas observações devem ser feitas: a) o conceito de renda domiciliar e; b) o ajustamento por tamanho do domicílio. Considerou-se como renda domiciliar a soma de todos os rendimentos recebidos pelos indivíduos residentes na unidade. Em segundo lugar, aplicou-se um ajustamento na renda, a partir da seguinte regra: R adj = R d /nε, onde R adj é a renda ajustada; R d a renda domiciliar; n o número de pessoas no domicílio e; ε a elasticidade com respeito ao tamanho do domicílio. O parâmetro ε está relacionado à existência de economias de escala.9 Considerou-se, neste estudo, um valor intermediário para a elasticidade (ε = 0,5), seguindo uma orientação de Atkinson et al. 50


(1995).10 Foram selecionadas apenas as rendas maiores ou iguais a zero e excluídos os outliers (rendas ajustadas acima de 50 mil reais).11 Por fim, é importante destacar que trabalha-se com uma medida de renda corrente. Ou seja, supõese à existência de imperfeições no mercado de crédito. Neste caso, os agentes econômicos se veem impossibilitados de tomar empréstimos. Na verdade, esta suposição envolve umimportante tópico da literatura empírica, qual seja: considerar a renda ou o consumo como indicador de bem-estar? Argumentase que a trajetória do consumo pode ser mais suave ao longo do ciclo da vida, enquanto a renda está sujeita a variações sazonais.12 Todas as estimações levaram em conta os pesos amostrais domiciliares, incluindo o cálculo das rendas médias descritivas contidas na Tabela A.1, em anexo. Uma análise preliminar desses resultados aponta para um pequeno aumento na renda média (1,80%), no período de 1987 a 2005. Já nos decis de renda, observou-se um aumento do rendimento médio dos 10% mais pobres, em torno de 34%. Destaca-se ainda a queda no salário médio dos 10% mais ricos (-10%). Algumas informações a respeito do impacto de uma recessão sobre a distribuição dos rendimentos podem ser obtidas a partir da comparação entre os dados de 1987 e 1992. O primeiro destaque é a queda do salário médio total, em torno de -10%. Em seguida, nota-se uma redução substancial no rendimento médio do estrato (1), cerca de -12%, refletido o efeito deletério da crise sobre a camada mais pobre da população. A observação de uma estimativa para as densidades da renda pode fornecer mais informações sobre os dados. A Figura 1 apresenta as estimativas das densidades kernel para a renda domiciliar ajustada nos anos de 1987, 1992 e 2005. Considerou-se uma janela plug in simples.13

Nota-se uma mudança no padrão distributivo nos períodos considerados. Em primeiro lugar, o ano de 1992 apresenta uma maior moda em um nível baixo de renda. Em seguida, a densidade estimada de 2005 desloca-se para direita, representando uma "melhoria" na distribuição dos rendimentos.14 51


O comportamento das rendas médias e das densidades estimadas apontam para uma mudança no padrão distributivo no período analisado. Contudo, qual a significância estatística dessas alterações? A próxima subseção tentará responder a esta questão. 4.2 Significância Estatística das Mudanças na Distribuição de Renda Os resultados da subseção anterior apontaram para algumas características importantes da distribuição dos rendimentos brasileiros. Grossomodo, observou- se um crescimento na renda média e um deslocamento da densidade de renda para à direita, caracterizando uma "melhora" distributiva no período de 1987 a 2005. De fato, a observação dos índices de Gini no período reforçam esta impressão (Tabela 1).

Em primeiro lugar, destaca-se a significância estatística de todas as medidas (a 1%). O índice reduz-se em, aproximadamente, 6,70% entre 1987 a 2005. Quanto se considera um intervalo menor, 2001 a 2005, detecta-se uma diminuição em torno de 5,30%, valor bem próximo ao encontrado por Azevedo (2007), que investiga o comportamento da renda per capita. A determinação da significância estatística dessa alteração segue o procedimento aplicado por Azevedo (2007). Ou seja, assume-se a inexistência de covariância entre as observações entre os anos da PNAD. Com isso pode-se, a partir da propagação dos erros, aproximar o erro padrão da diferença entre os índices. Isso se dá de forma simples: . Os resultados relativos à significância das alterações encontram-se sintetizados na Tabela 2. No período de 1987 a 2005, houve uma redução de 0,0384 na desigualdade. O erro padrão calculado é de 0,0028, denotando a significância dessa alteração a 1%. A inclusão do período de 2001 a 2005 serve como base de comparação com os resultados de Azevedo (2007). Novamente, os resultados são muito próximos. As estimativas apresentadas permitem 52


concluir que a redução na desigualdade de renda brasileira foi estatisticamente significativa.

Em termos de significância das diferenças entre as funções de distribuição de renda utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para duas amostras independentes. O resultado do teste tradicional para as duas distribuições aponta para a diferença entre elas a um nível de significância de 1% (KS = 0,085 com p-valor=0,0000). Com o intuito de verificar localmente onde ocorreram as alterações na renda, i.e., em quais pontos da dstribuição essas mudanças foram mais expressivas, considerou-se a construção das bandas de variabilidade a partir do bootstrap não-paramétrico. Foram geradas 1.000 sub-amostras de tamanho 67.168, para 1987, e 1.000 sub-amostras de tamanho 113.325, para 2005, sendo que, para cada uma destas sub-amostras, estimou-se a função densidade. Em seguida, com base nesta série de estimativas bootstrap da função densidade, estimaram-se os desvios padrões do estimador das densidades kernel, com h determinado a partir do método plug in. As estimações podem ser visualizadas na Figura 2. Note que boa parte do movimento da renda se deu fora das bandas de variabilidade (curva para 2005 mais à direita). Neste sentido, asmudanças expressivas foramobservadas na cauda inferior e no "meio" da distribuição.

Este resultado, somado à significância da redução na desigualdade e ao resultado do teste de Kolmogorov-Smirnov, permite inferir que, do ponto de vista estático, as transformações ocorridas no período desencadearam um 53


movimento estatisticamente significativo no padrão distributivo brasileiro, restando estabelecer o impacto deste movimento sobre o nível de bem-estar econômico. 4.3 Distribuição de Renda e Bem-estar Econômico Os resultados da subseção anterior apontaram para uma mudança significativa na distribuição de renda brasileira. Porém, essa nova distribuição implica um maior nível de bem-estar social? A resposta para este questionamento passa pelos cálculos das curvas de Lorenz e Lorenz generalizada. A Tabela 3 apresenta os resultados das estimações, comdesvios padrões inferidos a partir do método de Kovačević e Binder (1997). Tabela 4 Em primeiro lugar, destaca-se que todas as estimativas são estatisticamente significativas a 1%. Para todos os decis de renda, os valores calculados para o ano de 2005 mostram-se superiores aos de 1987. Tal comportamento indica que a densidade para 2005 domina estocasticamente, em primeira e segunda ordens, a densidade de 1987. Novamente faz-se necessário observar a relevância estatística dessa diferença. Note que, à exceção dos dois primeiros estratos da curva de Lorenz, as diferenças entre os quantis são significativas. No caso da Curva de Lorenz Generalizada, as diferenças são significativas em todos os quantis. Logo, não é possível afirmar que a curva de Lorenz de 2005 domina emprimeira ordema curva de 1987. Porém, a dominância de segunda ordem é preservada (Lorenz Generalizada). Sendo assim, os resultados sugerem que as transformações ocorridas na distribuição de renda brasileira impactaram de forma positiva sobre o nível de bem-estar econômico. Entretanto, deve-se fazer uma ressalva quanto ao critério da desigualdade média (Lorenz). 5 Considerações Finais Este estudo buscou verificar a significância estatística da mudança na distribuição de renda brasileira, no período de 1987 a 2005, e sua relação com nível de bem-estar econômico. Utilizou-se, basicamente, a análise descritiva, a inferência não-paramétrica e os cálculos dos índices de concentração de renda, dominâncias estocásticas e suas respectivas variâncias. Os resultados atestaram a significância estatística da redução da desigualdade de distribuição de renda. Os cálculos da dominância estocástica de primeira ordem não apontaram para ganhos de bem-estar social. Já a dominância de segunda ordem apontou para um impacto positivo sobre o nível de bem-estar. Por fim, deve-se ressaltar que os resultados estão relacionados apenas ao ponto de vista estático. Ou seja, o estudo silencia no que se refere à mensuração da mobilidade e sua relação com o bem-estar econômico. Logo, ele pode ser questionado em duas frentes: qual o grau de mobilidade de renda observado no Brasil? e; em quanto esta mobilidade impacta no bem-estar econômico? 6 Referências Bibliográficas A.B. Atkinson, L. Rainwater, e T.M. Smeeding. Income distribution in OECD countries: evidence from the Luxembourg Income Study. Organisation for Economic Co-operation and Development, 1995. [ Links ] 54


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relacionada com um nível mais elevado de bem-estar. Esta conexão será considerada mais adiante. Apêndice A: Estatísticas para Renda Brasileira

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Gráfico II: Distribuição da renda da população em 2003 Fonte: IBGE 58


Economia, Sociedade e Tecnologia Análise do capítulo “Economia, sociedade e tecnologia: análise dos terrenos movediços” do livro “Tecnologia e inclusão social – A exclusão digital em debate” de Mark Warschauer. Disciplina Novas Tecnologias e Educação à Distância, profª Tânia Maria. Universidade Federal do Ceará. Eu vou organizar o texto seguindo a mesma ordem do texto original, mas saltando eventualmente alguns tópicos que eu não achei tão interessante. Esse meu texto fala de exclusão digital, Desigualdade Social, mas fala também da Dell, comunicação e um pouco da minha experiência com blogs. A Exclusão de Mercedes O texto começa abordando a crise das empresas ponto com no final da década de 90 e a avaliação do governo do atual governo dos EUA sobre o tema da inclusão digital. Sobre este último tema é muito simbólico o que disse em 2001, Michael K. Powell, então presidente da Federal Communications Commission sobre o tema inclusão digital: “Acho que é uma exclusão de Mercedes, gostaria de ter um carro desses, mas não tenho dinheiro para isso”, referência. A falácia aí é que a inclusão digital não trata de supérfluos ou levar um item de luxo à casa das pessoas. Usando a mesma analogia, não se trata de uma exclusão de Mercedes, mas de pessoas que não tem carro ou transporte algum para ter acesso à educação, informação, arte, cultura e entretenimento digital. O Caso Dell Um tópico interessante é o estudo de caso da Dell. Um pouco da história da empresa com informações retiradas do artigo Dell na Wikipédia: Michael Dell fundou a companhia em 1984, enquanto ainda estudava na Universidade do Texas. Dell fundou a empresa com somente U$ 1000. Dentro de seu dormitório, Dell começou a montar computadores compatíveis com os modelos IBM construídos a partir de componentes em estoque. No ano seguinte a empresa projeta o Turbo PC, seu primeiro computador com desenho próprio. Ele possuia processadores Intel 8088 com a velocidade de 8MHz. A Dell então colocou anúncios em revistas de informática americanas para venda direta ao consumidores, além da possibilidade do consumidor escolher a sua configuração. Com isso, o preço final dos computadores era mais competitivo e o modo de compra mais conveniente. Com o sucesso da companhia, Michael Dell largou a faculdade para administrar seu negócio em tempo integral. Somente no primeiro ano, a companhia teve US$ 6 milhões brutos de entrada. Achei interessante o caso da Dell porque além de ser uma história intrinsecamente incrível esses dias eu fui apresentado e aceito num programa de parceria entre a Dell e blogueiros. Através desse programa eu sou informado de ofertas exclusivas e recebo banners que eu posso colocar em sites. Para cada computador que é vendido por meu intermédio, eu ganho uma gorda fatia. É uma iniciativa interessante para uma grande e tradicional empresa em tempos que alguns fazem exatamente o contrário. Estratificação Econômica O autor mostra diversos estatísticas que utilizam o coeficiente de Gini. O coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda mas pode ser utilizada para qualquer distribuição. Ela é um número entre 0 e 1, sendo o 0 correspondendo à igualdade de renda, onde todos têm o mesmo, e 1 59


corresponde a completa desigualdade de renda, onde uma só pessoa tem tudo e o resto não tem nada. Esse é o gráfico do mapa mundial, colorido de acordo com faixas do coeficiente de Gini aplicado a distribuição de renda:

Notavelmente a América do Sul apresenta uma das piores distribuições de renda. Eu gostaria de ver esse mesmo gráfico, dividido por estados ou cidades brasileiras. Certamente aqui no Ceará, e mais especificamente em Fortaleza teríamos índices de desigualdade gritantes. Esse outro gráfico apresenta a variação da distribuição de Gini desde a segunda guerra mundial.

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Fica claro que o Brasil é um dos piores, talvez o pior, pais em distribuição de renda do mundo. Nas ultimas décadas parece que a distribuição ficou bem ruim, acima dos 60%, mas estabilizou. A maioria dos outros países fica compreendido entre 20% e 40%. Nas ultimas décadas é notável o aumento da desigualdade nos Estados Unidos, China e Alemanha mas por outro lado países como França, Noruega e Canadá decresceram seu coeficiente. O texto sugere que com o avanço do desenvolvimento o coeficiente de gini vai ficando maior não só entre os países mas também dentro dos países. Em outras palavras, quão mais aprofundado se torna o capitalismo, mais profundas se tornam a desigualdade econômicas. Há teorias como a Curva de Kuznets que sugerem que a desigualdade econômica cresce com o tempo (mas depois de um limiar começam a decrescer), mas há críticas a isso. Eu acredito que essas teorias ou esse senso, deve ter sido inspirado com o crescimento da desigualdade como Estados Unidos e China. Mas se a desigualdade é estrutural como explicar o que acontece na França, Noruega e Canadá? Mas o que é consensual é que vivemos num mundo desigual, e que a desigualdade econômica tem impacto direto sobre a desigualdade social. Novas Formas de Comunicação É inegável as mudanças que a Internet causaram nas formas de comunicação. Eu sou um que me beneficio diretamente disso, já que hoje eu posso escrever textos em blogs, por exemplo, sem me impor as amarras impostas pelas convenções e limitações tradicionais. Hoje eu posso ter uma idéia no meio da noite, escrever um texto no mesmo momento, publicá-lo e no outro dia de manhã quando eu acordo, centenas de pessoas já terem lido (ou passado a vista) sobre ele. Eu não precisei encontrar um intermediário, uma editora, uma distribuidora para encontrar meu público. Eu nem me preocupo em quem vai ser meu público, eu deixo o Google e outros indexadores cuidarem disso. Além da velocidade e facilidade de publicação há também o aspecto multimídia que eu faço questão de usar. Eu sempre tive uma necessidade imensa de me expressar de diversas formas, não só pela palavra escrita e pela palavra falada, mas também através do desenho, da animação e da música. O hipertexto permite isso, permite que eu incorpore elementos de vídeo, áudio e desenho aos textos criando um estilo diferente de comunicação, não só pelo simples fato de poder usar um estilo diferente, mas pela necessidade de expressar através de um estilo que vá alem da escrita. Para trazer isso para o mundo real, no eupodiatamatando.com onde geralmente eu escrevo textos de humor, eu faço muito uso disso. Há coisas lá que eu não poderia fazer num livro ou num jornal, não nos dias de hoje. Eu não tenho como imprimir um gif animado ou um vídeo. Para mim é uma satisfação muito grande eu poder me expressar dessa forma, até porque eu passei a vida toda levando “carão” das professoras de português pelo jeito que eu escrevia. Agora me distanciando um pouco de mim, olhando ao meu redor, também é possível ver outros impactos. Quantos não são os casais por aí que se conheceram através de batepapos, mirc ou orkut? Eu conheço vários, alguns até casados (nessa hora ninguém conta os divórcios causados pela internet ). Na televisão, uma frase que eu ouço cada vez mais é “acesse nosso site”. DESIGUALDADE IBGE mostra recuo gradual e lento da desigualdade brasileira 61


A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que não existe uma relação direta entre estado rico e estado com melhor, ou pior distribuição de renda. O estado com menor desigualdade na renda entre os trabalhadores é o pobre Amapá (!), com índice 0,442. Mas o segundo colocado é rico, Santa Catarina, com índice 0,475. O índice do Amapá é igual ao do Uruguai, o país latino-americano com 62


distribuição de renda menos desigual. O número de Santa Catarina equivale ao de Moçambique. Um índice inventado para medir desigualdades O índice Gini (inventado pelo estatístico italiano Corrado Gini) é muito usado para medir a concentração de renda, mas serve para medir qualquer desigualdade. Ele varia de 1,000 (desigualdade absoluta: no caso da renda, por exemplo, uma pessoa tem tudo e os outros nada) até 0,000 (igualdade absoluta: todos têm uma mesma renda). Também no extremo oposto, as maiores desigualdades não se devem ao tamanho da renda. A maior concentração de renda está no Distrito Federal, que tem a maior renda per capita do Brasil, mas exibe um indecente Gini de 0,618 (semelhante ao da República Centro-Africana ou de Serra Leoa, dois miseráveis países da África Subsaariana). Mais a segunda fenda mais concentrada é do pobre Piauí, com Gini de 0,579, entre o Paraguai e a África do Sul. A tabela ao lado mostra a lenta melhoria do índice Gini brasileiro de distribuição de renda, em comparação com outros países. Aos poucos, penosamente, o país vai galgando algumas posições na melhoria da distribuição. Avanço com FHC, 0,017; com Lula, 0,045 Em 1989, ano de hiperinflação, a desigualdade chegou no seu pico. O índice Gini da renda no Brasil atingiu pornográficos 0,638 (nos dados atuais da ONU, apenas a Namíbia apresenta uma concentração maior). Em 1995, primeiro ano do governo Fernando Henrique, o índice foi de 0,583. Em 2002, último ano de FHC, estava em 0,566 – um recuo de 0,017, principalmente devido à queda da inflação. Nos anos de Lula (até 2008), diminuiu 0,45, em especial devido a fatores como o Bolsa Família e a elevação do salário mínimo real. Porém os números mostram que a posição do Brasil no ranking da distribuição de renda continua precária, sobretudo porque ela parte de um nível obsceno de concentração. Influem aí dois fatores: os pobres brasileiros são muito pobres; mas também os ricos brasileiros são muito ricos (o fenômeno que em 1974 o economista Edmar Bacha apelidou de Belíndia, um país que incluía uma Bélgica, rica, mas também uma Índia, miserável). Pelo diapasão dos seis primeiros anos de Lula, seria necessário eleger mais dois presidentes que mantivessem o mesmo ritmo, apenas para chegar a um índice Gini da grandeza do uruguaio ou do mexicano. Para alcançar os países mais igualitários em sua renda, como os da Escandinávia (na casa dos 0,200) ou mesmo os da Europa Ocidental (da ordem dos 0,300), só com medidas de fundo que rompessem com o tímido gradualismo atual. Nota 1: os dados de concentração de renda são apenas uma fração do verdadeiro retrato do Brasil que se encontra na Pnad. Nota 2: a Wikipédia mostra uma interessante lista e um mapa dos índices Gini dos países do mundo, segundo a ONU, e outros dados de renda Fonte: Vermelho

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