Prisioneiros das Cidades

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Prisioneiros das Cidades 1. Lei da Atração 2. Atração da Lei 3. Caos Anterior 4. Caos Atual 5. Caos Futuro 6. A Fuga dos Ricos 7. Herdeiros dos Antigos Privilégios 8. A Riquíssima Nova Miséria 9. O Mundo de Depois de Hoje 10. O Hoje de Depois do Mundo Vitória, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 Lei da Atração Assim como existe uma lei da atração para a força gravitacional existem outras tantas para as três outras forças da física; iremos encontrá-las na química e na biologia-p.2, assim como na psicologia-p.3, mesmo que não determinadas. AS LEIS DE ATRAÇÃO PSICOLÓGICAS (uma para cada segmento e subsegmento; essa “Lei da Atração” que está circulando por aí - faz furor porque se apóia nas desconhecidas equações psicológicas) • leis das figuras ou psicanálises; • leis dos objetivos ou psico-sínteses; • leis da produção ou economia; • leis da organização ou sociologia; • leis do espaçotempo ou geo-história. São todas matemáticas, mesmo que não tenhamos sido capazes de desenhá-las, porque muito complexas. A lei de urbanização talvez seja o que denominei um “transiente” (o que transita) do equivalente gravitacional, pois a atração exercida por um aglomerado urbano é diretamente proporcional às massas psicológicas envolvidas e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias entre elas (com outra constante, U, diferente de G, constante gravitacional). MANCHAS URBANAS

Governador Valadares Pop: 260.396

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As cidades atraem porque oferecem oportunidades a todas as psicologias (às figuras, a consecução dos objetivos, às relações econômicas, às organizações e às geo-histórias), ou seja, OFERECEM PROFUSÃO, gigantismo das oportunidades. OPORTUNIDADES DE PROTEÇÃO • proteção do lar; • proteção da segurança; • proteção da saúde; • proteção do armazenamento; • proteção dos transportes. AUMENTO DA URBANIZAÇÃO

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Urbanização do Campo O surgimento de novas alternativas de trabalho nos setores de prestação de serviços, construção civil, comércio e área social têm contribuído para reter o morador no campo. A quantidade de empregos não-agrícolas criados na zona rural aumenta 35% entre 1990 e 2000, o que equivale a 1,2 milhão de novas vagas, segundo dados da Pesquisa por Amostra Domiciliar (Pnad) do IBGE, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Isso acontece porque surgem novos negócios nas áreas rurais ligados ao turismo e ao lazer. Além disso o campo representa uma opção para que algumas indústrias fujam dos altos custos de instalação e manutenção existentes nas cidades. Essa nova realidade brasileira é pesquisada pelo Projeto Rurbano - estudo do Instituto de Economia Agrícola da Unicamp, com a colaboração de pesquisadores de outras 16 universidades em 11 estados brasileiros e da Embrapa. De acordo com o coordenador do projeto, economista e professor do Instituto, José Graziano, a maioria dos moradores de áreas rurais brasileiras estará ocupada em atividades nãoagrícolas em menos de quinze anos. Turismo rural, hotéis-fazenda, restaurantes, pesqueiros, a criação de aves raras ou animais de caça e aumento da produção de alimentos como doces e queijos finos são algumas das atividades de pequeno e médio porte responsáveis pelo surgimento das oportunidades no campo. Apenas no estado de São Paulo os pesqueiros empregam 10 mil trabalhadores. Em todo o país, as fazendas transformadas em hotéis representam 50 mil empregos diretos. Pedreiros, guias de turismo, motoristas, operadores de máquina, balconistas e garçons são outros profissionais requisitados e obtêm rendimentos mensais maiores que os conseguiriam nas grandes cidades.

Desde o início da década de 90, uma parcela considerável da população rural não trabalha em atividades agrícolas. Em 1990, no Sudeste, de cada cinco pessoas residentes no meio rural apenas duas estão envolvidas em ocupações agropecuárias. As Pesquisas por Amostra Domiciliar do IBGE indicam que no período de 1992 a 5


1995, enquanto a população economicamente ativa que vive no campo aumenta em 200 mil pessoas, o número de trabalhadores rurais diminui em 350 mil pessoas. No mesmo período, aumenta o número de pessoas ocupadas em atividades não agrícolas. A proporção de trabalhadores rurais ocupados em atividades não agrícolas no país passa de 20,8% em 1992 para 22,8% em 1995. No estado de São Paulo, vai de 35,5% para 44,2% no mesmo período, de acordo com os dados das Pnads. Nos países desenvolvidos, mudanças desse tipo transformaram o campo em uma extensão do urbano. A diferença, no caso brasileiro, é que metade dos habitantes da área rural, cerca de 25% da população, não tem acesso a bens e serviços básicos como energia elétrica, saúde, educação e até mesmo água potável. Mais da metade dos domicílios rurais do país, a maioria no Nordeste, ainda não dispõe de filtro de água. Fonte: www.geobrasil2001.hpg.ig.com.br As pessoas mudaram maciçamente do campo para as cidades PORQUE ERA MELHOR: oferta de hospitais, de escolas, de transportes, de tudo que não tinham no campo. Em poucas décadas o Brasil mudou de 70/30 % na relação campo/cidades para 30/70 % dos habitantes, e depois mais, caminhando para o panorama americano (de décadas) de 4 % apenas da população na roça, um habitante rural para cada 25 habitantes urbanos: 1/25. Isso foi feito por uma frente de ondas psicológica apoiada na tecnociência, que tinha um fundo psicológico de domínio político, usando determinada dimensão do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) e não outra; agora essa frente político-financeira está se esgotando e entrando em colapso, em crise, tal como previsto a partir do modelo em 1992. O que atrai cada um? É a promessa de crescimento, em todos os sentidos: aumento da riqueza, das oportunidades de trabalho, de conversação, de tudo. E quando tudo isso cessar? E quando a presente crise se estender a todos os rincões da Terra, a todos os cantões, a todos os grotões? Como manter as pessoas nas cidades? E quem poderá sair? Pois do mesmo jeito que existe atração existe repulsão. O ANÚNCIO DO PAR POLAR ATRAÇÃO/REPULSÃO EM CICLO

Depois do enchimento virá o esvaziamento indeclinável, como aconteceu no final do império romano, 6


que pelos cálculos tinha 100 milhões de habitantes, dos quais – dizem - quatro milhões concentrados em Roma; o mesmo acontecerá no fim do ciclo atual, no fim do império pré-planetário humano parte das populações voltando ao campo; hoje, como de cada vez anterior primeiro os ricos e os médio-altos, depois os médios. É inexorável. Os remanescentes, todos pobres, serão expulsos do campo e virão para as cidades, dessa vez não de moto próprio, mas empurrados.

Capítulo2 Atração da Lei A lei não é menos frouxa nas cidades que no campo, mas no campo a dispersão é maior, as pessoas todas se conhecem, de forma que as leis foram basicamente feitas para as cidades. Quantos porcento das leis se aplicam nas cidades? Acho que ninguém fez esse cálculo nem, todavia, se PERCENTUALMENTE (e não absolutamente) as leis são mais aplicadas nas urbes. Em todo caso, as leis também atraem, pois as pessoas parecem mais protegidas nas cidades, onde a lei (sempre morosa) é mais ágil. Com essa idéia de que as coisas todas são mais fáceis nas cidades o povo vem, dando origem àquilo que se chamou “êxodo rural”. O êxodo rural não é implacável, ele é indicação de política econômico-financeira, isto é, DIREÇÃO-SENTIDO DE CONTROLE, ou admissão de interesses. Ele é parte do ciclo de enchimento-esvaziamento, o mesmo mecanismo do yin/yang, da gangorra e de tudo mais. ESTUDANDO O MOVIMENTO DIALÉTICO CIDADE-CAMPO (tudo na Terra e em toda parte está sujeito a isso e ao estudo disso)

Curva do Sino ou das distribuições normais (quando o Ocidente e o Oriente se encontram, racionalidade e sentimentalidade, dois alcances poderosos). 7


Era o caso de os estudiosos terem se voltado para as várias interfaces PESSOAMBIENTAIS (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas; AMBIENTES: cidades-municípios, estados, nações e mundo) AS INTERFACES MAIS INTERESSANTES • empresas-cidades (foi logo no princípio, quando Jericó foi fundada há 11 mil anos); • cidades-estados (quando da Queda de Roma em 476); • estados-nações (quando da Queda de Constantinopla em 1453); • nações-mundo (estamos vendo esta passagem, depois da Queda da URSS em 1991). OSCIL/AÇÕES (ato permanente de oscilar)

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Oscila sempre, das cidades para o campo e do campo para as cidades em cada interface, como no fim do império romano do ocidente. Os ricos fogem das confusões. No futuro de agora fugirão de novo das cidades atuais para o campo, comprando barato os sítios, fazendas, lotes, e tudo que houver na roça, por preços “atrativos”, quer dizer, irresistíveis para os que nunca tiveram dinheiro. Com o ALCANCE TECNOCIENTÍFICO atual é perfeitamente possível viver no campo e ter os confortos todos das cidades atuais – por conseguinte, os ricos irão primeiro, depois irão os médio-altos que enquanto isso comprarão as propriedades deles nos lugares chiques nas cidades; a seguir os médios, que comprarão dos médio-altos migrantes, arcando com as despesas das transferências destes. Surgirão as “villas” no campo, as elegantíssimas residências do futuro. PANÇAS-VILLAS NO CAMPO

De lá eles gerarão e irão gerir seus negócios nas cidades de todo o mundo, quase completamente ausentes das cidades, que nesse ínterim serão - dos pobres e dos miseráveis - cortiços gigantescos sem quase infraestrutura decente alguma (ao modo do futuro), lugares apinhados de gente e extremamente desconfortáveis.

Capítulo 3 Caos Anterior CAOS É ALGO QUE PERTURBA A CONSCIÊNCIA (porisso não é possível descrevê-lo senão estando inscrito nele: muitas coisas que julgamos comuns hoje seriam consideradas caóticas antigamente) 9


Caos não pode ser previsto nos detalhes porque ele é CRISE DE CONSCIÊNCIA: caos universal é crise universal de consciência. Esta crise global de agora é a primeira da humanidade unida. Não é algo para o que as pessoas possam ser preparadas (pois poderiam resolver e não seria crise); além disso, ela é parte necessária e suficiente dos ciclos e vem inapelavelmente.

Capítulo 4 Caos Atual AS FAVELAS DE AGORA (nem de longe se parecerão com as favelas da crise-rito de passagem mundial)

Rio de Janeiro

Argentina 10


África.

Jacarta

Capítulo 5 Caos Futuro COISA FEIA (futuro feio não tem pai)

Quem criou essas monstruosidades? Fomos nós mesmos, pois não há outros racionaisirracionais na Terra. Com nossas incapacidades de enfrentamento, com nossa tibieza moral nós construímos todas as misérias de agora e do futuro. Então, o “mea culpa” deve ser nosso. Devemos analisar metodicamente todos os nossos erros, sistematicamente pensando-os em detalhes. Nós é que fomos parcimoniosos com a felicidade alheia e destemperados, desbragados com a nossa, 11


restritivos com as vontades dos demais e pródigos com as nossas – nós todos fomos parciais. Criamos as cidades infernais e aprisionamos alguns dentro delas: poder sair a pessoa pode, em tese, mas na prática não será possível porque não haverá dinheiro para comprar as futuras terras caríssimas do campo. E ganhará futuramente dinheiro quem agora e nas próximas décadas adquirir tais terras por “bagatelas”, em geral por 1/10 ou 1/100 do que valerão no futuro.

Capítulo 6 A Fuga dos Ricos Se agora parece o caos, é preciso esperar pelo futuro para ter métrica absoluta diante das situações das novas cidades completamente intransitáveis – um novo modelo de vida terá de ser construído, pois os pobres não terão recursos para sair delas. Aparentemente qualquer um pode se mudar, mas na prática a teoria fica dificílima – a liberdade é teórica. É tão “fácil” fazer isso quanto sair para outro país ou mesmo estado ou cidade: você pode fazer - se desejar muito -, mas tem de se sujeitar a enormes pressões. Por via das conseqüências, toda a tecnociência de frente, feita para servir os ricos e médio-altos, será deslocada para produzir HABITABILIDADE no campo segundo os novos padrões. Será o contrário de agoraqui: em vez de produzir tecnociência para as cidades, deixando o campo na periferia do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), tal será feito ao contrário de hoje: desenvolverão a telefonia ainda mais, a transferência e estocagem de dados, as telecompras programadas em supermercados, o controle automático de residências, o transporte por helicópteros e assim por diante, tudo aquilo que vá beneficiar os futuros “excelentes” moradores das áreas rurais. VANTAGENS RURAIS (a lista é imensa, só vou indicar) 1. amplidão dos espaços; 2. no geral falta de contato com os vizinhos; 3. casas “baixas”, isto é, casas e sobrados, sem prédios; 4. muito lazer; 5. “pureza” elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia e vida ecoplanejada); 6. segurança; 7. saúde; 8. poder liberar os filhos; 9. conforto tecnocientífico; 10. sensação de plenitude; 11. novelegância; 12. vida comunitária dos “iguais”; 13. muitas outras.

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VISUALIZANDO AS VANTAGENS RURAIS (deveria ser uma imagem para cada uma das idéias acima, mas você completará)

amplidão

vizinhos no campo

Casa rural baixa... ... versus prédio urbano. Podemos prever quem ganhará dinheiro com isso, fora um novo gênero de empreiteiras de desenhos superintegrados (arquiengenharia, engenharia ambiental, nova agricultura agroecológica): trabalhadores especializados para construção no campo, empresas promotoras de serviços de limpeza e manutenção, empresas que planejem casas autônomas, uma quantidade imensa de serviçais e assim por diante. Um mundo está terminando e outro está começando, com os sinais clássicos acontecendo: caos, desordem social, incapacidade dos governos antigos de manterem as organizações funcionando, despovoamento dos centros antigos e por aí afora. E, principalmente, substituição dos poderes centrais polares, aparecendo duas novas superpotências. Claro que isso demora décadas, até séculos, está fora da capacidade de observação humana de uma geração, 30 anos.

Capítulo 7 Herdeiros dos Antigos Privilégios Quantos são os ricos? No Brasil, são 13 %, mas juntando os médio-altos tomemos como 20 %. Da população atualmente declarada de 196 milhões, perto de 40 milhões ou (com uma família típica de quatro pessoas) 10 milhões de residências migrando de 5,5 mil a 6,0 mil cidades em várias velocidades (como aquelas pseudo-naves saindo de Marte no filme). 13


10 milhões de famílias em mudança acelerada são um patrimônio de projetos para o novo mundo e as invenções e patentes tecnocientíficas. A CURVA DO SINO DAS MUDANÇAS (no começo poucos se mudam, no meio muitos, aceleradamente depois do meio; no final uma quantidade decide ficar a qualquer custo)

Há um processo de convencimento (que sequer começou), que começa por arrastar inicialmente apenas alguns, apenas os mais livres em relação ao modo antigo de ser que são, ao mesmo tempo, os mais aborrecidos com ele, os capazes de se projetar, os mais destacados. Para ir não basta ser rico financeiramente, é preciso, mormente, ser rico em liberdade e audácia. As cidades atuais não deixarão de evoluir. Continuarão a avançar, até porque a maior massa de ricos e médio-altos ainda estará nelas, exigindo tecnociências e conhecimentos, além de atenção implícita dos governos. Ao evoluir ainda as cidades atuais se tornarão mais e mais espetaculares (seja onde for), mais completas em oferta de tudo; na medida em que forem abandonadas, as classes de baixo irão subindo a pirâmide de degraus rumo ao topo das residências atuais, como ficou posto: alto-médios ocupando as cobiçadas residências dos ricos (compradas a “preços módicos”), depois os médios indo no vácuo e por fim os pobres e miseráveis. CURVAS COMPLEMENTARES (uma representa a fuga crescente, outra a habitabilidade decrescente das cidades)

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A habitabilidade das cidades não diminuirá logo, ela é um motor independente e seguirá funcionando, com as regiões urbanizadas defendendo furiosamente seus antigos privilégios, provocando movimentos sociais que farão a curva geral oscilar para cima e para baixo - mas o sentido geral será de queda. De início os rico-audazes irão por conta própria, por conta de sua resistência interna quanto ao mal-estar crescente nas cidades; os governos não os ajudarão, de modo nenhum – só quando acumularem massa crítica terão representatividade. Contudo, a idéia-apelo correrá o mundo e na surdina eles irão mudando, aos poucos (até por não quererem excitar o mercado de terras, quintas, sítios cinematográficos, e por não haver uma tecnociência de construções delineada plenamente). Para trás ficarão os herdeiros dos privilégios antigos em processo de congelamento progressivo-acelerado – morar nas cidades será cada vez melhor para os médios, pobres e miseráveis, porque haverá residências boas sobrando com a migração; mas cada vez pior para médioaltos e ricos.

Capítulo 8 A Riquíssima Nova Miséria O cenário que se apresenta é este: primeiro um crescimento desmesurado (que os rico-ousados desprezarão em seu recolhimento sensível) das facilidades nas cidades; depois uma prostituição crescente e uma “harlemização” (do Harlem, conhecido “bairro negro” em Nova Iorque) de todos os bairros. ENFIM, GUETOS URBANOS (“guetização” das cidades, formação de gangues imensas) – imagine tudo isso multiplicado por milhares (morar nas “cidades grandes” passará a ser índice de pobreza).

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Será miséria, mas em relação ao passado será miséria riquíssima, incompreensível para o mundo de hoje, assim como o é jogar fora um celular hoje em dia, celular que é “dado” e que há apenas 15 anos custava cinco mil dólares para cada um dos quatro mil possuidores no Brasil. Não temos como fazer idéia. O tecido-polar (chamemos assim) é inelástico, como já escrevi alhures: quando sobe num lugar desce no outro; se sobe em muitos lugares, desce muito num só ou desce em muitos – é plenamente matemático, é uma dinâmica psicológica matematizável, embora ainda não matematizada. A riqueza estratosférica do futuro acompanhará uma pobreza abismal, coisa horrível mesmo de ver, como naqueles filmes catastróficos, digamos, “Fuga de Nova Iorque”. FUGA DO VELHO MUNDO (as pessoas serão “fichadas”, fechadas em ambientes auto-hostis)

De um lado os novos meliantes e do outro a superpolícia ciberinformatizada. As cidades gigantes cercadas por muros altos (não estou exagerando), com as pessoas deixadas para morrer, porque se acumulou uma superpopulação e PORQUE NÃO HÁ mais uma filosofia de amor cristão. As cidades pequenas e médias escaparão, mas as gigantes serão focos de comoção, doenças e morte e terão um destino horrível, até serem, muito lá para frente, extirpadas e reflorestadas, sobrando os edifícios nobres que não tiverem sido transportados. Acontecerá, a menos que os governos sejam sábios, como espero e conto, de modo a prover soluções espertas e a tempo de conter a enxurrada de conflitos.

Capítulo 9 O Mundo de Depois de Hoje As pessoas estão sempre projetando o passado no futuro, mas se fosse passado não seria futuro: só parte do passado vai ao futuro e mesmo assim transformado pelo novo. Há guinadas, guinadas poderosíssimas, surpreendentes, inclusive baseadas em mudanças mínimas, mas é falsa a questão da asa da borboleta. Hoje projetamos um futuro que é aumento do presente, porém o presente não é aumento do passado: é aumento TANTO QUANTO MODIFICAÇÃO, é aumento modificado. A 16


Espiral não tem em cima a mesma dimensão de baixo nem está à mesma altura: só é espiral matematicamente. A ESPIRAL DO FUTURO

Se você falasse a uma pessoa do século XVII sobre a existência no futuro de carruagens de 100 cavalos ela começaria a pensar em como construir estábulo para tanto feno; e se fosse temerário a ponto de dizer que 350 cavalos ou mais caberiam num espaço pequeno de um metro cúbico essa pessoa ficaria pensando em cavalinhos mágicos bem pequenos. NÃO HÁ COMO TRANSPOR, não há como explicar o futuro, porque ele é feito de milhões de pequenas mudanças que se compõem como uma GRANDE mudança geral. Todas as peças estão evoluindo e mudando ao mesmo tempo, em dependência da EVOLUÇÃO AMBIENTAL, quer dizer, da co-evolução das demais, que se ajuntam em lógica-decodependência, digamos assim. Temos o negativo e o positivo e eles combinam-se com o antinegativo e o antipositivo (não são os mesmos acima, são quatro motores independentes). A EVOLUÇÃO TEM QUATRO MOTORES INDEPENDENTESCODEPENDENTES: segundo o quadrado lógico de Aristóteles

Enquanto cabo da vassoura está evoluindo a base também está, bem como as cerdas. Enquanto a cidade evolui, assim também as casas, as torneiras, etc.: para dizer tudo, a cidade não vai morrer logo, e mesmo na decadência há beleza. Essa CIDADEQUE-MORRE não deve ser demonizada. 17


Capítulo 10 O Hoje de Depois do Mundo As mudanças são micrométricas: as pessoas não as sentem, assim como não sentem a passagem da idade da juventude à velhice, dormindo jovens e acordando cheias de rugas, com dores, com movimentos lentos. As mudanças só são notadas de geração em geração, de 30 em 30 anos, o que deveria ser o tempo-social de contagem: 2040, 2070, 2100, 2130, 2160 e segue. Naquele HOJE de amanhã em que despertarmos, essas mudanças já estarão instaladas. Talvez demorem 150 anos ou mais a completar-se, a julgar por outras passagens nos finais de ciclos entre uma e outra época. Seria preciso avaliar, porque ela é redutiva geometricamente. INCOMPREENSÃO DAS MUDANÇAS (redução lenta no começo, violenta no final – quando sobra como imaginação degenerada para os pobres em raciocínios)

Os pobres em imaginação demoram mais a perceber a acumulação de estranheza: eles continuam a acreditar no passado até muito depois e continuam a abandonar o campo pelas cidades, mesmo quando os ricos estiverem plena e visivelmente fazendo o movimento contrário (assim como, nos EUA, os pobres continuaram indo para o centro quando os ricos já estavam indo maciçamente para os subúrbios). A VIDA SURBUBANA DE HOJE NÃO É A MESMA DE ANTIGAMENTE – todos somos atores coadjuvantes no filme dos ricos.

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Isso tudo é para falar de um movimento de compra de terras no campo e de preparação de empresas para essa migração, como já falei em vários artigos dos 22 livros. Vitória, sexta-feira, 17 de abril de 2009. José Augusto Gava.

Anexos Capítulo 1

A LEI DA ATRAÇÃO GRAVITACIONAL (existem outras, uma para cada força), que Newton visualizou primeiro.

GRAVITAÇÃO As leis de Kepler e a lei da gravitação universal Paulo Augusto Bisquolo* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Ao contrário do que pensavam Aristóteles e Ptolomeu, a Terra não se encontra parada no centro do sistema solar. Está em movimento em torno do Sol, junto com mais oito planetas. Esse movimento planetário é descrito por leis que foram desenvolvidas no decorrer da história devido às contribuições de diversos cientistas, como Copérnico e Galileu, e na física clássica foram concluídas pelos trabalhos de Kepler e Newton. As leis de Kepler O alemão Johannes Kepler (1571-1630) enunciou três leis que descrevem o movimento dos planetas no sistema solar, mas sabe-se agora que essas leis são válidas para qualquer sistema planetário. Elas são conhecidas como a lei das órbitas, a lei das áreas e a lei dos períodos.

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A lei das órbitas A lei das órbitas descreve a trajetória de um planeta que está orbitando uma estrela. Ela pode ser enunciada da seguinte forma:

Todos os planetas se movem em trajetórias elípticas, estando o Sol localizado em um dos focos da elipse.

A Terra tem a sua trajetória elíptica. Porém, como os focos dessa trajetória estão muito próximos, sua órbita é praticamente circular. Cabe salientar que a circunferência é uma elipse onde os dois focos coincidem. A lei das áreas Considere um planeta em movimento em torno do Sol. Definiremos como raio vetor um vetor que tem como origem o Sol e extremidade apontando para o planeta em questão.

Com isso, a lei das áreas pode ser enunciada da seguinte forma:

No movimento de órbita do planeta, o raio vetor varre áreas iguais em tempos iguais.

Uma conseqüência importante dessa lei é o fato de o planeta não 20


percorrer a sua órbita com velocidade constante. Observe que A 1 e A 2 são iguais, mas as os arcos ab e cd não são. Se as áreas são percorridas em tempos iguais, então a velocidade média com que o planeta percorre o arco ab será maior que a velocidade média com que ele percorre o arco cd. Com isso, pode-se concluir que o planeta, quando se dirige ao periélio, ponto mais próximo do Sol, executa um movimento acelerado, mas quando se dirige ao afélio, ponto mais afastado do Sol, executa um movimento retardado. A lei dos períodos Considere dois planetas do sistema solar, como a Terra e Vênus. Esses dois planetas descrevem trajetórias quase circulares em torno do Sol e completam uma volta em um intervalo de tempo que chamado de ano do planeta, ou período de translação. Kepler, nos seus estudos, determinou uma relação entre o período de translação e o raio médio da órbita dos planetas que constituem um sistema planetário. Essa relação é conhecida como a lei dos períodos, e pode ser enunciada da seguinte forma.

A razão entre os quadrados dos períodos de translação dos planetas e os cubos dos respectivos raios médios das órbitas é sempre constante. Matematicamente, a lei dos períodos pode ser escrita da seguinte forma:

Onde: T = Período de translação dos planetas. R = Raio médio das órbitas planetárias. K = Uma constante que depende da massa do Sol. Para o caso particular da Terra e de Vênus, se aplicarmos a lei dos períodos, teremos a seguinte relação matemática:

A lei da gravitação universal Depois de ouvirmos tantas vezes que "Terra atrai a Lua", talvez você 21


possa ter se perguntado por que a Lua não cai na Terra. Para entender a resposta dessa pergunta, faça a seguinte experiência de pensamento: imagine que você tem uma pedra na mão e a deixa cair. Ela descreverá uma trajetória vertical e para baixo. Depois, pegue a pedra, lance-a para frente e observe que ela descreverá uma trajetória parabólica, chegando ao solo alguns metros a frente. Agora pense na possibilidade de poder lançá-la cada vez mais longe: o que aconteceria com essa pedra? É natural que ela continue caindo, já que é atraída pela Terra. Porém, dependendo da velocidade com que ela é lançada pode ocorrer algo muito curioso: a pedra pode entrar em um movimento de "queda eterna", que é conhecido como movimento de órbita. A resposta da pergunta é essa: se a Lua executa um movimento orbital devido à atração que a Terra exerce sobre ela, isso quer dizer que a Lua está em movimento de queda, mas que nunca chegará atingir a Terra. Isaac Newton formulou a lei que descreve essa força que, além de fazer os objetos caírem, faz os planetas e satélites permanecerem em órbita. Essa lei é conhecida como a lei da gravitação universal e ela parte de duas premissas:

 massa atrai massa; quanto mais afastados estiverem os corpos, menor será a intensidade dessa força.

A explicação da segunda premissa foi objeto de muita discussão entre os pesquisadores da época, como Robert Hooke e Edmund Halley, mas o gênio criativo de Newton foi capaz de solucionar esse problema. Newton descobriu que a força de atração gravitacional era inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as massas, em outras palavras, quanto mais afastados estiverem os objetos, menor será a força de atração entre eles e essa força diminui rapidamente com o aumento da distância. Outro ponto importante da lei da gravitação universal é aquele que diz que massa pode atrair massa. Dessa afirmação pode vir a seguinte pergunta: "Se eu tenho massa, porque eu não estou atraindo outros corpos que também têm massa?". A resposta é que você está, sim, atraindo outros corpos que estão ao seu redor. Mas, como você tem uma massa pequena e os outros corpos também, essa força de atração se torna desprezível. Quando pelo menos um dos corpos tem uma massa considerável, como é o caso do planeta Terra, é possível sentir a 22


força de atração gravitacional. A lei da gravitação universal de Newton é expressa matematicamente pela equação abaixo:

Onde G é uma constante:

* Paulo Augusto Bisquolo é professor de física do colégio COC-Santos (SP).

Capítulo 2

ANTIGA EVASÃO DOS CAMPOS (dizem que é “inexorável” somente aqueles que não conhecem a dialética e não raciocinam sobre os ciclos)

Epidemiologia e Serviços de Saúde ISSN 1679-4974 versão impressa

Epidemiol. Serv. Saude v.14 n.3 Brasília set. 2005 →carregue o artigo em formato PDF ARTIGO ORIGINAL

Aspectos demográficos do processo de envelhecimento populacional em cidade do sul do Brasil Demographic aspects of ageing process in a brazilian southern city Gilberto Berguio MartinI; Luiz Cordoni JúniorII; Yara Gerber Lima BastosII I Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba-PR II Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR Endereço para correspondência RESUMO

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O trabalho analisa a evolução demográfica relacionada ao processo de envelhecimento no Município de Londrina, Estado do Paraná, Brasil. Foi estudada a evolução demográfica da população geral no período de 1970 a 2000, por sexo e faixa etária, utilizando-se como fonte de dados os censos populacionais da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Calculou-se o índice de envelhecimento e o índice de dependência, este subdividido em índice de dependência-jovem e índice de dependência-idoso. Os fenômenos observados foram: o processo migratório ocorrido com o êxodo rural (a população rural passou de 52,07% para, aproximadamente, 3%); redução do tamanho da família, com a intensificação da presença da mulher na chefia dos núcleos familiares; alterações na distribuição por faixa etária, com crescimento proporcional da população idosa (de 4,03% para 9,34%, no período estudado); aumento do índice de envelhecimento (de 0,10 para 0,35); e queda do índice de dependência total, basicamente em razão do índice de dependência-jovem e do aumento do índice de dependência-idoso, o que significa um impacto socioeconômico relevante. Palavras-chave: demografia; envelhecimento populacional; transição demográfica. SUMMARY This study analyses the demographic evolution of the population of the Municipality of Londrina, Paraná State, Brazil, in the aging process. The general population was studied over the period from 1970 to 2000 by gender and age, using population census data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics Foundation (IBGE). Ratios of aging and dependency were calculated, the latter ratio divided into youngest (age 0-15 years) and retirees (age 60+). The outcomes indicate: a strong migratory process due to a rural exodus (decline in rural population from 52.07% to 3%); smaller family size rates, and Increase in the number of female heads-of-family; changes in age distribution, with proportional growth of retired (from 4.03% to 9.34% during the period); aging ratio increase (from 0.10 to 0.35); and fall in the total dependency ratio due to the ratio for the youngest category and increase of the oldest, which demonstrating a relevant socioeconomic impact. Key words: demography; population aging; demographic transition.

Introdução

Até recentemente, a compreensão vigente era a de que população envelhecida constituía uma realidade de países desenvolvidos e que o nosso país era um "país de jovens". A situação atual, entretanto, é um pouco mais complexa. Vivemos em uma nação com grandes proporções de jovens, ao lado de uma crescente população que atingiu e passa dos 60 anos de idade. Essa realidade coloca para o Brasil, já há algum tempo, o grande desafio de alocar recursos para fazer frente às necessidades decorrentes desse quadro de sobreposição, onde ambos os grupos etários apresentam intensa demanda por serviços.1,2 No início do século XX, tínhamos uma distribuição etária com 44,4% da população na faixa de zero a 14 anos, 52,3% na faixa de 15 a 59 anos, apenas 3,3% com 60 ou mais anos e uma expectativa de vida de pouco mais de 30 anos. Atualmente, 14.536.029 brasileiros contam com mais de 60 anos, representando 8,6% da população total. O número de idosos existente na nossa população faz do país responsável por um dos maiores contingentes de idosos do mundo.3 Com o processo do envelhecimento populacional, dá-se o fenômeno das chamadas transições Demográfica e Epidemiológica.4,5 Se esse processo de transição for comprimido e acontecer em um número menor de anos, as repercussões sociais serão muito acentuadas, particularmente se os recursos materiais dessa sociedade forem limitados. Nesse caso, o maior desafio será o

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de absorver e lidar com as necessidades dos idosos, desde que as prioridades continuem como são, claramente relacionadas a outros grupos etários da população.6 O fenômeno também se faz presente no Município de Londrina, Estado do Paraná, onde, segundo dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de 60 anos ou mais evoluiu de 3,41%, em 1960, para 7,32%, em 1991.7 Essa tendência apresenta uma característica preocupante. Se de um lado, observa-se a ausência de uma real melhoria das condições de vida de uma grande parcela dessas populações, de outro, contrariamente ao que ocorreu nos países desenvolvidos, o processo brasileiro dá-se com rapidez muito intensa.5-8 A transição demográfica por que passa o Brasil e a cidade de Londrina, particular objeto deste estudo, e suas conseqüências preocupantes refletem-se neste trabalho, cujo objetivo é analisar a evolução demográfica relacionada ao processo de envelhecimento da população residente no Município paranaense.

Metodologia

O estudo foi realizado no Município de Londrina, localizado a 380 quilômetros da capital do Estado do Paraná, Curitiba. Sua população, em 2001, era de 447.065 habitantes, dos quais 97%, aproximadamente, residentes na área urbana.3 Sua densidade demográfica é de 259,07 hab/km2. O Município é pólo de uma Região Metropolitana de outros sete e referência para uma área de influência estimada em 4,5 milhões de habitantes.9 A população geral de Londrina foi estudada em relação à sua evolução demográfica no período de 1970 a 2000, por sexo e faixa etária, utilizando-se como fonte de dados os censos demográficos brasileiros.3,10-16 Considerou-se como população idosa aquela com 60 anos ou mais, de acordo com o que estabelece a legislação brasileira.17 A Organização das Nações Unidas (ONU) também considera como idosas, para os países em desenvolvimento, pessoas acima de 60 anos.18 Utilizou-se o cálculo do índice de envelhecimento, medido pela relação entre o número de habitantes com mais de 65 anos – nível inferior da faixa de idade que, neste trabalho, para uma padronização coerente com a definição de população idosa estabelecida, foi reduzido para 60 anos – e o número de habitantes com menos de 15 anos.19 Também foi utilizado o índice ou razão de dependência, definido como a razão entre a soma da população menor de 15 anos de idade e mais de 65 anos, divididos pela população de 15 a 64 anos, em percentuais.2,19 Para o estudo, pela razão já indicada, foi adotado o ponto de corte de 60 anos. O índice de dependência está subdividido em índice de dependência-jovem (razão entre a população menor de 15 anos e a população de 15 a 59 anos) e o índice de dependência-idoso (razão entre a população maior de 60 anos e a população de 15 a 59 anos).19 O projeto do estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina, recebendo parecer favorável à sua realização.

Resultados

Foi possível identificar em Londrina, no período estudado, vários dos fenômenos presentes na evolução do processo de envelhecimento de outras populações, já apontados por diversos autores.5,8,20-22 O primeiro fenômeno observado, e o mais marcante deles, foi o processo migratório ocorrido com o êxodo rural, que se intensificou, principalmente, a partir da década de 60, início do predomínio da população urbana sobre a rural no Município (Figura 1). Em 50 anos, a população rural, que significava 52,07% em 1950, caiu para pouco mais de 3% da população londrinense total no ano

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2000.

Além do êxodo rural, houve intensa imigração de contingentes vindos de outros Municípios. Considerando-se os dados censitários do IBGE de 1970, observa-se que, naquele ano, nada menos que 60,9% da população de Londrina era composta de pessoas que não haviam nascido na cidade. Essa proporção representava 138.862 habitantes, 45.600 dos quais (cerca de 20% da população total desse ano) haviam se mudado para Londrina durante os cinco anos anteriores, ou seja, entre 1965 e 1970. Já em 1996, segundo a Contagem da População do IBGE, esse número caíra para 9% da população total. O quadro migratório de 1970 mostrava, ainda, que 50,25% (69.783 migrantes) vieram de outras regiões urbanas, provavelmente de centros menores que Londrina e de economia rural, predominantemente, enquanto que 49,75% eram originários, diretamente, de regiões rurais de outros Municípios.10 Em 1970, o papel de chefia do domicílio e/ou da família era masculino em quase 92% dos lares; já em 1996, a situação sofre alteração marcante, quando mais de 21% dos domicílios ou famílias passam a ter mulheres assumindo a responsabilidade formal de chefia. A queda do coeficiente de mortalidade infantil, marcante no processo de envelhecimento populacional, encontra-se bastante evidente em Londrina, onde viu-se reduzida de 66,71 por mil nascidos vivos em 1970,23 para 11,09 por mil nascidos vivos em 2001,24 conforme demonstra a Tabela 1.23,25,26

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O coeficiente de natalidade por mil habitantes em Londrina vem decaindo seguidamente. Era de 41,0 em 1970,23 28,81 em 1980 e 20,91 em 1990, chegando a 18,63 em 2.000.25 Já o coeficiente de mortalidade por causas externas, por acometer, predominantemente, a população mais jovem, tem repercussão de impacto no cálculo da expectativa de vida. Para o mesmo período, considerando a base de 100.000 habitantes, ele foi de 67,94 em 1980 e, muito embora viesse crescendo até 1995 (75,68 em 1990 e 89,53 em 1995), apresenta queda em 2000, quando atinge 57,70.25 Entre as repercussões desses fenômenos sobre o comportamento populacional, há que se destacar as alterações observadas na distribuição por faixa etária, com a gradativa redução do número de habitantes mais jovens e o crescimento proporcional da população com mais de 60 anos (Figura 2). Em 30 anos, a população idosa de Londrina, proporcionalmente, mais do que dobra de tamanho, saindo de 4,03% (9.209 pessoas) em 1970, para 9,34% (41.780 pessoas) em 2.000.

O que chama atenção nas demais faixas etárias é a queda proporcional na faixa dos 0-4 anos, 40% menor em 2000 do que era em 1970. Em 30 anos, esse indicador reduziu-se de 13,94% para 8,35%. Um comportamento semelhante é identificado na faixa dos 5 aos 9 anos, que, nesse mesmo período, cai 39,45%, assim como no estrato dos 10 aos 19 anos, que cai 21,89%. A distribuição proporcional de habitantes por faixa etária estabiliza-se, praticamente, na faixa dos 20 aos 29 anos, no período compreendido entre 1970 e 2000. A maior variação verificada nesse período de 30 anos foi na proporção de habitantes idosos (60 e mais anos), que cresceu mais de 130%. Já em número de habitantes idosos, a mesma variação passou de 358% (Figura 2). Paralelamente às modificações constatadas nos grupos etários populacionais, também acontece uma gradativa, porém relevante, redução na taxa de crescimento populacional de Londrina. Na década de 50, essa taxa foi de 6,6% ao ano, em média; na década de 60, foi de 5,4%, caindo, drasticamente, na década de 70, para 2,82%; e, depois, para 2,36% na década de 80 e 2,02% na de 90.26 A razão de envelhecimento populacional propicia um quadro evolutivo de aumento durante o período pesquisado: de 0,10 em 1970, para 0,35 em 2000. Outros parâmetros de repercussão do envelhecimento populacional são dados pelos índices de dependência total, de dependência-jovem e de dependênciaidoso. No período estudado (Tabela 2), observa-se que o índice de dependência total cai, basicamente, às custas do índice de dependência-jovem, enquanto o índice de dependência-idoso aumenta.

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Entre os desdobramentos desse fenômeno, há que se destacar o crescimento do percentual de pessoas do sexo feminino na faixa etária de 60 e mais anos. Em 1970, 46,56% dos idosos eram do sexo feminino, chegando a uma participação de 53,8% na população geral do Município, no ano de 1996.

Discussão

Todo esse processo migratório gerou uma necessidade intensa de espaço de moradia, fato que acabou desencadeando o fenômeno do crescimento da periferia urbana, provavelmente ligado à questão dos valores imobiliários. Os loteamentos regulares tradicionais e desenvolvidos de forma legal, predominantes até final da década de 60, foram sendo substituídos por duas outras formas de solução para a carência habitacional, geralmente freqüentes nas periferias da cidade ou regiões mais distantes do seu centro.27 A primeira dessas formas de ocupação, que predominou nas décadas de 70 e 80, foi a dos conjuntos habitacionais de moradias populares; e a segunda forma, a das ocupações irregulares – assentamentos ou invasões –, intensificadas no final da década de 80 e durante a década de 90, acabando por se transformar em favelas.27 Considerando-se a época de início do fenômeno dessas migrações, principalmente as décadas de 60 e 70, podemos afirmar que a geração idosa apresentada nessa pesquisa é de origem rural. Foi dela, geralmente, que surgiram os principais atores desse intenso movimento social migratório, de característica nacional, porém muito marcante na região objeto deste estudo. Há 30 ou 40 anos, essas pessoas contavam entre 20 e pouco mais de 40 anos de idade e encontravam-se no centro das decisões familiares e iniciativas de ação, como o desencadeamento da mudança da zona rural para a cidade, o que provocou todo o realinhamento urbano apresentado pela Londrina de hoje. Concomitantemente a esse rearranjo urbano decorrente do processo migratório, observa-se uma redução do tamanho da família e novas situações são criadas no seu interior – como a redefinição de protagonismos –, com a intensificação da presença da mulher na chefia dos núcleos familiares. Ao mesmo tempo em que se redesenhavam as características demográficas, os coeficientes de natalidade e de mortalidade por causas externas, com repercussão importante na expectativa de vida, também passaram a sofrer alterações, interferindo na composição etária da população do Município. Os comportamentos observados são bastante compatíveis com o comportamento em populações que envelhecem coletivamente. Com todas essas alterações de repercussão demográfica, o resultado final acaba sendo o progressivo envelhecimento da população de Londrina ao longo desses 30 anos pesquisados. O crescimento da participação proporcional da população idosa no total de habitantes do Município (4,05% para 9,34%) significou um incremento de mais

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de 130%. E isso tudo em espaço de tempo que pode ser considerado muito curto para a evolução e desenvolvimento desse processo: em 30 anos, mais que dobrou o percentual de idosos na população geral. Foi uma velocidade de crescimento mais intensa que a do Brasil no seu conjunto, cuja população idosa evoluiu de 5,1% para 8,6%, no mesmo período.3 Entre diversas outras repercussões de ordem econômica e social, há que se destacar a interferência desse fato nos índices de dependência e na razão de envelhecimento da população londrinense. O índice de dependência-idoso aumenta, o que significa um impacto socioeconômico relevante, ao se considerar a afirmação de Veras,2 que diz ser "o ônus financeiro da faixa idosa [...] muito mais alto que o das crianças". Quanto ao aumento proporcional de mulheres idosas, Martin & Cabrera28 também demonstraram o fato em Londrina, mediante análise das informações contidas nas declarações de óbitos de pessoas com mais de 60 anos e que morreram no período de 1980 a 1996. Constataram, em relação ao estado conjugal no momento do óbito, que as mulheres idosas estavam cada vez mais sozinhas que os homens. Segundo os autores, do total de idosos que se encontravam viúvos ao morrer (e que significavam 39,89% do total de óbitos de idosos), 65,69% eram do sexo feminino, em 1980, 63,23% em 1990 e 69,03% em 1996. Já do universo dos que se encontravam casados ao morrer (49,08%), para os mesmos anos, o sexo masculino tinha a proporção de 72,27%, 72,60% e 76,46%, respectivamente, demonstrando a possibilidade de estar ocorrendo, no Município de Londrina, o fenômeno definido por Berquó apud Paschoal1 como a "Pirâmide da Solidão", decorrente do grande número de idosas viúvas, solteiras ou descasadas - por conseguinte, provavelmente solitárias. Quanto ao quadro geral dos dados aqui apresentados, pode-se dizer que foi possível identificar e destacar, em Londrina, fatos que também aconteceram no processo de envelhecimento de outras populações, notadamente fenômenos sociais e demográficos: a) migração, expressão do êxodo rural, conseqüente e intensa urbanização caracterizada pelo crescimento periférico das cidades; e b) mudança do perfil familiar das suas populações, marcadamente pela redefinição de alguns papéis, como o da mulher dentro dessa estrutura, refletido no crescimento da sua função como provedora (antes reservado, predominantemente, ao sexo masculino), bem como na assunção da chefia da família; além da redução do tamanho dessa nova família, em processo de transformação. Destaque-se, ainda, o que é bastante comum em outras populações em processo de envelhecimento, igualmente encontrado nos dados aqui apresentados: a identificação da queda das taxas de alguns coeficientes de mortalidade, de natalidade e de crescimento populacional, com repercussões sobre a distribuição etária, especialmente na redução do número de jovens e no crescimento do número de idosos, colocando Londrina na atual situação de cidade com população idosa crescente. Os autores deste trabalho concluem que Londrina e outras cidades brasileiras apresentam um perfil semelhante em relação ao processo de envelhecimento. Portanto, devem-se estabelecer políticas públicas intersetoriais, especialmente na área da Saúde Pública, para atender a essa população idosa nas suas crescentes necessidades de saúde e bem-estar.

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Importância da irrigação no desenvolvimento do agronegócio Profs. Responsáveis Roberto Testezlaf Edson Eiji Matsura João Luiz Cardoso Documento redigido em cumprimento à primeira fase de contrato de prestação de serviços com a Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da ABIMAQ

EMPRESA JÚNIOR DE ENGENHARIA AGRÍCOLA 31


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Agrícola março, 2002 Importância da irrigação no desenvolvimento do agronegócio O uso da irrigação na produção agrícola tem sofrido sérias críticas ultimamente, sobretudo por aqueles que a consideram uma das responsáveis, em larga medida, pelo problema de escassez de água e de energia no país. Todavia, as críticas sobre a técnica de irrigação baseadas simplesmente nos aspectos mencionados, não tomando em consideração a importância da irrigação para a economia agrícola brasileira, o respectivo papel desempenhado no desenvolvimento de diversos países e na produção mundial de alimentos podem ser consideradas improcedentes ou irracionais. Assim, as conseqüências que podem advir se o radicalismo de uma única visão prevalecer para planejadores e legisladores poderão ser profundamente prejudiciais à população, servindo de desestímulo ao produtor rural e de entrave ao desenvolvimento agrícola no Brasil. Por entender a importância que a técnica de irrigação possui no cenário socioeconômico brasileiro e no agronegócio, que o respectivo fortalecimento pode contribuir indubitavelmente para que a agricultura participe mais efetivamente para o desenvolvimento do país, considera-se imprescindível discutir alguns elementos essenciais em defesa da irrigação e os principais benefícios originados pela sua adoção. Neste contexto, o presente artigo tem o objetivo de, a partir de informações técnicas, econômicas e sociais, apresentar um panorama real acerca do uso da irrigação agrícola. A irrigação e a demanda de água distribuição do consumo de água no Brasil (Figura 1) é geralmente apresentado para salientar a participação da irrigação na utilização dos recursos hídricos em nosso país.

Figura 1: Usuários da disponibilidade hídrica no Brasil O dado apresentado de que a agricultura irrigada brasileira consome cerca de 61% da demanda total de água é quase sempre associado à idéia de que esse volume é na sua maior parte “desperdiçado” e “perdido” e que, portanto, a irrigação é a maior responsável pelas perdas de água existentes. Associa-se então a idéia de que a população pode ser penalizada pela escassez da água. Essas idéias são geradas, muitas vezes, pela falta de conhecimento sobre a verdadeira participação da água na produção agropecuária. A produção de alimentos é uma atividade essencial para a existência humana que demanda efetivamente muita água. A chuva é a sua principal fonte e, na falta desta, a irrigação supre essa necessidade, de forma parcial ou integral, dependendo da região do país. “A irrigação atende as necessidades hídricas das culturas, complementando a chuva e visando a assegurar a produção agroalimentar de forma adequada” Para uma planta atingir o potencial produtivo ela requer um volume de água 32


para o respectivo metabolismo que pode ser considerado extremamente alto quando comparado com outros tipos de usuários. Por exemplo, o milho cultivado na época em que ocorrem normalmente as chuvas (outubro a março), nas condições climáticas médias do município de Campinas (no Estado de São Paulo), pode chegar a consumir, durante todo o ciclo produtivo, um total aproximado de 500 mm ou 5.000 m3 de água por hectare. “A irrigação não gasta muita água, mas é a produção de alimentos que precisa de um volume significativo de água para se viabilizar” A Figura 2 apresenta a quantidade média de água requerida, em metros cúbicos 3 (m ), para se produzir uma tonelada (t) de diferentes produtos agrícolas, nas condições climáticas normais do município de Campinas, SP.

Figura 2: Consumo de água para produzir uma tonelada do produto. Os números são elevados e podem parecer alarmantes quando não se conhece bem as reais demandas de água pelas plantas. Levando-se em consideração dados do IBGE indicando que o consumo de alimentos “per capita” diário do brasileiro é em média de 930 gramas e que são necessários, em média, 850 toneladas de água para produzir uma tonelada de alimentos, pode-se afirmar que são necessários aproximadamente 790 litros de água para garantir a alimentação diária de um habitante em nosso país. “Para alimentar um brasileiro diariamente é necessário gastar cerca de 790 litros de água, vindos da chuva ou complementada pela irrigação” A irrigação, quando utilizada de forma complementar à chuva, principalmente nas regiões onde o total de precipitação natural permite o desenvolvimento e a produção das culturas, proporciona melhor aproveitamento, aumentando a eficiência do uso da água aplicada pela chuva. A complementação da demanda hídrica da cultura pela irrigação, nos momentos corretos, proporciona o aproveitamento da água da chuva de modo a resultar em produção efetiva. Caso contrário, a presença da precipitação pluviométrica durante quase todo o ciclo da planta não seria uma garantia de ocorrência da produção final, da forma desejada, se faltasse água em momentos críticos do ciclo vegetativo. A irrigação e o aumento de produtividade das culturas Estudos científicos demonstram que o estresse causado pela falta de água reduz sensivelmente a produção vegetal, inviabilizando-a, por exemplo, em regiões de clima árido ou semi-árido, onde a falta de água é constante e limita a atividade agrícola. Por outro lado, como conseqüência de uma irrigação realizada no momento correto, aplicando-se a quantidade certa de água, tem-se índices de produtividade acima das médias das culturas, quando cultivadas sob condição de chuva somente (também chamados de cultivos de sequeiro). 33


Exemplos de produtividade de algumas culturas brasileiras sob condições de cultivos de irrigação e apenas de chuva, estão mostrados na Figura 3, com o respectivo percentual de aumento de produtividade. Com exceção de poucas culturas, o percentual de aumento da produtividade é quase sempre superior a 100% em relação a cultura não irrigada.

Figura 3: Produtividades médias de culturas irrigadas e não irrigadas no Brasil (Fontes diversas) O incremento de produtividade e a participação da irrigação na produção de alimentos ficam evidenciados quando se constatam, através de dados, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 1999), que apenas uma parcela de 1/6 da área mundial cultivada é irrigada, sendo responsável por 2/5 da produção de alimentos. Ou seja, o fato de se limitar o uso da irrigação poderia levar a uma queda expressiva na disponibilidade de alimentos, com graves conseqüências, visto que, atualmente, segundo o Banco Mundial, 840 milhões de pessoas não têm meios suficientes para comer e, em 2025, segundo estimativas, serão mais de 2 bilhões de pessoas na mesma condição. Além de ser um fator de incremento nos volumes de produtos agrícolas em geral, deve-se lembrar que numerosas culturas de ciclo curto, como tomate, alface e outras hortaliças, particularmente exigentes em água, são viabilizadas somente com o uso da irrigação. Adicionalmente, está comprovado cientificamente que algumas espécies de plantas, sob o regime de irrigação, apresentam melhoria de qualidade no produto final. É o caso, principalmente, de frutas e legumes, cujas qualidades desejáveis para o consumo, como o tamanho e teor de açúcar, podem ser conduzidas pela irrigação. “A irrigação além de significar garantia de produção agrícola, também proporciona aumento de produtividade e de qualidade para várias culturas” A energia e a irrigação Percebeu-se ultimamente, com mais intensidade, a escassez de água e energia elétrica em algumas regiões do País. Esta observação ocorreu justamente no período do ano quando existe a maior necessidade de se complementar a demanda de água das culturas irrigadas. Esse relacionamento entre a existência da água e a produção de energia é uma característica brasileira que começou com o Código das Águas de 1934, que ao incluir a indústria de energia elétrica entre os serviços de utilidade pública e instituir o regime de concessão para a sua exploração, criou condições para as grandes obras hidráulicas no país. Consequentemente, mais de 82% da energia elétrica atualmente consumida é de origem hídrica, o que torna o sistema elétrico brasileiro extremamente concentrado e dependente desta fonte energética. A situação energética brasileira passa por um momento crítico, em que novos investimentos são necessários no setor de geração de energia para garantir o 34


desenvolvimento econômico do país. Considerando o consumo total de energia final no período 1980 - 2000, verifica-se que a utilização de energia pela agropecuária é em média de 4,5 % (BEN, Balanço Energético Nacional, 2000 ). De acordo com a CEMIG (1993), o consumo médio de energia de uma área irrigada é de 2.714 kWh/ha.ano. Assumindo que toda a área irrigada brasileira utiliza energia elétrica, o que não é uma realidade, pode-se estimar o consumo de energia elétrica para irrigação no Brasil em 7.789 GWh/ano, correspondendo a 1,40 % da capacidade instalada de geração hidráulica do país. Esses números mostram claramente que, como consumidora de energia, a irrigação participa muito pouco da energia disponível no país. “A irrigação consome menos de 1,4 % da capacidade de geração de energia no Brasil” Marouelli e Silva (1998) apresentaram os valores do consumo médio de energia por método de irrigação, sendo a comparação entre eles mostrada na Figura 4.

Figura 4: Consumo de energia e eficiência média para diferentes métodos de irrigação Para se visualizar a importância da utilização da energia pela irrigação, é possível, a partir dos dados da Figura 4, calcular os valores de consumo de energia requerido para a produção das culturas de arroz, feijão, tomate, considerando que toda a demanda de água das culturas foi disponibilizada pela irrigação por aspersão (Figura 5).

Figura 5: Valores de consumo de água e de energia para três culturas Com o valor médio do consumo de energia para as três culturas analisadas e considerando-se que o brasileiro consome em média 930 gramas de alimento por dia (27,9 Kg/mês), é possível estimar que o consumo de energia para alimentar essa pessoa é de 22,4 kWh/mês, o que corresponde ao consumo mensal de um microcomputador com uso diário de 5 horas. “Alimentar um brasileiro mensalmente com produtos irrigados consome a mesma energia de um microcomputador ligado 5 horas diariamente” 35


Assumindo-se o consumo total de energia utilizado pela irrigação (7.789 GWh/ano), pode-se estimar que a referida técnica contribuiria para alimentar uma população de 28.989.876 pessoas com a energia gasta. Entretanto, como o aporte maior de fornecimento hídrico para as plantas vem de água de chuvas, os resultados tornamse extremamente conservadores, tendo em vista que, a irrigação é apenas complementar. Desta forma, a energia requerida por pessoa seria bem menor e o número de pessoas alimentadas pela energia consumida pela irrigação, bem superior ao valor encontrado. Mesmo sendo constatado o baixo valor de consumo energético pela atividade irrigada e a importância expressiva do seu uso, pelo número de pessoas que são alimentadas pela atividade no Brasil, o setor de irrigação possui um bom potencial de economia de energia. É certo que, nos programas de incentivo do uso da eletrificação rural, as atuais tarifas especiais de uso para irrigação poderão ser desestimuladas por conta das restrições energéticas implantadas pelo governo. Considerando esta possibilidade, fica mais evidente ainda que o adequado manejo da irrigação, com o conhecimento por parte do irrigante das características do desempenho dos equipamentos de irrigação, quanto à uniformidade de distribuição de água e à aplicação de lâmina de água, deve constituir a garantia da economia de água e energia, desejada no processo produtivo da agricultura irrigada. “O baixo consumo de energia utilizado pela irrigação é aplicado na produção de alimentos para uma parcela significativa da população brasileira” A irrigação no Brasil e a situação mundial Atualmente, o Brasil ocupa lugar de pouca expressão entre os países que utilizam a irrigação intensivamente. Apesar de possuir uma superfície territorial de 851 milhões de hectares, o país explora, segundo o IBGE (1995), cerca de 220 milhões de hectares, dos quais 42 milhões com lavouras e 178 milhões com pecuária. Apesar de não se dispor de uma estatística atualizada sobre a área irrigada nacional, fontes como a FAO (2001), Bernardes (1998) e Rodrigues (1990) estimavam que o Brasil teria aproximadamente de 2,7 a 3 milhões de hectares irrigados em 1998, o que corresponderia a 1,4 % da área agrícola explorada no país. A Figura 6 exemplifica a pouca participação da irrigação na área total cultivada do país.

Figura 6: Participação da irrigação na área cultivada de 42 milhões de hectares. Estudos desenvolvidos pelo Programa Nacional de Irrigação (PRONI, 1989) indicaram que, dentre todos os países do mundo, o Brasil detinha o segundo potencial de áreas irrigadas, com 55 milhões de hectares, sendo 30 milhões de terras baixas de várzeas e 25 milhões de terras altas. Outros autores estimam que a área total de solos aptos à irrigação no Brasil é de cerca de 29,6 milhões de hectares, sendo 13,5 milhões de hectares em solos de várzeas e 16,1 milhões em solos de terras altas. “A área irrigada brasileira pode ser considerada pequena quando 36


comparada com o potencial irrigável do país” A fim de que seja possível obter uma idéia, no contexto internacional, acerca da importância das áreas irrigadas, efetuou-se uma análise comparativa utilizando países do Continente Americano, da União Européia e, pela importância que podem representar quanto ao assunto, Japão e Israel. Foram relacionados os dados (referentes às médias dos anos 1997,1998 e 1999) de terras irrigadas com os de áreas de terras aráveis mais as áreas de culturas permanentes, provenientes dos anuários estatísticos da FAO. A Figura 7 apresenta os dados comparativos para o Continente Americano e a Figura 8, para a União Européia. Valores dos índices encontrados abaixo ou acima de 100 (cem) indicam, respectivamente, usos menos intensivos ou mais intensivos da técnica de irrigação, comparativamente ao conjunto de países do mundo (tomado como referência, de base 100).

Figura 7: Representação dos índices das áreas irrigadas para o caso das áreas de terras aráveis mais as áreas com culturas permanentes, nos países do Continente Americano As áreas irrigadas representam 18% do total de terras aráveis e ocupadas com culturas permanentes para o conjunto de países do mundo. Os países do continente americano com mais elevadas participações de áreas irrigadas são o Chile (78,4%) e Suriname (76,1%). Na outra extremidade, países em que a irrigação ocorre em pequena escala são, por exemplo, o Canadá (1,6 %), Trinidad & Tobago (2,5%) e Paraguai (2,9%), estando o Brasil entre esses onde a técnica de irrigação é bem pouco empregada (4,4%). Evidentemente, os índices de áreas irrigadas confirmam os aspectos apresentados. Considerando-se um conjunto de 27 países americanos, o Brasil (com índice de 24) se posiciona, em ordem decrescente, como o vigésimo segundo, superando apenas Honduras, Nicarágua, Paraguai, Trinidad & Tobago e Canadá.

Figura 8: Representação dos índices das áreas irrigadas para o caso das áreas de terras aráveis mais as áreas de culturas permanentes, nos países da União Européia, no Mundo e no Brasil 37


No caso da União Européia, os países que evidenciam mais elevados índices de irrigação são os Países Baixos (334) e a Grécia (208). O Brasil, com índice de irrigação de 24, encontra-se em nível abaixo dos Países Baixos, Grécia, Portugal, Itália, Dinamarca, Espanha, França e Bélgica/Luxemburgo. Observe-se ainda que Israel e Japão constituem países que utilizam a técnica de irrigação de forma expressiva. O índice de área irrigada em Israel está 154 % acima do indicador do conjunto de países do mundo, sendo ainda 3,04 vezes superior no Japão. Os dados apresentados demonstram que, apesar das ações governamentais adotadas e das iniciativas das empresas privadas em algumas regiões específicas do país, a área irrigada brasileira é bem inferior ao potencial irrigável e muito baixa quando comparada com países dotados até de níveis bem menos elevados de desenvolvimento agrícola. “A irrigação tem enorme potencial para se expandir e se aperfeiçoar no Brasil, a fim de proporcionar contribuição importante ao incremento das disponibilidades alimentares e ao desenvolvimento econômico nacional”. A irrigação como fator de desenvolvimento sócioeconômico. A irrigação, como técnica que garante a produção agrícola, é considerada oficialmente como elemento fomentador do desenvolvimento socioeconômico. A Lei 8.171/91, que dispõe sobre a Política Agrícola, corretamente define a irrigação como fator de bem-estar social de comunidades rurais. A irrigação também é vista em outros países como indutora de atividades industriais e comerciais, capaz de contribuir para o progresso da economia, com geração de empregos e responsável pela circulação de riquezas. Existem casos conhecidos no Brasil aonde o desenvolvimento está diretamente relacionado com o uso da irrigação, como o município de Guaíra (SP), Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), Barreiras (BA), Chapada do Apodi (RN), Araguari (MG) e Janaúba (MG). Alguns estudos já foram desenvolvidos no país, comprovando o impacto positivo da irrigação na modernização agrícola e a sua contribuição efetiva no desenvolvimento regional. Um exemplo é a avaliação da contribuição socioeconômica decorrente da implantação de um projeto de irrigação financiado pelo Projeto São José, para as condições da comunidade Recreio, no município de Iguatu, no Ceará (Khan, Neiva e Silva, 2001). Os resultados (junto aos produtores rurais) evidenciaram que o projeto de irrigação promoveu substancial contribuição para melhoria na qualidade de vida da população da comunidade cearense da região de Recreio, gerando novos empregos e melhoria da renda. Ainda, de acordo com França (2001), o Perímetro Irrigado de Gorutuba, envolvendo os municípios de Janaúba e, hoje, Nova Porteirinha, na região norte de Minas Gerais, ocasionou mudanças socioeconômicas importantes, como: • criação de empregos diretos; • salários pagos no perímetro superiores àqueles pagos pela indústria e comércio da região; • aumento considerável na demanda de bens de consumo e serviços, com aumento de estabelecimentos comerciais e industriais e do emprego nestes setores; • diminuição no fluxo migratório rural-urbano; e • melhoria nas condições de saúde, educação, habitacionais e de lazer dos irrigantes. Da mesma forma, outros estudos realizados para a agricultura irrigada do Pólo Petrolina (PE) – Juazeiro (BA) mostraram que: 38


a região constitui pólo de desenvolvimento regional, baseado na produção de frutas e hortaliças; • houve aumento de renda “per capita”; • ocorreu incremento do número de estabelecimentos industriais, gerando novas ocupações; e • crescimento demográfico foi superior ao verificado para os estados respectivos, de Pernambuco e Bahia. Além dos empregos diretos que o uso da técnica possibilita, na condição de ser uma prática adicional a ser utilizada no processo produtivo, a irrigação tem o potencial de criar empregos indiretos, seja na indústria de processamento agropecuário ou nos setores de insumos agrícolas. A capacidade de geração de emprego da agricultura irrigada pode ser avaliada por diferentes estudos, cujos valores apresentam variações em função da cultura, período e local analisado. A Figura 9, apresenta os resultados de 4 estudos apresentados por França (2001). Baseado nesses estudos, estimou-se, para a região semi-árida, “em várias condições da agricultura irrigada, que um hectare irrigado gera de 0,8 a 1,2 emprego direto e 1,0 a 1,2 indireto, de forma consistente e estável, contra 0,22 emprego direto na agricultura de sequeiro” (Souza, 1989, citado por França, 2001, p. 54). Assim, esta capacidade de gerar emprego por parte da agricultura irrigada contribuía e tende ainda a contribuir para a diminuição do êxodo rural desordenado do Nordeste.

Figura 9: Empregos gerados pela agricultura irrigada, na região do semi-árido (autores diversos) Christofidis (1997) estimou que a agricultura irrigada brasileira é responsável por 1,4 milhão de empregos diretos e 2,8 milhões de empregos indiretos, implicando que cada hectare irrigado gera aproximadamente 1,5 emprego. Como o Brasil tem potencial para irrigar 16,1 milhões de hectares de terras altas, mantendo-se esses indicadores a irrigação teria capacidade de contribuir para a geração de empregos para cerca de 24 milhões de pessoas no país. “A adoção da agricultura irrigada pode significar o aumento sustentado da produção e produtividade agrícolas, a elevação dos níveis de renda e a conquista de melhoria das condições de vida da população rural, sendo fator importante para manutenção do homem no campo”. O desenvolvimento tecnológico da irrigação e a questão ambiental A pressão mundial pelo combate à fome e a conseqüente busca do aumento da produção de alimentos obrigam a agricultura moderna a proporcionar respostas eficientes nesse sentido. Mas, em contrapartida, transforma a atividade agrícola em uma das que mais utiliza os recursos naturais, causando, diversas vezes, a degradação, redução e comprometimento desses recursos. O desmatamento das bacias hidrográficas, desenvolvimento de processos erosivos, assoreamento de rios e reservatórios, o uso indiscriminado de fertilizantes e pesticidas são exemplos dos 39


efeitos adversos da atividade agrícola, sendo procedentes as críticas direcionadas a esses casos. A irrigação, constituindo um fator que contribui para o aumento da produção agrícola, precisa ser operada de forma eficiente e adequada, sob o ponto de vista ambiental, por todos os agentes que se relacionam à técnica, como irrigantes, projetistas, fabricantes, pesquisadores, para não se tornar um elemento gerador de problemas oriundos da produção intensiva. É necessário reconhecer a possibilidade de ocorrência de impactos do uso da técnica, avaliando-os e desenvolvendo soluções tecnológicas que provoquem melhorias, viabilizando a atividade agrícola irrigada, de forma adequada. A compatibilização do uso correto dos recursos naturais, visando a respectiva sustentabilidade, com os benefícios gerados pela atividade irrigada será capaz de produzir os efeitos positivos, resultantes de sua adoção. A evolução da irrigação nos últimos anos introduziu uma série de inovações tecnológicas que possibilitam aos equipamentos controlar de forma mais adequada e automatizada a aplicação da água. Isto se traduz em um processo mais eficiente, permitindo manejar de forma mais precisa as demandas hídricas das culturas, de forma a possibilitar, assim, aumentos importantes na qualidade e na quantidade dos produtos explorados. Utilizados corretamente, os novos sistemas de irrigação elevam os rendimentos, reduzindo ao mínimo as perdas, diminuindo a necessidade de drenagem e promovendo a integração da irrigação com outras operações simultâneas, como a adubação, o controle de pragas e doenças. O objetivo dos esforços de desenvolvimento tecnológico em curso, em relação às técnicas de irrigação, resume-se em disponibilizar métodos de fornecimento e controle de água que maximizem sua efetiva utilização pelas culturas, reduzindo perdas e aumentando a eficiência dos processos de condução, distribuição e aplicação de água, simultaneamente com a redução do consumo de energia; em última análise, o objetivo final a alcançar, de forma permanente, é a otimização da relação água captada/ produção de alimentos. Considerações finais Proveniente dos aspectos analisados, é possível efetuar as seguinte considerações finais: • O uso de água para irrigação ocorre em função da necessidade de água pelas plantas, as quais utilizam volumes elevados de água para o respectivo metabolismo; • A irrigação é utilizada de forma complementar à chuva, nos casos de falta ou de insuficiência desta, com a finalidade de assegurar o desenvolvimento das plantas; • A irrigação possibilita aumento significativo da produtividade, reduz os riscos de perdas de produção e, em condições normais, viabiliza o retorno financeiro do investimento; • A irrigação possui baixo consumo de energia, sendo esta aplicada na produção essencial de alimentos para uma parcela significativa da população brasileira; • A área irrigada no Brasil ainda é bem pouco expressiva, quando comparada internacionalmente, mesmo com países dotados de níveis menos elevados de desenvolvimento, o que evidencia o potencial de ampliação da técnica no país. • A irrigação possibilita emprego mais intensivo da mão-de-obra nas atividades agrícolas (ou seja, fomenta a geração de emprego), possibilita o incremento de renda e, consequentemente, contribui para a diminuição do êxodo rural; além disso, contribui para o desenvolvimento dos setores urbanos-industriais que se vinculam, direta ou indiretamente, ao complexo de atividades da agricultura 40


irrigada; Com os avanços tecnológicos recentes, os sistemas mecanizados de irrigação operam com eficiências elevadas, reduzindo as perdas de água; Fica evidente, dessa forma, que a adoção de tecnologias como a irrigação contribui com o desenvolvimento do agronegócio, com a geração de renda e, principalmente, com o desenvolvimento humano. Assim, nítidas as necessidades de políticas e ações que promovam e fomentem o desenvolvimento da agricultura irrigada. Bibliografia Consultada BERNARDES, L. Papel do governo e da iniciativa privada no desenvolvimento da agricultura irrigada no Brasil. In: Anais do Seminário Internacional de Políticas de Irrigação e Drenagem. Brasília: MMA. 1998. 232p Giovanni Francisco. Eletricidade na Agropecuária: Qualidade e Conservação. Módulo II – Eletrificação Rural. UFLA/FAEPE: Lavras. 1997.158p. CARDOSO, João L. Desenvolvimento agroindustrial, impactos ambientais e gestão de empresas agrícolas: uma análise regional. Campinas: FEAGRI/UNICAMP, 1996. 19 p. (Apresentado no “Congreso Internacional de Ciencias Sociales de America”, San Luis de Potosi, México, 2 a 6 jul. 1996). CHRISTOFIDIS, D. Situação das áreas irrigadas: Métodos e equipamentos de irrigação. In: Anais do Ciclo de Palestras da Secretaria de Recursos Hídricos.1997 <http://www.mma.gov.br/>, 23/10/2001. COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Estudo de otimização energética. Belo Horizonte: CEMIG. 1993. 22p. DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA. Programa: Cadastro de Irrigantes – 2ª Etapa – Leste. São Paulo: DAEE. 1992. n.p. (Relatório Final). FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO). Food and Agriculture Organization of the United Nations Statistical Databases (FAOSTAT), FAOSTAT Agriculture Data, 2000. Obtido via base de dados FAOSTAT. 1960-1999. <http://www.fao.org> 5/11/2001. FRANÇA, F.M.C. Políticas e Estratégias para um novo modelo de irrigação. Documento Síntese. Fortaleza. Banco do Nordeste. 2001. 127p. FRANÇA, F.M.C. A importância do Agronegócio da Irrigação para o desenvolvimento do Nordeste. Série Políticas e estratégia para um novo modelo de irrigação. Fortaleza. Banco do Nordeste. 2001b. 113p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Agropecuário de 1995.<http://www.ibge.gov.br/ibge/estatistica/economia/agropecuaria/ censoagro/default.shtm> 6/10/2001. KHAN, Ahmad S., NEIVA, Ana C. G. R., Silva, Lúcia M. R. Projeto São José e o desenvolvimento rural no Estado do Ceará. Revista de Economia e Sociologia Rural: SOBER, v. 39, n. 3, jul./set. 2001, p. 143-171. LIMA, J. E. F. W., FERREIRA, R. S. A., CHRISTOFIDIS, D. Estudo do uso da água e energia elétrica. <http://www.iica.org.uy/p2-5.htm.>, 14/12/2001. MAROUELLI, W. A.; SILVA, W.L.C. Seleção de sistemas de irrigação para hortaliças. Brasília: Embrapa. 1998. 15p. NOVAES, Washington. Os dramas da irrigação. <http://www.estado.estadao.com.br/ editorias/00/09/08/aberto001.html.>, 27/08/2001. OLIVEIRA, Aureo e COELHO, Eugênio Ferreira. Irrigação e Recursos Hídricos. <http://www.embrapa.br:8080/aplic/ rumos.nsf/Noticias?OpenView>, 26/06/2000. REBOUÇAS, Aldo da C. Panorama da água doce no Brasil. In: REBOUÇAS, Aldo da 41 •


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Estudos Avançados versionPrint ISSN 0103-4014

Estud. av. vol.15 no.43 São Paulo Sept./Dec. 2001 doi: 10.1590/S0103-40142001000300005

DESENVOLVIMENTO RURAL

Velhos e novos mitos do rural brasileiro

José Graziano da Silva DE FORMA MUITO sintética podemos dizer que nossas pesquisas no âmbito do Projeto Rurbano (1) nas suas fases I e II (2) contribuíram para derrubar alguns velhos mitos sobre o mundo rural brasileiro, mas que, infelizmente, podem estar servindo para criar outros novos. Apresentaremos a seguir o que julgamos ser as principais conclusões obtidas pela pesquisa até o momento e um listado do que estamos nos propondo a pesquisar na fase III, iniciada em maio de 2001 e que se prolongará ate 2003. Os velhos mitos "O rural é sinônimo de atraso" Mostramos que o rural não se opõe ao urbano enquanto símbolo da modernidade. Há no rural brasileiro ainda muito do atraso, da violência, por razões em parte históricas, relacionadas com a forma como foi feita a nossa colonização, baseada em grandes propriedades com trabalho escravo. Mas há também a emergência de um novo rural, composto tanto pelo agribusiness quanto por novos sujeitos sociais: alguns neo-rurais, que exploram os nichos de mercados das novas atividades agrícolas (criação de escargot, plantas e animais exóticos etc.); moradores de condomínios rurais de alto padrão; loteamentos clandestinos que abrigam muitos empregados domésticos e aposentados, que não conseguem sobreviver na cidade com o salário mínimo que recebem; milhões de agricultores familiares e pluriativos, empregados agrícolas e não-agrícolas; e ainda milhões de sem-sem, excluídos e desorganizados, que além de não terem terra, também não têm emprego, não têm casa, não têm saúde, não têm educação e nem mesmo pertencem a uma organização como o MST para poderem expressar suas reivindicações. Infelizmente essa categoria dos "sem-sem" vem crescendo rapidamente, em especial a partir da segunda metade dos anos 90. Os dados da PNAD de 1999 permitem uma aproximação desse contingente de pobres rurais: são quase três milhões de famílias (ou 15 milhões de pessoas) sobrevivendo com uma renda disponível per capita de US$ 1 ou menos por dia (R$ 34,60 mensais ao câmbio de setembro/99) (3). Mais de metade dessas famílias de pobres rurais tem suas rendas provenientes exclusivamente de atividades agrícolas: são famílias por conta própria (30% do total) com áreas de terras insuficientes e/ou com condição de acesso à terra precária (parceiros, posseiros, cessionários) ou famílias de empregados agrícolas

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(25%), a grande maioria sem carteira assinada. Um terço dessas famílias de pobres rurais moram em domicílios sem luz elétrica, quase 90% não tem água canalizada, nem esgoto ou fossa séptica. Em quase metade dessas famílias mais pobres, o chefe ou pessoa de referência nunca freqüentou a escola ou não completou a primeira série do primeiro grau, podendo ser considerado como analfabeto. Mas, infelizmente, nada disso é privilégio do "velho rural atrasado": das 4,3 milhões de famílias pobres residentes em áreas não-metropolitanas (pequenas e médias cidades), 70% não têm também rede coletora de esgoto ou fossa séptica, quase 30% não possui água encanada, embora menos de 5% não tenha luz elétrica no domicílio. Em um terço delas o chefe de família também pode ser considerado analfabeto. Fica patente apenas a diferença entre rural e urbano no que diz respeito ao acesso à energia elétrica, que atualmente constitui um dos serviços básicos fundamentais, sem o qual fica difícil falar em modernidade. Infelizmente, essa diferença se explica em grande parte pela possibilidade dos pobres urbanos fazerem ligações clandestinas (gatos).

"O rural é predominantemente agrícola" Mostramos que um número crescente de pessoas que residem em áreas rurais estão hoje ocupadas em atividades não-agrícolas. Os dados da PNAD de 1999 também mostram que dos quase 15 milhões de pessoas economicamente ativas no meio rural brasileiro (exceto a região Norte), quase um terço - ou seja 4,6 milhões de trabalhadores - estava trabalhando em ocupações rurais não-agrícolas (ORNA): como serventes de pedreiro, motoristas, caseiros, empregadas domésticas etc. Mais importante que isso, as ocupações não-agrícolas cresceram na década dos 90 a uma taxa de 3,7% ao ano - mais que o dobro da taxa de crescimento populacional do país (ver tabela 1). Enquanto isso, o emprego agrícola, em função da mecanização das atividades de colheita dos nossos principais produtos, vem caindo cada vez mais rapidamente, a uma taxa de -1,7% ao ano. Nossas projeções indicam que a continuar nesse ritmo, no ano 2014 a maioria dos residentes rurais do país estarão ocupados nessas atividades nãoagrícolas. Em alguns estados, como São Paulo, isso já está ocorrendo atualmente.

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Outro dado que confirma a importância dessas atividades é que a soma dos rendimentos não-agrícolas das pessoas residentes nos espaços rurais superou em 1998 e 1999 os rendimentos provenientes exclusivamente das atividades agrícolas, segundo as PNADs. Ou seja, embora se saiba que as rendas agrícolas declaradas nas PNADs estão fortemente subestimadas, os rendimentos nãoagrícolas dos residentes em espaços rurais no Brasil superam os rendimentos agrícolas totais desde 1998 (ver gráfico 1).

"O êxodo rural é inexorável" As estatísticas mais recentes do Brasil rural revelam um paradoxo que interessa a toda sociedade: o emprego de natureza agrícola definha em praticamente todo o país, mas a população residente no campo voltou a crescer; ou pelo menos parou de cair. Esses sinais trocados sugerem que a dinâmica agrícola, embora fundamental, já não determina sozinha os rumos da demografia no campo. Esse novo cenário é explicado em parte pelo incremento do emprego não-agrícola no campo. Ao mesmo tempo, aumentou a massa de desempregados, inativos e aposentados que mantêm residência rural (ver gráfico 2). Se é verdade que ainda persiste algum êxodo, especialmente na região Sul, ele já não tem força para condicionar esse novo padrão emergente de recuperação das áreas rurais da maioria das regiões do país.

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Os dados das PNADs mostram que a população rural chegou ao fundo do poço em 1996 (ano de contagem populacional), com 31,6 milhões de pessoas (4); a partir de então vem se recuperando, tendo atingido 32,6 milhões em 1999, ou seja, quase um milhão de pessoas a mais, significando uma taxa de crescimento anual da população rural de 1,1% ao ano, muito próximo do crescimento da população total de 1,3% a.a. no mesmo período. No Nordeste, as duas taxas se igualaram (1,1% a.a.) e em São Paulo, o crescimento da população rural foi o dobro do total (3% a.a. contra 1,5% a.a.), indicando uma verdadeira "volta aos campos" que não se confunde com uma volta às atividades agrícolas, até porque parte significativa dessa população passou a residir em áreas rurais próximas às grandes cidades do interior e da capital do estado. Na região Sul, no entanto, a população rural ainda mostra sinais de queda, especialmente naquelas áreas que denominamos de rural agropecuário ou rural profundo. É perigoso porém alimentar ilusões de que o mercado, por si só, tenha implementado um novo dinamismo sustentável no campo brasileiro. Mostramos que o inevitável é o êxodo agrícola o qual todavia pode ser, ao menos parcialmente, compensado com o crescimento da ORNA. Se a isso juntarmos os inativos (principalmente aposentados) que buscam as áreas rurais como local de residência, pode ser factível uma política de conter o significativo êxodo rural ainda existente em determinadas regiões do país, como o Sul. "O desenvolvimento agrícola leva ao desenvolvimento rural" Mostramos que as ocupações agrícolas são as que geram menor renda; e que o número de famílias agrícolas está diminuindo, pois elas não conseguem sobreviver apenas de rendas agrícolas. Nem mesmo o número das famílias pluriativas, nas quais seus membros combinam atividades agrícolas e não-agrícolas, vem aumentando. Dada a queda da renda proveniente das atividades agropecuárias, as famílias rurais brasileiras estão se tornando cada vez mais não-agrícolas, garantido sua sobrevivência mediante transferencias sociais (aposentadorias e pensões ) e em ocupações não-agrícolas. Infelizmente não se pode comparar os rendimentos do período anterior ao Plano Real em função das distorções introduzidas pelas mudanças monetárias ocorridas na primeira metade dos anos 90. Mas os dados que dispomos para o período 1995-99, inteiramente sob vigência do Plano Real, apontam que para as famílias rurais de conta-própria agrícolas e pluriativas, a única parcela da renda familiar per capita que cresceu significativamente no período foi aquela proveniente das transferências sociais (+6,7% e +4,9% a.a., respectivamente). A fração da renda proveniente das atividades agrícolas (que representa 3/4 ou mais da renda total dessas famílias) caiu tanto para as famílias rurais de conta-própria agrícola (-4,2% a.a.) quanto para as pluriativas (-5,3% a.a.). Para agravar ainda mais o quadro, as rendas não-agrícolas só cresceram para as famílias rurais de conta-própria nãoagrícola, permanecendo estagnadas para as pluriativas.

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Em resumo, as famílias agrícolas e pluriativas ficaram mais pobres na segunda metade dos anos 90. E a queda das suas rendas per capita só não foi maior pela "compensação" crescente das transferências sociais de aposentadoria e pensões. É por essa razão que as famílias rurais estão se tornando crescentemente nãoagrícolas. "A gestão das pequenas e médias propriedades rurais é familiar" Mostramos que estão crescendo as pequenas glebas (em geral com menos de 2 ha, tamanho do menor módulo rural) que têm a função muito mais de uma residência rural que de um estabelecimento agropecuário produtivo. E que a gestão das pequenas e médias propriedades agropecuárias está se individualizando, ficando o pai e/ou um dos filhos encarregado das atividades, enquanto os demais membros da família procuram outras formas de inserção produtiva, em geral fora da propriedade. Também uma parte cada vez maior das atividades agropecuárias antes realizadas no interior das propriedades estão sendo hoje contratadas externamente mediante serviços de terceiros, independentemente do tamanho das explorações. Ou seja, quem dirige os estabelecimentos agropecuários hoje não é mais a família como um todo, mas um (ou alguns ) de seus membros, o que coloca por terra a idéia de uma divisão social do trabalho assentada na disponibilidade de membros da família, distinta de uma divisão do trabalho capitalista. A família rural típica não se reúne mais em torno da exploração agropecuária. O patrimônio familiar a ser preservado inclui as terras e, acima de tudo, a casa dos pais que se transforma numa espécie de base territorial, acolhendo os parentes próximos em algumas ocasiões festivas e tornando-se cada vez mais um ponto de refúgio nas crises, especialmente do desemprego, além de permanecer como alternativa de retorno para a velhice. Além disso, a gestão familiar inclui agora outros "negócios" não-agrícolas como parte de sua estratégia de sobrevivência (maioria dos casos) ou mesmo de acumulação. Em outras palavras, o centro das atividades da família deixou de ser a agricultura porque a família deixou de ser agrícola e se tornou pluriativa ou não-agrícola, embora permaneça residindo no campo. Os novos mitos "ORNA é a solução para o desemprego" Uma análise desagregada das principais ocupações exercidas pelas pessoas residentes em áreas rurais no período 1992-99 aponta que quase todas as ocupações agropecuárias mostraram uma forte redução, especialmente aquelas mais genéricas como "trabalhador rural" e "empregado agrícola", que agregam os trabalhadores com menor grau de qualificação: cerca de um milhão de pessoas ocupadas a menos em 1999 em comparação a 1992. Ao contrário, quase todas as ocupações rurais não-agrícolas apresentaram significativo crescimento no mesmo período, acumulando cerca de 1,1 milhão de pessoas a mais em 1999, como que "compensando" a queda das ocupações agrícolas. Destacam-se aqui, também, aquelas atividades pouco diferenciadas como os empregados em serviços domésticos, ajudantes de pedreiro e prestadores de serviços diversos, que somados perfazem um terço dos empregos rurais nãoagrícolas gerados no período. Nossos trabalhos têm demonstrado que as atividades agrícolas continuam sendo a única alternativa para uma parte significativa da população rural, especialmente dos mais pobres. A parcela da força de trabalho agrícola que vai se tornando excedente pelo progresso tecnológico e pela reestruturação produtiva (substituição de cultivos, por exemplo) não encontra automaticamente ocupações não-agrícolas nas quais se engajar. E isso se deve fundamentalmente à inadequação dos atributos pessoais dos trabalhadores agrícolas que são dispensados (homens e mulheres de meia idade sem qualificação profissional e sem escolaridade formal) para exercerem as ORNAs disponíveis.

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A maior parte das ocupações rurais não-agrícolas no Brasil, embora propiciem uma renda geralmente maior que as agrícolas e não sejam tão penosas como estas, são também trabalhos precários e de baixa qualificação. São basicamente serviços pessoais derivados da alta concentração da renda existente no Brasil e não da modernização das atividades agrícolas, nem da prestação de serviços voltados ao lazer e à preservação ambiental e muito menos de atividades não-agrícolas produtivas do tipo agroindústria ou construção civil. Não é à-toa que encontramos em todas as regiões do país um forte crescimento do emprego doméstico de pessoas residindo na zona rural. O emprego doméstico desempenha hoje, para as mulheres, o papel da construção civil nas décadas passadas para os homens: é a porta de entrada na cidade por propiciar, além de um rendimento fixo, também um local de moradia. Especialmente para as mulheres rurais mais jovens, esta parece ter sido uma das poucas formas de inserção no mercado de trabalho nos anos 90, dadas as restrições crescentes à sua inserção na força de trabalho agrícola. "ORNA pode ser o motor do desenvolvimento nas regiões atrasadas" Uma das mais importantes contribuições do Projeto Rurbano foi mostrar que as novas dinâmicas em termos de geração de emprego e renda no meio rural brasileiro têm origem urbana, ou seja, são impulsadas por demandas não-agrícolas das populações urbanas, como é o caso das dinâmicas imobiliárias por residência no campo e dos serviços ligados ao lazer (turismo rural, preservação ambiental etc.). Mostramos, também, que as ORNAs têm maior dinamismo justamente naquelas áreas rurais que têm uma agricultura desenvolvida e/ou estão mais próximas de grandes concentrações urbanas. Ou seja, nas regiões mais atrasadas, não há emprego agrícola e muito menos ocupações não-agrícolas. Assim, não há alternativa senão políticas compensatórias tais como as de renda mínima e de previdência social ativas, por exemplo. Além disso, há uma certa "reversão cíclica" à produção de subsistência nessas regiões mais atrasadas. É o que parece estar ocorrendo no Nordeste: as ocupações agrícolas que vinham caindo, voltaram a crescer em 1999, em parte devido ao fim da seca que assolou a região nos últimos anos. A PNDA registrou aí mais 450 mil pessoas ocupadas nas áreas rurais em 1999 em relação ao ano anterior, a grande maioria das quais em atividades agrícolas não-remuneradas; e uma pequena redução da ORNA, situação similar ao que já havia acontecido entre 1993 e 1995. E essa "retomada da produção de subsistência" é financiada em grande parte pelas transferências socais de renda (sendo a principal delas a proveniente da aposentadoria rural) e pelo trabalho da mulher dos pequenos produtores que se tornam empregadas domésticas nas cidades da região e respondem por parte significativa das rendas monetárias das famílias de empregados rurais no Nordeste. Em resumo, a falta de desenvolvimento rural na grande maioria das regiões "atrasadas" do país se deve fundamentalmente à falta de desenvolvimento das atividades não-agrícolas. "A reforma agrária não é mais viável" Mostramos que a agricultura não é mais a melhor forma de reinserção produtiva das famílias rurais sem terra, especialmente em função do baixo nível de renda gerado pelas as atividades tradicionais do setor. Pequenas áreas destinadas a produzir apenas arroz-feijão, assim como outros produtos agrícolas tradicionais, especialmente grãos, realmente não são mais viáveis. Mas, felizmente, as atividades agrícolas tradicionais também não são mais as únicas alternativas hoje disponíveis para a geração de ocupação e renda para as famílias rurais. Assim, é possível, e cada vez mais necessária, uma reforma agraria que crie novas formas de inserção produtiva para as famílias rurais, seja nas "novas atividades agrícolas", seja nas ORNAs. Por exemplo, na agroindústria doméstica, que lhes permita agregar valor à sua produção agropecuária, como também nos nichos de mercado

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propiciados pelas novas atividades agrícolas a que nos referimos anteriormente, ou até mesmo na prestação de serviços pessoais ou auxiliares de produção. "O novo rural não precisa de regulação pública" Mostramos que o novo rural não é composto somente de amenidades, para usar uma expressão muito em moda nos países desenvolvidos. Como já dissemos, no Brasil, a maior parte das ORNAs, por exemplo, não passam de trabalhos precários, também de baixa remuneração Mostramos também que o crescimento dos desempregados no meio rural superou a taxa dos 10% ao ano no período 199299, apenas uma parte disso se devendo ao "retorno temporário" dos filhos que haviam migrado anteriormente para as cidades e voltam à casa dos pais até que encontrem outro trabalho. E há acima de tudo milhões de sem-sem para engrossar o êxodo rural assim que o crescimento industrial gerar novas oportunidades de trabalho nas cidades, porque são mínimas as condições de educação, saúde, habitação etc. de que dispõem localmente. O traço comum entre o novo e o velho rural é a sua heterogeneidade, o que impede a generalização de situações locais específicas. Há novas formas de poluição e destruição da natureza associadas tanto às novas atividades agrícolas quanto às não-agrícolas. Mesmo nos condomínios rurais habitados por famílias de altas rendas, o tratamento do lixo e o esgotamento sanitário são muito precários na grande maioria dos casos. Da mesma maneira, embora até mesmo a empregada doméstica ganhe melhor que o bóia-fria, o maior nível de renda monetária propiciado pelas ORNAs nem sempre significa uma melhoria nas condições de vida e trabalho das famílias rurais não-agrícolas, especialmente quando isso implica a perda ao acesso à terra e à possibilidade de se combinar as rendas não-agrícolas com atividades de subsistência . A emergência das novas funções (principalmente lazer e moradia) para o rural, somada à perda da regulação setorial (via políticas agrícolas e agrárias) resultante do esvaziamento do Estado nacional, deixou espaços que demandam novas formas de regulação públicas e privadas. É o caso exemplar das prefeituras batendo-se contra a proliferação desordenada dos condomínios rurais que não passam, no fundo, de novas formas de loteamentos clandestinos, que acabam demandando serviços como luz, água, coleta de lixo etc.; ou dos pesque-pagues, que têm de se submeter à fiscalização do Serviço de Saúde, do IBAMA e do INCRA, que possuem legislações contraditórias para enquadramentos de uma mesma atividade; ou então das novas reservas florestais fora da propriedade, que não são reconhecidas legalmente, embora tenham muito maior valor ecológico do que a manutenção de pequenas áreas descontínuas no interior das pequenas e médias propriedades rurais. Esses são apenas alguns exemplos gritantes de que precisamos de uma nova institucionalidade para o novo rural brasileiro, sem o quê corremos o risco de vê-lo envelhecer prematuramente. "O desenvolvimento local leva automaticamente ao desenvolvimento" O novo enfoque do desenvolvimento local sustentável tem o inegável mérito de permitir a superação das já arcaicas dicotomias urbano/rural e agrícola/nãoagrícola. Como sabemos hoje, o rural, longe de ser apenas um espaço diferenciado pela relação com a terra - e mais amplamente com a natureza e o meio ambiente está profundamente relacionado ao urbano que lhe é contíguo. Também podemos dizer que as atividades agrícolas são profundamente transformadas pelas atividades não-agrícolas, de modo que não se pode falar na agricultura moderna deste final de século XX sem mencionar máquinas, fertilizantes, defensivos e toda as demais atividades não-agrícolas que lhe dão suporte. Nossos trabalhos mostraram que a busca do desenvolvimento da agricultura mediante uma abordagem eminentemente setorial não é suficiente para levar ao desenvolvimento de uma região. Mostraram também que a falta de organização social - especialmente da sociedade civil - tem se caracterizado como uma barreira tão ou mais forte que a miséria das populações rurais, especialmente no momento

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em que a globalização revaloriza os espaços locais como arenas de participação política, econômica e social para os grupos organizados. O enfoque do desenvolvimento local pressupõe que haja um mínimo de organização social para que os diferentes sujeitos sociais possam ser os reais protagonistas dos processos de transformação de seus lugares. Mas essa organização nem sempre existe em nível local; e quando existe, está restrita àqueles "velhos" atores sociais responsáveis, em última instância, pelo próprio subdesenvolvimento do local. Nesse sentido podemos dizer que o desenvolvimento local sustentável precisa ser também entendido como desenvolvimento político no sentido de permitir uma melhor representação dos diversos atores, especialmente daqueles segmentos majoritários e que quase sempre são excluídos do processo pelas elites locais. No caso brasileiro, por exemplo, as ações voltadas exclusivamente para o desenvolvimento agrícola, se bem tivessem logrado invejável modernização da base tecnoprodutiva em alguma regiões do Centro-Sul do país, não se fizeram acompanhar pelo tão esperado desenvolvimento rural. Uma das principais razões para tanto foi a de privilegiar as dimensões tecnológicas e econômicas do processo de desenvolvimento rural, relegando a segundo plano as mudanças sociais e políticas como, por exemplo, a organização sindical dos trabalhadores rurais sem terra e dos pequenos produtores. Com a globalização, as disparidades hoje existentes em nosso país, seja em termos regionais, seja em relação à agricultura familiar vis-à-vis o agrobusiness, tendem a se acentuar ainda mais. É fundamental mencionar que o escopo desses atores não se restringe aos produtores agrícolas - familiares ou não - por maior que seja a diferenciação deles. Devem ser considerados também os sujeitos urbanos que habitam o meio rural ou que simplesmente o tem como uma referência quase idílica de uma nova relação com a Natureza. Isso porque um outro componente, cada vez mais importante no fortalecimento dos espaços locais, tem sido as exigências e preocupações crescentes com a gestão e a conservação dos recursos naturais. Aqui também a organização dos atores sociais pode impulsionar a participação e a implementação de planos de desenvolvimento local voltados aos seus interesses, apesar de haver ainda muitas restrições quanto às formas de participação e representação, não só devido à sua pouca mobilização mas também à dificuldade de se ter todos os segmentos sociais devidamente representados, diante da presença de impedimentos e viéses operacionais vinculados às estruturas institucionais vigentes em nível local e à dominação das decisões pelos grupos mais fortes. O que falta pesquisar Iniciamos em maio de 2001 o que denominamos de Fase III do Projeto Rurbano, com os objetivos de: identificar os principais condicionantes de distribuição da renda das pessoas e das famílias rurais e/ou agrícolas, tais como o grau e a intensidade da pluriatividade na agropecuária brasileira, a distribuição da terra segundo a posição da ocupação dos membros dos domicílios, o efeito das diferentes formas de acesso à terra (proprietário, parceiro, arrendatário e conta-própria) sobre os rendimentos das famílias, as diferentes formas de ocupação dos membros das famílias segundo sexo, grau de escolaridade, as características dos domicílios e sua disponibilidade de bens e serviços essenciais etc.; • pesquisar a importância do trabalho doméstico como alternativa de ocupação e renda das famílias rurais, isolando essa categoria de trabalhadores como uma nova posição na ocupação e um outro tipo específico de atividade; pesquisar a importância da agroindústria e da indústria rural como geradoras de emprego e renda no meio rural, em particular no estado de São Paulo e em Minas Gerais, que têm um dos maiores parques agroindustriais do país; caracterizar as famílias rurais e/ou agrícolas com aposentados e/ou desocupados, com o objetivo de propor uma política previdenciária ativa para as regiões desfavorecidas do meio rural brasileiro;

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• caracterizar as famílias sem-terra em relação a renda e ocupação de seus membros em nível de grandes regiões e principais unidades da Federação, visando delimitar o que se poderia chamar o "núcleo duro" (core) da pobreza rural com o objetivo de subsidiar a política nacional de assentamentos rurais. Além de tais temas, que decorrem das conclusões e resultados preliminares já obtidos, na Fase III do Projeto Rurbano pretende-se realizar alguns estudos de caso com vistas a: identificar as possíveis causas da subestimação das rendas variáveis nas PNADs, em particular das rendas agrícolas; aprofundar as dinâmicas de geração de ocupações não-agrícolas identificadas em nível de Brasil para algumas regiões específicas que se destacaram nas análises anteriores (turismo no Nordeste; chácaras de recreio no Sudeste etc.); • investigar a questão da identidade das famílias rurais pluriativas e/ou nãoagrícolas frente aos novos sujeitos sociais do novo mundo rural, entre eles caseiros, moradores de condomínios fechados, aposentados etc.; • aprofundar o tema das relações entre o desenvolvimento local e poder local destacando a competência nos diferentes níveis de ação do poder público (municipal, estadual e federal), bem como quais seriam as principais formas de intervenção pública e privada sobre as áreas; • avaliar o impacto ambiental e sócio-econômico das "novas" atividades desenvolvidas no meio rural, introduzindo a questão da legislação ambiental, trabalhista e a necessidade de um código do uso do solo, da água e de outros recursos naturais para a gestão do território rurbano; aprofundar o tema das políticas públicas para o novo rural brasileiro, com ênfase na política de turismo rural como alternativa de geração de novas oportunidades de negócios e ocupações no meio rural. Para cumprir os objetivos descritos foram delineados 20 subprojetos de pesquisa, oito teses de doutoramento, sete dissertações de mestrado, além de vários projetos de iniciação científica. Nosso projeto de pesquisa envolve atualmente 45 pessoas entre professores universitários, profissionais liberais de várias origens e estudantes de graduação e pós-graduação, distribuídos por 20 instituições de pesquisa em 11 estados do país, 25 delas com título de doutor ou superior. Além de estudos de caso, pretendemos, em 2002, iniciar a análise dos dados do Censo Demográfico de 2000, que nos possibilitarão um tratamento territorial inferior ao corte metro/não-metro permitido pelas PNADs, como, por exemplo, micro-regiões, bacias hidrográficas e até mesmo municípios.

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Notas 1 Projeto temático denominado Caracterização do Novo Rural Brasileiro, 1981-95 que conta com financiamento parcial da FAPESP e PRONEX-CNPq, que pretende analisar as principais transformações ocorridas no meio rural em 11 unidades da Federação (PI, RN, AL,BA, MG, RJ, SP, PR, SC, RS e DF). Consulte nossa homepage na internet (http://www.eco.unicamp.br/projetos/rurbano.html). 2 Na fase I foram explorados basicamente os tipos de ocupações das pessoas residentes nas áreas rurais; na fase II, as rendas das famílias agrícolas, pluriativas e não-agrícolas residentes nas áreas rurais. As principais publicações estão disponíveis na nossa homepage e numa coletânea de quatro volumes organizada por C. Campanhola & J. Graziano da Silva, O novo rural brasileiro: uma análise nacional e regional. Jaguariúna, Embrapa-Meio Ambiente/IE-Unicamp, 2000. 3 Imputando-se o valor do autoconsumo agrícola e descontando-se os pagamentos de aluguel e da prestação da casa própria, quando fosse o caso, essa metodologia adotada pelo Banco Mundial foi desenvolvida por M. Takagi; J. Graziano da Silva & M. Del Grossi, Pobreza e fome: em busca de uma metodologia para quantificação do fenômeno no Brasil. Campinas, Instituto de Economia/Unicamp (texto para discussão 101, www.eco.unicamp.br/publicacoes). 4 Infelizmente são cada vez maiores as indicações de que os dados da contagem populacional estão fortemente subestimados. No caso das áreas rurais do interior de São Paulo, por exemplo, a subestimação fica evidente ao se constatar uma elevação generalizada nas taxas de crescimento populacional entre 1996 e 2000 após terem mostrado fortes quedas entre 1991 e 1996. Como a contagem de 1996 foi realizada em conjunto com o Censo Agropecuário de 1995-96 e há uma outra pesquisa para as áreas rurais paulistas no mesmo período (LUPA), é possível evidenciar as regiões mais afetadas. José Graziano da Silva é professor titular de Economia Agrícola da Unicamp, bolsista do CNPq e consultor da Fundação Seade (graziano@eco.unicamp.br).

Capítulo 4

OS MAIORES FAVELÕES FUTUROS (as favelas atuais não vão desaparecer, exceto que tudo vai se transformar em edifícios para poupar espaço)

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Segundo as Nações Unidas, estes são os números oficiais das 25 maiores cidades do mundo. O GeoHive, para quem se interessa por esta temática, é um site verdadeiramente interessante, que agrega e disponibiliza um vasto conjunto de números que põe em perspectiva o nosso conceito de dimensão.

Introdução

A união das megacidades pela energia As maiores cidades do mundo precisam de se unir para diminuir, com urgência, o uso de energia nas áreas urbanas, diz director da Iniciativa de Mudanças Climáticas da Fundação Clinton durante conferência em São Paulo Hoje, metade da população mundial vive em cidades e estas são responsáveis por 75% da energia consumida no planeta. No entanto, nas 40 maiores metrópoles, de 35% a 50% da energia é desperdiçada pela inoperância das edificações, disse o norteamericano Ira Magaziner, director da Iniciativa de Mudanças Climáticas da Fundação Clinton, em palestra de abertura da 6ª Conferência Municipal de Produção Mais Limpa de São Paulo. 52


Segundo Magaziner, as maiores cidades do mundo precisam de unir-se para diminuir, com urgência, o uso de energia nas áreas urbanas. “As cidades são tremendamente ineficaz e lutar contra isso requer vontade política e organização prática. Além da energia eléctrica, os sistemas de água também têm perdas de 35% com vazamentos, inclusive em cidades como Londres ou Paris”, afirmou. Magaziner foi por seis anos conselheiro do governo Bill Clinton, nos EUA e considera importante que países como Estados Unidos, China e Austrália mudem de posição e confirmem e reavaliem o Protocolo de Kyoto. Mas ele diz que "um compromisso de redução de emissões não resolverá o problema do aquecimento global se não começarmos a mudar os nossos padrões de eficiência energética” Na conferência, ele mencionou o papel de São Paulo, que faz parte do Grupo de Liderança Climática das Grandes Cidades, conhecido como C-40. Criado no fim de 2005, o grupo reúne as 40 maiores metrópoles do mundo com o objectivo de unir forças para combater o aquecimento global. Magaziner lembrou que em 2006, a o C-40 fechou parceria com a Fundação Clinton, que se encarregou de assessorar uma série de acções visando a acelerar as reduções de emissões de gases de efeito estufa. Mas, de acordo com Magaziner, não basta limitar a eficiência aos prédios novos: é fundamental uma acção regressiva nos prédios antigos, incentivando mudanças que melhorem a iluminação e ventilação naturais e automatizem sistemas de arcondicionado e de iluminação. “Procuramos garantir ao proprietário dos prédios um retorno financeiro com base na melhor performance energética do edifício. Para isso, estabelecemos parcerias com alguns dos maiores bancos e empresas de energia. Os proprietários são estimulados a aderir quando não precisam investir do próprio bolso, por isso o programa é sustentável”, afirmou. Principais Formas de Utilização da Energia Nada se cria, tudo se transforma... diz Lavoisier. Assim acontece com a energia. Só é possível obter som num rádio depois de se dar uma transformação energética (energia hídrica em energia eléctrica). As principais utilizações da energia são resultado de uma transformação num determinado dispositivo (num moinho de vento transforma-se energia eólica em energia cinética - força motriz). As transformações energética são feitas indo ao encontro das principais utilizações: - Energia motriz (movimento, força...); - Energia eléctrica; - Energia calorífica

Energia Calorífica Energia Eléctrica Energia eléctrica é uma forma de energia baseada na geração de diferenças de potencial eléctrico entre dois pontos, que permitem estabelecer uma corrente eléctrica entre ambos. Mediante a transformação adequada é possível obter que tal energia mostre-se em outras formas finais de uso directo, em forma de luz, movimento ou calor, segundo os elementos da conservação da energia. 53


A Energia Eléctrica é uma das formas de energia que o homem mais utiliza na actualidade, graças a sua facilidade de transporte, baixo índice de perda energética durante conversões. A energia eléctrica é obtida principalmente através de termoeléctricas, centrais hidroeléctricas, centrais eólicas e centrais termonucleares. A geração de energia eléctrica leva-se a cabo mediante diferentes tecnologias. As principais aproveitam um movimento rotatório para gerar corrente alternada em um alternador. O movimento rotatório pode provir de uma fonte de energia mecânica directa, como a corrente de uma queda de água ou o vento, ou de um ciclo termodinâmico. Em um ciclo termodinâmico se esquenta um fluido e se consegue com que realize um circuito no qual move um motor ou uma turbina. O calor deste processo se obtém mediante a queima de combustíveis fósseis, as reacções nucleares ou outros processos. A geração de energia eléctrica é uma actividade humana básica já que está directamente relacionada com os requerimentos primários do homem. Todas as formas de utilização das fontes de energia, tanto as convencionais como as denominadas alternativas ou não convencionais, agridem em maior ou menor medida o nosso meio ambiente.

Energia Solar Energia solar é a designação dada a qualquer tipo de captação de energia luminosa, proveniente do Sol, e posterior transformação dessa energia captada em alguma forma utilizável pelo homem, seja directamente para aquecimento de água ou ainda como energia eléctrica ou mecânica.

Painéis Solares Energia dos oceanos Os oceanos podem ser uma fonte de energia para iluminar as nossas casas e empresas. Neste momento, o aproveitamento da energia do mar é apenas experimental e raro. Mas como é que se obtém a energia a partir dos mares? Existem três maneiras de produzir energia usando o mar: as ondas, as marés ou deslocamento das águas e as diferenças de temperatura dos oceanos. A energia das ondas A energia cinética do movimento ondular pode ser usada para pôr uma turbina a funcionar. Quando a onda se desfaz e a água recua o ar desloca-se em sentido contrário passando novamente pela turbina entrando na câmara por comportas especiais normalmente fechadas. Esta é apenas uma das maneiras de retirar energia das ondas. Actualmente, utiliza-se o 54


movimento de subida/descida da onda para dar potência a um êmbolo que se move para cima e para baixo num cilindro. O êmbolo pode por um gerador a funcionar. Os sistemas para retirar energia das ondas são muito pequenos e apenas suficientes para iluminar uma casa ou algumas bóias de aviso por vezes colocadas no mar.

A energia das marés A energia da deslocação das águas do mar é outra fonte de energia. Para a transformar são construídos diques que envolvem uma praia. Quando a maré enche a água entra e fica armazenada no dique; ao baixar a maré, a água sai pelo dique como em qualquer outra barragem. Para que este sistema funcione bem são necessárias marés e correntes fortes. Tem que haver um aumento do nível da água de pelo menos 5,5 metros da maré baixa para a maré alta. Existem poucos sítios no mundo onde se verifique tamanha mudança nas marés.

A energia térmica dos oceanos O último tipo de energia oceânica usa as diferenças de temperatura do mar. Se alguma vez mergulhares no oceano notarás que a água se torna mais fria quanto mais profundo for o mergulho. A água do mar é mais quente á superfície porque está exposta aos raios solares; é por isso que os mergulhadores vestem fatos próprios para mergulhar em zonas profundas. Os fatos colam-se ao corpo mantendo-o quente. Pode-se usar as diferenças de temperatura para produzir energia, no entanto, são necessárias diferenças de 38º Fahrenheit entre a superfície e o fundo do oceano. Esta fonte de energia está a ser usada no Japão e no Hawai, mas apenas como demonstração e experiência.

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Turbina A Energia da Biomassa Do ponto de vista da geração de energia, o termo biomassa abrange os derivados recentes de organismos vivos utilizados como combustíveis ou para a sua produção. Do ponto de vista da ecologia, a biomassa é a quantidade total de matéria viva existente num ecossistema ou numa população animal ou vegetal. Os dois conceitos estão, portanto, interligados, embora sejam diferentes. A definição de biomassa para a geração de energia excluem-se os tradicionais combustíveis fósseis, embora estes também sejam derivados da vida vegetal (carvão mineral) ou animal (petróleo e gás natural), mas são resultado de milhões de anos de actividade até à conversão na sua forma actual. A biomassa pode-se considerar um recurso natural renovável, enquanto que os combustíveis fósseis não se renovam a curto prazo. A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos como a combustão de material orgânico produzida e acumulada em um ecossistema, porém nem toda a produção primária passa a incrementar a biomassa vegetal do ecossistema. Parte dessa energia acumulada é empregada pelo ecossistema para sua própria manutenção. As suas vantagens são: o baixo custo, é renovável, permite o reaproveitamento de resíduos e é menos poluente do que outras formas de energias como aquela obtida a partir de combustíveis fósseis. A queima de biomassa provoca a liberação de dióxido de carbono na atmosfera, mas como este composto havia sido previamente absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível, o balanço de emissões de CO 2 é nulo.

Energia Geotérmica Energia geotérmica ou energia geotermal é a energia obtida a partir do calor proveniente da Terra, mais precisamente do seu interior. Devido à necessidade de se obter energia eléctrica de uma maneira mais limpa e em quantidades cada vez maiores, foi desenvolvido um modo de aproveitar esse calor para a geração de electricidade. Hoje a grande parte da energia eléctrica provém da queima de combustíveis fósseis, 56


como o petróleo e o carvão mineral, métodos esses muito poluentes. Para que possamos entender como é aproveitada a energia do calor da Terra devemos primeiramente entender como nosso planeta é constituído. A Terra é formada por grandes placas, que nos mantém isolados do seu interior, no qual encontramos o magma, que consiste basicamente em rochas derretidas.

Energia Hídrica A energia hidráulica ou energia hídrica é a energia obtida a partir da energia potencial de uma massa de água. A forma na qual ela se manifesta na natureza é nos fluxos de água, como rios e lagos e pode ser aproveitada por meio de um desnível ou queda de água. Pode ser convertida na forma de energia mecânica (rotação de um eixo) através de turbinas hidráulicas ou moinhos de água. As turbinas por sua vez podem ser usadas como accionamento de um equipamento industrial, como um compressor, ou de um gerador eléctrico, com a finalidade de prover energia eléctrica para uma rede de energia. Energia Eólica A energia eólica é a energia que provém do vento. A energia eólica é renovável, limpa, amplamente distribuída globalmente, e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito de estufa. Na actualidade utiliza-se a energia eólica para mover aerogeradores - grandes turbinas colocadas em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma de um cata-vento ou um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia eléctrica. Precisam de agrupar-se em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para que a produção de energia se torne rentável, mas podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trate de requisitos limitados de energia eléctrica. A energia eólica é hoje considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota. Além disso, as turbinas eólicas podem ser utilizadas tanto em conexão com redes eléctricas como em lugares isolados. A energia eólica é a energia que provém do vento. A energia eólica é renovável, limpa, amplamente distribuída globalmente, e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito de estufa. Na actualidade utiliza-se a energia eólica para mover aerogeradores - grandes turbinas colocadas em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma de um cata-vento ou um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia eléctrica. Precisam de agrupar-se em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para 57


que a produção de energia se torne rentável, mas podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trate de requisitos limitados de energia eléctrica. A energia eólica é hoje considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota. Além disso, as turbinas eólicas podem ser utilizadas tanto em conexão com redes eléctricas como em lugares isolados Um aerogerador é um dispositivo que aproveita a energia eólica e a converte em energia eléctrica

Conversão da energia hidrica em energia electrica A energia hidroeléctrica provém da força das águas, produzida através do potencial existente num rio, reflectido nos desníveis naturais ou artificiais. Por norma, constroem-se diques que represam o curso da água, que se acumula num reservatório, a barragem. Noutros casos, existem diques que não param o curso natural da água, mas que a obrigam a passar pela turbina, para produção de energia eléctrica. Quando se abre as comportas das barragens, a água passa pelas turbinas, fazendo com que as lâminas girem e, a partir deste processo, a energia mecânica é transformada em energia eléctrica. A energia eléctrica produzida passa, através de cabos ou outros condutores, até ao transformador elevador, onde a sua tensão ou voltagem é transformada para que possa ser levada até aos consumidores finais. A construção de reservatórios traz consigo bastantes vantagens: produção de energia eléctrica, retenção de água a nível regional, aumento da quantidade de água potável e reservas hídricas, potencialidades turísticas, novas potencialidades de rega agrícola, mais produção de peixe em aquacultura, regulação do fluxo de inundações, postos de trabalho, entre outras.

- Maiores Cidades do Mundo (População - 188 cidades) Acima de 5 milhões de habitantes - 24 cidades 58


Seul (Coréia do Sul) - 10.776.201 São Paulo (Brasil) - 10.405.867 Mumbai (Índia) - 9.925.891 Cidade do México (México) - 9.815.795 Jacarta (Indonésia) - 9.160.500 Xangai (China) - 8.930.000 Moscou (Federação Russa) - 8.400.000 Istambul (Turquia) 8.274.921 Tóquio (Japão) - 7.966.195 Nova Iorque (Estados Unidos) - 7.380.906 Nova Délhi (Índia) - 7.206.704 Londres (Inglaterra) - 7.187.300

Cairo (Egito) - 6.849.000 Teerã (Irã) - 6.758.845 Pequim (China) - 6.690.000 Lima (Peru) - 6.321.173 Hong Kong (Hong Kong) - 6.200.000 Santa Fé de Bogotá (Colômbia) - 6.004.782 Madras (Índia) - 5.906.000 Rio de Janeiro (Brasil) - 5.851.914 Bangcoc (Tailândia) 5.620.000 Karachi (Paquistão) - 5.208.132 Lahore (Paquistão) - 5.063.000 Tianjin (China) - 5.000.000

Entre 3 milhões e 5 milhões de habitantes - 22 cidades El Giza (Egito) - 4.784.099 Bangalore (Índia) - 4.749.000 Kinshasa (República Democrática do Congo) - 4.655.300 Santiago do Chile (Chile) - 4.640.635 Shonyang (China) - 4.540.000 Bagdá (Iraque) 4.478.000 Calcutá (Índia) - 4.399.819 Toronto (Canadá) - 4.263.757 São Petersburgo (Federação Russa) 4.200.000 Sydney (Austrália) - 3.934.700 Pusan (Coréia do Sul) - 3.814.325

Wuhan (China) - 3.750.000 Daca (Bangladesh) - 3.637.892 Cingapura (Cingapura) - 3.600.000 Saigon (Ho Chi Minh City - Vietnã) - 3.600.000 Cantão (China) - 3.580.000 Los Angeles (Estados Unidos) - 3.553.638 Berlim (Alemanha) - 3.446.600 Alexandria (Egito) - 3.339.076 Montreal (Canadá) - 3.326.510 Melbourne (Austrália) - 3.321.700 Yokohama (Japão) - 3.307.136

Entre 1,5 milhões e 3 milhões de habitantes - 61 cidades Buenos Aires (Argentina) - 2.988.000 Casablanca (Marrocos) - 2.940.623 Ancara (Turquia) - 2.937.524 Madri (Espanha) - 2.881.506 Chicago (Estados Unidos) - 2.802.079 Riad (Arábia Saudita) - 2.776.100 Surabaya (Indonésia) - 2.743.400 Roma (Itália) - 2.646.408 Kiev (Ucrânia) - 2.635.000 Osaka (Japão) - 2.602.352 Taipé (Taiwan / Formosa) - 2.598.493 Argel (Argélia) 2.561.992 Yangum (Mianmar) - 2.513.023 Pyongyang (Coréia do Norte) - 2.500.000 Taegu (Coréia do Sul) - 2.449.420 Salvador (Brasil) - 2.440.828 Bandung (Indonésia) - 2.429.000 Inch'on (Coréia do Sul) - 2.308.188 Belo Horizonte (Brasil) - 2.238.526 Havana (Cuba) - 2.184.990 Abidjan (Costa do Marfim) - 2.168.000 Paris (França) - 2.156.766 Nagoya (Japão) - 2.152.184 Santo Domingo (República Dominicana) 2.138.262 Fortaleza (Brasil) - 2.138.234 Izmir (Turquia) - 2.130.359

Bucareste (Romênia) - 2.027.512 Quezon City (Filipinas) - 1.989.419 Cali (Colômbia) - 1.985.906 Faisalabad (Paquistão) - 1.977.000 Guayaquil (Equador) - 1.973.880 Medellín (Colômbia) - 1.970.691 Caracas (Venezuela) - 1.964.846 Medan (Indonésia) - 1.942.000 Mashhad (Irã) - 1.887.405 Budapeste (Hungria) - 1.838.753 Vancouver (Canadá) - 1.831.665 Houston (Estados Unidos) - 1.786.691 Sapporo (Japão) - 1.757.025 Minsk (Bielo-Rússia / Belarus) - 1.725.100 Bakú (Azerbaijão) - 1.708.000 Hamburgo (Alemanha) - 1.706.800 Trípoli (Líbia) - 1.682.000 Manila (Filipinas) - 1.654.761 Dacar (Senegal) - 1.641.358 Guadalajara (México) - 1.633.216 Varsóvia (Polônia) - 1.628.500 Viena (Áustria) - 1.606.843 Curitiba (Brasil) - 1.586.848 Aleppo (Síria) - 1.582.930 Kharkov (Ucrânia) - 1.576.000 Chittagong (Bangladesh) - 1.566.070 Brisbane (Austrália) - 1.548.300

59


Adis Abeba (Etiópia) - 2.112.737 Tashkent (Uzbequistão) - 2.107.000 Luanda (Angola) 2.081.000 Jidá (Arábia Saudita) - 2.046.300 Brasília (Brasil) - 2.043.169

Lagos (Nigéria) - 1.518.000 Barcelona (Espanha) - 1.505.581 Nairobi (Quênia) - 1.504.900

Entre 900.000 habitantes e 1.500.000 de habitantes - 81 cidades Quito (Equador) - 1.487.513 Kyoto (Japão) - 1.463.822 Douala (Camarões) - 1.448.300 Filadélfia (Estados Unidos) - 1.436.287 Kaoksiung (Taiwan / Formosa) - 1.436.143 Cabul (Afeganistão) - 1.424.400 Kobe (Japão) - 1.423.792 Recife (Brasil) - 1.421.993 Manaus (Brasil) - 1.403.796 Ninji Novgorov (Federação Russa) - 1.400.000 Novosibirsk (Federação Russa) - 1.400.000 Damasco (Síria) - 1.394.322 Palembang (Indonésia) - 1.394.300 Rabat (Marrocos) - 1.385.872 Yaundé (Camarões) - 1.372.800 Semarang (Indonésia) - 1.366.500 Dar es Salaam (Tanzânia) - 1.360.850 Porto Alegre (Brasil) - 1.360.033 Perth (Austrália) - 1.319.000 Milão (Itália) - 1.307.785 Montevidéu (Uruguai) - 1.303.182 Yekaterinburgo (Federação Russa) - 1.300.000 Hanói (Vietnã) - 1.300.000 Yerevan (Armênia) - 1.283.000 Belém (Brasil) - 1.279.861 Taljon (Coréia do Sul) - 1.272.121 Omdurman (Sudão) - 1.271.403 Esfahan (Irã) - 1.266.072 Tbilisi (Geórgia) - 1.253.100 Netzahualcóyotl (México) - 1.233.868 Munique (Alemanha) - 1.216.500 Praga (República Tcheca) - 1.193.270 Tabriz (Irã) - 1.191.043 Harare (Zimbábue) - 1.189.103 Belgrado (Iugoslávia) - 1.168.454 Guatemala City (Guatemala) - 1.167.495 Dniprojetrovs'k (Ucrânia) - 1.162.000 Barranquilla (Colômbia) - 1.157.826 Córdoba (Argentina) - 1.148.305 Kuala Lampur (Malásia) - 1.145.342 Adana (Turquia) - 1.131.198 Puebla (México) - 1.122.569

Sófia (Bulgária) - 1.116.823 Donets'k (Ucrânia) - 1.102.000 Beirute (Líbano) - 1.100.000 Bursa (Turquia) - 1.095.842 Goiânia (Brasil) - 1.090.737 Conacri (Guiné) - 1.090.610 Monterrey (México) - 1.088.143 Adelaide (Austrália) - 1.083.100 Guarulhos (Brasil) - 1.071.268 Almaty (Cazaquistão) - 1.064.300 Odessa (Ucrânia) - 1.060.000 Shiraz (Irã) - 1.053.025 Antananarivo (Madagascar) - 1.052.835 Léon (México) - 1.042.132 Valencia (Venezuela) - 1.034.033 Caloocan (Filipinas) - 1.023.159 Nápoles (Itália) - 1.020.120 Birmigham (Inglaterra) - 1.013.400 Juarez (México) - 1.011.786 Ottawa (Canadá) - 1.010.498 Davao (Filipinas) - 1.006.840 Auckland (Nova Zelândia) - 997.940 Lusaka (Zâmbia) - 982.362 Sanaa (Iêmen) - 972.000 Campinas (Brasil) - 968.172 Meca (Arábia Saudita) - 965.700 Amã (Jordânia) - 963.490 Bruxelas (Bélgica) - 954.460 Dublin (Irlanda) - 952.700 Brazzaville (Congo) - 950.000 Acra (Gana) - 949.100 Cartum (Sudão) - 947.483 Maputo (Moçambique) - 931.600 Phnom Penh (Camboja) - 920.000 Nova Iguaçú (Brasil) - 915.366 Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) - 914.795 Turim (Itália) - 909.717 Taichung (Taiwan / Formosa) - 901.961 Mogadíscio (Somália) - 900.000

ÚLTIMOS DADOS DISPONÍVEIS - PÁGINA EM CONSTANTE ATUALIZAÇÃO AS DATAS VARIAM DE 2001 À 2004, DE ACORDO COM A DISPONIBILIZAÇÃO RECEBIDA DOS RESPECTIVOS PAÍSES (*) NÃO SÃO CONSIDERADAS AS ÁREAS METROPOLITANAS, MAS TÃO SOMENTE OS AGLOMERADOS URBANOS DENTRO DOS LIMITES DAS RESPECTIVAS CIDADES (**) NÃO ESTÃO CONSIDERADAS ALGUMAS CIDADES DA CHINA POIS A ESTATÍSTICA NÃO É CONFIÁVEL.

Capítulo 9 O SOFISMA NAS ASAS DA BORBOLETA (isso é falso porque só provocam tempestades as causas pequenas que já vão acopladas ao “acionamento de recebimento”, chamemos assim; aqueles acúmulos de materenergia supercapazes, isto é, que desde o início PODEM PROVOCAR TEMPESTADES; muitos bilhões de borboletas batem asas, mas não vemos bilhões de tempestades) 60


Efeito borboleta Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Diagrama da trajetória do sistema de Lorenz para os valores r = 28, σ = 10, b = 8/3 Efeito borboleta é um termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. Porém isso se mostra apenas como uma interpretação alegórica do fato. O que acontece é que quando movimentos caóticos são analisados através de gráficos, sua representação passa de aleatória para padronizada depois de uma série de marcações onde o gráfico depois de analisado passa a ter o formato de borboleta. Teoria do caos O efeito borboleta faz parte da teoria do caos, a qual encontra aplicações em qualquer área das ciências: exatas (engenharia, física, etc), médicas (medicina, veterinária, etc), biológicas (biologia, zoologia, botânica, etc) ou humanas (psicologia, sociologia, etc), na arte ou religião, entre outras aplicações, seja em áreas convencionais e não convencionais. Assim, o Efeito Borboleta encontra também espaço em qualquer sistema natural, ou seja, em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo. Existe um filme com o nome "The Butterfly Effect" (Efeito Borboleta) fazendo referência a esta teoria. Dinamismo do efeito borboleta Esse tipo de efeito quando restrito a uma ou duas variáveis, fixando-se as demais, tende a ser simples e aí, somente nesta situação não natural ou limítrofe, é que as leis da ciência clássica podem demonstrar a previsibilidade de um sistema fechado. Neste caso aumenta a rigidez sistêmica e o Efeito Borboleta pode ser mapeado de forma bastante 61


simples. Alguns estudiosos afirmam que deixa de existir, porém, é sabido que a resultante de determinado cálculo quando passa a ser dado numérico de outro (e assim por diante), influi em seu resultado, portanto, atua o Efeito Borboleta. Isto foi descoberto (quase por acaso) por Edward Lorenz quando estava trabalhando com previsões meteorológicas no MIT e verificou a influência ocasionada em sistemas dinâmicos quando são feitas alterações muito pequenas nos dados iniciais inseridos em computadores numéricos programados para fazerem cálculos em série. Descrição de ocorrência do efeito borboleta Em 19 de fevereiro de 1998, computadores do sistema de previsão de tempestades tropicais dos Estados Unidos diagnosticaram a formação de uma tempestade tropical sobre Louisiana em três dias. Sobre o Oceano Pacífico um meteorologista daquela agência descobriu que havia uma pequena diferença nas medições executadas, e que estas poderiam prever uma pequena diferença no deslocamento das massas de ar. A diferença foi detectada através de uma movimentação do ar em maior velocidade na região do Alasca. Em função das diferenças, houve uma realimentação de dados nos computadores, estes refazendo os cálculos previram que a formação da tempestade tropical em Lousiana não ocorreria, mas haveria sim a formação de um tornado de proporções gigantescas em Orlando, na Flórida, o que realmente ocorreu em 22 de fevereiro de 1998. Somatória do erro e incerteza dos sistemas rígidos Na ciência clássica, em geral se transformam os sistemas abertos, ou seja, os sistemas dinâmicos, complexos e adaptativos, em sistemas fechados para poder aplicar as leis conhecidas que privilegiam as linearidades em detrimento das não-linearidades. Isto ocorre para facilitar e simplificar a análise de dados. Mas, ao se tomar uma decisão mínima, considerada muitas vezes insignificante, tomada com plena espontaneidade, nos sistemas dinâmicos abertos, poderemos gerar uma transformação inesperada num futuro incerto. Por isto, neste tipo de sistema, quando restrito a uma ou duas variáveis fixando-se as demais, e somente nessa situação chamada limítrofe, o sistema se torna fechado, e o Efeito Borboleta aparentemente não atua, causando assim a impressão de um sistema estático. Definição matemática Um sistema dinâmico evoluindo a partir de ft indica uma dependência estreita entre as condições finais em relação às iniciais. Se for arbitrariamente separado um ponto a partir do aumento de t, sendo um ponto qualquer M aquele que indica o estado de ft , este mostra uma sensível dependência das circunstâncias finais a partir das iniciais. Portanto, havendo assim no início d>0 para cada ponto x em M, onde na vizinhança de N que contém x exista um ponto y e um tempo τ temos : Ver também • Turbulência • Edward Lorenz • Teoria do Caos • Benoît Mandelbrot • Dimensão Hausdorff • Metafísica fractal 62


Sobre a teoria do Caos- efeito Borboleta por Vera Bighetti 25/09/2005 http://www.geocities.com/inthechaos/histo.htm Histórico Cenário: Departamento de Meteorologia do Boston Tech, atualmente conhecido como MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), ano: 1955. Um cientista de cerca de 38 anos, chamado Eduard Norton Lorenz, preenche a vaga deixada por Thomas Malone no corpo docente deste departamento. Lorenz herda, desta forma, a direção de um projeto de pesquisa cujo estudo se concentrava na previsão estatística do tempo. Herda também a possibilidade de participar daquilo que seria o início de “uma nova ciência”. A previsão estatística do tempo é muito parecida com a previsão sinóptica, que se caracteriza por se basear mais em observações do passado do que em princípios físicos. Tal forma de previsão era do tipo linear, ou seja, a temperatura de um local poderia ser prevista e calculada como sendo uma constante a, somada com uma constante b mais uma outra constante c multiplicada pela temperatura de hoje em um outro local... O trabalho do meteorologista se limitava a determinar os valores destas constantes a, b, c ... e os preditores – elementos climáticos que multiplicam as constantes. Lorenz não estava muito satisfeito com os resultados de previsões sinópticas e numéricas obtidos com equações de caráter linear. Então, num encontro em Wisconsin, 1956, propõe previsões a partir de sistemas de equações não lineares. Isto era bem razoável pelo fato de que a linearidade perfeita fazia com que cada variável sempre assumisse os mesmos valores apresentados no ciclo anterior. Resumindo: Lorenz foi levado a concluir que as equações deveriam apresentar soluções não periódicas. Poderse-ia fazer uso de um computador para resolver tais equações e chegar a uma previsão mais correta. Aconselhado por um colega de departamento, Robert White, Lorenz começou a efetivamente usar um computador. Utilizando um Royal McBee LGP-30, Lorenz criou um modelo de previsão que apresentava um conjunto de apenas 14 variáveis, que foram mais tarde reduzidas até 12 variáveis. Tal modelo tinha como objetivo reproduzir o movimento das correntes de ar na atmosfera. O baixo poder computacional que seu primitivo computador apresentava forçava o cientista a poupar recursos, arredondando casas decimais, suprimindo as vírgulas dos números... etc. Ainda assim era possível traçar gráficos que representavam as condições meteorológicas desta atmosfera artificial. Dias ou meses de condições climáticas podiam ser simulados em poucos instantes. Aproximava-se o final da década de 1950. Certo dia, Lorenz decidiu repetir alguns cálculos em seu modelo. Para isto parou sua simulação computacional, anotou uma linha de números que havia sido apresentada tempos antes e digitou-a, fazendo com que o programa rodasse novamente. Como cientista típico, foi tomar um café. Voltando instantes depois, para sua surpresa, notou que os novos números da simulação nada pareciam com os impressos anteriormente. Inicialmente eram iguais, depois de algum tempo começavam a diferir na última casa decimal, então na penúltima, na antepenúltima... Fisicamente este resultado poderia ser interpretado como sendo as 63


condições climáticas que, primeiramente, comportavam-se de forma semelhante à simulação anterior, dias após surgiam pequenas diferenças, depois diferenças cada vez maiores até que, semanas depois, as características climáticas eram totalmente diferentes das características da simulação anterior. Por que isto ocorreu? A conclusão do cientista foi de que os números digitados não eram exatamente os mesmos; estavam arredondados! Esta pequena diferença, embora irrisória no início, foi de maneira tão incisiva se avolumando até que mudasse totalmente o resultado final. A isto denominamos caos. Em 1971, o físico matemático belga David Ruelle apresentou na Califórnia uma palestra intitulada “Os atratores estranhos como uma explicação matemática da turbulência”. O termo “atrator estranho” foi citado pela primeira vez no artigo conjunto de Ruelle e Floris Takens: “Sobre a natureza da turbulência”, que originou a palestra supra citada. Este artigo influenciou enormemente a recém criada teoria do caos. Atrator é apenas uma representação gráfica de estados de um sistema. Mesmo sem jamais ter ouvido falar sobre atratores, Lorenz já havia visto um; seu atrator assemelhava-se a uma borboleta, como na figura abaixo.

Embora a palestra de Ruelle tenha chamado a atenção dos estudiosos do caos para uma forma de representação gráfica bastante interessante, nenhuma influência seria de tal monta como a que causou um instigante artigo elaborado por Lorenz. Intitulado “Previsibilidade: o bater de asas de uma borboleta no Brasil desencadeia um tornado no Texas?”, o artigo foi apresentado em 1972 em um encontro em Washington. Lorenz não responde à pergunta mas argumenta que: a) se um simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tornado, então todos os bateres anteriores e posteriores de suas asas, e ainda mais, as atividades de outras inúmeras criaturas também o poderão; b) se um simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tornado que, de outra forma, não teria acontecido, igualmente pode evitar um tornado que poderia ser formado sem sua influência. O que Lorenz queria dizer é que insignificantes fatores podem amplificar-se temporalmente de forma a mudar radicalmente um estado. Assim, a previsão do tempo a longo prazo continua a ser algo inalcançável, pelo fato de que nossas observações são deficientes e os arredondamentos que utilizamos, inevitáveis. O best seller de James Gleick “Caos: a criação de uma nova ciência” (1987) apresenta como um dos principais capítulos o intitulado “O efeito borboleta”. De uma forma tão 64


coincidentemente incrível, como talvez somente o destino consegue fazer, a forma do atrator de Lorenz e o ponto principal deste seu artigo são os mesmos: a borboleta. Por isto costuma-se associar à teoria do caos o chamado “efeito borboleta”. Mas quando alguém lhe disser com veemência que o efeito borboleta é chamado assim devido ao atrator; ou afirmar que é por causa do artigo, duvide, pois o próprio Lorenz desconhece o motivo. VISTA EXPLODIDA DE UM AVIÃO, CARRO... (tudo isso é funcionamento CONEXO, uma coisa dependendo de co-desenho da outra, isto é, cada peça tem um AMBIENTE GERAL distante e próximo, todas as causas em conjunto devendo produzir o efeito lógico esperado) – e cada peça evolui em coevolução, com adaptação mútua.

TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA 01M INFORMAÇÕES GERAIS 65


A VW-01M é uma transmissão automática de 4 marchas a frente com comando hidráulico, projetada com novos componentes para oferecer mais conforto e simplicidade ao motorista. O bloqueio de deslizamento do conversor de torque, permite estabelecer uma transmissão mecânica direta entre o motor e a transmissão, sem passar pelo conversor de torque. Quando o deslizamento do conversor de torque é desativado, acontece uma redução do consumo de combustível, diminuindo desta forma as emissões de gases e um ganho de potência e torque final.

Vista Explodida dos Conjuntos de Embreagens

1. Parafuso do alojamento da engrenagem intermediária – 8 Nm (70 lb.pol) 2. Alojamento da engrenagem intermediária 66


3. Junta da engrenagem intermediária 4. Bucha espaçadora 5. Parafuso do eixo da engrenagem intermediária – 30 Nm (22 lb.pé) 6. Arruela 7. Calço do carregador planetário 8. Carcaça da transmissão 9. Arruela de encosto 10. Rolamento axial de apoio 11. Arruela de encosto 12. Anel O-ring 13. Carregador planetário 14. Disco ondulado 15. Embreagem B1, disco de aço 16. Embreagem B1, fricção 17. Disco de pressão da B1 18. Mola de retorno do pistão da B1 19. Carcaça do pistão B1, embreagem de roda livre 20. Anel trava 21. Anel trava 22. Engrenagem solar menor 23. Arruela 24. Rolamento axial de apoio 25. Engrenagem solar maior 26. Arruela 27. Rolamento axial de apoio 28. Eixo de saída maior 29. Rolamento axial de apoio 30. Rolamento de apoio 31. Eixo de saída menor 32. Rolamento axial de apoio 33. Tambor da embreagem K3 – 3ª e 4ª 34. Arruela 35. Rolamento axial de apoio 36. Arruela 37. Tambor da embreagem K1 – 1ª e 3ª 38. Calço de ajuste 39. Calço de ajuste 40. Tambor da embreagem K2 – ré 41. Tubo suporte 42. Embreagem B2, aço 3 mm 43. Embreagem B2, fricção 44. Cobertura da mola, necessárias 3 45. Embreagem B2, aço 2 mm 46. Mola, necessárias 3 47. Cobertura da mola, necessárias 3 48. Embreagem B2, disco de pressão de 4 mm ou use dois discos de aço de 2 mm 67


49. Disco mola 50. Junta da bomba 51. Anel O-ring da bomba 52. Conjunto da bomba 53. Parafuso da bomba à carcaça – 8Nm (70 lb.pol). Aperto extra – 90o (1/4 de volta) MAPEAMENTO DO CORPO DE VÁLVULAS 01M

CAIXA DO DIFERENCIAL

1. Conjunto planetário 2. Engrenagem de saída 68


NOTA: As reparações na engrenagem de saída somente podem ser realizadas depois da desmontagem dos componentes do conjunto planetário. 3. Eixo secundário 4. Coroa do diferencial BLOQUEIO DE DESLIZAMENTO DO CONVERSOR DE TORQUE O bloqueio de deslizamento do conversor encontra-se na carcaça do conversor de torque, estabelecendo uma comunicação mecânica entre o motor e o câmbio, através de uma fita de embreagem. O comando do bloqueio de deslizamento do conversor se realiza hidraulicamente por meio de uma válvula eletromagnética na unidade hidráulica. O bloqueio de deslizamento do conversor pode ser colocado em ação independentemente da marcha engrenada. Bloqueando o deslizamento do conversor de torque, é transmitida mecanicamente 100% da potência do motor. Entende-se por deslizamento do conversor a diferença entre a rotação de entrada pelo lado do motor e a rotação de saída pela transmissão.

Consultoria BrasilAutomatico

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