2 ESPECIAL GAZETA DO SUL • Sábado e domingo / 21 e 22 de março / 2015 Origem Mobilização de agricultores deu forma à entidade em 1955
O momento histórico para a fumicultura brasileira Assembleia em 1955 foi o marco para a criação da associação que passaria a representar os produtores de tabaco
Evolução
103 produtores estavam associados no ano de fundação e hoje são
165 mil
S
anta Cruz do Sul, 21 de março de 1955. O assunto da cidade, na época com pouco menos de 70 mil habitantes, era a assembleia convocada para a manhã daquela segunda-feira, no salão da Sociedade Aliança Católica, hoje Clube Aliança. A data em que a Associação dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande do Sul elegeu sua primeira diretoria entrou para a história como uma das mais importantes da fumicultura nacional. Preocupados com a falta de amparo, centenas de produtores de tabaco se uniram com o objetivo de buscar uma alternativa para reduzir as perdas ocasionadas pelas tempestades de granizo e assegurar mercado ao produto, que desde os primeiros anos após a colonização podia ser encontrado nas lavouras. Do encontro, saíram as definições que direcionam as ações desenvolvidas entre milhares de agricultores do Sul do Brasil. O sócio-fundador, Harry Antonio Werner, pai do atual presidente Benício Albano Werner, conduziu a associação de 1955 a 1967 e de 1975 a 1983. Junto de diretores abnegados, ele ajudou a construir a entidade, hoje reconhecida internacionalmente em função do trabalho que desempenha. Passados 60 anos, a Associação dos
Fumicultores do Brasil (Afubra) tornouse protagonista de iniciativas altamente reconhecidas no campo da agricultura familiar. Com uma atuação pautada pelo diálogo, fortaleceu suas bases e se consolidou pelo pioneirismo em diferentes atividades. No caso do Sistema Mutualista, evidencia-se o trabalho voltado a assegurar apoio aos produtores inscritos em situações de danos causados em situações de granizo, reconstrução de estufas e funeral. Atenta a aspectos econômicos e sociais, a Afubra ainda mostra todo seu comprometimento diante de iniciativas com foco na diversificação a fim de combater a monocultura, assegurando orientações voltadas ao melhor aproveitamento da terra e mão de obra. O trabalho é complementado a partir da oferta de assistência técnica gratuita, prestada por técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos e florestais. Além disso, a associação faz parte do Sistema Integrado de Produção de Tabaco, por meio do qual são definidas ações em torno da produção e negociação do fumo. Graças a todo esse empenho, iniciativas de caráter ambiental, assistência técnica e diversificação hoje são difundidas entre 165 mil associados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
OBJETIVOS EM COMUM Desde o começo da década de 1950, a categoria vinha sentindo a necessidade de uma maior organização. Afinal, a atividade produtiva vivia um misto de tensão e expectativa com as dificuldades em comercializar a produção diante do argumento das empresas que diziam estar com estoques mundiais elevados. Ao mesmo tempo, o mercado nacional não tinha condições de absorver tudo o que era colhido. Nessa época, as empresas já estavam estruturadas em forma de uma associação criada em 1942 e transformada em sindicato a partir de 1947. Em um contexto em que tudo era novo, era preciso adotar medidas para assegurar a sustentabilidade aos negócios do campo. E, para isso, uma das necessidades era a indenização sobre os danos causados pelo granizo. Após tentativas frustradas junto a instituições públicas e privadas, começou a ganhar forma o Sistema Mutualista, aprovado em 5 de novembro de 1956. A partir de 1963, a entidade, já com uma estrutura mais definida, ampliou sua atuação para Santa Catarina e Paraná. Assim, sua denominação mudou para Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A primeira sede própria em Santa Cruz do Sul ficava na Rua Júlio de Castilhos, na região onde ela funciona atualmente.