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FILOSOFIA SUMÁRIO Unidade 1 – FILOSOFIA 1.1. História da Filosofia Antiga ....................................................................................................................... 03 1.2. História da filosofia Medieval ................................................................................................................... 09 1.3. História da Filosofia Moderna .................................................................................................................. 10 1.4. História da Filosofia Contemporânea ....................................................................................................... 12
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UNIDADE 1 Filosofia
1.1. História da Filosofia Chamamos de Filosofia antiga o período que data desde a sua criação, no século VI a.C. até a queda do Império Romano, quando os pensadores gregos começaram a se fazer inúmeras perguntas sobre a racionalidade humana, e tentaram encontrar explicações para absorver o entendimento de sua própria natureza.
INÍCIO DA FILOSOFIA ANTIGA Costuma-se atribuir a Pitágoras de Samos, filósofo grego que viveu no século VI a.C, a criação do termo Filosofia. Para os gregos a Filosofia tinha um significado muito profundo, era uma constante busca pela sabedoria, era o amor por esta tal sabedoria. O saber era algo mágico, um dom, se assim podemos dizer, um privilégio que apenas os deuses possuíam, e cabia aos humanos tentar encontrá-la, entendê-la, e assim, compartilhá-la, mesmo que fosse necessário entender que por mais que se procure a sabedoria, ninguém jamais a terá. Ela é uma busca constante, quanto mais se procura, mais se tem a procurar. A princípio ela tinha um conceito religioso, pois sempre que se falava em Filosofia se citavam os deuses e seres míticos, porem, mesmo com a mudança de raciocínio muito tempo depois, o significado geral continuou sendo o mesmo, pois independente da área que ela seja empregada, seu conceito é único, a busca pela sabedoria. O primeiro filósofo foi o grego Tales de Mileto, que se viu com uma enorme necessidade de entender o mundo, não apenas como todos diziam entender, mas de uma força mais profunda, com argumentos concretos, reais. Quando a Filosofia antiga diz que seu objetivo é compreender toda a racionalidade humana, o que ela está realmente tentando nos explicar é que seu objetivo de estudo não aceita simples explicações míticas, sem uma origem clara ou fundamentada. Não é aceitável dizer que está chovendo apenas porque uma nuvem carregada, enviada por um deus, parou sobre um local. Os filósofos queriam mais do que essa teoria, eles desejavam a compreensão por inteiro de tal ato, o porquê desta nuvem está carregada, que detalhes fazem com que se acumule essa água e ela caia em seguida. Como se formam essas partículas. Eles querem argumentos, querem entender as verdadeiras causas desse fenômeno, isso o distingue dos mitos, pois sua explicação deve vir da Razão, com fundamentos convincentes.
PERÍODOS E ESCOLAS DA FILOSOFIA ANTIGA (GREGOS) A – PERÍODO COSMOLÓGICO Estende-se do século VI aC ao final do século V aC. É marcado pela preocupação dos filósofos da época em descobrir a substância essencial de todos os seres. Esta descoberta deveria dar-se pela racionalidade, e não pelos mitos, que eram a forma comum de explicação para os fenômenos da natureza antes deste período. Os filósofos do período cosmológico tentavam responder, utilizando a razão, aos problemas da origem, da ordem e transformação da natureza e do homem, como animal que é. Os filósofos pré-socráticos (do período cosmológico) defendiam que o mundo não surgiu do nada, e que a natureza é eterna, já que, mesmo que as coisas se transformem, elas nunca desaparecem. Surgiram diversas escolas, mas os pré-socráticos, de maneira geral, buscavam o arché, o elemento constitutivo de todas as coisas.
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Camille Flammarion: L'Atmosphere: Météorologie Populaire. Paris, 1888, p. 163
A.1 ESCOLA JÔNICA Primeira escola filosófica, desenvolveu-se durante o século VI aC. Seus integrantes acreditavam que encontrariam o arché em um único elemento. Para Tales de Mileto (625-558 aC), considerado o primeiro filósofo da história, o arché era a água. Anaximandro de Mileto (610-547 aC) acreditava que havia um princípio anterior às coisas, imperceptível pelos cinco sentidos, mas capaz de permitir a compreensão dos elementos observados na natureza, e chamou tal princípio de Ápeiron. Anaxímenes de Mileto (588-528 aC), o primeiro homem a afirmar que a Lua era iluminada pelo Sol, acreditava que a Terra era plana e flutuava sobre o ar, por isso, para ele, o Aché era o ar. Heráclito de Éfeso (540-476 aC) entendia o mundo como sendo dinâmico e em constante transformação; o elemento fundamental é o fogo. A interpretação de Nietzsche sobre Tales: “A Filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário determo-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida (estado latente, prestes a se transformar), está contido o pensamento: “Tudo é Um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e o mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego". (Friedrich Nietzsche, em A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos)
A.2 ESCOLA PITAGÓRICA Fundada por Pitágoras de Samos, esta escola reúne elementos religiosos e morais às suas conclusões filosóficas, além de utilizar astrologia egípcia. Talvez o pitagorismo tenha sido não só uma escola filosófica, mas também uma seita religiosa. A escola defende que o número é o arché. Pitágoras de Samos (570-490 aC), fundador da escola, defendia uma doutrina de acentuadas ligações com questões políticas, considerada secreta. Embora secreta, sabe-se que defendiam a imortalidade da alma (metempsicose), que a história era cíclica, e que todos os seres vivos estavam ligados por parentesco. Pitágoras não deixou obra escrita. Podese citar três pontos de seus pensamentos: o número era o arché; defendiam a teoria dos opostos e que existiam verdades de ordem matemática. Frases atribuídas a Pitágoras: “Anime-se por ter de suportar as injustiças; a verdadeira desgraça consiste em cometê-las.” “O homem é mortal por seus temores, mas imortal por seus desejos.” “Não é livre quem não obteve o domínio de si.”
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[Filosofia] A.3 ESCOLA ELEATA A escola eleata desenvolveu-se na cidade de Eleia e seus seguidores são denominados eleatas. Oriundos das classes média e alta, construíram uma filosofia que justificava as estruturas sociais - políticas daquele momento. Com suas respostas, iniciaram o idealismo filosófico. Zenão de Eléia (490-430 aC) afirmou que a ocorrência do movimento é impossível, e não passa de ilusão; o espaço é formado por partículas de infinito, é seria impossível se deslocar no infinito. Xenófanes de Colofão (570-475 aC) dizia que as coisas eram contingentes e a alma é um sopro; defendeu a teoria de um Deus único e contrariou os adeptos das explicações mitológicas; acreditava que a terra era o arché. Parmênides de Eleia (530-460 aC), primeiro homem a sustentar a esfericidade da Terra, além da teoria de que ela se posiciona no centro do mundo; acreditava que haviam dois elementos primordiais: fogo e terra.
A.4 ESCOLA ATOMISTA Os filósofos desta escola tentaram sintetizar Heráclito e Parmênides, e acreditavam que o elemento básico do universo era uma partícula, que eles denominaram átomo. Demócrito de Abdera (460-370 aC) acreditava que no universo existem apenas o átomo e o vácuo; o vácuo torna o movimento possível. Anaxágoras de Clazômenas (500-428 aC) foi o primeiro filósofo a morar em Atenas; tentou sintetizar Heráclito e Pitágoras e concluiu que o Nóus era a inteligência organizadora de tudo no universo.
B – PERÍODO ANTROPOLÓGICO OU CLÁSSICO Neste período os filósofos criaram uma nova temática para suas especulações: o homem. O conhecimento filosófico muda seu espaço geográfico (da Jônia para Atenas - o centro cultural da Grécia), e daí surge a necessidade de estudar o homem e sua vida política, pois, na polis, a convivência humana precisava ser fundamentada. Participam deste período os sofistas, Sócrates e Platão.
B.1 SOFISTAS Os precursores desta escola foram Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini. Enquanto os demais pensadores do período se apresentavam como perseguidores do saber, da verdade, os sofistas se anunciavam possuidores do saber. Eles eram professores e remunerados pela profissão, e como entendiam de retórica e oratória, não poderiam anunciar que não possuíam o que vendiam. Assim, preparavam os jovens gregos para que se projetassem na sociedade, sobretudo na política. Os jovens buscavam meios de serem bem sucedidos, e os sofistas ofereciam as ferramentas necessárias para a concretização deste objetivo, desde que se pudesse por elas pagar (Nunes, 1986). Protágoras de Abdera (485-410 aC) tinha uma concepção antropológica, foi indiferente à religião. Górgias de Leontini (487-380 aC) foi adepto do ceticismo absoluto, e considerado o criador da retórica.
B.2 SÓCRATES (469-399 aC) Filho de um escultor e uma parteira, era pobre e não escreveu nenhum livro (os pobres não eram alfabetizados, apenas a aristocracia podia pagar por essa atividade). Buscava respostas claras e válidas universalmente, mas acreditava que essas respostas não poderiam ser buscadas empiricamente - como diziam os sofistas. Teriam de ser encontradas na razão. Assim, as bases da verdade e da conduta virtuosa devem ser buscadas em nossa consciência. O homem precisaria, primeiro, conhecer-se a si mesmo. Desenvolveu um método de busca da verdade dividido em dois momentos: ironia e maiêutica. Pela ironia reconhecia-se a própria ignorância, e pela maiêutica poderia conceber ideias próprias. Este método era aplicado por meio de diálogos nas praças de Atenas, de onde questionou a política e a moral de lá. Como punição por ter vexado os poderosos nesses diálogos realizados nas praças de Atenas, foi condenado à morte pela ingestão de cicuta.
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[Filosofia] B.3 PLATÃO (427-347 aC) Filho de pais ricos atenienses, foi aluno notável de Sócrates e sofreu uma grande desilusão quando seu preceptor foi condenado à ingestão de cicuta. Sua pesquisa filosófica, embora voltada para uma realidade prática e moral, não se limitou ao campo antropológico, como Sócrates, mas também estendeu-se ao campo metafísico e cosmológico. Aos quarenta anos de idade fundou a Academia, onde concebeu a Teoria das Ideias. De acordo com Platão, a substância - real - do universo são o que ele denominou de formas (ideias), e não a manifestação particular e física diante de nossos sentidos. Essas ideias existiriam em um mundo superior, à parte da percepção humana (Mundo das Ideias, ou Ideal). Aquilo que percebemos por meio dos cinco sentidos seria apenas a cópia imperfeita dessas Ideias. Para demonstrar a aquisição de conhecimentos, escreveu a alegoria da caverna, em seu livro "A República". Pregou o ensino da virtude e a prática da contemplação. As principais questões apresentadas por Platão na sua filosofia são: a preocupação com a política e os rumos do Estado, a ética, a estética , desconfia dos sentidos e recusa a passagem da sensação ao conceito, não se interessa pelo estudo da natureza, antecipa-se ao método de Descartes (15961650) e acredita num mundo transcendente, onde estão as ideias inatas (nascidas conosco) nas quais se concentra toda a realidade, a razão aniquila e destrói as paixões. Sair da caverna é alcançar o mundo das ideias.
C – PERÍODO SISTEMÁTICO Estendeu-se do final do século IV aC ao século III aC, com a pretensão de reunir e sistematizar o conhecimento adquirido nos períodos anteriores (Chaui, 2003). O grande destaque deste período foi Aristóteles. Aristóteles (384-322 aC) nasceu catorze anos após a morte de Sócrates, na cidade de Estagira, uma colônia grega na costa da Trácia (Bergman, 2004). Seu pai, Nicômaco, era médico da corte do rei da Macedônia. Aos dezessete anos foi enviado para estudar em Atenas, com o seu preceptor Platão. Aristóteles, mesmo sendo discípulo de Platão, não vai concordar com o seu pensamento apresentando um outro olhar sobre a filosofia que se caracteriza pela: vocação naturalista, observação do mundo físico/ concreto, onde os conceitos são tirados da experiência mediante a evidência, se interessa pelo estudo da natureza, o verdadeiro conhecimento vem da experiência, a razão governa e domina as paixões. "Nada está na mente que não tenha passado pelos sentidos". Propôs a primeira classificação dos tipos de conhecimento; definiu que matéria e forma eram reais (contrariando seu professor Platão, para quem a
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[Filosofia] matéria era apenas cópia irreal da forma - Ideia). Elaborou a teoria das quatro causas, buscando compreender a essência de cada coisa; Na Metafísica, Aristóteles define as quatro causas das coisas, a seguir explicadas em termos simplificados: Causa formal — é a forma da coisa (um objeto define sua essência pela sua forma). Causa material — é a matéria de que uma coisa é feita (a matéria na qual consiste o objeto). Causa eficiente — é a origem da coisa (aquilo ou aquele que tornou possível o objeto). Causa final — é a razão de algo existir (a finalidade do objeto). Ainda, buscando descobrir a verdade, elaborou a estrutura do silogismo lógico. Foi o primeiro estudo significativo de lógica formal, entendendo-se por lógica o estudo de argumentos formais. Nele Aristóteles identifica argumentos válidos e inválidos que chamava de deduções e hoje são reconhecidos como silogismos, uma subclasse da classe deduções. Isto ocorre porque a definição de dedução fornecida por Aristóteles é muito mais ampla do que o conjunto de silogismos: "Um silogismo é um argumento que consiste de três proposições: duas premissas e uma conclusão. Embora Aristóteles não as chame de proposições categóricas, a tradição que se sucedeu o faz. Todas as proposições utilizadas em um silogismo contém um sujeito e um predicado, que são compostos de termos sujeito e termos predicado, respectivamente. A modo com que eles são conectados é através da utilização do verbo ser (nas universais, são). Contudo, em seu texto são encontradas formas que hoje não são ortodoxas, como P pertence a todo S (ao invés de Todo S é P, como hoje em dia). Existem quatro tipos de proposições: Universal Afirmativa, Universal Negativa, Particular Afirmativa, Particular Negativa. Na tradição medieval foram-lhes atribuídas as seguintes letras: A, E, I, O, respectivamente.
Sua lógica científica e seus estudos de biologia (potencializados pelas conquistas de seu pupilo, Alexandre, o Grande), são fundamentais para o desenvolvimento de ambas as disciplinas, que ocorreu mais tarde. Foi o fundador do Liceu, em Atenas, onde ensinava suas teorias de filosofia a estudantes.
D – PERÍODO HELENÍSTICO Este período estende-se do final do século III aC até o século VI dC. Com as conquistas de Alexandre, O Grande, da Macedônia, a cultura no mundo antigo sofreu muitas transformações. Mais tarde, a conquista da Grécia pelos romanos intensificou a derrocada política dos gregos e a decadência de suas preocupações políticas. O helenismo, para a filosofia, representa uma continuidade das escolas platônica e aristotélica, e buscou explicar a natureza e o homem, e suas relações com as divindades. As conquistas dos estrangeiros causaram a decadência do patriotismo, colocando como principal questão a vida privada, o problema da felicidade e a salvação pessoal. Assim, a filosofia adotou uma postura de moral prática, buscando orientar os homens em sua conduta. São cinco as principais escolas deste período: estoicismo, epicurismo, ceticismo, ecletismo e cinismo.
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[Filosofia] D.1 ESTOICISMO O nome estoicismo deriva de "stoá", que significa pórtico, aludindo aos que ficavam às portas da cidade pregando a doutrina. Descrentes da polis e da influência dos deuses, os estoicos eram individualistas e voltavam-se à sua subjetividade. Pela prática das virtudes tentaram alcançar a sabedoria. Vivendo as virtudes numa prática racional, acreditavam que conseguiriam a "ataraxia", que seria a ausência de sensações e perturbações. Os filósofos estoicos não temiam os deuses nem a morte, pois tinha uma crença atomista (Nunes, 1986). O principal filósofo desta escola foi Zenão de Cítio (336-263 aC), que viveu segundo o estoicismo, buscando a ataraxia e defendendo que as virtudes seriam o fim supremo de todas as coisas.
D.2 EPICURISMO Escola fundada a partir das ideias de Epicuro (342-271 aC), era moral e individualista, como o estoicismo, mas afirmava que o fim único da existência é o prazer. Não o prazer cristão, equivalente a pecado e devassidão, mas o conceito de perfeito ajuste às leis da natureza. Por esse motivo, a filosofia epicurista é denominada como a arte de bem viver. Diferente dos estoicos, os epicuristas admitiam que prazeres espirituais poderiam ser positivos, tais como a arte, o pensamento e a amizade. A finalidade última da ética elaborada pelos epicuristas é a serenidade, a apatia. Busto de Epicuro, fim do século III. Cópia romana do original grego no Museu Britânico.
D.3 CETICISMO Tinham uma postura de sempre tomar como duvidoso o que é afirmado pelo homem. Chegavam a duvidar da capacidade de conhecimento. Assim, "ninguém sabe nada, ninguém nunca soube de nada, nem nunca saberá" parece uma sentença adequada aos adeptos desta escola. O maior representante desta escola foi Pirrón de Elis (360-270 aC), que afirmou que nossos juízos sobre a realidade são convencionais e baseiam-se em sensações. Observou que os sentidos são enganadores, então o conhecimento não pode ser sempre exato e verdadeiro. De acordo com o pirronismo, o homem deve contentar-se com as aparências das coisas, e saber que não possui a verdade absoluta.
D.4 ECLETISMO A escola do ecletismo, parecido com o ceticismo, associa o critério de verdade com o de verossimilhança. Ou seja, os filósofos desta escola apresentaram-se acríticos, pois o ecletismo aceita várias possibilidades de uma verdade. Provavelmente seu surgimento ocorreu devido à coexistência de várias escolas filosóficas no mesmo período e espaço geográfico. Acredita-se que o contato com a cultura romana (voltada para a prática e a ação) também tenham influenciado e favorecido o surgimento do ecletismo. O filósofo eclético que se destacou neste período foi Cícero (106-43 aC).
D.5 CINISMO Escola fundada por Antístines (444-365 aC), discípulo de Sócrates, o nome cinismo deriva de "kynos", palavra grega que significa cão. Foi uma escola extremista nos preceitos socráticos de que o homem deveria se autoconhecer e abandonar os bens materiais. Os filósofos desta corrente viviam como cães, soltos pela cidade, sem conforto nem bens. Acreditavam que a felicidade não dependia de fatores externos (luxo, poder), nem de coisas efêmeras (sofrimento e morte), e, uma vez alcançada a felicidade, esta não poderia mais ser perdida. Os membros desta escola pautam-se por uma completa crítica social, aos deuses, aos costumes, ao poder, à justiça e à própria filosofia. O filósofo mais notável desta escola foi Diógenes Laercio (400-325 aC), que vivia num barril, com apenas uma túnica, um cajado e um embornal de pão. Conta-se que, certa vez, estava sentado ao sol, quando recebeu a visita de Alexandre, o Grande, que lhe propôs atender imediatamente qualquer desejo que tivesse, e Diógenes respondeu: Desejo que saia da frente do meu sol. Em outra história, conta-se que Diógenes caminhava pelas ruas de Atenas com uma vela acesa nas mãos, durante o dia, procurando "um homem". Esta atitude demonstrava a decadência do ideal grego de Homem.
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[Filosofia] “Epikurus”, por Jean-Léon Gérôme (França, 1824-1904)
1.2. História da Filosofia Medieval Filosofia Medieval é a forma como denominamos a filosofia que aconteceu na Europa, entre os séculos V e XV, no que historicamente é conhecido como a idade média, por isso de chamar de medieval, para fazer alusão a época em que ela aconteceu. Uma grande característica deste período é a interferência da Igreja Católica em todas as áreas do conhecimento, e por esse motivo tornou-se comum encontrarmos tanto temas religiosos como os próprios membros da igreja fazendo parte dos filósofos que vieram a dar vida a este momento da história da filosofia. Assim como a filosofia antiga, a filosofia medieval possuía suas características próprias, o que contribuía para que ela pudesse ser analisada não apenas por uma época diferente, mas também por uma forma de pensar mais analítica, que em sua grande maioria, era ligada a um mesmo foco, a religiosidade. As principais questões debatidas pelos filósofos medievais eram: A relação entre a razão e a fé; A existência e a natureza de Deus; Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana; Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis. Em resumo, o que vemos é que os principais temas estão relacionados a fé, o que prova o argumento da intervenção da igreja neste período da filosofia. Relacionar a fé, que é algo sem uma explicação lógica ou científica com a razão, que busca o entendimento das coisas, era uma forma que a igreja tinha de tentar explicar o que até ali não tinha explicação. A existência e a natureza de Deus, para a filosofia, era algo complexo, pois se partirmos do pressuposto de que a filosofia busca explicar as coisas desde o seu início, buscando formas de provar o que está sendo apresentado, agora era uma obrigação filosófica explicar a existência de Deus. Neste período não era difícil encontrar pensadores que defendessem a tese de que fé e religião não deveriam estar subordinadas uma a outra, de que o indivíduo não precisaria ter sua fé ligada diretamente as racionalidades com as quais está acostumada a viver, porém, um nome se destacou em meio aos filósofos quanto a buscar uma forma racional de justificar as crenças. Conhecido como Santo Agostinho de Hipona, esse filósofo cristão desenvolveu uma ideia de que todo homem possui uma consciência moral e um livre arbítrio, que todos temos a consciência do que é certo e errado, do mesmo jeito que temos o direito de escolha, para fazer ou não cada coisa, mesmo sabendo que acarretarão consequências.
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PATRÍSTICA O período patrístico, que durou do século I d.C. à VII d.C, ficou caracterizado pelos esforços dos apóstolos João e Paulo e dos primeiros Padres da igreja para fazer uma ligação entre a nova religião e o pensamento filosófico da época, que tinha o pensamento greco-romano em linha de frente. Os nomes mais destacados desse período foram: Justino Mártis, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio de Cesaréia e Gregorio de Nissa. Eles não apenas eram envolvidos em com a filosofia grega, a cultura helênica como também foram educados no ambiente desse tipo de filosofia, e assim sendo, queriam usar essa forma de pensamento para ajudar na expansão do cristianismo.
ESCOLÁSTICA Do século IX ao século XVI aconteceu o movimento que tinha como interesse entender e explicar a religiosidade cristã por meio das ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles. Os filósofos queriam utilizar esse conhecimento grego e romano para provar a existência da alma humana e de Deus, caso conseguissem, facilitaria para que obtivessem ainda mais adeptos a religião. Os filósofos dessa época acreditavam piamente que a igreja tinha um papel fundamental na salvação dos fieis, guiando-lhes ao caminho do paraíso. Devemos destacar como principais representantes dessa época Anselmo de Cantuária, Alberto Magno, São Tomás de Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de Ockham.
1.3. História da Filosofia Moderna Filosofia moderna é toda a filosofia que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX; começando pelo Renascimento e se estendendo até meados do século XIX, mas a filosofia desenvolvida dentro desse período está fragmentada em vários subtópicos, e escolas de diferentes períodos. Mas, frequentemente, os historiadores da filosofia designam como filosofia moderna aquele saber que se desenvolve na Europa durante o século XVII tendo como referências principais o cartesianismo - isto é, a filosofia de René Descartes -, a ciência da Natureza galilaica - isto é, a mecânica de Galileu Galilei -, a nova ideia do conhecimento como síntese entre observação, experimentação e razão teórica baconiana - isto é, a filosofia de Francis Bacon - e as elaborações acerca da origem e das formas da soberania política a partir das ideias de direito natural e direito civil hobbesianas - isto é, do filósofo Thomas Hobbes. A cronologia pode ser enganadora quando pretendemos traçar os contornos de uma época de pensamento. Assim, por exemplo, a inauguração da ideia moderna da política como compreensão da origem humana e das formas do Poder, como compreensão do Poder enquanto solução que uma sociedade dividida internamente oferece a si mesma para criar simbolicamente uma unidade que, de fato, não possui, é uma inauguração bem anterior ao século XVII, pois foi feita por Maquiavel. Por outro lado, a ideia de que a política é uma esfera de ação laica ou profana, independente da religião e da Igreja, tema caro aos filósofos modernos, foi desenvolvida no final da Idade Média por um jurista como Marsílio de Pádua. Também a ideia do valor e da importância da observação e da experiência para o conhecimento humano aparece nos fins da Idade Média com filósofos como Roger Bacon ou Guilherme de Ockam. A extrema valorização da capacidade da razão humana para conhecer e transformar a realidade - a confiança numa ciência ativa ou prática em oposição ao saber contemplativo - é uma das características principais do chamado Humanismo, desenvolvido durante a Renascença. Em contraposição à perspectiva medieval, que era teocêntrica (Deus como centro do conhecimento e da política), os humanistas procuram laicizar o saber, a moral e a política, tomando como centro o Homem Virtuoso. Para contornar essas dificuldades, muitos historiadores da filosofia se habituaram a designar o Renascimento como um período de transição para a modernidade ou a ruptura inicial face ao saber medieval que preparou o advento da filosofia moderna. Nesta perspectiva, o Renascimento apresentaria
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[Filosofia] duas características principais: por um lado, seria um momento de grandes conflitos intelectuais e políticos (entre platônicos e aristotélicos, entre humanistas ateus e humanistas cristãos, entre Igreja e Estado, entre academias leigas e universidades religiosas, entre concepções geocêntricas e heliocêntricas, etc.), e, por outro lado, um momento de indefinição teórica, os renascentistas não tendo ainda encontrado modos de pensar, conceitos e discussões que tivessem abandonado definitivamente o terreno das polêmicas medievais. O Renascimento teria sido época de grande efervescência intelectual e artística, de grande paixão pelas novas descobertas quanto à Natureza e ao Homem, de redescobertas do saber greco-romano liberado da crosta interpretativa com que o cristianismo medieval o recobrira, de desejo de demolir tudo quanto viera do passado, desejo favorecido tanto pela chamada Devoção Moderna (a tentativa de reformar a religião católica romana sem romper com a autoridade papal) quanto pela Reforma Protestante e pelas guerras de religião, que abalaram a ideia de unidade europeia como unidade político-religiosa e abriram as portas para o surgimento dos Estados Territoriais Modernos. Das características gerais do campo de pensamento e de discursos da Filosofia Moderna, os mais importantes1 são: o significado da nova ciência da Natureza, os conceitos de causalidade e de substância, a ideia de método ou de mathesis universalis, e a ideia de razão, explícita ou implicitamente elaborada por tais pensadores.
David Hume (teórico empirista), retratado por Allan Ramsay (1713-1784) em 1766.
René Descartes (teórico racionalista). Pintura de Frans Hals (entre 1649-1700). Edimburgo, Scott National Portrait Gallery
Na modernidade passou-se a delinear melhor os limites do estudo filosófico. Inicialmente, como atestam os subtítulos de obras tais como as Meditações de René Descartes e o Tratado de George Berkeley, ainda se fazia referência a questões tais como a da prova da existência de Deus e da existência e imortalidade da alma. Do mesmo modo, os filósofos do início da modernidade ainda pareciam conceber suas teorias filosóficas ou como fornecendo algum tipo de fundamento para uma determinada concepção científica (caso de Descartes), ou bem como um trabalho de "faxina” necessário para preparar o terreno para a ciência tomar seu rumo (caso de John Locke), ou ainda como competindo com determinada conclusão ou método científico (caso de Berkeley, em The Analyst, no qual ele criticou o cálculo newtoniano-leibniziano – mais especificamente, à noção de infinitesimal – e de David Hume com o tratamento matemático do espaço e do tempo). Gradualmente, contudo, a filosofia moderna foi deixando de se voltar ao objetivo de aumentar o conhecimento material, i.e., de buscar a descoberta de novas verdades – isso é assunto para a ciência – bem como de justificar as crenças religiosas racionalmente. Em obras posteriores, especialmente a de Immanuel Kant, a filosofia claramente passa a ser encarada antes como uma atividade de clarificação das próprias condições do conhecimento humano: começava assim a chamada "virada epistemológica ou virada copernicana".
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1.4. História da Filosofia Contemporânea Aquilo que compreende o que é filosofia contemporânea corresponde a época após Hegel, último grande teórico que visava explicar tudo o que existia a partir de sua filosofia. Os desdobramentos após Hegel vão culminar no idealismo alemão do século XIX. O último terço do século XVIII, tempo do Iluminismo, produziu uma série de ideias anfitriãs e obras que tanto sistematizaram filosofias anteriores, quanto apresentaram um profundo desafio para a base da filosofia como tinha sido sistematizada até então. Immanuel Kant é um nome que a maioria mencionaria como estando entre o mais importante dessas influências, como também acontece com Jean-Jacques Rousseau. Embora ambos fossem produtos do século XVIII e suas suposições, eles passaram dos limites. Tentando explicar a natureza do estado e do governo, Rousseau desafiaria a base política com a declaração "O Homem nasce livre, mas está por todos os cantos preso". Kant, enquanto tentava preservar ceticismo dessa axioma, foi forçado a discutir que nós não vemos a verdadeira realidade, nem falamos disto. Tudo o que nós conhecemos sobre realidade são apenas aparências. Posto que tudo que podemos ver da realidade são apenas aparências, Kant postula a ideia de algo irreconhecível. A distinção de Hegel entre o irreconhecível e o circunstanciadamente o desconhecido pode ser visto como os começos do sistema racional de Hegel do universo. Uma refutação bem simples nisso, segundo Kant, para se conceber que há algo irreconhecível operando atrás das aparências, é demonstrar um pouco deste conhecimento através da existência. Basta saber que existe, viver determinada coisa, para conhecê-la. As grandes teorias do século XIX foram o idealismo alemão, marxismo, utilitarismo, positivismo e pragmatismo. A(s) Filosofia(s) do século XX trouxe(ram) uma série de desenvolvimentos teóricos contrários em relação ao que se refere a validade do conhecimento através de conceitos e abstrações absolutas, isto é, afirmações universais ou leis gerais. As certezas decorrentes do pensamento clássico foram derrubadas, embora permaneçam como problemas sociais, econômicos e científicos, juntamente com formas novas de conflito e reivindicações concernentes à organização geopolítica e epistêmica do sistema-mundo contemporâneo. O que é a lógica e o que é a ética? São novas perguntas que existem a partir da filosofia do século XX. Entretanto, essa filosofia era demasiado diferente para que se possa fixar um padrão, que não seja uma série de tentativas de reformar, preservar ou alterar os limites antes concebidos. As formas e caminhos para estes empreendimentos são diversos e distintos. Contudo, suponhamos que seja essencial uma unidade de sentido, diríamos que estas filosofias contestam princípios da ciência moderna (aproximadamente do séc. XVI ao séc. XX). Novos estudos na filosofia da ciência, Filosofia da matemática, Epistemologia acrescentaram aparentemente tendências antagônicas na contabilidade da consciência e seus objetos, como expresso nas profundas diferenças entre filosofia analítica e continental, as quais tiveram lugar em fundações, no início do século. Os avanços na relatividade, na quântica, na física nuclear e, nas ciências generativas, como a ciência cognitiva, cibernética, genética e generativa linguística, e na rica produção literária, artística, como no Cinema e na Música, foi uma forma enriquecedora de propagar pensamentos filosóficos. Principais escolas filosóficas do século XX a filosofia analítica, a fenomenologia, o existencialismo, o neo-pragmatismo, a filosofia pós-moderna, o estruturalismo e o construcionismo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna. INCONTRI, Dora e BIGHETO, Alessandro Cesar. Filosofia: Construindo o Pensar. 3 Ed. São Paulo: Escala Educacional, 2010 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 14 Ed. São Paulo: Ática, 2010 ___________ Introdução à História da Filosofia. São Paulo: Companhia das Letras.2010 (4 vol.) COMPARATO, Bruno Konder. Sociologia Geral. 2 Ed. São Paulo: Escala Educacional, 2010. COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 1 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. ____________________________________ Filosofar. 1 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: Guia Prático da Linguagem Sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia Para o Ensino Médio.2 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
*Material
didático elaborado pelo professor Andrei Vieira Cerentine, Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Dá aula desde 2006 em colégios e cursinhos preparatórios para vestibulares e ENEM.
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[Filosofia]
EXERCÍCIOS: ENEM + vestibulares c)
explicar as virtudes teologais pela demonstração. d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados. e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
UNIDADE 1 - FILOSOFIA 1. (Enem 2017) O conceito de democracia, no pensamento de Habermas, é construído a partir de uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A legitimidade democrática exige que o processo de tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma ampla discussão pública, para somente então decidir. Assim, o caráter deliberativo corresponde a um processo coletivo de ponderação e análise, permeado pelo discurso, que antecede a decisão.
3. (Enem 2018) Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?”
VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado).
O conceito de democracia proposto por Jürgen Habermas pode favorecer processos de inclusão social. De acordo com o texto, é uma condição para que isso aconteça o(a) a) participação direta periódica do cidadão. b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado. c) interlocução entre os poderes governamentais. d) eleição de lideranças políticas com mandatos temporários. e) controle do poder político por cidadãos mais esclarecidos.
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s) a) essência da ética cristã. b) natureza universal da tradição. c) certezas inabaláveis da experiência. d) abrangência da compreensão humana. e) interpretações da realidade circundante.
2. (Enem 2018) Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente.
4. (Enem 2017) A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura.
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.
HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os présocrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado).
O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos. b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a) a) número, que fundamenta a criação dos deuses.
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[Filosofia] b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos. c) água, que expressa a causa material da origem do universo. d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal. e) átomo, que explica o surgimento dos entes.
7. (Enem 2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.
5. (Enem 2017) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por alguém é imediatamente real para essa pessoa. KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de a) alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência. b) justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais. c) priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas. d) preservar as regras de convivência entre os cidadãos. e) analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Gunman 1991 (adaptado).
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses. b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade. c) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente. e) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.
6. (Enem 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.
8. (Enem PPL 2017) A definição de Aristóteles para enigma é totalmente desligada de qualquer fundo religioso: dizer coisas reais associando coisas impossíveis. Visto que, para Aristóteles, associar coisas impossíveis significa formular uma contradição, sua definição quer dizer que o enigma é uma contradição que designa algo real, em vez de não indicar nada, como é de regra.
BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na a) contemplação da tradição mítica. b) sustentação do método dialético. c) relativização do saber verdadeiro. d) valorização da argumentação retórica. e) investigação dos fundamentos da natureza.
COLLI, G. O nascimento da filosofia. Campinas: Unicamp, 1996 (adaptado).
Segundo o texto, Aristóteles inovou a forma de pensar sobre o enigma, ao argumentar que
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[Filosofia] a) a contradição que caracteriza o enigma é desprovida de relevância filosófica. b) os enigmas religiosos são contraditórios porque indicam algo religiosamente real. c) o enigma é uma contradição que diz algo de real e algo de impossível ao mesmo tempo. d) as coisas impossíveis são enigmáticas e devem ser explicadas em vista de sua origem religiosa. e) a contradição enuncia coisas impossíveis e irreais, porque ela é desligada de seu fundo religioso.
compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa. DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, Cultrix, 1967.
O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem a) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza. b) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras de democracia. c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior. d) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis. e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.
9. (Enem 2016) Texto I Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne. HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).
Texto II Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?
11. (Enem 2016) Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No entanto, os deuses em um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois decidem punilos da forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando formar um único ser.
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das a) investigações do pensamento sistemático. b) preocupações do período mitológico. c) discussões de base ontológica. d) habilidades da retórica sofística. e) verdades do mundo sensível.
PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o a) bem supremo como fim do homem. b) prazer perene como fundamento da felicidade. c) ideal inteligível como transcendência desejada. d) amor como falta constituinte do ser humano. e) autoconhecimento como caminho da verdade.
10. (Enem PPL 2016) Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem
12. (Enem PPL 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: "Este objeto que estou vendo agora tem tendências para assemelhar-se a um outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior". Assim,
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[Filosofia] para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.
por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.
PLATÃO, Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica a) estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos distintos. b) comparar o objeto observado com uma descrição detalhada dele. c) descrever corretamente as características do objeto observado. d) fazer correspondência entre o objeto observado e seu ser. e) identificar outro exemplar idêntico ao observado.
DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da a) investigação de natureza empírica. b) retomada da tradição intelectual. c) imposição de valores ortodoxos. d) autonomia do sujeito pensante. e) liberdade do agente moral.
15. (Enem 2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.
13. (Enem PPL 2016) Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles nesse período. MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).
A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos. b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa. c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas. d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo. e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.
14. (Enem 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas
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[Filosofia] 16. (Enem PPL 2015) Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
e) resultado que se encontra mais desenvolvido nos espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer os outros.
18. (Enem PPL 2015) Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.
DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por a) estabelecer o ceticismo como opção legítima. b) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica. c) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo. d) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento. e) Questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.
Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia o(a) a) caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo. b) sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense. c) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos. d) sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia ateniense. e) teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das ideias.
17. (Enem PPL 2015) Na sociedade democrática, as opiniões de cada um não são fortalezas ou castelos para que neles nos encerremos como forma de autoafirmação pessoal. Não só temos de ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações, como também devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões. A partir dessa perspectiva, a verdade buscada é sempre um resultado, não ponto de partida: e essa busca inclui a conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001 (adaptado).
19. (Enem 2014)
A ideia de democracia presente no texto, baseada na concepção de Habermas acerca do discurso, defende que a verdade é um(a) a) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como agente racional autônomo. b) critério acima dos homens, de acordo com o qual podemos julgar quais opiniões são as melhores. c) construção da atividade racional de comunicação entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso. d) produto da razão, que todo indivíduo traz latente educativo.
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[Filosofia] No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. b) realidade inteligível por meio do método dialético. c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino. e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.
21. (Enem 2013) TEXTO I Há já de algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável. DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
TEXTO II É de caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
20. (Enem 2013) Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso. d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
22. (Enem PPL 2013) Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil para quem por tal se interesse, pareceu-me mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou conhecidos como tendo realmente existido. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em: www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013.
A partir do texto, é possível perceber a crítica maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há nesta a
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[Filosofia] a) elaboração de um ordenamento político com fundamento na bondade infinita de Deus. b) explicitação dos acontecimentos políticos do período clássico de forma imparcial. c) utilização da oratória política como meio de convencer os oponentes na ágora. d) investigação das constituições políticas de Atenas pelo método indutivo. e) idealização de um mundo político perfeito existente no mundo das ideias.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
23. (Enem 2012) TEXTO I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transformase em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
24. (Enem PPL 2018) Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes que sejam, sempre descobrimos que se resolvem em ideias simples que são cópias de uma sensação ou sentimento anterior. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, a um exame mais atento, ser derivadas dela.
Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o conhecimento tem a sua gênese na a) convicção inata. b) dimensão apriorística. c) elaboração do intelecto. d) percepção dos sentidos. e) realidade transcendental.
25. (Enem PPL 2018) Uma criança com deficiência mental deve ser mantida em casa ou mandada a uma instituição? Um parente mais velho que costuma causar problemas deve ser cuidado ou podemos pedir que vá embora? Um casamento infeliz deve ser prolongado pelo bem das crianças?
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
TEXTO II Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”.
MURDOCH, I. A soberania do bem. São Paulo: Unesp, 2013.
Os questionamentos apresentados no texto possuem uma relevância filosófica à medida que problematizam conflitos que estão nos domínios da a) política e da esfera pública. b) teologia e dos valores religiosos. c) lógica e da validade dos raciocínios. d) ética e dos padrões de comportamento. e) epistemologia e dos limites do conhecimento.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que a) eram baseadas nas ciências da natureza. b) refutavam as teorias de filósofos da religião. c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. d) postulavam um princípio originário para o mundo.
26. (Enem PPL 2018) Jamais deixou de haver sangue, martírio e sacrifício, quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória; os mais horrendos sacrifícios e penhores, as mais repugnantes mutilações (as castrações, por exemplo), os mais cruéis rituais, tudo isto tem origem naquele instinto que divisou na dor o mais poderoso auxiliar da memória. NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.
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[Filosofia] O fragmento evoca uma reflexão sobre a condição humana e a elaboração de um mecanismo distintivo entre homens e animais, marcado pelo(a) a) racionalidade científica. b) determinismo biológico. c) degradação da natureza. d) domínio da contingência. e) consciência da existência.
a) a consagração de relacionamentos afetivos. b) administração da independência interior. c) fugacidade do conhecimento empírico. d) liberdade de expressão religiosa. e) busca de prazeres efêmeros.
29. (Enem PPL 2016) Os ricos adquiriram uma obrigação relativamente à coisa pública, uma vez que devem sua existência ao ato de submissão à sua proteção e zelo, o que necessitam para viver; o Estado então fundamenta o seu direito de contribuição do que é deles nessa obrigação, visando a manutenção de seus concidadãos. Isso pode ser realizado pela imposição de um imposto sobre a propriedade ou a atividade comercial dos cidadãos, ou pelo estabelecimento de fundos e de uso dos juros obtidos a partir deles, não para suprir as necessidades do Estado (uma vez que este é rico), mas para suprir as necessidades do povo.
27. (Enem 2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
Segundo esse texto de Kant, o Estado a) deve sustentar todas as pessoas que vivem sob seu poder, a fim de que a distribuição seja paritária. b) está autorizado a cobrar impostos dos cidadãos ricos para suprir as necessidades dos cidadãos pobres. c) dispõe de poucos recursos e, por esse motivo, é obrigado a cobrar impostos idênticos dos seus membros. d) delega aos cidadãos o dever de suprir as necessidades do Estado, por causa do seu elevado custo de manutenção. e) tem a incumbência de proteger os ricos das imposições pecuniárias dos pobres, pois os ricos pagam mais tributos.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa. b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra. c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal. d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios. e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
30. (Enem PPL 2013) TEXTO I O Heliocentrismo não é o “meu sistema”, mas a Ordem de Deus.
28. (Enem 2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.
COPÉRNICO, N. As revoluções dos orbes celestes [1543]. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
TEXTO II Não vejo nenhum motivo para que as ideias expostas neste livro (A origem das espécies) se choquem com as ideias religiosas.
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à
DARWIN, C. A origem das espécies [1859]. São Paulo: Escala, 2009.
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[Filosofia] Os textos expressam a visão de dois pensadores — Copérnico e Darwin — sobre a questão religiosa e suas relações com a ciência, no contexto histórico de construção e consolidação da Modernidade. A comparação entre essas visões expressa, respectivamente: a) Articulação entre ciência e fé — pensamento científico independente. b) Poder secular acima do poder religioso — defesa dos dogmas católicos. c) Ciência como área autônoma do saber — razão humana submetida à fé. d) Moral católica acima da protestante — subordinação da ciência à religião. e) Autonomia do pensamento religioso — fomento à fé por meio da ciência.
GABARITO 1.B 8.C 15. C 22.E 29.B
[22]
2.B 9.C 16.D 23.D 30.A
3.D 10.A 17.C 24.D
4.E 11.D 18.E 25.D
5.C 12.D 19.B 26.E
6.B 13.A 20.C 27.C
7.C 14.D 21.B 28.B