GRUPO / HUMANAS 1 / SOCIOLOGIA

Page 1

[Sociologia]

SOCIOLOGIA SUMÁRIO Unidade 1 – SOCIOLOGIA O que é Sociologia? .......................................................................................................................................... 03 O cenário histórico do surgimento da Sociologia ............................................................................................ 03 Os Clássicos ...................................................................................................................................................... 06 Augusto Comte e os seus estágios ................................................................................................................... 06 Durkheim .......................................................................................................................................................... 07 Weber............................................................................................................................................................... 09 Marx ................................................................................................................................................................. 11 Gênero: Socialização e Institucionalização ...................................................................................................... 13 Teorias da Globalização ................................................................................................................................... 15

[1]


[Sociologia]

[2]


[Sociologia]

UNIDADE 1 Sociologia

1.1. O que é sociologia? A Sociologia é um tipo de estudo da sociedade. É uma ciência social – termo que por vezes é seu sinônimo – que usa vários métodos de investigação empírica e de análise crítica para desenvolver e aperfeiçoar um campo teórico de conhecimentos sobre a atividade social humana, por vezes com o objetivo de aplicar este conhecimento na busca do bem-estar social. Os temas que abordam variam de micro nível interações e intercâmbios até o macro nível de sistemas e estruturas sociais abstratas. A sociologia é, metodologicamente e tematicamente, uma disciplina muito ampla. Seu foco tradicional inclui a estratificação social, as classes sociais, a mobilidade social, religião e secularismo, lei e dever. Todas as esferas da atividade humana são conformadas com a estrutura social e a ação do indivíduo. A sociologia gradualmente expandiu seu foco para incluir outros assuntos, como saúde, militarismo, instituições penais, a internet e mesmo as regras para a atividade social no desenvolvimento do conhecimento científico. O escopo dos métodos científicos sociais também se expandiu bastante. Os pesquisadores de ciências sociais trabalham com grande variedade de técnicas, tanto qualitativas quanto quantitativas. A virada linguística e cultural da metade do século XX levou ao crescimento de abordagem interpretativas, hermenêuticas e filosóficas na análise da sociedade. Ao mesmo tempo, nas décadas recentes, houve o surgimento de novas técnicas analíticas, matemáticas, computacionais e estatísticas, com rigor científico, como o modelo e análise de redes sociais. Investigação empírica: Modo pelo qual a sociologia se apropria do conhecimento científico, ou seja, a experiência sociológica. Análise crítica: É a leitura do fenômeno social feita por um cientista social. Virada linguística: Seria o abandono das teses psicologistas do conhecimento, o que ocorreu em geral com todos os pensadores até o século XIX, pela a substituição da análise da linguagem.

O CENÁRIO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

[3]


[Sociologia]

As três revoluções que propiciaram o desenvolvimento da Sociologia

A Europa no século XVIII assistiu a uma série de mudanças no cenário político, econômico e social. Podemos destacar o Iluminismo, as Revoluções burguesas e principalmente a Revolução Industrial. Esses acontecimentos proporcionaram a criação de um cenário de instabilidade e contradição: aumento da produção, investimento em tecnologia, consolidação do processo de industrialização, ascensão política da burguesia, êxodo rural e consequente processo de urbanização, o aparecimento do proletariado e de sua consciência de classe, surgimento de um grande número de desempregados, miséria e injustiças sociais. É neste cenário, que surge a necessidade de formatar uma ciência capaz de interpretar e compreender os problemas da sociedade urbano-industrial, capaz de explicar essa nova ordem social, política e econômica. A preocupação com os problemas da sociedade existe bem antes da Revolução Industrial, ou seja, na antiguidade oriental ou na Clássica (greco-romana) já podemos perceber tal engajamento. Platão em “A República”, Aristóteles em “A política” já apontavam problemas envolvendo a vida política dos gregos, na Idade Média vários pensadores Árabes discutiam a religiosidade da época, na modernidade, os pensadores renascentistas identificavam problemas sociais e políticos, durante a crise da sociedade feudal e na formação dos Estados Modernos. Porém, essas propostas de analise dos problemas da sociedade não apresentavam uma organização objetiva, eram preocupações não sistematizadas, sem métodos específicos e sem um objeto de estudo claro. Neste sentido, é somente no século XIX, que a preocupação com os problemas da sociedade passa a existir como Ciência, passa a ser sistematizado. A Sociologia surge então com um arcabouço teórico, comum com método específico e com um objeto de estudo definido. Podemos definir a Sociologia como uma ciência que estuda os fenômenos sociais, procurando refletir sobre eles e tentando explicá-los, através de certos conceitos, técnicas e métodos. Seu campo de estudo é toda a organização da sociedade (a estática) e tudo o que acontece com seus membros (a dinâmica). Como, então, o relacionamento entre os homens se estrutura – tomando formas definidas - e como ele se processa – seu funcionamento - isto é o que interessa a Sociologia.

Política O Liberalismo e a Revolução Francesa

Econômica O capitalismo e Revolução Industrial

Cultural/Científica O Ilumismo

A Revolução Industrial, ocorrida na Europa (principalmente na Inglaterra) no século XVIII, mudou radicalmente a estrutura da sociedade. Homens passaram a ser substituídos por máquinas, que produziam mais e custavam muito menos. Isto fez com que os problemas sociais aumentassem, pois muitas pessoas que antes trabalhavam de forma artesanal, ficaram sem emprego. Eram acostumadas à uma forma mais lenta de vida, no meio rural, trabalhando apenas para sobreviver da terra. Agora passariam a trabalhar muito mais para os empresários, ganhando as vezes menos do que estavam ganhando antes. A sociedade se dividiu em Burgueses, os que detinham as fábricas e controlavam a economia, e os Proletariados, que tinham a força de trabalho. O capitalismo se fortaleceu, quem produzisse mais, estava acima dos outros.

[4]


[Sociologia] Um filme que retrata bem a revolução é o “Tempos Modernos”, com Charles Chaplin, de 1936. Nele, Chaplin é um funcionário de uma grande fábrica na Europa, e fica tão alienado por causa do ritmo de trabalho, que acaba despedido. Depois, para não morrer de fome, rouba comida, juntamente com uma menina de rua. É preso várias vezes, até por ser confundido com um manifestante em uma greve na empresa onde trabalhava. O filme mostrou de forma humorística como os trabalhadores eram tratados. Exageros em razão da comédia, o capitalismo chegou até a proporcionar máquinas que alimentem automaticamente o funcionário, para que ele não parasse de produzir.

Na atualidade: Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas. O objetivo da sociologia é tornar estas compreensões cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à medida que suas percepções vão além de nossas experiências pessoais. A sociologia estuda todos os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade. Ela explora todas as estruturas sociais que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais como desvio, crime, divergência, conflito, migrações e movimentos sociais, que fluem através da ordem estabelecida socialmente; e busca entender as transformações que este processo provoca na cultura e estrutura social. Em tempos de mudança, em que a cultura e estrutura estão atravessando transformações dramáticas, a sociologia torna-se especialmente importante. Como a velha maneira de fazer as coisas se transforma, as vidas pessoais são interrompidas, e como consequências, as pessoas buscam respostas para o fato de as rotinas e fórmulas do passado não funcionarem mais. O mundo hoje está passando por uma transformação dramática: o aumento de conflito étnico, o desvio de empregos para países com mão de obra mais barata, as fortunas instáveis da atividade econômica e do comércio, a dificuldade de serviços de financiamento de governo, a mudança no mercado de trabalho, a propagação da AIDS, o aumento da fome das superpopulações, a quebra do equilíbrio ecológico, a redefinição dos países sociais dos homens e das mulheres e muitas outras mudanças. Enquanto a vida social e as rotinas diárias se tornam mais ativas, a percepção sociológica não é completamente necessária. Mas, quando a estrutura básica da sociedade e da cultura muda, as pessoas buscam o conhecimento sociológico. Isto não é verdade apenas hoje, foi a razão principal de a Sociologia surgir em primeiro plano como uma disciplina diferente nas primeiras décadas do séc. XIX. As mudanças científicas do século XIX Independência de várias ciências da filosofia: História, Biologia, Sociologia, Psicologia, Física, Química... O surgimento do positivismo de Comte; O darwinismo e as explicações biológicas O historicismo e a melhor maneira de explicar o humano; Durkheim, Weber e Marx.

[5]


[Sociologia]

OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA A sociologia enquanto ciência surgiu no século XIX, como um campo de conhecimento para explicar as diversas crises sociais provocadas palas Revolução Industrial e mesmo a Francesa no continente Europeu. Como uma nova ciência, a sociologia teve em seus fundadores: Augusto Comte, Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber, pensadores que buscavam explicações concretas sobre a sociedade e o descobrimento seus mecanismos internos. Também chamados de Clássicos da Sociologia, esses autores foram os grandes responsáveis inicialmente na formação dessa nova ciência. Apesar dos Clássicos terem proporcionado as bases para essa nova ciência, cada um dos autores contribui de formas diferentes para sociologia. Augusto Comte um homem conservador olhava para a sociedade em processo de evolução. Karl Marx ao contrário de Comte, era um pensador revolucionário que acreditava na transformação da sociedade por meio das revoluções, tendo a luta de classes o aspecto mais importante. Emile Durkheim considerado o verdadeiro fundador da sociologia, também de sentido um tanto conservador, entendia a sociedade como a grande responsável pela postura dos homens através dos fatos sociais. E Max Weber criador da sociologia compreensiva, entendia que a sociedade não deveria ser explicada apenas por uma única definição como dizia Marx; Weber é o criador do termo ação social. A seguir, você vai conhecer um pouco da vida desses estudiosos que, com seu saber, contribuíram para ampliar o conhecimento da sociedade humana.

AUGUSTO COMTE E OS SEUS ESTÁGIOS “Amor por principio e a Ordem por base; o Progresso por fim.” Comte desenvolveu várias atividades para sobreviver; foi professor particular, tutor, examinador da Escola Politécnica e, por vários anos (18171824), conviveu e foi secretário de Saint Simon (também um dos fundadores das ciências socais) com quem rompeu por discordar do rumo que suas idéias tomaram. Comte mais conservador não admitia os valores mais modernos e seu mestre Saint Simon. (Maria Amália 1996). Comte foi o fundador do Positivismo doutrina de caráter conservador que lançaria raízes na América Latina. No Brasil a proclamação da república de 1889 será obra das idéias positivistas: desde então a bandeira brasileira tem a Ordem e Pregresso. Benjamin Constant, o ministro da Instrução Pública nessa época, reforma o ensino de acordo com os de vistas de Comte. (Verdenal, 1974, p. 234)

ESTÁGIO TEOLÓGICO: O estágio teológico tem como característica básica a explicação da natureza mediante seres sobrenaturais. Como no início dos tempos, a humanidade ainda não tinha ainda tempo suficiente para observar a natureza. Desta falta de observação e necessitando explicar os fenômenos a sua volta, o homem, entregue ao desespero e à acomodação, tendeu a se projetar na natureza. Isto é, todas as ocorrências naturais são fetiches: o Sol, a Lua, as marés, as montanhas ganham vida, estão, agora, animadas. Ainda no estágio teológico a transmissão do conhecimento é autoritária: o sacerdote é ponto de sapiência e reverência.

ESTÁGIO METAFÍSICO: O estágio metafísico é o qual Comte tem menos apreço: este estado permuta a explicação dos seres sobrenaturais por forças. O conhecimento gerado pelo espírito metafísico deve ser argumentado e não simplesmente baseado na fé. Etapa de transição entre o estágio teológico e o positivo, o estágio em questão, ao mesmo tempo em que antecipa características deste, retém outras tantas daquele.

[6]


[Sociologia] ESTÁGIO POSITIVO: Por fim, o estágio positivo é o estado final do desenvolvimento humano. Aqui não estamos mais preocupados com as explicações causais dos objetos naturais. O homem com espírito positivo é aquele que se prende às leis da natureza, ignorando suas causas imanentes. Por exemplo, a física aristotélica baseava seus conhecimentos no modo teológico e metafísico; ao passo que Newton, e posteriormente Einstein, explicam a queda dos corpos de maneira indubitavelmente positiva.

AS TRÊS VERTENTES CLÁSSICAS: DURKHEIM METODOLOGIA: POSITIVISMO E OBJETIVIDADE Durkheim segue a postura metodológica de Comte, salientando a importância em definir a Sociologia como uma ciência autônoma, com objeto de estudo definido, seguindo o mesmo método das ciências naturais. O objetivo principal do método sociológico é estabelecer como devem ser estudados os fatos sociais. Em As regras do Método Sociológico define o objeto de estudo, estabelece as regras do método para a investigação sociológica que garantissem à Sociologia o caráter rigoroso e objetivo. Os fatos sociais seriam trados do mesmo modo objetivo dado aos fenômenos físicos, segundo a abordagem metodológica racionalista e positivista:   

A sociedade é regulada por leis naturais. Os métodos de conhecer a sociedade são os mesmos das ciências da natureza. O observador deve limitar-se à análise e observação dos fenômenos sociais, de forma neutra, objetiva, livre de julgamentos de valor e pré-noções.

Os fatos sociais devem ser tratados como coisas, por meio do método de observação e experimentação.

TEMAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA SOCIOLOGIA DE DURKHEIM 1 - O FATO SOCIAL É o objeto da Sociologia. Os fatos sociais “são maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de poder coercitivo “, e que exercem influências sobre o indivíduo. Os fatos sociais possuem três características:  A exterioridade: os fatos sociais existem antes do nascimento do indivíduo e atuam sobre ele independente de sua vontade.

[7]


[Sociologia]  

A coercitividade: os fatos sociais exercem força social e força sobe os indivíduos, levando-os a agirem de acordo com as regras estabelecidas pela sociedade. Ex: a língua. A generalidade: os fatos sociais são tomados coletivamente, pelo conjunto da sociedade. As crenças, os costumes, os valores.

Em sua obra A divisão do trabalho social, Durkheim relaciona a divisão do trabalho social à ordem moral. A divisão do trabalho resultaria na relação de cooperação e de solidariedade entre os homens. No entanto, como as transformações sócio-econômicas eram aceleradas nas sociedades europeias capitalistas, inexistia um novo e eficiente conjunto de ideias morais que pudesse guiar o comportamento dos indivíduos, isso levava ao mau funcionamento da sociedade. Durkheim identifica a existência na história das sociedades de dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.

2 - SOLIDARIEDADE MECÂNICA A solidariedade mecânica surge nas sociedades simples e tradicionais, onde os indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciaram e reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. Os indivíduos compartilham a tal ponto padrões de conduta que não há grande diferenciação entre eles, pois numa tribo ou cidade do interior, o padrão moral se efetiva sobre os indivíduos a tal ponto que o que é válido para um, também, é aos demais. Existe uma forte imposição moral nessas sociedades tradicionais.

3 - SOLIDARIEDADE ORGÂNICA A solidariedade orgânica surge nas sociedades mais complexas e modernas, onde existe uma maior divisão do trabalho e uma maior individualidade, pois as pessoas criam autonomia em relação à consciência coletiva. Por meio da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens. Nas grandes cidades industriais, observadas por Durkheim no final do século XIX e início do XX, as relações sociais não estavam pautadas pela intensa imposição moral presente nas sociedades simples e tradicionais. A presença do individualismo e da diversidade causavam a perda de coesão e do consenso da vida em sociedade.

4 - O NORMAL E O PATOLÓGICO – O CONCEITO DE ANOMIA Durkheim caracterizou o fenômeno social de normal ou patológico. Para ele, o fenômeno pode ser considerado normal se for encontrado na sociedade de forma generalizada, não coloque em risco a integração social e esteja dentro de um determinado nível. O crime é um fenômeno normal, pois é encontrado em todas as sociedades de todos os tipos, é geral, e, ao mesmo tempo em que, ao se impor a punição, serve para lembrar e fortalecer os valores de toda sociedade. Fato social normal é geral, recorrente e que favorece a integração social. Fato social patológico é excepcional, transitório e põe em risco a integração social. Para ele, o suicídio também é normal, pois existe em todas as sociedades. Torna-se anormal se houver o aumento das taxas.

[8]


[Sociologia]

AS TRÊS VERTENTES CLÁSSICAS: WEBER “Exagerar é a minha profissão.” Weber sempre se preocupou em conferir o caráter científico à Sociologia. Considerava que o cientista deveria assumir uma posição neutra, não podendo ter preferências políticas e ideológicas a partir de sua profissão. Fazia a distinção entre o cientista e o político - o homem de ação. Na verdade, ele isolou a Sociologia dos movimentos revolucionários: A ciência deve oferecer a compreensão da conduta, das motivações e consequências dos atos do homem. A Sociologia deveria ser um conjunto de técnicas neutras para a compreensão da realidade social.

SEU OBJETO Weber considerava o individuo e a sua ação como ponto chave da investigação. Era preciso compreender as intenções e as motivações dos indivíduos que vivenciam as situações sociais.

SEU MÉTODO Naquele momento surge nas ciências sociais uma tendência que distingue explicação e compreensão da realidade. O modo explicativo seria característico das ciências naturais, que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas, que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente, mas sim buscam os processos vivos da experiência humana, extraindo deles seu sentido. Os fenômenos sociais só tem significado se conhecermos a motivação e o sentido mais profundo que existem por trás desses fenômenos. Weber analisa o papel das pessoas e as suas ações individuais. A sociedade deve ser entendida a partir das interações sociais. A ação social dá sentido à ação individual. A ação social é orientada pelo comportamento e valores dos indivíduos e dos grupos, sendo fundamental para a organização da sociedade

[9]


[Sociologia] humana. A conduta adquire o sentido social quando se orienta pelo comportamento de outras pessoas. As teorias sociológicas desenvolvidas ao longo do século XIX privilegiavam os fenômenos sociais coletivos. Para Emile Durkheim o importante era o fenômeno coletivo e não o comportamento individual, pois a sociedade está acima do individuo. Karl Marx, por sua vez, trata da relação dos agrupamentos sociais, e não do indivíduo. Para colocar o homem no centro das preocupações sociológicas, Weber teve que reformular o método científico: a tarefa do sociólogo é captar o sentido das condutas humanas. Weber concebe o objeto da sociologia como, "a captação da relação de sentido" da ação humana, ou seja, conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação que o configura. Para Weber não é possível explicar um fenômeno social como resultado da relação entre causas e efeitos, semelhante às ciências naturais, mas compreendê-lo como fato carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude. Por exemplo, mais importante do que entender porque de algo aconteceu (causas) é compreender o que levou ao indivíduo, ou conjunto de indivíduos, a se comportar de determinada maneira. O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações. Por exemplo, se uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas. Conceitos: Para realizar a análise compreensiva, Weber formula o conceito “tipo ideal”, que representa o primeiro nível de generalização de conceitos abstrato. O tipo ideal é um ponto de partida, contendo parâmetros estabelecidos de comportamento, de ação, de dominação. O tipo ideal fornece o recurso essencial para a compreensão dos comportamentos sociais, permitindo analisar as formas de ação social.

1. TIPOS DE AÇÃO SOCIAL Os tipos de ação social jamais são encontrados na realidade em toda a sua pureza, e, na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados. Ação é social quando um determinado comportamento implica uma relação de sentido para quem age. Nem todo comportamento humano é social. É preciso que tenha sentido para o individuo que age. A ação social orienta-se pelo comportamento de outros. Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade de desconhecidos. Weber definiu quatro tipos de ação social: A. Ação tradicional: tradições, costume. Ex: dar presente de Natal B. Ação afetiva: baseada em sentimentos e afetividade, não racional. Ex: torcer por um time C. Ação racional orientada para valores: racional, a ação é importante e não os fins. Ex: trabalho voluntário ou de um político, onde o retorno não é o dinheiro ou prestígio final, mas a missão. (em crise) D. Ação racional orientada pra fins: racional, o importante é o resultado. Ex: empresa capitalista. Esses tipos de ação existem de formas diferentes nas sociedades humanas. Nas sociedades antigas e feudais prevaleciam os tipos tradicionais e afetivos, daí a família e a igreja terem papel fundamental nessas sociedades. Na sociedade capitalista predomina ação racional, com planejamento eficiente e com metas, orientada pra fins. A empresa do século XVIII para a atual sofreu várias modificações, mas seus fins e objetivos continuam os mesmos: lucro, acumulação econômica e otimização produtiva. Esse tipo de comportamento social pautado na racionalidade é o que caracteriza a sociedade moderna e a que subordinam a tradição, os afetos e os valores à racionalidade. Isso leva ao “desencantamento do mundo”, pois o homem passa a maior parte do seu tempo realizando atividades buscando os efeitos esperados (racional) e não pautados em seus valores, suas tradições e suas afetividades.

[10]


[Sociologia] 2. TIPOS DE DOMINAÇÃO/PODER Existem três tipos puros de dominação: A - Tradicional: respeita aos costumes e regras. É o tipo em que o indivíduo ocupa posição de autoridade independentemente do controle de um corpo administrativo. A autoridade e as prerrogativas pessoais são mais extensas. Ex: coronéis, soberanos e patriarcas antigos ou medievais B - Carismática: capacidade de liderança e comando, em que se almeja estabelecer uma nova ordem. C - Racional-legal: assentada na noção de direito que se liga aos aspectos racionais e técnicos da administração. Racionalidade e justiça se fundem. Ex: sociedades modernas. Atua baseado nas leis e regulamentos e precisa de formação técnica.

AS TRÊS VERTENTES CLÁSSICAS: MARX “A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes”. Marx articulou um modo radicalmente novo de pensar a sociedade, por meio de crítica e reflexão rigorosa. Seu pensamento se desenvolveu ancorado na experiência, permeadas de vitórias e derrotas, que o movimento operário e popular da época acumulava, nas lutas sindicais e políticas do século XIX. Marx, sempre preocupado com a teoria e a prática, elaborou um conjunto de idéias inovadoras: o materialismo histórico, a teoria econômica e a proposta de transformação, o socialismo científico. Para ele, a função da Sociologia não era solucionar os problemas sociais e estabelecer a ordem, segundo os positivistas. Ao contrário, a Sociologia deveria contribuir para a transformação da sociedade, ao proporcionar uma análise crítica e desmistificadora da realidade capitalista. Marx foi extremamente original em sua obra, tendo fundamentado seus estudos em Hegel, no pensamento socialista francês e inglês e nos economistas clássicos Adam Smith e David Ricardo.

[11]


[Sociologia] SEU MÉTODO O materialismo pressupõe, de modo geral, que a produção material de uma sociedade constitui o fator determinante da organização social e política de uma época. Assim, a base material (econômica) exerce influência direta nos outros níveis da realidade: Estado, instituições jurídicas, políticas, religião, moral. Por meio da dialética, Marx explicou as significativas transformações da história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. Marx elaborou um esquema teórico sobre a história da humanidade, desenvolvendo o método materialismo histórico. Segundo sua teoria da história, as sociedades encontravam-se em constante transformação e o motor da história era os conflitos e as posições entre as classes sociais. Assim, o movimento da história possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes. Em outras palavras, a estrutura de uma sociedade reflete a forma como os homens se organizam para a produção social de bens.

SUA TEORIA Segundo Marx, para conhecer a realidade era preciso compreender a relação dos homens com o mundo material. Também, era preciso compreender como esse mundo material e as ideias a ele relacionadas se transformavam e transformavam a realidade. Para ele, a sociedade tem contradições e conflitos e, são essas contradições e conflitos que garantem sua transformação. Cada época histórica tem seus conflitos e contradições. Para entendermos uma sociedade é preciso compreender seus conflitos e suas contradições. A chave para a compreensão da trama social é a organização do trabalho e as relações estabelecidas entre os homens no mundo da produção. Ou seja, é na vida material que tudo acontece. A política, a cultura, a justiça, a religião refletem esse conflito. Na produção social de sua vida, os homens contraem determinadas relações – são as relações de produção. Essas relações são necessárias e independentes da vontade humana. O conjunto das relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real, a base econômica de uma determinada sociedade. Sobre essa base real se levanta a superestrutura jurídica, política e espiritual. “não é consciência do homem que determina sua existência, pelo contrario, é sua existência que determina sua consciência.”(Marx) As relações de produção, marcadas pela existência de classes sociais com posições e interesses antagônicos, desenvolvem relação de conflito e esse conflito é a mola propulsora das transformações e mudanças históricas. Essa é a teoria da história para Marx. Marx aplicou essa teoria e desvendou profundamente o modo de produção capitalista. Segundo suas análises, no capitalismo as relações de produção são fundamentadas na propriedade privada dos meios de produção e na venda da força de trabalho assalariada. “as relações burguesas de produção são a última forma antagônica do processo social de produção;... antagonismo que provém das condições sociais de vida dos indivíduos.” Segundo seu pensamento, as classes sociais são determinadas no processo produtivo, sendo definidas pelo lugar que as pessoas ocupam no processo produtivo em relação aos meios de produção: se detém ou não esses meios. Variando ao longo da história: senhores da terra/servos, burguês/assalariado, entre outros. A relação entre as classes sociais é marcada pela opressão de uma sobre a outra, pela exploração de uma sobre a outra.

O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E SUA SUPERAÇÃO O capitalismo é marcado por relações sociais de produção nas quais uns são proprietários dos meios de produção e outros vendem sua força de trabalho como mercadoria para garantiram a reprodução material de suas vidas. Os donos dos meios de produção utilizam a força de trabalho para produzir mercadoria e é a força de trabalho que gera valor à mercadoria. A partir da inter-relação entre infra-

[12]


[Sociologia] estrutura econômica se constrói toda uma superestrutura (Estado, leis, religião, etc.) para garantir a ordem do sistema capitalista. O capitalista paga o salário ao trabalhador, mas esse salário nunca corresponde ao valor produzido pelo trabalhador. Este produz uma parte de trabalho que é paga pelo salário, a outra parte trabalhada fica com o empresário – é a mais-valia, o que valoriza o capital. A resolução do conflito entre os proprietários dos meios de produção e do proletariado, ou seja, da relação de exploração do capitalismo, só pode ser conseguida com a luta de classes, em que seja superada a causa dos conflitos: a propriedade privada dos meios de produção. Aí está formada a teoria do socialismo científico, que constitui o processo de transição pelo qual a sociedade tem que passar até a etapa final, o comunismo.

O ESTADO Marx expõe uma nova concepção, segundo a qual o Estado surgiu junto com a propriedade privada na história da humanidade. Em suas análises, rompeu com o pensamento liberal que analisava o Estado como um arranjo contratual entre os indivíduos a fim de garantir a ordem, a propriedade e os direitos civis, sendo o representante de todos os setores a sociedade. Segundo Marx, o Estado é um instrumento cujo objetivo fundamental é manter as relações sociais dominantes. Enfim, o Estado é instrumento de manutenção da ordem dominante e representante dos interesses dessa classe. Para que essa dominação seja aceita pacificamente por toda sociedade, o Estado age em nome do “interesse geral” e das “leis”. Assim, a maneira como as classes dominantes justificam sua dominação se impõe também pelas ideias, não apenas dentro do Estado, mas nos códigos de leis, nas igrejas, jornais, educação, meios de comunicação, propagandas – a ideologia. Concluindo, Marx elaborou uma crítica radical ao capitalismo, colocando em evidência os antagonismos e contradições desse sistema. Para Marx, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material e estrutura econômica, que é o fundamento da história humana.

[13]


[Sociologia]

Gênero: socialização e institucionalização Nos estudos de gênero, o termo gênero é usado para se referir às construções sociais e culturais de masculinidades e feminilidades. Neste contexto, gênero explicitamente exclui referências para as diferenças biológicas e foca nas diferenças culturais. Isto emergiu de diferentes áreas: da sociologia nos anos 50; das teorias do psicanalista Jacques Lacan; e no trabalho de feministas como Olympe de Gouges, Jeanne Deroin, Simone de Beauvoir, Monique Wittig, Daniele Kergoat, Júlia Kristeva, Jane Flax, Carole Pateman, Nancy Fraser, Joan Scott, Gayle Rubin, Christine Delphy e Judith Butler. A distinção entre o componente social do sexo feminino e a sua base biológica é discutida na contemporaneidade. A filósofa Judith Butler analisa, de maneira crítica, a dicotomia entre sexo e gênero: para ela, os corpos sexuados podem ser base para uma variedade de gêneros e que o gênero não se limita apenas às duas possibilidades usuais. Esse desdobramento do conceito de gênero foi dado nos anos 1990, através da teoria queer, que questiona a normatividade heterossexual e ressalta o "aspecto socialmente contingente e transformável dos corpos e da sexualidade". Para Butler o gênero é uma performance que se dá em qualquer corpo, "portanto desconectado da ideia de que a cada corpo corresponderia somente um gênero". Butler percebe o corpo da mesma forma que o gênero, como um construto cultural, ressaltando o aspecto cultural/social da vinculação entre sexo e gênero. "Com a proposição de gênero como performance, Butler também vai solapar o peso metafísico da identidade (de gênero). Para ela, não há identidades que precedam o exercício das normas de gênero, é o exercício mesmo que termina por criar as normas. É a repetição das normas de gênero que promove isto, que no pensamento da desconstrução chamamos de "duplo gesto". A repetição das normas como performance se dá sempre ao mesmo tempo em que se dá a possibilidade de burlá-las, de fazê-las nem verdadeiras, nem falsas".

PAPEL SOCIAL DE GÊNERO E IDENTIDADE DE GÊNERO O livro O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, em 1949 abriu, através da Filosofia e Literatura, um debate político mais aprofundado, ao contestar o determinismo biológico e/ou desígnio divino, retomando a perspectiva hegeliana de que ser é tornar-se, resultando na ideia de que não se nasce mulher, mas se torna mulher. Ao distinguir o componente social do sexo feminino do seu aspecto biológico, Lucila Scavone destaca que "essa constatação lançou a primeira semente para os estudos de gênero, já que ela distingue o componente social do sexo feminino de seu aspecto biológico, ainda sem conceituar ‘gênero’". De acordo com Miriam Pillar Grossi, os papéis de gênero podem ser percebidos como a representação de personagens: tudo o que é associado ao sexo biológico, fêmea ou macho, em determinada cultura é considerado papel de gênero. Estes papéis mudam de uma cultura para outra e também sofrem modificações dentro de uma mesma cultura. Assim, os atributos que estabelecem coisas e comportamentos classificados como "típicos" ou "naturais" de mulheres ou de homens constituem os chamados papéis sociais de gênero. Na cultura ocidental, pautada pelo saber masculino, esses papéis são pautados em dicotomias: os homens seriam dotados de uma natureza ativa, menos sentimentais, dotados de racionalidade e de instinto sexual desenvolvido e, portanto, suas atividades estão situadas na esfera pública. Já as mulheres seriam mais bondosas, emotivas e sentimentais, de sexualidade menos desenvolvida, "naturalmente" passivas e submissas, por isso suas tarefas estão situadas na esfera privada: ser dona de casa, esposa e mãe. Já a identidade de gênero, remete à constituição do sentimento individual de identidade, é uma categoria que permite pensar o lugar do indivíduo no interior de uma cultura e que, nem sempre, corresponde ao sexo biológico. Nossa identidade de gênero se constrói ainda no útero, quando há a rotulação do bebê como menina ou menino. A partir desse assinalamento do sexo, socialmente se esperará da criança comportamentos condizentes com ele. A identidade de gênero é composta pelos papéis de gênero, pela sexualidade e pelo significado social da reprodução.

[14]


[Sociologia]

Igor Veronesi em https://avozdaserra.com.br/noticias/concurso-da-camara-permite-inscricoes-com-nome-social

TEORIAS DA GLOBALIZAÇÃO No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais nações. Ou ainda que a globalização é a reinvenção do processo expansionista americano no período pós guerra-fria (esta reinvenção tardaria quase 10 anos para ganhar forma) com a imposição (forçosa ou não) dos modelos políticos (democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e econômico (abertura de mercados e livre competição). Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do estado norte-americano e que tampouco atende exclusivamente aos interesses deste, mas também é um projeto das empresas, em especial das grandes empresas transnacionais, e governos do mundo inteiro. Nesta ponta surge a interrelação entre a Globalização e o Consenso de Washington.

TEÓRICOS DA GLOBALIZAÇÃO Antonio Negri: O pensador italiano Antonio Negri defende, em seu livro "Império", que a nova realidade sócio-política do mundo é definida por uma forma de organização diferente da hierarquia vertical ou das estruturas de poder "arborizadas" (ou seja, partindo de um tronco único para diversas ramificações ou galhos cada vez menores). Para Negri, esta nova dominação (que ele batiza de "Império") é constituída por redes assimétricas, e as relações de poder se dão mais por via cultural e econômica do que uso coercitivo de força. Negri entende que entidades organizadas como redes (tais como corporações, ONGs e atégrupos terroristas) têm mais poder e mobilidade (portanto, mais chances de sobrevivência no novo ambiente) do que instituições paradigmáticas da modernidade (como o Estado, partidos e empresas tradicionais).Outros teóricos da globalização: Mário Murteira, Stuart Hall, Benjamin Barber, Daniele Conversi e Samuel P. Huntington:O cientista político Samuel P. Huntington, ideólogo do neoconservadorismo norte-americano, enxerga a globalização como processo de expansão da cultura ocidental e do sistema capitalista sobre os demais modos de vida e de produção do mundo, que conduziria inevitavelmente a um "choque de civilizações".

[15]


[Sociologia]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GROSSI, Miriam Pillar. Identidade de gênero e sexualidade (http://bibliobase.sermais.pt:8008/BiblioNET/upload/PDF3/01935_identidade_genero_revisado.pdf). p. 7 e 8. Consultado em 02 de janeiro de 2018. SCAVONE, Lucila. Estudos de gênero: uma sociologia feminista? (http://www.scielo.br/pdf/ref/v16n1/a18v16n1.pdf). p. 180. Consultado em 22 de outubro de 2013 RODRIGUES, Carla. Performance, gênero, linguagem e alteridade: J. Butler leitora de J. Derrida (http://www.scielo.br/pdf/sess/n10/a07n10.pdf). p. 150-151. Consultado em 22 de outubro de 2013 COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 5ª Ed- São Paulo: Moderna, 2016. FERREIRA, Nelson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da informação. 2ª Ed- São Paulo: Atlas, 2003. PASTORE, José; do VALLE SILVA, Nelson. Mobilidade social no Brasil. 1ª Ed- São Paulo: Makron Books, 2000. TOMAZI, Nelson Dacio (coord.). Iniciação à sociologia. 2ª Ed- São Paulo: Atual, 2010. VITA, Álvaro de. Sociologia da sociedade brasileira. 5ª Ed- São Paulo: Ática 1996.

*Material

didático elaborado pelo professor Andrei Vieira Cerentine, Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Dá aula desde 2006 em colégios e cursinhos preparatórios para vestibulares e ENEM.

[16]


[Sociologia]

EXERCÍCIOS: ENEM + vestibulares 2. (Enem PPL 2016)

UNIDADE 1 - SOCIOLOGIA 1. (Enem 2017) Palestinos se agruparam em frente a aparelhos de televisão e telas montadas ao ar livre em Ramalah, na Cisjordânia, para acompanhar o voto da resolução que pedia o reconhecimento da chamada Palestina como um Estado observador não membro da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era esperar pelo nascimento, ao menos formal, de um Estado palestino. Depois da aprovação da resolução, centenas de pessoas foram à praça da cidade com bandeiras palestinas, soltaram fogos de artifício, fizeram buzinaços e dançaram pelas ruas. Aprovada com 138 votos dos 193 da AssembleiaGeral, a resolução eleva o status do Estado palestino perante a organização. Palestinos comemoram elevação de status na ONU com bandeiras e fogos. Disponível em: http://folha.com. Acesso em: 4 dez. 2012 (adaptado).

A mencionada resolução da ONU referendou o(a) a) delimitação institucional das fronteiras territoriais. b) aumento da qualidade de vida da população local. c) implementação do tratado de paz com os israelenses. d) apoio da comunidade internacional à demanda nacional. e) equiparação da condição política com a dos demais países.

A figura do inquilino ao qual a personagem da tirinha se refere é o(a) a) constrangimento por olhares de reprovação. b) costume importo aos filhos por coação. c) consciência da obrigação moral. d) pessoa habitante da mesma casa. e) temor de possível castigo. 3. (Enem PPL 2017) TEXTO I A Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a disciplinar o exercício do nepotismo cruzado, isto é, a troca de parentes entre agentes para que tais parentes sejam contratados diretamente, sem concurso. Exemplificando: o desembargador A nomeia como assessor o filho do desembargador B que, em contrapartida, nomeia o filho deste como seu assessor. COSTA, W. S. Do nepotismo cruzado: características e pressupostos. Jusnavigandi, n. 950, 8 fev. 2006.

[17]


[Sociologia] TEXTO II No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses.

TEXTO II As janelas e portas gradeadas com treliças não eram cadeias confessas, positivas; mas eram, pelo aspecto e pelo seu destino, grande gaiolas, onde os pais e maridos zelavam, sonegadas à sociedade, as filhas e as esposas.

HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.

MACEDO, J.M. “Memória da Rua do Ouvidor [1878]”. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 maio 2013 (adaptado).

A administração pública no Brasil possui raízes históricas marcadas pela a) valorização do mérito individual. b) punição dos desvios de conduta. c) distinção entre o público e o privado. d) prevalência das vontades particulares. e) obediência a um ordenamento impessoal.

A representação social do feminino comum aos dois textos é o(a) a) submissão de gênero, apoiada pela concepção patriarcal de família. b) acesso aos produtos de beleza, decorrência da abertura dos portos. c) ampliação do espaço de entretenimento, voltado às distintas classes sociais. d) proteção da honra, medida pela disputa masculina em relação às damas da corte. e) valorização do casamento cristão, respaldado pelos interesses vinculados à herança.

4. (Enem PPL 2016) A eugenia, tal como originalmente concebida, era a aplicação de “boas práticas de melhoramento” ao aprimoramento da espécie humana. Francis Galton foi o primeiro a sugerir com destaque o valor da reprodução humana controlada, considerando-a produtora do aperfeiçoamento da espécie.

6. (Enem PPL 2012) Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas.

ROSE, M. O espectro de Darwin. Rio de Janeiro: Ziai 2000 (adaptado).

Um resultado da aplicação dessa teoria, disseminada a partir da segunda metade do século XIX, foi o(a) a) aprovação de medidas de inclusão social. b) adoção de crianças com diferentes características físicas. c) estabelecimento de legislação que combatia as divisões sociais. d) prisão e esterilização de pessoas com características consideradas inferiores. e) desenvolvimento de próteses que possibilitavam a reabilitação de pessoas deficientes.

BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”. In: Meus caros amigos,1976. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em 4 dez. 2011 (fragmento)

Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia antiga, caracterizada, naquela época, em razão de a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses. b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento. c) seu rebaixamento de status social frente aos homens. d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra. e) sua igualdade política em relação aos homens.

5. (Enem 2013) TEXTO I Ela acorda tarde depois de ter ido ao teatro e à dança; ela lê romances, além de desperdiçar o tempo a olhar para a rua da sua janela ou da sua varanda; passa horas no toucador a arrumar o seu complicado penteado; um número igual de horas praticando piano e mais outra na sua aula de francês ou de dança. Comentário do Padre Lopes da Gama acerca dos costumes femininos [1839] apud SILVA, T. V. Z.Mulheres, cultura e literatura brasileira. Ipotesi — Revista dos Estudos Literários, Juiz de Fora, v. 2. n. 2, 1998.

[18]


[Sociologia] 7. (Enem 2018)

chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra. CLASTRES. P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1982 (adaptado).

O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porque se baseia em: a) Imposição ideológica e normas hierárquicas. b) Determinação divina e soberania monárquica. c) Intervenção consensual e autonomia comunitária. d) Mediação jurídica e regras contratualistas. e) Gestão coletiva e obrigações tributárias.

9. (Enem 2017) A participação da mulher no processo de decisão política ainda é extremamente limitada em praticamente todos os países, independentemente do regime econômico e social e da estrutura institucional vigente em cada um deles. É fato público e notório, além de empiricamente comprovado, que as mulheres estão em geral sub-representadas nos órgãos do poder, pois a proporção não corresponde jamais ao peso relativo dessa parte da população. TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002.

O anúncio publicitário da década de 1940 reforça os seguintes estereótipos atribuídos historicamente a uma suposta natureza feminina: a) Pudor inato e instinto maternal. b) Fragilidade física e necessidade de aceitação. c) Isolamento social e procura de autoconhecimento. d) Dependência econômica e desejo de ostentação. e) Mentalidade fútil e conduta hedonista.

No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a tentativa de reverter esse quadro de subrepresentação tem envolvido a implementação, pelo Estado, de a) leis de combate à violência doméstica. b) cotas de gênero nas candidaturas partidárias. c) programas de mobilização política nas escolas. d) propagandas de incentivo ao voto consciente. e) apoio financeiro às lideranças femininas.

8. (Enem 2018) A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o

10. (Enem PPL 2017) No Brasil, assim como em vários outros países, os modernos movimento LGBT representam um desafio às formas de condenação e perseguição social contra desejos e comportamentos sexuais anticonvencionais associados à vergonha, imoralidade, pecado, degeneração, doença. Falar do movimento LGBT implica, portanto, chamar a atenção para a sexualidade como fonte de estigmas, intolerância, opressão. In: BOTELHO, A.; SCHWARCZ, L. M. Cidadania, um projeto em construção. São Paulo: Claro Enigma, 2012 (adaptado).

[19]


[Sociologia] O movimento social abordado justifica-se pela defesa do direito de a) organização sindical. b) participação partidária. c) manifestação religiosa. d) formação profissional. e) afirmação identitária.

d) incentivo ao investimento de longos planos de carreiras. e) desvalorização dos postos de gerenciamento corporativo.

13. (Enem PPL 2016) Uma fábrica na qual os operários fossem, efetiva e integralmente, simples peças de máquinas executando cegamente as ordens da direção pararia em quinze minutos. O capitalismo só pode funcionar com a contribuição constante da atividade propriamente humana de seus subjugados que, ao mesmo tempo, tenta reduzir e desumanizar o mais possível

11. (Enem (Libras) 2017) A cidade não é apenas reprodução da força de trabalho. Ela é um produto ou, em outras palavras, também um grande negócio, especialmente para os capitais que embolsam, com sua produção e exploração, lucros, juros e rendas. Há uma disputa básica, como um pano de fundo, entre aqueles que querem dela melhores condições de vida e aqueles que visam apenas extrair ganhos.

CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

O texto destaca, além da dinâmica material do capitalismo, a importância da dimensão simbólica da sociedade, que consiste em a) elaborar significação e valores no mundo para dotá-lo de um sentido que transcende a concretude da vida. b) estabelecer relações lúdicas entre a vida e a realidade sem a pretensão de transformar o mundo dos homens. c) atuar sobre a vivência real e modificá-la para estabelecer relações interpessoais baseadas no interesse mútuo. d) criar discursos destinados a exercer o convencimento sobre audiências, independentemente das posições defendidas. e) defender a caridade como realização pessoal, por meio de práticas assistenciais, na defesa dos menos favorecidos.

MARICATO, E. É a questão urbana, estúpido! In: MARICATO, E. et al. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil.São Paulo: Boitempo; Carta Maior, 2013.

O texto problematiza o seguinte aspecto referente ao ordenamento das cidades: a) A instituição do planejamento participativo. b) A valorização dos interesses coletivos. c) O fortalecimento da esfera estatal. d) A expansão dos serviços públicos. e) O domínio da perspectiva mercadológica.

12. (Enem PPL 2016) Tendo se livrado do entulho do maquinário volumoso e das enormes equipes de fábrica, o capital viaja leve, apenas com a bagagem de mão, pasta, computador portátil e telefone celular. O novo atributo da volatilidade fez de todo compromisso, especialmente do compromisso estável, algo ao mesmo tempo redundante e pouco inteligente: seu estabelecimento paralisaria o movimento e fugiria da desejada competitividade, reduzindo a priori as opções que poderiam levar ao aumento da produtividade.

14. (Enem 2015) Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas de sua época.

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

No texto, faz-se referência a um processo de transformação do mundo produtivo cuja consequência é o(a) a) regulamentação de leis trabalhistas mais rígidas. b) fragilização das relações hierárquicas de trabalho. c) decréscimo do número de funcionários das empresas.

FREIRE. P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2011.

[20]


[Sociologia] Paulo Freire defende que a superação das dificuldades e a apreensão da realidade atual será obtida pelo(a) a) desenvolvimento do pensamento autônomo. b) obtenção de qualificação profissional. c) resgate de valores tradicionais. d) realização de desejos pessoais. e) aumento da renda familiar.

O tema do trabalho feminino vem sendo abordado pelos estudos históricos mais recentes. Algumas fontes são importantes para essa abordagem, tal como o poema apresentado, que alude à a) inserção das mulheres em atividades tradicionalmente masculinas. b) ambição das mulheres em ocupar lugar preponderante na sociedade. c) possibilidade de mobilidade social das mulheres na indústria têxtil medieval. d) exploração das mulheres nas manufaturas têxteis no mundo urbano medieval. e) servidão feminina como tipo de mão de obra vigente nas tecelagens europeias.

15. (Enem PPL 2015) O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva para tanto. O capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.

17. (Enem PPL 2014) Maria da Penha Você não vai ter sossego na vida, seu moço Se me der um tapa Da dona “Maria da Penha” Você não escapa O bicho pegou, não tem mais a banca De dar cesta básica, amor Vacilou, tá na tranca Respeito, afinal, é bom e eu gosto [...] Não vem que eu não sou Mulher de ficar escutando esculacho Aqui o buraco é mais embaixo A nossa paixão já foi tarde [...] Se quer um conselho, não venha Com essa arrogância ferrenha Vai dar com a cara Bem na mão da “Maria da Penha”

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).

O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental a a) competitividade decorrente da acumulação de capital. b) implementação da flexibilidade produtiva e comercial. c) ação calculada e planejada para obter rentabilidade. d) socialização das condições de produção. e) mercantilização da força de trabalho.

ALCIONE. De tudo o que eu gosto. Rio de Janeiro: Indie; Warner, 2007.

A letra da canção faz referência a uma iniciativa destinada a combater um tipo de desrespeito e exclusão social associado, principalmente, à(s) a) mudanças decorrentes da entrada da mulher no mercado de trabalho. b) formas de ameaça doméstica que se restringem à violência física. c) relações de gênero socialmente construídas ao longo da história. d) violência doméstica contra a mulher relacionada à pobreza. e) ingestão excessiva de álcool pelos homens.

16. (Enem PPL 2014) Sempre teceremos panos de seda E nem por isso vestiremos melhor Seremos sempre pobres e nuas E teremos sempre fome e sede Nunca seremos capazes de ganhar tanto Que possamos ter melhor comida. CHRÉTIEN DE TROYES. Yvain ou le Chevalier au lion (1177-1181). Apud MACEDO, J. R. A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1992 (adaptado).

[21]


[Sociologia] 18. (Enem PPL 2013) TEXTO I Não é sem razão que o ser humano procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a a) opressão das minorias sociais. b) carência de recursos tecnológicos. c) falta de liberdade de expressão. d) defesa da qualificação profissional. e) reação ao controle do pensamento coletivo.

LOCKE, J. Segundo tratado sobre governo: ensaio relativo à verdadeira origem, extensão e objetivo do governo civil. São Paulo: Abril Cultural, 1978 (adaptado).

20. (Enem PPL 2013) Fronteira. Condição antidemocrática de existência das democracias, distinguindo os cidadãos dos estrangeiros, afirma que não pode haver democracia sem território. Em princípio, portanto, nada de democracia sem fronteiras. E, no entanto, as fronteiras perdem o sentido no que diz respeito às mercadorias, aos capitais, aos homens e às informações que as atravessam. As nações não podem mais ser definidas por fronteiras rígidas. Será necessário aprender a construir nações sem fronteiras, autorizando a filiação a várias comunidades, o direito de voto múltiplo, a multilealdade.

TEXTO II Para que essas classes com interesses econômicos em conflitos não destruam a si mesmas e à sociedade numa luta estéril, surge a necessidade de um poder que, na aparência, esteja acima da sociedade, que atenue o conflito, mantenha-o dentro dos limites da ordem. ENGELS, F. In: GALLINO, L. Dicionário de sociologia. São Paulo: Paulus, 2005 (adaptado).

Os textos expressam duas visões sobre a forma como os indivíduos se organizam socialmente. Tais visões apontam, respectivamente, para as concepções: a) Liberal, em defesa da liberdade e da propriedade privada — Conflituosa, exemplificada pela luta de classes. b) Heterogênea, favorável à propriedade privada — Consensual, sob o controle de classes com interesses comuns. c) Igualitária, baseada na filantropia — Complementar, com objetivos comuns unindo classes antagônicas. d) Compulsória, na qual as pessoas possuem papéis que se complementam — Individualista, na qual as pessoas lutam por seus interesses. e) Libertária, em defesa da razão humana — Contraditória, na qual vigora o estado de natureza.

ATTALI, J. Dicionário do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001 (adaptado).

No texto, a análise da relação entre democracia, cidadania e fronteira apresenta sob uma perspectiva crítica a necessidade de a) reestruturação efetiva do Estado-nação. b) liberalização controlada dos mercados. c) contestação popular do voto censitário. d) garantia jurídica da lealdade nacional. e) afirmação constitucional dos territórios.

21. (Enem PPL 2013) Há dois pilares para a concepção multilateral de justiça: a ideia de que a relação entre Estados é baseada na igualdade jurídica e a noção de que a Carta da ONU deveria promover os direitos humanos e o progresso social. Do primeiro pilar derivam as normas de não intervenção, de respeito à integridade territorial e de não ingerência. São as normas que garantem as condições dos processos deliberativos justos entre iguais.

19. (Enem 2013)

FONSECA JR., G. Justiça e direitos humanos. In: NASSER, R. (Org.). Novas perspectivas sobre os conflitos internacionais. São Paulo: Unesp, 2010 (adaptado).

Nessa concepção de justiça, o cumprimento das normas jurídicas mencionadas é a condição indispensável para a efetivação do seguinte aspecto político: a) Voto censitário.

[22]


[Sociologia] b) Sufrágio universal. c) Soberania nacional. d) Nacionalismo separatista. e) Governo presidencialista.

biológico de vários tipos (especialmente o darwinismo social e o determinismo ambiental).” (BUTTEL, F. A sociologia e o meio ambiente: um caminho tortuoso rumo à ecologia humana, In Perspectivas. V.15, 1992. p. 69).

Considerando o trecho citado e os estudos sociológicos sobre natureza e cultura, assinale o que for correto. 01) Para a sociologia, as culturas humanas são transmitidas por meio de processos de socialização e não por heranças genéticas. 02) Segundo Comte, a biologia é a forma mais evoluída de explicação das sociedades por causa da maior precisão de suas pesquisas. 04) Ao comparar a sociedade com um organismo, Durkheim propôs modelos de explicação das relações de solidariedade que contribuem para compreender os processos de coesão e de desagregação social. 08) Do ponto de vista da sociologia, diferenças entre grupos humanos são o resultado de valores e de práticas culturais sobre o mundo social. 16) Ao opor cultura e natureza, a sociologia contemporânea propõe a naturalização da vida social por meio de explicações que determinem a influência do meio ambiente no comportamento dos indivíduos.

22. (Uem 2017) Sobre as relações entre indivíduo e sociedade, é correto afirmar: 01) A vida em sociedade é marcada tanto por processos de solidariedade e cooperação quanto por estratégias de competição e violência. Logo, tanto as formas colaborativas quantos os modos violentos de relações sociais são objetos de estudo da Sociologia. 02) O ser humano, como espécie, é fundamentalmente uma criatura social. Somos seres altamente capacitados na expressão de emoções e na plasticidade biológica; portanto, apesar da divisão escolar e acadêmica entre os saberes, uma perspectiva antropológica ampla deve ser capaz de pensar a humanidade simultaneamente como ser natural e ser cultural. 04) O conceito de solidariedade no pensamento científico sociológico não é o equivalente àquele utilizado pelo senso comum, ou seja, como sinônimo de compaixão. Para a sociologia, solidariedade é o estabelecimento de processos coletivos capazes de fortalecer os laços sociais. 08) Os processos de solidariedade e coesão sociais são sempre estáticos. Um grupo coeso é, essencialmente, um agrupamento avesso às dinâmicas e à mudança social. 16) O conflito é um processo social fundamentalmente destruidor. As teorias sociais que pensam o conflito apontam invariavelmente para seu potencial desagregador, enquanto as teorias que enfatizam a cooperação destacam os mecanismos de produção da vida social.

24. (Uem 2008) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chauí afirma que “(...) a coerência ideológica não é obtida malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas. Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a suposta veracidade daquilo que está explicitamente afirmado”. (O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04).

Considerando o texto acima e o conceito de ideologia para Karl Marx, assinale o que for correto. 01) Na maioria das sociedades capitalistas, as desigualdades são ocultadas pelos princípios ideológicos que afirmam a importância dos seguintes elementos: o progresso, o “vencer na vida”, o individualismo, a mínima presença do Estado na economia e a soberania popular por meio da representação. 02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em uma determinada sociedade,

23. (Uem 2015) “A história da sociologia caracteriza-se pelo relacionamento ambivalente com a biologia e outras disciplinas que dizem respeito ao meio ambiente natural (...) De um lado, o pensamento sociológico é fortemente influenciado pelas imagens de desenvolvimento, evolução e adaptação de organismos (...) Paralelamente, o desenvolvimento da teoria sociológica segue um modelo principalmente moldado pelas reações contra o simplismo

[23]


[Sociologia] portanto expressa a realidade tal qual ela é na sua objetividade. 04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir uma “questão” individual sem interferências anteriores e influências comunitárias para a sua sustentação. Assim, com base em sua própria ideologia, ela poderá refletir e agir em sua sociedade. 08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia racial afirma que índios, negros e brancos vivem em harmonia, com igualdade de condições. Essa formulação omite as desigualdades étnicas existentes no país. 16) Ideologia consiste em ideias que predominam na sociedade e que, por isso, são internalizadas por todos os indivíduos. Portanto não existem possibilidades de se romper com seus pressupostos.

homens), a família chefiada por mulheres e a conjugalidade homossexual. 16) Com base nas consequências produzidas pela Lei Áurea de 1888, no Brasil, podemos concluir que, dependendo do contexto, mudanças legislativas não são suficientes para alterar prontamente padrões cristalizados de relações sociais.

26. (Uel 2018) Analise a figura e leia o texto a seguir.

25. (Uem 2008) Podemos conceituar mudança social como toda inovação ocorrida na sociedade de forma geral ou em um grupo específico. Sobre esse tema, assinale o que for correto. 01) O filósofo Auguste Comte era favorável à Revolução Francesa, visto que apoiava as mudanças que ela continha. Afirmava, entretanto, que as transformações da sociedade deveriam ser condicionadas pela manutenção da ordem social. 02) No processo histórico de desenvolvimento das sociedades humanas, as mudanças são inevitáveis. É consenso na sociologia que elas ocorrem em todas as instituições sociais de modo natural, em circunstâncias semelhantes à evolução pela qual passam os animais e os vegetais. 04) Com a ampliação das suas bases industriais na década de 1950, o Brasil passou por uma grande transformação: sua população, que era rural, tornou-se majoritariamente urbana. Essa mudança foi provocada pelas condições favoráveis oferecidas nas cidades, isto é, oferta de emprego, de moradia, serviços de saúde e educação suficientes para todos aqueles que imigraram para o espaço urbano. 08) Vê-se, em nossa sociedade urbana industrial, que as famílias passaram por mudanças. O outrora preponderante tipo familiar patriarcal sofreu modificações. Hoje há outras formas de organização familiar, como a família conjugal (com a diluição do poder entre mulheres e

Estou sentada nos ombros de um homem Ele está afundando sob o fardo (peso) Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo Exceto descer de suas costas (Disponível em: <http://www.aidoh.dk/new-struct/About-JensGalschiot/CV-GB-PT.pdf>. Acesso em: 1 set. 2017.)

Com a obra intitulada A sobrevivência dos mais gordos, Jens Galschiot (2002) aborda o tema da injustiça, uma questão constitutiva da vida social de difícil solução, como indica o texto que acompanha a obra. O entendimento que uma sociedade produz sobre o que se considera justo e injusto está fundado em padrões de valoração a respeito da conduta dos indivíduos e dos objetivos

[24]


[Sociologia] comuns da coletividade, bem como em sua estrutura social. Pode-se considerar que uma das expressões da justiça ou injustiça é a estratificação social, objeto de estudo de Max Weber.

coação física) como meio de atingir seus fins – assim a segurança de todos os cidadãos está garantida. d) Outros grupos também podem utilizar a violência como recurso – por exemplo, as empresas privadas de vigilância – independente da autorização legal do Estado. e) Todos os cidadãos reconhecem como legítima qualquer violência praticada pelos agentes do Estado contemporâneo – por exemplo, quando a polícia usa balas de borracha contra grevistas.

Segundo o autor, na sociedade moderna ocidental, a estratificação social é a) estruturada fundamentalmente na base econômica da sociedade, que subordina as esferas política, jurídica e ideológica de modo a perpetuar a exploração da classe dominante sobre a dominada. b) formada pelas dimensões econômica, política e ideológica, as quais estabelecem entre si relações necessárias que devem ser desvendadas com a descoberta de suas leis gerais invariáveis. c) constituída em três dimensões, a econômica, a política e a social, sendo que suas possíveis afinidades eletivas devem ser analisadas à luz de cada especificidade histórica em questão. d) composta por múltiplas dimensões, sendo a cultura a determinante para a compreensão totalizante dos processos históricos de desenvolvimento econômico no Ocidente. e) estabelecida pela moral social, a qual situa o posicionamento dos indivíduos de acordo com os papéis sociais por eles cumpridos, tendo em vista o melhor desempenho das funções necessárias à sociedade.

28. (Unisc 2016) Leia atentamente o texto e responda a questão assinalando uma das alternativas abaixo. “Max Weber frequentemente utilizou a imagem da máquina na análise da natureza da organização burocrática. Tal como uma máquina, a burocracia era o sistema de utilização de energias para a execução de tarefas específicas. O membro de uma burocracia ‘é apenas uma peça em um mecanismo móvel que lhe prescreve uma marcha essencialmente fixa. A burocracia, em comum com a máquina, poderia ser posta a serviço de muitas questões diferentes. Mais ainda, uma organização burocrática funciona tão eficientemente a ponto de seus membros serem ‘desumanizados’: a burocracia ‘desenvolvida mais perfeitamente... mais completamente tem sucesso em eliminar das atribuições dos funcionários amor, ódio e todos os elementos puramente pessoais, irracionais e emocionais que escapem ao cálculo’. [...] O avanço da burocracia aprisionava as pessoas na Gehäuse der Hörigkeit, a ‘jaula de ferro’ da divisão especializada do trabalho da qual dependia a administração da ordem social e econômica moderna [...]”.

27. (Unioeste 2016) Max Weber (1864-1920) afirma que “devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território […], reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física” (Weber, Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 56). Assinale a alternativa CORRETA, a respeito do significado da afirmação de Weber. a) Para Weber, no caso do Estado contemporâneo, apenas seus agentes podem utilizar a violência de modo legítimo dentro dos limites do seu território. b) O Estado foi sempre o único agente que pode utilizar legalmente a violência com o consentimento dos cidadãos – a violência dos pais contra os filhos, por exemplo, sempre foi ilegal. c) Atualmente, o Estado é o único agente que utiliza a violência (ameaças, armas de fogo,

GIDDENS, Anthony. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998, p. 58-59.

Segundo o texto acima, sobre o conceito de burocracia de Max Weber, é correto afirmar que a) a burocracia é um sistema eficiente de organização do trabalho somente quando é aplicado em poucas questões específicas. b) a burocracia consiste em um sistema de divisão especializada do trabalho que busca a eficiência a partir de atribuições impessoais, racionais e calculadas impostas aos seus funcionários. c) os funcionários burocráticos podem se expressar livremente, desde que dentro de

[25]


[Sociologia] regras prescritas de forma impessoal e calculada. d) a burocracia é um sistema arcaico que deve ser superado por outros processos de administração do trabalho típicos da modernidade. e) nenhuma das alternativas acima pode ser afirmada corretamente sobre o conceito de burocracia.

de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada. Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa correta. a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de instituições. b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados. c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em detrimento da solidariedade orgânica. d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e independentes. e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências individuais.

29. (Unioeste 2015) “Solidariedade orgânica” e “solidariedade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês Émile Durkheim (18581917) para explicar a 'coesão social' em diferentes tipos de sociedade. De acordo com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a 'solidariedade orgânica', onde os indivíduos se percebem diferentes embora dependentes uns dos outros. A lógica do mercado capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em busca do lucro, pode corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de 'anomia'. De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer que o conceito de “anomia” indica a) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com os mais necessitados. b) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de um senso moral superior devem se colocar como líderes dos grupos dos quais fazem parte. c) a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha as mesmas regras e normas e têm dificuldades para distinguir, por exemplo, o certo do errado e o justo do injusto. d) o consumismo exacerbado das novas gerações, representado pelo aumento do número de shopping centers nas cidades. e) a solidariedade que as pessoas demonstram quando entoam cantos nacionalistas e patrióticos em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol.

GABARITO 1.D 8.C 15. C 22.07 29.C

30. (Uel 2014) A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das formas

[26]

2.C 9.B 16.D 23.13 30.B

3.D 10.E 17.C 24.09

4.D 11.E 18.A 25.25

5.A 12.C 19.E 26.C

6.C 13.A 20.A 27.A

7.B 14.A 21.C 28.B


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.