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HISTÓRIA SUMÁRIO Unidade 1 – Independências Americanas 1.1. Guerra de independência dos EUA ............................................................................................................ 03 1.2. Independência da América espanhola ....................................................................................................... 05 1.3. Processo de independência do Brasil ......................................................................................................... 07
Unidade 2 – Brasil Império 2.1. Primeiro Reinado ........................................................................................................................................ 10 2.2. Período Regencial ....................................................................................................................................... 13 2.3. Segundo Reinado........................................................................................................................................ 16
Unidade 3 – Indústria, Imperialismo e Guerra 3.1. Revolução Industrial II ................................................................................................................................ 23 3.2. Imperialismo e Neocolonialismo ................................................................................................................ 26 3.3. Primeira Guerra Mundial............................................................................................................................ 29
Unidade 4 – Mundo entre guerras 4.1. Revolução Russa ......................................................................................................................................... 32 4.2. Crise de 1929 .............................................................................................................................................. 34 4.3. Fascismos ................................................................................................................................................... 36
Unidade 5 – O mundo da 2ª Guerra Mundial e Guerra Fria 5.1. Segunda Guerra Mundial ........................................................................................................................... 38 5.2. Guerra Fria.................................................................................................................................................. 42
Unidade 6 – Brasil na 1ª República 6.1. República da Espada................................................................................................................................... 47 6.2. República dos Coronéis .............................................................................................................................. 48 6.3. Crise da Primeira República........................................................................................................................ 49
Unidade 7 – Brasil na época do populismo 7.1. A Era Vargas................................................................................................................................................ 52 7.2. Democracia e populismo ............................................................................................................................ 56
Unidade 8 – Brasil da ditadura aos dias atuais 8.1. Ditadura Militar .......................................................................................................................................... 60 8.2. Redemocratização ...................................................................................................................................... 65
Exercícios ENEM + vestibulares.......................................................................................................................................... 69
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UNIDADE 1 INDEPENDÊNCIAS
AMERICANAS Sob a influência das transformações no Velho Mundo, a América iria se rebelar e buscar sua independência entre o final do século XVIII e o alvorecer do século XIX. Era época do Iluminismo, do avanço tecnológico da Revolução Industrial e das revoluções burguesas que tiveram início com a Revolução Inglesa. Se na Europa as revoluções – como a Francesa – tiveram significativo envolvimento das camadas populares, na América seria a elite a principal condutora das revoltas e lutas por independência que fazem parte da “Crise do sistema colonial”. Essa elite estava muito interessada em romper as amarras com os países mercantilistas que impunham seu exclusivo comercial ao Novo Mundo e se inspiraram nas ideias iluministas e no contexto revolucionário europeu para lutar por emancipação.
1.1. Guerra de Independência dos EUA Em 1776 nascia a primeira nação livre das Américas, os Estados Unidos da América, antigas colônias inglesas. A Independência dos Estados Unidos, ou Revolução Americana, foi um marco na História Mundial. Influenciada pelos ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade, influenciaria até mesmo a Revolução Francesa, assim como influenciou as independências das colônias da América Latina. Antecedentes As 13 colônias foram colonizadas com relativa autonomia quando comparadas às colônias ibéricas. Ao longo do século XVII e XVIII as colônias inglesas desenvolveram o comércio triangular, que possibilitou algum ganho econômico e desenvolvimento interno das colônias. No século XVIII, ao caminhar da Revolução Industrial, a Inglaterra buscava mercados para sua crescente produção e tentou controlar as 13 colônias. O estreitamento dos Laços Coloniais Em fins do século XVIII, a Inglaterra passou a procurar reforçar o seu mando sobre as colônias, que até então tinham tido relativa autonomia. Duas causas básicas nos ajudam a compreender esse reforço: A Revolução Industrial: com o advento da Indústria na Inglaterra, este país buscava maiores mercados consumidores. Um mercado desenvolvido e propício eram as próprias colônias. A Guerra dos Sete Anos (1756-63): Conflito que envolveu várias nações europeias e opôs França e Inglaterra em disputa por possessões coloniais. A Inglaterra venceu a guerra e recebeu o Canadá, as Antilhas, o Vale do Ohio e parte da Luisiana. Para sanar as dívidas contraídas com a guerra, a Inglaterra criou novos e pesados tributos sobre as colônias. Leis Sobre as Colônias Lei do Açúcar (1764) – taxava todo carregamento de açúcar que não fosse proveniente das Antilhas inglesas, prejudicando a maioria dos colonos que adquiriam do Caribe o melaço para a produção de rum. Lei do Aquartelamento (1764) – os colonos deviam dar abrigo e alimentação às tropas inglesas que permaneceram no continente depois da Guerra dos Sete Anos. Lei do Selo (1765) – todo material impresso publicado nas colônias deveria receber um selo vendido pela metrópole. Leis Townshend (1767) – o ministro Charles Townsehend criou impostos sobre o chá, o papel, o vidro e as tintas. Lei do Chá (1773) – através dessa lei, era concedido o monopólio do comércio do chá para a Companhia das Índias Orientais, sediada em Londres. Como reação, os colonos atacaram três navios ingleses carregados de chá no porto de Boston, no episódio conhecido como “festa do chá de Boston”.
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Leis Intoleráveis (1774) – depois da “festa do chá de Boston”, a Inglaterra ordenou o fechamento do porto de Boston, a ocupação militar de Massassuchets e o julgamento de funcionários ingleses apenas em outras colônias ou na Inglaterra. Ato de Quebec (1774) – proibia a ocupação das terras à Oeste das 13 colônias e que pertenciam à Inglaterra.
A Luta pela Independência I Congresso da Filadélfia (1774): reuniu representantes das 13 colônias, com exceção da Geórgia, e ia contra as Leis Intoleráveis. Não foi um congresso separatista, apenas pedia representatividade das colônias no parlamento inglês.
II Congresso da Filadélfia (1775): como as reivindicações do I Congresso não foram atendidas e a repressão continuava, os norte-americanos declararam guerra contra a sua metrópole. George Washington foi nomeado comandante-em-chefe das tropas coloniais. Neste mesmo congresso começou a ser redigida a declaração de independência por Thomas Jefferson, a qual seria concluída em 04.07.1776.
A GUERRA PELA INDEPENDÊNCIA Inicialmente as 13 colônias lutaram sozinhas contra a Inglaterra, conseguindo consideráveis vitórias. A partir de 1777, França e Espanha, interessadas em acabar com o poderio inglês, se aliaram na luta ao lado das colônias. Em 1781, os ingleses tiveram seu último exército em terras americanas derrotado. Em 1783, com o Tratado de Versalhes (ou Tratado de Paris), a Inglaterra reconhecia a independência das 13 colônias. A República dos EUA Em 1789 iniciou a república dos estados unidos, cujo primeiro presidente foi George Washington. Sua Constituição foi proclamada em 1787, prevendo um Estado do tipo República Federativa Presidencialista, com a tripartição dos poderes (executivo, legislativo e judiciário). A Constituição dos EUA tem forte inspiração iluminista, principalmente de John Locke, que defendia as leis naturais, o contrato entre governantes e governados e o direito a revolta. Os Estados Unidos foram a Primeira colônia americana livre, influenciando as lutas de independência em toda a América e também a Revolução Francesa. Dava-se o início do rompimento do sistema colonial.
Leitura complementar:
Escravidão nos EUA: a contradição iluminista A independência dos EUA teve forte influência iluminista, sendo considerada o primeiro movimento inspirado por estes ideias que tomou grande proporção, a ponto de influenciar a Revolução Francesa posteriormente. Porém, no caso dos Estados Unidos (assim como vai ocorrer em todo o continente americano), o pensamento liberal do iluminismo chegou de forma adaptada e permitiu algumas concessões. No caso norte americano o grande destaque foi a manutenção da escravidão, que contrastava com o fato de os EUA serem considerados a “primeira democracia moderna”. O entrave escravista seria apenas removido à época da Guerra de SecesA Estátua da Liberdade foi dada são, em 1865. de presente aos EUA pela França, na ocasião das comemorações do centenário da Independência. IMAGEM. Fonte: https://ru.pngtree.com/freepng/usastatue-of-liberty_2528169.html
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1.2. Independência da América espanhola Influenciada pelos ideias liberais a elite criolla da América desejava sua autonomia em relação a Espanha e aos chapetones (altos funcionários espanhóis que administravam as colônias americanas). As Guerras Napoleônicas na Europa e a consequente invasão da França à Espanha, com a deposição de Fernando VII e ascensão de José Bonaparte (irmão de Napoleão) facilitaram os desejos de independência da elite colonial americana. À direita: estátua de Simon Bolívar, um dos grandes líderes do processo de independência. Fonte: http://davidhdz.tumblr.com
Principais Causas: Influência das ideias Iluministas e da Revolução Francesa. Interesse de Inglaterra (Revolução Industrial) e Estados Unidos em ampliar mercados. Influência da independência dos Estados Unidos. Contrariedade ao sistema de exploração econômica, o Pacto Colonial. Interesse dos Criollos em conquistar o poder político. Formação das oligarquias rurais, os Caudilhos, chefes políticos e militares regionais. Invasão Napoleônica à península Ibérica, desestabilizando controle espanhol sobre colônias.
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[História II] Depois da Independência Com o sucesso das independências, a maioria dos novos países estabeleceu a república como sistema de governo, agora invariavelmente sob a liderança dos antigos criollos. Esta formatação política contribuiu para a fragmentação do território hispano-americano, pois os interesses desses líderes locais em manter o domínio sob suas regiões fragilizavam qualquer tentativa de unificar essas áreas. Simón Bolívar [imagem ao lado] foi o grande representante do projeto unitarista, defendendo a união das ex-colônias espanholas em uma única e grandiosa nação independente. Bolívar advogou esta proposta no Congresso do Panamá, encontro que buscava definir os caminhos a serem tomados pelos novos países latino-americanos. No entanto, frente aos interesses das lideranças locais e ao desejo da Inglaterra e dos Estados Unidos em impedir a formação de uma potência rival na região, seu programa unitarista foi derrotado. Deste modo, a fragmentação do território foi consolidada e a formação de vários países estabelecida. FONTE: http://educacao.globo.com/historia/assunto/independencia-das-americas/independencia-da-america-espanhola.html
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Toussaint_Louverture
Leitura complementar: Independência do Haiti Na metade do século XVIII a colônia de São Domingo (Haiti), colônia francesa, juntamente com a Jamaica, eram as principais produtoras de cana-de-açúcar do mundo. EM 1789, o Haiti era responsável pela produção de 40% do açúcar mundial. Com uma grande população de escravos, o Haiti apresentava também um grande numero de revoltas feitas por cativos fugidos ou libertados, que com frequência atacavam as lavouras de açúcar ou café. A taxa de mortalidade ultrapassava a de natalidade, devido à alimentação inadequada, aos maus tratos aos escravos e os constantes surtos de febreamarela. Em meio às agitações da Revolução Francesa (1789) foi que os escravos e negros libertos se voltaram contra a opressão branca na ilha. Em 1791, sob liderança de Toussaint Louverture (imagem ao lado) iniciou a grande revolta que criou a primeira nação independente da América Latina. A população negra do Haiti se inspirava nos ideais iluministas de liberdade e igualdade. Após a morte de Louverture, Outro líder negro, Jean Jacques Dessalines continuou a luta contra os franceses de Napoleão, até expulsa-los definitivamente do Haiti. Em 1° de janeiro do 1804 foi proclamada a República do Haiti.
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1.3. Processo de independência do Brasil Assim como no restante do continente, as ideias republicanas de emancipação ocorrera no Brasil. A influência da Revolução Americana e das independências dos países vizinhos é conhecida pela história; porém, o Brasil acabou por se tornar a única monarquia consolidada no continente recém emancipado. Isto após ter debelado as tentativas republicanas que surgiram no fim do século XVIII e início do século XIX. As tentativas republicanas Inconfidência Mineira (1789) - Decadência da Mineração; - cobrança da Derrama; - Contrariedade ao Alvará de 1785; - Alta Sociedade Mineira conspira contra governo; - Planos: República, Industrialização, Universidades; - Inspiração: Revolução Americana; - Traição de alguns inconfidentes sob liderança de Joaquim José Silvério dos Reis. - Tiradentes enforcado e esquartejado;
Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798) - Pobreza e contestação da exploração metropolitana; - Participação Popular (sapateiros / escravos / alfaiates); - Inspiração: Revolução Francesa / Independência do Haiti; - Encontros secretos; - Planos: República / Livre Comércio / Fim do Escravismo; - Movimento descoberto: punição aos participantes.
Jesus “Tiradentes” Cristo A Inconfidência Mineira nunca chegou a sair do campo do planejamento, pois foi descoberta pelo governo antes de iniciar. E a ideia de criar uma república no Brasil só se concretizou exatos cem anos depois, em 1889. Foi a partir do início da República que houve uma valorização da figura do mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes. Os governantes do início da República criaram o feriado de Tiradentes (21 de abril, dia da sua execução) e encomendaram imagens como essa do lado – Tiradentes esquartejado, de Pedro Américo – onde Tiradentes está parecido com Jesus (e se você não o achou parecido com Jesus, o pintor ainda colocou uma imagem de Jesus ao lado da cabeça de Tiradentes). Além disso, a narrativa foi toda alinhada com a história de Cristo. “Era um homem que lutava por seu povo e contra o governo e foi delatado por um companheiro traidor”: Tiradentes ou Jesus? Mas qual o motivo dessa narrativa que aproxima o rebelde da figura religiosa? O Brasil, um país de maioria esmagadora cristã, tinha que aprender a amar a República.
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Revolução Pernambucana (1817) - Vinda da família real para o Brasil; - Elevação de tributos; - Crise econômica; - Derrubada do governo em PE; - líderes: Domingos José Martins, João Ribeiro, Padre Miguelinho; - Novo Governo: extinção de impostos, liberdade de imprensa e de religião, igualdade entre cidadãos. Continua escravismo.
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A FUGA DA FAMÍLIA REAL – O INÍCIO DA INDEPENDÊNCIA
Atitudes de D. João no Brasil: Abertura dos portos às nações amigas; Transferência da sede do Império Português para o Brasil Modernização em alguns setores: Criação do Banco do Brasil; Criação da Casa da Moeda; Criação do Horto Real (Jardim Botânico); Criação da Faculdade de Medicina; Liberdade para investimentos na indústria; Criação da Imprensa régia (do rei).
Os tratados de 1810 A vinda da Família Real para o Brasil se deu sob proteção da Inglaterra, que tinha uma parceria comercial significativa com o reino lusitano e acordos como o Tratado de Methuen (1703). Durante o bloqueio continental imposto por Napoleão à Inglaterra, Portugal era o maior parceiro britânico, descumprindo as determinações francesas. Com a transferência da Sede do Império Português para o Brasil, houve uma gradual aproximação da Inglaterra com o Brasil, incluindo os famosos tratados de 1810: Tratado de Aliança e Amizade e Tratado de Comércio e Navegação. Tratado de Aliança de Amizade Tratado de Comércio e Navegação Sob certo ponto de vista era a submissão do Brasil a Foi, na prática, o tratado que colocou o Brasil sob algumas determinações inglesas, dentro das quais se influência da Inglaterra, por dar a taxa preferencial destacava: de importação e exportação (taxa ad valorem) para O Brasil se comprometia a reduzir gradualmente o os britânicos. tráfico negreiro; Através desse acordo, as taxas seriam: Fim dos tribunais da Inquisição no Brasil; 15% para comércio com a Inglaterra; Extraterritorialidade jurídica para ingleses, ou seja, 16% para comércio com Portugal; ingleses no Brasil seriam julgados com leis inglesas. 24% para comércio com demais países Cronologia da Independência 1815 – Brasil elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves - Congresso de Viena 1817 – Revolução pernambucana Portugal – Revolução do Porto (1820) – liberalismo português e tentativa de recolonizar o Brasil D. João VI volta a Portugal; D. Pedro – Príncipe regente do Brasil; Cortes portuguesas pedem volta de D. Pedro a Portugal; Criação do “Partido Brasileiro” – José Bonifácio Ultimato das Cortes pelo retorno de D. Pedro; Proclamação da Independência
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IMAGEM. FONTE: http://entretantashistorias.blogspot.com.br/ 2011/06/d-joao-vi-o-peculiar.html
Enquanto o governo absolutista português reprimia com vigor os movimentos republicanos no Brasil, o absolutismo na Europa era contestado pela Revolução Francesa, que atingiu caráter dramático e preocupava toda a realeza do Velho Mundo. Mas em 1799, Napoleão Bonaparte colocava um ponto final na desordem política que caracterizou a Revolução Francesa e iniciava um período onde ele próprio se colocava como o grande dono do poder, chegando a arrogar-se, em 1804, o título de Imperador. Bonaparte queria destruir a Inglaterra e para isso decretou o Bloqueio Continental em 1806, pelo qual proibia as nações europeias de fazer comércio com aquele país. Portugal, como já sabemos, tinha uma estreita vinculação com a Inglaterra e, por isso, manteve contato com os ingleses forçando as forças napoleônicas a invadirem a península ibérica e levando à fuga da Família Real.
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A INDEPENDÊNCIA Em 9 de janeiro de 1822, com a pressão dos brasileiros, principalmente da aristocracia rural e os grandes comerciantes que fundaram o clube da resistência, D. Pedro recusou-se a cumprir à ordem de retornar a Europa. O episódio ficou conhecido como o Dia do Fico. Em 16 de janeiro, D. Pedro nomeou José Bonifácio para o cargo de Ministro da Justiça. Como ministro, José Bonifácio: decretou o cumpra-se, exigência que todas as leis provenientes de Portugal, seriam obedecidas somente se tivessem a aprovação de D. Pedro; concedeu a D. Pedro o título de Defensor Perpétuo do Brasil; convocou, em 3 de junho, a primeira assembleia constituinte e legislativa do Brasil, confirmando o separatismo; proibiu a entrada de tropas portuguesas no Brasil sem o consentimento de D. Pedro. Em 4 de maio, D. Pedro decidiu que nenhuma ordem da Cortes Portuguesas entraria em vigor no Brasil sem o seu cumpra-se. Comandantes de tropas portuguesas sediadas no Brasil pressionavam D. Pedro. As Cortes ameaçavam enviar reforços militares. A situação ficava cada vez mais tensa. Muitos brasileiros já defendiam abertamente o rompimento definitivo com Portugal. outros eram favoráveis a uma solução menos radical. Mas em 7 de setembro de 1822, D. Pedro, as “ (...) ainda na mesma noite, D. Pedro foi aclamado rei dos Brasimargens do riacho Ipiranga, quando voltava leiros livres da dominação portuguesa! D. Pedro partiu para o da cidade de Santos para São Paulo, onde Rio de Janeiro e, no dia 12 de outubro, numa cerimônia, foi tinha ido para apaziguar discórdias políticas, aclamado Imperador Constitucional e Perpétuo Defensor do indignado ao receber documento com orBrasil, D. Pedro I. nessa ocasião, Clemente Pereira proferiu uma saudação com caráter acentuadamente radical que descontendens de Lisboa ordenando-lhe a volta imeditou o novo imperador. Em represália ele mandou prender muitos ata, proclamou a independência do Brasil. liberais radicais e ordenou o fechamento de seus jornais. No dia Após ler o documento, as mensagens de sua 1o de janeiro de 1823, D. Pedro I foi coroado em uma cerimônia esposa e de José Bonifácio, exclamou: É solene e privada, sem a participação popular. (ORDONEZ, Martempo. Estamos separados de Portugal. a lene; QUEVEDO Júlio. História, Coleção Horizontes. São Paulo, nossa divisa de hoje em diante será Inde1999. IBEP, Pag. 326.) pendência ou Morte!
O quadro da Independência O mais famoso quadro da Independência do Brasil (ao lado) foi produzido em 1888, no penúltimo ano da Monarquia em nosso país. A partir da análise histórica do mesmo, podemos compreender dois elementos: 1º) Há apenas um ele-
mento popular compondo a cena, o vaqueiro do IMAGEM FONTE: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/Independence_of_Brazil_1888.jpg canto inferior esquerdo. 2º) A pintura narra um “ato de heroísmo” de Dom Pedro I, figura beligerante de espada em punho pronto para lutar pela independência do Brasil e mesmo entregar sua vida (independência ou morte). Sob certa medida, era um tentativa de reafirmar o papel da monarquia em nosso país na época de seu ocaso, o final do século XIX.
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UNIDADE 2 BRASIL IMPÉRIO Após a independência em 1822, o Brasil passou por uma busca de estabilidade difícil de ser alcançada. O país tem proporções continentais e D. Pedro tinha que agradar as diversas elites que, por sua vez, nem sempre estavam alinhadas com o monarca. A independência e os anos que se passaram trouxeram diversas dificuldades para o jovem rei e a estabilidade só seria alcançada mesmo em meados do século XIX, na época de D. Pedro II. Sob o ponto de vista econômico, a independência se tornou dependência, visto que nosso país livre caiu para a esfera de influência econômica da Inglaterra, além de manter a estrutura sócio econômica básica do período colonial: economia baseado no latifúndio monocultor e exportador com base de mão de obra escrava.
2.1. Primeiro Reinado (1822-31) De início, o Império teve que combater as províncias contrárias à Independência. Tratava-se de províncias com uma forte presença portuguesa ou com forte aproximação com a metrópole Portugal. Províncias como a Bahia, Piauí, Pará, Maranhão e a Província Cisplatina (atual Uruguai) foram combatidas pelas forças imperiais e por mercenários estrangeiros (como são exemplos o Inglês Cochrane e o francês Labatut) forçando-se a integração com o Império que nascia. Controlando as províncias pró-lusitanas e obtendo aos poucos o reconhecimento externo da independência, o Império necessitava agora de uma Constituição para legitimar sua existência. Prevendo A Proclamação da Independência (1844), tela de François-René Moreau isto, mesmo antes da independência, em junho de 1822, foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte.
A “Constituição da Mandioca” – 1823 A Assembleia Constituinte, composta pelos grandes proprietários e liderada por Antônio Carlos Andrada apresentou, em 1823, uma proposta constitucional que apresentava os seguintes pontos:
Fortalecimento do poder legislativo; Aversão aos estrangeiros, sobretudo portugueses; Voto censitário (votavam apenas indivíduos com rendimento superior a 150 alqueires de mandioca por
ano).
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[História II] Constituição de 1824 Não contente com a proposta da “Constituição da Mandioca”, D. Pedro nomeou um Conselho de Estado que redigiu a nova 1ª carta constitucional do Brasil, que foi outorgada pelo Imperador. Características: Centralização do poder; Monarquia hereditária; Religião Católica ligada ao estado; Voto censitário; 04 poderes: executivo, legislativo, judiciário e Moderador.
Confederação do Equador (1824) Em Pernambuco iniciou um movimento contra o autoritarismo de D. Pedro I, devido à excessiva centralização do poder em suas mãos e a outorga da Constituição de 1824. Logo outras províncias se juntaram a Pernambuco, como o Rio grande do Norte, o Ceará, a Paraíba e Alagoas. A revolta iniciou quando D. Pedro nomeou um novo presidente para Pernambuco, destituindo Paes de Andrade, representante das forças políticas locais. Entre os planos dos revoltosos estava: Formar um novo Estado reunindo as províncias do Nordeste; Montar uma República federalista; Inspirava-se no modelo de república dos EUA.
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/notic ia/viver/2017/09/12/internas_viver,722101/obrareligiosa-de-frei-caneca-e-resgatada-em-livro.shtml
FONTE: http://profisabelaguiar.blogspot.com /2016/07/o-reinado-de-d-pedro-i.html
O poder Moderador servia como uma espécie de árbitro dos três poderes. O Rei podia, através das atribuições do moderador, dissolver a Câmara dos Deputados e convocar novas eleições; escolher os senadores (cargo vitalício) através de um lista dos eleitos. Foi o exagero do poder moderador, junto com a centralização administrativa, que causou uma série de críticas à Constituição de 1824.
Frei Caneca, um dos líderes da Confederação do Equador é executado.
Todavia, um projeto de Pais de Andrade abolindo o tráfico negreiro em recife arrefeceu o ânimo “revolucionário” da classe dominante. Além disso, a participação popular no levante, através de brigadas próprias, atemorizou as elites regionais, temerosas de comoções sociais mais profundas, especialmente as que envolvessem negros, como ocorrera no Haiti. LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. 4ª Edição. Mercado Aberto
A Guerra da Cisplatina (1825-28) Em 1816, em meio às lutas de independência do vice-reino do Prata (colônias espanholas), D. João VI invadiu a região do atual Uruguai, anexando ao território brasileiro a região que passou a se chamar Província Cisplatina. Em 1825, sob a influência da Argentina, e com a liderança de Lavalleja, os uruguaios iniciaram sua luta para se tornarem independentes do Brasil. O conflito teve fim apenas em 1828, causando um grande gasto ao Império Brasileiro que não conseguiu manter esta área sob sua influência. Sob mediação da Inglaterra, potência com interesses na região platina, foram feitos tratados e acordos que levaram à criação da República Oriental do Uruguai.
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A CRISE DO 1º REINADO O primeiro reinado foi marcado pelo autoritarismo de D. Pedro I e pela impopularidade do imperador. Uma série de fatores levaram o rei a abdicar ao trono em 1831. Eis alguns desses principais fatores: Estilo autoritário de D. Pedro I; Violências nas repressões políticas, como foi o caso da Confederação do Equador; O fracasso da política militar externa e os altos gastos da Guerra da Cisplatina; “Hiato Inter cíclico” – Crise econômica decorrente da falta de um grande produto de exportação (o café só apareceria como grande produto mais tarde) Ingerência de D. Pedro nos assuntos portugueses. D. Pedro I era filho mais velho de D. João VI e, com a morte de seu pai, em 1826, tornou-se o legítimo herdeiro do trono português. Mas os políticos liberais brasileiros não queriam que D. Pedro I fosse imperador do Brasil e ao mesmo tempo rei de Portugal. Por isso ele renunciou ao trono português, em favor de sua filha Maria da Glória. Como ela era menor de idade, o trono ficou sob regência do irmão de D. Pedro I, D. Miguel, que em 1828, por meio de um golpe de Estado, proclamou-se rei de Portugal. A atitude de D. Miguel revoltou o Imperador brasileiro, que elaborou planos militares para reconquistar o território herdado por sua filha. Os políticos liberais brasileiros temiam uma possível união entre Brasil e Portugal, caso D. Pedro I conseguisse reconquistar o trono para Maria da Glória. COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Editora Saraiva. Oposição a D. Pedro I – liberais; Jornalista Líbero Badaró – assassinado; Viagem de D. Pedro I a MG – Protestos contra o imperador; MARÇO 1831 – “Noite das garrafadas” MARÇO 1831 – Ministério dos Marqueses 07 de abril de 1831 – D. Pedro abdica ao trono em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, na data com 05 anos. Abaixo: quadro da Abdicação.
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2.2. Período Regencial (1831-40) No período que foi de 1831 até 1840, o Brasil foi governado por regentes, uma vez que D. Pedro de Alcântara (futuramente D. Pedro II) ainda era menor de idade e a constituição imperial previa que o país seria governado por um conselho de três regentes eleitos pelo legislativo enquanto D. Pedro de Alcântara não atingisse a maioridade. Para alguns historiadores, o período regencial foi uma A abdicação de D. Pedro I deu início ao período regencial. experiência muito próxima da república, pois havia eleições para o executivo e troca de governadores após o período de mandato. Este período foi marcado por grandes embates políticos e pela luta armada em várias regiões do país.
1. REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA (1831) De abril a junho de 1831, assumiu o governo uma regência trina provisória, uma vez que o legislativo não estava reunido no momento da abdicação de D. Pedro I. Os membros dessa regência eram Lima e Silva, Carneiro Campos e o Senador Vergueiro. De início, os regentes decidiram pela suspensão do poder moderador.
2. REGÊNCIA TRINA PERMANENTE (1831-35) Após reunião do legislativo foi eleita então a Regência trina Permanente, composta por Lima e Silva, Bráulio Muniz e Carvalho Costa. Destaca-se deste período, o ministro da justiça, Padre Feijó, responsável pela criação da Guarda Nacional, do Código do Processo Criminal e do Ato Adicional.
3. REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ (1835-37)
Oposição dos regressistas; Eclosão de Revoltas regenciais; Renúncia de Feijó.
4. REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA (1837-40) Centralização do poder; Lei Interpretativa do Ato Adicional (1840) – reduz poder das províncias / enfraquece assembleias provinciais. Liberais: Golpe da maioridade
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[História II] O período regencial, que se iniciara em 1831, teve no Ato Adicional de 1834 um alento de abertura liberal e um ensaio de regime menos centralizado. Para os monarquistas conservadores, a Regência foi uma “verdadeira” república, tendo mostrado sua ineficiência. *...+ A Regência foi sacudida por várias rebeliões localizadas: a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, a Sabinada, na Bahia e [...] a Guerra dos farrapos, no Rio Grande do Sul. Essas rebeliões, que atestavam o descontentamento com o governo central, também espelhavam as tensões sociais do Brasil independente. A resposta a essas manifestações veio com a antecipação da maioridade do imperador, em 1840, para justificar a nova centralização do poder. O medo à “desordem” e à “anarquia” congregou antigos opositores políticos num esforço conjunto para recuperar a ordem nacional. PRADO, Maria Lígia. A formação das nações latino-americanas. Editora Atual, SP.
REVOLTAS REGENCIAIS A instabilidade política do período regencial leva às chamadas “Rebeliões Regenciais”. Entre suas motivações estava o excesso de centralização política, a cobrança de inúmeros tributos, e a situação de miséria em que se encontrava a maioria da população. Nesse momento houve a possibilidade do Brasil ter se fragmentado, a partir da influência de ideias republicanas, como ocorreu na Sabinada, na Cabanagem e na Farroupilha. Um ciclo de revoltas - Podemos perceber que o Brasil apresentou entre 1789 e 1850 uma série de revoltas, que vão da Inconfidência Mineira até a Revolta Praieira, que tem pelo menos um aspecto comum: são influenciadas direta ou indiretamente pela onda liberal/iluminista que assolava a Europa nesse momento.
MAPA. FONTE: http://slideplayer.com.br/slide/1640661/
A Revolta dos Malês (Bahia, 1835) Foi uma revolta de escravos muçulmanos que ocorreu em Salvador em janeiro de 1835. Envolveu mais de 700 negros, entre escravos e ex-escravos, que lutavam pela liberdade. Porém, como houve denuncia da rebelião, as forças policiais deram fim imediato a esta que foi a maior rebelião urbana de escravos do Brasil. A Cabanagem (Pará, 1835 – 1840) Teve como ponto de partida as disputas locais em torno da nomeação do presidente da província o que dividiu a elite paraense. Devido à condição de miséria em que vivia a população, a revolta contou com a adesão de índios, mestiços e negros que, moravam em cabanas, a beira dos rios, devendo a este fato o nome do movimento. Em 1835, os Cabanos tomaram a cidade de Belém, as forças do Governo Central conseguem retomar o poder, porém, perde novamente para os revoltosos, instala-se por dez meses um governo de ca-
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[História II] ráter eminentemente popular, que acaba sendo traído por vários participantes. Como não havia consenso entre seus líderes, e indefinições quanto aos rumos do governo, acontece o esvaziamento da revolta. Em 1836, Feijó enviou uma poderosa força militar para a região, os Cabanos resolveram deixar a capital e resistir no interior. A repressão foi violenta, o Pará foi “pacificado” à custa de um total de mortos superior a 30 mil, perto de 20% de toda a população da província. A Balaiada (Maranhão, 1838 – 1841) Foi mais uma manifestação resultante da crise pela qual passava a sociedade brasileira durante o período regencial. Origina-se nas disputas políticas pelo controle do poder local. Os rebeldes eram formados pela camada pobres e miserável da região, incluindo escravos que sonhavam com a liberdade. Contestavam os privilégios dos latifundiários e comerciantes portugueses. Os principais líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, apelidado de “Cara Preta”, Manuel dos Anjos Ferreira, o “Balaio”, fabricante de balaios (daí a inspiração para o nome da revolta), e o negro Cosme Bento das chagas, que liderou uma força de cerca de 3 mil escravos fugitivos. O negro Cosme denominava-se Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-vis, os balaios eram também conhecidos como bem-tevis, nome derivado de um jornal. Ocorreram várias manifestações, inclusive no interior da província. Chegaram até mesmo a ocupar a Vila de Caxias, importante centro urbano da província. Devido às divergências entre seus líderes e à falta de unidade entre rebeldes, o movimento entrou em rápido declínio. Quando então foi nomeado para reprimi-lo o coronel Luís Alves de Lima e Silva. O governo imperial consegue a rendição de muitos rebeldes, oferecendo-lhes anistia. Aliás, foi graças a essa vitória que o coronel recebeu o título de Barão de Caxias. A Sabinada (Bahia, 1837 – 1838) As dificuldades econômicas vivenciadas pela província já há muito tempo e o descontentamento dos grupos médios urbanos e a resistência da população local contra as determinações do governo central, foram os principais motivos para explosão do movimento. A revolta inicia quando da instituição do recrutamento forçado para a formação de tropas que iriam combater os farroupilhas no Rio Grande do Sul. Liderado pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, a quem se deve o nome da revolta, que utilizava seu jornal, o Novo Diário da Bahia, para criticar o governo dos regentes e o presidente da província. Tinham como objetivo separar a Bahia do resto do Brasil e organizar uma república com caráter provisório, até a maioridade de D. Pedro de Alcântara. Buscavam, sobretudo, manter a autonomia provincial conseguida com o Ato Adicional de 1834, assumiram também, o compromisso de libertar os “crioulos” (escravos nascidos no Brasil) que apoiassem a revolução, mantendo, porém, os demais sob o cativeiro. Ao final da violenta repressão, muitos revoltosos foram queimados vivos, e os prisioneiros foram entregues a um grupo, composto pelos grande proprietários rurais da província, cuja crueldade valeu-lhe o apelido de Júri de Sangue. A Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835 – 1845) Nos anos que se seguiram a abdicação de D. Pedro I até o Ato Adicional de 1834, a agitação políticopartidária tomou conta das ruas da Corte e das principais cidades do Rio Grande de São Pedro. Os liberais exaltados não poupavam esforços em criticar o governo regencial e Propunham mudanças radicais na estrutura do poder, entre elas o federalismo, a abolição do poder moderador e a promulgação de uma nova carta constitucional, reivindicavam, ainda, maior autonomia provincial e a redução dos altos impostos que incidiam sobre o charque gaúcho, que, dessa forma, não tinha condições de competir em situação de igualdade com o charque platino. A situação era bem diferente do que ocorria no restante do país, onde a economia se voltava predominantemente ao mercado externo. Em 20 de setembro de 1835, Teve início a Farroupilha, com objetivos reformistas. Como o governo imperial se negava a negociar, em 1836 foi proclamada a República Rio-grandense, que em 1839 se estendeu à Santa Catarina com a República Juliana. O Conflito só teve fim no 2º Reinado com a Paz de Ponche Verde, quando os farroupilhas foram anistiados, o charque platino foi taxado em 25% e houve promessa da libertação dos escravos que lutaram no movimento.
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2.3. Segundo Reinado (1840-89) No século XIX, depois de três séculos sob a dominação colonial portuguesa, o Brasil se emancipava politicamente, no sete de setembro de 1822. Contudo, poucas coisas se alterariam de fato naquele momento e o Brasil continuaria sendo um país estruturado social e economicamente como colonial. O escravismo permanecia, os latifundiários ficariam com o poder e privilégios e continuaríamos sendo explorados, não mais sob forma de colônia, mas explorados pelo imperialismo capitalista inglês. Pedro I, nosso proclamador da independência e primeiro imperador, acabou concedendo privilégios para os grupos de latifundiários e logo mais rompeu com os mesmos ao se aproximar com os grupos portugueses no Brasil. Em meio a uma crise econômica e política, D. Pedro I abdicou ao trono em 1831, deixando como sucessor seu filho, D. Pedro de Alcântara, de apenas cinco anos. O Brasil passaria por um período de agitações e disputas políticas conhecido como Período Regencial, onde, em 1840, decidiu-se pela antecipação da maioridade de D. Pedro II, então com 14 anos. Em suma, só a partir deste momento é que o Brasil vai criar seu espírito nacional e consolidar-se como país. Os 50 anos em que Pedro II esteve no poder foram importantes para dar identidade à nação e estruturar o país. Obviamente, o 2º Reinado vai trazer algumas continuações do 1º Reinado e da época regencial. De 1840 a 1889 o Brasil foi governado pelo imperador D. Pedro II e viveu a fase final da monarquia, que deixou de existir a partir de um golpe promovido pelos militares em 1889. Muitos historiadores consideram que esse período pode ser dividido em 03 fases mais ou menos distintas, as quais são: Consolidação (1840-1850), Conciliação (1850-1870) e Declínio (1870-1889). Contudo, apesar da divisão acima, utilizada por muitos historiadores, utilizaremos no nosso material uma divisão do Segundo Reinado em quatro aspectos: Política, Economia, Política Externa e Crise da Monarquia.
POLÍTICA NO 2º REINADO Consolidação e Conciliação O 2º Reinado iniciou, como vimos, com a antecipação da maioridade de D. Pedro II, que assumiu o trono aos 14 anos de idade. D. Pedro II teve sua maioridade antecipada por uma articulação feita pelos liberais, que se encontravam afastados do poder durante a Regência de Araújo Lima. Dessa forma, o monarca escolheu liberais para comporem seu ministério. Conservadores x Liberais “Não havia nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder”.
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[História II] “Eleições do Cacete” A eleição para a Câmara dos deputados de 1840 foi marcada pela intensa disputa entre conservadores e liberais, tendo como sinal disso as fraudes eleitorais e o uso da violência. Nas eleições, os liberais venceram mas foram acusados de terem utilizado fraude para esta vitória. D. Pedro II dissolveu a Câmara e convocou novas eleições. Parlamentarismo no Brasil Em 1847 foi instituído o regime parlamentarista no Brasil. Nesse sistema, o presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) seria o chefe do ministério e encarregado de organizar o gabinete do governo. “Parlamentarismo às Avessas” Foi criado o sistema parlamentarista que durou até o fim do Império. Porém, diferentemente da Monarquia Parlamentarista inglesa onde o Primeiro-ministro tinha grandes poderes, no Brasil, ainda continuava existindo, acima de todos os poderes, o poder moderador. O rei, através das atribuições do poder moderador, continuava interferindo no poder legislativo, podendo dissolver a Câmara dos Deputados e escolher os senadores em uma lista tríplice. Ainda nomeava o judiciário e podia demitir o Primeiro-ministro (Chefe do Gabinete de Ministros). Enquanto para a Inglaterra se usava a expressão “O rei reina, o Parlamento governa”, no Brasil um jornalista da época falou que “o rei reina, ri e rói” – reina sobre o país, ri do parlamento e rói o povo. Período da Conciliação Houve um período em que liberais e conservadores governaram juntos, por meio de acordos e distribuições de cargos políticos. Este período, que foi de 1853 até 1861, ficou conhecido como o período da conciliação. Após esse período houve um certo equilíbrio político entre esses dois partidos , uma vez que não tinham divergências profundas. Revolta Praieira - PE (1848-50) Na metade do século XIX, a produção açucareira era, em Pernambuco, uma das principais atividades econômicas. Mas esta atividade estava controlada pelas mãos de poucas famílias que dominavam a vida política local, como os Cavalcanti. O comércio, outra atividade econômica vital para a região, era controlado pelos portugueses. A maioria da população vivia em dificuldades, o que levava ao apoio das ideias liberais radicais, que combatiam a desigualdade social. O Manifesto ao Mundo (1849) partido da Praia era um forte defensor dessas ideias e apoiava Voto livre e Universal; O presidente da província, Chichorro da Gama, pelo fato de o mesmo Liberdade de imprensa; não estar envolvido com os donos de engenho e comerciantes. garantia de trabalho ao cidadão Porém, em 1848, o governo imperial demitiu da Gama, fazendo eclodir brasileiro; a Revolta da Praieira. fim do poder moderador; Líderes: Pedro Ivo, Borges da Fonseca; proibição de portugueses comer Lançado o Manifesto ao Mundo [ao lado]; ciarem; Sem resoluções quanto a questão da escravidão; estabelecimento da Federação Repressão imperial. Derrotadas as tendências separatistas, expressas em algumas rebeliões provinciais, as elites sociais e políticas e o governo do Império consolidaram a construção de um Estado centralizado. Preservaram, assim, a unidade territorial do país. A maioria da população continuava afastada da disputa pelo poder. COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Editora Saraiva.
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ECONOMIA DO 2º REINADO No segundo reinado, despontava no Brasil um produto de exportação que traria um novo sustentáculo para as forças agroexportadoras, trata-se do Café, o novo “ouro” brasileiro. Veja no gráfico as exportações brasileiras:
Produção do Café Vale do Paraíba e baixada Fluminense Oeste Paulista (RJ) Liderança: pós-1870; Auge: 1850-70; Transição para mão-de-obra livre / imi Ampla utilização da mão-de-obra grante; escrava; Terra roxa; Técnicas inadequadas; Industrialização. “Barões do Café” “Burguesia do Café”
Modernização Na segunda metade do século XIX o Brasil experimentou um crescimento na sua indústria, sobretudo no setor de alimentos e vestiários. Eis alguns dos fatores que contribuíram para o crescimento industrial: Capital excedente do Café; Fim do tráfico negreiro (1850); Investimentos estrangeiros (ferrovias/bancos); Tarifa Alves Branco (1844) Barão de Mauá – Um empresário no Império Nesse período de crescimento industrial e modernização econômica do Brasil imperial, merece destaque a figura de Irineu Evangelista de Souza, barão e, depois, visconde de Mauá. Homem de iniciativa e visão empresarial, Mauá foi responsável por grandes empreendimentos econômicos no Segundo Reinado. Fundou empresas de construção de navios a vapor e fundição de ferro. Construiu a primeira ferrovia brasileira (ligando Guanabara a Petrópolis) e a primeira linha de bondes do Rio de Janeiro. Foi responsável pela instalação da iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro, pela construção de linhas de telégrafo no país e de um cabo submarino intercontinental (ligando a Europa e o Brasil). O sucesso de Mauá durou até suas empresas serem abaladas pela concorrência dos produtos importados (principalmente ingleses) e passarem a sofrer diversos atentados e sabotagens. Pela pressão de empresários estrangeiros, as empresas de Mauá foram à falência. COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Editora Saraiva.
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[História II] Transição da mão-de-obra Da mão-de-obra escrava a mão-de-obra livre; Pressão inglesa; Fatores internos: movimento abolicionista; participação dos escravos na Guerra do Paraguai (1864-70); Revoltas constantes e não aceitação do escravismo pelos negros. Bill Aberdeen (Inglaterra - 1845) – proíbe o tráfico negreiro no Atlântico; Lei Eusébio de Queirós (1850) – proíbe o tráfico negreiro para o Brasil; Lei do Ventre Livre (1871) – Define que os filhos de escravos nascidos no Brasil serão livres. Lei dos Sexagenários (1885) – O escravo ganhava alforria aos sessenta anos de idade. Lei Áurea (1888) – assinada pela Princesa Isabel, concedeu alforria para todos os escravos do Brasil. Imigrantes – Sistema de Parceria e Colonato Visando a entrada de Imigrantes para substituir a mão de obra escrava, em 1847, o senador Vergueiro iniciou o sistema de parceria, no qual as despesas dos imigrantes eram financiadas pelo fazendeiro, que cobrava juros. Cabia ao estrangeiro cultivar pés de café (e somente café) e dividir os lucros da produção. Maus tratos, dificuldades de adaptação a um país tropical e escravista, não-cumprimento dos acordos e o crescente endividamento (devido ao pagamento de dividas de viagem e de compra de alimentos de subsistência) causaram revoltas e o fracasso do sistema. A partir de 1870, passou-se à imigração subvencionada pelo Estado. O governo custeava as despesas de transporte e o fazendeiro, a sobrevivência dos imigrantes por um ano. Ainda adotou-se o colonato, pelo qual estes recebiam um pagamento fixo, acrescido de uma parte variável com a produtividade, podendo plantar para sua subsistência. Os imigrantes viam no trabalho a chance de ascender socialmente e de fazer fortuna, ainda que poucos pudessem concretizar o sonho de viraBoa parte dos imigrantes que vieram ao Brasil no século XIX vinham dentro rem proprietários, pois a Lei do plano do governo e das elites de “branquear” o país. de Terras de 1850 dificultoulhes o acesso à terra, que só poderia ser obtida pela compra. Muitos foram para grandes cidades ou à “capital do café”, contribuindo para desenvolver o comércio e constituindo a mão-deobra principal das fábricas no início do século XX.
Lei de terras (1850) No ano de 1850, foi aprovada a lei de terras, a qual estabelecia que o meio normal de se adquirir uma propriedade era a Compra e não a posse da área. Perante a vinda de imigrantes para o Brasil, a Lei de terras constituía uma forma de se evitar a disseminação da pequena propriedade e de manutenção dos grandes latifúndios, uma vez que as terras sem donos eram vendidas pelo Estado a altos preços, dificultando o acesso à terra. RASCUNHO
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POLÍTICA EXTERNA DO 2º REINADO Durante o 2º Reinado, importantes acontecimentos marcaram as relações entre o Brasil e outras nações, sendo destaque a Questão Christie, o envolvimento do Império brasileiro na Região platina e a Guerra do Paraguai.
Fonte: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/cisplatina.html
Questão platina Para manter seus interesses na região do prata, o Brasil manteve constantes intervenções naquela região. Dentre os interesses do império brasileiro, destacamos: Garantir direito de navegação pelo rio da prata – acesso ao MT; Impedir avanço dos vaqueiros uruguaios sobre o RS; Impedir anexação do Uruguai pela Argentina. Intervenções na região do prata Guerra contra Oribe (1850-51) – Brasil e Colorados (Uruguai) contra Blancos (Uruguai) e Argentina; Guerra contra Rosas (1852) – Brasil x Argentina; Guerra Contra Aguirre (1864-65) – Brasil, Argentina e Colorados (Uruguai) contra Blancos (Uruguai); Guerra do Paraguai (1864-70) Tríplice Aliança (BRA/URU/ARG) X Paraguai 1865 – Paraguai invade MT e Argentina; 1865 – Batalha de Riachuelo : destruição da frota paraguaia; 1868 – Dezembradas (Itororó / Avaí / Angosturas / Lomas Valentinas) – Caxias; 1869 – Tomada de Assumpção; 1870 – Conde D’Eu: Comanda a Campanha da Cordilheira – caçada a Solano Lopes Causas
da Guerra: Desenvolvimento paraguaio / Interesse inglês na Região / disputas pelo Rio da Prata Consequências: Paraguai destruído; Brasil endividado; fortalecimento do exército, Campanha Republicana e Abolicionismo crescente
Leitura complementar: A Guerra do Brasil A Guerra do Paraguai tem participação determinante do Brasil. O Império Brasileiro fazia uma política de avanço à região Cisplatina fazia tempo, desde o século XVII quando criou a Colônia de Sacramento. No princípio do século XIX havia anexado o Uruguai com o nome de Província Cisplatina e depois da independência do Uruguai (1828) passou a fazer aproximação política com os colorados (liberais uruguaios) e ter contendas com a Argentina, com quem travou uma guerra na década de1850. Para alguns historiadores, ainda havia um processo de formação territorial dos países que haviam feito independência nas primeiras décadas do século XIX, e foi essa disputa territorial em torno do rio da Prata que levou ao conflito de 1864. Se por um lado alguns historiadores atribuem às pretensões de Brasil Argentina e Paraguai sobre os territórios, por outro lado ainda temos historiadores que falam dos interesses ingleses na região, o que teria movido a guerra. Entretanto, não há uma verdade absoluta sobre os motivos da guerra.
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O DECLÍNIO DA MONARQUIA A partir da década de 1870, começam a se espalhar cada vez mais no Brasil as ideias republicanas. Tais ideias se disseminavam quanto mais enfraquecia a monarquia. Um dos pilares das ideias republicanas foi o exército, desvalorizado pelo governo imperial, esta instituição só foi começar a ter um maior prestigio entre a população e nos meio políticos após a Guerra do Paraguai, porém, continuava sem receber maior atenção do governo. Uma série de acontecimentos foi enfraquecendo as bases de sustentação da monarquia no Brasil, de onde destacamos: O Abolicionismo, O Republicanismo, A Questão Religiosa e A Questão Militar. O Republicanismo As ideias republicanas já haviam feito parte de vários movimentos dentro da história do Brasil, tal como foi na Inconfidência Mineira, na Conjuração Baiana, na Revolução Pernambucana ou na Confederação do Equador. Porém, foi a partir de 1870, que o movimento republicano passou a ter bases sólidas e concretas. Neste ano foi lançado, no Rio de Janeiro, o Manifesto Republicano, defendendo a implantação da República no Brasil. Manifesto Republicano “Somos da América e queremos ser Americanos” Em 1873, foi fundado o PRP (Partido Republicano Paulista), Partido este que seria apoiado por importantes fazendeiros do café de São Paulo. Os partidos republicanos estaduais iam se disseminar pelo Brasil no período final do Império. Após 1888, boa parte dos ex-senhores de escravos voltou-se contra a Monarquia e aliaram-se as fileiras republicanas. A Questão Religiosa Desde o período colonial, a Igreja Católica era uma instituição vinculada ao Estado, sendo que, quando da Independência do Brasil, esta instituição ficou ao lado do Estado que nascia. A Constituição Imperial de 1824 trazia em seu texto dois pontos que vinculavam a Igreja ao estado: Padroado: Regime constitucional que permitia ao Imperador controlar politicamente a Igreja no Brasil, nomeando seus bispos através do poder secular (não religioso). Beneplácito: Previsto na Constituição Imperial de 1824, permitia ao Imperador autorizar o funcionamento do Igreja Católica brasileira, tendo que o Imperador dar autorização às bulas e determinações papais, entre outras prerrogativas. Em 1864, houve proibição papal da permanência da maçonaria dentro dos quadros da Igreja. D. Pedro II, membro da maçonaria, não deu beneplácito para esta bula papal. D. Vidal de Oliveira, bispo de Olinda, e D. Antônio de Macedo, bispo de Belém, preferiram desobedecer ao Imperador e expulsaram de suas dioceses párocos ligados à maçonaria. Por essa indisciplina, o Imperador decidiu por processar e condenar a prisão os “rebeldes”. A Questão Militar No período final do Império as Forças Armadas via sua influência crescer na sociedade brasileira. Cada vez mais, jovens de classes menos abastadas eram atraídos pela instituição. As escolas militares começavam a ganhar importância. Porém, o poder civil exercia o poder sobre os militares, e estes tinham baixos soldos, lentas promoções e para o exército quase inexistiam investimentos. Os oficiais do exército passaram a defender posições radicalmente contrárias à Monarquia, se postando ao lado das ideias abolicionistas e republicanas. Nas escolas militares cresciam a Mentalidade Positivista.
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[História II] O Positivismo Criado na França por Augusto Comte (1798-1857), O Positivismo constituiu uma corrente de pensamento filosófico caracterizado por inabalável confiança nas ciências. De acordo com ele, a humanidade teria atingido, no final do século XIX, seu último estágio de desenvolvimento, no decorrer do qual se afirmariam a industrialização e o conhecimento racional-científico. O Positivismo teve notável influência no pensamento político brasileiro a partir de 1870. Contrários ao liberalismo, à Monarquia e ao sufrágio universal, os positivistas defendiam a instauração de uma ditadura republicana, que promovesse a educação para todos e incorporasse o proletariado à sociedade. Atraídos por essas ideias, muitos militares brasileiros abraçaram o positivismo como ideologia e instrumento de ação. Mesmo os que não aderiram a ele, caso de Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca, sentiram-se seduzidos pela proposta de “ditadura republicana”, que caía como uma luva em suas aspirações de estabelecer um governo centralizado e tutelado pelo alto comando militar. O Grande divulgador dessa ideologia entre a jovem oficialidade do Exército foi o tenente-coronel Benjamin Constant, professor da Escola Militar e autor do lema ordem e progresso, estampado na bandeira da República brasileira. DIVALTE. História – Série Novo Ensino Médio. Editora Ática A Proclamação da República Corroído pela crise, e na tentativa de sobreviver, em junho de 1889 o governo imperial nomeou o Visconde de Ouro Preto, um Liberal Moderado para o cargo de presidente do conselho de ministros. Ouro Preto apresentou à Câmara dos Deputados um amplo programa de reformas que previa a liberdade religiosa, a autonomia para as províncias, o fim da vitaliciedade do senado, etc. Porém, a câmara dos deputados se recusou a aprovar tais reformas, pois isto iria mexer nos seus privilégios. Usando então dos atributos do Poder Moderador, D. Pedro II dissolveu o parlamento e convocou novas eleições, visando a aprovação das reformas do visconde de Ouro Preto. A essa altura, porém, estava em andamento uma conspiração contra a monarquia. No dia 11 de novembro, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa, entre outros líderes, reuniram-se com o marechal Deodoro da Fonseca, para convencê-lo a aderir à conspiração. Com o surgimento de boatos de que a prisão de Deodoro estava decretada, na manhã de 15 de novembro, tropas rebeladas decretaram a prisão do visconde de Ouro Preto. Naquela tarde, os revoltosos proclamavam a República, que teria um governo provisório já na mesma noite. RASCUNHO
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UNIDADE 3 INDÚSTRIA, IMPERIALIS-
MO E GUERRA Na segunda metade do século XIX o Antigo Regime na Europa já era passado, a burguesia, através de uma onda revolucionária liberal iluminista, havia derrubado os governos de clérigos e nobres e se estabelecia no poder. Junto a ascensão burguesa assistia-se a expansão da Indústria. Em pouco tempo ocorreu a disputa de mercados, uma luta de grandes tubarões, e, por consequência disso, três problemas: (i) a grande exploração da classe trabalhadora na sociedade industrial, que fez surgir movimentos de contestação como o socialismo; (ii) o desenvolvimento dos nacionalismos, rivalidades e acordos entre nações que levaram à subjugação de África e Ásia e, (iii) os conflitos entre europeus que desencadearam a Grande Guerra de 1914.
3.1. Revolução Industrial II Após o pioneirismo inglês, a indústria se espalhou pela Europa ao longo do século XIX, atingindo boa parte da Europa ocidental e chegando também ao Japão e EUA na década de 1860.
A EXPANSÃO DA INDÚSTRIA
França – A Revolução de 1789 destruiu os remanescentes da velha ordem feudal e criou condições para o capitalismo moderno. O processo de industrializaFONTE: https://ignsl.es/erp-de-fabricacion-comparativa/ ção foi, entretanto, afetado pela ausência de jazidas de carvão, no país e prejudicado pela derrota na guerra França-Prussiana, em que a França foi obrigada a ceder à Alemanha a região da Alsacia Lorena, rica em jazida de ferro. Alemanha – Como o resultado da Guerra Franco-prussiana em 1870, houve unificação alemã, que liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no país. Ao final do século XIX a Alemanha era um país de um vigoroso crescimento industrial. Itália – A unificação política realizada em 1870, à semelhança do que ocorreu na Alemanha, impulsionou, embora tardiamente, a industrialização do país. Assim a industrialização ficou limitada ao norte da Itália, enquanto o sul continuou essencialmente agrário. Rússia – Nesse país a Revolução Industrial só se iniciou realmente na última década do séc. XIX. Razões dessa industrialização: grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental na economia e investimentos estrangeiros. EUA – Final da guerra da secessão, em 1865. O término do conflito, abolição da escravatura, a riqueza de recursos naturais. Japão – A modernização do Japão data do início da "era Meiji", em 1867, quando a superação do feudalismo unificou o país, centralizou a autoridade política, liberou mão-de-obra, possibilitou intervenção governamental na economia, assimilação da Tecnologia acidental.
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A “ERA DE OURO” DA BURGUESIA A indústria se expandia, mas não apenas geograficamente, mas também teconlogicamente. O uso do ferro foi logo substituído pelo aço, os trens e barcos eram cada vez mais velozes. A burguesia europeia vivia sua fase áurea. Mas nesse mesmo contexto vivia uma classe operária miserável, proletarizada, que se pôs em luta física e política contra o sistema. Os avanços europeus da época das luzes pareciam ter se dado apenas para um grupo pequeno de grandes proprietários e os trabalhadores criaram diversos movimentos pedindo direitos políticos, mudanças e até mesmo a quebra do sistema.
MOVIMENTOS SOCIAIS Com o advento da Indústria e a má situação do trabalhador fabril, ao longo do século XVIII e XIX, foram surgindo movimentos sociais que contestavam a estruturação da sociedade capitalista, denunciando a exploração do proletariado por parte da burguesia. Tais movimentos atingiram várias formas, indo da reivindicação por maiores direitos políticos aos trabalhadores à proposta de revolução para por fim ao capitalismo e as desigualdades. Acompanhe as principais manifestações contra essa situação: Ludismo: No inicio do século XIX, grupos de trabalhadores ingleses invadiam as fábricas e destruíam as máquinas, vistas por eles como culpadas pela sua miséria. O nome Ludismo vem do suposto líder do movimento, Nedd Ludd. Vários Luditas foram presos e enforcados, o que acabou dissolvendo o movimento. Imagem do século XIX mostrando luditas ata Cartismo: Movimento que eclodiu na Inglaterra, devido cando fábrica. à organização política dos trabalhadores que faziam reivindicações trabalhistas tais como: redução da jornada de trabalho para 10 horas/dia; sufrágio universal masculino, imunidade parlamentar, etc. O movimento tinha apoio de grupos da classe média e de socialistas e liberais. Em 1848 o movimento teve seu apogeu com a Carta do Povo, documento com as principais reivindicações entregue ao Parlamento Inglês. Este movimento não obteve sucesso imediato, sendo que apenas no final do século XIX algumas de suas reivindicações seriam atendidas. Pensamento Social da Igreja: Contra os pensamentos Socialistas, e procurando evitar os excessos capitalistas, o papa Leão XIII defendeu, através da encíclica “Rerum Novarum”, a manutenção da propriedade privada, a colaboração das classes sociais e as associações de ajuda mutua entre trabalhadores. Socialismo Utópico: Alguns intelectuais começaram a criticar os exageros do capitalismo, como as altas jornadas e baixos salários. Porém, no socialismo utópico não havia uma proposta de ruptura com o capitalismo, mas sim a ideia de reformas. Pensadores como Owen, Saint-Just e Fourier são os destaques desse tipo de socialismo. Owen era administrador de indústrias na Escócia e tentou melhorar as condições de seus operários, diminuindo a jornada de trabalho e criando casas mais adequadas para os trabalhadores; Saint-Simon criou uma fazenda-modelo administrada por intelectuais e cientistas, visando o aprimoramento administrativo; Fourier criou os falanstérios, espécies de comunidade alternativas onde se recebia remuneração conforme a jornada de trabalho, sem a obrigação de uma jornada fixa. Socialismo Científico: Karl Marx e Friederich Engels elaboraram aquilo que conhecemos como Socialismo Científico. “Científico” pois demandou de todo um estudo sobre as estruturas sociais históricas que chegou àquilo que Marx chamou de “o motor da história”, a luta de classes. Para ele, a História humana sempre apresentou uma classe que domina e outra que é dominada. Assim, em Roma dominavam os pa-
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[História II] trícios, enquanto os plebeus eram dominados; na Idade Média os nobres dominavam os camponeses; e na sociedade do século XIX (época de Marx) os burgueses dominavam o proletariado. Para os marxistas (comunistas), os proletários deveriam ter consciência de classe, ou seja, consciência de que são explorados pela burguesia e, a partir disso, se organizar para acabar com a opressão burguesa. Para Marx, a base da exploração era a propriedade privada, que deveria ser suprimida. O proletariado organizado deveria fazer a Revolução do Proletariado, derrubando a burguesia do poder e acabando com a propriedade privada. Aconteceria então a Ditadura do Proletariado (socialismo), que seria a transição entre capitalismo e comunismo. Quando chegássemos ao Comunismo, não haveria mais governo ou propriedade privada e seria “o fim da história” (pois não haveria mais luta de classes). Anarquismo: Pensadores como Mikhail Bakunin concordavam em parte com as teses de Marx, mas não aceitavam qualquer tipo de governo (nem mesmo o socialista). Desse modo, os anarquistas queriam destruir o capitalismo e imediatamente acabar com a propriedade privada e o governo. São também conhecidos como Comunistas Libertários, pois pregavam uma espécie de comunismo sem a transição socialista.
O Socialismo Real Muitos historiadores consideram que os regimes socialistas que se ergueram no século XX teriam rompido com a tese marxista original e criaram ditaduras perversas que usavam o pretexto da Revolução Marxista para se estabelecer; a este tipo de socialismo deu-se o nome de Socialismo Real, em oposição ao Socialismo teórico de Marx. Abaixo a caricatura faz referência às interpretações equivocadas (“traição”) feitas por alguns líderes como Stálin, Mao Tsé Tung, Che Guevara, Fidel Castro, etc.
FONTE> https://sociusnonsense.wordpress.com/tag/caricatura-marxista/
RASCUNHO
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3.2. Imperialismo & Neocolonialismo
Caricatura do século XIX mostrando a divisão da China pelas potências imperialistas
FONTE: http://estudosavancadosinterdisciplinares.blogspot.com/ 2012/03/charge-sobre-o-imperialismo-na.html
Com a 2ª Revolução Industrial iniciou-se uma nova fase da economia capitalista, marcada pela concentração da produção e do capital em torno de grandes empresas ou associações de empresas, que foram vencendo as empresas mais fracas. Surgiram, então, os monopólios industriais, que eliminavam a concorrência e podiam fixar preços em busca de maiores lucros. Para expandir a produção industrial, o capitalismo precisava conquistar novos mercados. O alvo desta expansão foram as nações pobres que não haviam desenvolvido a sua indústria. Adotando uma política imperialista, as grandes potências foram responsáveis pelo Neocolonialismo. Vale salientar que havia o casamento dos Estados burgueses europeus com as grandes corporações do capitalismo financeiromonopolista para o projeto de expansão do capital.
Leitura complementar: Transformações do Capitalismo “A economia capitalista mudou de quatro formas significativas. Em primeiro lugar, entramos numa nova era tecnológica, uma era de novas fontes de poder (eletricidade, petróleo, turbinas e motor a explosão), de nova maquinaria baseada em novos materiais (ferros, ligas, metais não-ferrosos), de indústrias baseadas em novas ciências, tais como a indústria em expansão da química orgânica. Em segundo lugar, entramos cada vez mais na economia de mercado de consumo doméstico [a produção é consumida pelo mercado interno do país], iniciada nos Estados Unidos, desenvolvida (na Europa ainda modestamente) pela crescente renda das massas [valor do salário dos trabalhadores], mas sobretudo pelo enorme aumento da população dos países desenvolvidos. De 1870 a 1910, a população da Europa cresceu de 290 para 435 milhões, a dos Estados Unidos, de 38,5 para 92 milhões. Em terceiro lugar, havia uma competição internacional entre economias industriais nacionais rivais – a inglesa, a alemã e a norte americana. Essa competição levava a concentração econômica, ao controle de mercado e à manipulação. Por fim, o mundo entrou no período do imperialismo. As potências passaram a dividir o globo para realizar seus próprios negócios. As novas indústrias precisavam de matérias-primas que não existiam nos países desenvolvidos: petróleo, borracha, metais não-ferrosos. A nova economia precisava de quantidades crescentes de matérias-primas produzidas nos países subdesenvolvidos. Essa divisão global entre áreas desenvolvidas e subdesenvolvidas, embora não fosse nova, começou a tomar uma forma moderna e durou até a década de 1930.” Eric Hobsbawn. A Era do Capital (1848 – 1875). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982.
A livre concorrência, marca dos primeiros momentos do capitalismo industrial, tinha acabado. Vivia-se na segunda metade do século XIX o capitalismo monopolista, onde grandes bancos e empresas se fundiam ou “engoliam” as menores. Era hora dos monopólios industriais, representados pelos cartéis [grupo de grandes empresas que fazem acordos para dominar o mercado], holdings [empresa central que detém controle acionários sobre outras empresas em diversos ramos] e trustes [fusão de diversas empresas do mesmo ramo]. Era esse novo formato do capitalismo que exigia cada vez mais e mais mercados e que acabou gerando uma série de políticas agressivas que chamamos imperialismo.
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Compare: Colonialismo (séc. XVI) e Neocolonialismo (séc. XIX) Colonialismo Europeu Do século XVI Neocolonialismo do século XIX Área principal de dominação Fase do capitalismo patrocinadores
América
África e Ásia
Capitalismo mercantilista (comercial)
Capitalismo financeiro e monopolista (industrial)
Burguesia comercial e Estados metropolitanos europeus
Burguesia financeiro-industrial e Estados da Europa, também EUA e Japão
Garantia de mercado consumidor para
Objetivos econômicos
FONTE: https://brainly.com.br/tarefa/13030430
Justificativa ideológica
Reserva de mercado para a produção industrial
a produção econômica europeia Garantia de fornecimento de matérias-primas, Garantia de fornecimento de produtos como carvão, ferro, petróleo e metais preciosos coloniais, como artigos tropicais e metais Controle de mercados externos para investipreciosos. mento de capitais excedentes O homem branco tem a missão civilizadora de Expansão da fé cristã espalhar o progresso técnico-científico pelo mundo
PARTILHA DA ÁFRICA Mais de 90% das terras africanas foram dominadas por nações europeias – França e Inglaterra foram as principais, chegando a colonizar quase 50% do continente. Belgas, franceses, espanhóis, portugueses, italianos e outros países também tinham posses no continente africano. O marco para a divisão da África foi a Conferência de Berlim (1885), que objetivava delimitar os territórios coloniais e estabelecer normas para a partilha do continente. A conferência de Berlim foi iniciativa alemã, país que se unificou tardiamente (apenas em 1871) e havia saído atrasado para a “corrida imperialista”. Veja no mapa as principais possessões sobre a África. A Charge apresenta Cecil Rhodes, capitalista e político inglês apologista do imperialismo que idealizou construir uma ferrovia britânica do Cairo (Egito) até a cidade do Cabo (África do Sul).
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PARTILHA DA ÁSIA a expansão europeia enfrentou forte resistência em países como China e Japão. Entretanto, o poderio militar dos europeus, aliado ao dos EUA, foi vencendo, gradativamente, a resistência dos diversos povos asiáticos. A) Índia: Desde 1763 este país era um protetorado inglês, sendo que a Inglaterra ocupava a maior parte dos cargos administrativos do país GUERRA DOS SIPAIOS – o nacionalismo indiano era alimentado pela crescente presença inglesa. Em 1857 ocorreu a Guerra dos Sipaios, que lutou contra a dominação. Os sipaios eram membros da milícia nativa organizada pela Inglaterra para servir à Coroa. A rebelião iniciou entre os militares, contra os oficiais ingleses. Os revoltosos foram sufocados em 1859. Em 1876, a rainha Vitória foi coroada como imperatriz da Índia. B) Japão : No século XIX, o Japão era dominado por uma aristocracia apoiada numa classe de guerreiros profissionais, os Samurais. A estrutura era ainda Feudal. Os EUA Chegam ao Japão – Em 1854 uma esquadra norte-americana chegou ao Japão e forçou a abertura dos portos japoneses ao comércio mundial. Tinha inicio a europeização do país. Devido a passividade do Xogunato quanto à entrada dos americanos, os grupos nacionalistas uniram-se em torno do imperador Mutsuhito, que promoveu a centralização política e inaugurou uma nova fase da história japonesa. Era Meiji – a partir de 1868 o Japão começava a desenvolver sua indústria e se modernizava. O Japão deixava de ser um país feudal para se tornar um dos países Capitalistas imperialistas. C) China: Em meados do século XIX a China representava um grande mercado consumidor. Isto atraiu as várias potências imperialistas para este país. Através de diversas guerras e conflitos a China acabou sendo subjugada. Guerra do Ópio (1839-41) – O ópio era utilizado pelos chineses, até o século XVIII, como medicamento. Como os ingleses produziam grandes quantidades dessas drogas em seus domínios indianos, estes forçaram o mercado para exportar o ópio para a China, disseminando o vício entre os seus habitantes. Em 1839 as autoridades chinesas obrigaram o representante britânico a jogar no mar mais de 20 mil caixas de ópio, quando teve início a Guerra do Ópio. Em 1842 foi feito o Tratado de Nanquim, pelo qual abria cinco de seus portos ao livre comércio, abolia o sistema fiscal e entregava Hong Kong à Inglaterra (até 1997). Guerra dos Boxers (1900) – Os chineses nacionalistas do grupo dos Boxers, ou os “Punhos Fechados” objetivavam libertar o país do jugo imperialista dos ingleses. Em 1900 organizaram uma grande rebelião onde morreram mais de 200 estrangeiros. A represália foi feita por uma força expedicionária internacional composta por ingleses, franceses, alemães, russos, japoneses e norte-americanos.
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3.3. Primeira Guerra Mundial A Primeira Guerra Mundial inaugurou o século XX na visão do historiador inglês Eric Hobsbawn, que escreveu o livro A Era dos Extremos – o breve século XX (1914-91). Esse século será cheio de conflitos militares e ideológicos que foram, em parte, iniciados na “Grande Guerra” (este era o nome dado a Guerra na sua época). Porém, no início de 1914 parecia improvável que uma guerra fosse nascer no continente europeu, visto que os europeus acreditavam, em sua maioria, ter chegado a uma espécie de apogeu da civilização, num continente que havia prosperado muito tecnologicamente nas últimas décadas. Havia surgido o automóvel, o submarino, o dínamo para obtenção de energia elétrica, o aço era usado de forma cotidiana pelas indústrias; a fotografia e depois o cinema encantavam os europeus. Era a Belle Époque. Ao mesmo tempo o velho mundo vivia a Paz Armada, praticamente cem anos sem grandes conflitos (desde a derrota de Napoleão em 1815 apenas conflitos menores e rápidos haviam atingido o continente, com destaque para a breve Guerra Franco-Prussiana, último passo para a unificação da Alemanha em 1871). A guerra era vista como uma coisa que assolava povos “atrasados e inferiores” na ótica dos europeus. Porém, como pano de fundo da paz e prosperidade europeias, estava a corrida imperialista sobre África e Ásia, e com isso a Corrida Armamentista, que gerava um ambiente potencialmente perigoso para os europeus, sobretudo porque em meio as disputas de mercados aumentavam as rivalidade econômicas e os nacionalismos. Mesmo que o cidadão comum do continente não tivesse essa percepção, estava se construindo a base para o conflito.
As rivalidades econômicas e nacionalistas
FONTE: SCHMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica. 8ª série. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Nova Geração. 2002.
A corrida imperialista gerava rivalidades, que falsamente teriam sido resolvidas na Conferência de Berlim (1885), quando houve a partilha da África. Mas cada vez mais havia a disputa por territórios menores e estratégicos, o que acirrava o ânimo entre países. Vejamos algumas das principais disputas. Inglaterra versus Alemanha – A Alemanha é, juntamente com a Itália, um dos “países de unificação tardia”, se unificando apenas na Guerra Franco Prussiana (1871). A partir disso, teve um crescimento industrial e naval muito grande, começando a rivalizar com a Inglaterra, até então a senhora de Europa e grande potência mundial, que vivia a Pax Brittanica. Paneslavismo Russo – os russos tinham pretensões sobre os estreitos de Bósforo e Dardanelos (ligação entre a Europa e a Ásia na região balcânica – no mapa ao lado), para poderem ter então saída para o Mediterrâneo. Desta forma a Rússia tinha pretensões sobre a região balcânica, que havia se emancipado do decadente Império turco otomano. Os russos (que são de origem eslava) apoiavam a Sérvia (também de origem eslava), que tinha pretensões de construir a “Grande Sérvia” na região. Com o surgimento da “Grande Sérvia”, os russos pretendiam conquistar os estreitos. Pangermanismo – A Alemanha, recém unificada, desejava construir a ferrovia BerlimBagdá, ligando a capital alemã à capital do Império turco, seu parceiro comercial (que forneceria petróleo aos
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[História II] alemães). Para isso precisaria conquistar os Bálcãs. A Alemanha então incentivava as pretensões do Império Austro-Húngaro sobre a península balcânica. No início do século XX a Áustria anexou a Bósnia Herzegovina, o que gerou insatisfações por parte da Sérvia. Revanchismo Francês – A França tinha sido prejudicada pela formação da Alemanha. Seu imperador até 1871, Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) tentou impedir a unificação da Alemanha sob comando da poderosa Prússia. Além de não ter evitado, Napoleão III foi derrubado do trono e a Alsácia-Lorena, região fronteiriça com a Alemanha, foi anexada pelos alemães durante a Guerra Franco Prussiana de 1871. Os franceses queria vingança, nascendo assim um forte sentimento revanchista naquele país. FONTE: http://disciplina-de-historia.blogspot.com/2011/10/politica-de-aliancas-nas-vesperas-da.html
As Alianças de interesses Desde o final do século XIX a Alemanha tinha buscado garantir seus interesses através da aproximação com países vizinhos. Foi daí que nasceu a Tríplice Aliança, a parceria entre Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, que concordavam com diversos aspectos da política externa. Porém, países rivais da Alemanha formam, no princípio do século XX, a Tríplice Enténte, com França, Rússia e Inglaterra. As alianças, somadas as disputas econômicas e as rivalidades nacionalistas, preparavam a “armadilha” que desencadearia um efeito dominó quando algum atrito existisse entre as potências.
A “filha do Imperialismo” Basicamente a Grande Guerra é fruto das contendas imperialistas. As rivalidades aumentaram ao longo do século XIX, porém, o início do século XX apresentava a extensão quase total do Imperialismo. Mais de 90% da África estava ocupada; mais de 55% da Ásia sofria ação neocolonial. Regiões menores se tornaram alvo do Imperialismo e as disputas entre países aumentou. Precisava-se de um fato pra deflagrar um conflito maior. Foi ai que apareceu a Questão Balcânica. A região da península balcânica havia pertencido ao Império Turco. Em 1912, Sérvia, Montenegro, Grécia e Bulgária se uniram para tomar as regiões que ainda eram controladas pelos Turcos. Nesse momento se processou a Primeira Guerra Balcânica, onde o Império Turco perdia seus territórios europeus. O problema vai acontecer na divisão dos territórios conquistados, quando estourou a Segunda Guerra Balcânica (1913). A Sérvia acabou por conquistar vários territórios, apenas barrou suas conquistas quando a Áustria interveio no conflito, criando um Estado independente, a Albânia, e deixando os sérvios sem saída para o Mar. Em 1906, o Império Austro-Húngaro anexou dois Estados eslavos: a Bósnia e a Herzegovina. A Sérvia, que tinha pretensões de anexar esses territórios, entre outros, e criar a “Grande Sérvia”, via seu sonho adiado, além do fato de não ter saída para o mar. Esse fato agravou a tensão entre a Sérvia e a Áustria. No dia 28 de junho de 1914, o herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, o arrogante arquiduque Francisco Ferdinando, visitou Sarajevo, capital da Bósnia, e desfilava em carro aberto pelas ruas da cidade. Nesse momento foi assassinado, junto com sua esposa, a tiros, por um estudante bósnio da organização Mão Negra. A Áustria acusou a Sérvia de envolvimento no atentado e, um mês depois, acabou por decretar guerra a este país. O Império Russo, com interesses na região dos Bálcãs, temia que os austríacos dominassem a região e se colocou como defensor dos sérvios. A complicada política de alianças da época arrastou um grande número de países para a guerra. Começava assim a Primeira Guerra Mundial.
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A GUERRA Costuma-se dividir a Primeira Grande Guerra em 03 fases. Guerra de Movimentação Guerra de Trincheiras (1915(1914-15) – quando as forças 17) – Período de estagnação em conflito apresentaram um nos avanços, quando os paícerto equilíbrio. A Alemanha ses trataram de garantir suas colocou em prática o Plano posições estratégicas. Este Schlieffen, que consistia em período é que caracterizou a invadir a França através da Primeira Guerra Mundial, o Bélgica. Depois desse passo se horror das trincheiras, com lançaram sobre a Rússia, que tropas passando fome, frio, teve aproximadamente cinco com ferimentos e falta de milhões de mortos no primei- medicamentos. Muitos solro ano de conflito. Nesta fase, dados morreram feridos procurando deter a ofensiva devido, por exemplo, a falta alemã, os ingleses decretaram de antibióticos (que somente o bloqueio naval à Alemanha seriam criados na década de e aos seus aliados. Enquanto 1920). Some-se a isto a Gripe isso a França conseguiu blo- Espanhola de 1918, que teria quear o avança alemão na matado 4 milhões de pessobatalha de Marne. as.
Nova Guerra de Movimentação (1917-18) – Ocorreram alterações significativas na posição dos países aliados, que definiram o fim da Guerra. A Rússia retirou-se da Guerra devido ao início de sua revolução; os EUA entraram no conflito ao lado da Entente. A luta se concentrou então na fronteira entre Alemanha e França. Os aliados enviaram ajuda maciça à França e ocuparam parte da França e a Bélgica. Na Alemanha, a crise econômica e as derrotas no front propiciavam as manifestações socialistas contra o governo. Em 1918 o Kaiser Guilherme II abdicou e foi proclamada a República (República de Weimar, que duraria até 1933), com a liderança do partido Socialdemocrata. O novo governo assinou o armistício de Compiègne, em 11 de novembro de 1918, dando fim a Guerra.
FONTE: https://noseahistoria.wordpress.com/2011/09/19/a-geografia-politica-apos-a-1-ª-guerra-mundial/
APÓS A GUERRA No princípio de 1919 aconteceu a Conferência de Paris, reunindo os vencedores da Guerra. Da conferência surgiu o Tratado de Versalhes, que impunha sérias indenizações e restrições à Alemanha, que deveria: Restituir a região da Alsácia-Lorena à França; Ceder as regiões ocupadas à Bélgica, Dinamarca e Polônia; Entregar as minas de carvão do Sarre à França;
Entregar suas colônias aos vencedores; Desmilitarizar a região da Renânia, que fica entre a Bélgica e a França; Entregar a maior parte da marinha de guerra à Inglaterra e Bélgica; Indenizar os Aliados, sendo a Alemanha considerada a única responsável pela Guerra; Ceder uma faixa de terra a Polônia, para que este país tivesse acesso ao mar (“Corredor Polonês”). Ainda durante a Conferência de Paris, o Presidente dos EUA, Woodrow Wilson apresentou os 14 pontos, cujo resultado foi a criação da Liga das Nações, com sede em Genebra (Suíça), que tinha por finalidade a paz mundial. Porém, devido aos interesses divergentes dos países-membros da Liga, a mesma acabou fracassando e não foi capaz de evitar, anos mais tarde, o início de um novo conflito. Os próprios EUA, com sua política isolacionista, acabaram saindo da Liga anos após a sua criação. A Rússia foi desprezada pelos novos acordos e teve seus territórios invadidos pelos antigos aliados.
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UNIDADE 4 O MUNDO ENTRE GUERRAS O mundo entre a Primeira e a Segunda Guerra – ou no intervalo da “Grande Guerra” que durou entre 1914 e 1945, como sugerem alguns historiadores – foi, sobretudo, um mundo de mudanças e marcado pela crise do liberalismo, seja ele no aspecto político ou econômico. A Primeira Guerra havia surgido por conta de uma crise econômica e pela busca de mercados; os governos passavam a ter que intervir na economia para reerguê-las; o capitalismo em crise deu espaço para o surgimento da primeira nação socialista do mundo, a Rússia, logo convertida em União Soviética. A nação que parecia sobreviver à toda crise, os EUA, logo se debateram com a Crise de 29, enquanto na Europa e em boa parte do mundo as democracias desapareciam, em especial com os regimes fascistas. Vamos acompanhar agora os principais eventos desse mundo em dificuldades, que logo viveria mais uma guerra (ou, pelo menos, o 2º round da Grande Guerra).
4.1. Revolução Russa No início do século XX, a Rússia ainda tinha como forma de governo o Czarismo (Autocracia ou absolutismo), baseado no direito divino dos reis e apoiado por uma vasta burocracia e pela Igreja Cristã Ortodoxa. Com mais de 170 milhões de habitantes, a Rússia tinha a maior população entre os países europeus, mas tinha 80% de sua população habitando o campo. Apesar de a servidão ter sido abolida em fins do século XIX, as terras eram muito caras e a maioria dos camponeses não tinha como adquiri-las. As atrasadas técnicas agrícolas não ajudavam a produção a se desenvolver. Dentro do sistema político russo estavam proibidos os partidos políticos (se existiam era na clandestinidade), sindicatos, greves, jornais de oposição. O império russo era também considerado a prisão dos povos, devido a grande quantidade de povos submetidos. Esses povos eram impedidos até de falar seu próprio idioma, sendo praticamente obrigados a adotar a cultura russa. Contra os judeus, por exemplo, eram realizados os pogroms (linchamentos), com a conivência das autoridades. A indústria russa nasceu dependente do capital estrangeiro. As fábricas que se montavam (metalurgia, mineração, etc.) dependiam de investimentos externos, uma vez que o Império Russo não apresentava uma classe social capaz desse tipo de empreendimento. No início dessa “Revolução Industrial” a classe operária que se formava, vivia e trabalhava em condições precárias, sem legislação trabalhista e com extensas jornadas de trabalho de mais de 14 horas por dia. Na luta por melhorias, os operários fundaram o Partido Operários Social Democrata Russo (POSDR), em 1898. Entre seus principais líderes encontravam-se Lênin [imagem ao lado] e Trotski. Em 1903 o partido dividiu-se em dois blocos, os Bolcheviques (queriam o socialismo imediato) e os Mencheviques (acreditavam que a Rússia ainda precisava amadurecer o capitalismo, para mais tarde criar o socialismo). O Ensaio Geral Revolucionário de 1905 Em 1904 o Império Russo entrou em guerra contra o Japão (Guerra Russo-Japonesa), disputando territórios na Manchúria e Coréia. Com a derrota, vieram problemas econômicos e críticas ao Czarismo. Enquanto isso, o povo faminto clamava pela ajuda do Czar, fazendo manifestações em São Petersburgo. A guarda pessoal do Czar acabou disparando fogo e matando dezenas de russos no episódio conhecido como “Domingo Sangrento” *imagem+ de 1905, que desencadeou uma série de revoltas de trabalhadores urbanos,
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[História II] camponeses e mesmo militares contra o governo. A revolta foi controlada quando as tropas derrotadas pelo Japão voltaram do extremo oriente e o imperador prometeu a criação da Duma (parlamento). Em meio a revolta, porém, nasceram os soviets, conselhos do povo, organizações populares que seriam a base da revolução de 1917.
A REVOLUÇÃO DE 1917 Em 1914, a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial. Porém, em pouco tempo, os russos perceberam seu atraso frente às potências imperialistas. Sofrendo pesadas derrotas na frente de batalha, o povo russo passava a pedir o fim do Czarismo. Assim eclodiu a Revolução Russa. A Revolução ocorreria em duas etapas: fevereiro e outubro, com a liderança dos mencheviques e bolcheviques, respectivamente. Revolução de Fevereiro (Mencheviques) - fase liberal-burguesa; - queda do Czarismo (cai Nicolau II); - Rússia é mantida na 1ª Guerra Mundial; - Lênin, dos Bolcheviques, lança as Teses de Abril (“Paz, Terra e Pão).
Revolução de Outubro (Bolcheviques) - fase socialista; - estatização das grandes empresas e início de reforma agrária; - Rússia sai da Guerra (Tratado de Brest-Litovski); - conflito interno – socialistas x contrarrevolucionários.
Lênin e a criação do socialismo Após ter sido instalado o regime socialista na Rússia, o país enfrentou uma violenta Guerra Civil (1917 – 21), entre o Exército Vermelho (Socialistas) e o Exército Branco (Contrarrevolucionários). O Governo de Lênin viuse obrigado a tomar conta de toda economia, confiscando a produção dos camponeses, para canalizar os recursos na guerra. Este período ficou conhecido como o Comunismo de Guerra, e é marcado pela nacionalização dos meios de produção, a requisição forçada das colheitas, o trabalho obrigatório, etc. NEP (Nova Política Econômica) Ao fim da Guerra Civil, em 1921, Lênin retrocedeu no controle da economia (“dar um passo atrás para avançar dois”) e permitiu a existência da pequena empresa privada e do comércio. Apesar disso, o Estado permanecia dono das grandes indústrias, dos bancos e das terras. A NEP permitiu um rápido avanço na economia e foi vista por muitas potências capitalistas como um processo de aproximação com o capitalismo. No campo político, o Partido Comunista mantinha-se no poder através do regime do Partido Único. Stálin e a ditadura socialista Em 1923 formou-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a Rússia e algumas regiões do antigo império russo. Tempos depois morreria o grande líder da Revolução, Lênin. O poder passou a ser disputado por Stálin e Trotsky. A grande diferença entre os dois é que Trotsky queria continuar expandindo a revolução (“revolução permanente”) e Stálin pensava em sedimentar o socialismo na Rússia para depois leva-lo adiante (“socialismo em um só país”). Stálin venceu a disputa dentro dos quadros do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), e governou de forma centralizada e autoritária até sua morte, em 1953. O ditador criou o culto a personalidade, perseguiu a oposição, criou campos de trabalho forçado e reforçou sua imagem e a do regime com as artes no “Realismo Socialista” [na imagem ao lado, Stalin colocado como guia do povo da URSS].
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4.2. Crise de 1929 Nos anos 1920, os Estados Unidos viveram uma prosperidade nunca antes vivenciada. Ao longo da Primeira Guerra Mundial haviam se tornado a maior economia do mundo e depois passaram por uma fase de crescimento e de muitas exportações que chamaram de “Anos Felizes”. A classe média se consolidava, as indústrias prosperavam e o American Way of Life se destacava. Aparentemente nada iria atrapalhar aqueles anos de ouro. Porém, a Europa estava em crise desde a Primeira Guerra Mundial e o crescimento dos EUA eram apenas aparentes, a Crise do Capitalismo Liberal e da Superprodução estariam logo atingindo o país.
A grande imagem da crise de 1929, que contrapunha a propaganda do “maior padrão de vida do mundo” do outdoor com a fila de desempregados.
EUA: a maior economia do mundo A Primeira Guerra Mundial consolidou os Estados Unidos como grande potência econômica do Planeta Terra. Uma nação que havia crescido territorialmente e economicamente ao longo do século XIX, um país com matérias-primas, mercados e com uma das maiores reservas de ouro do mundo. A entrada tardia dos EUA na “Grande Guerra” fez com que o país assumisse o papel de vendedor de produtos industrializados para o Velho Mundo, que chegou a voltar até 70% de sua indústria para a área da Guerra. Os EUA, que já desde 1913 era a maior economia do mundo, agora, terminada a Guerra em 1918 era, sem dúvidas, o centro econômico mundial e continuava crescendo, gerando mais produção industrial, mais empregos e mais renda, consolidando o modelo consumista do American Way of Life, com a venda de automóveis, eletrodomésticos e toda a sorte de produtos que a indústria americana – responsável por aproximadamente 50% de toda produção industrial do mundo – pudesse oferecer.
O “Laissez faire” O crescimento dos EUA se pautavam nas teorias do Liberalismo Clássico de Adam Smith, as teorias de não intervenção do Estado na economia, a ideia da liberdade de mercado e de investimentos do laissez faire (deixai fazer), onde a lei da oferta e procura deveriam regular a economia. Então, não havia uma orientação do governo para o crescimento econômico que acontecia. O que acontecia é que a desorganização do mercado europeu por conta da Primeira Guerra Mundial tinha sido favorável ao crescimento econômico dos norte americanos, que tinham empresas gigantes, fazendo crescer a produção rural e a venda de ações, no mercado financeiro. Esse crescimento desenfreado, porém, não cessou mesmo na metade dos anos 1920, quando a Europa reorganizava seu parque industrial. Isso levou o volume de exportações dos Estados Unidos começar a diminuir de forma significativa, porém muitos pensadores da época acreditavam ser uma crise passageira. A especulação financeira, com venda de ações continuava, enquanto o desemprego começava a ficar maior e o setor rural ficava com dificuldades (pois as indústrias diminuíam cada vez mais as comprar de matérias-primas. Os Estados Unidos, maior economia do mundo, viviam uma crise de superprodução e o governo nada fazia para impedi-la, acreditando no jogo do livre comércio, vindo das ideias de Adam Smith.
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[História II] A Grande Depressão 24 de outubro de 1929, a “quinta feira negra”, o dia em que a bolsa de Nova Iorque quebrou, levando a corrida milhares de acionistas que tentavam lucrar com suas ações e nada conseguiram; o dia em que milhares de empresas fecharam suas portas e 25% ou mais da população dos EUA ficou desempregada. O “Crash da Bolsa de Nova Iorque” inaugurou anos terríveis para a economia dos Estados Unidos e do mundo que só seriam superados, de fato, após a 2ª Guerra Mundial.
IMAGENS: trabalhadores desempregados e famintos na época da “Grande Depressão”
O “New Deal” Em 1932, assumiu a presidência dos EUA o Democrata Franklin Roosevelt, que iria colocar em funcionamento um plano econômico para tentar tirar os Estados Unidos da Crise, o New Deal (Novo Acordo), cujos pontos são:
Abandono do liberalismo clássico e adoção das ideias Keynesianas (Estado interfere na economia); Realização de obras públicas (hidrelétricas, estradas, etc.), absorvendo mãode-obra e desenvolvendo o país; Controle da Bolsa de Valores e dos bancos; Construção de casas populares e leis de proteção social; Empréstimos para agricultores e industriais, também houve auxílio no planejamento econômico.
Gráfico: Observe pelo gráfico que após o “craque” da Bolsa de NY os níveis de desemprego crescem exponencialmente, e a queda do mesmo se dá a partir do New Deal. Porém, note que no final dos anos 1930 temos uma nova recessão econômica, que volta a gerar desemprego. Podemos ver que, de fato, os problemas de desemprego dos EUA serão suplantados apenas depois do ataque japonês a Pearl Harbor (1941), quando os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial. Em síntese: os EUA precisaram da Primeira Guerra para se afirmar como grande potência econômica do mundo, e precisaram da Segunda Guerra para se reafirmarem como tal e organizar a economia após a crise.
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4.3. Fascismos Antes mesmo da Crise de 1929, surgiram movimentos nacionalistas, antiliberais e antissocialistas, os quais chamamos de Fascismos (ou Nazi-fascismo). Com a crise de 1929, os regimes fascistas (ou totalitários), ganharam mais força e chegaram ao poder em vários países. Na Itália, Mussolini já havia chegado ao poder no início dos anos 20. Na Alemanha, Hitler conseguiu o poder em 1933. Casos semelhantes iriam acontecer na Espanha, com o General Franco, e em Portugal, com Salazar. No Brasil, apesar de não podermos caracterizar o Governo Vargas como fascista, sabemos que este recebeu muita influência ideológica desses regimes. Fascismo na Itália Na Itália após a Primeira Guerra, surgiu o Partido Nacional Fascista (1921). Em 1922, depois de grande sucesso eleitoral, o Partido organizou a “Marcha sobre Roma”. Nesse movimento, milhares de fascistas foram às ruas manifestar contra a crise do capitalismo e o comunismo. O Rei Vitor Emanuel III acabou, após o episódio, nomeando Mussolini como seu Primeiro-ministro. Nas eleições de 1924 os fascistas ficaram com a maioria no Parlamento. A imprensa de oposição foi fechada e socialistas e comunistas perseguidos. Mussolini, o duce, incentivou a indústria bélica e a expansão colonialista. Em 1936,_ invadiu a Abissínia (atual Etiópia), começando uma política expansionista que era continuação do Imperialismo do século XIX. Nazismo na Alemanha Na Alemanha arrasada e humilhada pelo Tratado de Versalhes, surgia em 1919 o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista, de ideologia Nacional Socialista). Sob o comando de Hitler, o partido iria tentar um golpe em 1923, o putsch de Munique. Sem sucesso, Hitler acabou sendo preso (época em que iniciou a escrita da “bíblia” nazista, o Mein Kampf).. Em 1932, depois das eleições parlamentares em que os nazistas tiveram expressiva votação, o presidente Hindenburg nomeou Hitler como chanceler. Os nazistas chegavam ao poder. Em 1933, com a morte do presidente, Hitler assumiu o poder e adotou o título de führer (guia), anunciando a fundação do III Reich Alemão (Império). Partidos políticos foram fechados, a pena de morte foi estabelecida, a censura a imprensa também. Os judeus e outros grupos passariam a ser perseguidos e mandados para os campos de concentração. Em 1935 foi estabelecida uma pesada legislação antissemita nas leis de Nuremberg.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FASCISMOS
Totalitarismo; Ultranacionalismo; Militarismo; Massificação; Negação da luta de classes; Romantismo (negação da razão); Antiliberalismo; Partido único; Intervenção econômica em prol das empresas nacionais; Anticomunismo; Expansionismo
Além do Fascismo italiano e do Nazismo, outros regimes semelhantes surgiram, como o Salazarismo em Portugal e o Franquismo na Espanha. O Brasil chegou a ter um grupo político que muito se assemelhava aos fascismos europeus: a Ação Integralista Brasileira.
Guerra Civil Espanhola e o Ensaio Militar Nazista Em 1936, iniciou a Guerra Civil Espanhola, opondo os Republicanos da Frente Popular (que havia vencido as eleições) e os falangistas (oposição fascista), liderados pelo General Franco, que desejavam derrubar o governo, de tendências de esquerda (comunistas, socialistas, etc.). Quando estouraram rebeliões contra o governo em várias guarnições militares, a população foi as ruas para defender a democracia, iniciava a Guerra Civil Espanhola. Itália e Alemanha, governadas por Mussolini e Hitler, respectivamente, deram apoio ao General Franco, com armas, alimentos, assessores militares e tropas. Os Republicanos, por sua vez, receberam pardas ajudas. Formaram-se as Brigadas Internacionais, compostas por voluntários (intelectuais, operários, etc.) que iam para a Espanha para enfrentar os fascistas. Não adiantou, foi um massacre a favor dos Fascistas. Franco tomou o poder na Espanha. IMAGEM: Guernica é um painel pintado por Pablo Picasso em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris. Foi exposto no pavilhão da República Espanhola. Medindo 350 por 782 cm, esta tela pintada a óleo é normalmente tratada como representativa do bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco. Atualmente está no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madrid.
Leitura complementar: Os totalitarismos Regimes totalitários marcaram o mundo em meados do século XX, sendo marcados por serem regimes extremamente fechados e impositivos, que não só faziam vigilância econômica sobre uma nação como também controlavam os meios de comunicação de massa (uma das grandes “armas” desses regimes), estabeleceram regimes de partido único e um Estado policial. Os fascismos, italiano e alemão, são exemplos de regimes totalitários de extrema direita, mas o regime Stalinista da URSS também é classificado como totalitário, só que de esquerda. Enquanto Hitler permitiu a sobrevivência do capitalismo, incentivando empresas nacionais ou multinacionais parceiras do regime, Stálin impôs o socialismo, quebrando com a grande propriedade.
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UNIDADE 5 O MUNDO DA 2ª GUERRA
MUNDIAL E DA GUERRA FRIA Para o historiador britânico Eric Hobsbawn, o “breve século XX” (1914-91) foi a Era dos extremos, marcada, sobretudo pelo antagonismo capitalismo x socialismo. Em meio à Primeira Guerra Mundial nasceu o primeiro país socialista do Mundo, a URSS. Em uma das teorias sobre o período entre guerras, historiadores defendem que a ascensão do nazismo e fascismo tem a ver com o temor socialista por parte dos países capitalistas, que teriam preferido perder os modelos democráticos para se assegurar que os socialistas não chegariam ao poder. Sob essa ótica, a 2ª Guerra nasceu da perda de controle sobre Hitler, o “cão raivoso do capitalismo”, que deveria ter esmagado o socialismo mas também se voltou contra o Ocidente. Após a 2ª Guerra Mundial, a URSS, grande responsável pela queda do IIIº Reich, aparecia como uma potência mundial, agravando a luta socialismo versus capitalismo. Este último era defendido pela grande potência econômica do mundo do século XX, os EUA.
5.1. Segunda Guerra Mundial A indústria de armas foi uma das soluções encontradas por alguns países para buscar sair da crise. Ao mesmo tempo que gerava empregos, reforçava o poderio bélico das nações, que tinham fortes disputas ainda (existem historiadores que acreditam que a 2ª Grande Guerra é apenas uma continuação da 1ª, uma vez que as disputas imperialistas não haviam sido totalmente resolvidas). Hitler, buscando seu Lebesraum (Espaço Vital), desobedecia o Tratado de Versalhes e armava a Alemanha, inclusive na fronteira francesa. Assim, o mundo assistia a construção da mais devastadora guerra de nossa história, a 2ª Guerra Mundial. Antecedentes da Guerra:
Crise do capitalismo liberal; Questionamentos ao liberalismo político e a democracia; Ascensão de regimes totalitários com pretensões imperialistas (Alemanha, Itália); Armamentismo; Esvaziamento da Liga das Nações; Política de apaziguamento de Inglaterra e França para com Hitler; Isolacionismo Norte-americano; URSS isolada pelo “cordão sanitário” Expansão do pensamento socialista através de sindicatos e movimentos sociais; Alemanha, Hitler e busca pela recuperação econômica; Expansionismo alemão (“espaço vital” e construção do III Reich); FONTE: http://slideplayer.com.br/slide/2981129/ Enquanto Hitler se armava e iniciava tratados que visavam a expansão (como o Pacto de Aço, criando o eixo Roma-Berlim), as grandes nações
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[História II] europeias (Inglaterra e França) nada faziam. Historiadores acreditam que estes países esperavam uma guerra entre os fascistas e os comunistas ao leste. França e Inglaterra na verdade realizavam a política do apaziguamento esperando que Hitler esmagasse o grande inimigo do sistema capitalista na época: o comunismo soviético. Assim, Hitler foi incorporando territórios ao longo dos anos 30, tais como: 1936 – militarização da Renânia (fronteira com a França); 1938 – Anexação da Áustria, formando a união dos povos germânicos, a Anshluss; 1938 – Sudetos, região da Tchecoslováquia; 1939 – Invasão da Polônia (marca o início da Guerra).
Acordos Nazistas Na sua busca por poder, Hitler passou a se aproximar de regimes nacionalistas e com pretensões expansionistas como o seu. Foi aí que firmou o pacto de ferro com Mussolini e depois acabou por criar o Eixo Berlim-Roma-Tóquio, com vistas a evitar a expansão do comunismo. Contraditoriamente criou o Pacto Ribbentrop-Molotov (1939), mais conhecido como Acordo de não-agressão nazi-soviético, no qual firmava paz de 5 anos com Stálin e também negociava a partilha da Polônia, que logo foi invadida pela Alemanha. IMAGEM ADAPTADA DE: http://celeirodahistoria.blogspot.com/2012/05/pacto-de-nao-agressao-hitler-e-stalin.html
Avanços do Eixo Roma-Berlim
Em 1939, após a invasão da Polônia, França e Inglaterra declararam guerra ao III Reich A Itália entrou na Guerra ao lado dos alemães, formando o eixo Roma-Berlim. Em 1940, a luta de Guerra foi rápida e marcada pelo avanço do Eixo. Hitler ocupou a Dinamarca, a Noruega, a Bélgica e a Holanda. O avanço do nazismo contava com o Blitzkrieg, ataque relâmpago, que reunia o ataque em massa de forças terrestres, marítimas e aéreas. A França foi invadida em 1940. O norte capitulou e maioria de seus militares teve que fugir para a Inglaterra. O sul da França instalou um governo pró-nazista comandado pelo General Petáin. Da Inglaterra o general De Gaulle comandava a resistência francesa. Contra a Inglaterra, os nazistas lançavam sua poderosa aviação, a luftawaffe, na Batalha da Inglaterra. Em 1941, a Alemanha se voltaria para o leste e iniciaria a Operação Barbarrosa, atacando de surpresa a URSS.
Na imagem acima: a Polônia após ataque da Blitzkrieg nazista. À direita: Hitler conquista a França.
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[História II] Japão X EUA
O Japão, que já estava em Guerra contra a China desde 1937, aproximou-se da Alemanha e ocupou a Indochina. Preocupados com o avanço nipônico, os EUA suspenderam o comércio com o Japão. Em 1941, o Japão atacaria a base naval de Pearl Harbor, nos Estados Unidos [imagem ao lado], forçando o país a entrar na Guerra (apesar de os Estados Unidos terem assinados a Carta do Atlântico com os aliados meses antes, o congresso norte americano vinha vetando a participação direta do país na Guerra). Uma guerra bastante peculiar aconteceria: EUA e Japão digladiaram-se na luta pelo Pacífico. Alemanha X URSS
Na URSS, o avanço inicial alemão não significou facilidades. Depois da longa batalha de Moscou, sem a wermatch (forças militares alemãs) obter êxito (aliás, a primeira vez que os nazistas não obtinha seu intento dentro do conflito). Com isso, os alemães se voltaram para Stalingrado, a batalha que decidiu o futuro da Guerra e da humanidade. Os nazistas sitiaram Stalingrado e os soviéticos lançaram todas as forças para retomar a cidade que ficava numa importante região industrial e de acesso ao petróleo. Com o passar dos dias diz-se que a o quilometro foi substituído pelo centímetro e o mapa da batalha se tornou o próprio mapa da cidade. A conquista de uma casa podia durar semanas. Entre setembro de 1942 e fevereiro de 1943, os Soviéticos venceram o “invencível” exército de Hitler. Nos outros países dominados pelas forças alemãs, iniciava um forte movimento de resistência, através de guerrilhas e movimentos armados, normalmente liderados por comunistas. O Avanço Aliado
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IMAGEM ADAPTADA DE: http://professor.bio.br/historia/comentarios.asp?q=3840&t=
Em 1943, os aliados invadiram a Itália (com a participação dos pracinhas brasileiros, da Força Expedicionária Brasileira) e o Rei Vitor Emanuel III demitiu Mussolini do cargo de primeiro-ministro. Mussolini resistiu no norte da Itália, onde acabou sendo assassinado por guerrilheiros em 1945. Após Stalingrado, os soviéticos marchavam com todas as forças para cima do III Reich. Assim, a frente leste vinha sendo dominada pela URSS. Na África, os aliados, representados por forças anglo-americanas derrotavam os Afrika korps na Batalha de El Alamein. Em junho de 1944 a grande operação da 2ª Guerra mundial, para a reconquista da França, realizou-se a Invasão da Normandia, a Operação Overlord (ou “Dia D”). A partir da tomada da França, Hitler só via ruir seu império. O Exército Vermelho Soviético foi o primeiro a chegar em Berlim, dando o golpe de misericórdia no III Reich (1º de maio de 1945). Hitler havia se suicidado um dia antes.
[História II] O Japão não se entrega No oriente a luta continuaria por mais dois meses. Apesar da impossibilidade de vitória sobre os ocidentais, jovens japoneses formaram os grupos de kamikazes (vento divino) para se lançarem em ataques suicidas sobre o inimigo. No início de agosto de 1945, os norteamericanos, já tendo o domínio total do conflito, lançaram sua mais nova e mortal arma sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki: a Bomba Atômica. No dia 6 de agosto, o avião americano Enola Gay lançou a little boy, a primeira bomba atômica, sobre Hiroshima matando 125 mil pessoas. No 8 de agosto, era a vez de noventa mil pessoas morrerem em Nagasaki. Uma semana depois o imperador Hiroito foi ao rádio, pela primeira vez, anunciar a rendição. No 2 de setembro, a bordo de um navio americano ancorado na baía de Tóquio, emissários japoneses assinaram a rendição incondicional. Acabava a Guerra, mas FONTE: http://almocodashoras.blogspot.com/2013/04/67-aniversario-do-maior-ataque.html começava uma nova era: a do terror atômico. Balanço da Guerra A 2ª Guerra Mundial teve um custo superior a um bilhão e trezentos milhões de dólares, mais de trinta milhões de feridos e aproximadamente cinquenta milhões de mortos. Só a URSS perdeu mais de vinte milhões de pessoas, entre civis e militares. Tratados do pós-Guerra
Conferência de Yalta (1945) – discussão para a criação da ONU; divisão geopolítica do globo entre os aliados. Conferência de Potsdam (1945) – Criação do tribunal de Nuremberg para julgamento dos nazistas; divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação: Inglesa, francesa, americana (mais tarde República Federal da Alemanha) e soviética (posteriormente República Democrática Alemã). Conferência de São Francisco (1945) – Com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de promover a manutenção da paz e segurança internacional e busca da cooperação entre os povos.
Leitura complementar: O holocausto A palavra Holocausto, que em grego significa uma oferenda sacrificial completamente (holos) queimada (kaustos), e passou a ser usada no fim do século XX para designar a tentativa de exterminação de grupos pessoas "indesejadas" pelos nazistas alemães. Quando escrito na forma capitalizada, o termo Holocausto refere-se ao extermínio sistemático pelos Nazistas, de vários grupos que eles consideraram indesejáveis, durante a Segunda Guerra Mundial: principalmente os Judeus, mas também comunistas, homossexuais, ciganos, deficientes motores, deficientes mentais, prisioneiros de guerra soviéticos, membros da elite intelectual polaca, russa e de outros grupos eslavos, ativistas políticos, Testemunhas de Jeová, alguns sacerdotes católicos e protestantes, sindicalistas, pacientes psiquiátricos e criminosos de delito comum. Todos eles pereceram lado a lado nos campos de concentração e de extermínio, de acordo com extensa documentação deixada pelos próprios Nazistas (textos e fotografias), testemunhos de sobreviventes, perpetradores e de espectadores, e com registros estatísticos de vários países sob ocupação. O número exato de mortes durante o Holocausto é desconhecido, porém, estima-se que o número de Judeus assassinados no Holocausto atingiu cerca de 6 Milhões de pessoas.
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5.2. Guerra Fria
FONTE: http://fazendohistorianova.blogspot.com/2017/09/guerra-fria.html
Após o término da 2ª Guerra Mundial, o mundo se viu dividido em dois blocos opostos que haviam sobrevivido ao conflito. De um lado estavam os EUA, defensores do capitalismo, de outro estava a URSS, defensora do socialismo. Dentro da disputa destes dois opostos podemos compreender o que se passou na história desde 1945 até 1991 (ano da desagregação da União Soviética). Quadro Comparativo da Guerra Fria EUA URSS Política Doutrina Truman – o Presidente Harry TruKominform (Comitê de Informação dos Partimam proclamou-se contra o socialismo, dizen- dos Comunistas) - organismo para troca de do que os EUA os defensores da democracia. experiências e informações entre os partidos Macartismo - dentro dos EUA instalou-se um comunistas da Europa Oriental. Servia, em clima de insegurança contra a “ameaça comu- última análise, para que Moscou impusesse nista”. Liderada pelo senador Joseph MacCar- sua visão política. thy, iniciou-se uma política de verdadeira “caça Ditadura – O poder político na URSS se baseaàs bruxas”, dando a ideia de que qualquer va no Partido Único (PCUS), que impunha suas oposição era sinal de comunismo.. ideias políticas. Economia Plano Marshall (1948) – Os EUA lançaram um COMECOM – As nações socialistas formaram plano econômico para a reconstrução da Euum grande bloco econômico e de colaboração ropa, para evitar a expansão do comunismo. comercial. Militar OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Pacto de Varsóvia – Nasceu em 1955 com o Norte) – nascida em 1949, era uma aliança objetivo de fazer frente a OTAN, contando militar ocidental, com EUA, Canadá e os países com a URSS e os países do leste europeu (com capitalistas europeus, incluindo a Alemanha exceção da Iugoslávia). Ocidental. Armas Nucleares 1945 (Hiroshima e Nagasaki, no fim da 2ª 1949 (teste da primeira bomba atômica soviéGuerra Mundial) tica) Corrida espacial 1969 – lua (Neil Armstrong foi o primeiro ho1957 – Sputnik (1º satélite artificial) mem a pisar na lua, proferindo a frase: “um 1961 – Yuri Gagarin (1º homem a viajar no pequeno passo para mim, mas um grande espaço) passo para a humanidade”). Espionagem CIA KGB
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[História II] Economia de Mercado X Economia Planificada Uma das principais diferenças entre os países socialistas e os países capitalistas consiste na forma como suas economias são organizadas. Nos países capitalistas predomina a economia de mercado, enquanto nos países socialistas predomina a economia estatal planificada. Na economia de mercado, a maior parte da produção econômica (de bens e de serviços) provém das empresas privadas: fábrica, comércio, prestação de serviços controlados por cidadãos particulares. Os seja, são as empresas do setor privado que detém a maior parcela dos meios de produção. O Estado interfere na atividade econômica para regulamentar e atender setores como: energia, segurança, educação, saúde, etc. Na economia estatal planificada, a produção econômica é dirigida pelo Estado. As fábricas, o comércio e os serviços, são controlados por empresas estatais. Os trabalhadores são funcionários do Estado. Somente os Estado detém a propriedade dos meios de produção. Nesse sistema, a produção econômica do país é planejada por um órgão central do Estado, visando às necessidades sociais que esse órgão centralizador planejou. Não existe o produtor particular disputando, no mercado, a venda do seu produto. Entre dois sistemas opostos há uma variedade de sistemas econômicos mistos que buscam harmonizar, em diversas proporções, o setor privado (livre iniciativa) e o setor público (empresas estatais). COTRIM, Gilberto. História Global. 2002. Ed. Saraiva
AS ETAPAS DA GUERRA FRIA Existem algumas classificações e alguns marcos da Guerra Fria que podem variar de historiador para historiador, mas fizemos um apanhado com as principais etapas aqui. MARCOS DE INÍCIO - Algumas datas e fatos podem ser usados de referência para o início da Guerra Fria. Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki (1945) – sob o ponto de vista da corrida armamentista e do equilíbrio pelo terror, podemos considerar que aqui começa a Guerra Fria. Discurso da “Cortina de Ferro” (1946) – Apesar da expressão “Cortina de ferro” ter sido utilizada antes, mesmo por Churchill e Goebbels, a popularização da expressão se dá após discurso de Churchill em 1946, quando ele se referia ao leste europeu, “fechado por uma cortina de ferro”, na sua metáfora. Doutrina Truman (1947) – O presidente dos EUA, Harry Truman fez discurso ao senado e afirmou que iria combater o socialismo em qualquer lugar do mundo para defender a liberdade e a democracia. Guerra Fria Tradicional (1945-53) Nos primeiros anos tivemos a formação de alianças militares, a forte corrida de armas (tanto EUA quanto URSS passaram a ter armas atômicas), a formação de projetos ou blocos econômicos e a quase 3ª Guerra Mundial durante a Guerra da Coreia (1950-53) Coexistência Pacífica (1953) Em 1953 morreu Stálin, e seu sucessor Nikita Kruschev buscou uma política menos belicosa, promovendo o armistício de Pan Mujon para dar fim ao conflito nas Coreias. Anunciou que EUA e URSS tinham que buscar a coexistência sem disputas. Foi o primeiro governante da URSS a visitar os EUA. Detènte (Distensão) Nos anos 1960 varias conversações sobre armas nucleares foram feitas entre EUA e URSS, sobretudo após a Crise dos Mísseis de Cuba (1962). Foram realizadas as SALTS (sigla do inglês para “conversas sobre limitação de armas estratégicas). Em 1972, Nixon e Brejnev assinam um acordo que previa o congelamento por 5 anos do desenvolvimento e da produção de armas estratégicas. Deterrènce (intimidamento) ou Nova Guerra Fria Nos anos 1980, o presidente dos EUA Ronald Reagan reativa a corrida armamentista buscando uma política de intimidamento para a URSS que estava passando por uma crise interna. Em 1983 foi anunciado o “projeto Guerra nas Estrelas” (ao que tudo indica o nome é em homenagem ao filme de George Lucas).O presidente pretendia criar um sistema de satélites armados com canhões a laser para destruir mísseis enviados contra o país. Reagan também é conhecido por implantar medidas neoliberais nos EUA, fazendo uma politica de corte de investimentos em diversos setores como educação e saúde, mas não no campo militar.
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CRONOLOGIA DA GUERRA FRIA O Mundo passou por diversos eventos que tem relação com a Guerra Fria, desde conflitos indiretos como a Guerra do Vietnã ou a Guerra da Coreia, até o processo de descolonização de África e Ásia. Acompanhe alguns desses destaques. Ano Evento Fatos 1947 Independência - Nacionalismo Indiano – Influência de Gandhi – década 20 (desobediência civil e não violênda Índia cia). - Inglaterra concede independência através de aprovação do Parlamento. - Divergências políticas e religiosas – desmembramento político em Índia, Paquistão, Bangladesh e Sri Lanka. 1948 Criação do - Em 1947 a ONU havia previsto a criação do Estado de Israel e da Palestina. Estado de - Nacionalistas israelenses se antecipam a ONU e proclamam a criação de Israel. Israel (judeus) - Egito, Síria, Jordânia e Iraque invadem Israel, que incorpora parte da Palestina. 1949 Revolução - na 2ª G.M. – luta dos comunistas contra o Japão (desde 1937) Chinesa - Pós 2ª GM - Guerra Civil (1946-49): comunistas X nacionalistas - 1949 – Comunistas assumem o poder - Mao Tsé-tung – “via camponesa” para Revolução 1950 Guerra da - Pós 2ª Guerra: Coréia do Norte (socialista) e Coréia do Sul (Capitalista) -53 Coréia - 1950 – Norte invade Sul visando reunificação | Sul – apoiado pelos EUA / Norte – apoio chinês - 1953 – Tratado de Pan Munjon - paralelo 38 reconhecido como linha divisória entre Coréia do Norte (socialista) e Coréia do Sul (capitalista). 1953 Morte de Stá- - Novo dirigente soviético: Nikita Kruschev – propõe “Coexistência Pacífica”. lin 1954 Conferência de - Indochina descolonizada pela França; Genebra - Indochina dividida em: Laos, Camboja, Vietnã do sul (capitalista) e Vietnã do Norte (socialista) - Vietnã do Norte é socialista - Vietnã do Sul é capitalista, porém no sul houve a formação do Vietcongue (comunistas) 1955 Conferência de - Conferência Afro-Asiática; Bandung - Política de “não-alinhamento” na Guerra Fria para os países recém emancipados (era época do fim do neocolonialismo); - “Criação” do Terceiro Mundo (não-alinhados) 1959 Revolução - Cuba independente desde 1898 Cubana - EUA – Emenda Platt (interferência em Cuba) - 1952 – Ditadura de Fulgêncio Batista (pró-EUA) - Oposição à ditadura – Fidel Castro (movimento nacionalista) - 1953 – Ataque a La Moncada – Fidel Preso (anistiado em 1955) - Guerrilha de Sierra Maestra – Castro e “Che” Guevara - 1º/jan/59 – Guerrilha vence governo - Mudanças: - Reforma Agrária; Desenvolvimento do ensino; Controle da inflação; Nacionalização de empresas estrangeiras. 1961 Muro de Ber- Foi construído o muro que iria ser o símbolo da Guerra Fria. Por iniciativa do governo soviélim tico para evitar a fuga da população para a Berlim Ocidental (capitalista), o muro dividiu a capital alemã até 1989. 1961 Ataque a Baía - emigrados cubanos que haviam ido para os EUA são preparados pela CIA para um ataque à dos Porcos Baía dos Porcos para derrubada do governo de Fidel Castro. O ataque, feito na época do (Cuba) presidente John Kennedy, foi um fracasso. - Após o ataque Fidel realiza grande discurso onde se declara aliado da URSS (até então o governo cubano não era declaradamente socialista);
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[História II] 1962 Crise dos Mísseis de Cuba
1959 Guerra do – 75 Vietnã
1973 Eleição de Salvador Allende no Chile
1972 Deténte (distensão) 1973 Guerra do Yom Kippur
1979 Revolução Sandinista (Nicarágua) 1979 Revolução Islâmica no Irã 1979 URSS invade o Afeganistão
1980 Governo Rea- 88 gan nos EUA
1989 Queda do Muro de Berlim 1991 Fim da URSS
- Um dos momentos mais dramáticos da Guerra Fria, onde estivemos a beira de uma nova guerra. - Cuba iria servir de plataforma para mísseis soviéticos, o que gerou a ameaça de um ataque estadunidense à URSS. - A URSS desinstala sua base de mísseis de Cuba; os EUA retiram seus mísseis na Turquia. - Vietnã: Norte (socialista) x Sul (capitalista) - EUA: apoio ao sul – até 1963 enviou “consultores militares” - 1963 – assassinato do presidente do sul; - EUA: “Teoria do Dominó” – expansão comunista - 1964: EUA bombardeia Vietnã do Norte e enviou tropas para combater vietcongues no sul. - Armas Americanas: Napalm, Agente Laranja, Helicópteros - Armas Vietnamitas: Guerrilhas. Apoio soviético e chinês - 1973: Acordo de Paris – retirada dos EUA - 1975: Vietcongues tomam Saigon – Unificação dos Vietnãs sob o socialismo - Eleito Salvador Allende (Unidade Popular), com propostas socialistas - “Via Chilena” para o socialismo (via eleitoral) - Medidas de Allende: Nacionalização de empresas estrangeiras de mineração de cobre; intervenção do Estado na economia; Reforma Agrária; - Reação: Golpe Militar em 1973 – Pinochet (apoio: EUA) - Acordo entre URSS e EUA para diminuir armamento nuclear - Presidentes: Brejnev (URSS) e Nixon (EUA) - Plano SALT – Tratado de Limitação de Armas Estratégicas - dia do perdão para os judeus. - Egito e Síria atacam Israel, que recebe apoio imediato dos EUA. - vitória israelense. - Os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) elevam o preço do petróleo como forma de retaliação aos EUA. - Nasce a crise do petróleo. - FSLN – Frente Sandinista de Libertação Nacional derruba ditadura de Somoza - Inspiração: Augusto César Sandino – formou exército de camponeses para combater intervenção dos EUA (1920/30) - Oposição à revolução: “Contras” (patrocínio: EUA) - o Governo pró EUA do xá Rezah Pahlevi é derrubado. - instalado o governo fundamentalista e antiocidental do Aiatolá Khomeini. - O Afeganistão contava desde 1978 com um governo favorável à URSS. - Grupos islâmicos ameaçavam tomar o poder e estabelecer um governo fundamentalista, a exemplo do Irã. - A URSS invade o Afeganistão para garantir sua influência na região. - A guerrilha do Taliban, com o apoio dos EUA, inicia ataques aos soviéticos. - o Afeganistão é considerado o “Vietnã soviético” - Eleito Ronald Reagan como presidente dos EUA (dois mandatos consecutivos) - Política do intimidamento (deterrence) - retoma a corrida armamentista - Projeto “Guerra nas Estrelas” – defesa antimíssil dos EUA - Cai, por ordem do governo soviético, dentro da política de transformações da Era Gorbatchev, o Muro que foi símbolo da Guerra Fria - devido a problemas internos e a tentativa de reformas feitas por Gorbatchov, a linha dura do Partido Comunista tenta dar golpe e a URSS acaba se desagregando.
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[História II]
A QUEDA DA URSS Em 1985 Mikhail Gorbatchov assumiu o cargo de secretário do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), buscando fazer uma abertura gradual na política daquele país. Foi implementado um programa de reformas que provocariam transformações no mundo soviético e suas relações internacionais. A Perestroika (reestruturação) visava a reconstrução social e econômica da URSS, reduzindo gastos militares, interferindo menos nos países socialistas, diminuindo a corrida armamentista e investindo na produção, sobretudo dos bens de consumo. A Glasnost (transparência) expressava a vontade de acabar com os meios de repressão e do totalitarismo soviético, permitindo a liberdade de expressão e a livre opinião, etc. Resultado dessas políticas foi a queda do muro de Berlim (1989 – imagem acima) e o esgotamento do comunismo no Leste Europeu. Porém, os antigos burocratas do PCUS não estavam satisfeitos com as mudanças de rumo e planejaram um golpe em 1991. Contra este golpe levantou-se a resistência, liderada por Boris Yeltsin. Gorbatchov, que havia sido preso, foi libertado, mas a URSS acabou se desintegrando.
Leitura complementar: ANOS 60 E CONTESTAÇÃO ESQUERDISTA NOS EUA No mundo dos anos 60, milhares de jovens conscientes mostraram que não estavam dispostos a ser tratados como carneiros. Foi a década mais contestadora do século XX. O objetivo era atacar o establishment (sistema), ou seja, uma sociedade que produzia miséria, mentiras, violência, angústia. Contra a Guerra do Vietnã valia tudo: passeatas, ovos podres em cima dos políticos reacionários, todo mundo nu em frente a Casa Branca, camisetas com o lema “faça amor, não faça guerra”. Por incrível que parece muitos estudantes tornaram-se militantes de esquerda. Admiravam Che Guevara e Karl Marx. Sonhavam com uma república socialista nos EUA. Denunciaram a existência de milhões de americanos passando fome no país capitalista mais rico do mundo. Outros jovens acreditavam na não-violência e na vida espiritual, em oposição ao materialismo burguês. Seus heróis eram pacifistas como Gandhi, Tolstoi e Buda. Muitos se tornaram hippies. Roupas coloridas, homens de barba e cabelos compridos, moças lindas com flores no cabelo, violão, acampamentos, todo mundo tomando banho pelado no rio. Recusavam a sociedade de consumo e a família tradicional. Admiravam a cultura do Oriente, vestiam batas indianas, apreciavam a alimentação natural. Tinham muito a ver com os socialistas utópicos e com o anarquismo. Preferiam a natureza À fumaça das cidades, o rock ao barulho das metralhadoras, o sexo à violência da polícia, o amor à sociedade de consumo. As mulheres queimavam sutiãs em praça pública. O movimento feminista ganhou as ruas para dizer não ao machismo. Mulheres como a pensadora francesa Simone de Beauvoir apareciam nas manchetes dos jornais denunciando a opressão sobre as mulheres. Foi também a época da Revolução Sexual, quando os cabelos masculinos cresceram e as saias femininas encurtaram. Quebrar o tabu da virgindade era visto como uma forma de libertar as pessoas. A pílula anticoncepcional virou arma feminina na luta pelo prazer e pela autodeterminação. Os protestos antirracistas cresceram espetacularmente. Os negros recusavam-se a ser tratados como cidadãos de segunda classe. Afinal, em muitos lugares dos EUA eles ainda não votavam nem podiam frequentar certos ambientes. Um pastor chamado Martin Luther king liderou um vigoroso movimento nacional pelos direitos civis, em 1963 comandou uma marcha de 250 mil pessoas contra o racismo. Logo depois receberia o Prêmio Nobel da Paz. Foi assassinado em 1968. Desesperados, muitos negros aderiram a luta armada. Eram os tempos do Black Power. Grupos como os Black panthers e líderes como Malcolm X, defendiam a guerrilha contra o racismo. Levaram a extrema-direita à loucura. No final, porém, só serviram de pretexto para o FBI exterminar os militantes combativos. Como se vê, os anos 60 foram riquíssimos em energia e vontade de mudanças. Entretanto, muita coisa podre continuou existindo. O sistema era uma fortaleza mais sólida do que se pensava. Produziu hippies que vestiram terno e carregavam pastinha de executivo, feministas que viraram donas-de-casa, militantes revolucionários que entraram para o partido republicano, universitários brilhantes que viraram policiais... Adaptado de: SCHMIDT, Mário. Nova História Critica – Moderna e Contemporânea. Editora Nova Geração
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UNIDADE 6 BRASIL NA 1ª REPÚBLICA A Proclamação da República foi em boa parte resultado de uma aliança entre militares e cafeicultores. Estes dois grupos, porém, divergiam quanto à forma de governar o país, sendo possível identificarmos dois projetos de governo diferenciados: Projeto Republicano Liberal Defendido sobretudo pelos cafeicultores paulistas; Pregava a descentralização política e a autonomia dos estados; Baseavam-se no modelo norteamericano.
Projeto Republicano Positivista Tinha ampla aceitação entre os membros do exército; Visava a promoção do progresso dentro do pensamento da industrialização, de espírito ordeiro e com forte intervenção do estado; Baseavam-se nas ideias do Filósofo francês Augusto Comte.
Sendo necessidade de se consolidar a República e evitar uma reação monarquista, a opção política para os primeiros anos do novo formato de governo foi o da direção dos militares, dessa forma temos a República Velha dividida em dois períodos: República da Espada (1889-1894) – dos governos militares, e, República dos Coronéis (1894-1930) – dos governos civis ligados aos coronéis.
6.1. República da Espada Este período foi marcado pela consolidação da República no Brasil, em um período em que se destacam as propostas militares para o país, tais como o apoio a indústria e a centralização do poder político. O Governo Deodoro da Fonseca De início, sob forma de governo provisório (1889-1891), Deodoro implementou algumas medidas urgentes para a instalação da República, tais como: Extinção da Constituição de 1824; Extinção do Conselho de Estado e do poder legislativo em vigor (Senado, Câmaras); Banimento da Família Real do Brasil; Separação entre Igreja e Estado; Grande projeto de naturalização de estrangeiros que viviam no Brasil; Convocação de eleições para Assembleia Constituinte (setembro de 1890);
A Constituição de 1891 Em 1891 foi promulgada a nova Constituição Brasileira, a 1ª Republicana, cujas características básicas eram: Transformação do Brasil em República Federativa; Sistema de governo: Presidencialismo; Forma de Estado: Federalismo, possuindo estados-membro com grande autonomia; Divisão dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário; Voto Universal Masculino, aberto, exceto para analfabetos, mendigos, menores de 21 anos, padres e soldados. Disposição transitória: primeiro presidente eleito pela assembleia – escolha de Deodoro da Fonseca.
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A RENÚNCIA DE DEODORO Mesmo tendo sido escolhido pela maioria do Congresso, Deodoro não encontrava bases sólidas no poder legislativo, dominado pelos cafeicultores. Não conseguindo lidar com a oposição, o Presidente dissolveu o Congresso em novembro de 1891 e prendeu seus principais líderes. Contra o autoritarismo de Deodoro da Fonseca, os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil entraram em greve. Ao mesmo tempo o almirante Custódio Melo liderando a Marinha ameaçava bombardear o Rio de Janeiro, no episódio que ficou conhecido como Primeira Revolta da Armada. Diante da situação, Deodoro renunciava em 23 de novembro de 1891, assumindo seu cargo o vice-presidente Floriano Peixoto.
O marechal Floriano Peixoto havia sido escolhido vice de Deodoro, porém sem pertencer a mesma chapa. Floriano chegou ao poder apoiado pelas forças políticas paulistas e por setores das forças armadas. Entre as principais medidas de Floriano temos: Incentivo a Industrialização; Reforma bancária, proibindo os bancos particulares de emitirem dinheiro; Paternalismo: baixou preço da carne e dos aluguéis residenciais. Construção de casas populares;
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O GOVERNO FLORIANO PEIXOTO
Conflitos Políticos Conforme previa a Constituição, se o presidente da República fosse afastado ou renunciasse ao poder antes dos dois anos de mandato, uma nova eleição deveria ser feita. Acontece que Deodoro renunciou aos nove meses de governo e Floriano assumiu de forma inconstitucional. A oposição alegava que Floriano devia renunciar, porém, o mesmo enfrentou energicamente os opositores e ficou conhecido posteriormente como “Marechal de Ferro”, tendo sido um dos responsáveis pela consolidação da República. Os principais movimentos contra Floriano foram: a 2ª Revolta da Armada e a Revolução Federalista, no RS. Floriano acabou por abafar a revolta da Marinha e perseguir os federalistas gaúchos, fazendo com que a revolta ficasse restrita ao Rio Grande do Sul. Por ter tido sucesso no combate às revoltas, acabou sendo conhecido como o “Marechal de Ferro” e “Consolidador da República”.
6.2. República dos coronéis O Período da História do Brasil compreendido entre 1894 e 1930 é um período marcado pelo mando dos “Coronéis” no cenário político brasileiro. Através de acordos políticos, as várias oligarquias regionais dominantes mantinham-se no poder, usando de métodos por vezes bastante autoritários, como é o caso do “voto de cabresto” ou das fraudes eleitorais. Características: - Coronelismo - Clientelismo - Descentralização do poder - Ruralização
- “Voto de cabresto” - Fraudes eleitorais - “Política dos Governadores” - “Política do Café-com-leite” (SP/MG
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[História II]
A ECONOMIA NA REPÚBLICA DOS CORONÉIS Por muito tempo (em especial no 2º Reinado), as oligarquias cafeeiras tiveram o poder econômico, mas não tinham o poder político. Quando ocorreu a expansão da lavoura cafeeira, foi inevitável que os cafeicultores chegassem ao poder político. Em associação com os militares, esse grupo acabou por derrubar a monarquia e, após os governos militares, assumiu o poder político no Brasil. Porém, não deixa de ser curioso o fato que ao mesmo tempo em que assumiram o poder político, as oligarquias rurais viam suas bases econômicas serem corroídas. Os cafeicultores, porém, de tudo fizeram para evitar sua decadência econômica. Funding-Loan: Por volta de 1900, o café correspondia a mais de 50% do valor das exportações brasileiras, porém, seu preço apresentava queda, impossibilitando, dessa maneira, o pagamento da dívida externa. Campos Sales, eleito presidente em 1898, partiu para a Europa para negociar com os credores a dívida brasileira e acabou por acertar o Funding Loan, que estabelecia, entre outras coisas: Concessão de empréstimos para pagamento dos juros da dívida nos 03 anos seguintes; Prazo de 10 anos para pagamento da nova dívida; Combate à inflação, buscando estabilizar a economia do país; Convênio de Taubaté: Uma das causas da crise do café era a superprodução, não apenas interna, mas uma superprodução mundial. Em 1906, procurando uma saída para a crise, os cafeicultores se reuniram na cidade de Taubaté onde se combinou um plano de intervenção estatal na cafeicultura, o qual ficou conhecido como Convênio de Taubaté. Conforme o “Convênio”, os governadores dos 03 principais estados produtores de café (SP/MG/RJ) concordaram em comprar toda a produção cafeeira, vendendo para o mercado internacional conforme surgisse a demanda. A partir do governo de Afonso Pena, até pelo menos o governo de Artur Bernardes (1922-26) o governo federal também bancou a política proposta pelo Convênio de Taubaté. Para manter a política de valorização do café, o governo se obrigava a estar contraindo mais e mais empréstimos do exterior, além de incentivar a superprodução. A Exploração da Borracha: No início do século XX, a indústria se desenvolvia em vários países, isso acarretava uma grande demanda de matérias-primas. Historicamente fornecedor de matérias-primas, o Brasil agora encontrava na Borracha um produto de alta aceitação no mercado internacional. Explorada na região amazônica, a seringa da Havea brasiliensis, teve seu auge em 1910, quando representou 40% do valor das exportações brasileiras. Porém, o primitivismo da exploração fez a borracha brasileira perder mercado para a borracha produzida na Ásia com capital inglês. A borracha no Brasil se deu muito mais como um surto econômico.
6.3. A crise da Primeira República Desde o princípio a República enfrentou movimentos que poderiam desestabilizar o recém instalado governo. Alguns desses movimentos, entretanto, não tinham exata consciência transformadora e pautavam-se mais em questões imediatistas ou de caráter religioso, como foi o caso do Arraial de Canudos. Só nos anos 1920 teríamos movimentos com consciência de ruptura. Acompanhemos alguns desses principais movimentos. Revoltas da República Velha Formação do Arraial de Canudos, pelo líder messiânico Antônio Conselheiro, que Revolta de Canu- Bahia acreditava na volta de Dom Sebastião, o Sebastianismo, e a volta da monarquia no dos Brasil. (1893-97) Repressão do governo ao arraial por considerá-lo núcleo monarquista e uma ameaça à recém criada República. Contrariedade dos grandes fazendeiros da região que perdiam mão-de-obra, pois colonos iam viver no Arraial de Canudos, uma comunidade Cristã Igualitária.
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[História II] Revolta do Contestado (1912-16)
Paraná e Semelhança com Canudos, por possuir líderes messiânicos, no caso eram os Santa monges João Maria e José Maria. Catarina Líderes messiânicos agrupam sem-terras e desempregados em área em disputa judicial entre SC e PR – a área do “contestado”. Houve forte repressão governamental, inclusive com ataques da força aérea. Revolta da Vacina Rio de Revolta popular, em uma época de reforma urbana no Rio de Janeiro. A revolta Janeiro ocorreu, sobretudo devido à obrigatoriedade da vacina contra a varíola, imposta (1904) pelo governo e sob ordens de Oswaldo Cruz. Revolta da Chiba- Rio de Revolta da Marinha contra os castigos físicos, maus salários e condições precárias Janeiro na Marinha. Teve como líder João Cândido. ta Os marinheiros tomaram os principais navios de guerra do país e ameaçaram (1910) atacar a capital, forçando o governo a conceder seus pedidos. com a revolta houve o fim dos castigos físicos na marinha. Inspiradas sobretudo no anarcossindicalismo (sindicatos anarquistas). Revoltas Operá- - Sem definições ideológicas maiores (até os anos 20). rias “Questão social é caso de policia” (presidente W. Luis). Greve geral de 1917.
OS ANOS 1920 E O DECLÍNIO Na década de 1920 começaram a surgir vários movimentos que se opunham ao domínio das oligarquias tradicionais no cenário político. Dentre esses movimentos destacamos a ação das Oligarquias Dissidentes, o Tenentismo, a Semana da Arte Moderna e a Revolução de 1930. As Oligarquias Dissidentes Enquanto os grupos oligárquicos hegemônicos dominavam o cenário, muitos grupos começavam a contestar esse domínio, sobretudo por que o grupo que estava no poder político já não tinha o mesmo poderio econômico do início do período republicano. Grupos de coronéis do RS e do Nordeste também almejavam o poder e cada vez mais contestavam a política do Café-com-Leite. O Movimento Tenentista O exército também passava a contestar o jogo político da República Velha. Embasados ainda nas teorias positivistas, os jovens oficiais pregavam mudanças na estrutura política brasileira. Eis algumas das principais características do Tenentismo: Moralização Política (fim das fraudes); Voto Secreto; Centralização política; Ensino obrigatório; Elitismo; Simpatizantes: classe média. O movimento Tenentista foi responsável por fortes abalos na República dos Coronéis, na ocasião da Revolta do Forte de Copacabana (1922), da Revolução de 1924 e da Coluna Prestes (1925-27) [no box da próxima página].
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[História II]
A Coluna Prestes No RS, unidades do exército comandadas por Luís Carlos Prestes, eram reprimidas e se retiravam indo ao encontro da Coluna Paulista. Em abril de 1925, gaúchos e paulistas se encontraram no Paraná, formando a Coluna Prestes. Depois de retirada estratégica para Argentina e Paraguai, a Coluna Prestes avançou pelo MT rumo ao interior do Brasil. A coluna fez nascer um mito em torno de Luís Carlos Prestes, o “Cavaleiro da Esperança”, como ficou conhecido pelos adversários das oligarquias. Por dois anos a Coluna Prestes se manteve combatendo pelo centro e nordeste brasileiro. Em 1927, os sobreviventes, menos da metade dos 1500 originários, se retiraram para a Bolívia. A Semana da Arte Moderna No mês de fevereiro de 1922, em São Paulo, inaugurava-se o Modernismo no Brasil, criticando a submissão às correntes culturais europeias e às desgastadas fórmulas artísticas em moda. A contradição desse movimento cultural estava em buscar o rompimento com os modelos culturais estrangeiros e, ao mesmo tempo, ter bases nos padrões vanguardistas europeus. No Brasil, o modernismo nos anos 1920 apresentou duas principais vertentes: Movimento Antropofágico e Verde-amarelismo. Ao lado, a obra “os operários”, de Tarsila do Amaral, feito tempos depois da Semana da Arte Moderna, em 1933. A Revolução de 1930 A Revolução de 30 se insere no seguinte contexto Crise de 1929 (EUA); Nas eleições de 1930, rompia-se a política do Cafécom-Leite; Washington Luís indica para sucessão presidencial o também paulista Júlio Prestes; Mineiros formam Aliança Liberal, com RS e PB, cujo candidato a presidência foi Getúlio Vargas; Apoio à Aliança Liberal: Oligarquias dissidentes, classe média, “tenentes”, burguesia industrial; Vitória Eleitoral: Júlio Prestes; Assassinato de João Pessoa (candidato a vicepresidente de Getúlio Vargas) – estopim da revolução de 1930; Revolução de 1930 – Fim da República Velha;
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[História II]
UNIDADE 7 BRASIL NA ÉPOCA POPULISTA Dos anos 1930 até os anos 1960 o Brasil mergulhou na política populista. Na verdade, não só o Brasil, mas diversos países da América Latina tiveram esse estilo político marcando seus governos. No Brasil o grande destaque foi Getúlio Vargas (mas podemos incluir quase todos os presidentes de 1930 até 1964 no grupo dos populistas), na Argentina destacou-se Juan Domingo Peron e no México Lázaro Cárdenaz. Mas afinal, o que foi esse estilo político que marcou nosso subcontinente em meados do século passado? Vamos tentar uma definição. Populismo. Estilo político que marcou a América Latina no período após a Crise de 29, marcado por governantes carismáticos de forte discurso nacionalista que conduziam um processo modernizador em seus países, alterando a tradicional economia agroexportadora e valorizando a indústria. Eram normalmente representantes da elite, adotando uma postura anticomunista e controlando as massas para evitar convulsões sociais numa época de transição das economias rurais para economias urbanas.
7.1. A Era Vargas (1930-45)
O Governo Vargas, de 1930 a 1945, é dividido em 03 fases: Governo Provisório (1930-34); Governo Constitucional (1934-37); Governo Ditatorial – Estado Novo (1937-45).
Características Gerais: Centralização Autoritarismo Modernização Indústria de base “Industrialização por substituição de importações” Diversificação produtiva Nacionalismo Trabalhismo Populismo
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FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=2WtZWBR5prU
Em 1930 iniciou-se um novo período na História Brasileira. Trata-se de um período em que uma nova elite, liderada pelo político gaúcho, Getúlio Vargas, chegava ao poder. Não era o fim da dominação dos ricos sobre os pobres, antes, se tratava de uma reorganização do poder político entre as elites. Nessa fase, a economia brasileira vai se adequar à nova conjuntura econômica internacional, marcada pela Grande depressão e pelo surgimento de propostas intervencionistas do Estado na Economia, como o caso estadunidense do New Deal ou pelo intervencionismo Fascista surgido na Europa. Para se adequar a nova realidade, o Brasil passou por um processo de industrialização e diversificação produtiva. O grande responsável pelas transformações políticas seria Vargas, que ficou no poder entre 1930 e 1945 e voltaria na década de 1950.
[História II]
A) GOVERNO PROVISÓRIO (1930-34)
Aglutinação de forças Forças sociais – oligarquias dissidentes, classe média, setores da burguesia urbana. Industrialização por substituição de importações dissolução do Congresso Nacional, das Assembleias estaduais e das Câmaras Municipais; Nomeação de interventores estaduais; Criação dos ministérios: do Trabalho, Indústria e Comércio; e da Educação e Saúde; Controle dos meios de comunicação e dos sindicatos; Código eleitoral de 1933 – voto secreto, feminino. FONTE: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Revolucao1932
A Revolução Constitucionalista de 1932 Com a Revolução de 1930, São Paulo perdera sua hegemonia política sobre a nação, sendo o próprio governo estadual controlado por Getúlio (interventor). Em 1932, tentando retomar o poder, os paulistas desencadearam um movimento revolucionário. Quando Getúlio nomeou como interventor de São Paulo o militar pernambucano João Alberto Lins de Barros, os ânimos se acirraram. Os partidos paulistas (Partido Democrático e Partido Republicano Paulista) se uniram na Frente Única. A Frente Única exigia a autonomia política para São Paulo e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para o país, uma vez que a constituição de 1891 tinha sido declarada extinta em 1930. Surgiu ainda o MMDC, movimento em homenagem a quatro jovens mortos em confrontos com o governo, a saber: Martins, Miragaia, Drausio e Camargo. Devido à pressão que sofreu, Vargas nomeou como interventor do estado um paulista e marcou data para a eleição da Assembleia Nacional Constituinte, que faria a nova Constituição. Constituição de 1934
Manutenção da República Federativa Separação dos poderes Eleição direta Voto universal secreto Voto feminino Direitos para os trabalhadores: salário mínimo, jornada de 08 horas, descanso semanal, férias remuneradas, indenização por demissão sem justa causa, proibição do trabalho para menores de 14 anos. A assembleia nacional Constituinte também elegeu o presidente da República. Getúlio Vargas foi confirmado no poder, assumindo como presidente constitucional.
B) GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-37) O período em que Getúlio esteve no governo de forma constitucional foi marcado pelo surgimento de duas correntes político-ideológicas antagônicas, que refletiam no cenário brasileiro o conflito europeu entre fascistas e socialistas.
Ação integralista Brasileira (AIB) 1932 Fascismo brasileiro Repúdio a Democracia Liberal Anti Comunismo Principal representante – Plínio Salgado Verde-amarelismo - nacionalista Estado forte (submissão do indivíduo)
Aliança Nacional Libertadora (ANL) 1935
Frente ampla com comunistas à frente Antifascista e anti-imperialista Suspensão da dívida externa Nacionalização das empresas estrangeiras, defesa das liberdades individuais, reforma agrária. principal nome: Luís Carlos Prestes
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[História II] Intentona Comunista (1935) Os comícios da ANL, tendo Prestes à frente, levavam milhares de pessoas às ruas. Essa situação fez com que Prestes, o PCB e a III Internacional (reunião dos partidos comunistas do mundo, sob orientação soviética) vissem uma possibilidade de fazer uma revolução capaz de derrubar Getúlio. Em 07 de julho de 1935, prestes divulgou um manifesto onde defendia a Revolução e a luta armada. A revolução estava planejada para o início de 1936, porém, o movimento que se deu em Natal, Rio Grande do Norte, precipitou-a. Houve ainda uma tentativa de sublevação em Recife. Ambas as tentativas de tomada do poder fracassaram. No Rio de Janeiro, Prestes organizou, sem sucesso, um levante militar. Na tarde de 27 de novembro, todos os revolucionários já haviam se entregado. Prestes e seus seguidores foram presos e o governo Vargas deu início a uma forte repressão política. Em meio a Intentona, ficou famoso o caso de Olga Benário, espiã soviética de origem alemã que veio ao Brasil para auxiliar no processo revolucionário. Olga (na imagem, indo prestar depoimento) teve um romance com Luis Carlos Prestes e acabou engravidando. Depois do fracasso da Intentona, foi deportada para a Alemanha nazista, onde faleceu, mas antes viu nascer sua filha Anita. Enquanto isto, Prestes amargurou 10 anos de prisão, a maior parte do tempo na solitária. A caminho da ditadura Usando a insurreição comunista como pretexto, Vargas suspendeu a Constituição de 1934. Aproximando-se dos Integralistas, o presidente criou vários casos de “ameaças comunistas”, criando na população o pensamento da necessidade de um governo forte. Com a criação do suposto plano Cohen, falso plano comunista de tomada ao poder, Vargas criou bases para dar um golpe de Estado e tornar-se ditador.
C) ESTADO NOVO (1937-45) O Golpe - 1937 – suposto plano comunista para assumir o poder no Brasil – Plano COHEN Constituição Polaca (1937) Tão logo assumiu o poder, Vargas outorgou uma nova constituição à nação: a Constituição Polaca, de forte inspiração fascista, que daria o tom do novo momento vivido pelo Brasil: a Ditadura Varguista. Entre as características da Constituição de 1937, destacamos: Centralização do poder nas mãos do presidente, com a extinção do cargo de vice-presidente a possibilidade do presidente legislar; Fim do federalismo, com a imposição de um centralismo político e o fim das autonomias estaduais. Os estados passariam a ser governados por interventores nomeados pelo governo central; Controle do governo sobre a imprensa e as manifestações públicas; Estabelecimento da pena de morte para crimes políticos; Extinção dos partidos políticos. FONTE: https://imagohistoria.blogspot.com/2017/05/charges-historicas-era-vargas-plano.html
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[História II] Características Políticas do Estado Novo: Centralização política, fortalecimento do poder dos governadores (interventores); Ampliação da Lei Trabalhista, com a criação da CLT (1937), com intenção de controlar as massas; Atualização do salário mínimo, jornada de 44 horas, carteira profissional, férias remuneradas, etc... Surgimento dos “Sindicatos Pelego” – sindicatos atrelados ao Estado para promover a propaganda próVargas; Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), para controlar os meios de comunicação em massa, impondo a censura e fazendo a propaganda do regime em programas como “A Hora do Brasil”; Crescente burocratização e criação do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Nascimento da Polícia Secreta, coordenada por Filinto Muller, responsável pela repressão aos inimigos do regime de Vargas. As bases da estabilidade do Estado Novo Conjuntura internacional (Guerra; ascensão do fascismo) favorecia a expansão industrial nacional. O apoio da burguesia industrial e agroexportadora e de boa parte das oligarquias latifundiárias, que se beneficiavam com a política governamental. apoio das classes médias urbanas, tranquilizadas pela repressão ao comunismo e beneficiadas com a ampliação dos empregos. apoio do alto comando do exército, que tinha acesso às decisões governamentais. desorganização das camadas populares, com a repressão policial e a criação das leis trabalhistas, que traziam o apoio dos trabalhadores urbanos. controle da propaganda nacional através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Investimentos maciços do Estado em obras, como é o caso da Cia. Vale do Rio Doce (CVRD) e a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), com a Usina de Volta Redonda. Além dessas empresas, Vargas investiu na Fábrica Nacional de Motores, na Indústria Química e iniciou a construção da CHESF (Cia. Hidrelétrica do São Francisco – que foi inaugurada no governo de Eurico Dutra). Como ditador Vargas assume de vez o esquema político denominado populismo. Com suas concessões ao povo como as Leis Trabalhistas e o Ministério do Trabalho ele conseguira manter os sindicatos sob a tutela do governo. Assim, conseguia influir na opinião pública, apresentando o Estado como benevolente mediador dos conflitos trabalhistas. Getúlio concentrou quase todo o poder em suas mãos. Tentou atender aos interesses dos grandes proprietários de terra e dos industriais ao mesmo tempo que concedia aos trabalhadores algumas de suas reivindicações como o salário mínimo. O Brasil vai à Guerra Em 1939 iniciou a 2ª Guerra Mundial e Vargas tinha uma grande simpatia com o regime de Hitler (além de guardar grandes semelhanças com o regime alemão). Não só a simpatia política pesava, mas também o volume de exportações para a Alemanha era significativo, se equiparando ao que se exportava pra os EUA. Vargas soube, porém, se colocar em neutralidade no conflito até que os EUA – na época adotando a “Política da Boa Vizinhança – concederam empréstimos ao presidente brasileiro para que este pudesse investir na Cia. Siderúrgica Nacional. Desse modo, Vargas se comprometeu com os EUA, para quem estava exportando quantidades significativas de borracha e algodão por ocasião do conflito. Em 1941, o Brasil cedeu uma base aérea no Rio Grande do Norte para os EUA poderem usar a América do Sul como “trampolim” para atacar as forças do Eixo no norte da África.
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[História II] Em 1942, submarinos nazistas atacaram navios comerciais brasileiros no litoral baiano. Apesar de tentar esconder o ataque do grande público, a notícia veio à tona e manifestações populares em todo o país [na imagem acima] fizeram com que Vargas declarasse guerra ao Eixo. Em 1943 o Brasil participou da Guerra com a FAB (Força Aérea Brasileira) e a FEB (Força Expedicionária Brasileira), esta última contando com mais de 25.000 homens que participaram da Campanha da Itália sob o comando militar dos EUA e ajudaram a derrubar o fascismo e o nazismo naquele país. Abertura democrática Com o envolvimento do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado dos aliados, ficava difícil e contraditório para Getúlio manter-se no poder de forma ditatorial, uma vez que lutava contra as ditaduras fascistas. O fim da 2ª Guerra trouxe o fortalecimento dos grupos liberais (antiditadura) e Getúlio teve que acabar cedendo. Permitiu a existência de partidos políticos e marcou eleições para a sucessão presidencial. Queremismo Com as eleições se aproximando, houve um movimento popular liderado pelo PTB e pelo PCB para que Getúlio permanecesse no poder. Tendo como lema “queremos Getúlio” este movimento ficou conhecido como Queremismo. Porém, a oposição, receosa de que Getúlio se mantivesse no poder, obriga o mesmo a renunciar. Nas eleições presidenciais se elegeria Eurico Gaspar Dutra.
7.2. Democracia e populismo (1946-64) Entre 1945 e 1964, a República brasileira viveu uma fase onde prevaleceu a democracia liberal, com o retorno dos governos eletivos. Do ponto de vista político continuamos a observar as praticas populistas adotadas por Vargas no período anterior. O período também corresponde ao imediato pós-Guerra e a construção da ordem internacional baseado nos sistema de bipolarização política-ideológica-econômica da Guerra Fria. Nessa época vamos assistir ao confronto de diferentes projetos de desenvolvimento para o Brasil e América Latina. Dentre essas propostas, destacaram-se sobretudo as ideias nacionalistas e as ideias liberais. Os Nacionalistas defendiam que o país deveria buscar um desenvolvimento autônomo, sem a abertura ao capital estrangeiro enquanto os liberais acreditavam ser impossível tal desenvolvimento, sendo necessários os investimentos externos capitalistas.
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Em 1960, o JK inaugurou Brasília.
[História II]
GOVERNO DUTRA (1946-51) A grade marca do Governo do general Eurico Gaspar Dutra é o alinhamento do Brasil ao lado dos Estados Unidos no cenário da Guerra Fria. Liberalismo não-intervenção do Estado na economia; abertura ao capital estrangeiro; Rompe relações com a URSS; Fecha PCB; Intervenções nos sindicatos; Proibição da greve nos “serviços essenciais”; Economia: Plano SALTE A Constituição de 1946 - Junto com o novo período vinha também uma nova constituição para o país, a mais democrática de até então. Os pontos básicos da Constituição de 1946 são os seguintes: Volta da democracia, Voto secreto e universal (exceto para analfabetos, cabos e soldados); 3 poderes; Leis trabalhistas; Mandato presidencial de 05 anos; Corporativismo Sindical; proibição de greves em setores estratégicos.
GOVERNO VARGAS (1951-54) Vargas voltou ao poder, desta vez pelo voto direto. Seu governo foi marcado pelo apelo nacionalista e pelas práticas populistas. Nacionalismo: Eletrobrás / Petrobrás; Lei dos lucros extraordinários (vetada); Aumento de 100% no salário mínimo; Oposição: UDN / Carlos Lacerda; Atentado de Toneleiros (05/08/54): Rubens Vaz é morto e Carlos Lacerda fica ferido [na próxima pagina]; Suicídio de Vargas
As oposições se articularam, principalmente dentro das forças armadas, exigindo-lhe a renúncia. Pressionado, vendo desaparecer todo o apoio político de que dispunha e perante a eminência de um golpe, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração nas primeiras horas da manhã de 24 de agosto de 1954. Vicentino, Cláudio e Dorigo, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione, 2001.
Governos de Transição (1954-56) Café Filho – afasta-se por problemas de saúde. Carlos Luz – deposto por golpe preventivo de Henrique Lott. Nereu Ramos – governa até JK assumir
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[História II]
GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-61) O Governo JK, como era conhecido Juscelino Kubitschek, foi marcado pela tranquilidade política e pela modernização do país; “50 anos em 5”; Tranquilidade política; Prosperidade econômica; Nacionalismo associado com o capital internacional; Economia: Plano de METAS Energia, Transporte, Industria, Educação e Alimentação; Construção de Brasília; Indústria Automobilística (GEIA); Indústria Naval (GEICON); Rodovias - Belém-Brasília; SUDENE A indústria desenvolveu-se a passos largos e novos produtos começaram a ser fabricados no Brasil. Nos anos 1930, havia-se desenvolvido a indústria leve, de bens de consumo não-duráveis (têxteis, alimentos), quase sempre em mãos privadas, e, nos anos 1940, a indústria pesada, de base (aço, mecânica), em mãos do governo. Durante a presidência nasceu e fortaleceu-se a indústria de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos), quase sempre em mãos de empresas multinacionais. Assim, o modelo de industrialização por substituição de importações, implantado primeiramente na República Velha, durante a Primeira Guerra Mundial, se consolidava. Desse modo, por volta de 1960, os principais produtos importados pelo Brasil (petróleo e trigo) não eram itens industrializados. Vicentino, Cláudio e Dorigo, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione, 2001.
GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961) Em 1961 foi eleito para presidente Jânio Quadros, um dos mais típicos representantes do discurso populista. Tendo apoio da UDN e como vice-presidente João Goulart (PTB), Jânio permaneceu apenas por 07 meses no governo, onde destacamos os seguintes pontos: Política externa independente; Aproximação com a URSS e a China Comunista; Condecoração de Che Guevara; Ação Moralizadora; Proíbe uso dos biquínis; Proíbe corrida de cavalos em dias úteis; Proíbe o uso de lança-perfumes; Aumento da inflação e crescimento da dívida externa; 25/08/61 renuncia - “forças terríveis”
GOVERNO JOÃO GOULART “JANGO” (1961-64) No momento da renúncia de Jânio, o seu vice-presidente, João Goulart, o “Jango”, encontrava-se em viagem de negócios na China Comunista. A oposição, temendo as ideias “esquerdizantes” de Jango pronunciou pela impossibilidade de Jango assumir o governo. Jango assumiria o poder, sobretudo devido a ação do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Brizola comandou o movimento da legalidade. Deputados e senadores aceitaram a posse de Goulart, mas impuseram uma exigência ao mesmo: o Parlamentarismo.
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[História II] 1) Parlamentarismo (1961-63); A solução encontrada para a posse de Jango foi a criação do regime parlamentarista, criado através de um Ato Adicional à Constituição de 1946. 2) Presidencialismo (1963-64); Em janeiro de 1963 foi realizado um plebiscito que restabeleceu o presidencialismo. Nesta fase destacamos: Plano Trienal ministro Celso Furtado – buscava retomar o crescimento econômico; Lei de remessas de lucros; Reformas de Base – no Comício da Central do Brasil [imagens abaixo] Apoio: UNE, CGT, Ligas Camponesas; 13/03/1964 Comício da central do Brasil; Contra o governo: ESG, IBAD, IPES; 19/03/1964 “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” - SP. 31/03/1964 – inicia golpe militar.
Leitura complementar: Golpe derruba o Presidente João Goulart e instaura a ditadura militar no Brasil Um movimento político-militar derrubou o presidente João Goulart em 31 de março de 1964, iniciando uma ditadura militar que se estenderia até 1985. Desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961, o Brasil vivia um clima de tensão. O vice, João Goulart, assumiu a presidência. Com Jango no poder, estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço no cenário político brasileiro, preocupando as classes conservadoras, como empresários, banqueiros, a Igreja Católica, militares e a classe média. Na época, acontecia a Guerra Fria, e diante disso os EUA e os conservadores temiam que o Brasil se alinhasse com a URSS e passasse a seguir tendências comunistas. Os partidos de oposição a Jango, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), o acusavam de estar planejando um golpe esquerdista e de ser o responsável pelos problemas que o Brasil enfrentava. No dia 13 de março de 1964, João Goulart realizou um grande comício na Central do Brasil (RJ), onde defendeu as Reformas de Base e prometeu mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. Menos de uma semana após o comício, os conservadores organizaram um protesto que reuniu milhares de pessoas pelas ruas de São Paulo, contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. A crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. Em 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saíram às ruas. Evitando uma guerra civil, Jango deixou o país, refugiando-se no Uruguai. Os militares finalmente tomaram o poder. Logo após o golpe, foi estabelecido o AI-1, que dava ao governo militar o poder de alterar a constituição, cassar mandatos legislativos, suspender direitos políticos por dez anos e demitir ou aposentar compulsoriamente qualquer pessoa que fosse contra a segurança do país, o regime democrático e a probidade da administração pública. O AI – 1 também determinava eleições indiretas para a presidência da República. A ditadura militar no Brasil durou até 1985. Foi marcada pelo cerceamento à liberdade de expressão, inclusive de imprensa, censura prévia, perseguição política, prisões arbitrárias e tortura. IN: http://www.igeduca.com.br/biblioteca/que-dia-e-hoje/golpe-derruba-o-presidente-joao-goulart-e-instaura-a-ditadura-militarno-brasil.html
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[História II]
UNIDADE 8 O BRASIL DA DITADURA
MILITAR AOS NOSSOS DIAS O século XX no Brasil não viu muito espaço para a democracia. Na República Velha ela foi praticamente uma farsa, pois os coronéis e sua manipulação eleitoral tornaram todo o processo falho. Quando Vargas esteve no poder entre 1930-45 viram-se apenas suspiros democráticos. O país só iria conhecer a democracia, não entendida apenas como “voto”, mas sim como participação popular, organizações vindas de baixo, inclusão, próximo da metade do século. Mesmo assim esse período foi breve e interrompido em 1964 por uma violenta ditadura que deixa seus resquícios até hoje. O regime militar durou 21 anos. Depois disso se lutou e muito se tem lutado para se construir uma verdadeira democracia no Brasil, não só com liberdade de expressão, organização, voto, religião, mas também com acesso, dando voz às demandas da maioria e dando ao povo o poder que é do povo.
8.1. Ditadura civil militar (1964-85) TEXTO I - Sociólogo Herbet de Souza “(...) em 64 a Nação recebeu um tiro no peito. Um tiro que matou a alma nacional. (...) Os personagens que pareciam fazer parte da história brasileira ou da História do Brasil como nós imaginávamos, estes personagens de repente sumiram. Ou fora do poder, ou presos ou mortos. E em seu lugar surgiram outros, que eu nunca tinha visto. Idiotas que nem mereciam ser notados. De repente, eles eram mais do que donos do poder, eram donos da realidade! Ai me veio a percepção clara de que o Brasil tinha mudado para sempre. (...) Havia sido cometido um assassinato político. Ali morreu um país, morreu uma liderança popular, morreu um processo. Uma derrota política da qual você jamais vai se recuperar nos mesmos termos. (...) Não se matam somente as pessoas, também se matam os países, os processos históricos.”
TEXTO II - Editorial do Jornal O Globo de 1º de abril de1964 Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez. Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.
CARACTERÍSTICAS DO REGIME MILITAR - Autoritarismo, centralização e fortalecimento do poder do presidente - Atos Institucionais (AIs) – decretos-lei sem aprovação do Congresso - Eleições indiretas – a população escolhia membros do legislativo e estes escolhiam o executivo - Bipartidarismo – com a ARENA (partido favorável aos militares) e MDB (oposição leve) - Aparelho repressor, com censura na comunicação, espionagem, prisões, perseguições, tortura e mortes - Abertura econômica – aproximação com países capitalistas no contexto da Guerra Fria - Propaganda do regime – com “Milagre Econômico”, grande crescimento do PIB até início dos anos 1970 - Concentração de renda – houve crescimento econômico mas sem distribuição da renda - Endividamento externo – quando crescia o PIB os militares buscavam
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[História II] AI-1 (Ato Institucional nº1) - 1964 Logo após a deposição de Jango formou-se uma junta militar que assumiu o poder e decretou o Ato institucional nº 1. O AI-1 decretava: Realização de eleições indiretas para presidente da República num prazo máximo de dois dias após a publicação do ato. Eleições diretas seriam realizadas em 1965; Fortalecimento dos poderes do presidente, que podia suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos e decretar estado de sítio [Suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais do indivíduo] sem autorização do congresso. Suspensão temporária da estabilidade dos funcionários públicos. Após a publicação do AI-1, o Congresso, pressionado pelos militares, escolheu o primeiro presidente do regime militar, Humberto de Allencar Castello Branco.
A) GOVERNO DE CASTELLO BRANCO (1964-67) O primeiro governo dos militares representava uma ala moderada das forças armadas, que ao invés do uso da violência física utilizou as medidas políticas (cassação de mandatos e suspensão de direitos) para aplacar a oposição. Muitos senadores, deputados, juízes e líderes sindicais tiveram seus direitos políticos suspensos. A UNE (União Nacional dos Estudantes) foi declarada ilegal, universidades foram invadidas e sindicatos sofreram intervenção. No campo econômico, destaca-se no governo de Castello Branco o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), elaborado pelos ministro da Fazenda, Otávio Gouveia de Bulhões, e do Planejamento, Roberto Campos. O PAEG foi uma tentativa de estabilizar a economia nacional e retomar o crescimento econômico, permitindo também os investimentos externos. Entre outras medidas do PAEG estão: Aumento de preços dos produtos e serviços oferecidos pelas estatais (petróleo, energia); Aumento de impostos; Indexação Monetária (ORTN Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional); Arrocho salarial (setor público); Livre negociação entre patrões e empregados (setor privado). Com a situação política no Brasil se deteriorando, o governo militar perdia apoio. Um dos principais aliados do regime em seu início era Carlos Lacerda (aquele que tomou um tiro de raspão no pé e engessou a perna lá no tempo do Getúlio, lembra?) agora passava a fazer parte da oposição (desde antigos tempos ele sonhava em ser presidente, mas via que os militares não iam lhe dar chance...). Além disso, as eleições diretas para prefeitos e governadores de 1965 se mostrou desfavorável aos militares. Isso iria provocar um endurecimento no regime, pois não estava conseguindo fazer a “limpeza”. A chamada “Linha Dura” começava a ganhar mais espaço no governo. O mandato de Castello Branco, que conforme previa o AI-1 duraria até 1965, foi prorrogado até 1967. Além disso, em 1965, os militares decretaram o AI-2. AI-2 (1965) Eleições indiretas para Presidente da República; Fortalecimento do Executivo (presidente pode decretar recesso do poder legislativo); Bipartidarismo: ARENA e MDB; AI-3 e AI-4 Em fevereiro de 1966, foi decretado o AI-3, que previa eleições indiretas para governadores de estados e prefeitos de municípios de “segurança nacional” e capitais de estados. No mesmo ano, o Congresso foi fechado, sendo reaberto apenas em 1967 pelo AI-4, para aprovar a constituição de 1967. FONTE: https://www.pinterest.com/pinstoria/ditadura-militar-no-brasil/
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[História II] A Constituição de 1967 Antes de qualquer coisa, a nova constituição servia para dar ares de legalidade ao regime militar. Esta constituição mantinha o Brasil como federação, apesar de diminuir o poder dos estados-membros ao reforçar o poder do executivo central. Características da Constituição de 1967: restringiu a liberdade de opinião e expressão; deixou o direito de reunião a descoberto de garantias plenas; estendeu o foro militar aos civis, nas hipóteses de crimes contra a segurança interna (ou seta, segurança do próprio regime imperante); fez recuos no campo dos direitos sociais; manteve as punições, exclusões e marginalizações políticas decretadas sob a égide dos Atos Institucionais. A Nova constituição teria vida curta pois seria logo ultrapassada pelos atos ditatoriais dos militares e pelo AI-5
B) GOVERNO DE COSTA E SILVA (1967-69) FONTE: http://www.zonacurva.com.br/o-grito-da-passeata-doscem-mil-contra-a-ditadura-militar/
No início de 1967 a linha dura chegava ao poder com o marechal Arthur Costa e Silva. Havia uma onda de cassações de parlamentares e ocorreu o fechamento do congresso, decretado pelo presidente. Neste momento as oposições começavam a luta pela volta da democracia, se articulando através de vários movimentos: Frente Ampla Passeata dos Cem Mil (1968) [imagem ao lado] Greves: bastante agressivas, em Osasco (SP) e Contagem (MG) com violenta repressão governamental; Movimento Artístico: Criação dos CPC's (Centros Populares de Cultura), procurando aproximar a arte da população em geral; AI-5 Como a oposição aumentava e alguns grupos partiam para a luta armada, o regime endurecia. Em dezembro de 1968, Costa e Silva decretou o mais violento dos Atos Institucionais, o AI-5, que previa: O fechamento do Legislativo (Senado e Câmara dos Deputados) pelo presidente da República, que podia legislar nos períodos de recesso; Suspensão dos direitos individuais, incluindo a suspensão do habeas corpus; Intervenção do governo federal em municípios e estados; Possibilidade de o presidente decretar estado de sítio sem permissão do congresso. O AI-5 só seria revogado 11 anos depois. Com este Ato Institucional, o Brasil mergulhava de vez na ditadura total. Logo após decretar o AI-5, Costa e Silva sofreu um derrame cerebral e seu vice, o civil Pedro Aleixo, foi proibido pelos militares de assumir o poder. Desse modo, formou-se uma junta militar que indicou o nome do novo presidente, que foi escolhido pelo voto indireto representando a ARENA, era Emílio Garrastazu Médici.
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[História II]
C) GOVERNO DE EMÍLIO MÉDICI (1969-74) Médici governou o país com grande violência, repressão e torturas. Instaurou o regime de censura aos meios de comunicação e passou a combater as guerrilhas que se alastravam pelo país. Os guerrilheiros do Brasil se inspiravam nos modelos de Cuba e da China, onde as guerrilhas socialistas derrubaram os governos de direita e implantaram o modelo socialista. Para enfrentar as guerrilhas e a oposição como um todo, os militares contaram com órgãos de informação eficientes como o CIEx (Centro de informação do Exército), o Cenimar (CenTortura: o pautro de Informações da Marinha), o Cisa (Centro de Informação Social do Exército) e o SNI de-arara (Sistema Nacional de Informações), controlado diretamente pelo presidente. Haviam ainda órgãos como o DOPS (Departamento de Ordem Publica e Social), o CODI (Comando de Operações de Defesa Interna), o DOI (Destacamentos de Operações internas) e a OBAN (Operação Bandeirantes). Este último subordinava os órgãos de informação e tem sua sigla associada à tortura e a violência. No final do governo Médici, a guerrilha, tanto no campo quanto na cidade, havia sido praticamente esmagada. Além dos grupos guerrilheiros, milhares de pessoas foram acusadas de “subversão” e torturadas em todo o país.
Economia: o “Milagre brasileiro” Durante o governo Médici, a economia cresceu em ritmo bastante acelerado, graças ao ingresso maciço de capitais estrangeiros no Brasil. Capitais estes que vinham para o país atraídos pela estabilidade política propiciada pela ditadura e pelos ajustes econômicos feitos desde o início do regime. Com investimentos externos e as baixas taxas de juros do mercado internacional na época foi possível se chegar ao “milagre” da economia. O modelo da economia brasileira era baseado no intervencionismo estatal, cujas empresas (estatais) produziam nos setores de “segurança nacional” (energia, transportes, telecomunicações...) dando infraestrutura para as multinacionais que instalavam a indústria de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis) e aproveitavam da mão-de-obra barata e sob controle do governo. O Brasil, pela primeira vez, passava a ser um país exportador, mas sob um custo social que perdura até nossos dias: a concentração de renda. “achatava-se” o salário dos trabalhadores menos especializados e promovia-se a classe média, que via aumentar seu padrão de vida e dava sustentáculo ao imaginário que começava a se construir de “Brasil potência”. Junto ao milagre, surgia a campanha ufanista promovida pelo governo, com slogans como : “Brasil, ame-o ou deixeo”, “Até 1964 o Brasil era o país do futuro: agora o futuro chegou”, “Ninguém mais segura este país”, entre outros. O tricampeonato mundial de futebol em 1970 fazia o povo vibrar e o governo comemorava como se o próprio Médici fosse da seleção... agora o Brasil era o máximo. E as coisas iam de vento em popa para os ditadores, um dia o “rei” Pelé, com todo seu apego popular, falou que a ditadura tinha de existir, pois “o povo não está pronto para a democracia”. FONTE: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63845/ame-o-ou-deixe-o
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[História II]
D) GOVERNO DE ERNESTO GEISEL (1974-79) Em 1973 o mundo viveu a Crise do Petróleo, devido ao aumento do preço do petróleo pelos países da OPEP. Nessa crise internacional o “milagre brasileiro” começou a ter fim, uma vez que as exportações e os investimentos externos diminuíram sensivelmente. Ernesto Geisel, o general que substituiu Médici em 1974 veio com o projeto de realizar a abertura política “lenta, gradual e segura”. Isso devido ao desgaste do regime e conforme a previsão inicial dos golpistas de golpe, “limpeza” e retorno. Chegava a hora dos militares retornarem aos quartéis. Algumas das medidas tomadas por Geisel foram: Desmontagem do aparelho repressivo; Morte de Vladmir Herzog e Manuel Fiel Filho Proálcool (1975) - crise do petróleo; Acordo nuclear BRA-ALE - Usinas Nucleares de Angra dos Reis Pacote de Abril (1977) Senadores “Biônicos” (retrocesso na abertura) Anistia (1978) exilados políticos podiam voltar ao Brasil (casos como Brizola, Prestes e tantos outros); Fim do AI-5 (1979) Descontentes com o processo de abertura política, alguns membros da linha-dura das forças armadas, liderados pelo ex-ministro Sylvio Frota, tentaram dar um golpe para derrubar Geisel. Não conseguiriam.
No momento de abertura do regime o jornalista Vladimir Herzog morreu durante depoimento policial e foi dado pelos militares como suicídio. Apenas em 2012, mediante dos trabalhos da Comissão da Verdade, a justiça mudou seu atestado de óbito para homicídio. Herzog foi morto por tortura e estrangulamento.
E) GOVERNO DE JOÃO BATISTA FIGUEIREDO (1979-85)
Continua abertura política; Greves no ABC paulista - destaque: líder sindical Luís Inácio Lula da Silva; 1981 - Atentado do Rio Centro - “linha dura” tenta explodir bombas para incriminar a oposição aos militares. Uma bomba acabou explodindo no carro e matando um sargento do exército. 1982 eleições diretas em todos os níveis, exceto Presidente da República; 1984 Campanha das “Diretas Já” PT/PDT/PMDB/etc; Emenda Dante de Oliveira – propõe eleição direta para presidente em 1985, porém foi derrotada no Congresso.
Em 1985, depois do desgaste total do regime militar, iria se concretizar a abertura política, ainda que em eleição indireta, a oposição teria uma vitória sobre os militares, com a escolha de Tancredo Neves e Sarney, para presidente e vice, respectivamente. Era o fim do governo militar e o início de um novo período democrático na história do Brasil.
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A inflação, que já vinha crescendo desde a época do “milagre”, escapou de qualquer controle, sendo alimentada até mesmo pelo mecanismo da correção monetária. Na falta de recursos externos, emitia-se dinheiro internamente, ativando o crescimento da inflação e ocasionando o grande déficit das contas públicas. Assim, já no início da década de 80, o Brasil passava a viver uma situação marcada pela estagflação, isto é, estagnação econômica junto com inflação. VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione, 2001.
[História II] Um dos maiores movimentos de massa que nosso país já viu foi o movimento Diretas Já (na imagem ao lado), em que se pediam eleições diretas para presidente em 1985. Esse movimento contou com alguns dos nomes de mais destaque de nossa história política recente, como Lula, Brizola e Ulisses Guimarães, líderes de seus partidos (a saber, PT, PDT e PMDB) e entusiastas opositores do regime militar. Fruto desse movimento foi a proposta de emenda constitucional do senador Dante de Oliveira. Apesar de toda a manifestação e de todo clima eufórico com a possibilidade do povo escolher seu presidente, a emenda foi derrotada na votação em Brasília. Então, em 1985 ainda teríamos eleições indiretas, mas com uma novidade: a oposição, com Tancredo Neves e José Sarney derrotou os militares nessas eleições.
8.2. A Redemocratização A partir da eleição, ainda indireta, de Tancredo Neves para presidente do Brasil, os militares finalmente se afastavam do poder. O país entrava em um período de redemocratização, mas com uma enorme herança do regime ditatorial que havia se seguido, havia a grande disparidade social e uma imensa dívida externa que nos assombra até hoje. A economia brasileira era marcada pela superinflação. Ainda, na esfera política, houve a doença do presidente, que não chegou a assumir, falecendo, e cedendo lugar a seu vice, José Sarney, primeiro presidente deste novo período, mas que já tinha sido um dos grandes nomes dentro da ARENA. Nesta fase da história do Brasil, vemos nosso país a procura da democracia, do ajuste econômico e social, ainda vamos ver o Brasil se inserindo no processo de globalização e adotando a política neoliberal.
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[História II]
A) GOVERNO SARNEY (1985-89) O governo de José Sarney foi marcado pela busca de métodos para o combate à inflação, principalmente com o lançamento do plano cruzado, do ministro Dílson Funaro. Plano Cruzado (1986) Combate à inflação; Congelamento de preços; Reajuste salarial e abono; “gatilho salarial” consequências do plano: ágio; desabastecimento;
Novos planos econômicos: 1986: plano cruzado II - descongelamento de preços, inflação; 1987: plano Bresser; 1989 - plano Verão - devido à expectativa de novo congelamento, os empresários promoviam um aumento de preços, desencadeando o crescimento da inflação, que chegou a 1764% no último anos do governo Sarney.
Moratória Em 1987, devido aos problemas econômicos, o Brasil acabou por declarar a “Moratória Técnica” (impossibilidade de pagar os juros da dívida externa)
Constituição de 1988 Um dos pontos positivos do governo Sarney foi a promulgação da nova constituição brasileira, que colocou (pelo menos em teoria) o nosso país como um dos mais democráticos do mundo. Características: democracia liberal, com separação dos 03 poderes e eleição direta dos principais cargos; possibilidade de 2º turno nas eleições para cargo de presidente, governador e municípios com mais de 200.000 eleitores; voto obrigatório entre 18 e 70 anos, facultativo a analfabetos e jovens dos 16 aos 18 anos; liberdade sindical e garantia do direito de greve; nacionalismo econômico, com reserva de determinadas atividades ao Estado; intervenção do Estado na economia; direitos trabalhistas e assistência social para população; descentralização administrativa e financeira; Racismo, considerado crime inafiançável; Previa plebiscito para 05 anos após promulgação da constituição para definir forma de governo: presidencialismo, parlamentarismo ou monarquia;
Collor surgiu nas eleições de 1989 como um fenômeno. Praticamente desconhecido, concorrendo por um partido criado às pressas para sua candidatura (o PRN), era o candidato ideal que os setores conservadores queriam para evitar a ascensão da esquerda (diga-se: Lula) ao poder. Com um discurso bastante populista, Collor conseguia a simpatia da população. Ele se dizia “o caçador de marajás”, o representante dos “descamisados”, fazia Cooper, andava de jet-ski, era jovem, boa-pinta. Mas não é só isso: recebeu o apoio descarado de alguns setores da mídia. Collor derrotou Lula nas primeiras eleições diretas para presidente que o Brasil teria desde a ditadura. Vejamos o que fez Collor:
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FONTE: https://www.esmaelmorais.com.br/2016/02/garganta-profunda-de-londrinaricha-o-novo-cacador-de-marajas/
B) GOVERNO COLLOR (1990-92)
[História II] Economia - Plano Collor (1990) reintroduzia o Cruzeiro e congelava os preços. Para evitar o desabastecimento confiscou todas as poupanças e contas correntes acima de 50 mil cruzeiros, por um prazo de 18 meses. Corte nos gastos públicos, com demissão de funcionários do governo e aumento de impostos; Anúncio de privatizações e diminuição dos impostos de importação; Com isso, o plano pretendia tornar a economia brasileira mais eficiente, com um Estado mais “enxuto” e um setor privado voltado para a adequação à concorrência com produtos estrangeiros. Pretendia também a entrada de grande volume de mercadorias importadas a preços baixos, uma vez que seus impostos haviam sofrido cortes, para, assim, favorecer a queda da inflação. Nos primeiros meses, o plano obteve a queda da inflação e a contenção do consumo; logo em seguida, no entanto, o país mergulhou em profunda recessão. O nível de atividade industrial despencou com a concorrência estrangeira, só agravando o quadro social. As demissões se multiplicaram num nível alarmante, tendência mantida nos anos seguintes. VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione, 2001. Plano Collor II (1991) Nova tentativa de conter inflação, com congelamento de preços e salários e aumento das taxas de juros. Impeachment - Em 1991 foram feitas denúncias de que Paulo César Farias, o PC, amigo pessoal de Collor e tesoureiro de sua campanha, estaria pressionando dirigentes de estatais para realização de negócios favoráveis a grupos particulares. Em 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, denunciava que Fernando Collor era beneficiário de transações financeiras obscuras, levando o Congresso Nacional a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o funcionamento do chamado ”Esquema PC”. Descobriu-se que homens de negócio forneciam dinheiro para Collor e alguns parlamentares em troca de favores governamentais. O “caçador de marajás” era na verdade um “caçador de si mesmo”. A descoberta do Esquema PC levou milhares de pessoas às ruas em protesto contra o presidente. Collor renunciaria antes de ser afastado. Em seu lugar assumiria seu vice-presidente, o mineiro Itamar Franco.
C) GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-94) Assumiu o poder após Collor, seu vice, Itamar Franco. No seu governo ocorreu um período de tranquilidade política com economia dando sinais de melhora, voltando a crescer chegando a atingir, em 1994, a taxa de 5%. Porém, o grande destaque do Governo Itamar Franco ficou por conta do novo plano econômico, o Plano Real, do ministro Fernando Henrique Cardoso. O Plano real: Contenção da inflação sem congelamento de preços ou confiscos; Criação da URV (Unidade Real de Valor) como moeda referência para o futuro Real; Real: equivalência com o Dólar (1x1); Abertura econômica;
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FONTE: https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/governo-fernando-henrrique-cardoso
[História II]
D) GOVERNO FHC (1994-2002) FHC obteve êxito em seu plano de combate à inflação e isso auxiliou sua vitória eleitoral em 1º turno contra Lula e outros candidatos. A grande marca do governo FHC foi a adesão ao Neoliberalismo, observe os principais acontecimentos: Privatizações: Companhia Siderúrgica Nacional; Companhia Vale do Rio Doce; Telefonia; Fim do monopólio da Petrobrás sobre a extração e o refinamento de petróleo no Brasil. Abertura econômica - Globalização; Aumento do desemprego; Mercosul inicia em 1995 - União Aduaneira entre Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina; 1997: Emenda constitucional: permite reeleição; Questão fundiária MST x governo; Economia - “recomendações” do FMI
E) Governo Lula (2003-2010)
Em 2002, foi eleito Luís Inácio Lula da Silva, líder histórico da oposição e um dos fundadores de seu partido (PT). Lula chega ao poder representando um anseio por mudanças, por reformas sociais. O ex-operário subiu ao poder com propostas alternativas ao Neoliberalismo. Apesar de sua proposta, por enquanto, o novo governo tem seguido a cartilha do FMI, tem promovido reformas questionáveis como as reformas da previdência e tributária. Na política externa, o governo Lula demonstrou forte liderança em seu bloco regional, o Mercosul, e apontou para a liderança entre os países em desenvolvimento. Principais destaques: Aproximação com os países em desenvolvimento (China, África do Sul, México, Índia, etc.); Fortalecimento do MERCOSUL e não adesão à proposta da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas); Programas sociais: Bolsa Escola, Bolsa Família, Fome Zero; Contexto de crescimento da classe média e diminuição dos brasileiros abaixo da linha da miséria; PAC – programa de aceleração do crescimento; Investimentos em Universidades Federais, com a expansão dos campi e criação do Pro-UNI. Escândalos de Corrupção, com destaque para o “Mensalão” (julgado em 2013); Grande aprovação popular, encerrando o mandato com aprovação de 83%.
F) GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011-16) Aparece como sucessora do Presidente Lula, depois de ser Ministra da Casa Civil do expresidente. Assume dando continuidade ao projeto de governo do PT, com a manutenção do Bolsa-família, dos investimentos em áreas públicas, prosseguimento do PAC (em sua segunda fase, o PAC 2). Alguns destaques: Dilma tornou-se a primeira mulher a discursar na abertura da AssembleiaGeral das Nações Unidas (ONU), em 2012; Corte de impostos sobre os produtos da cesta básica; Cortes no IPI (imposto sobre produção industrial) para incentivar a produção e consumo; Redução da tarifa de energia elétrica; Sofreu impeachment – pedaladas fiscais
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FONTE: https://latuffcartoons.files.wordpress.com /2016/05/dilma-e-temer.gif?w=949
[História II]
EXERCÍCIOS: ENEM + vestibulares UNIDADE 1 – INDEPENDÊNCIAS AMERICANAS
• Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil. • Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra portuguesa. • Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I. • Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução republicana.
1. (ENEM) No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti: Marinheiros e caiados Todos devem se acabar, Porque só pardos e pretos O país hão de habitar. AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica, 1907.
GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 (adaptado)
O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende a) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam entre a população escrava e entre os mestiços pobres, alimentando seu desejo por mudanças. b) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas. c) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do sistema escravista. d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam a elite branca opressora. e) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do Haiti.
Uma das consequências desses eventos foi a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de produtos ingleses através dos portos brasileiros, b) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em seus domínios. c) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão. d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a comunicação antes de 1808. e) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manutenção do rei e de sua família.
2. (ENEM) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil. Entre esses eventos, destacam-se os seguintes: • Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão.
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[História II] 3. (ENEM) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil.
instalando um governo conservador para controlar o povo.
5. (ENEM) Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da GrãBretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do exterior que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de vida “civilizado”, marca que distinguia as classes cultas e “naturalmente” dominantes do povaréu primitivo e miserável. (...) E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e comunicações.
Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características desse período explicam esse fato? a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas. b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio. c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa. d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio internacional. e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas.
Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80.
4. (ENEM) No clima das ideias que se seguiram à revolta de São Domingos, o descobrimento de planos para um levante armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos conscientes tinham já começado a compreender: as ideias de igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em que só um terço da população era de brancos e iriam inevitavelmente ser interpretados em termos raciais.
Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da Independência política (1822), é correto afirmar que o país a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado no período colonial. b) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e fundamentou a produção no trabalho livre. c) se tornou dependente da economia europeia por realizar tardiamente sua industrialização em relação a outros países. d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no país sem trazer ganhos para a infraestrutura de serviços urbanos. e) teve sua industrialização estimulada pela GrãBretanha, que investiu capitais em vários setores produtivos.
MAXWELL. K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.N. (coord.) O Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram setores da elite colonial brasileira a novas posturas diante das reivindicações populares. No período da Independência, parte da elite participou ativamente do processo, no intuito de a) instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo participação controlada dos afrobrasileiros e inibindo novas rebeliões de negros. b) atender aos clamores apresentados no movimento baiano, de modo a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle da situação. c) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a promoção de mudanças exigidas pelo povo sem a profundidade proposta inicialmente. d) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor libertário, o que terminaria por prejudicar seus interesses e seu projeto de nação. e) rebelar-se contra as representações metropolitanas, isolando politicamente o Príncipe Regente,
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[História II] 6. (ENEM) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais: I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se compreendam os casados, e Oficiais militares que forem maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de Ordens Sacras. IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral. V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.
Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da a) incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos de outras religiões. b) incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera pública. c) permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs. d) relação de integração entre Estado e Igreja. e) influência das religiões de origem africana.
Constituição Política do Império do Brasil (1824). Disponível em: https://legislação.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).
A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto histórico de sua formulação. A Constituição de 1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos brasileiros” com o objetivo de garantir a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira. b) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros nascidos livres. c) a concentração de poderes na região produtora de café, o Sudeste brasileiro. d) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários e comerciantes. e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões político-administrativas.
8. (UFRGS) A partir da segunda metade do século XVIII, o chamado antigo sistema colonial, baseado nas práticas e nos princípios mercantilistas, enfrentou uma profunda crise. Desta crise resultou um conjunto de movimentos de independência nas áreas coloniais da América Latina. Considere os seguintes elementos. I - A Revolução Industrial na Inglaterra. II - A luta pela liberdade de comércio e pela autonomia. III - O desenvolvimento socioeconômico das colônias. IV - A influência das ideias iluministas. V - A política napoleônica. VI - A rivalidade entre a elite local e os representantes da elite metropolitana. Quais dentre eles contribuíram para a emancipação das colônias e rompimento do pacto colonial? a) Apenas I e II. b) Apenas I e IV. c) Apenas I, III e V. d) Apenas II, IV e VI. e) I, II, III, IV, V e VI.
7. (ENEM)
9. (PUCRS) Ao longo do século XIX, após o processo das independências políticas, os países latino-americanos assumem novas funções na economia mundial, as quais se articulam, externa e internamente, a partir de um novo "Pacto Colonial" com os países centrais. A estruturação interna desse novo "Pacto Colonial", de modo geral NÃO apresentava como característica a) a importação em larga escala de produtos industrializados. b) os "deficits" crônicos na balança comercial. c) o endividamento do setor público. d) a adoção planejada de medidas protecionistas para o setor industrial. e) as concessões para grupos estrangeiros nos setores de mineração, transporte e energia.
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[História II] 10. (UFRGS) A ocupação napoleônica na Espanha criou condições propícias aos movimentos de libertação ocorridos na América espanhola. Em relação a esses processos de emancipação, assinale a alternativa correta. a) Graças à fraqueza temporária da Espanha, as emancipações políticas ocorreram de forma pacífica, mediante negociações diplomáticas. b) As elites da América espanhola desejavam a emancipação para estabelecer monopólios mercantis, pois a Espanha praticava o livre comércio em suas colônias. c) Influenciada pelos princípios franceses dos Direitos Universais, a aristocracia "criolla" pretendia, com o processo de independência, promover mudanças estruturais, instaurando regimes democráticos e estendendo o voto ao conjunto da sociedade. d) Os processos de independência da América espanhola foram incentivados pela Independência americana, pela Revolução Francesa e pelo pensamento do Iluminismo. e) O latifúndio e a escravidão foram abolidos, pois foram considerados prejudiciais à modernização econômica do continente latino-americano.
12. (ENEM) A formação dos Estados foi certamente distinta na Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os Estados atuais, em especial na América Latina — onde as instituições das populações locais existentes à época da conquista ou foram eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do Brasil —, são o resultado, em geral, da evolução do transplante de instituições europeias feito pelas metrópoles para suas colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitrariamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonização, dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua verdadeira origem em disputas pela exploração de recursos naturais. Na Ásia, a colonização europeia se fez de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do Estado asiático. GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados. São Paulo: EdUSP,v. 22, n.º 62, jan.- abr. 2008 (adaptado).
Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por elas evocado, assinale a opção correta acerca do processo de formação socioeconômica dos continentes mencionados no texto. a) Devido à falta de recursos naturais a serem explorados no país, conflitos étnicos e culturais como os ocorridos na África estiveram ausentes no período da independência e formação do Estado brasileiro. b) A maior distinção entre os processos históricoformativos dos continentes citados é a que se estabelece entre colonizador e colonizado, ou seja, entre a Europa e os demais. c) À época das conquistas, a América Latina, a África e a Ásia tinham sistemas políticos e administrativos muito mais sofisticados que aqueles que lhes foram impostos pelo colonizador. d) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições brasileiras, por terem sido eliminadas à época da conquista, sofreram mais influência dos modelos institucionais europeus. e) O modelo histórico da formação do Estado asiático equipara-se ao brasileiro, pois em ambos se manteve o espírito das formas de organização anteriores à conquista.
11. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S) referente(s) às lutas pela independência das colônias da América Latina. O amor da liberdade deve ser, [...] invencível como é a morte; deve [...] ter a sede do infinito; deve ser grande como o universo que o contém. (ANDRADA, José Bonifácio de. Discursos Parlamentares. Apud HOLANDA, S. B. História da civilização. São Paulo: Nacional, 1979).
(01) O surgimento de dois líderes nacionalistas na América do Sul, como Simón Bolívar e José de San Martin, influenciou o êxito das lutas pela independência. (02) O longo período de submissão à política praticada por Portugal e Espanha nas colônias provocou descontentamentos que, com o tempo, transformaram-se em manifestações pela independência. (04) Na Espanha e em Portugal, a difusão das ideias de pensadores como Locke, Voltaire e Rousseau desempenhou papel relevante nos esforços de manter o controle sobre as colônias na América. (08) Os argentinos, na sua maioria descendentes de nações indígenas, mantiveram o regime monárquico, mais próximo de suas tradições culturais milenares. (16) O Brasil proclamou sua independência de Portugal em 1822, sendo a única colônia americana a adotar o regime monárquico de governo ao se tornar independente. Soma:___
GABARITO UNIDADE 1 1.A 8.E
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2.C 9.D
3.D 10.D
4.D 11.19
5.C 12.B
6.D
7.D
[História II]
UNIDADE 2 – BRASIL IMPÉRIO
como chefe supremo da Nação e seu primeiro representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos (...)"
01. (UFRGS) Durante a primeira metade do século XIX, Pernambuco foi palco de diversos movimentos sociais contra o poder do Império luso ou brasileiro. A respeito das motivações destas revoltas, analise as seguintes afirmativas.
A Constituição outorgada por D. Pedro I em 1824 afastava as camadas populares da vida política ao condicionar a participação política à renda; além disso, apresentava a novidade do "Poder Moderador".
I - A Revolução de 1817, ocorrida durante o período joanino, foi uma reação contra a opressão econômica da Corte portuguesa "transferida" ao Brasil sobre as províncias nordestinas. II - A Confederação do Equador foi decorrente dos desmandos autoritários de Pedro I, que dissolveu a Assembleia Constituinte no Rio de Janeiro, outorgando a Constituição de 1824, e interveio nas províncias nordestinas. III - A Revolução Praieira representou o ápice do liberalismo radical em Pernambuco, combatendo as elites agrárias, os comerciante estrangeiros e os representantes da monarquia.
Sobre essa constituição, é CORRETO afirmar que: (01) o poder legislativo era formado por um Senado vitalício e por uma Câmara de Deputados com mandato de três anos. Os Senadores eram escolhidos pelo Imperador, a partir de uma lista tríplice, apresentada pelas províncias. (02) o poder judiciário era exercido por Juízes de Direito e por um Supremo Tribunal de Justiça, cujos magistrados eram escolhidos pelo Imperador. (04) embora fosse grande a concentração de poderes nas mãos do Imperador, não houve contestação a essa centralização porque o que predominava, na época, eram os ideais absolutistas. (08) o poder moderador exercido, exclusivamente, pelo Imperador, era o mecanismo que lhe permitia intervir nos demais poderes impondo sua vontade e seus desejos absolutistas. (16) o catolicismo, declarado religião oficial do Império, era regulado pelo regime do padroado régio, segundo o qual os padres eram pagos pelo Estado, o que os equiparava a funcionários públicos, colocando-os sob as determinações do Imperador. (32) o poder executivo era exercido pelo Imperador e por um ministério por ele escolhido e presidido. Soma:___
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III.
02. (UFRGS) Levando-se em conta o processo histórico da Cisplatina, considere as seguintes afirmações. I - A tentativa inicial de apropriação da Cisplatina pelos lusitanos ocorreu nos primeiros anos do governo joanino no Brasil, resultando no "êxodo do povo oriental", liderado por Artigas. II - A conquista lusitana da Cisplatina se deu no contexto da instabilidade política da Banda Oriental, onde bandos milicianos artiguistas lutavam contra fazendeiros sul-riograndenses. III - A Guerra da Cisplatina, iniciada pelo movimento dos "33 orientales" liderados por Lavalleja, resultou na manutenção da província pelo Império brasileiro.
4. (ENEM) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas.
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III.
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 (adaptado).
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela a) estímulos ao racismo. b) apoio ao xenofobismo. c) críticas ao federalismo. d) repúdio ao republicanismo. e) questionamentos ao autoritarismo.
03. (UFSC) "Título III: Dos Poderes e Representações Nacionais. Artigo 10°- Os poderes políticos reconhecidos pela Constituição do Império são quatro: o poder legislativo, o poder moderador, o poder executivo e o poder judicial. Artigo 98 - O poder moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador,
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[História II] 5. (ENEM) Constituição de 1824: “Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador (…) para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos (...) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado.”
e)
pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais.
7. (UCS) O poder absolutista no Brasil foi caracterizado pelos governos monárquicos de Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II. Associe os governantes brasileiros, listados na Coluna A, aos eventos históricos que os identificam, elencados na Coluna B.
Frei Caneca: “O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a chave mestra da opressão da nação brasileira e o garrote mais forte da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode dissolver a Câmara dos Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no gozo de seus direitos o Senado, que é o representante dos apaniguados do imperador.” (Voto sobre o juramento do projeto de Constituição)
COLUNA A 1. Dom João VI 2. Dom Pedro I 3. Dom Pedro II COLUNA B (__) Promoveu o fim do pacto colonial, a criação da academia militar e a permissão para a produção de manufaturas. (__) Participou da Confederação do Equador, chefiada por Frei Caneca e Paes de Andrade, e da Guerra da Cisplatina, que deu origem à República do Uruguai. (__) Redigiu uma proclamação ao povo, pedindo aos brasileiros que se unissem e aos que fossem contrários ao governo, que se retirassem do Brasil. (__) Foi o dirigente que mais tempo permaneceu no comando do Brasil; incentivou a imigração estrangeira, promoveu o progresso cultural e industrial.
Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição outorgada pelo Imperador em 1824 era a) adequado ao funcionamento de uma monarquia constitucional, pois os senadores eram escolhidos pelo Imperador. b) eficaz e responsável pela liberdade dos povos, porque garantia a representação da sociedade nas duas esferas do poder legislativo. c) arbitrário, porque permitia ao Imperador dissolver a Câmara dos Deputados, o poder representativo da sociedade. d) neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois era incapaz de controlar os deputados representantes da Nação. e) capaz de responder às exigências políticas da nação, pois supria as deficiências da representação política.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) 1 – 2 – 2 – 3 b) 2 – 3 – 1 – 1 c) 3 – 2 – 1 – 3 d) 3 – 1 – 2 – 2 e) 2 – 1 – 3 – 1
6. (ENEM) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos "barões do café", para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro. O contexto do Período Regencial foi marcado a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia. b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central. c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida. d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café".
8. (UDESC) O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em três momentos distintos: Primeiro Reinado (1822-1831); Regências (1831-1840) e Segundo Reinado (1840-1889). Sobre as principais questões que marcaram esses momentos, assinale a alternativa incorreta. A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a grande responsável pelo enfraquecimento do poder de D. Pedro I, resultando na Independência do Brasil. b) A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades para se consolidar, o Primeiro Reinado foi curto e marcado por tumultos e conflitos entre D. Pedro I que era português com os brasileiros. c) A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824, por D. Pedro I. d) A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se em 1831, com a renúncia de D. Pedro I em favor do filho Pedro de Alcântara, com apenas cinco anos de idade. a)
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[História II] e)
O terceiro momento da monarquia no Brasil iniciase com o reinado de Dom Pedro II, período marcado pela centralização do poder de um lado e pelas disputas político-partidárias entre liberais e conservadores, de outro.
b) desde o século XVIII, a principal atividade da economia brasileira era industrial, como se observa no cotidiano descrito. c) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no Brasil. d) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo, porque iam diariamente para o campo desenvolver atividades rurais. e) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto, ignora a industrialização existente na época
9. (PUCRS) Responder à questão sobre os grupos políticos no Império (período regencial), numerando a coluna II de acordo com a coluna I. COLUNA I 1. Farroupilhas 2. Chimangos 3. Caramurus
11. (ENEM) Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A técnica empregada pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a mesma: apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) e atiravamno para dentro da boca. Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, já no século XIX, conta como “nas casas das roças despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para fora”. Outros viajantes oitocentistas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem esse hábito em todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiros “lançam a [farinha de mandioca] à boca com uma destreza adquirida, na origem, dos indígenas, e que ao europeu muito custa imitar”. Aluísio de Azevedo, em seu romance Girândola de amores (1882), descreve com realismo os hábitos de uma senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe “sem talher, à mão”.
COLUNA II ( ) Grupo composto basicamente por burocratas, comerciantes e proprietários cafeeiros do Centro-Sul. Defendiam o retorno de D. Pedro ao trono brasileiro. ( ) Defendiam a manutenção da ordem através de um governo centralizado, opondo-se às reformas sociais e econômicas, mas admitiam alterações na Carta de 1824. ( ) Defendiam reformas mais profundas, tais como a extensão do direito de voto e a autonomia das províncias. ( ) Representavam parcelas da aristocracia agrária e também eram conhecidos como liberais moderados. Relacionando-se a coluna da esquerda com a coluna da direita, obtêm-se de cima para baixo, os números na sequência: a) 2, 1, 3, 2 b) 3, 2, 1, 2 c) 3, 1, 2, 1 d) 1, 2, 3, 2 e) 3, 2, 1, 1
Dentre as palavras listadas abaixo, assinale a que traduz o elemento comum às descrições das práticas alimentares dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do século XIX citados no texto. a) Regionalismo (caráter da literatura que se baseia em costumes e tradições regionais). b) Intolerância (não-admissão de opiniões diversas das suas em questões sociais, políticas ou religiosas). c) Exotismo (caráter ou qualidade daquilo que não é indígena; estrangeiro; excêntrico, extravagante). d) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de certas raças sobre outras). e) Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais).
10. (ENEM) Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas multicores dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com o seu passo vagaroso, parando à porta dos fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a homens de jaqueta e chapéu desabado; cruzavamse na rua os libertinos retardios com os operários que se levantavam para a obrigação; ouvia-se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono dos bondes. (AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)
O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano de uma cidade, no seguinte contexto: a) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de uma economia industrial indicam o início da industrialização no Brasil, no século XIX.
[75]
[História II] 12. (ENEM) O abolicionista Joaquim Nabuco fez um resumo dos fatores que levaram à abolição da escravatura com as seguintes palavras: “Cinco ações ou concursos diferentes cooperaram para o resultado final: 1.º) o espírito daqueles que criavam a opinião pela idéia, pela palavra, pelo sentimento, e que a faziam valer por meio do Parlamento, dos meetings [reuniões públicas], da imprensa, do ensino superior, do púlpito, dos tribunais; 2.º) a ação coercitiva dos que se propunham a destruir materialmente o formidável aparelho da escravidão, arrebatando os escravos ao poder dos senhores; 3.º) a ação complementar dos próprios proprietários, que, à medida que o movimento se precipitava, iam libertando em massa as suas ‗fábricas‘; 4.º) a ação política dos estadistas, representando as concessões do governo; 5.º) a ação da família imperial.”
Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão. (DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova historia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra. b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra. c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha. d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra. e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito.
Joaquim Nabuco. Minha formação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 144 (com adaptações).
14. (ENEM)
Nesse texto, Joaquim Nabuco afirma que a abolição da escravatura foi o resultado de uma luta a) de ideias, associada a ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que libertavam seus escravos, de estadistas e da ação da família imperial. b) de classes, associada a ações contra a organização escravista, que foi seguida pela ajuda de proprietários que substituíam os escravos por assalariados, o que provocou a adesão de estadistas e, posteriormente, ações republicanas. c) partidária, associada a ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que mudavam seu foco de investimento e da ação da família imperial. d) política, associada a ações contra a organização escravista, sabotada por proprietários que buscavam manter o escravismo, por estadistas e pela ação republicana contra a realeza. e) religiosa, associada a ações contra a organização escravista, que fora apoiada por proprietários que haviam substituído os seus escravos por imigrantes, o que resultou na adesão de estadistas republicanos na luta contra a realeza
Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do séc. XIX pode ser identificado a partir da análise do vestuário do casal retratado acima? a) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano. b) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a manutenção de elementos culturais de origem africana. c) O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social entre negros libertos ou em melhores condições na ordem escravocrata. d) A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em relação aos brasileiros. e) A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele contexto.
13. (ENEM) Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai. CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).
O imperialismo inglês, "destruindo o Paraguai, mantém o status o na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre".
[76]
[História II] 15. (ENEM) Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista. (AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In:
e)
financiar a fixação de famílias camponesas para estímulo da agricultura de subsistência
17. (ENEM)
Revista de Historia. Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 - adaptado).
A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a a) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado. b) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela liberdade. c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabilizava os mecanismos de ascensão social. d) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de pai português. e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo.
MOREAUX, F. R. Proclamação da Independência Disponível em: www.tvbrasil.org.br. Acesso em: 14 jun. 2010.
16. (ENEM) Ninguém desconhece a necessidade que todos os fazendeiros têm de aumentar o número de seus trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor auxílio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não hão de procurá alcançar-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa? (Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral das Terras Públicas, ao Senador Vergueiro). In: ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da
FERREZ, M. D. Pedro II. SCHWARCZ, L. M. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram transmitir determinadas representações políticas acerca dos dois monarcas e seus contextos de atuação. A ideia que cada imagem evoca é, respectivamente: a) Habilidade militar — riqueza pessoal. b) Liderança popular — estabilidade política. c) Instabilidade econômica — herança europeia. d) Isolamento político — centralização do poder. e) Nacionalismo exarcebado — inovação administrativa.
vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1988 (Adaptado).
O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro, que confrontam o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de a) fomentar ações públicas para ocupação das terras do interior. b) adotar o regime assalariado para proteção da mão de obra estrangeira. c) definir uma política de subsídio governamental para o fomento da imigração. d) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para a sobrevivência das fazendas.
GABARITO UNIDADE 2 1.C 8.A 15.B
[77]
2.E 9.C 16.C
3.17 10.A 17.B
4.E 11.E
5.C 12.A
6.E 13.D
7.A 14.C
[História II]
UNIDADE 3 – INDÚSTRIA, IMPERIALISMO E GUERRA
entre os países produtores de matérias-primas e os países industrializados. e) constituição de uma classe de assalariados, que possuíam como fonte de subsistência a venda de sua força de trabalho e que lutava pela melhoria das condições de trabalho nas fábricas.
1. (ENEM libras)
3. (ENEM PPL) A conquista pelos ingleses de grandes áreas da Índia deu o impulso inicial à produção e venda organizada de ópio. A Companhia das Índias Orientais obteve o monopólio da compra do ópio indiano e depois vendeu licenças para mercadores selecionados, conhecidos como “mercadores nativos”. Depois de vender ópio na China, esses mercadores depositavam a prata que recebiam por ele com agentes da companhia em Cantão, em troca de cartas de crédito; a companhia, por sua vez, usava a prata para comprar chá, porcelana e outros artigos que seriam vendidos na Inglaterra. SPENCE, J. Em busca da China moderna. São Paulo: Cia. das Letras, 1996 (adaptado).
Comparando as duas pinturas de Gérome, no contexto da expansão imperialista do século XIX, a visão europeia do Outro associava-se a uma subjetividade a) exótica e erotizada. b) romântica e heroica. c) ingênua e universal. d) racional e objetiva. e) passiva e aristocrática.
A análise das trocas comerciais citadas permite interpretar as relações de poder que foram estabelecidas. A partir desse pressuposto, o processo sócio-histórico identificado no texto é a) a expansão político-econômica de países do Oriente, iniciada nas últimas décadas do século XX. b) a consolidação do cenário político entreguerras, na primeira metade do século XX. c) o colonialismo europeu, que marcou a expansão europeia no século XV. d) o imperialismo, cujo ápice ocorreu na segunda metade do século XIX. e) as libertações nacionais, ocorridas na segunda metade do século XX.
2. (ENEM PPL) A Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX e início do século XX, nos EUA, período em que a eletricidade passou gradativamente a fazer parte do cotidiano das cidades e a alimentar o motores das fábricas, caracterizou-se pela administração científica do trabalho e pela produção em série.
4. (ENEM) Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.
MERLO, A. R. C.; LAPIS, N. L. A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface da psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. Psicologia e Sociedade, n. 1, abr. 2007.
De acordo com o texto, na primeira metade do século XX, o capitalismo produziu um novo espaço geoeconômico e uma revolução que está relacionada com a a) proliferação de pequenas e médias empresas, que se equiparam com as novas tecnologias e aumentaram a produção, com aporte do grande capital. b) técnica de produção fordista, que instituiu a divisão e a hierarquização do trabalho, em que cada trabalhador realizava apenas uma etapa do processo produtivo. c) passagem do sistema de produção artesanal para o sistema de produção fabril, concentrando-se, principalmente, na produção têxtil destinada ao mercado interno. d) independência política das nações colonizadas, que permitiu igualdade nas relações econômicas
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo Cia. das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que a) difundiu as teorias socialistas. b) acirrou as disputas territoriais. c) superou as crises econômicas. d) multiplicou os conflitos religiosos. e) conteve os sentimentos xenófobos.
[78]
[História II] 5. (ENEM PPL) Em busca de matérias-primas e de mercados por causa da acelerada industrialização, os europeus retalharam entre si a África. Mais do que alegações econômicas, havia justificativas políticas, científicas, ideológicas e até filantrópicas. O rei belga Leopoldo lI defendia o trabalho missionário e a civilização dos nativos do Congo, argumento desmascarado pelas atrocidades praticadas contra a população.
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa e Industrial para a organização da classe operária. Enquanto a "confiança" dada pela Revolução Francesa era originária do significado da vitória revolucionária sobre as classes dominantes, a "necessidade da mobilização permanente", trazida pela Revolução Industrial, decorria da compreensão de que a)
a competitividade do trabalho industrial exigia um permanente esforço de qualificação para o enfrentamento do desemprego. b) a completa transformação da economia capitalista seria fundamental para a emancipação dos operários. c) a introdução das máquinas no processo produtivo diminuía as possibilidades de ganho material para os operários. d) o progresso tecnológico geraria a distribuição de riquezas para aqueles que estivessem adaptados aos novos tempos industriais. e) a melhoria das condições de vida dos operários seria conquistada com as manifestações coletivas em favor dos direitos trabalhistas.
NASCIMENTO, C. Partilha da África: o assombro do continente mutilado. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 75, dez. 2011 (adaptado).
A atuação dos países europeus contribuiu para que a África – entre 1880 e 1914 – se transformasse em uma espécie de grande “colcha de retalhos”. Esse processo foi motivado pelo(a) a) busca de acesso à infraestrutura energética dos países africanos. b) tentativa de regulação da atividade comercial com os países africanos. c) resgate humanitário das populações africanas em situação de extrema pobreza. d) domínio sobre os recursos considerados estratégicos para o fortalecimento das nações europeias. e) necessidade de expandir as fronteiras culturais da Europa pelo contato com outras civilizações.
8. (UFRGS) Leia o seguinte testemunho do período do imperialismo.
6. (ENEM PPL) A Inglaterra deve governar o mundo porque é a melhor; o poder deve ser usado; seus concorrentes imperiais não são dignos; suas colônias devem crescer, prosperar e continuar ligadas a ela. Somos dominantes, porque temos o poder (industrial, tecnológico, militar, moral), e elas não; elas são inferiores; nós, superiores, e assim por diante.
"Eu estava ontem no East End (bairro operário de Londres) e assisti a uma reunião de desempregados. Ouvi discursos exaltados. Era um grito só: 'Pão! Pão!'. Revivendo toda a cena ao voltar a casa, senti-me ainda mais convencido do que antes da importância do imperialismo... A idéia que considero mais importante é a solução do problema social, a saber: para salvar os quarenta milhões de habitantes do Reino Unido de uma guerra civil destruidora, nós, os colonizadores, devemos conquistar novas terras a fim de nelas instalarmos o excedente de nossa população, de nelas encontrarmos novos mercados para os produtos de nossas fábricas e de nossas minas. O Império, sempre repeti, é uma questão de sobrevivência. Se vós quiserdes evitar a guerra civil, cumpre que vos torneis imperialistas."
SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Cia das Letras, 1995 (adaptado).
O texto reproduz argumentos utilizados pelas potências europeias para dominação de regiões na África e na Ásia, a partir de 1870. Tais argumentos justificavam suas ações imperialistas, concebendo-as como parte de uma a) cruzada religiosa. b) catequese cristã. c) missão civilizatória. d) expansão comercial ultramarina. e) política exterior multiculturalista.
(Cecil Rhodes, 1895.)
Segundo o comentário de C. Rhodes, pode-se afirmar que I - o expansionismo imperialista era justificado como forma de evitar o acirramento da luta de classes no Reino Unido. II - o caráter classista do imperialismo resolvia a desigualdade social existente nas metrópoles e na periferia. III - a burguesia devia aumentar o arroxo salarial do proletariado metropolitano como forma de evitar a revolução socialista.
7. (ENEM) O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A resposta foi a consciência de classe e a ambição de classe. Os pobres então se organizavam em uma classe específica, a classe operária, diferente da classe dos patrões (ou capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança: a Revolução Industrial trouxe a necessidade da mobilização permanente.
Quais afirmativas estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III.
(HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977.)
[79]
[História II] 9. (UFRGS) Sobre o imperialismo do século XIX são feitas as afirmações abaixo.
tado do imperialismo foi a escravidão, a tortura e a morte de milhões de nativos. (08) a exploração colonial não destruía as indústrias domésticas dos territórios ocupados, pois a mentalidade capitalista estimulava a poupança e a formação das classes médias nacionais. (16) as colônias impulsionavam as indústrias metropolitanas e eram fundamentais para o grande desenvolvimento do comércio internacional. SOMA:__
I- Constituiu uma marca do capitalismo em sua etapa monopolista financeira. II- Esteve associado à disputa entre as nações industriais por mercados consumidores. III- Estimulou a política econômica mercantilista dos estados absolutistas. IV- Manteve acesa a crença da superioridade européia em relação aos povos colonizados. V- Contribuiu decisivamente nas rivalidades que geraram a Primeira Guerra Mundial.
11. (PUCRS) Dentre os desdobramentos políticoeconômicos imediatos na ordem internacional produzidos pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), é correto apontar a) o fim dos privilégios aduaneiros da França no comércio com a Alemanha. b) o surgimento da Organização das Nações Unidas, por meio do Tratado de Sevres. c) a criação da Iugoslávia, como decorrência das questões políticas dos Balcãs. d) a anexação da Palestina, da Síria e do Iraque ao Império Otomano. e) a incorporação da Hungria e da Tchecoslováquia aos domínios austríacos.
Quais estão corretas? a) Apenas I, II, III e IV. b) Apenas I, II, IV e V. c) Apenas I, II, III e V. d) Apenas I, III, IV e V. e) Apenas II, III, IV e V. 10. (Ufsc) "As raças superiores têm um direito perante as raças inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores têm o dever de civilizar as inferiores (...) Vós podeis negar, qualquer um pode negar que há mais justiça, mais ordem e moral, mais eqüidade, mais virtudes sociais na África do Norte desde que a França a conquistou?" Julis Ferry discursando no parlamento francês, em 28 de julho de 1885.
12. (PUCRS) Dentre as características e tendências da ordem internacional conformada após o fim da Primeira Guerra (1914-1918), NÃO é correto apontar a) o fortalecimento progressivo da Liga das Nações, a organização supranacional criada pelo Tratado de Versalhes. b) a intensificação dos antagonismos entre as potências capitalistas, devido às duras condições impostas aos vencidos. c) a reformulação política radical da região balcânica mediante a aplicação do princípio de reconhecimento das nacionalidades. d) o declínio da hegemonia européia sobre o mundo, com o crescimento do poderio dos Estados Unidos e do Japão. e) a internacionalização crescente da questão operária devido à repercussão mundial da revolução socialista na Rússia.
MESGRAVIS, Laima. "A colonização da África". São Paulo: Atual, 1994, p. 32.
Sobre o fenômeno a que se refere o texto e a foto, é CORRETO afirmar que: (01) missionários católicos e protestantes acompanharam a ocupação dos novos territórios colonizados, mas raramente se dedicavam à conversão dos povos nativos, atuando principalmente entre os próprios colonizadores. (02) nessa época difundiu-se a ideia de que a capacidade de direção e organização, além do desenvolvimento científico e tecnológico, tornava os europeus superiores aos demais povos do mundo, o que lhes dava o direito à conquista de povos supostamente atrasados. (04) embora a intenção declarada pelos colonizadores fosse a de civilizar os atrasados povos Africano e Asiático, o resul-
13. (UFRGS) A Primeira Guerra Mundial alterou profundamente o mapa político europeu, que passa a mostrar I - a desagregação do Império Russo, a dissolução da Áustria-Hungria e do Império Turco. II - a devolução da Alsácia-Lorena à Bélgica e a região do Sarre à França. III - os novos Estados da Europa Centro-Oriental e Balcânica. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III.
[80]
c) Apenas III.
[História II] 14. (UFRGS) Associe a coluna 1, que apresenta nomes de países diretamente afetados pela Primeira Guerra Mundial, com a coluna 2, que apresenta afirmações relativas ao contexto do confronto. Coluna 1 1 - Inglaterra 4 - Rússia
2 - França 5 - Itália
b) paz – aliados – democracia. c) neutralidade – aliados – guerra submarina. d) neutralidade – franceses – democracia. e) guerra – ingleses – guerra submarina.
3 - Iugoslávia
17. (UNIFRA) Leia os artigos abaixo, do Tratado de Versalhes, e escolha a única alternativa correta sobre o contexto da I Guerra Mundial. Art. 80 – A Alemanha reconhece e respeitará estritamente a independência da Áustria. Art. 119 – A Alemanha renuncia, em favor das potências aliadas, a todos os direitos sobre as colônias ultramarinas. Art. 171 – Estão proibidas na Alemanha a fabricação e a importação de carros blindados, tanques ou qualquer outro instrumento que sirva a objetivos militares. Art. 232 – A Alemanha se compromete a reparar todos os danos causados à população civil das potências aliadas e seus bens. (Adhemar Martins Marques et al. História Contemporânea – textos e
Coluna 2 ( ) Seu expansionismo sobre a região dos Balcãs afetava diretamente os planos da Alemanha em direção a Bagdá. ( ) Adotou uma política revanchista, principalmente devido à perda de territórios - Alsácia e Lorena - para seu vizinho. ( ) Sentiu sua hegemonia ameaçada pela corrida navalista e pelo forte avanço industrial da Alemanha. A alternativa que apresenta a sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 5 - 2 - 1 c) 4 - 3 - 2 b) 4 - 2 - 1 d) 5 - 3 - 2 e) 4 - 3 - 1
documentos. São Paulo, Contexto, 1999, p. 115-117.)
a) Na I Guerra Mundial, a Áustria foi ocupada pela Alemanha para impedir o expansionismo da revolução russa. b) A crise do Marrocos (1905-1911) foi um conflito internacional que tornou explícito o confronto dos interesses colonialistas da Alemanha e da França. c) Os movimentos nacionalistas, como o pangermanismo, restringiram a corrida armamentista. d) O Tratado de Versalhes favoreceu a Rússia que recebeu pesadas indenizações da Alemanha. e) O Brasil, por não ter participado da I Guerra Mundial, não foi beneficiado pelas indenizações alemãs.
15. (UFRGS) A Primeira Guerra Mundial singularizou-se por uma certa conjugação de fatores até então inéditos nos conflitos entre povos. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, relativas a esse tema. ( ) A esperança de suprimir as causas dos litígios levou à fundação da Sociedade das Nações, onde as relações internacionais seriam regulamentadas visando à paz. ( ) A conferência de paz iniciada em Paris, em janeiro de 1919, realizou-se com a presença dos derrotados e elaborou um documento final, chamado Tratado de Versalhes, que previa a destinação de recursos para a reconstrução dos países vencidos. ( ) A Alemanha, país fortemente envolvido no conflito, considerava-se prejudicada na partilha colonial da Ásia e da África. ( ) Com a derrota alemã em 1918, surge na Alemanha a República de Weimar. ( ) Em 1917, quando a Rússia estava por se retirar da guerra, os EUA entraram com novas forças.
18. (UNIFRA) Sobre os fatores que contribuíram para a eclosão da Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar: a) O movimento internacionalista, com base no proletariado, propunha a guerra mundial entre países capitalistas e socialistas. b) O movimento expansionista germânico visava a garantir o império colonial, conquistado precocemente em relação aos seus competidores europeus. c) A política de alianças fez com que Rússia e França disputassem territórios nos Bálcãs, contrariando os interesses dos ingleses. d) O imperialismo norte-americano acirrou a questão austríaca. e) O sentimento nacionalista conjugou-se aos conflitos étnicos, como elementos motivadores dos discursos belicistas.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F - V - F - F - V. b) V - F - V - F - F. d) V - F - V - V - V. c) F - V - V - V - F. e) F - V - F - V - F.
16. (UNIFRA) – Ao se iniciar a Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914, os EUA formularam uma declaração de _______. Porém, sua participação foi decisiva para a vitória dos _______ .O embate com os alemães se expressou principalmente pela _________ . Os termos que melhor completam as lacunas do texto são a) guerra - alemães – guerra biológica.
GABARITO UNIDADE 3 1.A 8.A 15.D
[81]
2.B 9.B 16.C
3.D 10.22 17.B
4.B 11.C 18.E
5.D 12.A
6.C 13.E
7.B 14.B
[História II]
UNIDADE 4 – MUNDO ENTRE GUERRAS
Iorque, em 1929. Dentre as causas desta crise, pode-se citar: a) a moratória decretada pelo governo russo, que prejudicou diretamente os Estados Unidos, principal credor da Rússia. b) a desvalorização da moeda tailandesa, que deflagrou a crise asiática, afetando rapidamente as indústrias norteamericanas, exportadoras de produtos para o Oriente. c) a crise econômica mexicana, que gerou o chamado "efeito tequila" sobre a produção industrial norte-americana, levando a uma desvalorização do dólar em relação ao peso mexicano. d) o rápido crescimento industrial dos Estados Unidos no período pós-Primeira Guerra, não acompanhado de um significativo aumento do mercado consumidor, levando a uma crise de superprodução. e) o aumento do preço do petróleo após o primeiro conflito mundial, o que aumentou os custos de produção das indústrias americanas, que tiveram seus lucros reduzidos.
1. (PUCRS) Em 1917, liderados por Lênin e Trótski, os bolcheviques ganharam popularidade com as "Teses de Abril", enunciadas na plataforma "paz, terra e pão", que propunha a) a manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a conquista da Manchúria e a formação dos soviets. b) a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a instauração de uma monarquia parlamentar e a formação da Guarda Vermelha. c) a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a instalação da ditadura do proletariado e a adoção de uma nova política econômica (a NEP). d) a manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial, o domínio dos estreitos de Bósforo e Dardanelos e a formação de um parlamento (DUMA). e) a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a divisão das grandes propriedades entre os camponeses e a regularização do abastecimento interno.
4. (PUCRS) Para responder à questão, analise atentamente a fotografia a seguir.
2. (PUCRS) Responder à questão com base nas afirmativas abaixo, sobre a Revolução Russa de 1917. I. A Revolução teve origem no fracasso das negociações diplomáticas entre Rússia e Alemanha em torno da cidade de Dantzig e do desejado Corredor Polonês. II. A Revolução caracterizou-se como um movimento liberal, organizado pelos intelectuais orgânicos dos Sovietes dos Camponeses, Burgueses e Operários. III. As questões sociais relacionadas à terra, à carência de abastecimento (e fome crônica) e à permanência da Rússia na Primeira Guerra foram fundamentais para a eclosão dessa Revolução. IV. Trotsky e Stalin divergiram quanto aos rumos da revolução, já que o primeiro defendeu o "socialismo em um só país", ao passo que o segundo propôs a "revolução permanente". V. A revolução resultou na saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial em 1917, por Lênin considerar esta uma guerra imperialista.
(Fonte: Pazzinato, A. L.; Senise, M. H. V. "História Moderna e Contemporânea". 2. ed. São Paulo: Ática, 1992.)
Tradução: "World's highest standard of living." = "O mais alto padrão de vida do mundo". "There's no way like the americain way." = "Nada melhor que o modo de vida americano". A fotografia acima, que se insere no contexto do início dos anos 1930, nos Estados Unidos da América, buscava captar a contradição entre a) o crescimento da indústria americana, no período, e o acesso da classe operária aos novos bens de consumo. b) os conflitos sociais entre as elites urbanas brancas e as maiorias de trabalhadores rurais negros das classes populares, no Norte do EUA. c) a ideologia do novo estilo de vida americano e a depressão econômica e o desemprego. d) a expansão do capitalismo liberal, após 1929, e o crescimento do emprego para a classe operária nas fábricas. e) a retração do mercado de consumo e uma economia de pleno emprego.
A análise das afirmativas permite concluir que é correta a alternativa. a) I, II e III b) I, III e IV. d) II, III e V. c) I, III e V. e) III, IV e V.
3. (PUCRS) O processo de internacionalização da economia mundial tem-se tornado, desde o final do século XIX, cada vez mais intenso. Nesse sentido, o desempenho econômico de determinadas nações passou a ter influências crescentes sobre as demais, seja em períodos de prosperidade ou de crise, como no caso do "crack" da bolsa de valores de Nova
[82]
[História II] 5. (UERJ)
b) o crescimento do desemprego na Alemanha, país cuja economia era baseada na exportação de produtos industrializados. c) o crescimento econômico da União Soviética baseado na Nova Política Econômica (NEP). d) a eleição de Franklin Delano Roosevelt para a presidência dos Estados Unidos, com um programa de recuperação econômica. e) o crescimento eleitoral do Partido Nazista na Alemanha.
7. (Puccamp) Para responder à questão, considere a história em quadrinhos a seguir.
http://www.apaginavermelha.hpg.ig.com.br
Camaradas, a vida de nosso bem-amado Stalin pertence ao povo inteiro. Stalin é nosso guia, nosso sol. Morte a todos os restos do bando fascista. (Sokorine, militante do Partido Comunista da URSS, 1936). (Apud FERREIRA, Jorge. O socialismo soviético. In: REIS, Daniel Aarão Filho (org.) O século XX: o tempo das crises . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.)
(Quino. "Mafalda a Contestatária". Lisboa: Publicação Dom Quixote, 1972)
O terror e a propaganda foram dois lados complementares do regime stalinista. Contudo, muitos historiadores afirmam que eles não são suficientes para explicar o grau de aprovação conseguido por este regime tanto dentro como fora da União Soviética. O apoio político dado a Stalin dentro da URSS também é explicado pela: a) eclosão da segunda revolução russa, que modificou as bases ideológicas do bolchevismo e excluiu lideranças como a de Trotski b) manipulação estatal do nacionalismo, que possibilitou a mobilização popular e revitalizou o caráter messiânico da cultura russa c) entrada de capitais estrangeiros após a Segunda Guerra Mundial, que facilitou a retomada da industrialização e permitiu a diminuição do desemprego d) introdução da Nova Política Econômica, que permitiu a manutenção da pequena propriedade privada e assegurou a permanência da aliança operário-camponesa
A Guerra Civil Espanhola, entre os anos de 1936 e 1939, teve estreitas relações com os fatos históricos que engendraram a Segunda Guerra Mundial. O final dessa Guerra Civil representou a a) vitória dos sociais democratas na Península Ibérica, local utilizado pelos Aliados para iniciar os preparativos finais para preparar os bombardeios contra os nazifascistas. b) derrota das forças socialistas, anarquistas e democráticas espanholas que não conseguiram sobrepor-se ao exército franquista, uma vez que este tinha o apoio incondicional dos EUA, Inglaterra e França. c) ascensão das forças fascistas que, apesar de terem sido derrotadas na Segunda Guerra Mundial, ganharam fôlego na Espanha até a década de 1970. d) derrota das forças militares dos nazifascistas, que não conseguiram suportar os ataques realizados pela milícia republicana, que tinha o apoio financeiro da União Soviética e de outros países aliados. e) vitória do Partido Comunista Espanhol, que soube organizar uma grande frente de oposição ao movimento das classes burguesas, que sustentavam financeiramente os fascistas, especialmente os de Barcelona e Madri.
6. (UFRGS 2000) NÃO pode ser considerado(a) consequência da crise econômica de 1929 a) a retração do comércio internacional e da produção industrial, bem como a queda do preço das matérias-primas.
[83]
[História II] 8. (PUCRS) Responder à questão com base nas afirmativas abaixo, sobre o período entre as duas grandes guerras mundiais e as bases de apoio social para a ascensão dos regimes fascistas na Europa.
10. (ENEM) O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de produção e o preço, entre a cidade e o campo, entre os preços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado interno – o único que é importante – pelo controle de preços e da produção, pela revalorização dos salários e do poder aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela regulamentação das condições de emprego.
I. A alta burguesia apoiou a ascensão de regimes ditatoriais visando a controlar o perigo de uma revolução operária. II. As camadas médias empobrecidas com a crise econômica opuseram-se ao avanço dos fascistas, com o apoio dos partidos liberal e socialdemocrata. III. Parcela significativa do operariado apoiava os partidos comunista e socialista, acreditando na transformação revolucionária do Estado. IV. As classes populares compostas por ex-combatentes, subempregados e jovens desempregados foram as mais seduzidas pela propaganda fascista.
CROUZET, M. Os Estados perante a crise, In: História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1977 (adaptado).
Tendo como referência os condicionantes históricos do entreguerras, as medidas governamentais descritas objetivavam a) flexibilizar as regras do mercado financeiro. b) fortalecer o sistema de tributação regressiva. c) introduzir os dispositivos de contenção creditícia. d) racionalizar os custos da automação industrial mediante negociação sindical. e) recompor os mecanismos de acumulação econômica por meio da intervenção estatal.
Pela análise das alternativas, conclui-se que somente estão corretas a) I e II b) I, II e III c) I, III e IV d) II e IV e) III e IV
9. (UFRGS) No término da Primeira Guerra Mundial, surgiram movimentos políticos que contestavam a ordem existente e se mostravam ferozes adversários do internacionalismo vermelho. Entre esses, o protótipo foi o "Fascio italiano di combattimento" fundado por Benito Mussolini em 1919, e cujo nome iria embasar o termo genérico de fascismo. Os movimentos ou regimes fascistas que se desenvolveram na Europa do entre guerras apresentavam algumas características comuns. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo.
11. (ENEM PPL) Mas a Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos em todos os lugares em que homens e mulheres se envolviam ou faziam uso de transações impessoais de mercado. Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem um porto seguro das convulsões de continentes menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que foi o maior terremoto global medido na escala Richter dos historiadores econômicos – a Grande Depressão do entreguerras.
( ) O fascismo, considerando-se um poder espiritual, antimaterialista e anticapitalista, condenava os recursos da propaganda política do século XX, como a imprensa, o rádio, o cinema, de que faziam uso as democracias liberais europeias. ( ) O fascismo era ultranacionalista e revelou-se contra tudo o que na sua concepção ameaçava a unidade nacional: a democracia, o liberalismo e a luta de classes. ( ) O fascismo pretendeu fazer emergir o novo homem, regenerado, procurando homogeneizar a comunidade. ( ) O fascismo, hostil ao pluralismo, detinha a verdade. Deliberando o que era bom ou mau, feio ou bonito, o fascismo era conduzido por um chefe carismático. ( ) O fascismo, substituindo o conflito social interno pelo corporativismo, era contra todo tipo de violência e de quadros militarizados. Condenando as rivalidades, ele não era xenófobo, nem admitia impulsos imperialistas.
A Grande Depressão econômica que se abateu nos EUA e se alastrou pelo mundo capitalista deveu-se ao(à) a) produção industrial norte-americana, ocasionada por uma falsa perspectiva de crescimento econômico pós-Primeira Guerra Mundial. b) vitória alemã na Primeira Grande Guerra e, consequentemente, sua capacidade de competição econômica com os empresários norte-americanos. c) desencadeamento da Revolução Russa de 1917 e a formação de um novo bloco econômico, capaz de competir com a economia capitalista. d) Guerra Fria, que caracterizou o período de entreguerras, provocando insegurança e crises econômicas no mundo. e) tomada de medidas econômicas pelo presidente norte-americano Roosevelt, conhecidas como New Deal, que levaram à crise econômica no mundo.
HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V - F - V - F - F. b) F - V - V - V - V. c) V - V - F - F - V. d) V - F - F - V - V. e) F - V - V - V - F.
[84]
[História II] 12. (ENEM PPL) No aniversário do primeiro decênio da Marcha sobre Roma, em outubro de 1932, Mussolini irá inaugurar sua Via dell Impero; a nova Vida Sacra do Fascismo, ornada com estátuas de César, Augusto, Trajano, servirá ao culto do antigo e à glória do Império Romano e de espaço comemorativo do ufanismo italiano. Às sombras do passado recriado ergue-se a nova Roma, que pode vangloriar-se e celebrar seus imperadores e homens fortes; seus grandes poetas e apólogos como Horácio e Virgílio.
a) b) c) d) e)
crítica ao stalinismo. combate ao fascismo. rejeição ao federalismo. apoio ao corporativismo. adesão ao anarquismo.
15. (ENEM PPL) A primeira produção cinematográfica de propaganda nitidamente antissemita foi Os Rotschilds (1940), de Erich Waschneck. Ambientado na Europa conturbada pelas guerras napoleônicas, o filme mostrava como essa importante família de banqueiros judeus beneficiou-se das discórdias entre as nações europeias, acumulando fortuna à custa da guerra, do sofrimento e da morte de milhões de pessoas. O judeu é retratado como uma criatura perigosa, de mãos aduncas, rosto encarniçado e olhar sádico e maléfico.
SILVA, G. História antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy. São Paulo: Annablume, 2007 (adaptado).
A retomada da Antiguidade clássica pela perspectiva do patrimônio cultural foi realizada com o objetivo de a) afirmar o ideário cristão para reconquistar a grandeza perdida. b) utilizar os vestígios restaurados para justificar o regime político. c) difundir os saberes ancestrais para moralizar os costumes sociais. d) refazer o urbanismo clássico para favorecer a participação política. e) recompor a organização republicana para fortalecer a administração estatal.
PEREIRA, W. “Cinema e genocídio judaico: dimensões da memória audiovisual do nazismo e do holocausto”. In: Educando para a cidadania e a democracia. 6ª Jornada Interdisciplinar. Rio de Janeiro: SME; UERJ, jun 2009 (fragmento).
Os Rotschiids foi produzido na Alemanha nazista. A partir do texto e naquela conjuntura política, o principal objetivo do filme foi a) defender a liberdade religiosa. b) controlar o genocídio racial. c) aprofundar a intolerância étnica. d) legitimar o expansionismo territorial. e) contestar o nacionalismo autoritário.
13. (ENEM) A participação da África na Segunda Guerra Mundial deve ser apreciada sob a ótica da escolha entre vários demônios. O seu engajamento não foi um processo de colaboração com o imperialismo, mas uma luta contra uma forma de hegemonia ainda mais perigosa.
16. (ENEM) Os regimes totalitários da primeira metade do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal.
MAZRUI, A. “Procurai primeiramente o reino do político...” In: MAZRUI, A., WONDJI, C. (Org.). Historia geral da África: África desde 1925. Brasília: Unesco, 2010.
Para o autor, a “forma de hegemonia” e uma de suas características que explicam o engajamento dos africanos no processo analisado foram: a) Comunismo / rejeição da democracia liberal. b) Capitalismo / devastação do ambiente natural. c) Fascismo / adoção do determinismo biológico. d) Socialismo / planificação da economia nacional. e) Colonialismo / imposição da missão civilizatória.
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se a) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que enfrentavam os opositores ao regime. b) pelas propostas de conscientização da população acerca dos seus direitos como cidadãos. c) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os jovens como exemplos a seguir. d) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras. e) pelos métodos políticos populistas e pela organização de comícios multitudinários.
14. (ENEM) As Brigadas Internacionais foram unidades de combatentes formadas por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo — incluindo 40 brasileiros — tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes político-ideológicas. SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento).
A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a)
[85]
[História II]
UNIDADE 5 – 2ª GUERRA MUNDIAL E GUERRA FRIA
17. (ENEM) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo. b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear. c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana. d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético. e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.
1. (ENEM)
18. (ENEM PPL) A eugenia, tal como originalmente concebida, era a aplicação de “boas práticas de melhoramento” ao aprimoramento da espécie humana. Francis Galton foi o primeiro a sugerir com destaque o valor da reprodução humana controlada, considerando-a produtora do aperfeiçoamento da espécie.
O regime do Apartheid adotado de 1948 a 1994 na África do Sul fundamentava-se em ações estatais de segregacionismo racial.
ROSE, M. O espectro de Darwin. Rio de Janeiro: Ziai 2000 (adaptado).
Um resultado da aplicação dessa teoria, disseminada a partir da segunda metade do século XIX, foi o(a) a) aprovação de medidas de inclusão social. b) adoção de crianças com diferentes características físicas. c) estabelecimento de legislação que combatia as divisões sociais. d) prisão e esterilização de pessoas com características consideradas inferiores. e) desenvolvimento de próteses que possibilitavam a reabilitação de pessoas deficientes.
Na imagem, fuzileiros navais fazem valer a “lei do passe” que regulamentava o(a) a) concentração fundiária, impedindo os negros de tomar posse legítima do uso da terra. b) boicote econômico, proibindo os negros de consumir produtos ingleses sem resistência armada. c) sincretismo religioso, vetando os ritos sagrados dos negros nas cerimônias oficiais do Estado. d) controle sobre a movimentação, desautorizando os negros a transitar em determinadas áreas das cidades. e) exclusão do mercado de trabalho, negando à população negra o acesso aos bens de consumo.
2. (ENEM PPL) A Guerra Fria foi, acima de tudo, um produto da heterogeneidade no sistema internacional – para repetir, da heterogeneidade da organização interna e da prática internacional – e somente poderia ser encerrada pela obtenção de uma nova homogeneidade. O resultado disto foi que, enquanto os dois sistemas distintos existiram, o conflito da Guerra Fria estava destinado a continuar: a Guerra Fria não poderia terminar com o compromisso ou a convergência, mas somente com a prevalência de um destes sistemas sobre o outro.
GABARITO UNIDADE 4 1.E 8.C 15.C
2.E 9.E 16.A
3.D 10.E 17.A
4.C 11.A 18.D
5.B 12.B
6.C 13.C
HALLIDAY, F. Repensando as relações internacionais. Porto Alegre: EdUFRGS, 1999.
7.C 14.B
A caracterização da Guerra Fria apresentada pelo texto implica interpretá-la como um(a)
[86]
[História II] a)
esforço de homogeneização do sistema internacional negociado entre Estados Unidos e União Soviética. b) guerra, visando o estabelecimento de um renovado sistema social, híbrido de socialismo e capitalismo. c) conflito intersistêmico em que países capitalistas e socialistas competiriam até o fim pelo poder de influência em escala mundial. d) compromisso capitalista de transformar as sociedades homogêneas dos países socialistas em democracias liberais. e) enfrentamento bélico entre capitalismo e socialismo pela homogeneização social de suas respectivas áreas de influência política.
Eu vos acompanho pelas emaranhadas áfricas do nosso Rumo. Eu vos sinto negros de todo o mundo eu vivo a nossa história meus irmãos. Disponível em: www.agostinhoneto.org. Acesso em: 30 jun. 2015.
Nesse poema, o líder angolano Agostinho Neto, na década de 1940, evoca o pan-africanismo com o objetivo de a) incitar a luta por políticas de ações afirmativas na América e na África. b) reconhecer as desigualdades sociais entre os negros de Angola e dos Estados Unidos. c) descrever o quadro de pobreza após os processos de independência no continente africano. d) solicitar o engajamento dos negros estadunidenses na luta armada pela independência em Angola. e) conclamar as populações negras de diferentes países a apoiar as lutas por igualdade e independência.
3. (ENEM)
5. (ENEM)
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela a) ampliação da Guerra do Vietnã. b) construção do muro de Berlim. c) instalação de mísseis em Cuba. d) eclosão da Guerra dos Sete Dias. e) invasão do território do Afeganistão. O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano. b) o apoio da população hindu a prisão de Gandhi. c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa. d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi. e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.
4. (ENEM) Voz do sangue Palpitam-me os sons do batuque e os ritmos melancólicos do blue. Ó negro esfarrapado do Harlem ó dançarino de Chicago ó negro servidor do South Ó negro da África negros de todo o mundo Eu junto ao vosso magnífico canto a minha pobre voz os meus humildes ritmos.
[87]
[História II] 6. (ENEM)
Com base na aula e na observação dos mapas, os alunos fizeram três afirmativas: I. A brutal diferença entre as fronteiras políticas e as fronteiras étnicas no continente africano aponta para a artificialidade em uma divisão com objetivo de atender apenas aos interesses da maior potência capitalista na época da descolonização. II. As fronteiras políticas jogaram a África em uma situação de constante tensão ao desprezar a diversidade étnica e cultural, acirrando conflitos entre tribos rivais. III. As fronteiras artificiais criadas no contexto do colonialismo, após os processos de independência, fizeram da África um continente marcado por guerras civis, golpes de estado e conflitos étnicos e religiosos.
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como ”Quando penso em revolução quero fazer amor“, se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se a) à contestação da crise econômica europeia, que fora provocada pela manutenção das guerras coloniais. b) à organização partidária da juventude comunista, visando o estabelecimento da ditadura do proletariado. c) à unificação das noções de libertação social e libertação individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo. d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como solução para os conflitos sociais. e) ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos costumes.
É verdadeiro apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) l e ll. e) ll e lll.
8. (UFRGS) Assinale a linha de tempo que contém a seqüência cronológica correta em relação à Segunda Guerra Mundial: a) Invasão da Polônia ë "Dia D" ë Julgamento de Nüremberg ë Batalha de Stalingrado ë Operação "Barbarrosa" b) Ataque a Pearl Harbor ë "Anschluss" ë Invasão da Polônia ë Batalha de Stalingrado ë "Dia D" c) Operação "Barbarrosa" ë Batalha de Stalingrado ë "Anschluss" ë Ataque a Pearl Harbor ë Invasão da Polônia d) Invasão da Polônia ë Operação "Barbarrosa" ë Batalha de Stalingrado ë "Dia D" ë Julgamento de Nüremberg e) "Anschluss" ë Operação "Barbarrosa" ë "Dia D" ë Ataque a Pearl Harbor ë Julgamento de Nüremberg
7. (ENEM) Um professor apresentou os mapas a seguir numa aula sobre as implicações da formação das fronteiras no continente africano.
[88]
[História II] 9. (UFRGS) Lucros resultantes do emprego de cada prisioneiro no campo de concentração, segundo cálculo feito pelas SS em documento oficial:
o ataque-surpresa japonês à base americana de Pearl Harbor, que arrasou 143 encouraçados dos Estados Unidos. d) o avanço japonês sobre a Indonésia e Indochina francesa em busca de petróleo e borracha. e) as rotas aéreas utilizadas pelos aviões-caça (kamikazes) japoneses para levar suprimentos aos soldados espalhados pela região. c)
Salário diário médio (não pago, é claro) ..RM 6.00 Dedução para alimentação ............................0.60 Id. Amortização dos objetos de vestuário.......0.10 Duração média de vida: 9 meses = 270 dias x 5.30 ..... .....1431.00 Exploração racional do corpo do prisioneiro: 1. Ouro dentário; 2. Vestuário pessoal; 3. Bens deixados pelo morto; 4. Dinheiro deixado pelo morto; - menos despesas de incineração: RM2.00: média 200.00 Lucro total em 9 meses ...............................1 631.00 mais o lucro suplementar da utilização dos ossos e das cinzas.
11. (Uerj 2004)
(Fonte: FREITAS, G. de. 900 TEXTOS E DOCUMENTOS DE HISTÓRIA. Lisboa: Plátano, s.d. p.291.)
Sobre as informações trazidas pelo texto, são feitas as seguintes afirmações: I - A exploração dos prisioneiros como força de trabalho proporcionou, ao Estado nazista, a obtenção de uma maisvalia quase absoluta. II - A montagem da estrutura necessária para a extração de lucros absolutos sobre os prisioneiros foi pautada por um complexo planejamento, com características semelhantes às de um planejamento industrial. III - Os dados mostram que são falsas as denúncias sobre tratamento desumano nos campos de concentração nazistas. Quais estão corretas? a) I b) II d) I e III e) I, II e III
(BELMONTE, 1943. In: JAGUAR (org.). Caricatura dos tempos. São Paulo: Melhoramentos, 1982.)
A caricatura acima refere-se a dois momentos das relações entre a Alemanha e a URSS no entre-guerras. A alternativa que identifica esses momentos é: a) Conferência de Munique - invasão alemã à Polônia b) T ratado de Moscou - Política alemã de expansão para o leste c) Política de Apaziguamento - Pacto tripartite entre Alemanha, Itália e Japão d) Pacto de não-agressão germano-soviético - invasão da URSS pelas tropas alemãs
c) I e II
10. (PUCRS) Responder à questão sobre o contexto asiático durante a Segunda Guerra Mundial analisando o cartaz a seguir.
12. (UFRGS) Em dezembro de 1943 foi realizada por Roosevelt, Churchill e Stalin, a Conferência de Teerã, que decidiu a abertura de um novo front da Guerra com a invasão da Normandia. Esta reunião assinala alteração na situação estratégica da Alemanha, que passa a atuar na defensiva. A inversão no quadro da guerra se deveu à a) ruptura do pacto germano-soviético pela URSS, que libertou a França. b) unificação da Coréia e ao controle do petróleo romeno pelos norte-americanos. c) aliança da URSS com o Japão, obrigando o Eixo a recuar na Ásia. d) ofensiva soviética iniciada na Batalha de Stalingrado e à capitulação italiana frente aos aliados. e) proclamação da República Social Italiana por Mussolini, que rompeu o pacto com a Alemanha e arrastou a Iugoslávia.
Podemos afirmar que, no cartaz acima, confeccionado na Inglaterra em 1944, o polvo que aparece sobre o mapa da Ásia representa o risco causado pelo avanço japonês na batalha de Midway, que causou perdas de navios aliados. b) o desembarque de soldados britânicos nas ilhas japonesas Curilas preparando bases de apoio para os EUA. a)
[89]
[História II] 13. (UFRGS) Nos anos de 1942 e 1943 as batalhas de Midway, no Pacífico, El Alamein, na África, e Stalingrado, na Eurásia, significaram a a) confirmação da supremacia do Eixo. b) reversão da II Guerra Mundial com a ofensiva passando para os aliados. c) ruptura entre os EUA e a URSS, dando origem à Guerra Fria. d) conquista da Polônia e da Hungria pelos nazistas. e) ascensão do poderio militar soviético.
II - O informe Jdanov e a criação do Cominform pelos partidos comunistas europeus. III - A intensificação da corrida pelo desenvolvimento dos armamentos nucleares e a divisão da Alemanha. Quais deles apresentam corretamente aspectos do processo citado? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III.
17. (UFRGS) Na década de 80, a URSS enfrentou uma guerra, ao invadir o Afeganistão para apoiar o governo daquele país. Em relação a essa guerra, é correto afirmar que
14. (UFSC) "A verdade e o amor sempre venceram. Houve tiranos e assassinos e eles pareciam invencíveis. Mas, no final, sempre caem. Pense nisso...sempre...". (Mahatma Gandhi)
I - os oponentes dos soviéticos eram identificados como os "combatentes da liberdade" pelo presidente Reagan, sendo apoiados pelos EUA. II - os soviéticos se retiraram durante o governo de Gorbatchev, sem ter derrotado os guerrilheiros afegãos. III - a resistência afegã contou com a participação de Osama Bin Laden, que teria sido recrutado pela CIA entre os fundamentalistas islâmicos da Arábia Saudita.
Sobre o domínio inglês na Índia é CORRETO afirmar que: (01) os britânicos se instalaram na Índia a partir do século XVI, abrindo postos comerciais através da Cia. das Índias Orientais que, no início do século XIX, controlava o comércio e substituía antigos hábitos culturais por novos. (02) os indianos eram tratados como iguais pelos britânicos, que valorizavam a cultura destes, considerando-a superior à europeia. (04) uma das estratégias de manutenção do controle sobre a Índia foi colocá-la sob administração direta da Coroa Britânica. (08) a Coroa Britânica promoveu a construção de estradas de ferro, o que favoreceu muito as indústrias artesanais indianas. (16) Mahatma Gandhi defendia a resistência ao domínio britânico de forma pacífica, através do boicote a produtos ingleses e do não pagamento de impostos. Soma:___
Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas I e III. b) Apenas I e II. d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
18. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o período pós-Segunda Guerra Mundial. I - A constituição do Estado de bem-estar social em diversos países da Europa ocidental resultou das necessidades de proteger as populações atingidas pelo conflito, afastando a perspectiva de revolução social. II - Na lógica da Guerra Fria, os EUA procuravam limitar a influência soviética sobre o Ocidente, simultaneamente à sua imposição hegemônica no interior do bloco capitalista. III - No cenário do bloco capitalista, ocorreu a expansão de elementos da lógica da sociedade norte-americana, como o sistema de produção baseado no fordismo e uma cultura de consumo alimentando o sistema produtivo.
15. (PUCRS) A chamada "Crise dos Mísseis", de 1962, que levou as relações Washington - Moscou a um ponto crítico no contexto da Guerra Fria, foi resultante a) da aproximação entre o governo de Fidel Castro e a URSS. b) do escândalo político internacional conhecido como Watergate. c) do fim da política continental norte-americana da "Aliança Para o Progresso". d) da afirmação do stalinismo na política interna da URSS. e) do avanço do macarthismo no Congresso norteamericano.
Quais estão corretas? a) Apenas I. . b) Apenas II. c) Apenas I e III d) Apenas II e III. e) I, II e III.
16. (UFRGS) O final da Segunda Guerra Mundial possibilitou a emergência das superpotências que se enfrentaram numa "Guerra Fria", explícita a partir de 1947, e a divisão do mundo em blocos de poder bipolar. Como aspectos desse processo, apresentam-se os itens abaixo. I - A "Doutrina Truman", enunciada pelo presidente dos EUA, e o plano Marshall, de ajuda econômica à Europa.
[90]
[História II] 19. (UFRGS) A Guerra Fria, nos anos 1950/60, deu lugar à política de distensão entre os EUA e a URSS conhecida como Coexistência Pacífica. Entre as causas que contribuíram para essa mudança, NÃO se encontra
UNIDADE 6 – BRASIL NA 1ª REPÚBLICA
a grande dianteira econômico-militar alcançada pelos EUA nessa época, que obrigou a URSS a adotar uma posição defensiva. b) a divergência surgida no campo socialista entre a URSS e a China. c) a recuperação econômica da Europa, que permitiu maior autonomia política a alguns países, como a França do governo De Gaulle. d) a relativa equivalência de forças dos blocos que resultou da Guerra da Coréia e do equilíbrio nuclear alcançado entre as duas superpotências. e) a expansão da descolonização afro-asiática, que gerou uma nova realidade política com a Conferência de Bandung (1955) e o estabelecimento do Movimento dos Não-Alinhados (1961).
1. (ENEM PPL) Em 1914, o preço da borracha despencou no mercado internacional; dois anos depois, 200 firmas foram à falência em Manaus. E assim acabou o sonho de quem acendia charutos com notas de 1.000 réis. A cidade entrou em colapso.
a)
National Geographic, n. 143, fev. 2012 (adaptado).
O súbito declínio da atividade econômica mencionada foi provocado pelo(a) a) carência de meios de transporte que permitissem uma rápida integração entre as áreas produtoras e consumidoras. b) produção nas plantações de seringueiras do sudeste asiático, que ocasionou um excesso da produção mundial. c) chamado encilhamento, que resultou na desvalorização da moeda brasileira após forte especulação na Bolsa de Valores. d) fim da migração de nordestinos para a Amazônia, que gerou uma enorme carência de mão de obra na região. e) início da Primeira Guerra Mundial, que paralisou o comércio internacional e provocou o declínio da economia brasileira.
20. (ENEM) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco oriental. importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista.
2. (ENEM) O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos Inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.
Essa divisão europeia ficou conhecida como a) Cortina de Ferro. b) Muro de Berlim. c) União Europeia. d) Convenção de Ramsar. e) Conferência de Estocolmo.
ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.
No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa a) redenção cristã e cultura cívica. b) veneração aos santos e radicalismo militar. c) apologia aos protestantes e culto ufanista. d) tradição messiânica e tendência regionalista. e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
GABARITO UNIDADE 5 1.D 8.D 15.A
2.C 9.C 16.E
3.C 10.D 17.E
4.E 11.D 18.E
5.D 12.D 19.A
6.C 13.B 20.A
7.E 14.21
[91]
[História II] 3. (ENEM)
TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.
Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura.
5. (ENEM PPL) Art. 1º – O estrangeiro que, por qualquer motivo, comprometer a segurança nacional ou a tranquilidade pública, pode ser expulso de parte ou de todo o território nacional.
Uma scena franco-brazileira: “franco” – pelo local e os personagens, o local que é Paris e os personagens que são pessoas do povo da grande capital; “brazileira” pelo que ahi se está bebendo: café do Brazil. O Lettreiro diz a verdade apregoando que esse é o melhor de todos os cafés. (Essa página foi desenhada especialmente para A Ilustração Brazileira pelo Sr. Tofani, desenhista do Je Sais Tout.)
Art. 2º – São também causas bastantes para a expulsão: 1ª) a condenação ou processo pelos tribunais estrangeiros por crimes ou delitos de natureza comum; 2ª) duas condenações, pelo menos, pelos tribunais brasileiros, por crimes ou delitos de natureza comum; 3ª) a vagabundagem, a mendicidade e o lenocínio competentemente verificados.
A Ilustração Brazileira, n. 2, 15 jun. 1909 (adaptado).
A página do periódico do início do século XX documenta um importante elemento da cultura francesa, que é revelador do papel do Brasil na economia mundial, indicado no seguinte aspecto: a) Prestador de serviços gerais. b) Exportador de bens industriais. c) Importador de padrões estéticos. d) Fornecedor de produtos agrícolas. e) Formador de padrões de consumo.
BRASIL. Lei 1.641, de 7 de janeiro de 1907. Disponível em: www2.camara.leg.br. Acesso em: 29 ago. 2012 (adaptado).
No início do século XX, na transição do trabalho escravo para o livre, os objetivos da legislação citada eram a) disciplinar o trabalhador e evitar sua participação em movimentos políticos contrários ao governo. b) estabelecer as condições para a vinda dos imigrantes e definir as regiões que seriam ocupadas. c) demonstrar preocupação com as condições de trabalho e favorecer a organização sindical. d) criar condições políticas para a imigração e isolar os imigrantes socialmente indesejáveis. e) estimular o trabalho urbano e disciplinar as famílias estrangeiras nas fábricas.
4. (ENEM) TEXTO I Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.
[92]
[História II] 6. (ENEM PPL) Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o regime. Sentou-se e viu que tinham tirado da parede a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: – Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade? O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? – Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima. E, sentando-se, pensou com tristeza: – Não dou três anos para que isso seja uma República!
8. (ENEM PPL) TEXTO 1 Embora eles, artistas modernos, se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. Essas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti. Sejam sinceros: futurismo, cubisrno, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. LOBATO, M. Paranoia ou mistificação: a propósito da exposição de Anita Malfatti. O Estado de São Paulo, 20 dez.1917 (adaptado).
TEXTO II Anita Malfatti, possuidora de uma afta consciência do que faz, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinquenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é o que todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que melhor conseguem iludir.
AZEVEDO, A. Vidas alheias. Porto Alegre, s.e, 1901 (adaptado).
A crônica de Artur Azevedo, retratando os dias imediatos à instauração da República no Brasil, refere-se ao(à) a) ausência de participação popular no processo de queda da Monarquia. b) tensão social envolvida no processo de instauração do novo regime. c) mobilização de setores sociais na restauração do antigo regime. d) temor dos setores burocráticos com o novo regime. e) demora na consolidação do novo regime.
ANDRADE. O. A exposição Anita Malfatti. Jornal do Commercio, 11 jan. 1918 (adaptado).
TEXTO III
7. (ENEM)
A análise dos documentos apresentados demonstra que o cenário artístico brasileiro no primeiro quartel do século XX era caracterizado pelo(a) a) domínio do academicismo, que dificulta a recepção da vertente realista na obra de Anita Malfatti. b) dissonância entre as vertentes artísticas, que divergiam sobre a validade do modelo estético europeu. c) exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justificavam a adaptação da estética europeia à realidade brasileira. d) impacto de novas linguagens estéticas, que alteravam o conceito de arte e abasteciam a busca por uma produção artística nacional. e) influência dos movimentos artísticos europeus de vanguarda, que levava os modernistas a copiarem suas técnicas e temáticas.
Na imagem, o autor procura representar as diferentes gerações de uma família associada a uma noção consagrada pelas elites intelectuais da época, que era a de a) defesa da democracia racial. b) idealização do universo rural. c) crise dos valores republicanos. d) constatação do atraso sertanejo. e) embranquecimento da população.
[93]
[História II] 9. (ENEM) O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia ate a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto. CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história
12. (ENEM PPL) Na primeira década do século XX, reformar a cidade do Rio de Janeiro passou a ser o sinal mais evidente da modernização que se desejava promover no Brasil. O ponto culminante do esforço de modernização se deu na gestão do prefeito Pereira Passos, entre 1902 e 1906. “O Rio civilizava-se” era frase célebre à época e condensava o esforço para iluminar as vielas escuras e esburacadas, controlar as epidemias, destruir os cortiços e remover as camadas populares do centro da cidade. OLIVEIRA, L. L. Sinais de modernidade
política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998 (adaptado).
na Era Vargas: vida literária, cinema e rádio. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A. (Org.). O tempo do nacional-estatismo: do início ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas baseavam-se na a) coação das milícias locais. b) estagnação da dinâmica urbana. c) valorização do proselitismo partidário. d) disseminação de práticas clientelistas. e) centralização de decisões administrativas.
O processo de modernização mencionado no texto trazia um paradoxo que se expressava no(a) a) substituição de vielas por amplas avenidas. b) impossibilidade de se combaterem as doenças tropicais. c) ideal de civilização acompanhado de marginalização. d) sobreposição de padrões arquitetônicos incompatíveis. e) projeto de cidade incompatível com a rugosidade do relevo
10. (ENEM PPL) Passada a festa da abolição, os exescravos procuraram distanciar-se do passado de escravidão, negando-se a se comportar como antigos cativos. Em diversos engenhos do Nordeste, negaramse a receber a ração diária e a trabalhar sem remuneração. Quando decidiram ficar, isso não significou que concordassem em se submeter às mesmas condições de trabalho do regime anterior. FRAGA, W; ALBUQUERQUE, W. R.
13. (Ufrs 2004) Observe a gravura a seguir, que fazia parte de uma peça de propaganda política do Partido Democrático.
Uma história da cultura afro-brasileira. São Paulo: Moderna, 2009 (adaptado).
Segundo o texto, os primeiros anos após a abolição da escravidão no Brasil tiveram como característica o(a) a) caráter organizativo do movimento negro. b) equiparação racial no mercado de trabalho. c) busca pelo reconhecimento do exercício da cidadania. d) estabelecimento do salário mínimo por projeto legislativo. e) entusiasmo com a extinção das péssimas condições de trabalho.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. "História do Brasil". São Paulo: Scipione, 1997. p. 304.
A partir do que a gravura sugere, pode-se dizer que ela faz alusão à prática da a) fraude eleitoral exercida durante o Estado Novo pelas oligarquias regionais, por meio dos novos órgãos de controle social criados durante a ditadura varguista. b) compra de votos pelas oligarquias regionais do Segundo Reinado, que tiravam proveito da precária situação econômica da maior parte do eleitorado brasileiro. c) fraude eleitoral exercida durante o período da ditadura militar pelas elites financeiras, que utilizavam recursos públicos e privados para influir nos sufrágios. d) compra do voto pelas elites financeiras do Primeiro Reinado, que se valiam da ausência de democracia para exercer seus mecanismos de pressão no eleitorado. e) manipulação eleitoral exercida pelas oligarquias regionais da República Velha, assentada no controle dos eleitores através do chamado "voto de cabresto".
11. (ENEM) O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O próprio presidente Campos Sales resumiu claramente seu objetivo: “ de lá, dos estados, que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A política dos estados é a política nacional”. CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 (adaptado).
Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma estratégia política no sentido de a) governar com a adesão popular. b) atrair o apoio das oligarquias regionais. c) conferir maior autonomia às prefeituras. d) democratizar o poder do governo central. e) ampliar a influência da capital no cenário nacional.
GABARITO UNIDADE 6 1.B 8.D
[94]
2.A 9.D
3.D 10.C
4.E 11.B
5.A 12.C
6.A 13.E
7.E
[História II]
UNIDADE 7 – BRASIL NA ÉPOCA DO POPULISMO
3. (ENEM)
1. (ENEM) No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela igreja. MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto. 2011 (adaptado).
Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a) a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado. b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército. c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior. d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial. e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material.
No anúncio, há referências a algumas das transformações ocorridas no Brasil nos anos 1950 e 1960. No entanto, tais referências omitem transformações que impactaram segmentos da população, como a a) exaltação da tradição colonial. b) redução da influência estrangeira. c) ampliação da imigração internacional. d) intensificação da desigualdade regional. e) desconcentração da produção industrial.
2. (ENEM) Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum grupo político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular... Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”.
4. (ENEM)
A Democracia. 16 set. 1945. apud GOMES. A.C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática. 1989.
O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por a) reclamar a participação das agremiações partidárias. b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista. c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas. d) reivindicar a transição constitucional sob influência do governante. e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social.
JK — Você agora tem automóvel brasileiro, para correr em estradas pavimentadas com asfalto brasileiro, com gazolina brasileira. Quer mais quer? JECA — Um prato de feijão brasileiro, seu doutô! THÉO. In: LEMOS, R. (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro: Bom Texto; Letras & Expressões, 2001.
[95]
[História II] A charge ironiza a política desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, ao a) evidenciar que o incremento da malha viária diminuiu as desigualdades regionais do país. b) destacar que a modernização das indústrias dinamizou a produção de alimentos para o mercado interno. c) enfatizar que o crescimento econômico implicou aumento das contradições socioespaciais. d) ressaltar que o investimento no setor de bens duráveis incrementou os salários de trabalhadores. e) mostrar que a ocupação de regiões interioranas abriu frente de trabalho para a população local.
Lei de Remessas de Lucros. Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962. BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2002.
Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos usados no debate político, como democracia e reforma. Se, para os setores aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas deveriam resultar em a) fim da intervenção estatal na economia. b) crescimento do setor de bens de consumo. c) controle do desenvolvimento industrial. d) atração de investimentos estrangeiros. e) limitação da propriedade privada.
5. (ENEM PPL) 7. (ENEM) Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”. KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003.
No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (políticos vinculados à União Democrática Nacional - UDN -, Igreja Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta organização a) constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista. b) contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular. c) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cultura. d) prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais pobres. e) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo.
O arrojado projeto arquitetônico e urbanista da nova capital federal fez com que Brasília fosse, no ano de 1987, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, porque o Plano Piloto de Brasília concretizava os princípios do a) urbanismo modernista internacional. b) modelo da arquitetura sacra europeia. c) pensamento organicista das metrópoles brasileiras. d) plano de interiorização da capital. e) projeto nacional desenvolvimentista do governo JK.
6. (ENEM) A consolidação do regime democrático no Brasil contra os extremismos da esquerda e da direita exige ação enérgica e permanente no sentido do aprimoramento das instituições políticas e da realização de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e social. Mensagem programática da União Democrática Nacional (UDN) – 1957. Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores para a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária progressista; b) Reforma agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da
[96]
[História II] 8. (ENEM) Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários, provocadas pela inflação, levaram a uma intensa mobilização política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de várias categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais. “Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas sobras” do modelo econômico juscelinista.
10. (UERJ)
MENDONÇA, S. R. A industrialização Brasileira. São Paulo: Moderna, 2002 (adaptado) (Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1980.)
Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos 1960 decorreram principalmente a) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart. b) das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista. c) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas. d) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das greves. e) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação trabalhista.
Os desenhos que retratam Getúlio Vargas sugerem mudanças nas suas opções políticas ou ideológicas, ao longo das décadas de 1930 e 1940. Pode-se dizer que, na sequência de 37 a 45, eles caracterizam, respectivamente: a) simpatia pelo fascismo e aproximação com a Alemanha - aliança com os EUA e afastamento do Eixo - guinada à esquerda e fundação do PTB b) nacionalismo e intervencionismo estatal - apoio ao imperialismo norte-americano e fundação de novos partidos - internacionalismo e criação da CLT c) influência do peronismo e aproximação com a Argentina - militarismo e disputa por hegemonia na América Latina - aliança com Prestes e apoio dos comunistas d) ditadura estadonovista e aproximação com o fascismo italiano - populismo e estatização de empresas - apoio à política stalinista para a América Latina e legalização do PCB
9. (ENEM) A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América, é criação do homem ocidental. PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis – Revista do Programa de Pós-
11. (UFSC) Joel Silveira, correspondente dos Diários Associados, assim se refere ao cotidiano dos pracinhas brasileiros na Itália: "Sofremos bastante lá nos Apeninos. Medo, frio-muito frio-, desconforto e aquele constante odor de sangue velho e óleo diesel, que é o cheiro da guerra". (SILVEIRA, Joel. "O Inverno da Guerra". Apud AUGUSTO, Sérgio. No
graduação em Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado).
As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque a) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo na história do Brasil ou da América. b) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais fraco na vida social, enquanto a América é mostrada como um exemplo a ser evitado. c) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo utópico da colonização da América. d) a concepção fundamental da primeira afirmação defende a construção de cidades e a segunda mostra, historicamente, que essa estratégia acarretou sérios problemas. e) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma espontânea, e a segunda mostra que há exemplos históricos que demonstram o contrário.
front, só com máquina de escrever. "O Estado de São Paulo". São Paulo: 14 maio 2005, Caderno 2, página D7.)
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) a respeito da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. (01) O Brasil participou da Segunda Guerra Mundial, ao lado das potências Aliadas, em guerra contra o Eixo. (02) O governo brasileiro entrou na luta antifascista em 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia. (04) A decisão do governo Vargas de declarar guerra ao Eixo foi influenciada por uma grande pressão popular, devido ao afundamento de navios brasileiros. (08) No Brasil, Vargas, fortalecido pelo sucesso da FEB na Itália, fechou o Congresso instalando o Estado Novo. (16) Apesar das dificuldades que encontrou, a FEB teve uma importante participação na luta pela conquista dos Apeninos. A tomada de Monte Castelo foi uma de suas grandes vitórias. SOMA:__
GABARITO UNIDADE 7 1.E 8.B
[97]
2.D 9.E
3.D 10.A
4.C 11.21
5.A
6.E
7.A
[História II]
UNIDADE 8 – BRASIL DA DITADURA AOS DIAS ATUAIS
O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas continuidades consistiu na a) representação do legislativo com a fórmula do bipartidarismo. b) detenção de lideranças populares por crimes de subversão. c) presença de políticos com trajetórias no regime autoritário. d) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais. e) estabilidade da economia com o congelamento anual de preços.
1. (ENEM) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcálas, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 2017.
A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica fundamental entre a) etnia e miscigenação racial. b) sociedade e igualdade jurídica. c) espaço e sobrevivência cultural. d) progresso e educação ambiental. e) bem-estar e modernização econômica.
4. (ENEM) A Operação Condor está diretamente vinculada às experiências históricas das ditaduras civilmilitares que se disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil (e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973) e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou maior medida) com base na Doutrina de Segurança Nacional e tendo como principais características um anticomunismo militante, a identificação do inimigo interno, a imposição do papel político das Forças Armadas e a definição de fronteiras ideológicas.
2. (ENEM Libras) Falavam em fuzilamentos, em gente que era embarcada nos aviões militares e atirada em alto-mar. Havia muita confusão. Sempre que há mudança violenta de poder, a regra dos entendidos é sumir, evaporar-se, não se expor, nos primeiros momentos da rebordosa, um sargento qualquer pode decidir sobre um fuzilamento. Depois as coisas se organizam, até mesmo a violência é estruturada, até mesmo o arbítrio. Mas quem, no meio tempo, foi fuzilado, fuzilado fica.
PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre: Corag, 2009 (adaptado).
Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida operação tinha como objetivo coordenar a a) modificação de limites territoriais. b) sobrevivência de oficiais exilados. c) interferência de potências mundiais. d) repressão de ativistas oposicionistas. e) implantação de governos nacionalistas.
CONY, C. H. Quase memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
A narrativa refere-se ao seguinte aspecto da segurança nacional durante a Ditadura Militar: a) Institucionalização da repressão como política estatal. b) Normatização da censura como mecanismo de controle. c) Legitimação da propaganda como estratégia psicossocial. d) Validação do conformismo como salvaguarda do consenso. e) Ordenação do bipartidarismo como prerrogativa institucional.
5. (ENEM PPL)
3. (ENEM) Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação que antecede as primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos. O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal do Brasil. 15 nov. 1989.
[98]
[História II] A imagem faz referência a uma intensa mobilização popular e pode ser traduzida como a) a campanha popular que confrontava a legitimidade das eleições indiretas no país. b) a manifestação de milhares de pessoas em prol da realização de eleições para o Senado. c) as passeatas realizadas em prol do fim da Ditadura Militar no Brasil e na Argentina. d) os comícios e manifestações populares pela abertura política de forma lenta e segura. e) o movimento que exigia o direito à igualdade de voto para homens e mulheres.
7. (ENEM)
6. (ENEM PPL)
Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a) a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade econômica do país. b) instalação de empresas multinacionais no Brasil. c) legalização dos sindicatos no Brasil. d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas. e) processo de redemocratização do Brasil.
8. (ENEM PPL) As informações sugeridas por Antônio Manuel estão imersas em um jornal dividido entre o "real" e o que podemos chamar de "situacional". O artista transforma todo o clima de repressão na própria matéria de seu trabalho, utilizando os meios de comunicação como arma (irônica) contra a estrutura de poder de um Estado autoritário. SCOVINO, F. Com as armas do inimigo. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 84. set. 2012 (adaptado).
No contexto histórico descrito, a estratégia adotada por alguns segmentos da imprensa para a construção de uma crítica sociopolítica foi a de a) burlar a censura, contribuindo para a análise da vida social. b) justificar o regime vigente, apresentando versões diversas da realidade. c) estimular a livre interpretação dos fatos, atendendo aos interesses dominantes. d) aprimorar o alcance das informações, apresentando as notícias em tempo real. e) manipular a visão coletiva, promovendo interpretações distorcidas das notícias oficiais.
Inspirada em fantasias de Carnaval, a arte apresentada se opunha à concepção de patrimônio vigente nas décadas de 1960 e 1970 na medida em que a) se apropriava das expressões da cultura popular para produzir uma arte efêmera destinada ao protesto. b) resgatava símbolos ameríndios e africanos para se adaptar a exposições em espaços públicos. c) absorvia elementos gráficos da propaganda para criar objetos comercializáveis pelas galerias. d) valorizava elementos da arte popular para construir representações da identidade brasileira. e) o incorporava elementos da cultura de massa para atender às exigências dos museus.
[99]
[História II] 9. (ENEM PPL)
No período de 1964 a 1985, a estratégia do Regime Militar abordada na charge foi caracterizada pela a) priorização da segurança nacional. b) captação de financiamentos estrangeiros. c) execução de cortes nos gastos públicos. d) nacionalização de empresas multinacionais. e) promoção de políticas de distribuição de renda. 11. (ENEM PPL)
Na imagem, encontram-se referências a um momento de intensa agitação estudantil no país. Tal mobilização se explica pela a) divulgação de denúncias de corrupção envolvendo o presidente da República. b) criminalização dos movimentos sociais realizada pelo Governo Federal. c) adoção do arrocho salarial implementada pelo Ministério da Fazenda. d) compra de apoio político promovida pelo Poder Executivo. e) violência da repressão estatal atribuída às Forças Armadas.
O diálogo entre os personagens da charge evidencia, no Brasil, a(s) a) reinserção do país na economia globalizada. b) transformações políticas na vigência do Estado Novo. c) alterações em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país. d) suspensão das eleições legislativas durante o período da Ditadura Militar. e) volta da democracia após um período sem eleições diretas para o Executivo Federal.
10. (Enem 2015)
12. (ENEM) TEXTO l O presidente do jornal de maior circulação do país destacava também os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos, mas, ao justificar sua adesão aos militares em 1964, deixava clara sua crença de que a intervenção fora imprescindível para a manutenção da democracia. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 1 set. 2013 (adaptado).
TEXTO II Nada pode ser colocado em compensação à perda das liberdades individuais. Não existe nada de bom quando se aceita uma solução autoritária. FICO, C. A educação e o golpe de 1964. Disponível em: www.brasilrecente.com. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado).
Embora enfatizem a defesa da democracia, as visões do movimento político-militar de 1964 divergem ao focarem, respectivamente: a) Razões de Estado – Soberania popular. b) Ordenação da Nação – Prerrogativas religiosas. c) Imposição das Forças Armadas – Deveres sociais. d) Normatização do Poder Judiciário – Regras morais. e) Contestação do sistema de governo – Tradições culturais.
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[História II] 13. (ENEM) A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniu representantes de comissões estaduais e de várias instituições para apresentar um balanço dos trabalhos feitos e assinar termos de cooperação com quatro organizações. O coordenador da CNV estima que, até o momento, a comissão examinou, “por baixo”, cerca de 30 milhões de páginas de documentos e fez centenas de entrevistas. Disponível em: www.jb.com.br. Acesso em: 2
c)
suspensão da legislação trabalhista forjada durante a Era Vargas. d) limitação à liberdade das organizações sindicais e populares. e) discordância dos empresários com as políticas industriais.
mar. 2013 (adaptado).
16. (ENEM PPL)
A notícia descreve uma iniciativa do Estado que resultou da ação de diversos movimentos sociais no Brasil diante de eventos ocorridos entre 1964 e 1988. O objetivo dessa iniciativa é a) anular a anistia concedida aos chefes militares. b) rever as condenações judiciais aos presos políticos. c) perdoar os crimes atribuídos aos militantes esquerdistas. d) comprovar o apoio da sociedade aos golpistas anticomunistas. e) esclarecer as circunstâncias de violações aos direitos humanos.
14. (ENEM) Os aparelhos televisores se multiplicam nas residências do Brasil a partir da década de 1960. A partir da charge, os programas televisivos eram controlados para atender interesses dos a) artistas críticos. b) grupos terroristas. c) governos autoritários. d) partidos oposicionistas. e) intelectuais esquerdistas.
A imagem foi publicada no jornal Correio da Manhã, no dia de Finados de 1965. Sua relação com os direitos políticos existentes no período revela a a) extinção dos partidos nanicos. b) retomada dos partidos estaduais. c) adoção do bipartidarismo regulado. d) superação do fisiologismo tradicional. e) valorização da representação parlamentar.
15. (ENEM PPL) Depois de dez anos de aparente imobilidade, 77 950 operários estavam em greve em São Bernardo, Santo André, São Caetano e Diadema – o chamado ABCD, coração industrial do país. Em todas as fábricas, os operários cruzaram os braços em silêncio. Apanhado de surpresa, o governo militar ficou por algum tempo sem ação. Os empregadores, por sua vez, sofriam sérios prejuízos a cada dia de greve. ALVES, M. H. M. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Petrópolis: Vozes, 1984 (adaptado).
O movimento sindical, em fins dos anos 1970, começou a se rearticular e a patrocinar greves de significativa repercussão. Essas greves aconteceram em um contexto político-institucional de a) revogação da negociação coletiva entre patrões e empregados. b) afirmação dos direitos individuais por parte de minorias.
GABARITO UNIDADE 8 1.C 8.A 15.D
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2.A 9.A 16.C
3.C 10.B
4.D 11.E
5.A 12.A
6.A 13.E
7E. 14.C
HISTÓRIA [História II]
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Rubim Santos Leão de . et al. História das Sociedades Americanas. 7 ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. 4 ed. São Paulo: Ática, 1996. COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. DIVALTE Garcia Figueira. História (volume único). São Paulo: Ática, 2002. HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. LOPEZ, Luiz Roberto. História da América Latina. 4 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998. ________________. História do Brasil Império. 3 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984. ________________. História do Brasil República. 1 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
ORDOÑEZ, Marlene e QUEVEDO, Júlio. História. São Paulo: IBEP, s.d. (Coleção Horizontes). VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2001.
* Material didático elaborado pelo professor Éderson da Rosa (Bussunda), licenciado em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Mestre em Ensino de História pela mesma Universidade. Dá aulas em escolas e cursos pré-vestibulares e ENEM desde 2001.
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