E o risco aumenta com … o tabaco www.facebook.com/saudenoticias JANEIRO 2013 | N.º 04 | ANO I | MENSAL
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diretora-geral: Ana Santos
Cancro do Pulmão O tabaco é o principal responsável
“Fumar, fica-te a matar” é o mote da campanha da Pulmonale, uma associação que ajuda doentes, prestando diversos apoios a nível social, psicológico, entre outros. O cancro do pulmão pode levar muitos anos a desenvolver-se e em 80% dos casos surge por causa do tabaco.
O cancro não a afastou da vontade de viver Conheça o testemunho da Vanessa Bastos que, aos 24 anos e com o casamento à porta, recebeu a notícia de que tinha um tumor no pulmão. Apesar do choque, da angústia e do malestar físico e psicológico diz que se agarrou à vida. O apoio dos familiares, dos amigos e do noivo foi essencial. pág. 10
Conheça melhor o cancro do pulmão
Entrevista Dr. Fernando Barata pág. 12
Como Manuel Marques deixou de fumar
Os avanços da medicina permitem, hoje em dia, melhorar a qualidade de vida dos doentes com cancro do pulmão. Em conversa com o pneumologista Dr. Fernando Barata, o Saúde Notícias falou da doença, dos tratamentos, do grupo de estudos a que preside e dos mitos que existem à volta do tabaco, a principal causa do cancro do pulmão.
breves Especialistas debatem cancro do pulmão
editorial “É por milagre que eu ainda não renunciei a todas as minhas esperanças, na verdade tão absurdas e irrealizáveis. Mas eu agarro-me a elas, apesar de todos e de tudo, porque tenho fé no que há de bom no homem. Não me é possível construir a vida tomando como base a morte, a miséria e a confusão. Vejo o mundo transformar-se, pouco a pouco, num deserto; ouço, cada vez mais forte, a trovoada que se aproxima, essa trovoada que nos há de matar; sinto o sofrimento de milhões de seres e, mesmo assim, quando ergo os olhos para o Céu, penso que, um dia, tudo isto voltará a ser bom, que a crueldade chegará ao seu fim e que o Mundo virá a conhecer de novo a ordem, a paz, a tranquilidade. Até lá tenho que manter firme os meus ideais - talvez ainda os possa realizar nos tempos que hão de vir”. Trecho extraído do dia 15 de julho de 1944, Diário de Anne Frank E é com esperança num mundo melhor que entramos em 2013, saber construir novos sonhos, cada dia ser uma etapa a alcançar, seja porque temos saúde ou porque não a temos, seja porque nos encontramos com tantos obstáculos e adversidades que não conseguimos ver uma luz ao fundo do túnel, ou porque nos sentimos tão bem que podemos olhar para o lado e ajudar o outro. Olhar o mundo na sua verdade, mas sem nos deixarmos abater pelas dificuldades. E, apesar das frustrações provenientes da crise atual, que “quase parece que um manto de escuridão terá descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia”, temos que ter uma atitude confiante e positiva. Podemos mudar o nosso estilo de vida, podemos andar mais sem precisar de ir a um ginásio, fazer uma alimentação saudável, olhar para os alimentos como nossos aliados sem ter que ter custos acrescidos. Sermos voluntários, sermos fortes e determinados. Para quem está doente, ter confiança na terapêutica, na investigação, na procura de novas soluções, em novos tratamentos, nova esperança de vida. Que não desista, questione e alcance mais uma etapa. Não podemos lutar contra o tempo mas podemos vivê-lo intensamente. Nesta edição Especial do “Saúde Notícias” abordamos o tema Cancro do Pulmão, queremos começar o ano a mostrar como algumas opções da nossa adolescência, como fumar, podem tornar a nossa vida mais curta, ou terminá-la sem qualidade de vida. Herança negativa para os nossos filhos, gastos desnecessários, falta de energia, saúde. Porque eles e quem nos rodeia são fumadores passivos. Quantas vezes fizeram a promessa de começar o ano novo com a frase “vou deixar de fumar”? Eu deixei de fumar durante 5 anos e voltei no último Verão ao cigarro social. Acredito que 2013 será diferente, não porque prometi a todos que ia deixar de fumar, mas sim, porque fiz um compromisso com o meu corpo, a minha mente. Porque tenho consciência e porque adoro viver! Porque não quero ouvir os meus filhos dizerem: Mãe tu prometeste! O Tabaco mata e eu não quero que tu morras! Está na altura de lançar o desafio nesta edição, escreva-me um e-mail, uma carta, com a sua decisão e o porquê da mesma. Fico à espera! E já agora um excelente ano 2013. Ana Santos asantos@saudenoticias.pt
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Todos os dias são diagnosticados, em Portugal, dez novos casos de cancro do pulmão em Portugal e a maior parte em estadios avançados, o que diminui as hipóteses de cura. Quem o afirma é o Dr. Fernando Barata, diretor do Serviço de Pneumologia do Hospital Geral do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e presidente do Grupo de Estudos para o Cancro do Pulmão (GECP). Perante esta problemática, o GECP organizou o 5º Congresso Português do Cancro do Pulmão, em Albufeira, onde reuniu os mais diversos profissionais de saúde em torno deste problema de saúde, que tem agravado com o tabagismo, ainda de acordo com o mesmo responsável.
Juntos no combate ao tabagismo “Fumar fica-te a matar” é o nome da campanha lançada pela Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão. O objetivo deste projeto é sensibilizar os jovens para os malefícios do tabaco, que podem surgir a curto prazo ou ao fim de muitos anos, como é o caso do cancro do pulmão. A iniciativa teve início em Novembro, o Mês do Cancro do Pulmão, e contou com o apoio da Global Lung Cancer Coalition (GLCC) e do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
Fumo passivo provoca risco de problemas cardíacos Os fumadores passivos também estão sujeitos a um risco elevado de vir a ter complicações cardíacas, segundo alguns estudos recentes, divulgados pelo Professor Vítor Gil, cardiologista do Hospital dos Lusíadas, em Lisboa. “O fumo do tabaco mesmo que inalado passivamente, promove a libertação de radicais livres e diminui os níveis de antioxidantes, expondo as artérias aos efeitos negativos do chamado stress oxidativo”, salienta. O cardiologista deixa mais um aviso: “Os esposos de fumadores têm um risco aumentado de cancro do pulmão, calculado em 20 por cento nas mulheres e 30 por cento nos homens, segundo a Agência Internacional de Pesquisa do Cancro”.
Morre por receber pulmão de fumador
Jennifer Wederell, de 27 anos, sofria de fibrose cística desde os dois anos e, nos últimos tempos, precisava de receber oxigénio 24 horas por dia. A solução podia passar pelo transplante de pulmão, mas tal não aconteceu porque recebeu um órgão de um fumador compulsivo. Em vez de uma nova vida, a jovem acabou por morrer de cancro do pulmão. Os pais estão indignados e apresentaram queixa, já que nunca informaram a filha de que o dador era fumador. Em comunicado, a administração do hospital reconhece que a paciente deveria ter tido a opção de escolher e “pede desculpas sinceras”.
FICHA TÉCNICA | Esta edição é de distribuição gratuita, pelo que não pode ser vendida
Ano I – 2013 Propriedade Guess What Comunicação, Lda Rua Francisco Sanches, nº55 2ºEsq 1000 Lisboa
Sede da Redação Rua Ramalho Ortigão, nº8 3ºEsq 1070-230 Lisboa Tel.: 21 386 15 82 Email: geral@saudenoticias.pt
Diretora Ana Santos asantos@saudenoticias.pt DESIGN E PAGINAÇÃO Alexandra Miguel
Tiragem 25 mil exemplares Periodicidade Mensal
Depósito Legal: DL 319617/10 ERC registo: 125983 Nº Contribuinte 508521211 Impressão Funchalense - Empresa Gráfica, SA Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº50 Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro
Colaboradores Maria João Ramires Carla Fonseca Mário Tomé Sónia Morais As opiniões, notas e comentários são da exclusiva responsabilidade dos autores ou das entidades que produziram os dados. Nos termos da Lei, está proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos.
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PULMONALE Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão
A nossa Missão: A Pulmonale é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, de âmbito nacional, que existe pelos doentes, para os doentes e com os doentes que sofrem de cancro do pulmão, e que desenvolve todos os seus esforços no sentido de diminuir a incidência desta doença.
Os nossos Objectivos 1. Combate ao tabagismo, com principal factor causador da doença, através de acções de sensibilização escolar e disponibilização de consultas de cessação tabágica; 2. Aconselhamento e apoio a pessoas que sofram de cancro pulmão, a nível psicológico, nutricional, social e de reabilitação funcional; 3. Aconselhamento e apoio aos familiares destes doentes, psicológico e social; 4. Difusão de informação sobre esta doença para o público; 5. Promoção de investigação sobre as causas e tratamento desta doença.
Os nossos Princípios e Valores Os profissionais e os voluntários que desenvolvem as suas actividades na Pulmonale regem-se pelos princípios da Solidariedade, da Humanização dos Cuidados e da Disponibilidade para com o seu semelhante. Todos nós defendemos os seguintes valores: Respeito, Sensibilidade, Responsabilidade, Compromisso e a Ética.
As nossas Actividades 1. Acções escolares, de sensibilização dos jovens para a importância de “não fumar” 2. Consulta de cessação tabágica para jovens, gratuita 3. Consulta de psico-oncologia para o doente e família, gratuita 4. Consultas de nutricionismo e de apoio social (brevemente) 5. Apoio domiciliário a doentes com cancro do pulmão (brevemente) 6. Campanha de divulgação da doença durante todo o mês de Novembro, implementando-o como o Mês do Cancro do Pulmão 7. Apoio à formação e investigação em cancro do pulmão
Av. Antunes de Guimarães, 554 – 4100-077 Porto Tel.: 22 616 54 50 – Fax 22 618 95 39 Email: geral@pulmonale.pt Site: www.pulmonale.pt Facebook: www.facebook.com/Pulmonale
pulmonale
Quando o cancro do pulmão bate à porta Não acontece só aos outros. O cancro do pulmão existe e as pessoas que estão mais em risco são as que fumam, registando-se um total de 10 mil pessoas a morrerem por dia devido ao tabagismo a nível mundial. Como a doença muda de forma radical a vida de qualquer pessoa, foi criada a Pulmonale, uma associação que ajuda doentes, prestando diversos apoios a nível social, psicológico, entre outros.
A Pulmonale reforçou a consulta de cessação tabágica para jovens. Está disponível às terças-feiras, das 14h às 17h, e às quintas-feiras, das 10h às 13h, no Instituto Português do Desporto e Juventude, no Porto. O serviço é gratuito
Maria João Ramires
“Porquê eu?” Esta é a pergunta que se costuma fazer mal se recebe o diagnóstico de cancro do pulmão. Os sintomas estavam lá, mas, na maioria das vezes, associavam-se a outras doenças até ao momento em que se chega ao médico e ele diz: “Tem cancro do pulmão.” “O choque é muito forte. O doente pensa na morte, no sofrimento e sente uma enorme culpa, porque, em 80% dos casos, o cancro deve-se ao consumo de tabaco”, conta ao Saúde Notícias o presidente da Pulmonale, Professor Doutor António Araújo, a associação que representa os doentes que vivem com esta doença. E continua: “A sensação de morte iminente é terrível e, como os 4
exames não conseguem ser feitos de um dia para o outro, a angústia aumenta”, acrescenta. Mal se deteta o cancro, é iniciado todo um processo de acompanhamento médico, para que se saiba qual é o estadiamento do carcinoma, ou seja, se as células cancerosas se encontram localizadas numa determinada área ou se já se espalharam (metastização) para outros tecidos e órgãos. O facto de ser maligno ou benigno também ajuda a delinear um prognóstico e qual o tratamento mais adequado. “É um processo muito doloroso, que afeta a vida do doente e dos familiares e amigos que estão à sua volta”, refere o Professor
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Doutor António Araújo.
Todo o apoio é necessário Após o diagnóstico há um longo caminho a percorrer e, a melhor forma de o fazer, é com a ajuda de terceiros. A Pulmonale foi criada há cerca de dois anos por se achar “que havia uma lacuna na sociedade portuguesa, porque não existia qualquer entidade dedicada apenas aos doentes”, afirma o Professor Doutor António Araújo, que também é o Director do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga – Santa Maria da Feira.
Com a Pulmonale, os doentes têm acesso a vários serviços, como apoio psicológico, nutricional e social, além de poderem ser acompanhados em consultas de cessação tabágica. “Os doentes precisam de
quem os oiça e oriente nesta fase complicada da sua vida e todo o apoio psicológico é necessário. Além disso, é fundamental ter uma alimentação adequada, ajudar quando há problemas financeiros e incentivar o doente a deixar de fumar, porque isso
contribui para a melhoria do seu estado de saúde”, explica. Estas consultas são multidisciplinares, envolvendo diversos profissionais de saúde e pretendendo-se ainda vir a fornecer, de forma gratuita, uma parte dos medicamentos da cessação tabágica”.
pulmonale Com a Pulmonale, os doentes têm acesso a vários serviços, como apoio psicológico, nutricional e social, além de poderem ser acompanhados em consultas de cessação tabágica A assistência social é fulcral, já que, na maioria dos casos, o cancro do pulmão surge entre os 50 e os 60 anos, o que obriga a um maior absentismo laboral, a reformas antecipadas por invalidez e, muitas vezes, à necessidade de se ter um cuidador a tempo inteiro”. Outra valência a ter em conta é a reabilitação. “A tosse constante, a atrofia muscular, a necessidade que existe, por vezes, de receber oxigénio durante 24 horas por dia são algumas das no-
O que é a Pulmonale? É a Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão que tem o seu âmbito de ação a nível nacional e por objetivos: a) Promover o rastreio e o diagnóstico precoce do cancro pulmão; b) Aconselhamento e apoio a pessoas que sofram de cancro pulmão; c) Melhoria e alargamento dos cuidados médicos; d) Difusão de informação sobre esta doença para o público; e) Promoção de investigação sobre as causas e tratamento desta doença; f) Cooperação com a classe médica, pessoal de enfermagem e paramédicos, indústria farmacêutica, serviços e entidades públicas ou privadas; g) Integração nos Organismos Internacionais representativos de associações nacionais de doentes com cancro do pulmão; h) Cooperação com associações congéneres; i) Instalação de um centro de informação para os doentes e todos os interessados e emissão de um boletim informativo periódico.
vas realidades da vida dos doentes. Se não tiverem ajuda, é muito mais complicado lutarem contra a doença”. O apoio não se cinge apenas aos doentes desta forma bem direta, mas também à investigação. O cancro do pulmão é uma doença complexa, cuja origem e desenvolvimento têm sido extensivamente estudados, permanecendo por elucidar
1.º Congresso da Pulmonale realizou-se em novembro Especialistas em diversas áreas reuniram-se, nos dias 16 e 17 de Novembro de 2012, no auditório da Universidade Católica Portuguesa, no Porto, em torno do tema «Pelo Doente com Cancro do Pulmão», no 1º Congresso da Pulmonale. “Sendo a Pulmonale uma instituição de doentes, cujo lema é pelo e para o doente com cancro do pulmão, o seu primeiro congresso funcionou como um foco sobre o doente e toda a sua envolvente”, esclarece Professor Doutor António Araújo. Como que seguindo cronologicamente o trajeto que a pessoa a quem é diagnosticado um cancro do pulmão percorre, os trabalhos começaram por abordar causas («O Tabagismo em Portugal»), prosseguiram com a doença («O Doente com Cancro do Pulmão»), os tratamento e recuperação («A Reabilitação do Doente com Cancro do Pulmão») e o papel de quem está ao lado do doente («O Cuidador do Doente com Cancro do Pulmão»), terminando com o papel da sociedade civil no apoio a este tipo de pacientes («A Importância das Estruturas de Apoio ao Doente com Cancro do Pulmão»). O balanço da iniciativa é positivo e Professor Doutor António Araújo espera “que haja verbas suficientes para que se possa realizar mais um congresso, onde se reúna, como no primeiro, várias pessoas ligadas à problemática.”
muitos dos mecanismos envolvidos nestes processos. “Neste sentido, a investigação nesta área é fundamental, para que se possa melhorar quer o diagnóstico quer o tratamento desta doença. No entanto, os custos associados a este tipo de investigação são elevados, pelo que um dos propósitos da Pulmonale é a angariação de fundos para apoiar os estudos realizados, que estão frequentemente subfinanciados no nosso país, e criar bolsas de estudo”, afirma Professor Doutor António Araújo.
Campanhas de informação junto dos mais novos Como o ideal é nunca se vir a fumar, a Pulmonale tem realizado ações de educação para a saúde, a fim de sensibilizar os jovens para os malefícios do tabaco, o principal fator de risco para se vir a ter um cancro do pulmão, além de outros tipos de cancro e de doenças, nomeadamente do foro respiratório. As reações não podiam ser mais preocupantes. “Nestas campanhas percebemos que as pessoas, nomeadamente as mais jovens, não têm qualquer noção da ligação que existe entre tabagismo e doença. No caso do cancro do pulmão há um desconhecimento quase to-
tal”, sublinha o presidente da Pulmonale. Uma das possíveis razões para esta falta de conhecimento deve-se, no seu entender, ao facto de “a doença só surgir ao fim de 20 ou 30 anos após se começar a fumar”. A ideia que persiste é: “não vamos pensar nisso, isso acontece aos outros”. Ao longo dos últimos anos têm sido realizados diversos estudos que levam a crer que os jovens começam a fumar por acharem que assim vão conseguir fazer parte de determinado grupo social, já que, “para eles, fumar é fixe”. Outra razão é a vontade de descobrir algo novo e de experimentar o que é perigoso e proibido. “É nestes pontos que temos de agir. Há que dizer aos jovens que fumar não os torna fixes e que correm, de facto, riscos ao fazê-lo, mesmo que não os sintam na pele de imediato”. A última campanha tem o nome sugestivo de “Fumar, fica-te a matar!”, dando a conhecer que, por dia, morrem, em todo o mundo, 10 mil pessoas devido ao tabaco. A jeito de mensagem final, reforça, mais uma vez, a importância de “nunca se experimentar fumar”. Caso já se seja um fumador, “deve procurar-se ajuda junto do médico assistente, para que se inicie um tratamento de cessação tabágica”. Tudo porque um dia podemos ser nós a fazer a tal pergunta: “Porquê eu?”.
Como apoiar a Pulmonale? l Sendo sócio l P arcerias (com entidades relacionadas com as atividades da associação) l Voluntariado l Donativos (ver www.pulmonale.pt)
Professor Doutor António Araújo, presidente da Pulmonale.
Contactos: Rua: Av. Antunes Guimarães, 55 44100-077 Porto Telefone: 226165450 Fax: 226189539 Email: geral@pulmonale.pt Website: www.pulmonale.pt
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à conversa com...
Conheça melhor o
cancro do pulmão Os avanços da medicina permitem, hoje em dia, melhorar a qualidade de vida dos doentes com cancro do pulmão. Em conversa com o pneumologista Dr. Fernando Barata, o Saúde Notícias falou da doença, dos tratamentos, do grupo de estudos a que preside e dos mitos que existem à volta do tabaco, a principal causa do cancro do pulmão. Maria João Ramires
“O diagnóstico precoce é essencial para se poder ter uma taxa de sobrevivência mais elevada no cancro do pulmão”. Quem o afirma é Dr. Fernando Barata, diretor do Serviço de Pneumologia do Hospital Geral do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e presidente do Grupo de Estudos para o Cancro do Pulmão (GECP). O especialista alerta para o desconhecimento que existe relativamente a esta doença muitas vezes assintomática até uma fase avançada.
“Como não há sintomas, os doentes só recorrem ao médico quando o cancro já está numa fase avançada”, refere. E continua: “De facto, trata-se de um cancro que pode evoluir de uma forma rápida e disseminada, mantendo-se assintomática. Não podemos alterar esta realidade, mas, mesmo assim, é possível ter-se um prognóstico mais favorável se o doente consultar o médico caso surjam sinais, como tosse persistente, rouquidão, expetoração com sangue, febre que não passa, fadiga e emagreci-
mento que se mantém”. Perante estes sintomas, “que podem dever-se também a outras patologias do foro respiratório”, o médico realizará os meios complementares de diagnóstico necessários e, caso o cancro do pulmão seja confirmado, o tratamento deve ser iniciado. “A valorização destes sintomas pode fazer, de facto, a diferença, porque pode detetar-se o tumor ainda numa fase localizada, ou seja, ainda não se expandiu (metastizou) para outros tecidos e órgãos”, salienta.
A importância de se continuar a estudar o cancro do pulmão Apesar dos avanços que se têm feito sentir no cancro do pulmão, ainda há um longo caminho a percorrer e “a aposta na investigação continua a ser uma prioridade”. Dr. Fernando Barata, além de pneumologista, está à frente do Grupo de Estudos para o Cancro do Pulmão (www.gepc.pt), que reúne há 12 anos uma equipa multidisciplinar. O grupo está envolvido em várias investigações e ensaios clínicos, fazendo parte de uma rede europeia de estudos corporativos, além de oferecer também bolsas e estágios.
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Os dois tipos de cancro do pulmão
Os tumores que têm início no pulmão dividem-se em dois grupos principais: cancro do pulmão de não-pequenas células e cancro do pulmão
de pequenas células, dependendo de qual o aspeto das células envolvidas, quando observadas ao microscópio. Estes dois tipos de cancro do pulmão crescem e metastizam de formas diferentes, logo também são tratados de forma diferente.
O cancro do pulmão de nãopequenas células é mais comum que o cancro do pulmão de pequenas células e, geralmente, cresce e metastiza mais lentamente, ou seja, tem um comportamento menos agressivo. Dentro deste grupo existem, ainda,
à conversa com... três subtipos de cancro do pulmão de não-pequenas células: carcinoma de células escamosas (também chamado carcinoma epidermóide), adenocarcinoma e cancro pulmonar de grandes células. O cancro do pulmão de pequenas células, por vezes chamado de cancro das células em “grão de aveia”, é menos comum que o cancro do pulmão de não-pequenas células e cresce mais rapidamente, sendo mais provável que metastize para outros órgãos.
Avanços no tratamento melhoram taxa de sobrevida a 5 anos Ter cancro do pulmão hoje em dia ou há 20 anos é, inevitavelmente, diferente. Os avanços da medicina têm-se feito sentir nesta área, quer em termos de prevenção, diagnóstico, tratamento e melhoria da qualidade de vida dos doentes, de acordo com o pneumologista. O tratamento a adotar depende sempre do estadiamento do tumor, ou seja, se se encontra localizado numa zona isolada ou se já se metastizou. “Numa fase inicial da doença, opta-se pela cirurgia e por terapêuticas adjuvantes e no caso do tumor localmente avançado já associamos quimioterapia e radioterapia”.
MITOS: O pneumologista Dr. Fernando Barata desconstrói alguns dos mitos que existem em torno do tabaco, “o principal responsável pelo cancro do pulmão”: O fumador passivo fuma mais que o não-fumador quando está exposto ao fumo do tabaco? Sim. O fumador passivo fuma mais que aquela pessoa nunca exposta ou não fumadora. O fumador passivo tem um maior risco de contrair um cancro do pulmão ou qualquer outra doença respiratória que um indivíduo que não esteja exposto, regularmente, aos agentes cancerígenos do tabaco. O tabaco de enrolar é mais saudável? Não. A opção por este tipo de tabaco deve-se ao facto de ser mais barato. Este também contém agentes cancerígenos. Os cigarros light são mais saudáveis? Não. As substâncias cancerígenas continuam a ser inaladas. Além disso, costuma-se fumar mais cigarros por se pensar que faz menos mal. “Não deixo de fumar, porque pioro da asma quando o tento fazer” Não. Os fumadores asmáticos costumam a afirmar isto, mas, na realidade, o que acontece é que a pessoa ao tentar deixar de fumar, tem mais ansiedade nos primeiros tempos. É normal que a ansiedade possa despoletar uma crise asmática. Nestes casos, é essencial ser acompanhado em consultas de cessação tabágica.
“O problema está no diagnóstico tardio que, infelizmente, é o que acontece na maioria dos casos”, afirma o especialista.
A cirurgia permite remover o tumor e não é igual para todos os casos, podendo retirar-se apenas uma parte do pulmão, remover-se um lobo inteiro ou o pulmão por inteiro. Há ainda os casos dos tumores não operáveis, ou seja, que não podem ser removidos por cirurgia, devido ao seu tamanho ou localização ou por outros motivos médicos. “Os avanços que têm ocorrido nos últimos 20 anos têm permitido uma melhoria da taxa de sobrevida aos 5 anos, além de permitirem ao doente viver com uma
melhor qualidade de vida”, aponta Dr. Fernando Barata. E continua: ”Hoje em dia estão disponíveis uma série de biomarcadores que permitem determinar a melhor terapêutica para cada doente”. Apesar das inovações médicas, continua-se a estar perante um cancro que é responsável por várias mortes, estando em terceiro lugar em Portugal e em segundo na Europa. “O problema está no diagnóstico tardio que, infelizmente, é o que acontece na maioria dos casos”, afirma o especialista.
Dr. Fernando Barata, presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão.
As causas do diagnóstico tardio A palavra cancro faz parte do vocabulário das pessoas há muitos anos, mas continua a haver um elevado número de diagnósticos tardios de cancro do pulmão. Para Dr. Fernando Barata, esta situação tem mais que uma razão de ser. “Antes de mais, o facto de se tratar de uma doença assintomática na primeira fase. As pessoas sentem-se bem e não desconfiam de nada”. Outra razão é o facto de os primeiros sintomas serem similares a outras patologias e de não se poder realizar rastreios. “Nos EUA foi realizado um estudo, que contou com a participação de mais de 52 mil indivíduos, que se sub-
meteram a uma tomografia axial computorizada (TAC). Entre estes foram detetados vários casos de cancro do pulmão numa fase inicial, tendo-se diminuído de forma significativa a taxa de mortalidade”. O problema é que “embora as técnicas de rastreio utilizadas até hoje sejam ineficazes, a TAC é um método muito caro e muitas dúvidas precisam ser esclarecidas”. O melhor continua a ser a prevenção. “Não se comece a fumar, porque o risco de se ter um cancro do pulmão é muito elevado, peçase ajuda para deixar de fumar e consulte-se o médico mal surjam sinais de alerta, como a tosse persistente, emagrecimento que se mantém, expetoração com sangue, rouquidão e febre persistente”.
Cancro do pulmão: sintomas de alerta Os sintomas e sinais mais comuns de cancro do pulmão incluem: l Tosse que não desaparece e que piora com o passar do tempo; l Dor constante no peito; l Tosse acompanhada de sangue; l Falta de ar, asma ou rouquidão; l Problemas recorrentes, como pneumonia ou bronquite; l Inchaço do pescoço e rosto; l Perda de apetite ou de peso; l Fadiga. Na maioria das vezes, estes sintomas não estão relacionados com um cancro, e podem, ainda, ser provocados por tumores benignos ou outros problemas. Só o médico poderá confirmar. Qualquer pessoa com estes sintomas, ou quaisquer outras alterações de saúde relevantes, deve consultar o médico, para diagnosticar e tratar o problema tão cedo quanto possível. Geralmente, as fases iniciais do cancro não causam dor. Se tem estes sintomas, não espere até ter dor, para consultar o médico. Fonte: InfoCancro
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ICTPC
Especialistas reúnem-se para debater o tabagismo A prevenção e o tratamento do tabagismo continuam a ser as melhores vias para se evitar o consumo de tabaco ou para se levar os fumadores a deixarem o cigarro. Para falar sobre estratégias de prevenção e controlo vai realizar-se uma conferência, em Portugal, associada à qual haverá um Concurso de Ideias para os mais jovens. Saiba também o que pensam os responsáveis da iniciativa sobre a evolução do tabagismo em Portugal.
“Fumar já há muito que deixou de ser cool”. As palavras são da Professora Doutora Fátima Reis, do Instituto de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e responsável pela International Conference on Tobacco Prevention and Control (ICTPC), um evento que vai decorrer nos dias 14 e 15 de novembro. A principal causa do cancro do pulmão é o tabaco e, para a Professora Doutora Fátima Reis, nunca é demais relembrar este facto. Nesta conferência, dar-se-á destaque às estratégias mais adequadas para se prevenir o tabagismo entre os mais novos e para se ajudar os atuais fumadores a deixarem de lado o cigarro.
tos que se obtém através do tabaco não cobre os gastos associados com as doenças causadas pelo tabagismo”. O mesmo pensa a Dr.ª Teresa Almodovar, co-organizadora do evento e pneumologista no Instituto Português de Oncologia de Lisboa. Para a especialista, esta iniciativa é ainda um local privilegiado para troca de experiências, já que “Portugal tem muito a melhorar nas campanhas de prevenção, que são realizadas de forma pouco coordenada, apesar da boa vontade”.
ICTPC: um evento centrado na prevenção A conferência internacional conta com a participação de especialistas nacionais e internacionais e o objetivo é “partilhar experiências e as mais recentes novidades, por forma a melhorar as abordagens na investigação, prevenção e tratamento”, refere a Professora Doutora Fátima Reis. Para a Professora Doutora Cristina Bárbara, diretora do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte e também uma das organizadoras do evento, é a oportunidade de se falar sobre diferentes estratégias de prevenção, já que “Portugal tem muito a melhorar nesta área, porque o dinheiro dos impos8
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De acordo com dados do Eurobarómetro de 2012, 82 por cento dos portugueses declara que, com a nova Maria João Ramires
legislação, nunca (ou raramente) está
“Portugal tem muito a melhorar nesta área, porque o dinheiro dos impostos Indústria taba- que se obtém queira de olhos através do postos no leste tabaco não As mensagens antitabaco já cobre os não são novidade para ninguém. Ao longo destes anos, gastos qual é, então, o balanço que se pode fazer do tabagismo associados em Portugal? Para o Profes- com as sor Doutor José Precioso, da Universidade do Minho e co- doenças organizador da conferência, causadas “estamos numa situação que se carateriza por uma esta- pelo bilização do consumo nos homens e um aumento nas tabagismo”. A ICTPC vai contar ainda com a participação dos mais novos, através do Concurso de Ideias, que se propõe levá-los a a agir, no sentido de contribuirem para se criar um mundo sem tabaco. As inscrições para o concurso podem ser feitas em www.fm.ul.pt/ tobacco-conference/.
mulheres”, de acordo com os vários inquéritos nacionais de saúde, e “na generalidade, podemos afirmar que, nos últimos 12 anos, ocorreu uma diminuição das prevalências nos adolescentes de ambos os sexos, entre os 13 e 15 anos”. Todavia, “verificou-se um aumento considerável da prevalência de consumo de tabaco aos 30 dias, entre 2006 e 2011, nos adolescentes de 16 anos”.
A nível mundial, “tem havido uma clara redução nos países desenvolvidos, devido a uma maior consciência da população em relação aos riscos, com particular destaque para os EUA, Reino Unido e Suécia”. O problema é que ”a indústria tabaqueira virou-se para outros mercados, como a antiga URSS, a China e outros países de leste, para compen-
exposto a fumo ambiental do tabaco no local de trabalho
sar a redução das vendas no ocidente”, explica.
Legislação apenas ajudou fumadores passivos Olhando para a realidade portuguesa, a Professora Doutora Fátima Reis e o Professor Doutor José Precioso não estão satisfeitos com a legislação antitabaco. “Não teve impacte na redução da prevalência de fumadores, quer na faixa etária dos adolescentes, quer nos adultos”, afirmam. No entanto, parece ter contribuído para a redução da exposição ao fumo ambiental de tabaco. De acordo com dados do Eurobarómetro de 2012, 82 por cento dos portugueses declara que, com a nova legislação, nunca (ou raramente) está exposto a fumo ambiental do tabaco no local de trabalho.
Ainda segundo a mesma fonte, a percentagem de portugueses que afirmava que era permitido fumar em casa desceu, entre 2006 e 2009, de 71 por cento para 34 por cento. Quanto às crianças, e de acordo com um estudo realizado em Braga e liderado pelo Professor Doutor José Precioso, verificou-se que, entre 2007 e 2011, houve um decréscimo das crianças expostas ao fumo do tabaco em casa”. Um dos maiores problemas é o setor da restauração e similares, já que, segundo as conclusões dum estudo liderado pela Professora Doutora Fátima Reis, em mais de um quarto dos estabelecimentos do sector ainda é possível fumar, o que “é prejudicial para a saúde dos trabalhadores”. Por esse motivo, ambos os investigadores defendem a proibição de fumar em todo o setor da restauração e similares, sem exceções.
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LPCC
Cancro do pulmão Tabaco é o grande responsável pela doença Será que a taxa de sobrevivência do cancro do pulmão é elevada ou este é um dos carcinomas mais letais? Conheça melhor este cancro, os fatores que contribuem para o seu aparecimento e saiba o que pensa o Presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), sobre a legislação antitabaco. Maria João Ramires
“Em Portugal, a evolução do cancro do pulmão não é tão nefasta como no resto do mundo, mas a mortalidade continua a ser muito elevada”, afirma, preocupado, o vogal da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), o Professor Doutor Carlos Oliveira. O cancro do pulmão é a terceira causa de morte por cancro em Portugal e a segunda nos restantes países da Europa. “A prevalência aos 5 anos é de 3700 casos, ou seja, são poucas as pessoas que conseguem
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vencer este cancro, que costuma ser detetado numa fase avançada”. A não deteção precoce da doença é um dos fatores que levam a uma baixa taxa de sobrevivência, segundo o responsável da LPCC. Mas “o grande culpado é o tabagismo”. Professor Doutor Carlos Oliveira refere que “quando o tabaco apareceu, se as pessoas tivessem previsto os problemas de saúde que iriam surgir, teriam proibido, de imediato, a sua comercialização”. E acrescen-
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ta: “Para agravar a situação, os estudos epidemiológicos que estabeleceram uma correlação entre consumo de tabaco e cancro do pulmão levaram muitos anos e, entretanto, o consumo do tabaco foi incentivado com extensa publicidade”. De facto, o tabaco, no mundo, provoca cerca de 3,5 milhões de mortes por ano, cerca de 10 mil mortes por dia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2020, o tabaco se torne a maior causa de mortalidade
e invalidez, causando mais mortes que a tuberculose, o VIH, a mortalidade infantil e os acidentes de viação em conjunto.
Um problema grave que não afeta apenas fumadores Em Portugal, entre 1994 e 1998, verificou-se que 32,7% dos homens e 7,6 % das mulheres fumava, enquanto no período de 1999 a 2001 eram 32,8% e 9,5% respetivamente a fumar. Entre os adolescentes portugueses, de 2002 a 2005, havia 17,6% de rapazes e 26,2% de raparigas a fumar, segundo dados divulgados pelo site InfoCancro.
De facto, o tabaco, no mundo, provoca cerca de 3,5 milhões de mortes por ano, cerca de 10 mil mortes por dia
O tabaco é considerado “o principal fator que leva ao surgimento do cancro do pulmão”, afetando os fumadores, mas também quem está exposto ao fumo passivo. “Têm que ser assumidos os riscos associados ao consumo do tabaco, inclusive de quem é obrigado a respirar o fumo e não é fumador”, salienta o Professor Doutor Carlos Oliveira. A atual legislação, que proíbe o fumo em locais públicos, tem trazido grandes benefícios, mas “o mais importante é mudar a mentalidade dos portugueses”. “As pessoas têm que perceber que o tabagismo faz mal a si e aos outros”, continua. No seu entender, uma boa consciencialização do
problema e a mudança de hábitos tabágicos são os passos mais importantes para se combater “o flagelo do tabagismo”, mas “como isso não tem acontecido, é necessário recorrer à criação de leis”. Relativamente à discussão que houve recentemente sobre a possível proibição, por lei, de se fumar no carro quando se transporta crianças, o Professor Doutor Carlos Oliveira é peremptório: “Se os pais não mudam os seus comportamentos, deve ser o Estado a proteger as crianças”. O vogal da LPCC considera que “o simples gesto de se fumar, já é um mau exemplo dos pais, porque estão a incentivar, de alguma for-
Professor Doutor Carlos Oliveira, Vogal da LPCC e Presidente do Núcleo Regional do Centro da LPCC.
LPCC ma, os seus filhos a virem a ser possíveis fumadores”. O ideal seria “acabar totalmente com o tabagismo”, mas como isso não é possível a 100 por cento, “deve fazerse tudo para evitar novos consumidores e ajudar os fumadores a deixarem este vício”. O Professor Doutor Carlos Oliveira é também a favor do alargamento da lei antitabaco a locais como casinos, “pois os trabalhadores estão expostos, frequentemente, ao fumo, o que aumenta a probabilidade de virem a ter um cancro do pulmão, entre outros problemas respiratórios”.
As campanhas da LPCC: lutar contra o cancro do pulmão São várias as campanhas de sensibilização e informação desenvolvidas pela LPCC. Não se foca apenas no cancro do pulmão, mas este é um dos problemas que mais preocupações traz à equipa da LPCC. “As nossas atividades acontecem um pouco por todo o país e, no caso do cancro do pulmão, damos informação sobre a doença, falamos do tabagismo e das consultas de cessação tabágica.” Para os mais jovens foi também lançada a banda desenhada “A
Liga dos 4”, que fala sobre os vários tipos de cancro, entre os quais o do pulmão, que, regra geral, é secundarizado pelas pessoas.
Em 2030 deverá registar-se mais 24 por cento de novos casos de cancro do pulmão em ambos os sexos.
“Como o cancro do pulmão leva muitos anos a desenvolver-se, as pessoas continuam alheias a este problema, à sua baixa taxa de sobrevivência e não param de fumar” “Como o cancro do pulmão leva muitos anos a desenvolver-se, as pessoas continuam alheias a este problema, à sua baixa taxa de sobrevivência e não param de fumar”. No seu entender, é este um dos principais problemas no combate a este tipo de cancro: “aparece muito tarde, prevalece a ideia de se continuar a fumar, porque até aí não
Fonte: International Agency for Research on Cancer, Organização Mundial de Saúde (OMS).
se teve problemas, e é fácil pensar que só acontece aos outros”, aponta. As campanhas vão continuar, “apesar das dificuldades em se obter verbas” e o Professor Doutor Carlos Olivei-
Quais os fatores de risco do cancro do pulmão? Fumo de tabaco: Fumar é o principal fator de risco para cancro do pulmão. Cerca de 87 por cento das mortes por cancro do pulmão estão relacionadas com o tabaco. O risco de desenvolver cancro do pulmão nos fumadores é várias vezes superior ao dos não fumadores. Os não fumadores que vivem com um fumador ou num ambiente de fumadores são chamados fumadores secundários, e têm um risco de vir a desenvolver a doença cerca de 20 a 30 por cento maior. Radiações: Os trabalhadores devem usar o equipamento de proteção adequado e seguir as normas em vigor nas empresas. Atualmente, na generalidade dos países há uma muito reduzida utilização destes produtos, que em muitos casos foram mesmo proibidos. Em algumas casas e edifícios públicos mais antigos ainda existem revestimentos anti-incêndio à base de amianto, mas que não se consideram perigosos a não ser quando são removidos durante obras de renovação, demolição ou por deterioração desses edifícios.
ra relembra que o tabagismo “não provoca apenas cancro do pulmão, mas também da bexiga, orofaringe, boca, pâncreas, entre outros”. As ações da Liga desenvolvem-se simultaneamente através de várias iniciativas, como clubes de jovens, ações de formação sobre sensibilização e prevenção primária da doença oncológica dirigidas a potenciais agentes ativos na luta contra o cancro, como o tabaco; e atividades de sensibilização em dias alusivos à problemática do cancro. No caso do cancro do pulmão são programadas iniciativas no Dia do Não Fumador, que se assinala a 17 de novembro. A LPCC é ainda responsá-
vel pela realização de palestras/colóquios/ seminários de debate e reflexão “O melhor é nunca e dá resposta experimentar fumar, particular aos mas se já o faz, peça ajuda. contatos da comunidade, A diminuição do risco de vir sobretudo a a padecer de um cancro do escolar (alunos, pulmão diminui, de imediato, encarregados de educação e no dia em que se deixa professores),para de fumar”. ações pontuais de eclarecimento e sensibilização sobre a prevenção, estilos de vida e a prevenção do cancro. “O melhor é nunca experiComo mensagem final, real- mentar fumar, mas se já o ça a importância de se evitar faz, peça ajuda. A diminuio consumo de tabaco junto ção do risco de vir a padedos mais novos, assim como cer de um cancro do pulmão a aposta no apoio a fumado- diminui, de imediato, no dia res para deixarem este vício. em que se deixa de fumar”.
Poluição: Foi identificada, ainda que não esteja bem definida, a possível ligação entre o cancro do pulmão e a exposição a certos poluentes do ar, como os subprodutos da combustão de combustíveis e outros elementos químicos como: arsénio, bretilium, cádmio, sílica, níquel. História pessoal e familiar: uma pessoa que já tenha tido cancro do pulmão tem maior probabilidade de desenvolver um segundo cancro do pulmão do que as que nunca tiveram. Deixar de fumar, quando o cancro do pulmão é diagnosticado, pode diminuir a probabilidade de desenvolvimento de um segundo cancro do pulmão. Fonte: Portal de Oncologia Português Janeiro 2013
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testemunho
Maria João Ramires
“Não nos podemos ir abaixo, caso contrário a doença consome-nos” Com 24 anos e com o casamento à porta, a notícia de que tinha um tumor no pulmão foi ainda mais difícil de enfrentar. Apesar do choque, da angústia e do mal-estar físico e psicológico diz que se agarrou à vida. O apoio dos familiares, dos amigos e do noivo foi essencial. na realidade e chorei muito”, conta. Mas acabou por reagir: “Ia casar e não podia desistir. Isso deu-me muita força!”, garante.
Do diagnóstico à cirurgia Vanessa Bastos, Testemunho de cancro no pulmão
Com apenas 24 anos e a menos de seis meses do casamento, o diagnóstico não podia ser pior: cancro do pulmão. Vanessa Bastos, em fevereiro de 2012, viu a sua vida mudar em pouco tempo, mas conseguiu vencer a doença e realizar o sonho de casar. Receber uma notícia destas nunca é fácil. “Só a palavra cancro assusta”, afirma. E continua: “Primeiro senti-me perdida e sem noção do que poderia acontecer. Depois caí 12
Se o diagnóstico foi uma surpresa, mais ainda o foi saber que o tumor já estava no seu pulmão há quatro anos. “Não tive sintomas que indiciassem a existência de um tumor, apenas me foi diagnosticada asma”. A asma era afinal um dos sintomas de um carcinoide do pulmão de origem atípica e que tem um desenvolvimento muito lento, segundo lhe explicaram. De facto, os sintomas estavam lá, apesar de jamais a levarem a pensar que este seria o diagnóstico final. “Andava sempre constipada e com infeções pulmonares. Andava constantemente no hospital, a fazer raios-X e a ser medicada, mas pensava que estes problemas se deviam à exposição constante a ar condicionado no local
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de trabalho”, explica Vanessa Bastos. Esteve de baixa e visitou muitas vezes as urgências do hospital, sempre com problemas respiratórios. “Uma situação que se considerava minimamente normal, se se tiver em conta que era, supostamente, asmática”. Supostamente, já que a falta de ar não era mais do que um dos sintomas do tumor e que deixou de existir após a remoção do mesmo. Vanessa não desistiu e insistiu em procurar ajuda médica. Mesmo assim continuava-se a pensar que não se tratava de nada de muito grave. Até ao dia em que a situação começou a piorar. No início do ano passado, começou a ter febre alta, que não passava com os medicamentos, e muitas dores no fundo das costas. Foi ao médico e acabou por ficar internada 11 dias. “A febre não baixava de maneira nenhuma”, contanos. Acabou por fazer uma TAC (tomografia axial computorizada) que detetou uma mancha “estranha” no lobo inferior esquerdo do pulmão.
Como tinha crises asmáticas não pode realizar a TAC com contraste, para se ver bem do que se tratava. Os médicos optaram, então, por uma broncoscopia, um exame visual directo da cavidade dos órgãos da fonação (laringe) e das vias aéreas através de um um broncoscópio. Vanessa foi, ainda, submetida a uma biópsia e chegou-se finalmente ao diagnóstico correto.
Vanessa Bastos acredita que a sua história tem um final feliz, porque não desistiu O tumor foi detetado a 16 de fevereiro e no dia 6 de março já estava a ser operada no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho. “A equipa foi excecional!”, relembra. “Tive um grande apoio de todo o pessoal de saúde e,
claro, dos meus amigos, familiares e do meu noivo”. Após a cirurgia, foi a vez da recuperação, principalmente de aprender a respirar. Apesar de não ser nada fácil aprender a respirar de novo, não foi preciso fazer radioterapia, como se pensara. “Foi uma ótima notícia”.
A insistência foi essencial para um diagnóstico precoce Desde, então, realiza exames de três em três meses. Já lá vai um ano e nunca mais teve crises asmáticas. Casou na data prevista e já voltou a trabalhar, embora já não esteja num local com ar condicionado e a atender o público, “para evitar o contato permanente com possíveis agentes infeciosos”. Além disso, não fuma (como não o fazia anteriormente) e não se pode expor ao fumo passivo. Vanessa Bastos acredita que a sua história tem um
final feliz, porque não desistiu. “Insistir é muito importante, mesmo que o médico diga que não é nada. Se não tivesse sido persistente, a história podia ser outra. Aconselho todas as pessoas a insistirem com os médicos para verem exatamente qual é o seu problema sempre que surjam sintomas que não desaparecem”. O apoio de todos os que viviam à sua volta também foi um fator essencial, assim como o casamento. “O meu noivo (atual marido) foi maravilhoso, uma grande ajuda!” Atualmente vê a vida de maneira totalmente diferente. “Mudou muita coisa. Não me chateio tanto por coisas mínimas, sou mais direta, não perco tempo. Posso dizer que aprendi a viver e a dar muito valor à vida”. A todos os doentes com cancro do pulmão deixa uma mensagem de força e esperança: “Não é nada fácil, mas é muito importante acreditar no dia de amanhã. Não nos podemos ir abaixo, caso contrário a doença consome-nos”.
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entrevista VIP testemunho
“Não queria que a minha filha visse um pai viciado em tabaco” O fator saúde foi essencial para deixar de fumar, mas Manuel Marques refere que a filha também o motivou bastante. O ator conta-nos como deixou este vício que o acompanhou durante dez anos e como consegue, já há três anos, dizer “Não” a um cigarro. Aos mais novos, que ainda não fumam, espera que esse “ainda” continue, porque os malefícios do tabagismo são demasiado elevados.
Saúde Notícias (SN) - Fumou durante quantos anos? Manuel Marques (MM) - Fumei durante 10 anos. SN - O que o levou a fumar? MM - Foi, sobretudo, a influência que tive na altura em que andava na Faculdade. Nessa época até se fumava nas salas de aula. SN - Quantos maços costumava fumar por dia? MM - Em alturas de maior stress chegava a dois maços por dia. SN - O tabagismo trouxe-lhe alguns problemas de saúde ou de outro âmbito? MM - Felizmente, não. SN - Quando decidiu deixar de fumar? MM - Quando comecei a sentir que a voz não respondia tão bem, a olhar-me ao espelho e ter um aspeto pouco
saudável. Era muito magro e, além disso, não queria que a minha filha visse um pai viciado em tabaco … E também deixei pela minha saúde. Apesar de nunca ter tido doenças associadas ao tabagismo, sabia que se continuasse a fazê-lo, estaria a “condenar” a minha saúde no futuro. SN - Como decorreu todo esse processo de cessação tabágica? MM - Primeiro e mais importante foi a força de vontade, ou seja, tomar a decisão e estar consciente dela. Para complementar a decisão recorri a um medicamento e nos momentos em que me apetecia um cigarro (sobretudo, depois de tomar café, a seguir ao jantar, entre outros) preenchia essa vontade com pequenas atividades que me faziam esquecer
ou aliviar a ansiedade da carência do tabaco.
melhor imagem.
SN - Há quanto tempo não fuma? MM - Fez 3 anos em dezembro passado.
SN - Que mensagem gostaria de deixar para quem fuma? MM - Para quem fuma não quero passar uma mensagem moralista e penso que têm de ser os fumadores a tomar a decisão de deixar de fumar se assim o entenderem.
SN - Ainda há momentos que sente vontade de o fazer? MM – Não costumo sentir vontade de voltar a esses tempos. SN - O que o impede de voltar a pegar no cigarro? MM - O que me impede de voltar a fumar é principalmente saber que estaria a comprometer a minha saúde. Mas também existe um fator muito importante e até particular que me ajudou a ter uma maior motivação. Era demasiado magro e ao deixar de fumar consegui atingir o peso ideal, o que me faz sentir mais saudável e com uma
SN - E para os jovens que ainda não fumam? MM - Em relação aos jovens que ainda não fumam, aconselho a que o “ainda” se prolongue para sempre, pois sabendo que se trata de uma substância altamente aditiva e com tantos malefícios para a saúde não vejo qualquer motivo para sequer experimentar.
Biografia Manuel Marques
Uma carreira dedicada à representação e ao humor Tem estado ligado às Produções Fictícias em projetos como “Manobras de Diversão”, quer em Teatro como em televisão, e com a peça “Antes eles que nós”. Atualmente, assina, com António Machado, a rubrica de rádio “Portugalex”, na Antena1 e na Antena3. Trabalhou com Herman José nos programas Herman SIC, Hora H e Herman 2010. Entrou no filme Julgamento (2007), de Leonel Vieira. Participou em vários projetos como Paraíso Filmes e Chiquititas. Integrou a equipa de humoristas do programa da RTP 1, ‘’Os Contemporâneos’’, e em 2009, fez parte da sitcom “O que se passou foi isto”. Manuel Marques foi, ainda, protagonista da peça “Os Produtores”, apresentada no Teatro Tivoli em Fevereiro de 2009. É autor e apresentador da rubrica radiofónica “Portugalex”, na qual se junta a António Machado para resumir o país em três minutos, na Antena 1.
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vox pop
Os (des) conhecimentos sobre o cancro do pulmão 1. Já ouviu falar do cancro do pulmão? 2. Sabe quais são os sintomas? 3. Sabe quais são os fatores de risco? 4. É fumador? 5. Por que não deixa de fumar?
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Nuno Dias, 40 anos, Lisboa 1. Sim. nça que não escolhe idades 2. Não, mas penso que é uma doe e pessoas. cipal fator. 3. O tabaco é, sem dúvida, o prin s. mai É, pelo menos, do que se fala 4. Sou. ar de fumar … 5. É o vício … É complicado deix ar… Eu já deixei, mas acabei por volt poder ter um cancro do pulmão, se de a idei Apesar de assustar a que se sente. Não é fácil… continua-se a fumar pelo gozo
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Óscar Guimarães,
38 anos, Lisboa
1. Sim. 2. Sei. Falta de ar, fal ta de apetite e um ca nsaço extremo. 3. O tabaco é o princ ipal. 4. Sou. 5. Falta de vontade … Só fumo há 4 anos e comecei a fazê-lo ap a morte do meu pai. ós Só quem passa por iss o é que sabe como é uma situação muito difícil. Neste momento fumo um maço por dia. Mas há 3 semana s estive três dias sem fumar. É mesmo um refúgio, apesar de ter consciência dos risco s.
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Mariana Silva, 55 anos, Angola 1. 2. 3. 4. 5.
Sim. Não. Penso que o principal deve ser o tabaco. Não. É o vício, é o vício … Não sei se há outras razões específicas, porque nunca fumei.
< Yolanda Ferreira, 45 anos, Alverca Famata, 25 anos, Amadora
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1. Sim. 2. Não. 3. Fumar. Deve haver outros, porque já ouvi falar de pessoas que não fumam e que têm esse cancro. 4. Sim. Fumo há 25 anos. 5. Estou a pensar em fazê-lo, porque sou hipertensa e a minha médica já me avisou muitas vezes que tenho mesmo de deixar de fumar. Ainda não o fiz, porque falta vontade. O stress é muito grande e é difícil deixar este vício.
1. 2. 3. 4. 5.
Não. Não. O tabaco, penso eu … Sim. Há 2 anos. O stress. Já deixei de fumar, mas o stress não facilita.
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Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão
O GECP caracteriza-se pelo empenhamento em multidisciplinaridade num trabalho assistencial de qualidade, formação, investigação, cooperação, inovação e internacionalização. Núcleo aglutinador das várias especialidades que se dedicam ao diagnóstico e tratamento do cancro do pulmão, somos e queremos continuar a ser um grupo de clínicos que partilham objectivos e projectos com a finalidade de cada vez mais e melhor tratar os que nos procuram.
Av. Antunes Guimarães, 554 Porto 4100-074 Portugal Email: gecp.pt@gmail.com Telefone: 226 165 450 Fax: 226 189 539