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biofertilizante líquido
from PROCESSOS SOCIOHISTÓRICOS PRÁTICAS EDUCACIONAIS E TECNOLOGIAS AGROAMBIENTAIS NO NORDESTE DO BRASIL
Capítulo 2
Biometria e sanidade de feijão carioca Phaseolus vulgaris L. submetido à ação trofobiótica de biofertilizante líquido
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Thamillys do Nascimento Silva¹
Marcos Barros de Medeiros2
1. Introdução
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um produto tradicional e importante na alimentação da população brasileira, sendo produzido praticamente o ano todo em diferentes épocas e sistemas de cultivo. Sob o ponto de vista nutricional, o feijão é considerado um alimento protéico, que contribui com até 28% das proteínas e 12% das calorias ingeridas, e também apresenta conteúdo calórico, mineral e vitamínico (RIOS; ABREU; CORRÊA, 2003). No Brasil, a produção desta leguminosa caracteriza-se pela divisão do cultivo em três épocas, cultivo das “águas”, de setembro a dezembro, cultivo da “seca” ou safrinha, de janeiro a março, e cultivo de “outono-inverno” ou terceira época, de abril a julho (SILVA, 1996).
A nutrição mineral é um quesito essencial para o crescimento e desenvolvimento dos vegetais (BONATO; MELGES; SANTOS, 1998). Uma adubação equilibrada propicia melhor produtividade, através da obtenção de frutos de maior qualidade e maior resistência a pragas e doenças (MALAVOLTA, 1980). Outro fator fatores primordial na produção das culturas é o fornecimento adequado de água. O estresse hídrico reduz a expansão celular, condutância estomática, fotossíntese e conseqüentemente, a acumulação de matéria seca (HSIAO, 1990).
No mercado brasileiro de feijão, atualmente, o tipo carioca é o mais comercializado. Entretanto, pesquisas têm mostrado que há interesse também por outros tipos de grãos, como jalo e rosinha (FERREIRA & YOKOYAMA, 1999), vermelho e amarelo. Vale salientar que além do feijão-comum, plantado em maior ou menor grau, em todo território
1Graduada em Ciências Agrárias UFPB. Mestra em Agronomia UFPB - E-mail thamiinasc@gmail.com. 2 Professor Titular do Departamento de Agricultura no Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias, UFPB; E-mail: marcos.barros@academico.ufpb.br.
nacional, cultiva-se também o feijão carioca. Além de ser uma cultura de subsistência, o feijoeiro ocupa também posição de destaque na agricultura empresarial de alta produtividade e rendimento econômico. Para atender a um crescente mercado de consumidores cada vez mais preocupados em consumir um alimento saudável livre de produtos químicos, se fazem necessários diversos estudos e experimentos visando melhorar a produtividade sem o uso de adubos minerais e agrotóxicos.
O feijoeiro é uma planta exigente em nutrientes, sensível aos fatores climáticos e muito suscetível à pragas e doenças. O uso intensivo de agrotóxicos para controle de doenças, pragas e plantas espontâneas na agricultura tem reconhecidamente promovidos de ordem ambiental, como contaminação de alimentos, dos solos, da água, dos animais e do próprio homem; resistência a agrotóxicos, desequilíbrios biológicos, e redução da biodiversidade, entre outros (MORANDI et al. 2009).
Nesse sentido vêm sendo criadas alternativas a fim de reduzir os impactos causados pelo uso de agrotóxicos. Uma dessas alternativas disponíveis é o uso de biofertilizantes produzidos por meio de fermentação aeróbicas de composto orgânico (BETTIOL et al., 1998). O custo é basicamente o relacionado à mão de obra para preparo do material pelo próprio agricultor. As vantagens da sua utilização estão principalmente no custo e na disponibilidade do produto. Assim, o agricultor não depende da compra de insumos, pois pode ser produzido a partir de diversas fontes de matéria orgânica, possibilitando o aproveitamento do material disponível na propriedade, diminuindo o aporte de energia externa.
Por isso o consumo de produtos agrícolas produzidos de forma agroecológica tem alcançado melhor aceitação no mercado e melhores preços. Os biofertilizantes contêm células vivas ou latentes de microrganismos (bactérias, fungos filamentosos e leveduras) e colaboram com a introdução de organismos benéficos necessários para a nutrição vegetal. Quanto mais diversificada a matéria prima para a produção do biofertilizante, maior as possibilidades de interações entre microrganismos antagonistas, aumentando a chance de sucesso no controle de pragas e doenças (MACHADO, 2010).
Na agricultura agroecológica o uso de biofertilizantes líquidos, na forma de fermentados microbianos enriquecidos, têm sido uma das principais estratégias trofobióticas empregadas no manejo ecológico de pragas e doenças. Nesse processo, a resistência da planta é gerada pelo melhor equilíbrio energético e metabólico do vegetal, estabelecida por um ótimo de trofobiose. Ações promotoras de crescimento e elicitoras de
resistência sistêmica, induzidas na planta, bem como ação repelente, fagodeterrente e antixenótica contra pragas e a antibiose no controle de doenças, são benefícios reportadas como os principais efeitos fitossanitários dos biofertilizantes (ALVES et al. 1999).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a ação trofobiótica do biofertilizante sobre os parâmetros biológicos de crescimento, desenvolvimento e na resistência ao ataque de pragas e doenças da planta do feijão carioca Phaseolus vulgaris L. A hipótese de que o biofertilizante vai contribuir de forma positiva nos parâmetros de crescimento, desenvolvimento e na resistência ao ataque de pragas e doenças da planta do feijão carioca Phaseolus vulgaris L.
2. Material e métodos
2.1 Caracterização da área estudada
O experimento foi conduzido nas dependências da Clínica Fitossanitária do Setor de Agricultura pertencente ao Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, localizado no município de Bananeiras, Estado da Paraíba, microrregião do Brejo Paraibano. A altitude local é de 552 m situando-se entre as coordenadas geográficas 6°41’11’’ de latitude sul e 35°37'41’’ de longitude, a Oeste de Greenwich, com clima quente e úmido. A temperatura da região varia entre a máxima de 36 0C e a mínima de 18 0C com precipitação média anual de 1200 mm (IBGE, 2010).
2.2 Período experimental e tratamentos experimentais
O período experimental foi realizado no ano de 2012 começando em junho e finalizando o experimento em dezembro. A pesquisa foi desenvolvida de acordo com as recomendações técnicas específicas para a cultura do feijoeiro em (ARAUJO et al. 1996). O experimento foi montado em um canteiro elevado de 20 metros de comprimento x 1,20 de largura x 25 cm de altura, localizado entre os anéis periféricos de um sistema “mandala” de produção de alimentos do setor de agricultura. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), consistindo de um esquema simples de 2 tratamentos com 20 repetições, correspondentes a um conjunto de duas plantas. Os tratamentos foram compostos por biofertilizante líquido a 5% em água (Tratamento 1) e por somente água como testemunha (Tratamento 2).
Em cada tratamento foram escolhidas 20 plantas do canteiro de cultivo, distribuídas num espaçamento em fileira dupla (0,80m entre fileiras duplas x 0,30 m entre fileiras simples x 0,40 m entre plantas) totalizando uma densidade de 50.000 plantas/ha. O método de semeadura empregado foi manual, colocando-se 2-3 sementes por cova. Durante todo o desenvolvimento da pesquisa, o feijão carioca foi mantido livre de ervas espontâneas, através de capinas manuais, tendo o cuidado para não haver desbastes das plântulas. Devido o período chuvoso, no início do experimento, não foi necessário o uso de irrigação.
Figura 1. A- Canteiro do experimento localizado na “mandala” de produção de alimentos do setor de agricultura da UFPB- CAMPUS III Bananeiras; B- Crescimento do feijão sobre as palhadas. Foto: Thamillys do Nascimento Silva, (2013).
2.3 Obtenção e processamento dos ingredientes
Neste trabalho foram utilizadas sementes de feijão Phaseolus vulgaris cv. carioca, provenientes do Banco Comunitário de Sementes de Remígio-PB do agricultor Sr. João Miranda. As sementes após recebidas foram submetidas a teste de germinação no Laboratório de Tecnologia de Sementes (LATES) na UFPB Bananeiras, campus III, apresentando 98% de germinação.
O biofertilizante utilizado foi fabricado no Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da UFPB, campus III, Bananeiras. O processo consiste na mistura de 20 Kg de esterco fresco bovino, como fonte microbiana, carbono e nitrogênio e 70 Litros de água em um tambor aberto com capacidade de 100 litros. Sua composição contém adicionados os compostos enriquecedores: 1.250g de bagaço de cana de açúcar, 1.000g de turfa
(terra preta mineralizada obtida sobre lajedos na localidade das Barrocas no município de Solânea PB), 250g de cinzas, 500g de farinha de rocha, 750g de soja, 1.000ml de manipoeira, 250g de pó de serra, 250g de cal virgem e 500 ml de glicerina bruta (doada pelo prof. Carlos Cabral do laboratório de Energia Solar da UFPB). A mistura que resultou no biofertilizante foi posta para fermentar durante 30 dias em bombonas plásticas abertas, onde o biofertilizante é agitado diariamente com o auxílio de hastes de madeiras, para favorecer a sua oxigenação. As aplicações do biofertilizante foram feitas com a utilização de uma bomba pulverizadora manual.
Figura 2. A- Imagem dos compostos enriquecedores utilizado para fabricação do biofertilizante; B- Mistura dos compostos. Foto: Thamillys do Nascimento Silva, (2013).
Figura 3. A- Imagem de uma bombona plástica com capacidade de 100 litros fabricando o biofertilizante; B- Mistura do biofertilizante para fermentação. Foto: Thamillys do Nascimento Silva, (2013).
2.4 Medidas biométricas
As avaliações biométricas de crescimento e desenvolvimento foram realizadas a cada 8 dias sendo seguidas de novas aplicações com o biofertilizante e a água, sempre no início da manhã, sendo aplicado no solo e via foliar. As características de crescimento avaliadas foram: altura da plantas (AP), diâmetro do caule (DC), número de folhas (NF) e área foliar (AF). Foi utilizado um paquímetro digital para realizar as medições do diâmetro do caule e uma régua para as medições de altura da planta e área foliar.
2.5 Avaliações fitossanitárias
As avaliações fitossanitárias das plantas foram procedidas semanalmente por meio de vistorias em 10 plantas previamente identificadas, utilizando-se o auxílio de uma lupa manual e as chaves de identificação de pragas e doenças do feijoeiro descritas em ARAUJO et al. (1996). Foram avaliadas a quantidade de folhas acometidas por lesões provenientes do ataque de insetos fitófagos mastigadores lagartas (Agrotis ipsilon) e vaquinhas (Diabrotica speciosa), larvas minadoras (Liriomyza huidoobrensis), ácaros branco (Polyphagotarsonemus latus) e percevejos (Neomegatomus parvus) e folhas acometidas com lesões de mosaicos inespecíficos, ferrugem (Uromyces appendiculatus) e Oídio (Erysiphe polygoni).
Os dados estão expressos em proporções de partes de plantas afetadas, foram submetidas a tabulação e posterior análise estatística.
Figura 4. A- Análise fitossanitária de mastigadores. Foto: Thamillys do Nascimento Silva, (2013).
2.6 Estatística utilizada
Após a tabulação dos dados, os resultados obtidos nas variáveis observadas foram submetidas à análise estatística paramétrica utilizando o Teste t de Student, no software estatístico ASSISTAT (SILVA e AZEVEDO, 2009).
3 Resultados e discussão
O tratamento com biofertilizante afetou significativamente o crescimento, interferindo apenas no aumento da espessura do caule em relação às plantas que não receberam biofertilizante até os 14 dias (p < 0,05). Após isto as plantas não evidenciaram qualquer alteração significativa. São apresentados na Figura 5 “A”.
Segundo Pinheiro e Barreto (1996) devido aos elevados efeitos hormonal e altos teores das substâncias sintetizadas, o uso de biofertilizantes em pulverizações foliares, normalmente são feitos com diluições entre 0,1 e 5%. Concentrações maiores, entre 20 e 50%, foram utilizadas por (SANTOS & AKIBA, 1996), com o biofertilizante “Vairo”. Porém, em concentrações muito elevadas, os biofertilizantes podem causar estresse fisiológico na planta retardando seu crescimento (MEDEIROS & LOPES, 2006). Portanto os resultados obtidos com relação a diâmetro do caule na aplicação foliar de biofertilizante, na concentração estudada a 5% proporciona alteração no desenvolvimento de plântulas de feijão carioca.
Também, considerando a pouca disponibilidade de trabalhos estudando essa interação feijão com biofertilizantes, outros autores tem observado efeitos significativos da ação nutricional do biofertilizante no crescimento da espessura do caule. Essa constatação pode ser observada por (SANTOS et al. 2004), os quais estudando o efeito de diferentes volumes de biofertilizantes aplicado na cultura do maracujazeiro amarelo, observaram que os volumes de 0,4 e 8 litros planta-1 de biofertilizante diluído em água na razão de 1:1 aplicados aos 60 e 120 dias após o plantio, resultaram em maior diâmetro caulinar e massa média dos frutos.
Já Silva (2003) ao estudar o desenvolvimento do maracujazeiro-azedo em substrato envasado com aplicação de biofertilizante bovino puro, registrou que as doses mais baixas promoveram aumento do crescimento e as mais altas provocaram declínio.
Collard et al. (2001) e Cavalcante et al. (2009) afirmam que a aplicação de esterco bovino líquido fermentado (biofertilizante) influencia o crescimento do maracujazeiro amarelo, pois além de fornecer, melhora a captação e a absorção de elementos minerais essenciais ao desenvolvimento do maracujazeiro amarelo.
Figura 5. A-Diâmetro do caule (DC) do Phaseolus Vulgaris L. na cultura do feijão carioca sob 5% de concentrações de biofertilizante; B-Altura de plantas (AP) do Phaseolus Vulgaris L. na cultura do feijão carioca sob 5% de concentrações de biofertilizante; C- Número de folhas (NF) do Phaseolus Vulgaris L. na cultura do feijão carioca sob 5% de concentrações de biofertilizante; D- Área foliar (AF) do Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca sob 5% de concentrações de biofertilizante.
A Figura 5 “B” foi observado um comportamento de crescimento linear onde a aplicação de biofertilizante não exerceu efeitos significativos relacionadas ao crescimento, indicando que a plantas tratadas e não tratadas apresentavam a mesma
capacidade em produzir novo material vegetativo obtendo o mesmo incremento do crescimento em altura, não confirmando a hipótese de interferência do biofertilizante nesse comportamento, na concentração única utilizada. O mesmo pode-se dizer do comportamento do número de folhas (Figura 5 “C”) e da área foliar (Figura 5 “D”).
Essa constatação também foi observada por outros autores em experimentos similares, mas em outras espécies vegetais. Souza (2000), por exemplo não verificou elevação na altura de plantas de pimentão, em função da aplicação de diferentes concentrações do biofertilizante Super magro (enriquecido) e biofertilizante bovino (puro), ao longo do ciclo da planta. Estes dados colaboram com as informações de (FERNANDES et al. 2009) que também constataram, em relação a outras fontes orgânicas, menor crescimento da mamona.
Contudo
Costa et al. (2006) encontraram interações positivas com o uso de biofertilizantes na produção de duas cultivares de alface sobre a fitomassa fresca da parte aérea e o número de folhas da cultivar ‘Babá de verão’, embora o baixo teor de nutrientes na solução do biofertilizante tenha ocasionado redução no desenvolvimento da alface.
Ribeiro et al. (2007) encontraram interações entre as diferentes proporções de soluções nutritivas e biofertilizantes em cultivo de alface, sem diferença significativa com a dose de solução nutritiva isolada. Essas informações evidenciam uma maior necessidade de se estudar a relação dose/concentração de biofertilizante x parâmetros de crescimento de plantas, bem como a composição ideal de um biofertilizante com propriedades fertiprotetoras e fitoprotetoras capazes de provocar respostas de defesa da planta sem prejudicar o seu crescimento e desenvolvimento.
Na Tabela 01 aos 14 e 22 dias as plantas pulverizadas não evidenciaram qualquer alteração significativa. Após isto, pode-se observar que aos 30 dias houve interação significativa e positiva da ação do biofertilizante sobre as plantas pulverizadas, ocasionando a diminuição do número médio de folhas afetadas pela lagarta. Ainda em relação a esse aspecto fitossanitário, no período 30 e 38 dias, o ataque desta lagarta rosca foi mais severo nas plantas que não foram pulverizadas.
Tabela 01. Número de folhas com lesões de lagartas (Agrotis ipsilon) em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais, dentro de cada coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (p < 0,05).
Quando se observa na Tabela 02 as médias obtidas dos 14 aos 22dias, as planta com e sem biofertilizante foram estatísticamente iguais. Houve efeito significativo, a 1% de probabilidade sobre os matigadores (vaquinha) a partir dos 30 e 38 dias, pode ser observado através dos números praguejados das plantas não pulverizadas, onde resultou um ataque maior. Com o propósito similar Vairo et al. (1992), sugeriram eficiência de controle de pragas e moléstias utilizando-se biofertilizante líquidos. Segundo Vairo (1993), Santos & Akiba (1996), os biofertilizantes líquidos atuam confundindo o olfato do inseto, aderindo-os à folha por ação de uma substância coloidal que é adesiva e por outro tipo de ação que é a desidratação do insetos. Medeiros (2002), comprovou essa hipótese em testes utilizando concentrações de biofertilizantes líquidos sobre o ácaro da leprose, atribuiu a morte dos ácaros à ação de uma substância coloidal, de natureza mucilaginosa, uma goma de origem metabólica secundária, a qual provocou a morte dos ácaros grudando suas pernas e partes do gnatossoma, obstruindo a região inicial do trato digestivo e de outras aberturas funcionais, e mobilizando o ácaro sobre a superfície foliar bem como impossibilitando a sua alimentação. Tais evidências colaboram com a hipótese de que o biofertilizante pode interferir sobre insetos mastigadores reduzindo sua capacidade de locomoção e de alimentação, vindo assim a reduzir os danos ocasionados pela lagarta nas folhas.
Tabela 02. Número de folhas com lesões de vaquinhas (Diabrotica speciosa) em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais, dentro de cada coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (p < 0,05).
Tabela 03. Número de folhas com lesões de Liriomyza huidoobrensis- Larva minadora em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (P < .05).
Tabela 04. Número de folhas com lesões de Polyphagotarsonemus latus- Ácaro branco em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (P < .05).
Nas Tabelas 03 e 04 não foi constatado efeito significativo sobre os tratamentos com e sem biofertilizante, pois as médias de ocorrência das larvas minadoras e do ácaro branco foram estatisticamente iguais. O biofertilizante mostrou-se pouco eficaz não demonstrando qualquer interação com este inseto o qual fica alojado e protegido em galerias dentro do parênquima clorofiliano da folha, sugerindo que o mesmo não sofreu ação direta. Contudo necessário se faz conhecer a interferência do biofertilizante sobre o desenvolvimento biológico dessas espécies minadoras e do ácaro branco para se ter uma avaliação melhor dos prováveis efeitos deletérios do biofertilizante sobre este inseto.
Tabela 05. Número de folhas com lesões de Neomegatomus parvus- Percevejo dos grãos em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (P < .05).
Podemos observar que na Tabela 05 os tratamentos com biofertilizante foram muito eficientes no controle dos percevejos e devido as pulverizações as plantas com
biofertilizante não apresentaram nenhuma incidência aos 38 dias, enquanto as plantas que não foram pulverizadas continuaram a incidência em todos os tratamentos. O teste t mostrou haver superioridade, confirmando o efeito positivo do biofertilizante.
Tabela 06. Número de folhas com lesões de mosaico de origem virótica em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (P < .05).
Tabela 07. Número de folhas com lesões de Uromyces appendiculatus- Ferrugem em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (P < .05).
Tabela 08. Número de folhas com lesões de Erysiphe polygoni- Oídio em plantas de Phaseolus Vulgaris L. cv. na cultura do feijão carioca após tratadas e não tratadas com biofertilizante líquido.
*Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste t de Student (P < .05).
As tabelas 06, 07 e 08 demonstram os resultados do número de folhas com lesões de mosaico virótico, ferrugem e oídio nas plantas pulverizadas e não pulverizadas com biofertilizante. A severidade de mosaico virótico (Tabela 06) foi drasticamente afetada pelo biofertilizante nas plantas pulverizadas (p < 0,05), mostrando que o biofertilizante apresentou algum tipo de inibição na transmissão do vírus pelo vetor ou no desenvolvimento da doença. Desse modo fica evidenciado o potencial de utilização do biofertilizante como controlador de viroses em feijoeiro. Por outro lado o mesmo não ocorreu nas plantas pulverizadas quanto à ferrugem. Os sintomas de ferrugem se distribuíram de forma equivalente dos dois grupos de plantas avaliados (Tabela 07). Contudo, Pode-se observar também uma ação deletéria do biofertilizante na severidade do oídio aos 38 dias, portanto uma evidência de resposta da cultura tratada com biofertilizante ao ataque do fungo Erysiphe polygoni. Considerando esses resultados pode-se inferir que o biofertilizante possui propriedades fertiprotetoras e fitoprotetoras.
4. Considerações finais
Com base nos resultados obtidos e nas condições em que foram desenvolvidos os experimentos, pode-se concluir que:
O biofertilizante na concentração utilizada tem atividade trofobiótica melhorando o crescimento e o desenvolvimento do feijoeiro cv. carioca;
Os parâmetros espessura do caule, altura de plantas, número de folhas e área foliar, são eficazes para estabelecer índices biométricos da eficiência bioativa do biofertilizante líquido aplicado via foliar no crescimento da planta;
O biofertilizante líquido pulverizado sobre as plantas de feijão phaseolus vulgaris L. cv. carioca interferiu diminuindo significativamente o ataque de lagartas, vaquinhas, larva minadora, percevejos e ácaros, durante a fase de crescimento;
O biofertilizante líquido pulverizado sobre as plantas de feijão phaseolus vulgaris L. cv. carioca interferiu diminuindo significativamente a quantidade de folhas atacadas do ataque de insetos fitófagos mastigadores lagartas (Agrotis ipsilon) e vaquinhas (Diabrotica speciosa), larvas minadoras (Liriomyza huidoobrensis), ácaros branco (Polyphagotarsonemus latus) e percevejos (Neomegatomus parvus) e de folhas acometidas com lesões de mosaicos inespecíficos.
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