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OK, podem ter acertado ‡ primeira, mas desta vez È que vamos ver se est„ o ‡ altura da vossa promessa: Uma revista sobre cultura portuguesa que sai para as bancas com 5000 exemplares, uma d˙ zia de cronistas, uma m„ o cheia de ilustradores e quatro obras inÈ ditas, n„ o pode ser um sucesso imediato, foi uma sorte, pronto! TÍ m raz„ o. … verdade, foi uma sorte encontrar pessoas apaixonadas com vontade de fazer as perguntas certas. Seremos merecedores de continuarem a fazer≠ nos boas perguntas? Seremos capazes de continuar a ouvir o que existe ‡ nossa volta? Seremos capazes de responder a todos os mails e mensagens que nos mandam? Estaremos assim t„ o seguros de que conhecemos as pessoas da nossa cultura? Nop. Ou isto d· num fl op ou È a confi rmaÁ „ o de que os portugueses, e atÈ alguns australianos e colombianos, querem mesmo conhecer a cultura portuguesa de maneira que ninguÈ m lhes diga como ela È . Com o primeiro n˙ mero recebemos abraÁ os gratuitos e atÈ alguns piropos, da ilha do Pico ‡ aldeia de Trevı es, no Douro. Somos de Lisboa, mas a revista faz≠ nos ir a todo o lado. Claro que temos de destacar o convite para sermos confrades na Ria de Aveiro e uns calduÁ os recebidos directamente da regi„ o do Minho.
PEDRO SAAVEDRA Artista e Editor
Mas vocÍ s n„ o est„ o demasiado convencidos de que est„ o a fazer tudo bem? 2
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OK, podem ter acertado à primeira, mas desta vez é que vamos ver se estão à altura da vossa promessa: Uma revista sobre cultura portuguesa que sai para as bancas com 5000 exemplares, uma dúzia de cronistas, uma mão cheia de ilustradores e quatro obras inéditas, não pode ser um sucesso imediato, foi uma sorte, pronto! Têm razão. É verdade, foi uma sorte encontrar pessoas apaixonadas com vontade de fazer as perguntas certas. Seremos merecedores de continuarem a fazer-nos boas perguntas? Seremos capazes de continuar a ouvir o que existe à nossa volta? Seremos capazes de responder a todos os mails e mensagens que nos mandam? Estaremos assim tão seguros de que conhecemos as pessoas da nossa cultura? Nop. Ou isto dá num flop ou é a confirmação de que os portugueses, e até alguns australianos e colombianos, querem mesmo conhecer a cultura portuguesa de maneira que ninguém lhes diga como ela é. Com o primeiro número recebemos abraços gratuitos e até alguns piropos, da ilha do Pico à aldeia de Trevões, no Douro. Somos de Lisboa, mas a revista faz-nos ir a todo o lado. Claro que temos de destacar o convite para sermos confrades na Ria de Aveiro e uns calduços recebidos directamente da região do Minho.
PEDRO SAAVEDRA Artista e Editor
Mas vocês não estão demasiado convencidos de que estão a fazer tudo bem? 2
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DESTA REVISTA DE QUE GOSTAMOS AINDA MAIS DO QUE DA PRIMEIRA
Estamos, sim. Estamos convencidos de que estamos a conhecer cada vez mais pessoas e ideias que nunca tÌ nhamos imaginado, e cada vez mais queremos aprender a evidente liÁ „ o do nunca vamos fazer isto mesmo bem por mais que tentemos. Felizmente, temos crÌ ticos e dos bons! Este n˙ mero È exactamente sobre isso, sobre o peso do n˙ mero 2, do chegar em segundo, do gozarem connosco na rua por termos cortado a meta a seguir ao Canina, de vermos a Susana a rir por sermos segundos no campeonato de futebol da nossa escola. Daquelas coisas, sÌ tios e pessoas que levam calduÁ os por n„ o estarem no local certo ‡ hora certa. Neste n˙ mero, queremos ser amigos do Paulo da Gama, o capit„ o da segunda nau a chegar ‡ Õ ndia. Do Juan Sebasti· n Elcano, o capit„ o da frota de Magalh„ es, que realmente chegou de volta na viagem de circum≠ navegaÁ „ o, de Sacadura Cabral que pilotou com Gago Coutinho a primeira travessia aÈ rea do Atl‚ ntico Sul. Do outro irm„ o Castro que nunca ganhou uma medalha ou dos benfi quistas, que por duas vezes seguidas foram segundos na Liga Europa. A todos eles dedicamos a inspirada frase de Charles Conrad, primeiro homem da segunda miss„ o a pisar a lua: ´ Este pode ter sido um pequeno passo para Neil, mas para mim, que sou baixinho, È enorme! Yuuupiiii!!ª
MONUMENTO GERADOR, EN2 A ROUTE 66 PORTUGUESA
BD A MEDALHA DE PRATA DE MIGUEL SANTOS
o interior de Portugal, a uma BD inÈ dita sobre as medalhas de prata, ao segundo capÌtu lo do nosso romance colectivo, a uma conversa entre dois ´ monstrosª do teatro portuguÍs, a uma fotonovela sobre gÈ meas siamesas, ao segundo melhor espect· culo de 2014 ou a uma entrevista a um oleiro de Alcochete, sÛ porque sim.
SUGESTÃO DE LEITURA POR CLÁUDIA GOMES OLIVEIRA: FLORBELA, APELES E EU DE VICENTE ALVES DO ”
Tudo na nossa #2 È um elogio ‡ tentativa e ao erro, ao esforÁ o e ‡ perseveranÁ a, ao que nos une para chegarmos a um lugar melhor, e ao que j· nos trouxe (com tanto trabalho) atÈ aqui, e porquÍ?
Porque os n˙ meros um est„ o sobrevalorizados! AVISO: Continuamos com alguns textos de acordo com o acordo ortogr· fic o, outros n„ o, um deles atÈ est· em portuguÍs do Brasil e outro vem da ilha do Pico. Alguns dos textos foram aumentados de propÛ sito, para garantir que a Benvinda os consegue ler no metro. Porque a cultura portuguesa n„ o obriga ninguÈ m a comprar Û culos. ;≠)
Ser n˙ mero 1 n„ o È o mais importante, h· n˙ meros dois muito mais inspiradores. Desde a estrada nacional 2, que liga todo 4
SEGUNDO MELHOR LIVRO DE BD EM 2014
O DESENHADOR DEFUNTO,
SAMUEL PIMENTA ESCREVE O SEGUNDO CASO DO NOSSO ROMANCE COLECTIVO
REPORTAGEM SOBRE A NOSSA PRIMEIRA COMUNHÃO, OU COMO CHAMÁMOS AO NOSSO PRIMEIRO EVENTO
CAFÉ CENTRAL COM EUGÉNIA VASQUES E FILIPE LA FÉRIA
RECEITAS DE ARROZ DE TOMATE DO CHEF HUGO BRITO
SEGUNDO MELHOR ESPECTÁCULO DE 2014 POR RITA JARDIM
GOOBLE GOBLE, FOTONOVELA SOBRE DUAS SIAMESAS DE ANA VILELA DA COSTA
A SEGUNDA VIDA DO CINEMA IDEAL POR MANUELA COSTA
PEDRO ANTAS, 1+1, A BIOLOGIA DOS CASAIS
UMA TARDE NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA DE SÃO PAULO POR FABIANA SERAGUSA
É SOBRE A CULTURA PORTUGUESA COM CERTEZA, EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA DE HERBERTO SMITH
CARLOS FERNANDES, UM OLEIRO ALCOCHETANO
COSTURA A DOIS TEMPOS, RETRATO DE DUAS JOVENS MODISTAS
OS DESEMIGRANTES, POR SÓNIA FERNANDES
A CULTURA DAS EMPRESAS POR CATARINA HENRIQUES
AGENDA, PARA TODOS OS GOSTOS E FEITIOS, DOS NOSSOS PARCEIROS
MAS O QUE É ISSO DO GERADOR?
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DESTA REVISTA DE QUE GOSTAMOS AINDA MAIS DO QUE DA PRIMEIRA
Estamos, sim. Estamos convencidos de que estamos a conhecer cada vez mais pessoas e ideias que nunca tínhamos imaginado, e cada vez mais queremos aprender a evidente lição do nunca vamos fazer isto mesmo bem por mais que tentemos. Felizmente, temos críticos e dos bons! Este número é exactamente sobre isso, sobre o peso do número 2, do chegar em segundo, do gozarem connosco na rua por termos cortado a meta a seguir ao Canina, de vermos a Susana a rir por sermos segundos no campeonato de futebol da nossa escola. Daquelas coisas, sítios e pessoas que levam calduços por não estarem no local certo à hora certa. Neste número, queremos ser amigos do Paulo da Gama, o capitão da segunda nau a chegar à Índia. Do Juan Sebastián Elcano, o capitão da frota de Magalhães, que realmente chegou de volta na viagem de circum-navegação, de Sacadura Cabral que pilotou com Gago Coutinho a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Do outro irmão Castro que nunca ganhou uma medalha ou dos benfiquistas, que por duas vezes seguidas foram segundos na Liga Europa. A todos eles dedicamos a inspirada frase de Charles Conrad, primeiro homem da segunda missão a pisar a lua: «Este pode ter sido um pequeno passo para Neil, mas para mim, que sou baixinho, é enorme! Yuuupiiii!!»
MONUMENTO GERADOR, EN2 A ROUTE 66 PORTUGUESA
BD A MEDALHA DE PRATA DE MIGUEL SANTOS
o interior de Portugal, a uma BD inédita sobre as medalhas de prata, ao segundo capítulo do nosso romance colectivo, a uma conversa entre dois «monstros» do teatro português, a uma fotonovela sobre gémeas siamesas, ao segundo melhor espectáculo de 2014 ou a uma entrevista a um oleiro de Alcochete, só porque sim.
SUGESTÃO DE LEITURA POR CLÁUDIA GOMES OLIVEIRA: FLORBELA, APELES E EU DE VICENTE ALVES DO Ó
Tudo na nossa #2 é um elogio à tentativa e ao erro, ao esforço e à perseverança, ao que nos une para chegarmos a um lugar melhor, e ao que já nos trouxe (com tanto trabalho) até aqui, e porquê?
Porque os números um estão sobrevalorizados! AVISO: Continuamos com alguns textos de acordo com o acordo ortográfico, outros não, um deles até está em português do Brasil e outro vem da ilha do Pico. Alguns dos textos foram aumentados de propósito, para garantir que a Benvinda os consegue ler no metro. Porque a cultura portuguesa não obriga ninguém a comprar óculos. ;-)
Ser número 1 não é o mais importante, há números dois muito mais inspiradores. Desde a estrada nacional 2, que liga todo 4
SEGUNDO MELHOR LIVRO DE BD EM 2014
O DESENHADOR DEFUNTO,
SAMUEL PIMENTA ESCREVE O SEGUNDO CASO DO NOSSO ROMANCE COLECTIVO
REPORTAGEM SOBRE A NOSSA PRIMEIRA COMUNHÃO, OU COMO CHAMÁMOS AO NOSSO PRIMEIRO EVENTO
CAFÉ CENTRAL COM EUGÉNIA VASQUES E FILIPE LA FÉRIA
RECEITAS DE ARROZ DE TOMATE DO CHEF HUGO BRITO
SEGUNDO MELHOR ESPECTÁCULO DE 2014 POR RITA JARDIM
GOOBLE GOBLE, FOTONOVELA SOBRE DUAS SIAMESAS DE ANA VILELA DA COSTA
A SEGUNDA VIDA DO CINEMA IDEAL POR MANUELA COSTA
PEDRO ANTAS, 1+1, A BIOLOGIA DOS CASAIS
UMA TARDE NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA DE SÃO PAULO POR FABIANA SERAGUSA
É SOBRE A CULTURA PORTUGUESA COM CERTEZA, EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA DE HERBERTO SMITH
CARLOS FERNANDES, UM OLEIRO ALCOCHETANO
COSTURA A DOIS TEMPOS, RETRATO DE DUAS JOVENS MODISTAS
OS DESEMIGRANTES, POR SÓNIA FERNANDES
A CULTURA DAS EMPRESAS POR CATARINA HENRIQUES
AGENDA, PARA TODOS OS GOSTOS E FEITIOS, DOS NOSSOS PARCEIROS
MAS O QUE É ISSO DO GERADOR?
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Hotel de Estrada ≠ Cha ves
MONUMENTO GERADOR
Hoje acordei em Chaves sozinha, sentada de olhos secos ‡ beira de uma cama vazia. Ontem pediste quartos separados, despediste≠ te com um beijo na testa e um ´ encontramo≠ nos no km zeroª . Uma estrada È um caminho a percorrer, ser· possÌ vel voltar a um inÌ cio quando achamos j· ter chegado a um fim ?
Chaves
Cumeeira
Escariz
Magueija
ANA MORAIS
Anita dos sete ofÌcio s
Chaves
Meus meninos, j· vos explic· mos, na liÁ„ o n˙ mero um, o que era um monumento gerador, mas como h· sempre alguns que podem j· n„ o se lembrar, aqui fica um resumo: Um monumento È um meio para n„ o nos esquecermos de uma coisa. Pode ser um objecto material ou uma ideia imaterial, mas todos os monumentos tÍ m uma coisa em comum, s„ o grandes, e os monumentos geradores s„ o ainda maiores, t„ o grandes que ‡ s vezes nem damos por eles. Apresentamos a maior estrada de Portugal, a estrada que liga o paÌs ao meio, sempre no seu interior. Como espinha dorsal da nossa cultura continental, iremos relembrar ao longo da revista a dist‚ ncia entre os nossos parceiros e a EN2. … o Portugal real de Chaves a Faro, pelos olhos da Ana Morais, uma mulher dos sete ofÌcio s. Apanhem a boleia que ela parte j· na p· gina seguinte.
moï nuï menï to (latim monumentum, ≠ i, recordaÁ „ o, monumento, edifÌ cio, t˙ mulo)
0 km Agora temos 737 km desta estrada para percorrer, para voltarmos depois ao ponto de partida: Lisboa. S„ o dois dias de desvio na nossa vida para recomeÁ ar do zero; ignorar um passado, percorrendo outro demarcado como a estrada mais antiga de Portugal ou a Route 66 portuguesa.
substantivo masculino
Escariz de Vila Real transmontano
1. ConstruÁ „ o
57 km percorridos e estamos em Escariz. AtÈ agora, as curvas desta estrada tÍ m≠ me levado, como que hipnotizada, a memÛ rias Ì nfim as de inf‚ ncia. Estamos no interior do meu paÌ s e da minha alma. Quando vi os cabeÁ udos, n„ o resisti e saÌ do carro. Fiquei a olhar enternecida para as minhas origens. ´ Teresa!ª ñ despertaste≠ me.
ou obra que transmite a recordaÁ „ o de alguÈ m ou de algum facto memor· vel. 2. Jazigo, mausolÈ u. 3. [Figurado] Obra liter· ria ou cientÌ fic a de grande fÙ lego. 4. RecordaÁ „ o; lembranÁ a.
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Hotel de Estrada - Chaves
MONUMENTO GERADOR
Hoje acordei em Chaves sozinha, sentada de olhos secos à beira de uma cama vazia. Ontem pediste quartos separados, despediste-te com um beijo na testa e um «encontramo-nos no km zero». Uma estrada é um caminho a percorrer, será possível voltar a um início quando achamos já ter chegado a um fim?
Chaves
Cumeeira
Escariz
Magueija
ANA MORAIS
Anita dos sete ofícios
Chaves
Meus meninos, já vos explicámos, na lição número um, o que era um monumento gerador, mas como há sempre alguns que podem já não se lembrar, aqui fica um resumo: Um monumento é um meio para não nos esquecermos de uma coisa. Pode ser um objecto material ou uma ideia imaterial, mas todos os monumentos têm uma coisa em comum, são grandes, e os monumentos geradores são ainda maiores, tão grandes que às vezes nem damos por eles. Apresentamos a maior estrada de Portugal, a estrada que liga o país ao meio, sempre no seu interior. Como espinha dorsal da nossa cultura continental, iremos relembrar ao longo da revista a distância entre os nossos parceiros e a EN2. É o Portugal real de Chaves a Faro, pelos olhos da Ana Morais, uma mulher dos sete ofícios. Apanhem a boleia que ela parte já na página seguinte.
mo•nu•men•to (latim monumentum, -i, recordação, monumento, edifício, túmulo)
0 km Agora temos 737 km desta estrada para percorrer, para voltarmos depois ao ponto de partida: Lisboa. São dois dias de desvio na nossa vida para recomeçar do zero; ignorar um passado, percorrendo outro demarcado como a estrada mais antiga de Portugal ou a Route 66 portuguesa.
substantivo masculino
Escariz de Vila Real transmontano
1. Construção
57 km percorridos e estamos em Escariz. Até agora, as curvas desta estrada têm-me levado, como que hipnotizada, a memórias ínfimas de infância. Estamos no interior do meu país e da minha alma. Quando vi os cabeçudos, não resisti e saí do carro. Fiquei a olhar enternecida para as minhas origens. «Teresa!» – despertaste-me.
ou obra que transmite a recordação de alguém ou de algum facto memorável. 2. Jazigo, mausoléu. 3. [Figurado] Obra literária ou científica de grande fôlego. 4. Recordação; lembrança.
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MIGUEL SANTOS
A nossa revista vai ter sempre uma história de BD. Mesmo que só sobrem duas páginas para publicar, vamos ter sempre histórias aos quadradinhos. Os egípcios e o tio patinhas nunca nos perdoariam essa falta e, sem esperar pelo segundo toque, vamos já ao que interessa. Lembram-se da promessa de termos sempre um autor diferente em cada edição? Neste nº2 pedimos um elogio aos segundos lugares ao Miguel Santos, mas quem é ele?
E
u? Nasci em Setembro de 1980, em Luanda. Apesar da minha formação em História e Arqueologia, com passagem por cursos de Ilustração e BD na Ar.Co, dediquei-me à Ilustração. Trabalho para editoras americanas de jogos de tabuleiro e Role Playing Games, com temáticas que variam entre o Terror, Fantasia e Ficção Científica. Além disso, tenho publicado assiduamente histórias de BD para a antologia Zona.
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MIGUEL SANTOS
A nossa revista vai ter sempre uma história de BD. Mesmo que só sobrem duas páginas para publicar, vamos ter sempre histórias aos quadradinhos. Os egípcios e o tio patinhas nunca nos perdoariam essa falta e, sem esperar pelo segundo toque, vamos já ao que interessa. Lembram-se da promessa de termos sempre um autor diferente em cada edição? Neste nº2 pedimos um elogio aos segundos lugares ao Miguel Santos, mas quem é ele?
E
u? Nasci em Setembro de 1980, em Luanda. Apesar da minha formação em História e Arqueologia, com passagem por cursos de Ilustração e BD na Ar.Co, dediquei-me à Ilustração. Trabalho para editoras americanas de jogos de tabuleiro e Role Playing Games, com temáticas que variam entre o Terror, Fantasia e Ficção Científica. Além disso, tenho publicado assiduamente histórias de BD para a antologia Zona.
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CLÁUDIA GOMES OLIVEIRA
Leitora, consultora editorial e revisora, geralmente de livros
Dizem que há três coisas que um homem deveria fazer na vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Sobre as três coisas que uma mulher deveria fazer na vida, não descobrimos nada, mas imaginamos que seja parecido. Como não sabemos, preferimos não arriscar. O que sabemos é que quase todos os portugueses acham que conseguem escrever um livro, e como nisso não os podemos ainda ajudar, vamos ajudá-los a ler um livro. Pelo menos, enquanto os portugueses esperam pela resposta de uma editora, podem aproveitar o tempo para ler. Ler dá saúde e faz crescer (não em centímetros, pá!), mas os homens também não se medem aos palmos. belas não vi, a mais bela que vi eras ti. (poema popular)
A
Agora, apareceu o livro e uma pessoa pensa: será que é melhor do que o filme?
proposta surgiu no verão. O editor da Gerador foi claro: queres ler este livro e escrever sobre essa experiência de leitura? Aceitei, comprei o livro e meti-o na mala (porque era verão e fui até outras paragens). O que encontrei foi uma obra fantasiosa sobre uma realidade triste com um final temporariamente feliz, que é como quem diz, foi uma experiência interessante.
Desconhecia a vertente literária de Vicente Alves do Ó, mas de Florbela Espanca conhecia a obra e as dores e o amor pelo irmão. Olhei de lado para o título (o «eu» soava a exercício pessoal) e as primeiras páginas foram analisadas ao pormenor da virgulação. Dois dias depois, terminava a leitura rendida à desassossegada Florbela (entre inquietações pontuais de regência verbal, confesso).
Local imperdível: Casa dos Fofos de Belas, desde 1835 em Belas (Concelho de Sintra) Como lá chegar? Indo pelas vias rápidas da CREL ou da IC16 há saída para Belas. Quem vier por dentro pode apanhar a estrada nacional 117 que vem de Amadora/Queluz, ou a estrada nacional 250-1, que vem do Cacém. A Casa é mesmo no largo principal, ao pé do jardim. Quem é que me disse onde era? Desde que me conheço que os meus pais paravam lá, a caminho de Vale de Lobos. Cuidado com: Não se consegue comer só um! Não esquecer de: Levar uma caixa a mais para oferecer à sogra.
Carla Chambel, esteve aqui desde que se lembra 30
Florbela, Apeles e Eu é a segunda viagem literária de Vicente Alves do Ó, cineasta. A sua relação com Florbela Espanca ter-se-á iniciado nos anos 80, quando a leu pela primeira vez na charneca alentejana, e culminado nesta obra, um elogio pessoal à poetisa e um poderoso subtexto da sua longa-metragem de 2012, Florbela, aquele filme que levou uma série de portugueses ao cinema, até aqueles que habitualmente adoecem só de ouvir falar a sua língua numa sala escura. Sim, o filme Florbela foi muito visto, ganhou muitos prémios, foi ao Brasil e até chegou à televisão.
O livro desvela um diálogo íntimo entre o autor, Florbela e seu irmão Apeles. O leitor é convidado a assistir a uma troca imaginada (e desprovida desse elemento aborrecido que é o tempo) de conceitos, questões existenciais e tormentos infligidos ao autor por si mesmo, ao debater-se com informação que lhe chegou num tempo posterior ao da poetisa. 31
CLÁUDIA GOMES OLIVEIRA
Leitora, consultora editorial e revisora, geralmente de livros
Dizem que há três coisas que um homem deveria fazer na vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Sobre as três coisas que uma mulher deveria fazer na vida, não descobrimos nada, mas imaginamos que seja parecido. Como não sabemos, preferimos não arriscar. O que sabemos é que quase todos os portugueses acham que conseguem escrever um livro, e como nisso não os podemos ainda ajudar, vamos ajudá-los a ler um livro. Pelo menos, enquanto os portugueses esperam pela resposta de uma editora, podem aproveitar o tempo para ler. Ler dá saúde e faz crescer (não em centímetros, pá!), mas os homens também não se medem aos palmos. belas não vi, a mais bela que vi eras ti. (poema popular)
A
Agora, apareceu o livro e uma pessoa pensa: será que é melhor do que o filme?
proposta surgiu no verão. O editor da Gerador foi claro: queres ler este livro e escrever sobre essa experiência de leitura? Aceitei, comprei o livro e meti-o na mala (porque era verão e fui até outras paragens). O que encontrei foi uma obra fantasiosa sobre uma realidade triste com um final temporariamente feliz, que é como quem diz, foi uma experiência interessante.
Desconhecia a vertente literária de Vicente Alves do Ó, mas de Florbela Espanca conhecia a obra e as dores e o amor pelo irmão. Olhei de lado para o título (o «eu» soava a exercício pessoal) e as primeiras páginas foram analisadas ao pormenor da virgulação. Dois dias depois, terminava a leitura rendida à desassossegada Florbela (entre inquietações pontuais de regência verbal, confesso).
Local imperdível: Casa dos Fofos de Belas, desde 1835 em Belas (Concelho de Sintra) Como lá chegar? Indo pelas vias rápidas da CREL ou da IC16 há saída para Belas. Quem vier por dentro pode apanhar a estrada nacional 117 que vem de Amadora/Queluz, ou a estrada nacional 250-1, que vem do Cacém. A Casa é mesmo no largo principal, ao pé do jardim. Quem é que me disse onde era? Desde que me conheço que os meus pais paravam lá, a caminho de Vale de Lobos. Cuidado com: Não se consegue comer só um! Não esquecer de: Levar uma caixa a mais para oferecer à sogra.
Carla Chambel, esteve aqui desde que se lembra 30
Florbela, Apeles e Eu é a segunda viagem literária de Vicente Alves do Ó, cineasta. A sua relação com Florbela Espanca ter-se-á iniciado nos anos 80, quando a leu pela primeira vez na charneca alentejana, e culminado nesta obra, um elogio pessoal à poetisa e um poderoso subtexto da sua longa-metragem de 2012, Florbela, aquele filme que levou uma série de portugueses ao cinema, até aqueles que habitualmente adoecem só de ouvir falar a sua língua numa sala escura. Sim, o filme Florbela foi muito visto, ganhou muitos prémios, foi ao Brasil e até chegou à televisão.
O livro desvela um diálogo íntimo entre o autor, Florbela e seu irmão Apeles. O leitor é convidado a assistir a uma troca imaginada (e desprovida desse elemento aborrecido que é o tempo) de conceitos, questões existenciais e tormentos infligidos ao autor por si mesmo, ao debater-se com informação que lhe chegou num tempo posterior ao da poetisa. 31
Por algumas horas, o CafÈ Central teve lugar no Sal„ o Nobre do Teatro Politeama, onde tive o privilÈ gio de partilhar uma conversa com EugÈ nia Vasques e Filipe La FÈ ria. Tinha conhecido a EugÈ nia na 1™ Comunh„ o do Gerador, durante uma das Conversas Geradoras em que fal· mos sobre ´ Como fazer cultura portuguesa para todos?ª O seu discurso claro, desconstrutivo e incisivo conquistou≠ me imediatamente. Foi um dos nomes que surgiu quando pensei nesta primeira dupla para o CafÈ Central.
Segue≠s e uma pausa, apÛ s a qual EugÈ nia olha Filipe nos olhos e diz
´ De qualquer maneira, tudo isto serve para dizer que, n„ o parece, mas eu amo≠t e.ª A reacÁ „ o de Filipe È imediata: ´ Ah, eu sei. E parece, sim senhor! Eu tambÈ m tenho uma grande amizade e sobretudo uma grande recordaÁ „ o dos nossos tempos.ª … com saudade que EugÈ nia diz: ´ Tivemos momentos no teatro sÛ nossos, muito bons.ª
E o Filipe La FÈ ria? Passei a semana anterior a pensar como iria gerir esta conversa. O Filipe La FÈ ria? Sim, vi o musical Am· lia, h· uns anos ñ atÈ levei um xaile aos ombros e tudo. Dei por mim a pensar se sofreria do malfadado 46
prÈ ≠ conceito da revista ‡ portuguesa, dos musicais do La FÈ ria. E depois, imaginava: ´ Como È que vai ser aquele (re)encontro? Que percursos teriam em comum? Sim, nÛ s pesquis· mos no Google isto e aquilo e encontr· mos referÍ ncias. Mas na verdade, que momentos, que tempos e espaÁ os teriam em comum o Filipe e a EugÈ nia? Que olhares tÍ m sobre o teatro que se respira hoje? E sobre o que j· foi?ª
Descobri que o teatro ao qual se chama ligeiro È fruto, pelo menos no caso La FÈ ria, de um olhar profundo sobre a vida, o teatro, os autores, a dramaturgia, a m˙ sica e a literatura. Se h· uma È tica por detr· s de uma estÈ tica? Sim. E sobretudo uma metafÌ sica profunda. Se h· mais coisas no cÈ u e na terra do que a v„ fil osofia ? H· . Uma delas chama≠ se revista ‡ portuguesa ñ ou musical La FÈ ria, para usar as palavras da Professora EugÈ nia.
SaÌ do Teatro Politeama com um sentido misto de miss„ o cumprida e de vazio. Miss„ o cumprida, por ter visto acontecer ali uma verdadeira conversa de cafÈ , entre pessoas que se conhecem, que se admiram, que tÍ m in˙ meras memÛ rias em comum. De vazio, por achar que haveria tanto mais para conversar, tal È a riqueza da vida de ambos, no que ao teatro diz respeito.
A autora n„ o escreve segundo a nova ortografi a. E, de vez em quando, inventa novas palavras.
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Por algumas horas, o Café Central teve lugar no Salão Nobre do Teatro Politeama, onde tive o privilégio de partilhar uma conversa com Eugénia Vasques e Filipe La Féria. Tinha conhecido a Eugénia na 1ª Comunhão do Gerador, durante uma das Conversas Geradoras em que falámos sobre «Como fazer cultura portuguesa para todos?» O seu discurso claro, desconstrutivo e incisivo conquistou-me imediatamente. Foi um dos nomes que surgiu quando pensei nesta primeira dupla para o Café Central.
Segue-se uma pausa, após a qual Eugénia olha Filipe nos olhos e diz
«De qualquer maneira, tudo isto serve para dizer que, não parece, mas eu amo-te.» A reacção de Filipe é imediata: «Ah, eu sei. E parece, sim senhor! Eu também tenho uma grande amizade e sobretudo uma grande recordação dos nossos tempos.» É com saudade que Eugénia diz: «Tivemos momentos no teatro só nossos, muito bons.»
E o Filipe La Féria? Passei a semana anterior a pensar como iria gerir esta conversa. O Filipe La Féria? Sim, vi o musical Amália, há uns anos – até levei um xaile aos ombros e tudo. Dei por mim a pensar se sofreria do malfadado 46
pré-conceito da revista à portuguesa, dos musicais do La Féria. E depois, imaginava: «Como é que vai ser aquele (re)encontro? Que percursos teriam em comum? Sim, nós pesquisámos no Google isto e aquilo e encontrámos referências. Mas na verdade, que momentos, que tempos e espaços teriam em comum o Filipe e a Eugénia? Que olhares têm sobre o teatro que se respira hoje? E sobre o que já foi?»
Descobri que o teatro ao qual se chama ligeiro é fruto, pelo menos no caso La Féria, de um olhar profundo sobre a vida, o teatro, os autores, a dramaturgia, a música e a literatura. Se há uma ética por detrás de uma estética? Sim. E sobretudo uma metafísica profunda. Se há mais coisas no céu e na terra do que a vã filosofia? Há. Uma delas chama-se revista à portuguesa – ou musical La Féria, para usar as palavras da Professora Eugénia.
Saí do Teatro Politeama com um sentido misto de missão cumprida e de vazio. Missão cumprida, por ter visto acontecer ali uma verdadeira conversa de café, entre pessoas que se conhecem, que se admiram, que têm inúmeras memórias em comum. De vazio, por achar que haveria tanto mais para conversar, tal é a riqueza da vida de ambos, no que ao teatro diz respeito.
A autora não escreve segundo a nova ortografia. E, de vez em quando, inventa novas palavras.
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Fotonovela de ANA VILELA DA COSTA, com ANA VILELA DA COSTA e MÁRCIA CARDOSO, fotografias e montagens de MARTIM RAMOS Parecia uma ideia tão maluca que não resisitimos a repeti-la. Apresentar uma fotonovela a cada edição, sobre o tema da revista mas sem promessas de finais felizes. Queremos, assim, mostrar os performers de todas as áreas. Neste segundo número, o teatro da Ana Vilela da Costa leva-nos a um outro nível, mais perto das feiras e dos freak shows do século XIX. Nada no início nos revela o seu fim, e há que ver e ver até à última e definitiva imagem. Mais episódios a caminho.
M
as quem é a Ana Vilela da Costa? Nasceu em Lisboa mas foi logo a correr para a Amadora onde foi criada e recebeu os ensinamentos necessários a uma vida suburbana. É licenciada em Antropologia e estava quase a tornar-se uma profissional da coisa, estudando chimpanzés em selvas africanas, quando o teatro invadiu a sua vida (na verdade, ele já morava lá). Enquanto fazia o mestrado
em teatro decidiu fugir para Itália e ali encontrou, finalmente, o coelho branco (ser que já a intrigava há, pelos menos, 336 meses). Deste encontro surgiu Alice in Underwear performance que tem andado a mostrar por aí, neste último ano. Se já não é antropóloga, também não podemos dizer que seja só actriz… Já encenou, já foi professora… E agora que nome se dá a alguém que faz fotonovelas?
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Fotonovela de ANA VILELA DA COSTA, com ANA VILELA DA COSTA e MÁRCIA CARDOSO, fotografias e montagens de MARTIM RAMOS Parecia uma ideia tão maluca que não resisitimos a repeti-la. Apresentar uma fotonovela a cada edição, sobre o tema da revista mas sem promessas de finais felizes. Queremos, assim, mostrar os performers de todas as áreas. Neste segundo número, o teatro da Ana Vilela da Costa leva-nos a um outro nível, mais perto das feiras e dos freak shows do século XIX. Nada no início nos revela o seu fim, e há que ver e ver até à última e definitiva imagem. Mais episódios a caminho.
M
as quem é a Ana Vilela da Costa? Nasceu em Lisboa mas foi logo a correr para a Amadora onde foi criada e recebeu os ensinamentos necessários a uma vida suburbana. É licenciada em Antropologia e estava quase a tornar-se uma profissional da coisa, estudando chimpanzés em selvas africanas, quando o teatro invadiu a sua vida (na verdade, ele já morava lá). Enquanto fazia o mestrado
em teatro decidiu fugir para Itália e ali encontrou, finalmente, o coelho branco (ser que já a intrigava há, pelos menos, 336 meses). Deste encontro surgiu Alice in Underwear performance que tem andado a mostrar por aí, neste último ano. Se já não é antropóloga, também não podemos dizer que seja só actriz… Já encenou, já foi professora… E agora que nome se dá a alguém que faz fotonovelas?
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FABIANA SERAGUSA
Jornalista do Folha de São Paulo e apreciadora de anedotas sobre portugueses
Português. Para aqueles que não se contentam com este imaginário, há muito mais: dois pisos cheios de animação, com exposições, atividades para crianças e adultos, conferências, cinema de animação, uma praça dedicada às lojas especializadas e às sessões de autógrafos ou ainda os pregos do Sr. José da Silva, o cozido de domingo da Dona Isabel ou as pipocas do Sr. Luís.
25º AMADORA BD . FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA 2014: «O ESTADO DA ARTE»
A língua portuguesa é falada por quase 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Inventada por estes lados, foi adotada pelo Brasil e por tantos outros países de África e até por um da Ásia. De onde vem, como existe agora e para onde vai, deu origem a um museu dela própria. Queríamos tanto ir a este museu que a celebra, que pedimos por favor à Fabiana Seragusa que por lá passasse. Sabem onde fica este Museu da Língua Portuguesa? Pois é, na cidade de São Paulo, no Brasil, onde a nossa transatlântica correspondente vive.
Palavras lá e cá
U
m pedestre viu um ônibus bater num trem. Essa é uma frase em português, claro, mas se você é de Portugal talvez não entenda muito bem o que aconteceu. Da mesma forma que se você disser que um peão viu um autocarro bater num comboio, aqui no Brasil, as pessoas vão dizer: «Ahn?»
Caso ainda não estejam suficientemente motivados, esta é também uma excelente oportunidade para apreciar uma bela obra de arquitetura temporária que reflete o espírito do Festival e reutiliza, de forma eficaz, os materiais das edições anteriores. Adivinhem quem são os autores do projeto?!
Fórum de Luís de Camões, Brandoa, Amadora, de 24 de Outubro a 9 de Novembro * 89Km até à EN2
Para todos os que seguem ou querem seguir o que de melhor se faz na BD, recomendamos que desfrutem da paisagem topográfica construída com 650 paletes, dedicada ao Ano Editorial 70
Fui saber mais sobre nosso idioma no Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006, aqui em São Paulo. Ele fica num prédio de três andares instalado na Estação da Luz, um patrimônio histórico do século XIX, muito bonito e grandioso – e o ingresso custa só R$ 6 (mais ou menos 2€).
Aqui não existe «bica», «casa de banho» ou «portagem», não com esses nomes, e não adianta falar que alguma coisa é «fixe» porque vão perguntar de novo: «Ahn?» Aí, você vai ter que explicar que é algo «bacana». © Wandson Lisboa (http://instagram.com/wandson)
Já entrou, há alguns anos, na maioridade, sendo dos mais antigos e por muitos considerado o Festival de BD mais importante de Portugal. Este ano, na sua 25ª edição, o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora faz uma reflexão sobre o momento que o universo da Banda Desenhada atravessa, um tema pertinente para as suas bodas de prata.
© Jefferson Pancieri
Mais uma sugestão imperdível de um dos nossos primeiros parceiros. O colectivo de arquitectura Vírgula i é uma equipa de arquitectos com um estúdio com uma das melhores vistas da cidade do Porto. Inventem uma desculpa para lá ir porque eles oferecem biscoitos da Padaria Ribeiro, pelo menos a nós. Mais info parceríaca em www.virgulai.com.
Ter de traduzir português do Brasil para português de Portugal parece até brincadeira, mas se até dentro do nosso próprio país existem modos diferentes de falar (na região sul, há expressões que as pessoas da região norte não entendem, por exemplo), imagine entre dois países separados por um oceano. São muitas, muitas palavras diferentes.
O primeiro andar é reservado para mostras especiais temporárias, mas por enquanto, está fechado. O terceiro piso também recebe instalações, mas é destinado principalmente à exibição de filmes curtos e realização de palestras e cursos, que ocupam o auditório. 71
FABIANA SERAGUSA
Jornalista do Folha de São Paulo e apreciadora de anedotas sobre portugueses
Português. Para aqueles que não se contentam com este imaginário, há muito mais: dois pisos cheios de animação, com exposições, atividades para crianças e adultos, conferências, cinema de animação, uma praça dedicada às lojas especializadas e às sessões de autógrafos ou ainda os pregos do Sr. José da Silva, o cozido de domingo da Dona Isabel ou as pipocas do Sr. Luís.
25º AMADORA BD . FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA 2014: «O ESTADO DA ARTE»
A língua portuguesa é falada por quase 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Inventada por estes lados, foi adotada pelo Brasil e por tantos outros países de África e até por um da Ásia. De onde vem, como existe agora e para onde vai, deu origem a um museu dela própria. Queríamos tanto ir a este museu que a celebra, que pedimos por favor à Fabiana Seragusa que por lá passasse. Sabem onde fica este Museu da Língua Portuguesa? Pois é, na cidade de São Paulo, no Brasil, onde a nossa transatlântica correspondente vive.
Palavras lá e cá
U
m pedestre viu um ônibus bater num trem. Essa é uma frase em português, claro, mas se você é de Portugal talvez não entenda muito bem o que aconteceu. Da mesma forma que se você disser que um peão viu um autocarro bater num comboio, aqui no Brasil, as pessoas vão dizer: «Ahn?»
Caso ainda não estejam suficientemente motivados, esta é também uma excelente oportunidade para apreciar uma bela obra de arquitetura temporária que reflete o espírito do Festival e reutiliza, de forma eficaz, os materiais das edições anteriores. Adivinhem quem são os autores do projeto?!
Fórum de Luís de Camões, Brandoa, Amadora, de 24 de Outubro a 9 de Novembro * 89Km até à EN2
Para todos os que seguem ou querem seguir o que de melhor se faz na BD, recomendamos que desfrutem da paisagem topográfica construída com 650 paletes, dedicada ao Ano Editorial 70
Fui saber mais sobre nosso idioma no Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006, aqui em São Paulo. Ele fica num prédio de três andares instalado na Estação da Luz, um patrimônio histórico do século XIX, muito bonito e grandioso – e o ingresso custa só R$ 6 (mais ou menos 2€).
Aqui não existe «bica», «casa de banho» ou «portagem», não com esses nomes, e não adianta falar que alguma coisa é «fixe» porque vão perguntar de novo: «Ahn?» Aí, você vai ter que explicar que é algo «bacana». © Wandson Lisboa (http://instagram.com/wandson)
Já entrou, há alguns anos, na maioridade, sendo dos mais antigos e por muitos considerado o Festival de BD mais importante de Portugal. Este ano, na sua 25ª edição, o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora faz uma reflexão sobre o momento que o universo da Banda Desenhada atravessa, um tema pertinente para as suas bodas de prata.
© Jefferson Pancieri
Mais uma sugestão imperdível de um dos nossos primeiros parceiros. O colectivo de arquitectura Vírgula i é uma equipa de arquitectos com um estúdio com uma das melhores vistas da cidade do Porto. Inventem uma desculpa para lá ir porque eles oferecem biscoitos da Padaria Ribeiro, pelo menos a nós. Mais info parceríaca em www.virgulai.com.
Ter de traduzir português do Brasil para português de Portugal parece até brincadeira, mas se até dentro do nosso próprio país existem modos diferentes de falar (na região sul, há expressões que as pessoas da região norte não entendem, por exemplo), imagine entre dois países separados por um oceano. São muitas, muitas palavras diferentes.
O primeiro andar é reservado para mostras especiais temporárias, mas por enquanto, está fechado. O terceiro piso também recebe instalações, mas é destinado principalmente à exibição de filmes curtos e realização de palestras e cursos, que ocupam o auditório. 71
PROPRIET¡ RIO E EDITOR AssociaÁ „ o Cultural Gerador, Avenida Infante Santo, N˙ mero 60 L, 3.∫ A, 1350≠17 9 Lisboa, contribuinte 513078690, REGISTO ERC 126542, DepÛ sito legal (Ö ), DIRETOR Pedro Saavedra, PERIODICIDADE Trimestral, Tiragem 5000 exemplares, SEDE DE REDA« √ O Avenida Infante Santo, N˙ mero 60 L, 3.∫ A 1350≠17 9 Lisboa TIPOGRAFIA Jorge Fernandes Lda, Rua Quinta Conde de Mascarenhas, 9, 2820≠6 52 Charneca da Caparica.
Ana Vilela da Costa AndrÈ da Loba Duarte Can· rio Herberto Smith Hugo Silva Jo„ o Saramago Mariana a Miser· vel Marta Moreira Miguel Santos Samuel Pimenta Wasted Rita
Ana Morais Catarina Henriques Cl· udia Gomes Oliveira Fabiana Seragusa Hugo Brito Joana Rita Sousa Manuela Costa Nuno Pereira de Sousa Pedro Antas Rita Jardim SÛ nia Fernandes
Rui Guerra rui@melro.net
Pedro Saavedra pedro.saavedra@gerador.eu
Cl· udia Gomes Oliveira o.claudia@gmail.com
Tiago Sigorelho tiago.sigorelho@gerador.eu
N· dia Dias T nadiadiast@gmail.com
Miguel Bica miguel.bica@gerador.eu
Bode ExpiatÛ rio ! EspaÁ o Santa Catarina Luciano Cavaco ! Primeiros Sintomas ! Teatro da Terra ! Vertigo CafÈ 114
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PROPRIETÁRIO E EDITOR Associação Cultural Gerador, Avenida Infante Santo, Número 60 L, 3.º A, 1350-179 Lisboa, contribuinte 513078690, REGISTO ERC 126542, Depósito legal (…), DIRETOR Pedro Saavedra, PERIODICIDADE Trimestral, Tiragem 5000 exemplares, SEDE DE REDAÇÃO Avenida Infante Santo, Número 60 L, 3.º A 1350-179 Lisboa TIPOGRAFIA Jorge Fernandes Lda, Rua Quinta Conde de Mascarenhas, 9, 2820-652 Charneca da Caparica.
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Bode Expiatório • Espaço Santa Catarina Luciano Cavaco • Primeiros Sintomas • Teatro da Terra • Vertigo Café 114
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