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FILM NOIR - A REVISTA DO CINECLUBE

CARNAVAL

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MARÇO DE 2013

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A REVITALIZAÇÃO DO CARNAVAL CACHOEIRENSE Há anos não tenho por hábito sair de Cachoeiro nos feriados de Carnaval. São aproximadamente 12 anos curtindo neste período, manhãs ensolaradas e longas caminhadas por ruas e pontes. Pedestres sem pressa, trânsito sem a intensidade cotidiana e ausência de nefastos sons em decibéis surrealistas, compoem a paisagem. Bares e botecos sem os chatos de plantão. Cerveja geladíssima na mesa e o habitual mau humor de seus proprietários amenizados pelo espírito carnavalesco. Que dádiva. Nas tardes sempre tórridas, o precioso cochilo é fundamental. Arriscar-se às ruas é correr o risco de virar personagem do filme “Vivendo no Inferno”. As noites o movimento do carnaval era uma pequena opção ante a TV. Durante algum tempo a sensação não era de alegria absoluta. Faltava gente. O popular. E aí afloram as lembranças dos carnavais do passado. Nos anos de 2006 a 2008 fiz parte da equipe responsável pela realização do carnaval de Cachoeiro. O evento neste período deixou de ser opção e passou a ser obrigação. Esta equipe, com muito esforço e sem falsa modéstia, realizou bons carnavais. A bola voltou a rolar para o povo. O melhor entretanto, foi vivenciado nos últimos três anos com a revitalização do carnaval cachoeirense. A zelosa maturidade no processo de continuidade aos bons projetos e a capacitação e reorganização da equipe técnica, investimentos e ações objetivas no aprimoramento dos participantes e agregados, aplicados pela administração municipal, transformaram nosso carnaval, novamente, em belíssimo espetáculo. Manhãs ensolaradas, tardes tórridas. Noites festivas, o bom carnaval voltou. Praia ? Só a partir da Quarta de Cinzas.

O Carnaval Cachoeirense já foi o mais importante do sul do estado até ser desbancado nos anos 60 pelo fabuloso carnaval do Yate Club de Marataízes, que praticamente absorveu a folia dos conterrâneos. Na época dos folguedos a cidade inteira dirigiase para a praia e sucumbia a loucura que era o caldeirão do Yate clube. A Orquestra de Zé Nogueira, os concursos de fantasias e até as brigas monumentais fazem parte da história de todos que viveram, entre as décadas de 60 a 90 toda aquela efervescência. Pois bem, com o encerramento do Yate o carnaval maratimba tornou-se um festival de forrós e sertanejos universitários, quando os palanques não são tomados pelos cultos religiosos, muito incentivados por seus prefeitos evangélicos. Esta foi a oportunidade das administrações cachoeirenses dos últimos anos retomarem os festejos e promoverem um carnaval a altura do povo que não tem mais ânimo para sair da cidade nessa época. O concurso de marchinhas, que começou o ano passado consolida-se como uma feliz tradição que se renova e o cachoeirense está tendo oportunidade de divertir-se na Linha Vermelha, no Mercado Municipal e nas ruas da cidade, de forma sadia e econômica. Parabéns aos organizadores pela vitória neste retorno triunfal.

por BETO SOUZA

Vivinho da Flauta está em todas, foi um dos baluartes da Orquestra do Zé Nogueira no Yate, e hoje disputa o festival de Marchinhas no Mercado

Nas fotos acima dois flagrantes dos carnavais cachoeirenses: na década de 50, nos CCC e atualmente com os desfiles das escolas de samba e blocos, tradição recuperada pelas administrações mais recentes. Reparem na discrição dos foliões antigos que como fantasia envergavam no máximo uma calça branca, um boné e um sapato bicolor. Bermudas, bikinis, fantasias estilosas, nem pensar. A diretoria dos CCC era de um rigor a toda prova, com João Rubim na portaria e Xicão Madureira e Dodote Gonçalves nos bastidores.


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