Pablo Neruda tradução Gilmar da Silva Paiva

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EDITORA CHRONOS

PABLO NERUDA

Vinte poemas de amor e uma canção desesperada


Vinte Poemas de Amor e uma canção desesperada


PABLO NERUDA – VINTE POEMAS DE AMOR... Direção Prof.Me.Gilmar Paiva

Tradução de Prof.Me.Gilmar Paiva

Revisão de Prof.Me.Gilmar Paiva

Capa de Prof.Me.Gilmar Paiva

Copyright MCN :: CV0EG-R5899-TCXGJ Direitos Reservados a EDITORA CHRONOS Rua:Vicente Onillis. 69 – tel:31-9450-9215 Bairro:Vila Regina – CEP: 35970-000 Barão de Cocais – MG – Brasil E-mail:editorachronos@gmail.com BARÃO DE COCAIS – MG – BRASIL


PROF.ME.GILMAR PAIVA Membro: Instituto de Desenvolvimento em Políticas Linguísticas,Observatório da Língua Galega,Associación de Divulgación Linguistica del Estremenho,Centro de Estudos Filológicos Fluminense,Comunity Lakota Language,Zoziedá pal Ehtudio ´el Andalú,Societatis Linguisticae Europaeae.

PABLO NERUDA

VINTE POEMAS DE AMOR E UMA CANÇÃO DESESPERADA

1° EDIÇÃO

EDITORA CHRONOS MINAS GERAIS - 2013


Prefacio

Sob o pseudônimo de Pablo Neruda ao qual é conhecido em todo mundo o poeta chileno Neftalí Ricardo Reyes nascido em 12 de junho de 1904 de estilo romântico que este livro descreve seu relacionamento que hora varia entre sensualidade hora uma demasiada beleza e exibe em grande estilo com seus versos livres e sua aguçada e impressionante habilidade em descrever o ambiente e a versatilidade e clareza com que exprime seus sentimentos e emoções em relação a sua amada, também é autor autor de outros livros escritos em sua língua materna o espanhol alguns deles são,Residência em la Selva,Canto General,Odes Elementares,Canción de la Fiesta,Crepusculario,Esse poeta foi Diplomata,Embaixador e Prêmio Nobel de Literatura por sua grande popularidade foi feito um filme de ficção sobre sua vida no exílio, chamado Il Postillo i il Poeta no Brasil traduzido como o Carteiro e o Poeta em suas relações diplomáticas esteve em vários paises,morreu 23 de setembro de 1971.

Prefacio do Tradutor


Poema I

Corpo de mulher, colinas brancas, musgos brancos. Parece-te o mundo em sua atitude de entrega. Meu corpo de lôbrego selvagem te socava e fazia soltar o filho do fundo da terra. Fui só como um túnel. De mim ruíam os pássaros. e em mim entrava a noite com sua invasão poderosa. Para sobreviver te forcei como uma arma, Como uma flecha em meu arco, como uma pedra em minha onda. Mais chega a hora da vingança, e te amo. Corpo de pele, de musgo, de leite, ávida e firme. h os vasos do peito! Ah os olhos da ausência! Ah as rosas do púbis! Ah tua voz lenta e triste! Corpo de minha mulher persistirá em tua graça. Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso! Observas causas onde a sede a sede eterna segue e a fatiga segue,e a dor infinita.


Poema II

Em sua chama mortal a luz te envolve. Absorta, pálida, doente, assim situada. Contra as velhas hélices do crepúsculo. Que em torno de ti dá voltas. Muda minha vida, Só no solitário dessa hora de mortes. È cheia das vidas de fogo. Pode herdar do dia destruído. Do sol cai um raio em seu vestido escuro. Das noites de grandes raízes. Crescem de súbito desde sua alma, e ao exterior regressam as coisas em ti ocultas. De modo que o povo pálido e azul. de ti recém nascido se lamenta.


Oh grandiosa e fecunda a magnética escrava. Círculo que em negro e dourado sucede: erguida:trata e logra uma criação tão viva. Que sucumbem suas flores, e é cheia de tristeza.


Poema III

Ah vastidão de pinheiros, rumor de ondas quebrando-se, Lento jogo de luzes, companheira solitária, crepúsculo caindo em teus olhos,boneca, búzio terrestre em ti canta! Em ti os rios cantam-se e minha alma neles rui. Como tu o deseje e fazia onde tu queres. Marcar meu carinho em teu arco de esperança e soltarei em delírio minha tolhida de flechas. Em torno de ti estão vendo tua cintura de nevoa. e teu silêncio acusa teus braços de pedra transparente. Onde meus beijos ancoram e minha úmida ânsia aninha. Ah tua voz misteriosa que o amor tem e dobra no entardecer ressoante e morrendo! Assim em horas profundas sobre o campo hei visto. Dobram-se as espigas na boca de vento.


Poema IV

È a manhã cheia de tempestade no coração do verão. Como lenços de adeus viajaram as nuvens, o vento as sacode com suas viajantes mãos. Inumerável coração de vento. Latindo sobre nosso silêncio enamorado. Zumbido entre as arvores, orquestral e divino, Como uma língua cheia de guerras e de cantos. Vento que leva um rápido arroubo as folhas. E desvia as flechas latentes dos pássaros. È substância sem peso, e fogos inclinando. Rompe-se e se submerge seu volume de beijos. Combatido na porta do vento de verão


Poemas V

Para que tu me ouças. Minhas palavras. Se emagrecem às vezes. Como os vestígios das gaivotas nas praias. Colar, cascavel ébria. Para tuas mãos como as uvas. E as vejo longe de minhas palavras. Mas que são tuas. Vão trepando em minha velha dor como as hidras. Elas trepam assim pelas paredes úmidas. Es tu a culpável do jogo sangrento. Elas estão ruindo de minha residência escura. Tudo se enche de ti tudo se enche. Antes de ti povoaram a solidão que ocupas, e estão acostumadas mais que ti a minha tristeza. Agora quero que digam o que quero dizer-te. Para que tu as ouças como quero que me ouças. O vento mesmo das angustias a ela faz arrastar. Às vezes furacões de sonhos te derrubam.


Escutas outras vezes minha voz dolorida. Pranto de velhas bocas, sangues de velhas suplicas. Ama-me companheira. Não me abandones, siga-me. Siga-me, companheira, nessa hora de angústia. Mas se vão tendo com seu amor minhas palavras. Tudo se ocupa tu, tudo ocupas. Vou fazendo de todo um colar infinito. Para tuas brancas mãos, suaves como às luvas.


Poemas VI

Recordo-te como eras no último outono. Eras a boina cinza e o coração em calma. Em teus olhos lutavam as chamas do crepúsculo. E as folhas caiam na água de tua alma. Apegada em meus braços como uma enredeadeira. As folhas recorriam tua voz lenta e em calma. Fogueira de estupor onde minha sede ardia. Doce jacinto azul torcido sobre minha alma. Sinto viajar teus olhos e é distante o outono: Boina cinza, voz de pássaro e coração de casa. Fazia-se onde emigravam meus profundos desejos e calam meus beijos alegres como brasas.


Céu desde um navio. Campo desde os cerros. Tua lembrança é de luz, de fumo, de estanque em calma! Mais distante de teus olhos ardiam os crepúsculos. Folhas secas de outono giravam em minha alma.


Poema VII

Inclinado nas tardes tiro minhas tristes redes teus olhos oceânicos. Ali se estira e arde na mais alta fogueira. Minha saudade que da voltas nos braços como um náufrago. Faço sinais roxos sobre teus olhos ausentes. Que oleiam como o mar a margem de um faro. Somente guarda treva, distante e minha. De teu olhar emerge às vezes a costa do espanto. Inclinando nas tardes faço minhas tristes rendas e seu mar sacode teus olhos oceânicas. Os pássaros noturnos picotam suas primeiras estrelas. Que centelham como minha alma quando te amo. Galopa a noite em sua égua sombria. Esparramando espigas azuis sobre o campo.


Poema VIII

Abelha branca zumbe – ébria de mel em minha alma. E tu torces em lentas espirais de fumo. Sou o desesperado, a palavra sem ecos, o que perdeu tudo,e o que tudo teve. Ultima amarra, cruza em ti minha ansiedade última. Em minha terra deserta és tu ultima rosa. Ah silenciosa! Cerra teus olhos profundos. Ali alenta a noite. Ah desnuda teu corpo de estátua tenebrosa. Tens olhos profundos onde a noite alenta. Frescos braços de flor e regaço de rosa. Se parecem seus seios a os caracóis brancos. Veio dormir em teu ventre uma mariposa de sombra. Ah silenciosa. È aqui a saudade de onde está ausente.


Chave: O vento do mar caรงa errantes gaivotas. A รกgua onde ando descalรงo pelas ruas molhadas. Daquelas รกrvores se queixam, com enfermos, as flores. Abelha branca, ausente, zumbe em minha alma. Revives no tempo, delgada e silenciosa. Ah silenciosa!


Poema IX

Ébrio de trementina,e largos beijos. estival,os veleiros das roxas dirijo, torcido fazia a morte do delgado dia, cimentando no sólido frenesi marino. Pálido e amarrado a minha água devorante. cruzo no selvagem odor do clima descoberto. mesmo vestido de cinza e sons amargos, e uma cimeira triste de abandonas espuma. Vou,duro de paixões,montando em mim a onda única. Luar,solar, ardente e frio,repentino, Dormindo na garganta das afortunadas Ilhas brancas e doces como cadeiras frescas. Havia na noite úmida me vestido de beijos Loucamente carregado de elétricas gestões, De modo heroico dividido em sonhos e embriagadoras rosas praticando-se em mim. Águas acima, em meio as ondas externas.


teu corpo paralelo se sujeita em meus braรงos Como um peixe infinitamente pego em minha alma. Rรกpido e lento na energia subceleste.


Poema X

Perdemos mesmo este crepúsculo Ninguém nos viu esta tarde como as mãos unidas. Também a noite azul caia sobre o mundo. Vi da minha janela a festa do poete nos longínquos cerros. As vezes como uma moeda. Incendeia-se um pedaço de sol entre minhas mãos. Eu te recordava com a alma apertada dessa tristeza que tu me conheces. Então,onde estavas? Entre que gentes? Dizendo que palavras? Por que me vedara todo o amor de golpe quando me sinto triste,e te sinto longe? Caiu o livro que sempre se toma no crepúsculo, e como um cão ferido rodo meus pés minha capa. Sempre, sempre se distancia as tardes. Faria onde o crepúsculo corre borrando estatuas.


Poemas XI

Quase fora do céu ancora entre as montanhas a metade da lua. Girante errante noite, a cavadora de olhos. A ver quantas estrelas espalhadas nos açude. Faz uma cruz de luto entre minhas sobrancelhas, ui! Fraga de metais azuis, noites das lutas caladas. Meu coração da voltas como um volante louco. Pequena chega de tão longe, traída de tão longe as vezes fulgurada seu olhar debaixo do céu. Queixume, tempestade, remoendo de fúria, Cruza em cima de meu coração, sem deter-te. Vento de sepulcros conduz, destroça, desperta tua raiz sonolenta. Desraiga as grandes árvores ao outro lado dela. Mais tu, clara e pequena, pergunta do fumo, espiga. Era a que a formando o vento com folhas iluminadas.


De traz das montanhas noturnas, branco lírio de incêndio, Lá nada pode dizer! Era feita de todas as coisas. Ansiedade que parte meu peito a facadas, é hora de seguir outro caminho,onde ela não sorria. Tempestade que enterrou as igrejas, turvo, revelo tormentas para que toca-la agora,para que entristecê-la. Vai seguir o caminho que tudo se distancia, onde não está atrapalhando a angustia,a morte,o inverno, com seus olhos abertos entre o orvalho.


Poema XII

Para meu coração basta teu peito, para tua liberdade basta minhas asas. Da minha boca chegará ao céu o que estava dormindo sobre tua alma. Es em ti a ilusão de cada dia. Chega como o orvalho nas corolas. Socavas o horizonte com tua ausência. Eternamente em fuga como a onda. Disse que cantavas ao vento como os pinheiros como os mastros. Como eles és alta e taciturna. E entristeces de pronto com a virgem. Acolhedora como um velho carinho. te povoam ecos e vozes nostálgicas.


Eu desrespeitei e as vozes emigram e arrulham pรกssaros que dormiam em tua alma.


Poema XIII

Fui marcando com cruzes de fogo o atlas branco de teu corpo. Minha boca era uma aranha escondendo-se. Em ti, atrás de ti, temerosa, sedenta. Historias que contastes as margens do crepúsculo boneca triste e doce,para que não estivera triste, um cisne,uma arvore ao longe e alegre. O tempo das uvas, o tempo maduro e frutífero. Eu que vivi em porto onde ti amara. A solidão cruzada de sonho e silêncio. Encurralada entre mar e tristeza. Calada, delirante, entre os gondoleiros imóveis. Entre os lábios e voz, logo se vai morrendo. Algo com asas de pássaro, algo de angustia e de ouvido. Assim como as redes não retém a água. Minha boneca,apenas caem gotas tremendo. Sem problema, algo canta entre essas palavras de alegria. Cantar, arder, ruir, como um campanário nas mãos de um louco triste. ternura minha,o que te faz de repente ? Quando há chegado ao vértice mais atrevido e frio.


meu coração se cerra como uma flor noturna.


Poema XIV

Joga todos os dias com as luzes do universo. Sutil visitadora, chegas na flor e na água. Es mais que esta branca cabecinha que aperto. Como uma benção entre minhas mãos a cada dia. A ninguém te pareces, pois eu te amo. Deixa-me tender-te entre grinaldas amarelas. Quem escreve teu nome com letras de fumo entre as estrelas do sul? Ah deixa-me recordar-te como então quando o mesmo existias. De repente o vento sopra e galopa minha janela cerrada. O céu e uma rede quarada de peixes sombrios. Aqui vêem dar todos os ventos, todos. Se deveste a chuva. Passam ruindo os pássaros. O vento. O vento. Eu só posso lutar contra a força dos homens. O temporal remoinha folhas escuras e solta todas as barcas que a noite amarram ao céu. Tu estas aqui, Ah tu não rui. Tu me responderás até o ultimo grito.


Estava a meu lado como se tivera medo. Sem problemas alguma vez correu uma sombra estranha por teus olhos. Agora, agora também, pequena, me traz madressilvas, e tem até os seios perfumados. Também o vento triste galope mantendo mariposas. Eu te amo, e minha alegria morde tua boca de ameixa. Quando te haverá doido acostume a mim, e a minha alma só e selvagem,a nome que todos comentam. Temos visto arder tantas vezes o luzeiro abaixando-nos os olhos e sobre nossas cabeça distorcer-se os crepúsculos em ébanos girantes. Minhas palavras choveram sobre ti acariciando-te. Amei faz tempo teu corpo de nácar ensolarado Até acredito-te dona do universo Te trarei das montanhas flores alegres e copihues, avelãs escuras,e cesta silvestres de beijos. Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas.


Poema XV

Eu gosto quando te calas porque estais como ausente, e me ouves de longe,e minha voz não te toca. Parece que os olhos se houvessem voado e parece que um beijo te cerrara a boca. Como todas as coisas, cheias da minha alma. e te pareces a palavra melancolia; Gosto quando te calas e estas como distante. E estas como queixando-se, mariposa em arrulho. E me ouve de longe e minha voz não te alcança: Deixa que me cale com teu silencio. Claro como uma lâmpada, simples como um anel. Es como a noite, calada e constelada. Teu silêncio e de estrela, tão distante e sensível. Gosto quando te cala porque estais como ausente. Distante e dolorosa como se houvesse morrido. Uma palavra então, um sorriso basta. E estou alegre, alegre de que não seja certo.


Poema XVI

( Paráfrasis á R.Tigore)

Em meu céu o crepúsculo é como uma nuvem e tua cor e forma são como eu os quero. Es minha, és minha, mulher de lábios doces e vivem em sua vida meus infinitos sonhos. A lâmpada de minha alma te ruboriza os pés, oh segadora de minha canção ao entardecer, Como te sentem minha meus sonhos solitários! Es minha, és minha, vou gritando na brisa da tarde,e o vento arrasta minha voz viúva. Caçadora do fundo dos meus olhos, teu roubo estanca como água teu olhar é noturno em minhas redes estas presas,meu amor,e minhas redes de música são largas como o céu. Minha alma nasce as margens dos teus olhos de luto. Em teus olhos de luto começa o pais dos sonhos.


Poema XVII

Pensando, encerrando sombras na profunda solidão. Tu também estas distante, ah mais distante que nada. Pensando, soltando pássaros, desvanecendo imagens, encenando lâmpadas. Campanário de brumas, distante, lá em cima! Arrogando lamento, moendo esperanças sombrias, moleiro taciturno, se te vem de bruços a noite,distante da cidade. Tua presença é estranha a mim como uma coisa. Penso caminho largamente, minha vida ante a ti. Minha vida antes de ninguém, as pedras, correndo livre,louco,no vapor do mar. Desbocado, violento, estirando até o céu. Tu,mulher,que eras,lameia,reluz em árvores,triste,interminável minha alma. Pensando, enterrando lâmpadas na profunda solidão. Quem és tu, quem és?


Poemas XVIII

Aqui te amo. Nos escuros pinheiros se desenreda o vendo. Fosforesce a lua sobre as água errantes. A nevoa se define em figuras dançantes. Uma gaivota de prata se descola do acaso. As vezes uma vela.Atlas,altas estrelas. Ou a cruz negra de um barco. Só. As vezes amanheço ,e até minha alma está úmida. Sonha, sonha novamente o mar distante. Este é um porto. Aqui te amo. Aqui te amo e em vão te oculto o horizonte. Estou te amando mesmo entre essas frias coisas. As vezes vão meus beijos nesses barcos gravos, que correm pelo mar fazia onde não chegam, Já me vejo escutado como estas velhas âncoras. São mais tristes os delicados quando atraca a tarde. Se minha vida se fatiga inutilmente faminta. Amo o que não tenho. Estas tu tão distante.


Meu fastio forceja com os lentos crepúsculos. Mais a noite chega e chega e começa a cantar-me. A lua faz girar sua roda de sonho. Olhar-me com teus olhos as estrelas maiores. E como eu te amo, os pinheiros os ventos, querem cantar teu nome com suas folhas de arame.


Poemas XIV

Pequena morena e รกgil, o sol que faz as frutas, o que qualha os trigos,o que torce as algas, fiz teu corpo alegre,seus luminosos olhos. E tua boca tem o sorriso da รกgua. Um sol negro e ansioso se te enrola nas ervas. Da negra melena, quando estira os braรงos. tu jogas com o sol como uma esteira e ela te deixa nos olhos os escuros remansos. Pequena morena e รกgil, nada de ti me acerca, tudo de ti me aleja,como da melodia, a embriagues da onda, a voz solta e delgada. Mariposa morena doce e definitiva, como o trigal e o sol,a amapola e a รกgua.


Poema XX

Posso escrever os versos mais tristes essa noite. Escrever por exemplo: “A noite está estreada e tiritam, azuis, os astros, ao longe”. O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes essa noite. Eu a quis às vezes e ela também me quis. Nas noites como essa a tive entre meus braços. A beijei tantas vezes abaixo do céu infinito. Eu a quis às vezes ela também me queria. Como não haver amado os versos mais tristes essa noite. Pensar que não a tenho. Senti que a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela, e o verso cai a alma como o pasto o orvalho.


Que importa meu amor não pode guardá-la. À noite esta estrelada e ela, noto esta comigo. A mesma noite que faz branquear as mesmas arvores. Nós os de então não somos os mesmo. Já não quero, é certo, mais quanto a quis. Minha voz buscava o vento para tocar seu ouvido. De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos. Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos. Já não quero, é certo, mas talvez a queira. È tão curto o amor, e é tão vasto o ouvido. Por que em noite como essa a tive em meus braços, minha alma não se contenta em tê-la perdido. Mesmo que esta seja a ultima dor que ela me cause, e estes sejam os últimos versos que eu a escreva.


A canção desesperada

Emerge tua lembrança na noite em que estou. O rio inunda ao mar seu lamento obstinado. Abandonado com ele os moles na Alba. È hora de partir, oh abandonado! Sobre meu coração chovem frias corolas. Oh sentina de escombros, feroz cova de náufragos! De ti alçaram asas os pássaros do canto. Tudo lhe tragou, como a distância. Como o mar, como o tempo, tudo em ti foi naufrágio! Era alegre hora do assalto e o beijo. A hora do estupor que ardia como um farol. Ansiedade de piloto, fúria de mergulhador cego, turva embriaguez de amor,tudo em ti foi naufrágio. Na infância de nevoa minha alma alada e ferida. Descobridor perdido, a tristeza, tudo em ti foi naufrágio! Ajustaste a dor agarrada ao desejo. Tombou-te a tristeza, tudo em ti foi naufrágio!


Fez retroceder a muralha de sombra. andor do desejo e do ato. Oh carne,minha carne,mulher que amei e perdi. em ti nessa hora úmida,evoco e faço canto. Como um vaso albergou infinita ternura, e o infinito ouvido te traçou como um caso. Era negra, negra saudade de ilhas, e ali,mulher de amor,me acolheram seus braços. Era sede e fome, e tu foste a fruta. Era o duelo é a ruína, e tu foste o milagre. Ah, mulher, não sei como pude conter-me na terra da tua,e na cruz de teus braços! Meu desejo de foi o mais terrível e curto, e o mais revolto e ébrio,o mais tirante e ávido. Cemitério de beijos existem fogos de tuas tumbas, mesmo os cachos ardem picotados de pássaros. Oh a boca mordida, oh os beijados membro. Oh os famintos dentes, oh os corpos entrelaçados. Oh a cópula louca de esperança e esforço. em que nos desnudamos e nos desesperamos. E á ternura, leve como a água e a farinha. E a palavra apenas começava nos lábios. Esse foi meu destino e nele viajou meu deserto. Esse foi meu destino e nele viajou meu desejo,


e nele caiu meu desejo,tudo em ti foi naufrágio! Oh sentina de escombros, em ti tudo caia, que dor não exprimiste,que ondas não te afogaram. De queda em queda lamente e canta-te de pé como um marino na proa de um barco. Floresceste mesmo nos cantos, rompeste em correntes. Oh sentina de escombros, poço aberto e amargo. Pálido mergulhador cego,desventurado e ondeio. descobridor perdido,tudo em ti foi naufrágio! È a hora de partir,a dura fria hora que a noite sujeita todo o horário. O cinturão ruidoso do mar cinge toda a costa. Surgem frias estrelas,emigram negros pássaros. Abandonado como os moles na alba. Somente a sombra tremula se retorce em minhas mãos. Ah além de tudo. Ah além de tudo. E a hora de partir,Oh abandonado.

Fim.


Pablo Neruda Se nadie nos Salva de La muerte ,aL menos que el amor nos salve de la vida.

Editora Chronos




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