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DADOS: OS MAIS FORTES E ATUAIS ALIADOS DA PECUÁRIA LEITEIRA ROTINA DE ORDENHA DEVE SER ORGANIZADA E COM RESPEITO
GESTÃO
Carlos Augusto de Assis Lima, Engenheiro de Sistemas e Computação pela UERJ, Mestre em Tratamento da Informação pelo IME-RJ, Sócio fundador da Rerum Engenharia de Sistemas, titular do Sitio Córrego do Prata, e criador das raças Jersey, Holandês e Girolando. Deisiane Soares Murta Nobre, Médica Veterinária pela USP, com especialização em Clínica de Bovinos e mestrado em Clínica Veterinária pela USP, Analista de Dados do SobControle Fazenda, Discente de MBA em Ciência de Dados pela ESALQ, e tesoureira da Associação Paulista de Buiatria.
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A pecuária 4.0 é para todos?
A pecuária 4.0 trará grandes benefícios ao setor
O produtor de leite está sempre à procura de formas mais eficientes de trabalho, pois economia de tempo e gestão adequada dos recursos significam economia de dinheiro. Em busca de soluções inovadoras aplicadas à criação de bovinos, é comum os produtores se depararam com a expressão “Pecuária 4.0”. Mas, afinal, o que ela significa? É possível aplicá-la em qualquer propriedade leiteira?
Pecuária 4.0 seria o equivalente, dentro da criação animal, da chamada Indústria 4.0. Esta, por sua vez, é o modelo produtivo que estamos passando na atualidade. Isso significa que já existiram a indústria 1.0, 2.0 e 3.0, sendo que o início de cada um desses momentos esteve relacionado à aplicação de novas tecnologias, como o uso de máquinas a vapor, energia elétrica e informática. A indústria 4.0, por sua vez, é caracterizada pela era dos dados e uso de tecnologias consideradas “disruptivas”, como a inteligência artificial e a automação, por exemplo.
A aplicação de tecnologias na pecuária também foi acompanhando, sempre que possível, as alterações observadas na indústria; afinal, as ferramentas se tornam mais acessíveis e necessárias para acompanhar a demanda produtiva.
Assim, surgiu a Pecuária 4.0, que apresenta diversas características: - uso de internet das coisas: esse termo é utilizado quando há integração das fases de trabalho com a internet, permitindo a integração e controle, inclusive à distância; - uso de inteligência artificial: uso de algoritmos, isto é, cálculos de acordo com as informações da produção; - automação: uso de mecanismos automatizados, como robôs.
Em um primeiro momento pode parecer, ao produtor de leite tradicional, que essas tecnologias não estão dentro de sua realidade. Pode existir o questionamento sobre se determinadas tecnologias são aplicáveis a sua produção, tanto em termos de investimento quanto os ganhos que podem trazer. Porém, é preciso destacar que a aplicação de novas tecnologias não tem o intuito de gerar um status ao produtor, para ser considerado “moderno” e “atualizado”. O grande objetivo é fazer com que a fazenda, assim como ocorre com a indústria, se torne mais eficiente, com aumento da produtividade, padronização dos processos, diminuição do desperdício e gerenciamento de informações para geração do conhecimento dos padrões da propriedade.
Além disso, quando se fala sobre tecnologias disruptivas em uma fazenda, muitas vezes vem à mente ferramentas que requerem alto investimento, como ordenhas robotizadas e drones. Entretanto, nas fazendas leiteiras, a pecuária 4.0 pode ser implementada de várias formas, que muitas vezes cabem no bolso do pequeno e/ou médio produtor. Alguns exemplos são: - uso de sistema de gerenciamento de dados da fazenda; - dispositivos eletrônicos de identificação; - software de balanceamento individual de dieta; - mecanismos automatizados.
Um sistema de gerenciamento de dados da fazenda é uma forma de garantir o controle da produção mesmo à distância. Além disso, é possível controlar a produção de leite e os protocolos reprodutivos e detectar se os animais estão produzindo dentro do esperado. Assim, o produtor toma decisões baseadas em
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Uma das novidades são os identificadores de monitoramento com LED
informações concretas, geradas pelo sistema, com a finalidade de atingir metas específicas para aquela fazenda. Trata-se de uma ferramenta de menor custo, visto que a estrutura é custeada pela empresa fornecedora do serviço, e já muito utilizada em propriedades leiteiras.
Os dispositivos eletrônicos de identificação também possuem boa aplicabilidade atualmente. Coleiras eletrônicas, brincos eletrônicos ou com código de barras e bolus ruminais e transponders injetáveis são dispositivos que já utilizados em diversas propriedades. O bolus intra-ruminal consiste em um dispositivo eletrônico que é alocado dentro do rúmen do animal. As principais vantagens são a identificação livre de fraudes, impedindo a re-identificação do animal, e a manutenção do bem-estar animal. Além disso, o transponder pode ser reaproveitado após o descarte do animal. O transponder injetável, por sua vez, possui mecanismo de funcionamento semelhante ao do bolus ruminal, porém aplicado no subcutâneo do animal.
Em relação ao brinco com código de barras, o investimento inicial é baixo, pois os brincos são fabricados em material plástico semelhante ao dos brincos de identificação tradicionais. Nesse caso, o investimento maior é o leitor de código de barras, o qual possui vida útil tal que compensa o investimento.
Em um sistema digital de balanceamento de dietas, há individualização das dietas a serem fornecidas aos animais, sendo respeitadas as particularidades da categoria e do próprio animal. É necessário utilizar, nesse caso, sensores nos animais.
A automação, por sua vez, pode ser inserida na fazenda com a construção de cochos com abertura autorizada pela detecção do sensor (transponder) localizado no animal, geralmente localizado em uma coleira eletrônica.
Outra forma de utilizar essas tecnologias inovadoras é a automação das colheitas, isto é, o uso de maquinário agrícola que inicia e realiza automaticamente o processo, o que compõe, também, a chamada Agricultura 4.0.
Entre os exemplos citados, a utilização de um software de gerenciamento da propriedade leiteira é o melhor começo para o pequeno produtor, por ser uma ferramenta economicamente viável, ao mesmo tempo em que é indispensável para o médio e grande pecuarista. A pecuária 4.0 é a criação de animais baseada em dados, e a coleta e gerenciamento precisa ser realizada por um software especializado. Assim, independente do grau de tecnificação da fazenda, ela sempre será beneficiada por esse tipo de sistema.
Então, voltando à pergunta: A Pecuária 4.0 é para todos? A resposta é: SIM! É para todos! O que precisa ser avaliado é o investimento que pode ser realizado na realidade de uma determinada fazenda para escolher o melhor recurso em termos de custo-benefício. As boas práticas no uso dessas ferramentas fazem com que o produtor economize tempo e tenha processos mais eficientes.
Assim, o uso dessas tecnologias torna a produção mais eficiente e padronizada, melhorando a gestão e obtendo bom retorno sobre o investimento realizado.
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O agro 4.0 engloba tecnologias que otimizam a gestão das propriedades