Gabarito completo avaliação 3º tri 2ºem setembro 2013

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Nome: nº

GABARITO COMPLETO

Professor: Gizele Caparroz de Almeida Avaliação Parte A: Português

Ano:2º EM Trimestre: 3º

Nota:

Data: 24/09/13 / 10,0

Orientações Gerais   

A duração de cada parte da avaliação é de 50 minutos. Não haverá tempo suplementar. O tempo mínimo para a realização da avaliação é de 30 minutos. Mantenha-se em silêncio. Durante a avaliação o professor não responderá a nenhuma questão. O entendimento do enunciado faz parte do processo avaliativo. Todas as questões devem ser respondidas somente a caneta azul ou preta. Deve-se obrigatoriamente respeitar o espaço deixado para resposta. Não será permitido o uso de corretivos. Quando ocorrer um erro coloque-o entre parênteses e risque apenas uma vez. Ex. O (conserto) concerto deve começar em uma hora. Revise, releia, avalie e corrija a redação deste instrumento de avaliação, de acordo com a Norma Padrão da Língua e as novas regras do acordo ortográfico. Será descontado 0,05 de cada questão com problemas de caligrafia, ortografia, acentuação e uso de registro inadequado à produção acadêmica (vocabulário informal ou inadequado ao conteúdo estudado). Será descontado até o valor total da questão com problemas de coesão textual que

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comprometam a coerência da resposta.

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Consulte sempre o relógio e gerencie bem o seu tempo. Após a entrega, permaneça na sala realizando outra atividade sem atrapalhar os demais. Não será permitida a saída da sala de aula.

Orientações específicas da disciplina: 

Apenas esta avaliação, em especial, deverá ser realizada com consulta da síntese de estudos, elaborada pelo aluno. A síntese deverá ser anexada ao final e agregará o valor de até 1,0 ponto à avaliação.

Competências e habilidades desenvolvidas nessa avaliação

Competência de área 6: H18 - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. Competência de área 7: H21 – Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos. H22– Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos. H23 - Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados. H24 - Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras. Competência de área 8: H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Objetivos específicos -

Reconhecer a estrutura do gênero do artigo de opinião. Reconhecer os recursos introdutórios e argumentativos do artigo de opinião. Reconhecer os operadores argumentativos do artigo de opinião. Reconhecer e classificar as Orações Subordinadas Substantivas no artigo de opinião. Reconhecer e classificar as Orações Subordinadas Adjetivas no artigo de opinião. 1


PARTE A – INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (6,0 pontos) 1. Anexe a esta avaliação sua síntese de estudos. (até 1,0) 2. O artigo de opinião da jornalista e editora executiva da revista Época Laura Greenhalgh , publicado no jornal “O Estado de São Paulo”, apresenta uma questão bastante polêmica e atual. Identifique no artigo: H 18, 22, 23 a) o tema principal. Justifique com trechos do texto: (0,5) O tema é o Programa Mais Médicos, que contratou médicos estrangeiros e o preconceito que os médicos cubanos sofreram ao chegar ao Brasil. b) a tese desenvolvida. Justifique com trechos do texto: (0,5) Laura defende a tese de que a sociedade brasileira é preconceituosa. Não funciona dizer que é culpa do governo, saída fácil a escamotear o pior. Trata-se de preconceito. 3. Na introdução do artigo, a) Que recurso o autor utiliza para introduzir o tema? Justifique com trecho do texto.(0,5) H 18, 21, 22 Utiliza a narrativa de um fato. Médicos estrangeiros são obrigados a cruzar um corredor polonês de manifestantes em jalecos brancos gritando slogans que julgam ser de grande elevação espiritual - "Revalida!", "volta pra casa", "escravo, escravo...". b) Com que intenção o autor utiliza este recurso? (0,5) H18, 21, 22 A narrativa de um fato que está na mídia exemplifica sua tese e valida sua argumentação. 4. No desenvolvimento do artigo: a) Cite dois recursos argumentativos utilizados pela autora no 2º parágrafo, para defender sua tese. (0,5) H 18, 21, 22, 23, 24 Traz dados estatísticos e retrospectiva histórica (“não é de hoje que ...”). Há também pergunta retórica (afinal, quantos clínicos ou cirurgiões negros você conhece?). b) A partir do 3º parágrafo, qual foi o principal recurso argumentativo utilizado pela autora? (0,5) H 18, 21, 22, 23, 24 O principal recurso argumentativo é o da comparação dos fatos atuais com fato ocorrido na década de 30. c) A partir daí, quais foram os principais argumentos utilizados no artigo? Retire trechos do texto. (0,5) H 18, 21, 22, 23, 24 - Argumenta que quem perde com o preconceito é a Saúde pública e os cidadãos: Saiu vaiada a medicina social brasileira. Como saíram vaiados profissionais que deram e dão duro para fazer com que a saúde seja um direito de todos neste país. 2


- Justiniano não possuía visão mercadológica da medicina e foi a lugares ermos do país: Justiniano Clímaco chegou em 1938 a uma Londrina sem luz elétrica para acionar o infravermelho que trouxe de Salvador. 5.

Conclusão e Título:

H 18, 21, 22, 23, 24

a) Que recurso predominou no parágrafo de conclusão do artigo: o resumo, a proposta de soluções, a retomada da tese ou a combinação de recursos? Justifique com um trecho do artigo. (0,5) Retoma a tese: Preconceito não só fere, como turva os sentidos. b)

Podemos considerar que ocorre na conclusão uma Analogia? Por quê? (0,5)

Sim, pois a articulista narra episódio de preconceito sofrido pelo Dr. Justiniano, semelhante ao sofrido pelo médico cubano, recentemente. c) Comente a importância do título do artigo para a defesa da tese. (0,5) O título “Doutor Preto” retoma o tema do preconceito na sociedade brasileira e é ambíguo, pois se refere a dois “Doutores Pretos”, o médico cubano atual e o Dr. Justiniano, neto de escravos que se tornou médico, na década de 30. PARTE B – VALE A PENA VER DE NOVO (1,0 ponto) 1) O cartum é um gênero textual capaz de apresentar de forma sintética e bemhumorada problemas sociais.

a) No cartum acima, considerando as várias linguagens utilizadas (verbal, não verbal e elementos extralinguísticos), que relação podemos estabelecer entre a charge e o artigo de opinião Doutor Preto? (0,25) H18,21, 22 Tanto a charge quanto o artigo de opinião se referem ao mesmo episódio da chegada dos médicos cubanos no aeroporto e compartilham da mesma tese: o preconceito é uma doença social.

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b) A fala do laboratorista apresenta uma oração subordinada adjetiva. Transcreva-a. (0,25) H 27 “que estava incubado”. c) Que palavra da oração principal é caracterizada pela oração adjetiva? (0,25) H 27 “Vírus”. d) Neto de escravos, Doutor Preto teria algo a dizer aos médicos brasileiros que hoje vaiam médicos cubanos. Sublinhe a oração adjetiva presente nesta frase do artigo de opinião. Em seguida, informe a que expressão ela se refere. (0,25) H 27 A oração a ser sublinhada é “que hoje vaiam médicos cubanos” e se refere a “médicos brasileiros”. PARTE C – GRAMÁTICA APLICADA (3,0 pontos)

1. No artigo de opinião analisado neste instrumento de avaliação, percebe-se a grande presença de períodos compostos por subordinação. Nos períodos abaixo, retirados do artigo Doutor Preto, divida as orações, com a ajuda de colchetes,

numere-as

e

sublinhe as orações substantivas: H 27 a) Não funciona dizer que é culpa do governo (...) (0,25) Or.1 Or.2 Or.3 c) (...) vale indagar se os atores do protesto terão vaiado apenas os profissionais de Or.1 Or.2 fora (...) (0,25) c) Queria ser como ele. (0,25) Or.1

Or.2

d) As orações

subordinadas

substantivas

sublinhadas

por

você

devem

apresentar a mesma classificação. Qual é esta classificação? (0,25) Temos quatro (4) orações subordinadas substantivas objetivas diretas. e) Um dos períodos acima apresenta uma oração substantiva reduzida de infinitivo. Reescreva

o

período

completo

transformando

a

oração

reduzida

em

oração

desenvolvida. (0,25) Dois períodos apresentam orações reduzidas de infinitivo, reescritos abaixo: 1. Não funciona que digam que é culpa do governo(...) 2. Queria que fosse como ele.

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2. Nos períodos abaixo, as orações subordinadas substantivas também apresentam a mesma classificação. Divida as orações, com a ajuda de colchetes, numere-as e sublinhe as substantivas: H 27 a) (...) não é de hoje /que a medicina no Brasil se fez uma profissão tão branca Or.1

Or.2

quanto a roupa de seus profissionais (...) – adaptada (0,25) b) Não é de hoje que este país sofre da má distribuição de seus médicos (...) (0,25) Or.1

Or.2

b) Como não é de hoje que predomina em nossas vidas a visão mercadológica da Or.1

Or.2

medicina (...) – adaptada (0,25) d) A qual classificação sintática pertencem as três (3) orações substantivas anteriores? (0,25) As 3 orações são subordinadas substantivas subjetivas. 3.

A jornalista Laura se valeu de vários recursos linguísticos em sua argumentação,

dentre eles o uso de figuras de linguagem.

Nomeie as figuras de linguagem

destacadas nos trechos abaixo: H 21, 22, 27 a) A nau dos insensatos parecia ecoar no dia seguinte, na imagem publicada de um médico cubano, negro, visivelmente constrangido pelo protesto de que era alvo, em Fortaleza. (0,25) metáfora b) Saiu vaiada a medicina social brasileira. (0,25) prosopopeia ou personificação 4. Operadores Argumentativos: Copie do artigo de opinião Doutor Preto pelo menos um (1) operador argumentativo. Informe seu valor semântico e sua função (0,25) Temporalidade: não é de hoje; Hoje pretendo ...; em 2000; até idos de 1930; no século 19, Depois virou professor ... Espacialidade: no Paraná, precisamente em Londrina Responsabilidade enunciativa, conformidade: segundo o IBGE 5


Comparação: Como não é de hoje que ... bem como em nossas expectativas de futuro, Como saíram vaiados ... Oposição: Mas, ainda que ..., apesar do avanço do tifo ... Adição: e, mais coincidência ainda... Consequência: Então virou preto, pobre e pretensioso. Causa e consequência: Tanto fez que lhe arrumaram estudos num seminário ... Condição: se tem doença, precisa de médico.

Doutor Preto 31 de agosto de 2013

Laura Greenhalgh

Espetáculo patético. Médicos estrangeiros são obrigados a cruzar um corredor polonês de manifestantes em jalecos brancos gritando slogans que julgam ser de grande elevação espiritual - "Revalida!", "volta pra casa", "escravo, escravo...". A nau dos insensatos parecia ecoar no dia seguinte, na imagem publicada de um médico cubano, negro, visivelmente constrangido pelo protesto de que era alvo, em Fortaleza. E as insanidades prosseguiram: da tuiteira que indaga como lidar com médicas parecidas a domésticas a comentaristas tratando os vaiados como "agentes cubanos". É triste, bate até um desalento. Não funciona dizer que é culpa do governo, saída fácil a escamotear o pior. Trata-se de preconceito. Sabemos não é de hoje que a medicina no Brasil se fez uma profissão tão branca quanto a roupa - apenas 1,5% deles se declaram negros, segundo o IBGE. Dado estatístico, de uma constatação empírica - afinal, quantos clínicos ou cirurgiões negros você conhece? Não é de hoje que este país sofre da má distribuição de seus médicos, o que faz com que vastidões continuem desassistidas para o atendimento básico, o que dizer então dos casos em que se requer atendimento especializado. Como não é de hoje que, embora tenhamos o SUS, predomina em nossas vidas, bem como em nossas expectativas de futuro, a visão mercadológica da medicina, no sentido de que o melhor estará sempre reservado a quem pode bancar. Mas, ainda que saibamos de tudo, vale indagar se os atores do protesto terão vaiado apenas os profissionais de fora, inscritos no programa oficial. Saiu vaiada a medicina social brasileira. Como saíram vaiados profissionais que deram e dão duro para fazer com que a saúde seja um direito de todos neste país. Hoje pretendo usar este espaço para lembrar de um deles, por coincidência negro e, mais coincidência ainda, neto de escravos. Chamava-se Justiniano Clímaco da Silva, mas a clientela o tratava como "Doutor Preto". Fez história no Paraná, precisamente em Londrina, onde trabalhou até morrer, em 2000, aos 93 anos. Destacou-se numa cidade muito pobre até idos de 1930, depois enriquecida pela cafeicultura - cidade em cujos anais consta a saga vitoriosa dos 6


colonos brancos, de origem europeia, nem tanto a força de trabalho dos negros libertos. E não foram poucos - no século 19, os escravos representavam 25% da população do Estado. Pois bem, Justiniano Clímaco nasceu preto e pobre em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em 1908. Filho de carpinteiro e criada doméstica, cismou de imitar o Dr. Bião, médico da cidade. Queria ser como ele. Então virou preto, pobre e pretensioso. Tanto fez que lhe arrumaram estudos num seminário e cama na casa de uma tia em Salvador. Daí, preto, pobre, pretensioso e persistente, não virou padre, mas bacharel em Ciências e Letras. Depois virou professor do ginásio, deu aulas de matemática e latim, o que pagaria o preparatório para a Faculdade de Medicina da Bahia. Entrou. Fez o curso. Formou-se em 1933 numa classe com 95 alunos, contabilizados aí uma única mulher e ele, o único negro. Topou com a notícia de que a Companhia de Terras Norte do Paraná, firma inglesa que loteava uma vasta área do Estado, recrutava braços para a lavoura, apesar do avanço do tifo e da febre amarela. Pensou: se tem doença, precisa de médico. É lá que eu vou. Assim começa a maior viração do Doutor Preto, 50 anos de clínica, mais de 30 mil pacientes, fundador de hospitais na região e tema de trabalho acadêmico de Maria Nilza da Silva, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A pesquisa da socióloga, da qual participou a aluna Mariana Panta, dá conta de um "escravo da medicina", usando expressão do médico cubano vaiado em Fortaleza. Justiniano Clímaco chegou em 1938 a uma Londrina sem luz elétrica para acionar o infravermelho que trouxe de Salvador. Fervia e flambava os próprios instrumentos, não tinha raio X, anestesiava os pacientes com máscaras de clorofórmio, rastreava tumores por apalpação, ouvia pulmões e corações longamente. Dizia: "Clínica geral tem que ser feita assim: sem pressa". Foi pioneiro no uso da penicilina ao tratar doenças sexualmente transmitidas, que proliferavam numa fronteira agrícola com gente de tudo quanto é lugar. Com o tempo, arrumou um Ford 28 para atender na roça e levar casos graves até Curitiba - 400 quilômetros por terra, dois dias de viagem. Cobrava de quem tinha para pagar. E aceitava uma leitoinha, ou um queijo caseiro, por serviços prestados. Da clínica que abriu inicialmente, Casa de Saúde Santa Cecília, passou a se articular com os mais influentes para criar instituições como a Santa Casa de Londrina e a Sociedade Médica de Maringá. Chegou a arrancar do presidente Dutra os tostões necessários para um hospital de tuberculosos em Apucarana, depois transferido para Londrina. Hoje ali funciona o Hospital Universitário, centro de referência médica do norte do Paraná. (...) Só um dia perdeu as estribeiras com paciente.

O sujeito marrento o interpelou no corredor do hospital, perguntando pelo Doutor Clímaco. Ouviu um naturalíssimo "sou eu". E rebateu com um insultuoso "não vem não, negão, vai logo chamar o médico". Preconceito não só fere, como turva os sentidos. Justiniano Clímaco agarrou o homem e jogou-o no rua. Sem consulta. Fez cardiologista seu único filho, adotivo, e doou tudo para a cidade, inclusive a maleta de médico. A casa onde morou até morrer foi derrubada, mas seu nome continua de pé numa unidade básica de saúde. Neto de escravos, Doutor Preto teria algo a dizer aos médicos brasileiros que hoje vaiam médicos cubanos. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,doutor-preto-,1069772,0.htm Acesso em 10/09/13 7


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