REVISTA GLOBAL 2017

Page 1

Orgulho ser de C arioca


2


3


DIVULGAÇÃO

Colunista Convidado Olhares atentos, fixos na avenida. A primeira escola de samba vai se revelar. Esses foram os minutos que antecederam ao espetáculo estonteante a que assisti no meu primeiro carnaval no Brasil. Inesquecível! Esbanjando alegria e samba no pé, as escolas contagiaram a plateia e pouco a pouco cruzaram a linha de chegada. Mas nada se compara a estar na avenida. Desfilar é realmente emocionante. Pude, naquele momento, entender a razão para as pessoas estarem sempre sorrindo, o significado da dedicação de centenas de pessoas a cada detalhe, a importância das vozes da avenida encontrarem as vozes da plateia e se tornarem mais fortes. Esse relato traduz o quanto a experiência é marcante na vida das pessoas que, logo, compartilham esses sentimentos por meio das páginas nas redes sociais. Cada comentário e imagem ganham o mundo, e o carnaval no Brasil se torna cada vez mais conhecido e admirado. A hospitalidade é uma característica do povo brasileiro, e a AccorHotels também tem esse espírito acolhedor como missão. Por essa razão, a assinatura da marca é Feel Welcome. Esse é o desejo dos mais de 15 mil colaboradores na América do Sul ao receber os hóspedes e tornar a viagem de cada um deles um momento único e uma experiência para recordar.

The crowd watches attentively, with eyes fixed on the avenue. The first samba school is about to appear. These were the minutes that preceded the stunning spectacle that I witnessed during my first Carnival in Brazil. Unforgettable! Bubbling with joy and samba dancing, the schools infected the crowd and slowly crossed the finish line.

Pensando nisso, o grupo conta com um dos maiores programas de fidelidade do setor hoteleiro no mundo: Le Club AccorHotels, que oferece benefícios que vão desde o upgrade de quarto até o resgate de pontos para camarotes em grandes shows e eventos. Entendemos que é preciso estar presente na vida dos nossos clientes antes, durante e depois da viagem. Por isso, o portal accorhotels.com tem trazido diversos conteúdos, inclusive, uma Magazine Online, com sugestões de roteiros para períodos de uma hora, um dia ou uma semana. Ideal para quem quer pular carnaval e aproveitar algumas horas para conhecer o destino, por exemplo.

But nothing can compare to being on the avenue. Taking part in the parade is a real emotional experience. At that moment, I understood why all those people were always smiling, the significance of the dedication of hundreds of people to each detail, and the importance of the voices from the avenue combining with voices from the crowd to become even stronger.

Os hóspedes querem se surpreender para ter uma grande história para contar ao retornar para sua cidade, e é isso que queremos proporcionar para eles. Bom carnaval a todos!

Patrick Mendes CEO ACCORHOTELS AMÉRICA DO SUL CEO ACCORHOTELS SOUTH AMERICA

This shows how much the experience marks the lives of the people, who, in turn, share their feelings on the pages of social networks. Each comment and image spreads around the globe, and Carnival in Brazil gains ever more notoriety and admiration. Brazilians are known for their hospitality and this welcoming spirit is at the heart of AccorHotels’ mission. This is why the group’s tagline is Feel Welcome. This is the aim of over 15,000 employees in South America when welcoming guests, who work to make each visit a unique and memorable experience. With that in mind, the group relies on one of the biggest loyalty programs in the hotel industry anywhere in the world. Le Club AccorHotels offers benefits ranging from room upgrades to points that can be redeemed for box seats at major shows and events. We believe that we have to be present in the lives of our clients before, during and after their trips. That is why the web portal accorhotels.com features different types of content, including, an online magazine, with suggestions for itineraries lasting an hour, day or week. Ideal for those who want to experience Carnival and take the time to learn more about their destination, for example. Guests want to be surprised so they will have a good story to tell when they get home. And this is what we want to give them. Have a great Carnival!

4


5


ALAN CHAVES

Carta ao Leitor Em todos os carnavais da Global Marketing & Eventos, utilizamos este espaço para saudar você, leitor, destinatário final do nosso esforço em publicar a revista que agora tem em mãos. Em geral, tecemos comentários sobre o conteúdo das matérias presentes em cada edição e desejamos um excelente carnaval, conosco, na avenida ou em qualquer lugar que o presente exemplar lhe encontre. Costumávamos dedicar também generosas linhas sobre o sonho dourado do Rio de Janeiro, assim denominado o período de eventos impactantes que a cidade receberia, época que coincidiu com a criação da Global e a expansão das nossas atividades. Desse modo, acompanhamos a visita do Sumo Pontífice, em 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude; a realização da Copa do Mundo de 2014, com a final realizada no Maracanã; a comemoração do 450º aniversário de fundação da capital fluminense, em 2015; e, por fim, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Tamanha sucessão de episódios desses quilates, num espaço tão curto de tempo, vai demorar muito a se repetir. Tivemos o privilégio de retratar a ansiedade e a reação, antes e depois dos fatos acima elencados, nas páginas desta publicação. Nossos melhores esforços foram – e ainda são – no sentido de capturar a essência do que vinha acontecendo com alguma liberdade poética, mas sem nunca abandonar a objetividade jornalística, especulando liricamente sobre o que o futuro reservaria uma vez que tudo estivesse já nos registros da história. Contamos sempre, para isso, com a dedicação de uma equipe coesa e afinada. O ano de 2017 finalmente chegou e virou a página de muitas festas, mas também de momentos difíceis vividos pela população brasileira, em geral, e pelo povo carioca, em particular. Não nos cabe aqui debater sobressaltos institucionais ou mazelas socioeconômicas. Ao mesmo tempo em que não somos alheios a isso, temos um foco que não podemos deixar de lado. Por isso, neste ano, deixamos a todos uma mensagem de paz e de prosperidade, e nos abstemos de tentar desvendar o que o futuro nos reserva. Um ciclo inteiro acaba de se fechar, enquanto outro mal se desenha no horizonte. Respiremos um pouco com essa ideia em mente, enquanto lemos sobre o legado empresarial dos Jogos; as dicas culturais e gastronômicas que compõem o melhor do circuito turístico da cidade; o trabalho heroico dos profissionais e voluntários da Associação Saúde Criança, além do guia completo dos desfiles do Grupo Especial. Essas e outras matérias você encontra aqui. A todos um ótimo carnaval e um 2017 gratificante!

Carlos Xavier | Alexis de Vaulx DIRETORES EXECUTIVOS | EXECUTIVE DIRECTORS

6

Baixe um leitor QR code em seu celular, fotografe o código e acesse a versão digital da Revista Global.


7


Expediente Global Marketing & Eventos DIRETORES EXECUTIVOS

Alexis De Vaulx alexis@globalmkteventos.com.br Carlos Xavier carlos.xavier@globalmkteventos.com.br

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Marcelo Sá marcelo.sa@globalmkteventos.com.br

DIRETOR COMERCIAL

Gabriel Lobo gabriel@globalmkteventos.com.br

DESENVOLVIMENTO DE PROJETO CULTURAL

William Evilásio william@globalmkteventos.com.br

Av. Rio Branco, 4, Grupo 1501 a 1503, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20090-000 www.globalmkteventos.com.br

Revista Global PAUTA E EDITOR RESPONSÁVEL REDATORA-CHEFE COLABORADORA FOTO DA CAPA REVISÃO TRADUÇÃO PROJETO GRÁFICO E EDIÇÃO DE ARTE COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO IMPRESSÃO AGRADECIMENTOS

Marcelo Sá Betina Dowsley (MTb 35211/RJ) Annie Sidro (texto Geminação Nice – Rio de Janeiro) Emmanuelle Bernard Carla Paes Leme Betina Dowsley (francês-português) Paulo Pelá Silvana de Oliveira Edigráfica Liesa/ Riotur/ Prefeitura de Nice/ Nissan Brasil/ Engie Brasil/ Rio Convention & Visitors Bureau

A Global Marketing e Eventos preocupa-se, cada vez mais, em exercer o papel de uma empresa socialmente responsável através de seus valores: responsabilidade social e sustentabilidade.

8


9


10

EMMANUELLE BERNARD DIVULGAÇÃO

30 Cultura | Museu Nacional de Belas Artes 32 Cultura | Palácio do Catete 150 anos 34 Gastronomia | Mee 35 Gastronomia | Oro 36 Lazer | AquaRio 37 Lazer | Espace Culturel A Maison 38 Hospedagem | 55Rio 39 Hospedagem | YOO2 40 Responsabilidade social | Saúde Criança 42 Festival de Cannes | 70 anos 48 40 anos geminação Nice-Rio 52 Carnaval de Nice para o Rio e o mundo 54 Agenda de carnaval

DIVULGAÇÃO

06 Carta ao leitor | Xavier e Alexis 08 Expediente 10 Sumário 14 Legado de orgulho e autoestima 22 Fotografia | Emmanuelle Bernard 24 Tom Jobim 90 anos

FERNANDO MAIA | RIOTUR

04 Colunista Convidado

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Sumário


11


FERNANDO MAIA | RIOTUR RAPHAEL DAVID | RIOTUR ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR RAPHAEL DAVID | RIOTUR

57 Dia e hora dos desfiles 58 Paraíso do Tuiuti 62 Grande Rio 66 Imperatriz 70 Vila Isabel 74 Salgueiro 78 Beija-Flor 82 União da Ilha 86 São Clemente 90 Mocidade 94 Unidos da Tijuca 98 Portela 102 Mangueira 108 Camarote Global

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

Sumário

12


Instagram: @beefeaterbrasil

13


14

FERNANDO MAIA | RIOTUR

P

ode acreditar: o que faz o Rio de Janeiro especial é a carioquice de seu povo. Aí incluem-se a alegria, o jeito descontraído e otimista de quem nasce ou escolhe o Rio para morar, e ainda as famosas praias, a floresta abençoada pelo Cristo Redentor, a informalidade de seus bares e de suas festas, a moda casual e tantas outras características. Há anos, tudo isso atrai e cativa os turistas que visitam a cidade. Entretanto, a bem-sucedida realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 ampliou o público interessado pela cidade. Um bom exemplo são os executivos de alto escalão, que passaram a ver no Rio boas oportunidades também para investimentos e negócios. Não é para menos. Especialistas em fazer o maior espetáculo da terra todos os anos, os cariocas souberam transformar o maior evento esportivo do mundo em uma grande festa, bem organizada e criativa, deixando um gostinho de quero mais em quem esteve aqui e até naqueles que assistiram a tudo sem sair de casa nos quatro cantos do planeta.


15


16

PAULA JOHAS | RIOTUR

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Imagens do Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos.

PEDRO KIRILOS | RIOTUR

DIVULGAÇÃO | RIOTUR


Agora é hora de colher os louros do sucesso e colocá-los na feijoada tipicamente carioca. Deixando de lado o discurso oficial de legado olímpico, o que ficou como herança da Rio 2016 foi o resgate da autoestima e do orgulho do povo carioca, prêmios tão ou mais preciosos do que as medalhas entregues aos atletas. Então, bola para frente. Passada a festa, está mais do que na hora de essa gente bronzeada mostrar seu valor, captar investimentos para a cidade e, de quebra, para o estado do Rio de Janeiro e para o Brasil. Os ventos estão favoráveis. Pelo menos na visão do mercado internacional, o pior já passou. Com a experiência positiva dos grandes eventos realizados ao longo do processo de impeachment da presidente da República e da crise econômica, o ano de 2017 apresenta-se como um bom momento para investir no Brasil. A retração da economia pode ter tirado o fôlego de empresários brasileiros, mas a expectativa é de que ela volte a crescer, e isso já vem empolgando o capital estrangeiro, seja para a implantação de filiais de multinacionais ou para a compra de empresas brasileiras endividadas ou em processo de recuperação. Até mesmo companhias com boa saúde financeira podem ser atraentes, já que a compra de um concorrente pode representar oportunidade para ampliar e/ ou consolidar uma posição relevante no mercado. De acordo com dados das consultorias KPMG e PwC divulgados em novembro de 2016, a participação de grupos internacionais na aquisição de empresas brasileiras visando à expansão da participação no mercado interno aumentou significativamente. Das cerca de 300 transações realizadas no ano passado, mais de 200 envolveram capital estrangeiro, em sua maior parte de empresas sediadas nos Estados Unidos, França e Reino Unido.

Uma prova de que o Brasil é muito importante para a Engie é que, em 2016, o país passou a ser considerado unidade de negócios independente, reportando-se diretamente à sede do grupo, em Paris. Além do Brasil, o único país que também alcançou esse status foi a China. Com sede no Rio, 3 mil colaboradores e R$ 7 bilhões de receita em 2016, a Engie pretende investir aqui, nos próximos cinco anos, em torno de R$ 8 bilhões na geração centralizada hídrica, eólica e solar; na geração solar descentralizada; e em serviços e soluções para cidades inteligentes (como mobilidade urbana, iluminação pública e segurança), segundo adiantou o CEO da empresa. É a capital fluminense que dispara tendências e influencia todo o país, por ser um local de grande diversidade cultural, lançador de modismos e endereço de inúmeros artistas e intelectuais. A ideia de concentrar trabalho, cultura, natureza e lazer num só lugar vem ganhando força. Esse foi o caminho escolhido pela Nissan, que acreditou no país – e no Rio de Janeiro, em particular – em momento político-econômico complicado e começa a ter sinais de que a aposta valeu a pena. Com escritório nos arredores da renovada Praça Mauá e fábrica instalada, desde 2014, em Resende, no Sul do estado, a montadora de origem japonesa acreditou no potencial da região e engajou-se como patrocinadora oficial da Rio 2016 e do revezamento da tocha olímpica. Mas não ficou só nisso. Em paralelo, a empresa desenvolveu diversas ativações de marketing, a começar pelo lançamento de uma edição limitada do modelo Kicks, na abertura dos Jogos. A marca tomou conta da cidade com ações promocionais de tamanho e custos variados. No campo social, o Instituto Nissan, em parceria com a Fundação Gol de Letra, inaugurou o Centro de Educação e Formação Profissional, no Caju, uma das áreas mais carentes da cidade (foto abaixo). O projeto, batizado de “Caju: um novo olhar”, foi criado visando ao ensino formal de jovens e à inclusão deles no mercado de trabalho.

DIVULGAÇÃO

Se o momento é propício ao investimento estrangeiro no Brasil, vale lembrar que muito disso se deve à visibilidade e à confiabilidade conquistadas pelo Rio de Janeiro após os Jogos Rio 2016. Responsável pelo show de projeções das festas de abertura e encerramento das Olimpíadas (foto ao lado, no alto) e da festa de abertura das Paralimpíadas, a Engie Brasil é a maior geradora privada de energia do país, onde investe há mais de 20 anos. O CEO da empresa Maurício Bähr não se surpreendeu com a capacidade e a qualidade de realização do Rio de Janeiro.

- Sempre acreditei na capacidade da cidade em realizar eventos de grande porte, como já havia acontecido na Copa do Mundo e na Rio+20. O sucesso dessas produções é muito importante, pois gera receitas e ajuda a melhorar ainda mais a imagem do Brasil no exterior – observa Bähr.

17


Joie de vivre à carioca ADRIANA LORETE | RIOTUR

Para o presidente da Nissan no Brasil François Dossa, o cenário a médio e longo prazos é de crescimento, por isso não se preocupa com o atual período de instabilidade que o país atravessa:

Equipe Nissan e grandes eventos na cidade: Rio 2016 e exposição Rio + 20.

18

Além do setor automobilístico, a capital fluminense concentra parcela significativa da economia nacional, com crescimento relevante nas áreas de petróleo, petroquímica, telefonia fixa e móvel, e de um amplo leque de serviços. O grande desafio de quem aporta aqui é não cair em estereótipos e construir histórias autênticas. O Rio não é só a terra do carnaval, da praia e do futebol. A cidade guarda tesouros culturais, marcas de sua história como capital do Império e da República. Há grandes museus com acervos importantes, teatros, salas de concerto, cinemas, arenas e ginásios, que integram um circuito expressivo de exposições, shows, espetáculos de dança e competições esportivas. ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

DIVULGAÇÃO

- O Rio de Janeiro nunca mais será o mesmo. Os cariocas resgataram seu orgulho, demonstraram seriedade na organização dos Jogos e, principalmente, provaram que a cidade é capaz de adaptar-se e de superar adversidades. Se antes das Olimpíadas já acreditava no potencial do Rio, agora fico ainda mais à vontade em recomendar a escolha da cidade para investimentos internacionais – defende ele, com o aval de quem dirige uma empresa que dobrou suas vendas no concorrido mercado automobilístico de 2% para 4% em apenas três meses (dados de agosto a outubro de 2016).


- A rede hoteleira passou de 28 mil quartos para cerca de 43 mil, alcançando 60 mil vagas, quando consideradas as opções oferecidas pelo Aribnb e por outros sites de locação de imóveis. O crescimento maior ocorreu na região da Barra da Tijuca, onde grandes grupos internacionais abriram unidades de seus hoteis. A chegada do metrô àquele bairro, ligado aos sistemas de ônibus e de BRTs, ajuda a integração com o restante da cidade, mas ainda é preciso trabalhar para inserir a Barra no dia a dia do Rio e no imaginário dos visitantes – analisa Eric Boulanger, Coordenador de Congressos e Eventos do Rio Convention & Visitors Bureau (RC&VB).

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Segundo a Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA), o Rio de Janeiro está em segundo lugar no ranking das cidades mais procuradas para a realização de eventos internacionais nas Américas. Entre os fatores determinantes para tal posição, estão a integração do aeroporto internacional com todas as partes do mundo; o maior centro de convenções da América Latina (Riocentro) e inúmeros outros com tamanho, localização e características diversos; além de concentração de empresas dos mais diversos e importantes setores da economia.

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Brand Rio: Experiência

- O feedback pós-olímpico é bastante positivo. Quando me apresento como representante do Rio de Janeiro em eventos nacionais e internacionais, largos sorrisos se abrem. A emoção presente no imaginário das pessoas agora ganhou sustentação com as melhorias na infraestrutura e na logística da cidade – observa Boulanger. O desafio atual do RC&VB é conquistar mais eventos para o calendário anual da cidade. Nesse sentido, está em andamento o projeto Rio 20/20, cuja meta é consolidar 20 grandes eventos até o ano de 2020. Atualmente, os setores que mais realizam congressos, feiras e palestras no Rio de Janeiro são os de medicina e de energia (petróleo & gás).

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Desde a escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos é possível perceber um crescimento de 20% a 25% na procura da cidade como destino para eventos culturais e setoriais. Na carona da onda de otimismo que se formou, até o final de 2016 (quando esta edição foi fechada) já estavam agendadas cerca de 70 feiras e conveções de grande porte no Rio de Janeiro no próximo triênio. Tais eventos, de acordo com o RC&VB, deverão gerar uma receita de US$ 400 milhões até 2020.

Participantes da Jornada Mundial da Juventude, Boulevard Olímpico durante a Rio 2016 e Rock in Rio 2015.

A estratégia adotada é explorar as experiências que o Rio proporciona nos mais diversos segmentos. A campanha Celebrar, criada a partir de pesquisa realizada durante a Rio 2016, convida os visitantes a viverem suas paixões e desejos como os cariocas. O foco é a maneira como as pessoas aqui festejam a gastronomia, a música, a história, o meio ambiente, a arquitetura, as causas sociais, as artes, os negócios e toda uma infinidade de opções que fazem parte da multifacetada metrópole que a Cidade Maravilhosa se tornou. Afinal, o que as pessoas querem mesmo é sentir na pele, no coração e na alma sua própria carioquice. 19


ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

20 ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

RICARDO ZERRENER | RIOTUR

Cachoeira e praias do Rio de Janeiro.


Rio de Janeiro em números Turismo 2 milhões de turistas estrangeiros 5 milhões de turistas domésticos 17 milhões de passageiros passam pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim 43 mil quartos de hotel 2 milhões de pessoas vão à praia de Copacabana para o Réveillon Meio ambiente 3.200 hectares de Mata Atlântica 30 áreas de proteção ambiental 25% da cidade cobertos por áreas verdes 21 parques naturais 4 áreas de relevante interesse biológico 2 reservas biológicas Economia 15% do PIB nacional estão no Rio de Janeiro 1,5 bilhão de dólares são movimentados pelo turismo na cidade 87% do PIB são gerados pela área de serviços 6% das agências bancárias do país

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR

J.P. ENGELBRECHT | RIOTUR

80% do petróleo brasileiro são produzidos no estado do Rio de Janeiro.

Maracanã, folião no carnaval de rua e Orla Conde.

21


E

ste ano, a revista Global e o camarote da empresa no Sambódromo destacam o trabalho da fotógrafa e documentarista franco-brasileira Emmanuelle Bernard. Apaixonada pelo Rio de Janeiro, Emmanuelle já lançou três livros relacionados à cidade: “Carioca” (2010), “Ginga” (2013) e “Mar” (2015). A foto que ilustra a capa desta publicação e do segundo volume da trilogia foi feita sem ensaio e resume o amplo significado que a palavra “ginga” é capaz de abraçar. Mais do que um ritmo ou uma dança, a cadência dos movimentos do povo carioca é também o fio condutor da exposição montada no camarote da Global, no Sambódromo, com fotografias, coloridas e em P x B, em tamanhos variados. Aproveitando a comemoração dos 40 anos de reconhecimento de Nice, na França, como “gêmea” do Rio de Janeiro, a fotógrafa gostaria de levar a mostra à cidade da Côte D’Azur. - Nice e o Rio têm muitas coisas em comum, do modo de vida mais descontraído, típico da beira-mar, ao jeito alegre e à paixão pelo Carnaval – analisa Emmanuelle. Nascida justamente em Nice, a fotógrafa passou a infância e a adolescência na Cidade Maravilhosa. Depois de estudar em Paris e em Nova York, voltou ao Brasil no início dos anos 1990, quando começou a trabalhar para o mercado editorial, cultural e de moda. Seu próximo projeto abordará o Brasil, desta vez de uma maneira mais ampla. Seguindo a tendência do mercado de venda on-line, seus trabalhos estão disponíveis, em tiragem assinada e limitada, no site: www.emmanuellebernardfineartphotography.com.

22


23

FOTOS: EMMANUELLE BERNARD


S

e hoje o Rio de Janeiro desfruta de um lugar de destaque no imaginário internacional, um dos grandes responsáveis por isso é Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim – ou, simplesmente, Tom Jobim. As belezas naturais, o samba, o futebol e o Carnaval, tudo isso contribuiu para o título de Cidade Maravilhosa, mas o amor de Tom Jobim pelo Rio – que ele não se cansou de cantar – rompeu fronteiras geográficas, idiomáticas e de gênero musical. Ele costumava dizer: “Eu não moro no Rio, eu namoro o Rio”.

24

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Homenagem aos 90 anos de Tom Jobim (25/01/1927 – 8/12/1994)


25


De fato, ele nunca escondeu os sentimentos. Suas músicas sempre transbordaram o amor dele pela cidade, a começar pelo primeiro disco, “Sinfonia do Rio de Janeiro”, passando por hits como “Ela é a carioca”, “Samba do avião”, “Wave”, “Corcovado”, “Águas de março”, “Sabiá” e – last, but not least – “Garota de Ipanema”. Esta última, aliás, é a música brasileira mais executada no exterior, com centenas de versões distintas, gravada, inclusive, por Frank Sinatra – “A Voz” do século XX – no álbum “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”, em 1964.

Samba do avião

Tal sucesso funcionou como cartão de visitas da música brasileira no mundo e abriu caminho para a internacionalização da carreira de Jobim, possibilitando versões de outras de suas músicas nos mais diversos idiomas. Autor de melodias sofisticadas, ele lançou, ao todo, 29 álbuns e compôs cerca de 250 músicas, entre sambas, choros, samba-canções, valsas, serestas, modinhas, toadas, baiões e bossa nova, gênero que ajudou a criar e com o qual se projetou no Brasil e no mundo – sobretudo Estados Unidos, Europa e Japão.

Rio, teu mar, praias sem fim,

Mesmo tendo passado temporadas em Nova York devido a inúmeros compromissos profissionais, Tom Jobim era “carioca da gema”, como diriam seus contemporâneos. Nasceu na Tijuca, cresceu em Ipanema e viveu no Jardim Botânico. O Rio de Janeiro sempre esteve presente – direta e indiretamente – em suas composições. No início da carreira, suas obras eram solares, embaladas pelo balanço do mar. Aos poucos, as canções assumiram os contornos das montanhas, e o colorido da fauna e da flora cariocas. Em 2016, o nome de Tom foi escolhido pelo público para batizar o mascote da competição paralímpica, representando, justamente, a flora brasileira. Além disso, a música “Garota de Ipanema” foi incluída na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no Maracanã, executada apenas por seu neto, Daniel Jobim, em piano e voz, enquanto Gisele Bunchen – a modelo brasileira de maior sucesso – atravessava o gramado do estádio representando o charme e a beleza da musa dos anos 1960.

Seu corpo todo balançar.

Apontado pela revista Rolling Stone como o maior expoente da música popular brasileira de todos os tempos, o compositor, maestro, pianista, cantor e arranjador recebeu os prêmios Shell e Sharp, no Brasil, tendo sido indicado ao Grammy pela primeira vez, em 1965, como Artista Revelação, e duas vezes, em 1968, com o álbum gravado com Sinatra. Quase duas décadas depois, em 1994, ele seria premiado com o Grammy na categoria Latin Jazz Performance, e, em 2012, recebeu a premiação póstuma pelo conjunto de sua obra. Antes, porém, havia sido homenageado pela Estação Primeira da Mangueira, em 1992, com o enredo “Se todos fossem iguais a você”. Que maravilha seria... Ou melhor, foi!

26

Tom Jobim

Minha alma canta, Vejo o Rio de Janeiro, Estou morrendo de saudade.

Rio, você foi feito pra mim. Cristo Redentor, Braços abertos sobre a Guanabara. Este samba é só porque, Rio, eu gosto de você, A morena vai sambar,

Rio de sol, de céu, de mar, Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão Este samba é só porque, Rio, eu gosto de você, A morena vai sambar, Seu corpo todo balançar. Aperte o cinto, vamos chegar, Água brilhando, olha a pista chegando, E vamos nós. aterrar


HI ST Ó RI AS DE Q UE M V E M

DE TREM nosdacomunicacao.com.br

PRA DESFILAR NA MINHA ESCOLA DO CORAÇÃO, QUEM ME LEVA É O TREM.

São mais de 100 estações e mais de 1.000 viagens por dia, 95% delas já feitas em trens com ar-condicionado. Com mais de 270 km de linha de trem, somos o maior transporte sobre trilhos do Rio de Janeiro. E isso é só parte do grande desafio de transportar em média 700 mil passageiros por dia. Cada um com uma história pra contar.

270KM

DE LINHA DE TREM

95% DAS VIAGENS

JÁ SÃO FEITAS EM TRENS COM AR-CONDICIONADO

Agência Reguladora: AGETRANSP 0800 285 9796

Acesse supervia.com.br e conte a sua pra gente.

+DE 1.000 VIAGENS POR DIA

Inspirado em histórias reais.

BAIXE NOSSO APP Disponível para:

SuperVia Fone 0800 726 9494 | www.supervia.com.br facebook.com/superviaRJ | @SuperVia_trens superviafone@supervia.com.br (Deficientes auditivos)

27


ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

O Rio do Tom para o mundo A importância do Rio de Janeiro na vida e na obra de Tom Jobim é tamanha que hoje, mais de 20 anos após a morte do maestro, ainda é possível seguir seus passos pela cidade. Ipanema – Tom Jobim mudou-se para o bairro aos 4 anos de idade. Lá conheceu sua primeira esposa, com quem alugou o famoso apartamento 201 da rua Nascimento Silva, 107. Foi em Ipanema também que iniciou sua trajetória musical, ao conhecer seu grande amigo e parceiro, Newton Mendonça, e onde compôs seu maior sucesso: “Garota de Ipanema”. Rua Nascimento Silva, 107 – O endereço, onde Jobim produziu tantos clássicos da nossa música, tornou-se famoso graças à canção “Carta ao Tom 74”, de Toquinho e Vinícius de Moraes. Bem antes, Jobim compusera ali seu primeiro sucesso, “Tereza da praia”, em parceria com Billy Blanco; e, mais tarde, “Desafinado” e “Samba de uma nota só”, com Newton Mendonça. Arpoador – Na adolescência e na juventude, Tom gostava de pescar e pegar “jacaré” no Arpoador. Em dezembro de 2014, foi inaugurada uma escultura do músico carregando um violão, em tamanho real, que, rapidamente, se transformou em mais um atrativo para fotos e selfies na região. Beco das Garrafas – No início dos anos 1950, passou a tocar piano em diversos bares e boates da Zona Sul da cidade, entre os quais o Beco das Garrafas – travessa sem saída na Rua Duvivier, em Copacabana. Depois de mais de 30 anos fechadas, as boates Bottle’s Bar e Little Club foram reabertas e contam com agenda de shows. Rua Duvivier, entre os números 21 e 37 – Copacabana Tel: (21) 2543-2962 - http://becodasgarrafas.mus.br/

Casa Villarino – O bar, no Centro da cidade, marcou a amizade e início da parceria musical de Tom e Vinícius de Moraes. Ali, a dupla se conheceu, dando início a bem-sucedidas parcerias, como a trilha sonora do filme “Orfeu da Conceição” e o álbum “Canção do amor demais”, com músicas, arranjos e regência de Tom, poesias de Vinicius e voz de Elizete Cardoso. Ainda hoje é possível conferir a atmosfera boêmia dos anos 1950 em registros fotográficos que decoram as paredes do local. Avenida Calógeras, 6, loja B (esquina com Presidente Wilson) – Centro. Telefone: (21) 2240 1627 | http://www.villarino.com.br/home.jsp 28

Bar Veloso (atual Garota de Ipanema) – A popularidade da música “Garota de Ipanema”, composta nas mesas no antigo Bar Veloso, levou seu proprietário a rebatizar o bar, hoje ponto turístico da cidade (foto acima). Composta em 1962, a música é referência internacional e, ainda hoje, é incluída na trilha sonora de filmes ou de programas de televisão, em citações ao Rio de Janeiro ou ao Brasil, de uma maneira geral. Rua Vinicius de Moraes, 49 (esquina com rua Prudente de Moraes) – Ipanema. Telefone: (21) 2522-0340 | http://www.bargarotadeipanema.com/

Jardim Botânico – Depois de quase 50 anos em Ipanema, Tom Jobim mudou-se para o Jardim Botânico, em 1978, começando uma verdadeira história de amor com o bairro e o parque que lhe dá nome, chamado por ele de “meu querido Jardim Botânico”. Após sua morte, uma frondosa Sumaúma foi transformada no Monumento Tom Jobim, uma vez que ele costumava se sentar entre suas imensas raízes em busca de inspiração. O parque abriga ainda o Espaço Tom Jobim, formado por teatro, galpão de eventos e casa com o acervo completo do artista (fotos, partituras originais, áudios, vídeos e objetos pessoais de Tom Jobim), parte dele em exposição permanente no local. Rua Jardim Botânico, 1008 – Jardim Botânico. Telefones: (21) 38741808 / (21) 3874-1214 | http://www.jbrj.gov.br

Parque Tom Jobim – O parque que leva seu nome foi criado em 1995 e ocupa toda a orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, interligada por uma pista de 7,5 km muito usada por ciclistas, corredores e turistas. Dividido em três parques menores (Catacumba, das Táboas e dos Patins), o local conta com espaços dedicados ao lazer, esporte, gastronomia e uma área reservada para cachorros. Avenidas Epitácio Pessoa e Borges de Medeiros, sem número

Aeroporto Internacional Tom Jobim (antigo Galeão) – Cinco anos após sua morte, o aeroporto internacional do Rio de Janeiro foi batizado com seu nome. Uma justa homenagem ao autor de “Samba do avião” (1963), que enaltece a paisagem e as belezas naturais da Cidade Maravilhosa vista do alto, a bordo de um avião.


29


FOTOS: ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Cultura

Museu Nacional de Belas Artes No ano em que o Museu Nacional de Belas Artes comemora 80 anos, não faltam bons motivos para visitá-lo. Conhecida por concentrar a maior e mais completa coleção de arte brasileira do século XIX – incluindo obras de Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Batiste Debret e Grandjean de Montigny, que vieram ao Rio com a Missão Artística Francesa a convite da corte portuguesa com objetivo de ensinar artes plásticas na cidade –, a instituição oferece um panorama abrangente da história das artes plásticas no país, dos primórdios até os dias de hoje. A origem do bicentenário acervo do MNBA inclui, além dos trabalhos desses artistas, a coleção de Dom João VI e as obras trazidas por Joachim Lebreton, que comandou tal expedição e é homenageado por exposição em cartaz no museu neste início de ano. Entre 70 mil pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, objetos, livros e documentos, destacam-se obras de Eliseu Visconti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e duas interpretações da primeira missa realizada no Brasil: uma pintada por Vitor Meirelles (1860) e outra por Cândido Portinari 30

(1948). Já a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea exibe 180 obras de nomes como Beatriz Milhazes, Amílcar de Castro, Iberê Camargo e Daniel Senise. O visitante não pode deixar de fora um passeio pelo pátio interno, com jardins de Burle Marx e um grande painel de azulejos de Djanira. Inspirado inicialmente no Museu do Louvre, o prédio foi projetado pelo arquiteto espanhol Adolfo Morales de Los Rios – autor de 20 das 77 construções originais da Avenida Central, atualmente Rio Branco – para abrigar a Escola Nacional de Belas Artes, que dividiu as instalações com o MNBA até 1976. O edifício foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1973 e, desde 2003, é ocupado inteiramente pelo museu. Além da exposição de Joachim Lebreton em homenagem aos 200 anos da chegada da Missão Artística Francesa, estão previstas a abertura do Circuito de Arte Estrangeira e a restauração das cúpulas do imóvel. www.mnba.gov.br


31


Cultura

Palácio do Catete – Museu da República O Palácio do Catete, onde desde 1960 funciona o Museu da República, comemora 150 anos em 2017. Construído entre 1858 e 1867 pelo comerciante e fazendeiro de café Antonio Clemente Pinto – o Barão de Nova Friburgo –, o palácio segue o estilo neoclássico, representando o poder econômico da época. Quase transformado em hotel após as mortes do Barão e de sua esposa, acabou tornando-se sede da Presidência da República e residência dos presidentes e de seus familiares de 1897 a 1960, quando a capital federal foi transferida para Brasília.

FOTOS: ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Palco de importantes articulações políticas e grandes acontecimentos sociais, o palácio e seus jardins foram tombados

pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) em 1938. Enquanto sede da República, o imóvel abrigou 18 presidentes e costuma ser lembrado como o local onde Getúlio Vargas se suicidou, em 1954. Entre nobres salões distribuídos pelos três andares do imóvel, destaca-se o quarto do ex-presidente, ponto alto da visita do museu, cujos móveis foram preservados, assim como o famoso pijama que ele vestia na ocasião. A área mais visitada do palácio, porém, é o jardim – com lago artificial, pontes, gruta, estátuas e área verde –, muito frequentado por crianças da região e onde acontecem vários eventos. O museu ainda conta com brinquedoteca, biblioteca, cinema, loja e restaurante abertos ao público.

32



FOTOS: FERNANDO LEMOS | DIVULGAÇÃO

Gastronomia

Mee A culinária asiática vem ganhando cada vez mais espaço no Rio de Janeiro, mas poucos são os restaurantes que oferecem especialidades de mais de um país do Oriente. Inaugurado há três anos, o Mee deu vida nova ao antigo Bar do Copa, no Belmond Copacabana Palace. Além do glamour de estar localizado no hotel mais tradicional da cidade, o ambiente é sofisticado e ao mesmo tempo descontraído, com vista para a deslumbrante piscina. Para quem deseja privacidade, o restaurante dispõe de discretas cabines, típicas das casas de chá chinesas. 34

Premiado por publicações nacionais e internacionais, como o Guia Michelin, o restaurante comandado pelo chef Kazuo Harada valoriza os ingredientes mais frescos de cada dia e, portanto, o cardápio varia ao sabor da temporada. A influência mais forte do estabelecimento, porém, é a japonesa. Não é para menos. Além do chef sansei (neto de japonês), a estrela do Mee é seu sushi bar, de onde sai mais da metade das delícias do estabelecimento. Outros destaques do menu são pratos preparados com macarrão udon, da culinária coreana, e variedades de dim sum, característicos da China, até em sobremesas.


ORO Felipe Bronze vale ouro. Premiado na cozinha e badalado apresentador dos programas dedicados à gastronomia Que Seja Doce e The Taste Brasil, do canal fechado GNT, da Globosat, o chef é conhecido pela apresentação impecável de seus pratos, considerados verdadeiras obras-primas.

Prêmios não faltam nos quase 20 anos de carreira de Felipe Bronze, que já foi eleito chef do ano pela revista Veja Rio (2010, 2011, 2012 e 2016), pelo jornal O Globo (2003 e 2011) e pelo Guia 4 Rodas (2013). A criatividade e a inovação do chef ainda renderam ao Oro uma cobiçada estrela no Guia Michelin. Também premiada, a argentina Cecilia Aldaz, cara-metade de Bronze e sommelière do restaurante, completa a experiência com surpresas agradáveis na carta de vinhos, cervejas e drinks.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Menos de um ano depois de fechar as portas do Oro, no Jardim Botânico, Bronze reabriu o restaurante com o mesmo nome no Leblon. Mas não foi só o endereço que mudou. Desta vez, o chef é também sócio-proprietário do estabelecimento, onde o destaque são as criações preparadas na brasa, privilegiando a cozinha brasileira cosmopolita, com influências de pontos diferentes do planeta, como Japão e Espanha. O projeto do arquiteto Eduardo Novaes

valorizou a cozinha, aberta e com balcão. O restante da ambientação também mereceu cuidados especiais, como iluminação de Maneco Quinderé e peças dos Irmãos Campana e de Zanini de Zanine.

35


FOTOS: ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Lazer

AquaRio Uma cidade como o Rio de Janeiro precisava mesmo de um aquário. Inaugurado em novembro de 2016, o AquaRio é o maior da América Latina e não deixa nada a desejar em relação a equipamentos semelhantes de outros países. Segundo seu idealizador e diretor-presidente, o biólogo marinho Marcelo Szpilman, “a atração tem tudo para se tornar um ícone do Rio de Janeiro, como o Corcovado e o Pão de Açúcar”. Em sua abertura, havia cerca de dois mil seres marinhos de 200 espécies diferentes nos 4,5 milhões de litros de água salgada. Tal volume equivale a duas piscinas olímpicas, com capacidade para abrigar até oito mil animais de 350 espécies diferentes. Logo na entrada, a ossada de uma baleia jubarte encontrada encalhada na praia da Macumba, na Zona Oeste do Rio, dá mostras da grandiosidade do empreendimento. O coração do AquaRio é um imenso tanque oceânico, que pode ser observado por todos os lados, inclusive pelo meio, graças a um túnel de 20 metros de extensão que o corta, 5 metros abaixo da superfície. O circuito completo do AquaRio inclui 28 36

recintos, que reproduzem o fundo do mar das mais variadas partes do mundo, com costões rochosos, regiões arenosas ou corais multicoloridos, além de tanques de toque, onde os visitantes podem tocar em arraias, por exemplo. Em breve, será possível também mergulhar com tubarões e visitar os bastidores do aquário, com direito a passar a noite no local. Além de encantar o público, o AquaRio funciona também como local de estudos e pesquisas em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que monitora a água do local e observa a reprodução e o desenvolvimento das espécies em cativeiro. A novidade foi financiada pela iniciativa privada. A participação da prefeitura limitou-se à cessão de direito de uso, por 50 anos, de um antigo frigorífico, na região portuária da cidade. Completam o espaço um museu do surfe, uma mostra de conchas e uma exposição sobre o projeto Tamar, dedicado à preservação das tartarugas marinhas. www.aquario.rio


A Maison - espaço cultural do Consulado da França A revitalização do centro do Rio de Janeiro contou com um reforço francês. Reinaugurada ano passado, a biblioteca da Maison de France foi renovada e assume ares de centro cultural, com o objetivo de democratizar o acesso à cultura francesa de uma maneira geral. O acervo da biblioteca foi ampliado e agora inclui títulos em português, numa coleção que reúne mais de 20 mil títulos, entre impressos, digitais e audiovisuais.

Criada em 1961, a Biblioteca da Maison de France representou um ponto de resistência durante a ditadura no Brasil. Era um lugar de liberdade, protegido da censura e aberto ao debate, onde era possível ter acesso a livros considerados subversivos de pensadores franceses de esquerda. Frequentado especialmente por universitários, que durante os anos de chumbo fomentavam ali as mais diversas atividades culturais, o novo espaço tem atraído um número cada vez maior de pessoas com programação variada, que vai de eventos musicais, seminários e debates sobre filmes a degustação de bebidas.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Mas a reforma não ficou apenas nisso. O novo projeto de arquitetura incorporou o hall de entrada e retirou as estantes da frente das janelas para criar um espaço mais confortável, claro e bonito. O salão central dispõe de mesas de leitura e sala de reunião, além de sofás, pufes e espaço infantil. A culinária, uma das mais fortes e reconhecidas expressões culturais francesas, ganhou desta-

que. O Café Maison, com cardápio do chef David Jobert, oferece café da manhã, almoço e happy hour no terraço do 11º andar, com produtos franceses e vista panorâmica para a Baía de Guanabara.

37


Hospedagem

Impulsionado pela realização dos Jogos Olímpicos, o setor hoteleiro da cidade recebeu investimentos de mais de R$ 10 bilhões no período de 2009 a 2016. Dentre as muitas inaugurações no ano passado, dois hoteis merecem atenção especial.

55/Rio Hotel

A localização do 55/Rio é um trunfo a mais. Situado no coração da cidade, o hotel permite fácil acesso tanto para quem vem ao Rio a trabalho – graças à proximidade do coração empresarial – ou a lazer, já que poucos passos o separam do agito da Lapa, dos museus e centros culturais que o Centro oferece. 38

FOTOS: DIVULGAÇAO

Na Lapa, a novidade vem de longa data. O Grande Hotel Bragança, patrimônio histórico e cultural da cidade, foi inteiramente renovado, dando lugar ao 55/Rio Hotel. O edifício do século XIX, que hospedou importantes personalidades do meio cultural brasileiro como Noel Rosa e Di Cavalcanti, teve suas fachadas revitalizadas e suas instalações ampliadas com a construção de outro prédio nos fundos.


YOO2 O hotel cinco estrelas YOO2 aposta no visual para atrair seus hóspedes. A começar por sua localização: de frente para a Baía de Guanabara, com vista para o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Um luxo que se completa com a proximidade do metrô e fácil acesso a várias partes da cidade.

FOTOS: DIVULGAÇAO

Inaugurado pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos, o primeiro hotel das Américas assinado pelo escritório londrino de design YOO, do premiado arquiteto Philippe Starck e do empresário John Hitchcox, oferece serviços personalizados a hóspedes que buscam experiência de luxo. Destaque para a decoração, com toques modernos e exclusivos, como grafite do carioca Marcelo Ment e mobiliário da fábrica gaúcha Tissot, que trabalha em parceria com designers brasileiros renomados, como Zanini de Zanine e os irmãos Faher. O hotel conta com uma equipe jovem, 143 apartamentos, restaurante e terraço com bar e piscina.

39


Não importa se você é presidente ou trainee, médico, músico ou professor. Para transformar uma realidade, basta abrir o coração para enxergar aquilo que, à primeira vista, não se vê.

T

odos temos poder de transformação, mas alguns indivíduos, como a Dra Vera Cordeiro (foto ao lado, no alto), vão além. Há 25 anos, ela fundou a Associação Saúde Criança (que nos primeiros anos levava Renascer no nome). Apontada pela entidade suíça NGO como organização social mais influente da América Latina e 19ª no ranking mundial, a Saúde Criança já atendeu mais de 22 mil crianças e adolescentes, de cerca de 4.500 famílias, transformando diretamente a vida de mais de 60 mil pessoas. Se a iniciativa é bem-sucedida hoje, foi preciso muito trabalho, sacrifício, dedicação e amor para conquistar tal reconhecimento. A trajetória da Saúde Criança teve início no Hospital da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde sua fundadora trabalhava. Diante da dura realidade dos pacientes que atendia e da constatação de que as crianças tinham alta, mas acabavam voltando ao hospital pouco tempo depois, a médica atestou que “a doença era apenas a ponta do iceberg”. Em 1991, traçou um projeto já com os cinco pilares que ainda norteiam a atuação da instituição: cidadania, renda familiar, educação, moradia e saúde, claro. - Apesar das adversidades, sabia que ia dar certo. Não ia ter volta – afirma a idealizadora do projeto, que, no início, usava seu próprio salário para ajudar a comprar medicamentos, roupas e alimentos. Como chefe do setor de Medicina Psicossomática do Hospital da Lagoa, Vera sentia-se impotente. Ela percebia que o tratamento baseado exclusivamente na medicina não resolvia os casos por completo, pois os pacientes não contavam com condições sociais mínimas para manter sua saúde. - É muito frustrante constatar que a real causa de muitas doenças tratadas em hospitais públicos é a miséria – lamenta. Mas só lamentar não adianta. Enquanto não conseguiu o apoio e o financiamento necessários para garantir casa minimamente habitável e formação profissionalizante capaz de gerar renda para seus pacientes e familiares deles, Vera chegou a vender objetos, brinquedos, roupas e calçados até de suas próprias filhas: “Elas começaram a esconder os itens de que mais gostavam para que eu não sumisse com eles”, recorda a médica sem arrependimento. “Os sacrifícios, inclusive os de tempo e dedicação a elas, foram enormes, mas a satisfação de saber que tanto elas como meu marido admiram tudo o que fiz – e faço – é ainda maior”, garante.

40

Impacto social

Com outros profissionais de saúde e voluntários, Vera deu forma ao Plano de Ação Familiar (PAF), conjunto de ações com metas e prazos de execução. Fundamental para a organização da associação, o PAF é elaborado por uma equipe formada por assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras e advogados, entre outros profissionais, que atuam diretamente com as famílias. O atendimento considera as necessidades e potencialidades de cada um por um período médio de dois anos, até que a família adquira autonomia e dignidade para andar com suas próprias pernas. Os resultados da metodologia social pioneira – comprovados por estudo da Universidade de Georgetown (EUA) – são substanciais, sustentáveis e de longo prazo: aumento de cerca de 60% na renda familiar já no primeiro ano após o fim do atendimento e redução de reinternações em 90% de três a cinco anos depois. É bem verdade que as mudanças feitas no Brasil nos últimos anos contribuíram para a melhora destes índices. “Diversos programas sociais do governo ajudaram a reduzir a mortalidade infantil em mais de 70%, assim como a média de filhos, que caiu cerca de 15% entre as famílias mais pobres. Mas há também o fato de as pessoas terem mais acesso à informação e, consequentemente, mais consciência de seus direitos”, observa a fundadora e atual presidente do conselho de administração da Associação Saúde Criança (ASC). Outro fator apontado pela Dra Vera como determinante para o sucesso da iniciativa foi a orientação financeira, que levou à criação de um Fundo Patrimonial para a ASC, administrado por economistas renomados, como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. Com essa reserva, a continuidade do trabalho desenvolvido está assegurada, bem como a independência para o projeto caminhar com suas próprias pernas, sem ficar preso a apenas uma pessoa ou a um grupo de pessoas. Graças à conquista de inúmeros prêmios – particularmente o de projeto social mais inovador do mundo (US$ 100 mil), concedido pela Global Development Network, em 2003 –, foi possível comprar um imóvel no Jardim Botânico, onde a Saúde Criança funcionou até o início de 2016. Os reconhecimentos nacional e internacional continuam gerando recursos para o atendimento e o funcionamento


receber doações internacionais, hoje responsáveis por 60% das contribuições, vindas, em sua maior parte, de pessoas físicas, estimuladas pela transparência da prestação de contas da instituição – atualmente auditadas pela Ernst Young.

Associação Mais participAção Saúde Criança

das oficinas de culinária, costura e profissões ligadas ao segmento de beleza (cabeleireiro, manicure e depilação); para a expansão da rede; e para a compra da nova sede, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Em 2010, a instituição tornou-se franquia social e, atualmente, possui nove unidades franqueadas no Brasil, com presença em seis estados brasileiros, além de manter parcerias com outras 23 instituições. Nos últimos quatro anos, a visão de atendimento integral à família da Associação Saúde Criança tornou-se política pública por meio de parceria entre a ASC e a prefeitura de Belo Horizonte (MG), onde foi desenvolvido o projeto Família Cidadã – BH sem miséria.

Atualmente, a Associação Saúde Criança soma 40 funcionários e 120 voluntários – mais de 1.000 voluntários passaram pela ASC ao longo do tempo. Sua capacidade de atendimento mensal é de 250 a 300 famílias, beneficiando aproximadamente mil pessoas por mês. Uma linda história como essa merece mesmo o livro que a editora Intrínseca lança no segundo semestre de 2017. Ganha um doce quem acertar o que será feito com o dinheiro arrecadado com a venda dos exemplares. http://www.saudecrianca.org.br/

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A metodologia criada pelo Saúde Criança já inspirou, inclusive, empreendimentos em outros países – como Chile, Paraguai, Nigéria, Quênia, África do Sul, Paquistão, China e Papua-Nova Guiné –, beneficiando milhares de pessoas. Além disso, a Associação Saúde Criança mantém a Brazil Child Health, uma representação em Nova York habilitada a

Por falar em doações, a associação conta com 700 colaboradores ativos e tem como meta dobrar esse número em um ano. Há várias formas de apoiar: sendo voluntário ou parceiro, fazendo uma doação simples ou contribuições mensais para as campanhas “Seja amigo do Saúde Criança” (R$ 30), “Apadrinhe uma criança” (R$ 100) e “Transforme uma realidade” (diversos). Roupas, brinquedos e eletrodomésticos também são bem-vindos. Outra forma de contribuir é comprando bolsas, acessórios, canecas e roupas de bebê produzidos na sede da ASC por mães que já foram atendidas pelo projeto. Os itens estão à venda no site da instituição, no Barra Shopping, Rio Sul e, em breve, também no Shopping Leblon.

41


42

DIVULGAÇÃO


43


44


N

enhuma outra cidade na Europa vive tão intensamente o cinema como Cannes, na França. Há muito tempo, o prestígio de seu festival extrapolou o período em que é realizado. O evento movimenta a cidade mais glamourosa da Côte D’Azur durante todo o ano com visitas temáticas; trem turístico, mais conhecido como Trem do Cinema; e murais pintados em homenagem a astros como Charles Chaplin, Marylin Monroe, Alfred Hitchcock e Alain Delon. Na Croisette – charmosa avenida beira-mar –, os fãs podem ainda posar para fotos como Super-Homem, Han Solo ou Bond girl, ou ao lado das mãos de seus ídolos no Chemin des Etoiles (Caminho das Estrelas), a Calçada da Fama, francesa. Por falar nisso, Hollywood pode ser o mais importante centro da indústria cinematográfica do planeta, mas o festival de maior prestígio no mundo é o de Cannes, terceiro mais antigo do mundo, atrás apenas dos de Veneza (Itália) e Moscou (Rússia). O segredo é direcionar a atenção para o novo e original, sem esquecer os valores do passado, privilegiando a cinefilia, a descoberta de novos talentos, a cuidadosa recepção dos profissionais e jornalistas do mundo, além, claro, da exibição e da divulgação dos filmes. Mesmo reservado aos profissionais, o festival transmite a cerimônia de abertura para o grande público em salas de cinema e promove o Cinema na Praia, com projeções ao ar livre dos filmes que concorrerão à Palma de Ouro, mesmo que eles ainda não estejam em exibição no mundo.

Mais do que um festival, o principal evento de Cannes tem por objetivo incentivar a indústria cinematográfica. Desde 1959, sua vertente comercial – o “Mercado de Filmes” – é um dos principais balcões internacionais para que investidores e distribuidores se encontrem, visando ao financiamento e à distribuição de filmes inéditos. Ao longo do tempo, o Festival de Cannes implementou várias ações de apoio a novos talentos, com premiações secundárias e mostras paralelas. A Caméra d’Or recompensa o melhor primeiro filme apresentado por um diretor, seja na Seleção Oficial, na Quinzena dos Realizadores ou na Semana da Crítica. Outro apoio à formação de futuros cineastas é a Cinéfondation, instituída em 1998 e voltada para filmes de curta e média-metragens. Criada em 1962 pela União Francesa dos Críticos de Cinema, a Semana da Crítica foi a primeira mostra paralela. Seu objetivo é descobrir novos talentos, exibindo os primeiros trabalhos de diretores de todo o mundo, sem se prender a tendências comerciais. Bernardo Bertolucci, Leos Carax e François Ozon estão entre os nomes revelados pela mostra. Atualmente, são exibidos apenas sete longas e sete curtas para que os selecionados tenham mais visibilidade. No caso de longas de diretores estreantes, os filmes também concorrem ao Caméra d'Or. A mostra paralela mais importante, porém, é a Quinzena dos Realizadores, que começou em 1969. A seleção não é competitiva e reúne filmes internacionais escolhidos de forma independente, não vinculada à curadoria oficial dos organizadores de Cannes. Já as mostras “Un certain regard” e “Caméra d’Or” surgiram em 1978. A primeira busca mostrar diferentes visões e estilos considerados importantes pela organização, mas que não se encaixam exatamente nos critérios da seleção principal. Já a Caméra d'Or é voltada para diretores estreantes. O troféu, entregue no encerramento do festival, nasceu com o intuito de incentivar o diretor a realizar seu segundo longa. Diretores que apenas fizeram filmes acadêmicos ou para a TV também podem competir na categoria.

REPRODUÇCÃO/ DIVULGAÇÃO

REPRODUÇCÃO/ DIVULGAÇÃO

Em 2017, o Festival de Cannes completa 70 edições. Ao longo desse período, vimos a consagração dos mais variados estilos e nacionalidades: dos franceses Louis Malle (“O mundo do silêncio”/1956 e “Pretty Baby”/1978) e François Truffaut (“Os incompreendidos”/1959); aos norte-americanos Steven Soderbergh (“Sexo, mentiras e videotape”/ 1989) e Quentin Tarantino (“Pulp Fiction”/1994); passando pelos espanhóis Luis Buñel (“Viridiana”/1961) e Pedro Amodovar (“A pele que habito”/2011, “Volver /2006, “Tudo sobre minha mãe”/1999); pelos italianos Federico Fellini (“A doce vida”/1960 e “Roma de Fellini”/1972) e Luchino Visconti (“O leopardo”/1963 e “Morte em Veneza”/1971); e pelo di-

namarquês Lars Von Trier (“Dançando no escuro”/2000), para citar apenas alguns diretores.

45


História

O Festival de Cannes foi criado em 1939 como um protesto à corrupção que havia tomado conta do Festival de Veneza, marcado pela premiação de um filme alemão e um italiano, em detrimento do favorito francês. Entretanto, com a entrada da França na II Guerra Mundial, a primeira edição foi suspensa e só viria a acontecer em 1946. O formato do prêmio com a folha que orna o brasão da cidade de Cannes – a Palma de Ouro – foi desenhada em 1955. Ao longo de todo esse período, somente em 1968 o festival não foi realizado. Cineastas como Carlos Saura e Milos Forman retiraram seus filmes da competição, e Jean-Luc Godard e Claude Lelouche anunciaram o cancelamento do festival em solidariedade aos trabalhadores e estudantes em greve. Desde 1982, o festival ocupa o Palais des Festivals et des Congrès, um centro de convenções de 35 mil m2 na orla marítima. Inicialmente, o Festival de Cannes era realizado em setembro, dividindo as atenções com o pioneiro de Veneza. Ao antecipar sua realização para maio (a partir de 1952), tornou-se marco da abertura da alta temporada na Riviera francesa. Anteriormente denominado Festival Internacional do Filme, passou a ser chamado oficialmente de Festival de Cannes somente a partir de 2002.

Brasileiros em Cannes

Cacá Diegues – um dos expoentes do Cinema Novo – participou da competição várias vezes, mas ainda não foi premiado. Ele foi presidente do júri da mostra Caméra d’Or, em 2012, e um dos poucos brasileiros escolhidos como membro do júri da Seleção Oficial, em 1981, honraria dividida com o poeta Vinícius de Moraes, o escritor Jorge Amado, o cineasta Hector Babenco (argentino naturalizado brasileiro) e a atriz Sônia Braga, cuja atuação em “Aquarius” concorreu ao prêmio na mais recente edição do festival. A primeira atriz brasileira a ser premiada, entretanto, foi Fernanda Torres, em 1986, quando tinha apenas 20 anos, por sua interpretação no filme “Eu sei que vou te amar”, de Arnaldo Jabor. O feito foi repetido somente 22 anos depois por Sandra Corveloni com “Linha de passe”, filme de Walter Salles e Daniela Thomas. Em 2004, o Brasil foi homenageado pelo evento com projeções de cópias restauradas dos clássicos nacionais, comemorando a histórica participação do Cinema Novo 40 anos antes. Da nova safra de diretores brasileiros premiados em Cannes, temos Andrucha Waddington (“Eu Tu Eles”/2000 - foto abaixo) e Marcelo Gomes (“Cinema, aspirinias e urubus”/2005), ambos conquistaram o primeiro lugar na mostra Un Certain Regard. Já Eduardo Valente (“Um sol alaranjado”/2002) e Antonio Campos (“Buy it now”/2005) foram premiados pela Cinéfondation. Em 2016, Eryk Rocha (filho de Glauber) levou o prêmio l’Oleil D’Or por “Cinema Novo”, e João Paulo Miranda Maria ganhou menção especial do júri com o curta “A moça que dançou com o diabo”.

REPRODUÇCÃO/ DIVULGAÇÃO

O primeiro filme brasileiro a ser agraciado em Cannes foi “O cangaceiro”, baseado na obra homônima de Lima Barreto, escolhido o melhor na categoria filme de aventura em 1953. A ligação com o Brasil seguiu forte ao longo dos anos, e o festival foi o grande responsável pelo reconhecimento internacional do movimento Cinema Novo, que surgiu por aqui nos anos 1960. Até hoje, Anselmo Duarte é o único brasileiro a ter recebido a Palma de Ouro – prêmio máximo da competição – por “O pagador de promessas”, de 1962. Na mesma década, ainda seriam premiados os diretores Nelson Pereira dos Santos (“Vidas secas”/1964 e,

posteriormente, “Memórias do Cárcere”/1984) e Glauber Rocha, que concorreu com os hoje clássicos da cinematografia brasileira “Deus e o diabo na terra do sol” (1964); e os aclamados “Terra em transe” (1967), na categoria melhor diretor, e “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” – ou “Antonio das Mortes”, como ficou conhecido no exterior (1969) –, prêmio da crítica internacional; e “Di Cavalcanti” (1977), melhor curta-metragem. Já em 1982, “Meow”, de Marcos Magalhães, foi escolhido melhor curta-metragem de animação.

46


FOTOS: REPRODUÇCÃO/ DIVULGAÇÃO

Cartazes de filmes brasileiros exibidos em Cannes e a atriz Sônia Braga em "Aquarius".

47


48

FOTOS: REPRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO


D

eclaradas cidades-irmãs há 40 anos, Rio de Janeiro e Nice reafirmam o compromisso em torno de temas que lhes são caros. Em primeiro lugar, o Carnaval, que constitui uma ponte real e inabalável entre nossas cidades desde o século XIX. Na verdade, a corte portuguesa costumava frequentar o Carnaval de Nice, e foi a Princesa Isabel – casada com o príncipe francês Gaston d’Orléans, o Conde d’Eu – quem teve a ideia de reproduzir os desfiles no Brasil. Assim nasceu o Carnaval do Rio de Janeiro! Nice é uma importante cidade turística do sul da França, sempre muito procurada por cidadãos de todas as partes do mundo. Atualmente, o maior desejo de Philippe Pradal, prefeito da cidade, e de Christian Estrosi, presidente do aglomerado metropolitano Nice-Côte d’Azur, é de que ela continue sendo um destino atraente para turistas, apesar do horrível episódio que a atingiu no último 14 de julho. Espero, sinceramente, que este ano permita a realização de ações concretas entre as duas cidades. Em 2017, buscaremos, mais do que nunca, respostas às questões de segurança comuns a nossos países, sem deixar de estimular iniciativas da economia criativa, geradora de riqueza e de emprego.

Rudy SALLES

49

ALAN CHAVES

DEPUTADO DA REGIÃO ALPES MARITIMES, VICE-PREFEITO DE NICE, SECRETÁRIO DE TURISMO E DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS


50

FOTOS: REPRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO


Fatos marcantes da Geminação Nice-Rio de Janeiro Julho de 1984 – Festival Brasileiro em Nice: • Participação de 100 integrantes da Mocidade Independente de Padre Miguel em desfile noturno com batalha de flores na Promenade des Anglais; • Exposição sobre os diversos carnavais do Brasil; • Exposição de fotos de Pierre Verger sobre o carnaval;

• Colóquio sobre carnaval com o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta; • Shows de Gilberto Gil, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Dona Yvonne Lara, Alceu Valença, João Bosco e Dorival Caymmi, com seus filhos Dori e Nana; • Concertos de música barroca brasileira, regidos pelo maestro brasileiro Isaac Karabitchevsky.

REPRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO

• Colóquio sobre a influência do Mar Mediterrâneo na música brasileira;

De 1984 a 1990 – desfiles de escolas de samba cariocas – tais como Beija-Flor, Império Serrano e Mocidade Independente de Padre Miguel – em Nice. Outubro de 1988 – visita oficial do prefeito de Nice Jacques Médecin ao Rio de Janeiro gerou apoio à criação do Museu de Arte Naif e a projetos de intercâmbio nas áreas de cultura e tecnologia. 1988 – semana de gastronomia de Nice no hotel Le Méridien, com a presença da chef Helene Barale e de dois cozinheiros do curso de hotelaria e turismo Paul Augier, de Nice. 1988 – palestras de Annie Sidro sobre o carnaval de Nice nas filiais da Aliança Francesa do Rio de Janeiro, Recife e Salvador. 1990 – os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai participaram do carnaval de Nice. Amado, inclusive, foi presidente do júri do evento. Gilberto Gil também compareceu à festa com o bloco Ilê Ayê. Fevereiro de 2009 – Nice integra o enredo da escola de samba Grande Rio, que celebrou o ano da França no Brasil. Novembro de 2009 – exposição História do carnaval de Nice, na UERJ, numa parceria da organização Carnaval sans Frontières com o Centro de Referência do Carnaval, com o apoio da prefeitura de Nice e do Departamento de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Outubro de 2014 – primeira “viagem” do trem do samba em Nice, com a participação da Portela. 51


52


Este ano, as cidades de Nice (França) e Rio de Janeiro celebram 40 anos de geminação. O acordo foi assinado em 22 de abril de 1977, por seus prefeitos à época, Jacques Médecin e Marcos Tamoyo, respectivamente. De lá para cá, foram realizados vários eventos e parcerias, muitos deles relacionados ao carnaval (vide Linha do Tempo, abaixo). Os laços de amizade entre as duas cidades são bastante antigos e remontam ao ano de 1888, quando o imperador do Brasil Pedro II esteve em Nice para assistir à Batalha das Flores com sua família, incluindo a Princesa Isabel. Conhecida por ter assinado a abolição da escravatura, ela também incentivou a realização de cortejos floridos, a exemplo do que viu na cidade francesa. A influência do carnaval de Nice no evento carioca, marcada especialmente pela presença de carros alegóricos nos desfiles, foi destacada pelo mestre em História da Arte e em Antropologia da Arte Felipe Ferreira no livro “Inventando carnavais – o surgimento do carnaval carioca no século XIX e outras questões carnavalescas”, de 2005. De fonte de inspiração, o modelo francês perdeu força no século XX e o carnaval do Rio tornou-se o mais importante e célebre do mundo.

REPRODUÇCÃO/ DIVULGAÇÃO

Em 2009, ano da França no Brasil, a escola de samba Grande Rio contou com o apoio de Alexis de Vaulx (sócio-diretor da Global Marketing & Eventos), da Câmara de Comércio França-Brasil e de outras empresas francesas para homenagear o país. A apoteose do desfile foi um magnífico carro alegórico do bobo da corte Triboulet (foto), símbolo do carnaval de Nice.

De Nice para o mundo com escala no Rio de Janeiro

De origem europeia, o carnaval é festejado, geralmente, em fevereiro, seguindo a Terça-Feira Gorda (Mardi Gras). É assim não só no Rio de Janeiro e em Nice, mas também nas demais cidades do Brasil, na Espanha, na Itália, na Grécia, na Colômbia e em outros países da América do Sul.

Aos poucos, países sem tradição carnavalesca passaram a celebrar o carnaval em outras épocas do ano, privilegiando sua realização durante as estações mais quentes. Em Aalborg (Dinamarca), Goteborg (Suécia) e Norkopping (Finlândia), por exemplo, há desfiles de escolas de samba na primavera e no verão, com passistas louras e brancas como a neve, com rebolado que não passa da altura dos ombros, bem diferente do gingado das mulatas cariocas. Apesar das diferenças, os escandinavos têm a mesma paixão pelo carnaval e homenageiam, à sua maneira, o carnaval carioca. O mais importante carnaval do verão europeu, entretanto, é o de Notting Hill, em Londres, que acontece no último final de semana de agosto. Criado há cerca de 50 anos pela comunidade caribenha de Trinidad e Tobago, o desfile conta com a participação de artistas e designers – equivalentes aos carnavalescos daqui –, que desenham suntuosas fantasias seguindo a tradição do famoso carnaval de Porto de Espanha, capital do país. Mais de um milhão de pessoas assistem aos desfiles de domingo e de segunda-feira, com importante disputa pelo primeiro prêmio. Na maioria das vezes, é a companhia Mahogany, comandada pelo designer Clary Salandy, que leva o troféu de melhor grupo. Os carnavais de Nice e do Rio exercem influência também na Ásia. Além de numerosas escolas de samba no Japão, carnavalescos de Nice participam de desfiles em Cingapura, na Chingay Parade, e em Macau, na Parada Latina, que acontece todos os anos, em dezembro. Como dizia Joãosinho Trinta, “carnaval é coisa séria”. Os carnavalescos são como comerciantes da felicidade. Por isso, deveria-se pensar em dar o Prêmio Nobel da Paz ao carnaval.

Annie Sidro PRESIDENTE DO CARNAVAL SANS FRONTIÈRES CONSULTORA DE CARNAVAL DA UNESCO RESPONSÁVEL PELA GEMINAÇÃO NICE-RIO (1983-2000) SECRETÁRIA GERAL E COORDENADORA DO FESTIVAL BRÉSILIEN DE NICE (1984) CIDADÃ-HONORÁRIA DO RIO DE JANEIRO (1990)

53


Agenda 18 de fevereiro | sábado Bloco Simpatia é quase amor (16h) – Praça General Osório (Ipanema)

HUDSON PONTES | RIOTUR

19 de fevereiro | domingo Suvaco do Cristo (9h) – Rua Jardim Botânico (Jardim Botânico) Gigantes da Lira (infantil – 9h) – Rua General Glicério (Laranjeiras) Escravos da Mauá (13h) – Largo São Francisco da Prainha (Saúde)

24 de fevereiro | sexta-feira: Rei Momo recebe as chaves da cidade Bloco das Carmelitas (15h) – Largo do Curvelo (Santa Teresa) Desfile das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (21h) – Sambódromo

25 de fevereiro | sábado: FERNANDO MAIA | RIOTUR

Cordão da Bola Preta (9h30) – Rua Primeiro de Março (Centro) Macarronada Carnavalesca (13h) – Centro Cultural Cordão da Bola Preta (Centro) Bloco do Barbas (15h) – Rua Arnaldo Quintela (Botafogo ) Banda de Ipanema (16h) – Praça General Osório (Ipanema) Desfile das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (21h) – Sambódromo Baile Magic Ball (23h) – Hotel Copacabana Palace (Copacabana)

26 de fevereiro | domingo: Bloco Simpatia é quase amor (16h) – Praça General Osório (Ipanema) Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial (22h) – Sambódromo

27 de fevereiro | segunda-feira: Bloco Sargento Pimenta (10h) – Aterro do Flamengo (entre o MAM e a Marina da Glória) HUDSON PONTES | RIOTUR

Banda de Ipanema (infantil – 16h) – Praça General Osório (Ipanema) Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial (22h) – Sambódromo

28 de fevereiro | terça-feira Bloco das Carmelitas (10h) – Largo do Curvelo (Santa Teresa) Banda de Ipanema (16h) – Praça General Osório (Ipanema) Bloco das Carmelitas (17h) – Largo do Curvelo (Santa Teresa) Desfile das Escolas de Samba Mirins (21h) – Sambódromo

4 de março | sábado Desfile das Campeãs (21h30) – Sambódromo

HUDSON PONTES | RIOTUR

Bloco Mulheres de Chico (18h) – Praia do Leme (próximo ao Costão)

54

5 de março | domingo Bloco Monobloco (9h) – Rua Primeiro de Março (Centro)


55


56


GABRIEL SANTOS | RIOTUR

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Horário dos Desfiles Horário

26 de Fevereiro Domingo

27 de Fevereiro Segunda-feira

04 de Março Sábado das Campeãs

22h

Paraíso do Tuiuti

União da Ilha do Governador

6° Colocada

entre 23h05 e 23h15

Acadêmicos do Grande Rio

São Clemente

5° Colocada

entre 00h10 e 00h30

Imperatriz Leopoldinense

Mocidade Independente de Padre Miguel

4° Colocada

entre 01h15 e 01h45

Unidos de Vila Isabel

Unidos da Tijuca

3° Colocada

entre 02h20 e 03h00

Acadêmicos do Salgueiro

Portela

2° Colocada

entre 03h25 e 04h15

Beija-Flor de Nilópolis

Estação Primeira de Mangueira

1° Colocada

57


Carnavaleidoscópio Tropifágico

Criado há 65 anos a partir da fusão das escolas Unidos do Tuiuti e Paraíso das Baianas, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti manteve tímida participação no mundo do samba até a década de 1980. Esta é a segunda vez que a agremiação, cujo símbolo é uma coroa, participa do desfile do Grupo Especial. A primeira foi em 2001. A Paraíso do Tuiuti é uma escola de samba eminentemente comunitária, não conta com um patrono ou benfeitor. Os recursos vêm de contribuições de seus integrantes, moradores do morro do Tuiuti, em São Cristóvão. Nem a pressão por estar na elite do carnaval carioca levou a escola a abrir alas comerciais. Os dirigentes da azul e amarelo costumam doar as fantasias para a comunidade e aos componentes que frequentam regularmente os ensaios.

58

Com sede no Campo de São Cristóvão, a Paraíso do Tuiuti abrirá os desfiles do Grupo Especial de 2017, no domingo. A agremiação comemora os 50 anos da Tropicália com samba-enredo composto por Rafael Bernini, Carlinhos Chirrinha, Luís Caxias, Wellington Onirê e Fernandão. Com referências também ao manifesto antropofágico, passando por Pindorama e Macunaíma, a escola rende homenagem aos baianos Tom Zé, Gilberto Gil e Caetano Veloso, já reverenciado pela escola, em 2011, com o enredo “O mais doce bárbaro”, que deu o campeonato do Grupo de Acesso B ao Tuiuti. Além de contar com antigos parceiros – como o carnavalesco Jack Vasconcelos, o Mestre Ricardinho e Caroline Marins, que estreou como rainha da bateria em 2016 –, a escola terá o reforço de Wantuir, ex-intéprete da Portela, Unidos da Tijuca e Grande Rio; do coreógrafo Jaime Arôxa, que trabalhou para Mangueira, Mocidade e Vila Isabel; e da dupla de mestre-sala e porta-bandeira Marquinho e Giovanna, que durante muitos anos defendeu a vizinha – e madrinha – Mangueira.


59

GABRIEL SANTOS | RIOTUR


60

RAPHAEL DAVID | RIOTUR


ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

PRESIDENTE

Renato “Thor” Ribeiro Marins CARNAVALESCO

SAMBA-ENREDO

Rafael Bernini, Carlinhos Chirrinha, Luís Caxias, Wellington Onirê e Fernandão

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Jack Vasconcellos

DIRETOR DE BATERIA

Mestre Ricardinho INTÉRPRETE

Wantuir COMISSÃO DE FRENTE

Jaime Arôxa MESTRE-SALA

Marquinho PORTA-BANDEIRA

Giovanna RAINHA DE BATERIA

Caroline Marins CORES

azul e amarelo FUNDAÇÃO

5 de abril de 1952 61


Ivete do rio ao Rio! Quem não acompanha os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de perto nem imagina que o Grêmio Recreativo Acadêmicos do Grande Rio foi criado há menos de 30 anos. A escola de samba mais nova do campeonato costuma dar o que falar na avenida graças, principalmente, às celebridades que vestem suas fantasias, como as rainhas de bateria Danielle Winits, Deborah Secco, Grazi Massafera, Susana Vieira e a atual Paloma Bernardi. A Grande Rio foi fundada em 1988, em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense. Sua ascenção ao Grupo Especial foi rápida, e, desde 1993, mantém-se entre as grandes escolas. Este ano, a popularidade da Grande Rio promete ser ainda maior, com o enredo em homenagem à cantora, atriz e apresentadora de programas de televisão Ivete 62

Sangalo. Para atender aos inúmeros pedidos de fãs da cantora de todo o Brasil e também de moradores de Caxias que não conseguem comparecer a todos os ensaios, a escola abriu quatro alas comerciais, com venda de fantasias. Com mais de 20 anos de carreira, Ivete empolgou-se com a homenagem e fez questão de prestigiar alguns ensaios da escola ao longo do ano. Veveta, como é carinhosamente chamada, esteve presente na disputa para definição do samba-enredo e não só anunciou o vencedor como cantou o samba vitorioso do sexteto Paulo Onça, Kaká, Dinho, Rubens Gordinho, Alan e Moreno. Estrela do carnaval da Bahia, Ivete, este ano, marcará presença também na Sapucaí. Não dá para saber se trará sorte para a Grande Rio, mas é certo que a escola vai levantar poeria e fazer muita festa na avenida!


63

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR


64

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR


GABRIEL SANTOS | RIOTUR RAPHAEL DAVID | RIOTUR

PRESIDENTE

Milton Perácio PRESIDENTE DE HONRA

Jayder Soares e Helinho de Oliveira CARNAVALESCO

SAMBA-ENREDO

Paulo Onça, Kaká, Dinho, Rubens Gordinho, Alan e Moreno

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

Fábio Ricardo

MESTRE DE BATERIA

Thiago Diogo INTÉRPRETE

Emerson Dias COMISSÃO DE FRENTE

Priscilla Mota e Rodrigo Negri MESTRE-SALA

Daniel Werneck PORTA-BANDEIRA

Verônica Lima RAINHA DE BATERIA

Paloma Bernardi CORES

vermelho, verde e branco DATA DE FUNDAÇÃO

22 de setembro de 1988 65


Xingu – O clamor que vem da floresta Fundado em 1959, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense traz, em sua bandeira, uma coroa, símbolo da escola, e onze estrelas douradas, que representam os bairros da região da Leopoldina. A quadra de ensaios da agremiação fica em Ramos, perto da estação de trem, garantindo fácil acesso a todos. Em sua história, a Imperatriz foi oito vezes campeã, seis delas já na Era Sambódromo. Um de seus maiores trunfos é a ex-modelo e atual atriz Luiza Brunet, que volta este ano à avenida como musa da escola. Já a rainha de bateria Cris Vianna anunciou que, depois do desfile de 2017, vai deixar o posto para dedicar-se a outros projetos pessoais. 66

Depois de focar na música sertaneja, no futebol e na África, a Imperatriz Leopoldinense leva, este ano, para a Marquês de Sapucaí uma mensagem de esperança e de amor ao próximo, presente na cultura dos primeiros habitantes do Brasil. O enredo rende homenagem ao Parque Indígena do Xingu, que fica no Mato Grosso e completa 55 anos de fundação. O desfile apresentará lendas, crenças e costumes dos índios, da celebração tribal aos monstros do progresso, do clamor da floresta aos “caciques brancos”. O carnavalesco Cahê Rodrigues visitou o parque para conhecer um pouco mais sobre o dia a dia de uma aldeia indígena. Para ele, o principal objetivo deste enredo é despertar o respeito e a importância da preservação da cultura dos povos do Xingu.


67

LIESA | FAT PRESS | RIOTUR


68

TATA BARRETO | RIOTUR


LIESA | FAT PRESS | RIOTUR RAPHAEL DAVID | RIOTUR

PRESIDENTE

Luiz Pacheco Drumond CARNAVALESCO

SAMBA-ENREDO

Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna

LIESA | FAT PRESS | RIOTUR

Cahê Rodrigues

DIRETOR DE BATERIA

Mestre Lolo INTÉRPRETE

Arthur Franco COMISSÃO DE FRENTE

Cláudia Motta MESTRE-SALA

Thiaguinho Mendonça PORTA-BANDEIRA

Rafaela Theodoro RAINHA DE BATERIA

Cris Vianna CORES

verde, branco e ouro DATA DE FUNDAÇÃO

6 de março de 1959 69


O som da cor

Samba e tradição cruzam-se nas esquinas de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Ali nasceu Noel Rosa, um dos responsáveis pela aproximação do “samba do morro” com o do “asfalto”, e cuja obra está eternizada em notas musicais estampadas nas calçadas do bairro. Inspirado no Poeta da Vila, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel conta, nos dias de hoje, com a participação ativa de outro artista consagrado da música brasileira: Martinho da Vila, presidente de honra da escola, reverenciada em seu nome artístico. Quebrando um pouco a tradição, o septuagenário Grêmio Recreativo Unidos de Vila Isabel mantém como rainha de bateria uma paulista de ascendência japonesa há sete anos. A apresentadora Sabrina Sato é um dos trunfos da escola na avenida e é sempre aclamada por componentes e torcedores da azul e branco.

70

A Vila Isabel levará para a avenida a origem africana dos ritmos musicais, cantada no samba de Artur das Ferragens, Gustavinho Oliveira, Danilo Garcia, Braguinha e Rafael Zimmermann. Esta não é a primeira vez que o continente é enredo da agremiação, cujo pavilhão tem a coroa da princesa libertadora dos escravos. O principal exemplo é “Kizomba, festa da raça”, enredo que deu título à escola e é homenageado no refrão deste ano: “Ôô, Kizomba é a Vila, firma o batuque no som da cor”. Além do centenário samba, a Vila descortina a origem africana de outros ritmos, do afoxé ao jazz, passando por rock, blues, funk, lundu, rap, axé, hip hop e soul. Na busca pela perfeição no quesito harmonia, que lhe valeu apenas uma nota 10 no desfile de 2016, o intérprete Igor Sorriso contará com sete vozes de apoio, dois cavaquinhos, um violão e toda a potência da bateria Swingueira de Noel, comandada por Mestre Wallan.


71

FERNANDO GRILLI | RIOTUR


72

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR


ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR RAPHAEL DAVID | RIOTUR

PRESIDENTE

Levi Júnior (Juninho) PRESIDENTE DE HONRA

Martinho da Vila CARNAVALESCO

SAMBA-ENREDO

Artur das Ferragens, Gustavinho Oliveira, Danilo Garcia, Braguinha e Rafael Zimmerman

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Alex de Souza

MESTRE DE BATERIA

Mestre Wallan INTÉRPRETE

Igor Sorriso COMISSÃO DE FRENTE

Patrick Carvalho MESTRE-SALA

Raphael Rodrigues PORTA-BANDEIRA

Amanda Poblete RAINHA DE BATERIA

Sabrina Sato CORES

azul e branco DATA DE FUNDAÇÃO

4 de abril de 1946 73


A divina comédia do carnaval

74

Desde sua fundação, em 1953, o Grêmio Recreativo Acadêmicos do Salgueiro marca presença no desfile principal do Rio, tendo se consagrado nove vezes campeão. A agremiação surgiu no morro do Salgueiro, a partir da união de dois blocos de carnaval da localidade: o Azul e Branco e o Depois Eu Digo.

O sexteto que assina a autoria do samba-enredo do Salgueiro deste ano é o mesmo do ano passado, cujo refrão empolgou a avenida. O enredo foi construído a partir de suposto desembarque do poeta italiano Dante Alighieri, autor da “Divina Comédia”, em plena Marquês de Sapucaí.

Por seu barracão, passaram alguns dos mais importantes carnavalescos, entre os quais Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Rosa Magalhães. Com Renato Lage e sua esposa Márcia, a escola mantém a parceria mais longeva, iniciada em 2003. Outras parcerias duradouras foram estabelecidas com o Mestre Marcão, à frente da Furiosa desde 2005, e com a rainha de bateria Viviane Araújo, que soma nove anos de Salgueiro.

Assim como no clássico da literatura universal, o desfile será dividido em três partes: “Inferno”, “Purgatório” e “Paraíso”. Carros alegóricos, fantasias e adereços representarão os tenentes do diabo, a barca para o inferno, os penitentes, a purificação e a Santíssima Trindade. Para acompanhar o tema, a pegada carnavalesca promete ser mais clássica, tradicional, bem diferente da proposta do ano passado, centrada na figura do malandro.


75

GABRIEL SANTOS | RIOTUR


76

LIESA | FAT PRESS | RIOTUR


FERNANDO GRILLI | RIOTUR GABRIEL SANTOS | RIOTUR

PRESIDENTE

Regina Celi Fernandes CARNAVALESCOS

Renato e Márcia Lage Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino

FERNANDO MAIA | RIOTUR

SAMBA-ENREDO

DIRETOR DE BATERIA

Mestre Marcão INTÉRPRETES

Leonardo Bessa e Serginho do Porto COMISSÃO DE FRENTE

Hélio Bejani MESTRE-SALA

Sidclei PORTA-BANDEIRA

Marcella Alves RAINHA DE BATERIA

Viviane Araújo CORES

vermelho e branco DATA DE FUNDAÇÃO

5 de março de 1953 77


A Virgem dos Lábios de Mel – Iracema Fundada em 1948, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor tem 68 anos de tradição, 13 títulos no Grupo Especial, seis deles já no século XXI. Dois nomes marcaram a história da agremiação de Nilópolis a partir de 1976: Joãosinho Trinta e Neguinho da Beija-Flor. O primeiro foi, por 16 anos, carnavalesco da escola, para a qual contribuiu para a conquista de cinco campeonatos e produziu desfiles antológicos, como o polêmico e arrebatador "Ratos e urubus, larguem a minha fantasia" (1989). Já o segundo é o intérprete titular absoluto na função há mais de 40 anos. O sorriso largo e o grito de guerra “Olha a Beija-Flor aí, gente!” de Neguinho da Beija-Flor são marcas registradas da escola. Outras figuras intimamente ligadas à Beija-Flor são Laíla, diretor de carnaval e de harmonia há mais de 20 anos sem interrupção, sem contar períodos anteriores; e Raíssa de Oliveira, que se tornou rainha de bateria em 2003, quando tinha apenas 12 anos. 78

O clássico da literatura brasileira “Iracema”, escrito por José de Alencar há 150 anos, é a fonte de inspiração do enredo da Beija-Flor este ano. A escola da Baixada Fluminense leva à Sapucaí a história de amor entre uma índia e um homem branco, representando a história da miscigenação do povo brasileiro, parte da própria história do país e da América, curiosamente um anagrama do título do romance. O grande desafio da azul e branco de Nilópolis é transformar a lenda que virou símbolo do estado do Ceará em uma autêntica ópera popular indianista encenada a céu aberto. Com cores vivas, o desfile terá colorido tipicamente tropical: “Vamos dar ao povo brasileiro um dia de brasilidade”, explica Laíla.


79

TATA BARRETO | RIOTUR


80

FERNADO GRILLI | RIOTUR


FERNADO GRILLI | RIOTUR FERNANDO MAIA | RIOTUR

PRESIDENTE

Farid Abrahão David PRESIDENTE DE HONRA

Anísio Abrahão David COMISSÃO DE CARNAVAL

SAMBA-ENREDO

Claudemir, Maurição, Ronaldo Barcellos, Bruno Ribas, Fábio Alemão, Wilson Tatá, Alan Vinícius e Betinho Santos

TATA BARRETO | RIOTUR

Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, André Cezari, Victor Santos, Claudio Russo e Bianca Behrends

MESTRES DE BATERIA

Plínio e Rodney INTÉRPRETE

Neguinho da Beija-Flor COMISSÃO DE FRENTE

Marcelo Misailidis MESTRE-SALA

Claudinho PORTA-BANDEIRA

Selminha Sorriso RAINHA DE BATERIA

Raíssa de Oliveira CORES

azul e branco DATA DE FUNDAÇÃO

25 de dezembro de 1948 81


Nzara Ndembu – Glória ao Senhor Tempo A Ilha do Governador é a sede de uma das escolas de samba mais queridas do carnaval carioca: o Grêmio Recreativo União da Ilha do Governador, ou simplesmente União da Ilha. A simpatia do público pela escola vem da criatividade de seus desfiles, geralmente baratos e animados, além da popularidade de sambas-enredo das décadas de 1970 e 1980, entoados mesmo fora do período momesco, como “Domingo” (1977), “O amanhã” (1978) e “É hoje” (1982).

Fundada em 1953, a agremiação nunca foi campeã do Grupo Especial. Sua melhor colocação foi em 1980, quando conquistou o vice-campeonato com “Bom, bonito e barato”. Esse, aliás, segue como lema da escola até hoje. 82

Habituada a abordar temas leves e do cotidiano – como o futebol e a própria história da escola –, a azul, vermelho e branco levará ao Sambódromo a África sob um ponto de vista diferente do habitual. O foco do enredo é a cultura dos bantus, da nação de Angola, menos explorada no Brasil do que a mitologia yorubá. A ideia é mostrar o inquice (santo ou orixá) Tempo e como se estabelecem as relações do homem com o universo na cultura bantu. O desfile será uma celebração do Tempo Rei, desvendando seus mistérios e revelando sua riqueza ecológica e as belezas do firmamento. O objetivo é, após a passagem dos atabaques da Ilha na avenida, deixar uma mensagem de amor ao planeta, com ênfase na preservação da natureza.


83

FERNANDO GRILLI | RIOTUR


84

FERNANDO GRILLI | RIOTUR


FERNANDO GRILLI | RIOTUR FERNANDO GRILLI | RIOTUR

PRESIDENTE

Ney Filardi PRESIDENTE DE HONRA

Paulo Amargoso CARNAVALESCO

Severo Luzardo Marinho, Lobo Junior, Felipe Mussili, Beto Mascarenhas, Dr. Robson, Rony Sena, Marcelão e MM

FERNANDO GRILLI | RIOTUR

SAMBA-ENREDO

MESTRE DE BATERIA

Mestre Ciça INTÉRPRETE

Ito Melodia COMISSÃO DE FRENTE

Carlinhos de Jesus MESTRE-SALA

Phelipe Lemos PORTA-BANDEIRA

Dandara Ventapane RAINHA DE BATERIA

Tânia Oliveira CORES

azul, vermelho e branco DATA DE FUNDAÇÃO

7 de março de 1953 85


Onisuaquimalipanse (Envergonhe-se quem pensar mal disso) A história do Grêmio Recreativo Escola de Samba São Clemente está ligada à família de seu fundador e carnavalesco Ivo da Rocha Gomes, que presidiu a escola de 1961 a 1980. Após um breve intervalo, em 1987, foi a vez de seu filho Ricardo Almeida Gomes assumir o posto, no qual ficou por 20 anos. Ricardo foi substituído pelo irmão Renato em 2008, mas nunca se afastou da escola, sendo o atual diretor de carnaval, função que, desde 1998, alterna com outro irmão, Roberto. Ao longo dos anos, o comando da escola contou ainda com um quinto elemento do clã, a irmã Regina, que, assim como Renato, passou pela bateria da São Clemente. O ano de 2017 é o sétimo consecutivo da São Clemente entre as grandes escolas de samba, sendo esta sua 17ª participação no grupo. A agremiação é a única representante da Zona Sul da cidade no Grupo Especial. De Botafogo para a avenida Marquês de Sapucaí, humor e visão crítica dos temas da atualidade continuam sendo a marca registrada dos desfiles da São Clemente. 86

Com título difícil de ser pronunciado, o enredo da São Clemente abordará a França do século XVII. Apesar de não contar com patrocínio do país europeu, o embaixador Laurent Bili e o cônsul Brice Roquefeuil deram total apoio à escola, promovendo sua aproximação com empresas francesas aqui instaladas. A história, ao mesmo tempo provocativa e atual, fala de um rei (Luis XIV) que queria se divertir e, para isso, delegou a um ministro (Nicolas Fouquet) suas finanças. O tal ministro construiu um palácio (Vaux-le-Vicomte) e convidou o rei para a inauguração, provocando sua ira. Depois de ordenar a prisão do ministro, o monarca mandou construir um castelo (Versalhes) ainda maior para si mesmo. Qualquer semelhança com o momento atual é mera coincidência.


87

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR


88

FERNANDO GRILLI | RIOTUR


GABRIEL SANTOS | RIOTUR ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

PRESIDENTE

Renato Almeida Gomes CARNAVALESCA

Rosa Magalhães Toninho Nascimento, Luiz Carlos Máximo, Anderson Paz, Gustavo Albuquerque, Camilo Jorge e Marcelo SP MESTRES DE BATERIA

MARCO ANTONIO CAVALCANTI | RIOTUR

SAMBA-ENREDO

Gilberto Almeida (Gil) e Caliquinho INTÉRPRETE

Leozinho Nunes COMISSÃO DE FRENTE

Sérgio Lobato MESTRE-SALA

Fabrício Pires PORTA-BANDEIRA

Denadir Garcia RAINHA DE BATERIA

Raphaela Gomes CORES

amarelo e preto DATA DE FUNDAÇÃO

25 de outubro de 1961 89


As mil e uma noites de uma Mocidade pra lá de Marrakesh Com mais de 60 anos, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel ficou conhecida por suas inovações. O mítico Mestre André fez escola, em 1959, com sua célebre “paradinha”, até hoje reproduzida pelas baterias das escolas de samba. Outra novidade que a Mocidade introduziu nos desfiles foi a figura da rainha de bateria no começo da década de 1980, com a famosa mulata Adele Fátima. Este ano, a angolana Carmen Mouro será a primeira rainha de bateria africana do carnaval carioca, substituindo a cantora Cláudia Leitte. A Mocidade Independente fica no subúrbio de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio. Com 33 mil m2 e capacidade para 12 mil pessoas, a quadra da escola é conhecida como “Maracanã do samba”. A agremiação possui cinco títulos no Grupo Especial, mas, nos útlimos anos, ficou de fora do Desfile das Campeãs. 90

O desafio da verde e branco de Padre Miguel este ano é resumir as mil e uma noites de seu enredo em um desfile de, no máximo, 82 minutos. Para isso, a caravana verde e branco será guiada pelas estrelas do pavilhão da escola e do Marrocos, e embalada pelo calor da bateria da Mocidade Independente, que, como diz o samba, não existe mais quente! As fantasias e alegorias da escola estarão relacionadas à cultura árabe. Haverá torres com abóbadas pontiagudas douradas, barracas de mercado, tapetes, temperos, louças, odaliscas e até baianas reverenciando o chá! Para fechar, os pedidos da comunidade da Vila Vintém ao Rei Momo – verdadeiro gênio da lâmpada – podem ser resumidos num único desejo: “céu de Sherazade” durante todo o desfile!


91

MARCO ANTONIO CAVALCANTE | RIOTUR


92

GABRIEL SANTOS | RIOTUR


RAPHAEL DAVID | RIOTUR FERNANDO MAIA | RIOTUR

PRESIDENTE

Wandyr Trindade (Vô Macumba) Rogério de Andrade CARNAVALESCO

Alexandre Louzada e Edson Pereira MESTRES DE BATERIA

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

PRESIDENTE DE HONRA

Mestre Dudu INTÉRPRETE

Wander Pires COMISSÃO DE FRENTE

Jorge Teixeira e Saulo Finelon MESTRE-SALA

Diogo Jesus PORTA-BANDEIRA

Cristiane Caldas RAINHA DE BATERIA

Carmen Mouro CORES

verde e branco DATA DE FUNDAÇÃO

10 de novembro de 1955 93


Música na alma, inspiração de uma nação Uma das escolas mais antigas do Rio de Janeiro, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca formou-se a partir da fusão de blocos da região do Morro da Borel, na Zona Norte da cidade. Fundada em 1931, a escola conquistou seu primeiro campeonato cinco anos depois. Mas foram os anos 2000 que consolidaram a participação da agremiação entre as melhores do Grupo Especial. Nesse período, a Unidos da Tijuca foi campeã três vezes e vice-campeã outras quatro, inclusive no ano passado. A temporada de sucesso deve-se, em grande parte, a seus componentes. Do presidente Fernando Horta, no comando da escola desde 2001, aos integrantes da comunidade, que muitas vezes ganham fantasias para o desfile por terem vestido a camisa da Unidos da Tijuca durante o ano inteiro, todos sentem-se responsáveis pelo bom desempenho da escola. 94

A música norte-americana e suas vertentes – do country ao pop, passando por jazz, blues e gospel, além das trilhas sonoras de filmes e peças de teatro – vão embalar o desfile da Unidos da Tijuca. O enredo é livremente inspirado no que teria sido discutido no encontro entre Pixinguinha e Louis Armstrong, promovido pelo presidente Juscelino Kubitschek, em 1957, no Rio de Janeiro. A maior expectativa do desfile deste ano é uma ala em homenagem à diva do pop Beyoncé. Os 150 componentes, escolhidos com total liberdade de gênero, prometem sacudir a avenida mesclando o suíngue do samba e do stiletto (dança com salto alto, que combina passos de jazz, vogue e hip hop). Com peruca, figurino e maquiagem, os covers da cantora americana revelarão autênticas versões tijucanas de Beyoncé, convidada de honra da escola. O figurino da bateria, inspirado em Elvis Presley, também promete chamar a atenção na avenida.


95

LIESA | FAT PRESS | RIOTUR


96

ADRIANA LORETE | RIOTUR


TATA BARRETO | RIOTUR FERNANDO GRILLI | RIOTUR

PRESIDENTE

Fernando Horta Mauro Quintaes, Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo SAMBA-ENREDO

Totonho, Fadico, Josemar Manfredini, Dudu

FERNANDO GRILLI | RIOTUR

COMISSÃO DE CARNAVAL

MESTRE DE BATERIA

Mestre Casagrande INTÉRPRETE

Tinga COMISSÃO DE FRENTE

Alex Neoral MESTRE-SALA

Julinho Nascimento PORTA-BANDEIRA

Rute Alves RAINHA DE BATERIA

Juliana Alves azul e amarelo DATA DE FUNDAÇÃO

31 de dezembro de 1931

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

CORES

97


Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?

98

Diz o ditado que “quem foi rei nunca perde a majestade”. Assim é com a Portela. Com 21 títulos na bagagem, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, conhecido como “A Majestade do Samba”, é o maior campeão do carnaval carioca e, apesar de estar há mais de duas décadas sem vencer, figura entre as agremiações mais cultuadas do Rio de Janeiro.

Os versos famosos do ilustre portelense Paulinho da Viola (“Foi um rio que passou em minha vida / e meu coração se deixou levar”) serviram de inspiração para o enredo “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?”. O tema é amplo e fala sobre os mistérios e as belezas dos maiores rios do mundo, mas também do rio portelense, no sentido figurado.

Fundada em 1923 na divisa dos bairros de Oswaldo Cruz e Madureira, a Portela é celeiro de bambas. Em dezembro de 2016, sua ala de compositores ganhou uma sala na quadra da escola para organizar seus arquivos e troféus. A decoração inclui caricaturas de representantes importantes da ala, como Paulo da Portela, Zé Kéti, Candeia e João Nogueira.

Símbolo da escola, a águia virá, transparente, bebendo a água logo na nascente. Na avenida, estarão representados ainda seres míticos dos rios, da sereia Iara a dragões; a importância dos rios na história antiga e contemporânea das civilizações; a alma dos rios, fonte de inspiração artística e literária; e o rio de poesia e lirismo da azul e branco, que costuma provocar arrepios naqueles que frequentam a Marquês de Sapucaí.


99

TATA BARRETO | RIOTUR


100

LIESA | FAT PRESS | RIOTUR


GABRIEL SANTOS | RIOTUR GABRIEL SANTOS | RIOTUR

PRESIDENTE

Luis Carlos Magalhães PRESIDENTE DE HONRA

Monarco CARNAVALESCO

Paulo Barros Samir Trindade, Elson Ramires, Neizinho do Cavaco, Paulo Lopita 77, Beto Rocha, Girão e J.Sales

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

SAMBA-ENREDO

MESTRE DE BATERIA

Nilo Sérgio INTÉRPRETE

Gilsinho COMISSÃO DE FRENTE

Leo Sena e Kelly Siqueira MESTRE-SALA

Alex Marcelino PORTA-BANDEIRA

Danielle Nascimento RAINHA DE BATERIA

Bianca Monteiro CORES

azul e branco DATA DE FUNDAÇÃO

11 de abril de 1923 101


Só com a ajuda do santo Com 19 títulos, a Estação Primeira de Mangueira é a atual campeã do carnaval carioca, título que marcou a estreia do carnavalesco Leandro Vieira no Grupo Especial. Às véperas de completar 90 anos, a escola é das mais antigas e cultuadas do Rio de Janeiro. A fim de valorizar sua história, a agremiação reabriu, em dezembro, o Centro de Memória Verde e Rosa, que ficou dez anos fechado. O acervo é composto por fotos, fantasias, discos, instrumentos musicais e outros documentos. Entre os bambas que fizeram – e fazem – parte dessa história, estão os fundadores da agremiação Carlos Cachaça e Cartola; o intérprete Jamelão, que cantou o samba na avenida por 57 anos; o mestre-sala Delegado; o baluarte Nelson Sargento, atual presidente de honra da escola; e as cantoras Beth Carvalho e Alcione. Todas personagens queridas, que, ao longo do tempo, emprestam seus talentos à Mangueira. 102

A Mangueira vai entrar na avenida com a bênção de todos os santos: de Santa Clara, que promete afastar as chuvas, aos guerreiros São Jorge e São Sebastião, passando por São João, São Francisco, São Cosme e São Damião, São Benedito, Santo Expedito e mesmo os de casa, que, como reza o ditado, não fazem milagre. Como se não bastasse, a escola pede passagem também a orixás, crenças e simpatias populares. A temática das fantasias e alegorias é bastante ampla. “Armas de Jorge”, “Axé dos orixás”, “Romeiros de Nossa Senhora”, “Valei-me, meu padim” e “Gira de caboclo” são alguns exemplos. Vale tudo na disputa por proteção. Afinal, já faz tempo que a Mangueira virou religião.


103

FERNANDO GRILLI | RIOTUR


104

TATA BARRETO | RIOTUR


RAPHAEL DAVID | RIOTUR MARCO ANTONIO CAVALCANTI | RIOTUR

PRESIDENTE

Francisco de Carvalho – Chiquinho da Mangueira PRESIDENTE DE HONRA

Nelson Sargento CARNAVALESCO

SAMBA-ENREDO

Lequinho, Júnior Fionda, Flavinho Horta, Gabriel Martins e Igor Leite

TATA BARRETO | RIOTUR

Leandro Vieira

DIRETOR DE BATERIA

Rodrigo Explosão e Vitor Art INTÉRPRETE

Ciganerey COMISSÃO DE FRENTE

Junior Scapim MESTRE-SALA

Matheus Olivério PORTA-BANDEIRA

Squel RAINHA DE BATERIA

Evelyn Bastos CORES

verde e rosa DATA DE FUNDAÇÃO

28 de abril de 1928 105


106


107


Camarote Global

FOTOS: ALAN CHAVES

Conforto, serviรงos classe A e uma equipe preparada para garantir a seus convidados o melhor do carnaval.

108


109


O Camarote Global é lugar de encontros inesquecíveis, como o de Gustavo Travassos (ao lado), vocalista do Galo da Madrugada, com os músicos do Cordão da Bola Preta (acima), representando os dois maiores e mais tradicionais blocos de Recife e do Rio de Janeiro, respectivamente 110

FOTOS: ALAN CHAVES

Camarote Global


APRECIE COM MODERAÇÃO

111


2017 H.Stern� | hstern.net/hsterninrio

WORLD HEADQUARTERS

Rua Garcia D’Ávila, 113 Ipanema

@hsternofficial

Rio de Janeiro

client.service@hstern.com.br

Rio de Janeiro, New York, London, Paris, Shanghai And other cities around the world. 112


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.