REVISTA GLOBAL 2016

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poteose Ă­mpica l O


A EQUIPE FURNAS DESEJA MUITA ENERGIA NESTE CARNAVAL. Furnas. Energia que impulsiona o Brasil.

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Cesar Cielo - Atleta da natação - Diego Hypolito - Ginasta artístico, Renato Alves – Treinador de Ginasta artístico, Daniele Hypolito - Ginasta artístico, Petrix Stevan - Ginasta artístico, Jade Barbosa - Ginasta artístico, Sergio Yoshio Sasaki - Ginasta artístico, Caio Campos Sousa - Ginasta artístico, Daiane dos Santos - Ginasta artístico, Athur Zanetti - Ginasta artístico, Víctor Penalber - Judô, Maria Clara Salgado - Vôlei de Praia, Carolina Solberg - Vôlei de Praia, Bruno Schmidt - Vôlei de Praia, Pedro Solberg - Vôlei de Praia, Chloé Calmon - Surfista de longboard.


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O Rio de Janeiro tem tradição de botar o bloco na rua. Quem pula Carnaval aqui não se esquece. E a Farra de Momo, este ano, tem um enredo diferente: será uma espécie de abre-alas para os primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos da América do Sul. A partir de agosto, a maior festa esportiva do planeta vai embalar os nossos dias. Foram seis anos de muito trabalho para fazer bonito na recepção de 15 mil atletas e milhares de turistas. Quinhentos mil visitantes estrangeiros devem visitar o Brasil no período das competições, e o Rio de Janeiro será a principal porta de entrada. As Olimpíadas nos fizeram avançar em transformações fundamentais para o amadurecimento sustentável do território que desejamos cultivar. A maior obra de infraestrutura urbana da América Latina é um exemplo do que estou falando. Quase 10 mil operários dedicaram-se na construção da Linha 4 do metrô, que ligará a Zona Sul à Barra da Tijuca. Os 16 quilômetros de extensão vão transportar mais de 300 mil pessoas por dia, tirando das ruas dois mil veículos por hora, nos períodos de maior movimento. Historicamente unidas, as três esferas de governo promoveram uma requalificação urbana nas principais áreas da cidade e seus arredores, beneficiando um total de dois milhões de moradores. Os Jogos Olímpicos também vão entrar para a história pela engenharia financeira adotada: quase 60% dos custos foram viabilizados pelo setor privado. A região portuária é outro símbolo de como a cidade pode consolidar de maneira positiva esse processo de revitalização, resgatando o seu passado e construindo um novo futuro. A equipe do prefeito Eduardo Paes fez um trabalho extraordinário na recuperação de uma área de cinco milhões de metros quadrados que, por décadas, ficou abandonada. As Olimpíadas são uma chance fantástica para melhorar efetivamente a qualidade de vida das pessoas. E como o nosso prefeito mesmo diz, usando as palavras de Pascal Maragal, prefeito de Barcelona à época dos Jogos de 1992, "as Olimpíadas devem servir à cidade e não apenas se servirem dela". Apesar do dificílimo cenário econômico do país, seguimos nos rumos do desenvolvimento, primando pela manutenção dos postos de trabalho, investindo cada vez mais em segurança, saúde, educação e mobilidade. Quando a última medalha olímpica for entregue, constataremos que a Cidade Maravilhosa foi capaz de aproveitar todos os investimentos e dar ainda mais qualidade de vida para os seus moradores. A expertise de quem já organiza o maior carnaval do planeta conta milhares de pontos nesse enredo. Foram muitos desafios, e fizemos o dever de casa para apresentar ao mundo os melhores Jogos da Era Moderna. Aproveitem os dias de folia para conhecer os novos contornos do nosso Rio de Janeiro.

Luiz Fernando Pezão GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO | GOVERNOR OF THE STATE OF RIO DE JANEIRO

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DIVULGAÇÃO

Na cadência olímpica

In step with the Olympics Rio de Janeiro has a tradition of street festivals. Anyone who has taken part in a Carnival parade in Rio will never forget the experience. And this year Carnival will have a different theme: it will serve as an opening for the first Olympic and Paralympic Games held in South America. Starting in August, the world’s largest sporting event will fill our days with excitement. It has taken six years of hard work to give 15,000 athletes and thousands of tourists the reception they deserve. Half a million foreigners are expected to visit Brazil during the games and Rio de Janeiro is the main point of entry. The Olympics have allowed us to make transformations key to the sustainability that we, as a state, strive to cultivate. The largest urban infrastructure project in Latin America is an example of what I’m talking about. Almost 10,000 workers are dedicated to building Line 4 of the Metrô, which will link the city’s southern zone with Barra da Tijuca. This 16 kilometer stretch of track will carry over 300,000 people a day, alleviating the need for 2,000 vehicles an hour during peak traffic periods. Historically united, the three branches of government redefined the main areas in and around the city, benefiting a total of 2 million residents. The Olympic Games will also go down in history for the financial engineering employed: almost 60% of the funding came from the private sector. The port region is another symbol of how the city has consolidated this process of revitalization in a positive manner, recapturing its past while building a new future. The team assembled by Eduardo Paes did an extraordinary job in recovering an area covering five million square meters that, for decades, had been abandoned. The Olympics are a fantastic chance to effectively improve quality of life for the people. And like our mayor has said, using the words of Pascal Maragal, mayor of Barcelona at the time of the 1992 Olympic Games, "the Olympics should serve the city and not just itself." Despite the country’s challenging economic scenario, we continue on the path of development, focusing on maintaining jobs, while investing in security, health, education and mobility. After the last Olympic medal is awarded, we will see that the Marvelous City has benefited from all of the investments and is ready to provide even better quality of life for its residents. The expertise of those who organize the world’s largest carnival is also a part of this story. There were many challenges, and we did our homework to be able to present to the world the best games of the modern era. Take advantage of the days of revelry and see the new additions to our Rio de Janeiro.


*Fonte: Pesquisa Marcas Cariocas, Jornal O Globo.

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o carioca adora

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É com imenso orgulho e alegria que a Tok&Stok recebe o sexto prêmio consecutivo “Marcas Cariocas”* na categoria “Loja de Móveis e Decoração.” O nosso muito obrigado a todos os cariocas.

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E é no carnaval que a grande festa de 2016 terá início. Este ano, também comemoramos o centenário da gravação do primeiro samba, o mais carioca de todos os ritmos, o que aumenta os motivos que temos para celebrar. Tudo isso, claro, é somado ao grande espetáculo preparado pelos sambistas cariocas que doam seu sangue para apresentar aos convidados – brasileiros e estrangeiros – um show irretocável e emocionante. Ou seja: o palco maior do carnaval, este ano, vai atrair o olhar do mundo inteiro em dois momentos diferentes. Vai ser, por duas vezes no mesmo ano, o lugar onde o mundo inteiro gostaria de estar. Turistas de todas as partes do planeta são esperados nesses dois momentos, e é impossível contabilizar os milhões de espectadores que vão se encantar com as belezas da nossa cidade. O ano de 2016 também é especial para o turismo carioca, pois marca o início da era Visit.Rio. A cidade ganha uma identidade única que vai representar todo um conceito de comunicação e nortear todas as peças promocionais, as plataformas digitais e o material impresso do turismo da cidade. A nossa publicação mensal, a Revista Guia do Rio, passa a ser Visit.Rio. O site oficial, que reúne todas as informações turísticas da cidade, também ganha esse novo nome e ressurge mais moderno, com serviços de geolocalização e de mobilidade integrados. Não deixe de assistir, de camarote, ao grande show que o Rio vai proporcionar em 2016. O Rio é o lugar onde todo mundo deseja estar. Aproveite a chance e escolha o melhor lugar para viver essa experiência diante do maior espetáculo da Terra.

Antonio Pedro Figueira de Mello SECRETÁRIO MUNICIPAL DE TURISMO

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DIVULGAÇÃO

O ano de 2016 é especial para a história do Rio. Em agosto, terão início os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul. Um dos mais icônicos símbolos da nossa cidade, construído a partir do traçado inconfundível do gênio Oscar Niemeyer, o Sambódromo também terá a honra de receber algumas das competições das Olimpíadas – entre elas, uma das mais simbólicas: a chegada da maratona.


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Nossas empresas acabam abraçando as vocações locais ao mesmo tempo em que deixam suas marcas em solo brasileiro. Em nenhum outro lugar, a “democracia do esporte” é mais evidente do que no Rio de Janeiro. O esporte é início, meio e fim, um verdadeiro instrumento de integração no mundo corporativo, assim como entre nossas empresas e seu entorno social. Também, em nenhum outro lugar do mundo, festa é um assunto tão sério! Nosso desfile de escolas de samba é mais do que uma manifestação cultural. É a materialização da genialidade brasileira, não somente artística, mas logística e organizacional. Como uma escola de samba se planeja e se estrutura para, em uma única noite, como em um passe de mágica e sem disciplinadas repetições, colocar milhares de participantes na avenida, desfilando com tanta harmonia, maestria e entusiasmo? Como se junta tamanha multidão em um ambiente tão pacífico e, ao mesmo tempo, repleto de explosões de alegria como no sambódromo? Como chefes de empresas e tomadores de decisão conseguem atar e reforçar laços colaborativos ao som dos tamborins? Para descobrir esse jeito de ser, de trabalhar e de se relacionar, basta entrar no mundo mágico do camarote corporativo da Global. Esse espaço nasceu há cinco anos, quando uma escola de samba desfilou em homenagem ao ano da França no Brasil. Nossas empresas descobriram, então, a força do marketing de relacionamento colocado à sua disposição. Grandes ideias afloraram, fortes parcerias nasceram, vários negócios foram fechados. Sob a batuta de um lorde francês e de seu sócio brasileiro, o camarote tricolor assumiu mais estampas e chegou a abraçar a comunidade empresarial europeia. Chama-se Global pelo que promete ainda alcançar exaltando o samba e a alma brasileira!

Claudine Bichara PRESIDENTE DA CCFB | RJ PRESIDENT OF CCFB/RJ

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ALAN CHAVES

Trabalhar no Rio de Janeiro é, para os franceses, uma verdadeira imersão na alma, na cultura e no estilo de vida brasileiros. Na sua longa história de 114 anos, a Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB) acolheu centenas de empresas que foram se implantando aos poucos no país e nunca mais saíram. Apoiamos nossos associados na fase de implantação, no processo de “localização” e ao longo de sua trajetória de desenvolvimento. Presentes em todas as etapas desse processo, é sempre com muita emoção que nós assistimos ao fascínio entre esses dois mundos.

For the French, working in Rio de Janeiro is a veritable immersion into the soul of Brazil, its culture and lifestyle. Over its 114 years of existence, the Franco-Brazilian Chamber of Commerce (CCFB) has welcomed hundreds of companies that have gradually established themselves in Brazil and never left. We support our members in the implementation phase, during the process of localization and throughout the course of their development. Present in every step of this process, we always watch with great excitement the fascination that exists between these two worlds. Our companies eventually embrace their local vocations while also leaving their mark on Brazilian soil. Nowhere else, the “democracy of sport” is more evident than in Rio de Janeiro. Sport is the beginning, middle and end, a real tool for integration in the corporate world, as well as between our companies and their social environment. There is no other place in the world where festivities are such a serious topic! Our samba school procession is more than just a cultural manifestation. It is the embodiment of Brazilian genius, not only in terms of artistry, but also logistics and organization. How can a samba school plan and organize an event where thousands of participants parade down an avenue, in a single night, like a magic trick and without repeated practice, with so much harmony, mastery and enthusiasm? How can such a large crowd, bursting with such joy, be brought together in such a peaceful environment in the Sambadrome? How can heads of companies and decision-makers build and reinforce collaborative ties to the sound of tambourines? To discover this way of being, working and relating, just enter the magical world of Global's corporate box seats. This space was born five years ago, when a samba school parade was organized to celebrate the year of France in Brazil. Our companies discovered then the power of relationship marketing at their disposal. Great ideas flourished, strong partnerships were built and many deals were made. Under the baton of a French lord and his Brazilian partner, the tricolor box seats have added new colors and embraced the European business community. It’s called Global for what it still promises to achieve through a celebration of samba and the Brazilian soul!


Quando uma empresa pensa nos próximos vinte anos, é planejamento.

Quando pensa nos próximos duzentos, é sustentabilidade.

O nosso trabalho é muito mais do que gerar energia. Nosso compromisso é fazer isso de maneira sustentável, respeitando a natureza, as comunidades onde atuamos e as futuras gerações. E isso só é possível porque, além de utilizar fontes limpas e renováveis em mais de 80% do que produzimos, estamos sempre investindo em projetos que promovem a melhoria social, ambiental e econômica. Tudo porque acreditamos que a importância de uma empresa é maior quando todos ganham com ela.

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ALAN CHAVES

Na reta final dos preparativos para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016, a Global Marketing & Eventos tem uma sensação extra de orgulho ao chegar este momento tão esperado. Prosperando junto com a cidade, sempre estivemos alinhados com a corrente de otimismo, empenho e confiança que este período trouxe para empreendedores que, como nós, ousaram quebrar paradigmas em suas áreas de atuação, enfrentando desafios que outros preferem deixar para um futuro indefinido. Assim como as Olimpíadas, o carnaval exige trabalho, devoção e disciplina. São acontecimentos em que uma massa de anônimos soma esforços com quem é consagrado pelos holofotes. No final, todos saem ganhando, sobretudo o público. Acreditar no que se faz é a chave. É com esse dinamismo que a Global vem desempenhando papel fundamental nos últimos anos, aprimorando o marketing de relacionamento por meio do carnaval, atraindo parceiros dos mais variados segmentos, indo muito além de simplesmente gerir um camarote. Criamos uma experiência que se difere das demais, promovendo ações corporativas pioneiras. Hoje a credibilidade que conquistamos é atestada pela satisfação de clientes, fornecedores e parceiros que seguem nos prestigiando. Isso nos motiva a buscar, ainda mais, novas formas de fazer valer esse sucesso. Não tomamos nada como garantido. Trabalhamos constantemente para obter o melhor. Nesta edição da revista, preparada com muito cuidado e esmero, traçamos um paralelo entre a renovação urbanística atual com a de 100 anos atrás, que iniciou o projeto moderno de ocupação das regiões central e sul da cidade. Separadas por mais de um século, tais iniciativas conjugaram a participação de políticos, empresários e engenheiros, fomentando profundas mudanças na vida do carioca. Também temos belas reportagens celebrando o Bola Preta, mais antigo e tradicional bloco carnavalesco do Rio; o jubileu de ouro do Parque do Flamengo; as boas ações de Ruy Marra, um campeão do esporte e da vida. Apresentamos, também, um belíssimo trabalho social do Programa Fortalecer, criado dentro do INTO pela médica Germana Bahr. Tudo isso além, é claro, das seções clássicas com dicas de gastronomia, lazer, cultura e o guia completo dos desfiles do Grupo Especial. O governador Luiz Fernando Pezão deu-nos a honra de suas palavras. Desde já , agradecemos a atenção, a parceria e a confiança. Desejamos a todos boa leitura, um excelente carnaval e uma apoteose olímpica em agosto!

Carlos Xavier | Alexis de Vaulx DIRETORES EXECUTIVOS | EXECUTIVE DIRECTORS

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Global Marketing & Eventos DIRETORES EXECUTIVOS

Alexis De Vaulx alexis@globalmkteventos.com.br Carlos Xavier carlos.xavier@globalmkteventos.com.br

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Marcelo Sá marcelo.sa@globalmkteventos.com.br

DIRETOR COMERCIAL

Gabriel Lobo gabriel@globalmkteventos.com.br

DESENVOLVIMENTO DE PROJETO CULTURAL

William Evilásio william@globalmkteventos.com.br

SECRETÁRIA

Letícia Costa

Av. Rio Branco, 4, Grupo 1501 a 1503, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20090-000 www.globalmkteventos.com.br

Revista Global PAUTA E EDITOR RESPONSÁVEL

Marcelo Sá

REDATORA-CHEFE

Betina Dowsley (MTb 35211/RJ)

COLABORADORES

Annie Sidro ("Os grandes carnavais do planeta") Alan Chaves e Roberto Rangel (Fotos Gente Global)

REVISÃO TRADUÇÃO PROJETO GRÁFICO E EDIÇÃO DE ARTE COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO IMPRESSÃO AGRADECIMENTOS

Carla Paes Leme Betina Dowsley (francês-português/ "Os grandes carnavais do planeta") Paulo Pelá Silvana de Oliveira Edigráfica Governo do Estado do Rio de Janeiro/ Prefeitura do Município/ Riotur/ Cordão da Bola Preta/ Liesa

A GLOBAL preocupa-se cada vez mais em exercer o papel de uma empresa socialmente responsável através de seus valores: Responsabilidade Social e Sustentabilidade

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PAULO PELÁ DIVULGAÇÃO ANNIE SIDRO CARLOS FORTES PEDRO KIRILOS | RIOTUR

10 Mensagem do Governador 12 Com a palavra 14 Colunista Convidada 16 Carta ao Leitor 18 Expediente 20 Sumário 24 Apoteose Olímpica 32 Aterro do Flamengo | 50 anos 36 Cultura | Museu do Amanhã 37 Cultura | Instituto Moreira Salles 38 Gastronomia | Albamar 39 Gastronomia | L’Atelier du Cusinier 40 Hospedagem | Hotel Vila Galé 41 Cultura | Cidade das Artes 43 Fortalecer 44 Voando mais alto | Ruy Marra 46 Blocos de alegria e animação 50 Agenda | Blocos 52 Cordão da Bola Preta 58 Os grandes carnavais do planeta

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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR MARCO ANTテ年IO CAVALCANTI | RIOTUR FERNANDO MAIA | RIOTUR TATA BARRETO | RIOTUR TATA BARRETO | RIOTUR

60 Dia e hora dos desfiles 62 Estテ。cio 66 Uniテ」o da Ilha 70 Beija-Flor 74 Grande Rio 78 Mocidade 82 Unidos da Tijuca 86 Vila Isabel 90 Salgueiro 94 Sテ」o Clemente 98 Portela 102 Imperatriz 106 Mangueira 110 Gente Global

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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

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Rio de Janeiro é uma festa! Uma não, várias. Começa no Réveillon, com uma grandiosa queima de fogos de artifício; engrena com o maior espetáculo da Terra, que evolui na passarela do samba e em cada esquina da cidade; e embala o ano inteiro com o balanço do mar e as mais belas paisagens. O segredo para não perder o fôlego pode ser visto por toda parte. Cercada por praias, montanhas e florestas, a cidade tem vocação para o esporte, especialmente aqueles que podem ser praticados ao ar livre. Hoje suas mais diversas modalidades espalham-se pela cidade, em ruas, parques, praias, quadras e floresta. Até as praças renovaram seu público – e prestígio – com a instalação de academias da terceira idade, com equipamentos apropriados para os mais “experientes” exercitarem-se com segurança. Os cariocas têm mesmo um estilo de vida bem particular. São inúmeros os flagrantes de esporte na cidade. Pode ser uma corridinha na orla, uma “pelada” no Aterro do Flamengo, uma velejada na Baía de Guanabara, uma remada na Lagoa Rodrigo de Freitas, uma pedalada até a Vista Chinesa, um jogo de basquete na rua ou um “rolé” de skate no Parque Madureira. Para os mais radicais, é possível saltar de asa delta ou de parapente e ver, do alto, as maravilhas da cidade. Sem falar nas inúmeras opções que as praias oferecem: surf (de peito ou com prancha), windsurf, kitesurf, stand up paddle (SUP), bodyboard, wakeboard, vôlei de praia (com a presença de atletas olímpicos), futevôlei, futebol de praia, rugby, natação, triatlo e até polo aquático, que, em seus primórdios na cidade, era praticado no mar! Se, nestes mais de quatro séculos e meio de história, gente de toda parte vem ao Rio para admirar a beleza da cidade, a emoção será ainda maior durante os Jogos Rio 2016, já que muitas das competições terão como pano de fundo alguns

dos mais belos panoramas da cidade. A arena de vôlei de praia será montada nas areias de Copacabana, e, junto ao forte homônimo, serão dadas as largadas para as provas de triatlo, ciclismo de estrada e maratona aquática. Um luxo! A beleza natural da cidade estará por trás também das competições de remo e de canoagem de velocidade, que serão realizadas na Lagoa Rodrigo de Freitas; das provas de vela, na Baía de Guanabara; e de ciclismo, que, além de Copacabana, percorrerá vários pontos da orla, até o Pontal, passando pela Floresta da Tijuca e pelo Alto da Boa Vista. Outros cartões postais da cidade que também estarão em destaque ao longo dos Jogos Rio 2016 são o Maracanã (além de partidas de futebol, servirá de palco para as cerimônias de abertura e encerramento), o Sambódromo (provas de arco e flecha e chegada da maratona) e o Estádio Nilton Santos, conhecido como Engenhão (atletismo e futebol). Mesmo as instalações construídas especialmente para o evento – como as arenas e os centros aquáticos na Barra e em Deodoro, o Parque Radical e os centros de hipismo, hóquei sobre grama, tiro e rugby – não farão feio, principalmente no quesito legado olímpico. Ao final do evento, tais equipamentos poderão ser utilizados pela população com a mesma finalidade para a que foram construídos, ou em partes, uma vez que a Arena do Futuro e o Estádio Aquático, por exemplo, serão desmontados, e seus elementos, divididos em diferentes endereços para atender às necessidades cotidianas da população, como escolas e ginásios para prática de esportes. No entanto, o principal legado dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro e seus moradores será a transformação urbanística pela qual a cidade vem passando, com a revitalização das zonas portuária e central, e as melhorias na mobilidade e na infraestrutura.

J.P. ENGELBRECHT | RIOTUR

PEDRO KIRILOS | RIOTUR

Na página anterior, vôlei de praia em Ipanema. Ao lado, a torcida verde-amarela no Maracanã.

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Rio - capital de grandes eventos O século XXI trouxe para o Rio de Janeiro a realização de grandes eventos. Habituada a promover o maior espetáculo da Terra, a maior queima de fogos do planeta e, mais recentemente, o Rock in Rio, a Cidade Maravilhosa conquistou a confiança internacional para abrigar os Jogos Mundiais Militares de 2011 e a Jornada Mundial da Juventude de 2013, além de ter sido uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. A maior de suas conquistas acontecerá este ano, quando uma Olimpíada será disputada pela primeira vez em um país da América Latina. A realização dos Jogos Rio 2016 é resultado de empenho político nas esferas federal, estadual e municipal. Desde o dia 2 de outubro de 2009, quando foi anunciado como cidade-sede pelo Comitê Olímpico Internacional, o Rio de Janeiro vem passando por uma enorme transformação, talvez a maior de sua história. A associação entre esporte e projetos políticos não chega a ser novidade no Rio de Janeiro. Foi o próprio prefeito Eduardo Paes quem sugeriu o paralelo entre ele e Pereira Passos – governante do início do século passado – sob o ponto de vista de modernização da cidade. Apesar de Paes afirmar que as obras estão sendo feitas para beneficiar a população, é inegável o peso da realização da Olimpíada na atual revitalização da cidade.

Honorário da Federação de Remo. A maior polêmica nesse setor deu-se pela construção de barracões, que funcionaram como garagens de barcos para os clubes Botafogo e Guanabara, e melhorias nas praias de Santa Luzia e Boqueirão (localizadas onde hoje estão a Cinelândia e o Passeio Público), as mais frequentadas na época. Sua fama de amante dos esportes fez com que seu apoio fosse constantemente solicitado – e atendido – também por clubes de ciclismo, atletismo e turfe. Mais de um século depois, para se tornar a primeira cidade da América do Sul a sediar uma Olimpíada, o Rio de Janeiro investiu em parcerias público-privadas. Por mais de seis anos, os cariocas viveram em um verdadeiro canteiro de obras, visando, principalmente, à revitalização da região portuária; à implantação de uma rede articulada de corredores com faixas exclusivas de ônibus expressos e de trilhos de Veículo Leve sobre Trilhos; à construção e à adequação de equipamentos esportivos para a realização das competições.

Enquanto foi prefeito do então Distrito Federal, entre os anos de 1902 e 1906, Pereira Passos promoveu ampla reforma urbana, conferindo à cidade nova fisionomia em seus aspectos urbanístico, político e socioeconômico. As demolições e aberturas de avenidas atenderam às funções comerciais, financeiras e administrativas da época, mas pouco se fala do interesse do governante pelos esportes – o remo em particular – e da possível influência de sua preferência no desenvolvimento da cidade.

Por falar em adequação, os Jogos Paralímpicos 2016 aceleraram a adaptação da cidade aos portadores de necessidades especiais. A conclusão do projeto Rotas Acessíveis tornará mais fácil circular pelas calçadas e nas principais atrações turísticas cariocas: Corcovado, Pão de Açúcar, Praça XV, praias de Copacabana e da Barra da Tijuca, Jardim Botânico, Vista Chinesa, Mesa do Imperador, Paço Imperial e Cinelândia. A fim de melhorar ainda mais a mobilidade, estão em andamento o nivelamento de vias e calçadas, a implantação de rampas e piso tátil, retirada de interferências no passeio (como bancos e fradinhos), além da readequação de vagas de estacionamento e pontos de ônibus. O desafio é tornar a cidade acessível aos 4.350 atletas paralímpicos de 178 nacionalidades que participarão do evento, bem como para os turistas e para os próprios cariocas, claro!

Entusiasta da modalidade, Passos favoreceu o desenvolvimento do esporte náutico na cidade, reduzindo taxas de importação de embarcações e contribuindo para a realização das competições, ao conceder troféus e construir arquibancadas. Tais favores renderam-lhe o título de Presidente

Em 2016, depois que o carnaval passar, a Cidade Olímpica vai estar quase toda renovada para a realização de mais um grande evento. O tal espírito esportivo ficará ainda mais evidente, e aqueles que passarem por aqui poderão descobrir e provar a tal paixão dos cariocas por esporte.

CHRIS MARTINS

Competições de remo na Lagoa Rodrigo de Freitas e de vela na Baía de Guanabara.

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ALEXANDRE LOUREIRO


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Os esportes na história da cidade Para a maior parte dos que visitam o Rio de Janeiro hoje, o futebol tem lugar de destaque na cultura da cidade, e o Maracanã é seu Olimpo. No final do século XIX, porém, o turfe era o esporte mais organizado e popular entre os cariocas. Além de lugar de apostas, os hipódromos eram endereços de moda, aonde se ia para ver e ser visto. Naquela época, as atividades físicas não eram valorizadas, e o porte atlético costumava ser associado ao trabalho braçal, considerado menos nobre.

Nesse contexto, as praias firmaram-se como lugar perfeito para a prática de esportes, ainda que alguns deles estejam disfarçados de diversão. A peteca, por exemplo, era bastante popular entre os índios, antes mesmo da chegada dos portugueses por aqui. Em 1920, a brincadeira foi levada para os Jogos Olímpicos da Antuérpia pelos atletas do Brasil (em sua primeira participação na competição) e acabou despertando a curiosidade dos participantes dos demais países. Mas foi somente na década de 1970 que as regras do jogo foram estabelecidas, com sua oficialização, em 1986, pelo Conselho Nacional de Desporto.

O hábito de tomar banho de mar – inicialmente restritos aos medicinais – deu origem à criação de clubes na orla central da cidade. O Club de Natação e Regatas (hoje Santa Luzia), fundado em 1896, foi um dos pioneiros a incentivar esportes como o remo, a natação e o polo aquático. Entretanto, a primeira regata oficial no Rio de Janeiro foi realizada bem antes, em 1851, na enseada de Botafogo, entre a Praia Vermelha e a antiga Ponte das Barcas de Botafogo.

No Brasil e no mundo, o Rio de Janeiro é conhecido por lançar modas e tendências. Suas praias tornaram-se o cenário ideal para criar e propagar as novidades. No esporte, não poderia ser diferente. O frescobol foi inventado em Copacabana, logo após o fim da II Guerra Mundial. No clima de paz, o jogo praticado com uma bola e raquetes de madeira não incita a competição, não havendo vencedores nem perdedores. O objetivo é manter a bola em jogo por mais tempo. Essa também é a meta da altinha (bola alta). A novidade deste século XXI surgiu em Ipanema, onde a altinha é praticada à beira-mar, reunindo meninos e meninas, adolescentes e adultos, em torno de uma bola de futebol. Não há limite de participantes ou restrições de sexo. As únicas regras são não tocar a bola com as mãos nem deixá-la encostar na areia ou no mar. Vale usar a cabeça, os pés, as coxas e o peito. O perigo, em ambos os casos, é a gana dos jogadores em não deixar a bola cair, esquecendo que há outras pessoas na praia. Por essa razão, tanto o frescobol como a altinha são proibidos, entre 8h e 17h, na faixa de areia mais perto do mar.

Foi justamente a partir do aumento da prática de esporte que alguns espaços urbanos passaram a assumir lugar de destaque na geografia da cidade. O remo trouxe nova utilidade social às praias da Zona Sul, atraindo um novo público e inovando na forma de utilização do local. Entre 1920 e 1930, o remo foi transferido para a Lagoa Rodrigo de Freitas. A distância, o alto custo para transportar os barcos e a poluição da Baía de Guanabara contribuíram para a queda de popularidade desse esporte. Posteriormente, o futebol, por sua informalidade e prática mais democrática, promoveu transformação ainda mais profunda, expandindo seu domínio por toda a cidade e conquistando muito mais fãs.

Atualmente, o Rio de Janeiro conta com 20 pistas de skate, 500 vias de escalada e a maior rede de ciclovias do Brasil, com 450 km, incluindo o recém-inaugurado trecho ao longo da Avenida Niemeyer, que, em 2016, completa 100 anos. O uso da bicicleta como meio de transporte, aliás, vem sendo amplamente incentivado pela prefeitura do Rio de Janeiro, que estimula empresas a criarem biciletários e vestiários em seus estabelecimentos. Isso sem falar do Bike Rio, que conta com mais de 60 estações para aluguel de 600 bicicletas espalhadas pela cidade. É ou não é um convite irresistível para entrar na moda e, de quebra, ganhar uma boa forma física? Mais do que nunca, em 2016, o Rio de Janeiro respira esporte.

Mas não é de hoje que o esporte tem lugar cativo na rotina dos moradores da cidade. No início dos anos 1900, surgiu o conceito de que praticar exercícios faz bem para a saúde, com benefícios para o corpo e a mente. Aos poucos, o interesse pelo remo foi crescendo, mudando os paradigmas reinantes. A prática de atividades físicas passou a ser associada também à formação do caráter e das virtudes, forjando o estilo de vida atual dos cariocas.

PEDRO KIRILOS | RIOTUR

PEDRO KIRILOS | RIOTUR

Na página anterior, evento-teste de judô. Ao lado, jogo de altinha à beira-mar.

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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

PEDRO KIRILOS | RIOTUR

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om vista para o Corcovado, a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar dos mais diversos ângulos, o Parque do Flamengo foi aberto ao público em 1965, como parte do planejamento de desenvolvimento da cidade, cujo objetivo era articular e melhorar a ligação entre as zonas sul, centro e norte. Por estar situado em área aterrada, o parque também é conhecido como Aterro do Flamengo. Ele acompanha a orla da Baía de Guanabara, do centro histórico – passando por Glória, Catete e Flamengo – até a Praia de Botafogo, integrando-se perfeitamente à paisagem do Rio de Janeiro e tornando-se, ele próprio, uma de suas principais atrações. Há inúmeras maneiras de ver – e aproveitar – a área de 1,2 milhão de m2 do parque: pode ser rápida, a bordo dos carros e ônibus que cruzam suas pistas; despreocupada, nos passeios matinais com crianças e cachorros; ativa, aos olhos de quem frequenta o parque para praticar esportes; ou animada, com a turma que vem fazer piquenique nos finais de semana. Os campos de futebol, originalmente de terra batida, passaram a ser de grama sintética a partir da década de 1990. Ao contrário do resto do parque, eles são mais utilizados à noite e costumam ser frequentados por trabalhadores das mais diversas ocupações, de engenheiro a porteiro e garçom. Outros atrativos do Parque do Flamengo são o Museu de Arte Moderna (MAM), o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial (Monumento aos Pracinhas), a Marina da Glória, quadras poliesportivas, brinquedos para crianças, ciclovia, pistas de skate e até de dança! Já o prédio redondo que abrigou o Museu Carmen Miranda – cujo acervo será transferido para o Museu da Imagem e do Som, em Copacabana – será transformado em centro de memória do próprio parque.

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RAPHAEL DAVID | RIOTUR

Antes da criação do parque, a região recebeu dois outros aterros: em 1906, para a abertura da Avenida Beira Mar, e, em 1922, criando a Praça Paris. A terra utilizada para o aterramento mais recente, que deu origem ao Parque do Flamengo, veio da demolição de grande parte do Morro de Santo Antônio, onde hoje se situam a Catedral Metropolitana e edíficios modernos, como o da Petrobras e do BNDES, na atual Avenida República do Chile. Do Morro de Santo Antônio sobrou apenas a parte onde estão localizados o Convento de Santo Antônio e suas duas igrejas, bem em frente ao Largo da Carioca.

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

E tem mais: o tráfego de veículos motorizados é proibido aos domingos e feriados, das 7h às 18h, garantindo mais lazer a moradores de todas as regiões da cidade. Tal utilização só foi possível graças à visão da urbanista Lotta de Macedo Soares, idealizadora do projeto livremente inspirado no Central Park de Nova York. Já a concepção arquitetônica do parque – com suas passarelas para pedestres com curvaturas suaves e pistas levemente sinuosas – foi de Affonso Eduardo Reidy, autor também do projeto do MAM. Outro personagem importante dessa história foi Roberto Burle Marx, considerado o maior designer de paisagismo tropical do século XX. Seu traçado original para o Parque do Flamengo incluiu 17 mil mudas de espécies de várias partes do Brasil e do mundo, como ipês-amarelos, abricós-de-macaco e palmeiras, além de mosaicos de grama de tonalidades diferentes.

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

A imensa área de lazer ao ar livre costuma ser palco para grandes eventos, como a missa do Papa João Paulo II para 2 milhões de pessoas (1997), o Fórum Global da Rio 92 (1992) e a Cúpula dos Povos da Rio + 20 (2012). Sem falar em maratonas, shows de música e desfiles de blocos de carnaval, que acontecem todos os anos, o ano inteiro.

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DIVULGAÇÃO: BERNARD LESSA

DIVULGAÇÃO/ISABEL ARRUDA

DIVULGAÇÃO/AMANDA NUNES DIVULGAÇÃO/THALES LEITE

Museu do Amanhã O que será o amanhã? Essa foi a pergunta que norteou a criação do recém-inaugurado Museu do Amanhã. Diferentemente do que propõe o samba-enredo da União da Ilha de 1978, a resposta não é revelada por ciganas, bolas de cristal, jogos de búzios ou cartomantes. Nesse museu de ciências, o visitante é convidado a olhar para o passado, perceber as transformações atuais e soltar a imaginação para tentar prever o que nos espera nos próximos 50 anos. O Museu do Amanhã desperta a curiosidade e promove experiências por meio de ambientes audiovisuais imersivos, instalações interativas e jogos disponíveis em português, inglês e espanhol. A exposição principal está dividida em cinco grandes áreas: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Agora. O museu abriga, ainda, o Laboratório das Atividades do Amanhã – espaço coletivo de experimentação, aberto à exibição de 36

projetos e protótipos – e o Observatório do Amanhã, voltado para a atualização permante do que é exibido no museu. O objetivo, ao final do percurso, é envolver cada um em uma reflexão sobre o que pode ser feito, individual e coletivamente, para que o futuro – pelo menos nos próximos 50 anos – não seja uma desagradável surpresa. O primeiro passo para um futuro melhor foi dado com o projeto arrojado e concebido de forma sustentável pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. O prédio utiliza a água da Baía de Guanabara na climatização de seu interior e no espelho d´água, além de possuir, no telhado, grandes estruturas de aço que se movimentam para melhor captação de energia solar. O museu tem cerca de 30 mil m2, incluindo cafeteria, restaurante, loja, jardins, espelhos d’água, ciclovia e área de lazer. Âncora cultural do Porto Maravilha, a construção destaca-se na paisagem e representa um ótimo ponto de partida para explorar a região portuária do Rio.


Instituto Moreira Salles

Quem se interessa por fotografia, música, literatura e iconografia dos séculos XIX e XX precisa conhecer o Instituto Moreira Salles. Criado em 1992 pelo embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles, o IMS é guardião de importantes acervos nessas áreas, dedicando-se à conservação, à organização e à difusão dos mesmos. A reserva técnica musical abriga acervos de grandes nomes da música brasileira, como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Pixinguinha e Baden Powell. A coleção possui milhares de discos em 78 rpm, com um total de 80 mil fonogramas. A divulgação desse vasto material passa pela Rádio Batuta, cuja programação movimenta e disponibiliza na internet tais registros históricos em documentários e especiais sobre grandes compositores e intérpretes. Cartas, documentos e livros de Otto Lara Resende, Érico Veríssimo, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e Rachel de Queiroz – entre outros escritores – compõem o acervo de literatura do instituto. Já o setor iconográfico reúne desenhos, aquarelas, gravuras, mapas, livros e álbuns referentes ao Brasil do pintor inglês Charles Landiseer e do pesquisador alemão Von Martius, por exemplo.

O IMS ocupa a casa que foi residência da família Moreira Salles, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. Marco da arquitetura moderna dos anos 1950, a casa foi projetada por Olavo Redig de Campos e é cercada por exuberante jardim planejado pelo paisagista Roberto Burle Marx. O imóvel, por si só, já vale uma visita, mas vai muito mais além: há sempre exposições, atividades infantis e shows gratuitos no local. Além disso, o centro cultural possui também sala de cinema, cafeteria e estacionamento, com funcionamento de terça a domingo, das 11h às 20h.

DIVULGAÇÃO

Maior conjunto de fotos do Brasil, a reserva fotográfica do IMS possui mais de 800 mil imagens, tendo como princi-

pais temas as arquiteturas colonial e moderna; a fotografia brasileira; a cultura e as festas populares; a urbanização e o desenvolvimento industrial; o mundo do trabalho, urbano e rural; a paisagem natural do país; e as transformações da paisagem urbana brasileira nos séculos XIX e XX. Ao longo de 2015, em comemoração aos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, parte desse acervo foi exibido na mostra “Rio: primeiras poses (1840-1930)”, com trabalhos de fotógrafos como Augusto Stahl, Henry Klumb, Marc Ferrez e Augusto Malta. Os registros desse último chamaram atenção especial por revelar as reformas urbanas do início do século XX, em particular aquelas promovidas na administração de Pereira Passos (1902-1906), gerando comparação com a renovação urbanística pela qual o centro do Rio vem passando atualmente.

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FOTOS: MAURO MOTTA | DIVULGAÇÃO

Albamar

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Comida boa, atendimento atencioso e uma vista deslumbrante. Assim é o Albamar, há mais de 80 anos fincado na Praça XV e, desde 2009, comandado pelo chef Luiz Incao, que por 18 anos esteve à frente do restaurante do Copacabana Palace. Incao renovou a cozinha e o salão, preservando a aura de tradição do lugar. O cardápio também foi reformulado, mas não deixou de lado os peixes e frutos do mar, suas principais estrelas. Do couvert ao cafezinho, tudo é feito no maior capricho.

Mesmo após a demolição do mercado para a construção do recém-implodido elevado da Perimetral nos anos 1950, o projeto arquitetônico continua sendo um dos pontos fortes do lugar. As grandes e contíguas janelas da torre octogonal descortinam a Baía de Guanabara, com barquinhos de pesca coloridos, a Ilha Fiscal e a ponte Rio-Niterói ao fundo. O panorama é tão bonito e tranquilo que dá até para esquecer o estresse cotidiano enquanto se come.

Fundado em 1933, o restaurante ocupa a única torre que restou das quatro originais do antigo Mercado da Praça XV, inaugurado em 1908 pelo prefeito Pereira Passos. Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), em 1962, a torre tem estrutura metálica importada da Bélgica e da Inglaterra, com estilo característico dos mercados e grandes projetos do início do século XX.

O Albamar teve seu apogeu nos anos 1970, quando era frequentado por políticos, escritores e diplomatas. Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek, por exemplo, tinham mesa cativa no restaurante. Depois de um período de decadência, o Albamar recuperou seu prestígio e agora funciona diariamente, das 12h às 22h, exceto aos domingos, quando o expediente se encerra às 18h.


L’'atelier du Cuisinier e le Bistrôt du Cuisinier Para o francês David Jobert, o sucesso passa pela boca. Chef premiado, ele sabe agradar ao paladar de seus comensais e reconhece a importância do boca a boca na divulgação de seus restaurantes. Afinal, em 2015, seu L’Atelier du Cuisinier ganhou Certificado de Excelência e foi eleito o 2º melhor do Rio de Janeiro pelos colaboradores do TripAdvisor, site que ajuda no planejamento de viagens e roteiros. Depois de passar por hotéis no Rio, em São Paulo e no Qatar, Jobert não quer mais saber de amuse bouche. Em seus restaurantes, o formato do serviço segue o modelo francês de menu com entrada, prato principal e sobremesa, sendo três opções de cada no Atelier, no Centro, e cinco no novo Bistrôt du Cuisinier, em Ipanema. Há também algumas opções à la carte.

Já o recém-inaugurado Le Bistrôt du Cuisinier, na rua Henrique Dumont, é um pouco maior do que o original. Aberto apenas para o jantar, o restaurante recebe até 46 pessoas e aceita reservas. O atendimento atencioso é a marca desse francês radicado no Rio e reina nos dois endereços. Quando não está na cozinha, David Jobert gosta de circular pelo salão para saber a opinião dos clientes e tirar fotos com eles. Até no mundo digital, ele costuma responder pessoalmente às críticas e aos elogios dos frequentadores de seus restaurantes. Um charme a mais que prolonga a experiência.

DIVULGAÇÃO

Criado em 2012, L’Atelier du Cuisinier tem apenas 24 lugares e está instalado em um imóvel do século XIX, na rua Teófilo Otoni, pertinho do cruzamento mais impor-

tante da cidade, entre as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco. Devido a sua localização, funciona apenas durante o horário de almoço, nos dias úteis. O cardápio varia a cada três meses, e recomenda-se fazer reserva. Da cozinha, saem pratos criativos, baseados em produtos da estação, provando que um almoço durante a semana pode ter o mesmo sabor de um jantar dos deuses.

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Vila Galé

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o palacete do século XIX passou pelo processo de retrofit, preservando sua fachada original. Além do casarão – que abriga recepção, bar, ginásio, spa e suítes de luxo –, o hotel possui um centro de convenções e um prédio de 14 andares para os demais apartamentos, misturarando os estilos clássico e moderno. A piscina, na área central, dá charme especial ao local. 40

FOTOS: TIAGO DE PAULA CARVALHO

Faltava um hotel quatro estrelas na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Não falta mais. Há cerca de um ano, foi inaugurado o primeiro hotel Vila Galé na cidade, sétimo da rede portuguesa no Brasil. A localização favorece tanto os negócios (a poucos minutos do aeroporto Santos Dumont e do centro nervoso da cidade) quanto o lazer (bares, restaurantes e shows no próprio bairro ou na charmosa Santa Teresa).


Não há como passar pelo cruzamento das avenidas das Américas e Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, sem perceber a imponente obra arquitetônica que é a Cidade das Artes. Inicialmente concebido como Cidade da Música, o projeto foi ampliado e, hoje, abriga outras manifestações artísticas, incluindo espetáculos e festivais de teatro e dança, sessões de cinema e exposições de artes plásticas nacionais e internacionais.

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Inaugurada em janeiro de 2013 após muitos atrasos e polêmicas envolvendo custo e relevância da obra, a Cidade das Artes é, atualmente, o principal centro de espetáculos musicais do Estado do Rio de Janeiro e a segunda maior sala de concerto de orquestra sinfônica e ópera da América do Sul, atrás apenas do teatro Cólon, de Buenos Aires. Sede da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), o espaço vai, aos poucos, sendo ocupado pela população carioca, atraída pelas mais diversas formas de expressão cultural. Ali têm sido realizados importantes eventos e festivais do calendário cultural carioca, como Brasil Jazz Festival, Back2Black,

Rio Orquestra, Portugal no Rio, Anima Mundi e Panorama de Dança, sem falar em espetáculos memoráveis do diretor de teatro inglês Peter Brook e do Théâtre de la Ville, de Paris. Responsável pela arquitetura da Cité de La Musique, em Paris, o francês Christian de Portzamparc é o autor do projeto da Cidade das Artes, um edifício monumental, com volumes assimétricos de concreto aparente. O desenho segue o estilo de mestres do modernismo brasileiro – como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Affonso Reidy –, com grandes vãos livres e pilotis. O conceito é o de uma ampla varanda elevada, com vista para mar, lagos e montanhas. A Cidade das Artes tem 97 mil m2 de área construída. O amplo espaço conta com duas salas de espetáculos com isolamento acústico (Grande Sala e Teatro de Câmara) e 21 espaços multiuso compostos por três cinemas, galeria de arte, salas de ensaio, salas de aula, sala de leitura. Completam o centro cultural lojas, cafeteria, restaurante e estacionamento para 750 veículos.

FOTOS: ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Cidade das Artes

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AGENDA PROGRAM


saúde no presente e garantir longevidade e qualidade de vida no futuro. Para isso, o Fortalecer está estruturado em dez mandamentos e utiliza personagens infantis para comunicar conceitos básicos de boa higiene, da importância de uma alimentação adequada e da prática esportiva. Outros assuntos abordados pelo programa são o respeito à diversidade, a importância da inclusão e a possibilidade de superação, já que muitos dos pacientes infantis apresentam doenças ortopédicas graves.

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sabedoria popular diz tudo: prevenir é muito melhor do que remediar. Foi pensando assim que a equipe de pediatria do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO) criou o Fortalecer – Quero Ser Grande e Forte, em 2013. O programa de educação em saúde, com foco no aparelho locomotor, visa a oferecer informações para o desenvolvimento infantil saudável, enfatizando a importância de medidas de prevenção de doenças e de outros fatores de risco à saúde. - O programa tem, antes de mais nada, o objetivo de melhorar a qualidade de vida das crianças internadas ou em tratamento no INTO. No dia a dia com os pacientes e suas famílias, percebi que, muitas vezes, faltava a eles conceitos de humanização, inclusão social, superação e proteção ambiental, tudo em linguagem simples e clara – explica a Dra Germana Bahr (foto), uma das idealizadoras do Fortalecer. A meta do programa é apresentar aos pacientes pediátricos e a suas famílias informações básicas de como viver com

Em dois anos de existência, cerca de 800 crianças tiveram contato com o Fortalecer. A maioria delas aprendeu muito enquanto tentava esquecer as dores e as dificuldades enfrentadas com a doença e a internação, interagindo com profissionais como a Tia Rosane, apelido carinhoso da fonoaudióloga Rosane Paiva da Silva, de 50 anos. Com especialização em Psicomotricidade e Psicopedagogia, ela é voluntária do Fortalecer e, todas as terças-feiras, diverte e ensina as crianças-pacientes do INTO, contando histórias com fundo educativo no ambulatório, na enfermaria e até mesmo na unidade de cuidados intensivos da instituição. Desde o ano passado, o INTO vem desenvolvendo ações de apoio aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, com atividades gratuitas e abertas à população em locais de grande concentração de pessoas, como o Parque Madureira (fotos). Durante os eventos, crianças, jovens e adultos tiveram aulas de dança, futebol, skate e outros esportes, com direito a medições de peso e de altura, além de orientação de nutricionistas. Em 2016, serão realizadas caminhadas e corridas no Parque do Flamengo. Acompanhe a programação em https://fortalecer.into.saude.gov.br/

FOTOS: VINI ARRUDA/INTO

Atividades externas do Fortalecer. Ao lado, a Dra Germana Bahr, idealizadora do programa

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Ruy Marra desenvolve programas de treinamento com base na neurociência,

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magine que você está no alto de uma rampa de voo livre, pronto para saltar com seu professor, mas, na hora H, quando ele grita “corre”, você fica imobilizado. Antes de pensar que você é covarde, que tal descobrir por que isso aconteceu? Depois de ter voado com milhares de pessoas, das quais apenas 5% corriam de fato, Ruy Marra resolveu buscar respostas para o problema, já que, antes de saltar, é preciso vencer os 8 metros da rampa a uma velocidade de 19 km/h, com uma asa delta de cerca de 40 kg nas costas, sem contar o peso do passageiro. Dureza, mas o advogado, instrutor e bicampeão de voo livre tinha gana de voar e chegou a realizar 200 voos por mês, levando “crianças de 3 a 89 anos”. De fato, ver a felicidade estampada no rosto de seus alunos alimentou Marra por um tempo. Até que, em 1996, disposto a entender as emoções, suas motivações e reações, resolveu fazer pós-graduação em Biopsicologia e formação em Coaching. Sua pesquisa em neurociência afetiva – realizada ao longo de dez anos com dois mil passageiros de asa delta – ganhou prêmio de Inovação oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O trabalho levou Marra ao desenvolvimento do software Feel Rio, baseado na dinâmica de games para decifrar o que se passa na cabeça das pessoas, projeto em parceria com o Laboratório de Educação Cerebral da Universidade Federal de Santa Catarina. - As pessoas reagem de maneiras diferentes na rampa. Influenciando a respiração e os batimentos cardíacos, é possível tirar a subjetividade das emoções e, assim, fazer melhores escolhas – explica Marra, apontando os princípios de seu programa de treinamento FINE (Foco, Ioga, Neurotecnologia e Esporte).

Atualmente, Marra está fazendo mestrado em Neuroimagem, dedicando-se ao estudo da respiração, da meditação e da depressão, com a orientação do professor Tiago Sanchez, da escola de Medicina da UFRJ. Sua investigação pretende entender o papel da respiração como mediadora do relacionamento entre o cérebro e o coração, a fim de ajudar a alcançar soluções mais acuradas em situações de estresse. Com sua empresa Superar, Marra segue trabalhando com executivos e atletas em busca de alto rendimento, como os atletas do Instituto Reação, criado pelo medalhista olímpico de judô Flávio Canto. Afinal, praticar esporte é importante, mas, para alcançar bons resultados, nada como o autoconhecimento e a capacidade de superação. Os conhecimentos da neurociência podem ser aplicados na vida de qualquer pessoa e no treinamento das mais diversas modalidades esportivas. Ficou curioso? Dois livros ajudam a entender melhor essa inovadora área do conhecimento e seus impactos para melhorar as condições da vida moderna: “Decolando para a felicidade”, do próprio Ruy Marra, que fala sobre superação de medos, equilíbrio e qualidade de vida; e “Muito além do voo”, também dele mas em parceria com a jornalista Mara Luquet, que despertou para a relação entre cérebro e coração quando se submeteu ao treinamento FINE antes de alçar voo para uma matéria do programa Em Pauta, da Globo News. Para saber mais, consulte www.superar.esp.br. 45


ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

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arnaval deR ua

Blocos de alegria e animação


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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR

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carnaval é uma festa católica, e sua data é fixada a partir dos 40 dias que antecedem a Páscoa a cada ano. Bom, isso é o oficial. Para quem trabalha nas escolas de samba, o carnaval começa no meio do ano, quando têm início a seleção dos sambas-enredo, as feijoadas e os ensaios. Ou ainda, para aqueles que só querem saber mesmo de brincar, a folia começa logo depois do Réveillon, quando os blocos tomam conta das ruas do Rio de Janeiro a cada final de semana. Depois de um período ofuscado pelo esplendor das escolas de samba e pela ditadura militar, os blocos de carnaval resgataram a espontaneidade da festa popular na Cidade Maravilhosa. A origem do carnaval de rua carioca vem lá do século XIX, com as primeiras sociedades carnavalescas ou ranchos, cordões e blocos de sujo. Os dois últimos sempre deram maior ênfase à percussão e seguem vivos até hoje, graças à dedicação de amigos e à informalidade de sua formação, permitindo que, a cada esquina, entre mais gente. Nem fantasia chega a ser traje obrigatório. Aos poucos, o improviso e a desorganização foram dando lugar a uma festa bem-estruturada, com autorização da prefeitura, divulgação de horários e locais de desfile, obrigatoriedade de banheiros públicos, alocação de serviços de policiamento e de limpeza. Aos foliões cabe trazer alegria e animação. Os nomes dos blocos, sambas e figurinos, costumam ser bem-humorados e criativos, inspirados em personalidades conhecidas ou nas mazelas da cidade e do país.

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Há blocos para todos os gostos: os que tocam as tradicionais marchinhas (Cordão da Bola Preta e Banda de Ipanema), os que têm seus próprios sambas (Simpatia é Quase Amor e Suvaco do Cristo), com repertório de MPB e pop (Monobloco e Empolga às 9) e os criados em homenagem a ídolos como Roberto Carlos (Exalta Rei), Beatles (Sargento Pimenta), Michael Jackson (Thriller Elétrico) e Wando (Fogo e Paixão). Isso sem falar nos resistentes blocos de sujo, que guardam sua essência informal e resistem desfilando extraoficialmente pelas ruas de norte a sul da capital fluminense. Atualmente, há cerca de 450 blocos cadastrados pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Desses, o mais tradicional e importante é, sem dúvida, o Cordão da Bola Preta, fundado há quase 100 anos, em 1918 (veja artigo na página?). Outro bloco lendário é o Bafo da Onça, criado em 1956, no Catumbi. O nome do bloco faz referência a um de seus fundadores, Tião Carpinteiro (Sebastião Maria), que costumava se fantasiar de onça-pintada. Nas décadas de 1960 e 1970, os compositores João Roberto Kelly, Dominguinhos do Estácio e o radialista e empresário Oswaldo Sargentelli – sempre acompanhado por suas mulatas – frequentavam os ensaios e desfilavam com o bloco. O sexo feminino também deixou sua marca na história do Bafo da Onça, com as vozes de Beth Carvalho – que gravou “Amor, amor”, um dos sambas de maior sucesso do bloco – e a saudosa Elizeth Cardoso, com o registro de “Marly chegou para cantar”. A partir dos anos 1980, o Bafo da Onça viu o número de seus seguidores


encolher, mas ainda hoje mantém viva a cultura dos blocos de empolgação (ou de embalo), que não possuem enredo ou preocupação com estandarte e alegorias. Não é mesmo à toa que Beth Carvalho é conhecida como “madrinha” no mundo do samba. Ela também foi responsável por parte do sucesso do bloco Cacique de Ramos, sendo a primeira a gravar compositores que frequentavam sua roda de samba, como Jorge Aragão (“Vou festejar”), Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz (”Camarão que dorme a onda leva”). O bloco da Zona Norte é considerado celeiro do samba. Além dos artistas já citados, lá foram revelados também outros nomes consagrados do samba, a exemplo de Luiz Carlos da Vila e do grupo Fundo de Quintal – que teve em sua formação Almir Guineto, Sombrinha, Arlindo e Aragão –, cuja história se mistura com a do Cacique. Com quadra própria para ensaios e mais de 50 anos de história, o Cacique é mais do que um bloco e roda de samba. Comandado por Bira Presidente (ainda integrante do Fundo de Quintal), o bloco desfila com seus componentes fantasiados de índios, com trajes nas cores preta, branca e vermelha, ao som de marchas como “Caciqueando”, de Noca da Portela, e “Água na boca”, de Agildo Mendes, que se tornou o hino do bloco e embala os bailes de carnaval da cidade. Na Zona Sul, o bloco mais antigo em atividade é a Banda de Ipanema, que desfilou pela primeira vez em 1965, durante a ditadura militar no país. A irreverência sempre foi sua marca. Sob a batuta do produtor cultural Albino Pinheiro, o bloco reuniu Jaguar, Ziraldo e outros integrantes do Pasquim entre seus seguidores e, em 2004, foi declarado Bem Cultural de Natureza Imaterial da cidade. Antes disso, porém, no começo de um de seus desfiles em 1973, chegou a notícia do falecimento de Pixinguinha no interior da igreja Nossa Senhora da Paz. Como não era possível cancelar o evento, a banda decidiu tocar a canção mais famosa do compositor: “Carinhoso”. A homenagem a um dos maiores nomes da música brasileira persiste até os dias de hoje, e o bloco segue arrastando multidões pelo bairro que lhe dá nome, agregando cariocas da gema – ou de adoção – de diferentes faixas etárias, orientações sexuais e classes sociais.

A abertura política propiciou a proliferação de blocos nos mais diversos bairros: Suvaco do Cristo, no Jardim Botânico; Barbas, em Botafogo; Carmelitas, em Santa Teresa; Escravos da Mauá, na Zona Portuária; Meu Bem Volto Já, no Leme; Imprensa que eu Gamo, em Laranjeiras; entre tantos outros. Formado em Ipanema, o bloco Simpatia é Quase Amor, que desfila pela Avenida Vieira Souto há mais de 30 anos, trouxe à tona um costume antigo, do século passado: os banhos de mar à fantasia. Afinal, com o calor do verão carioca, nada poderia cair melhor do que encerrar a folia com um bom mergulho.

Sucesso entreeturistas nacionais estrangeiros O carnaval de rua vem atraindo cada vez mais turistas nacionais e estrangeiros para a Cidade Maravilhosa. Uma pesquisa encomendada pela Riotur, em 2015, mostrou que os blocos caíram no gosto de quem visita o Rio nessa época do ano. Foram realizadas 389 entrevistas durante os desfiles de 26 blocos da cidade. Do público total, 25% eram formados por turistas, sendo 23% brasileiros e 2% estrangeiros – em 2013, a proporção de turistas nos blocos era de 11%. Voltando a 2015, foi apurado ainda que 29% estavam indo a um bloco pela primeira vez, 22% foram a três blocos, e 21% encararam quatro blocos no período da folia. - O carnaval de rua vem comprovando seu sucesso e sua importância no fomento do turismo e da economia da cidade – avaliou Antonio Pedro Figueira de Mello, secretário de Turismo do Rio, diante dos dados revelados pela pesquisa. Para o secretário, “o carnaval é uma verdadeira Olimpíada”. Pudera: contando com o período pré-carnavalesco, são mais de 30 dias de trabalho, já que as cerca de 4,5 milhões pessoas que vão às ruas brincar implicam em autorização prévia da prefeitura, reforço de policiamento e limpeza, instalação de quase 25 mil banheiros públicos ao longo dos trajetos e cadastramento de vendedores ambulantes. Além dos blocos, há diversos shows e bailes populares acontecendo em toda a cidade, sem falar do palco principal, o Sambódromo.

O carnaval de rua 2015 em números

Ao todo, 4.793.500 pessoas pularam carnaval nos blocos da cidade. Cordão da Bola Preta | 1 milhão FERNANDO MAIA | RIOTUR

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Público por desfile: Monobloco | 500 mil Bloco da Preta | 350 mil Sargento Pimenta | 180 mil Simpatia é Quase Amor | 170 mil Banda de Ipanema | 100 mil Orquestra Voadora | 100 mil Outros palcos

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR

150 mil foliões nos 16 bailes populares 55 mil nos nove dias de shows no Terreirão do Samba (Centro) 75 mil nos desfiles da Av. Intendente Magalhães (Madureira) 30 mil nos desfiles da Av. Graça Aranha (Centro) 20 mil no Baile da Cinelândia (Centro) 40 mil no Rio Marchinhas (Lapa) 49


30 de janeiro | sábado Simpatia é Quase amor (16h) – Praça General Osório (Ipanema)

PAULO MUMIA | RIOTUR

31 de janeiro | domingo Suvaco do Cristo (9h) – rua Jardim Botânico (Jardim Botânico) Gigantes da Lira (9h) – infantil, rua General Glicério (Laranjeiras) Escravos da Mauá (13h) – Centro

5 de fevereiro | sexta-feira: Rei Momo recebe as chaves da cidade (13h) Bloco das Carmelitas (15h) – Santa Teresa Desfile das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (21h) – Sambódromo

6 de fevereiro | sábado: FERNANDO MAIA | RIOTUR

Cordão da Bola Preta (9h) – Centro Macarronada Carnavalesca (12h) – Centro Cultural Cordão da Bola Preta (Centro) Bloco do Barbas (16h) – Botafogo Banda de Ipanema (17h) – Praça General Osório (Ipanema) Desfile das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (21h) – Sambódromo Baile do Copacabana Palace (23h) – Copacabana

7 de fevereiro | domingo: Bloco Simpatia é quase amor (16h) – Praça General Osório (Ipanema) Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial (21h) – Sambódromo Baile de Carnaval (23h) – Centro Cultural Cordão da Bola Preta (Centro)

TATA BARRETO | RIOTUR

8 de fevereiro | segunda-feira: Bloco Sargento Pimenta (10h) – Aterro do Flamengo Banda de Ipanema infantil (16h) - Praça General Osório (Ipanema) Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial (21h) – Sambódromo Baile de Carnaval (23h) – Centro Cultural Cordão da Bola Preta (Centro)

9 de fevereiro | terça-feira Bloco das Carmelitas (10h) – Santa Teresa Baile infantil (15h) – Centro Cultural Cordão da Bola Preta (Centro) Bloco das Carmelitas (17h) – Santa Teresa Desfile das Escolas de Samba Mirins (21h) – Sambódromo

FERNANDO MAIA | RIOTUR

Baile Os carnavais que eu brinquei (23h) – Centro Cultural Cordão da Bola Preta (Centro)

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13 de fevereiro | sábado Desfile das Campeãs (21h) – Sambódromo


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ALAN CHAVES

FERNANDO MAIA | RIOTUR

á quase 100 anos, os cariocas aprenderam que lugar quente é no Bola Preta! Com alegria infernal, o Cordão da Bola Preta anima o carnaval da Cidade Maravilhosa e, nos últimos anos, vem arrastando verdadeiras multidões: um milhão, segundo dados da prefeitura, ou dois milhões e meio, nas contas dos organizadores. Se é difícil dizer com exatidão o número de foliões que vão ao Centro do Rio todos os anos para brincar no bloco, uma coisa é possível afirmar: todos eles têm o Bola Preta no coração!


FOTOS: ANDRÉ LOBO | RIOTUR

Os números são mesmo impressionantes, mas nem sempre foi assim. Apesar do atual sucesso, a história do Cordão da Bola Preta é marcada por ciclos. O primeiro vai de sua fundação até 1949, período em que funcionou em diversas sedes alugadas, sobrevivendo graças à persistência, ao amor e ao comprometimento de seus fundadores e primeiros sócios. O segundo ciclo teve início nos anos 1950, com a inauguração de sua sede própria, e durou até 2008, quando o bloco perdeu o imóvel da Avenida Treze de Maio, devido a dívidas administrativas. Já o terceiro ciclo ficará marcado pela criação do Centro Cultural Cordão da Bola Preta e pela promoção de atividades sociais em sua nova sede, na Rua da Relação, aberta ao público às sextas-feiras e aos sábados, com capacidade para 770 pessoas. O reconhecimento da importância do Cordão da Bola Preta no cenário cultural carioca veio aos poucos. Em 1950, o bloco recebeu o título de Utilidade Pública, concedido pelos relevantes serviços prestados à MPB e ao Carnaval. No início do século XXI, em 2003, foi elevado a Patrimônio Cultural do Povo Carioca. No ano seguinte, o governo federal concedeu-lhe a Medalha da Ordem do Mérito Cultural, e, em 2007, o bloco foi reconhecido Patrimônio Cultural Carioca. Com a proximidade de seu centenário, o Cordão da Bola Preta vem recebendo diferentes prêmios – de público e da imprensa – como melhor carnaval de rua da cidade, além de já ter sido tema de exposição, documentário e enredo de escola de samba (Alegria da Zona Sul/2013).

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tivo. Há oito anos na presidência, seu objetivo é ampliar a visão de negócio do Cordão da Bola Preta: - Logo que o carnaval de 2016 passar, vamos botar o bloco na rua para as comemorações dos 100 anos do Bola Preta. Uma data redonda como essa não pode passar em branco – adianta Pedro Ernesto sem revelar o que vem por aí.

História em branco e preto O Cordão da Bola Preta foi criado em 1918, a partir de um grupo dissidente do Clube dos Democráticos, liderado por Álvaro Gomes de Oliveira, conhecido como Kveirinha, o primeiro “Xerife do Bola”. Uma mulher de corpo escultural usando um vestido colante branco, de bolas pretas, teria sido a inspiração para o nome do bloco, que se reunia no Bar Nacional, localizado na Galeria Cruzeiro, onde hoje fica o Edifício Avenida Central. A fama do bloco era tão grande que acabou virando música. A marchinha “Quem não chora não mama”, composta por Vicente Paiva e Nelson Barbosa na década de 1930, assegurava que “lugar quente é na cama / ou então no Bola Preta” e convocava todos: “vem pro Bola, meu bem / com alegria infernal”. Gravada somente em 1959 pela inesquecível Carmen Costa, logo se tornaria o hino oficial do bloco.

No que depender do atual presidente Pedro Ernesto Araújo Marinho (o “Xerife do Bola”, como o cargo ficou conhecido), o crescimento do bloco não deve parar, especialmente fora do período carnavalesco. Mesmo em meio à crise econômica que o país atravessa, o Cordão da Bola Preta não tem motivos para chorar. O bloco vem conseguindo manter as contas equilibradas com a realização de eventos em sua nova sede – como o Botequim Carnavalesco, às terças-feiras – e levando sua banda-show para outras cidades no interior do Rio de Janeiro e de outros estados.

Em seus primeiros anos, o Cordão da Bola Preta só funcionava de novembro até o carnaval. O bloco teve sede nas ruas da Glória, do Passeio, Senador Dantas e Bittencourt da Silva, onde permaneceu por dez anos até que a via foi transformada em acesso à estação Carioca do Metrô, na Avenida Rio Branco. Em meados da década de 1940, já com um número maior de associados, o bloco comprou todo o terceiro andar do Edifício Municipal na Avenida Treze de Maio. A sede foi inaugurada no dia 31 de dezembro de 1949 e lá funcionou até janeiro de 2008, quando foi decretada imissão de posse a favor do condomínio por causa de nove anos de inadimplência.

Pedro Ernesto frequenta o Bola Preta desde 1971. Três anos depois, tornou-se sócio do bloco, aproveitando a promoção Bola Jovem. Depois de muitos anos curtindo apenas como folião, passou a diretor e vice-presidente social e administra-

Em meados dos anos 1960, foi criado o Baile do Sarongue, pré-carnavalesco tradicional da cidade, realizado na terça-feira que antecedia o carnaval. Até a década seguinte, o Cordão da Bola Preta manteve a temporada carnavalesca de novembro


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FOTOS: ACERVO DO CORDテグ DA BOLA PRETA


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FOTOS: ACERVO DO CORDテグ DA BOLA PRETA


até o sábado pós-folia, quando tinha lugar o Baile da Vitória. Muitos dos hits carnavalescos que até hoje fazem a alegria da maior festa popular do país surgiram justamente nesses bailes memoráveis. Primeiro clube a realizar rodas de samba em ambiente fechado – até então elas aconteciam nas quadras das escolas de samba –, o Bola Preta revelou grandes sambistas, sendo o mais notório deles Neguinho da Beija-Flor, intérprete da escola de samba de Nilópolis. Ciente de sua importância como “quartel-general” do carnaval no Rio de Janeiro, o Cordão da Bola Preta nunca deixou de realizar bailes nos quatro dias de folia, mesmo nas décadas de 1980 e 1990, quando os blocos viram a animação das ruas esmorecer. Sem sede própria, o Cordão da Bola Preta promoveu seus bailes no Clube dos Democráticos (2008) e na boate Passeio Público Dance (2009).

A fama do Cordão da Bola Preta atraiu muitos frequentadores ilustres e grandes nomes da MPB: Pixinguinha, Mário Lago, Ataulfo Alves, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Jamelão, João Roberto Kelly, Beth Carvalho e Elizeth Cardoso. Políticos importantes também passaram pelo Bola. Negrão de Lima, Governador do Estado da Guanabara, era presença certa nos bailes de carnaval. Já o presidente da República Getúlio Vargas teria saído de um Baile do Theatro Municipal para conferir o carnaval na sede do Bola Preta na Treze de Maio, ali pertinho. O título mais importante no Bola Preta é o de “Madrinha”. Elizeth Cardoso foi a primeira, sendo sucedida por Alcione e, posteriormente, por Beth Carvalho, Luma de Oliveira e Luiza Brunet. Desde 2009, a madrinha do Bola é a cantora Maria Rita; e a porta-estandarte, a atriz Leandra Leal. Quando completou 90 anos, o Governo do Estado do Rio de Janeiro cedeu ao Bola Preta, em regime de comodato, um conjunto de imóveis situados entre as ruas do Lavradio e da Relação, onde está sendo implantado o Centro Cultural Cordão da Bola Preta. O projeto pretende transformar o local em referência cultural da cidade, com o Centro de Memórias Bola Preta, restaurante, boteco, salas de aula para formação e aperfeiçoamento de músicos, loja para venda de produtos Bola Preta e salão para bailes.

PAULO MUMIA | RIOTUR

A resistência do Cordão da Bola Preta foi fundamental para a retomada do carnaval de rua na cidade e inspirou o surgimento de inúmeros blocos. Referência do carnaval carioca, sua banda foi criada e comandada pelo Maestro Sodré, que tinha estilo único de reger, de costas para os músicos e de frente para o público. Atualmente, a batuta de Altamiro Gonçalves conduz a banda-show, formada por 26 músicos, que animam não só os eventos durante o reinado de Momo, como também ensaios de escolas de samba e festas de

aniversário e de casamento em lugares inusitados para um baile de carnaval, como a tradicional Confeitaria Colombo.

Ficha técnica: Fundação: 31 de dezembro de 1918 Presidente: Pedro Ernesto Araújo Marinho Madrinha de honra: Elizeth Cardoso (in memoriam) Madrinha: Maria Rita Porta-estandarte: Leandra Leal Rainha: Ludmilla Musa: Selminha Sorriso Padrinho: Neguinho da Beija-Flor

Banda: 30 músicos

WALTER MESQUITA | RIOTUR

Maestro: Altamiro Gonçalves

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58 FOTOS: DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO


O carnaval do Rio de Janeiro é o mais famoso do planeta. A festa carioca – ao lado das produzidas em outras cidades brasileiras, como São Paulo, Salvador, Olinda e Recife – tornou-se um grande evento nacional e internacional, que dá brilho à imagem de um país orgulhoso de sua cultura e de sua alegria de viver. Além do Brasil, outros lugares na América do Sul compartilham essa paixão pelo carnaval, como Oruro, na Bolívia; Corrientes, na Argentina; e, sobretudo, as cidades colombianas de San Juan de Pasto e Barranquilla, cujas festividades integram a lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco. O carnaval é a festa cultural e folclórica mais importante da Colômbia. Com um milhão de habitantes e situada na costa caribenha, Barranquilla orgulha-se de organizar o segundo maior carnaval do mundo, atrás apenas do Rio de Janeiro. Desde que foi registrado pela Unesco, o carnaval de Barranquilla escolheu como slogan “Quien lo vive es quien lo goza”, ou seja “Quem o vive é quem o desfruta”. Assim como no Rio, o carnaval de Barranquilla é preparado com vários meses de antecedência e tem seu apogeu nos dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. A eleição da Rainha do Carnaval, no início de janeiro, é um verdadeiro espetáculo, no qual a candidata deve demonstrar seus talentos de liderança. A escolhida torna-se ícone da cidade de Barranquilla não só no carnaval, mas ao longo do ano inteiro. A Batalha das Flores é o evento mais importante dessa festa. O grande desfile popular é formado por grupos e blocos de dançarinas burlescas, embalados por ritmos de origem afrocaribenha, como a conga, o diablo, o torito e a cumbia. O fim da folia é marcado pelo enterro simbólico de Joselito, símbolo de alegria e festa. Mais ao Sul da Colômbia, próximo à fronteira com o Equador e a 3 mil metros de altitude, na Cordilheira dos Andes, a cidade de San Juan de Pasto organiza o famoso Carnaval

de Negros e Brancos entre 28 de dezembro e 6 de janeiro. A festa conta com carros alegóricos magníficos, produzidos por autênticos artistas carnavalescos a partir de lendas e tradições andinas e colombianas com uma pitada de sátira política, característica de carnavais mediterrâneos. Ao colorido de fogos de artifício, carros e cabeças gigantes, soma-se uma tradição particular, típica de Nice, cidade do sul da França, no século passado: as batalhas de farinha, talco e espuma que dispensavam belos figurinos. Todas essas grandes manifestações sofreram influência dos carnavais europeus, especialmente dos realizados na já citada Nice e nas espanholas Barcelona e Tenerife (Ilhas Canárias).

E Viva a Espanha! O carnaval de Tenerife – cidade-irmã de Nice e do Rio de Janeiro – é um dos mais importantes do mundo e o maior da Espanha, com seu grande desfile de blocos e bandas musicais nas ruas. Ele começa com uma suntuosa festa de gala para escolher a Rainha do Carnaval. Patrocinadas por grandes marcas, as candidatas vestem trajes luxuosos, dignos dos destaques das escolas de samba. Já os carnavais de Barcelona e Madri são mais tradicionais e contam com a participação de numerosos bonecos gigantes inspirados na história e nas lendas da Espanha. O carnaval de Nice está entre os três mais importantes do mundo, com desfiles de carros alegóricos imensos e floridos. Totalmente automatizados, eles têm a magnífica Promenade des Anglais como cenário, que não fica nada a dever à sua coirmã Avenida Atlântica, em Copacabana. E viva o carnaval no mundo!

Annie Sidro CARNAVAL SANS FRONTIÈRES

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Horário

7 de Fevereiro Domingo

8 de Fevereiro Segunda-feira

13 de Fevereiro Sábado das Campeãs

21h30

Estácio

Vila Isabel

6° Colocada

entre 22h35 e 22h52

União da Ilha

Salgueiro

5° Colocada

Beija-Flor

São Clemente

4° Colocada

entre 00h45 e 01h36

Grande Rio

Portela

3° Colocada

entre 01h50 e 02h58

Mocidade

Imperatriz

2° Colocada

entre 02h55 e 04h20

Unidos da Tijuca

Mangueira

1° Colocada

entre 23h40 e 00h14

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GABRIEL SANTOS | RIOTUR

MARCELO REGUA | RIOTUR

Horário dos Desfiles


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Salve Jorge! O Guerreiro da fé Por ter sido o vencedor da série A do carnaval carioca no ano passado, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estácio de Sá será a primeira escola a desfilar em 2016. Se considerarmos que a origem da vermelho e branca é a “Deixa Falar”, a Estácio é a mais antiga agremiação, fundada em 1927. Mas a Deixa Falar durou apenas três carnavais e, somente em 1955, renasceu como Unidos de São Carlos, em alusão ao morro em que ficava situada. A escola assumiu o nome atual em 1983, visando a prestigiar toda a comunidade, que já extrapolava o São Carlos. Localizada na Cidade Nova, a quadra da Estácio de Sá fica próxima a três estações de metrô (Cidade Nova, Praça XI e Estácio), além de ser caminho de várias linhas de ônibus.

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Em sua volta ao Grupo Especial, a Estácio terá como enredo um dos santos mais queridos no Rio de Janeiro, onde seu dia é até feriado: São Jorge, reverenciado ao longo dos séculos por várias religiões e em diversos países. Na música brasileira, o santo foi celebrado por Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, entre outros compositores. O trio formado pelos carnavalescos Chico Spinosa, Tarcísio Zanon e Amauri Santos é responsável por levar para a avenida a história do guerreiro, protetor dos fracos e padroeiro dos sambistas. Vestida com as roupas e as armas de Jorge, a escola começará seu desfile pela região da Capadócia, na Turquia, onde Jorge teria nascido; contará seu martírio e fé; mostrará sua importância no mundo, a lenda do dragão e sua presença no Brasil, nas festas cristãs e no candomblé, em que é representado pelo orixá Ogum.


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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

GABRIEL SANTOS | RIOTUR


Autores: Édson Marinho, Adilson Alves, Jorge Xavier, André Félix, JB e Salviano A pé eu vou Empunhando a lança Do Santo Guerreiro Sou eu mais um filho de Jorge Nesta legião herdeiro fiel Vou seguir na missão Na Capadócia nasceu, o menino lutou Enfrentou desatino do imperador O ser amado admirado Invencível defensor Estou vestido com as armas de Jorge Meus inimigos não vão me alcançar Tu és bondade pelo mundo inteiro Santo padroeiro igual não há Rogar seus milagres em devoção Fazer a criança virar um leão Em proteção, orai ao glorioso Pai Mesmo da lua por nós olhai Amanheceu a alvorada anuncia Divina alteza senhor da cavalaria Prepare o feijão, ê baiana, põe tempero Dá no couro, batuqueiro Pra minha Estácio de Sá Fazer da Avenida seu altar Sou teu fiel seguidor, meu cavaleiro Por dia mato um dragão, sou brasileiro Estácio veste seu manto carregado de axé Salve Jorge, guerreiro na fé

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RAPHAEL DAVID | RIOTUR

Samba-Enredo


Leziário Nascimento PRESIDENTE DE HONRA

Coronel França

ALEXANDRE LOUREIRO | RIOTUR

PRESIDENTE

CARNAVALESCOS

Amauri Santos, Chico Spinosa e Tarcísio Zanon MESTRE DE BATERIA

Mestre Chuvisco INTÉRPRETES

Wander Pires, Leandro Santos e Dominguinhos do Estácio COMISSÃO DE FRENTE

Márcio Moura MESTRE-SALA

Marcio Souza PORTA-BANDEIRA

Alcione Carvalho RAINHA DE BATERIA

Luana Bandeira CORES

vermelho e branco DATA DE FUNDAÇÃO

FOTOS: RAPHAEL DAVID | RIOTUR

27 de fevereiro de 1955

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Olímpico por Natureza | todo mundo se encontra no Rio de Janeiro O Grêmio Recreativo Escola de Samba União da Ilha do Governador foi fundado em 1953, na Zona Norte do Rio. Ao longo dos anos, a União da Ilha ganhou a simpatia do público e da mídia graças a seus desfiles criativos, baratos e animados. A empolgação de seus componentes é contagiante e costuma contar com o apoio de sambas-enredo memoráveis que extrapolaram muito os limites da Sapucaí. Bons exemplos são "Domingo", de 1977, que se tornou hino de todas as torcidas no Maracanã e em outros estádios brasileiros; “O amanhã”, de 1978, gravado pelas cantoras Elizeth Cardoso e Simone; “É hoje”, de 1982, que virou clássico da MPB nas vozes de Caetano Veloso e Fernanda Abreu.

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A União da Ilha foi uma das primeiras escolas a anunciar o enredo para o carnaval deste ano. Habituada a abordar temas leves e do cotidiano – como futebol e a própria festa de Momo –, a escola vai celebrar os Jogos Olímpicos de 2016, enfatizando a vocação dos cariocas para os esportes e para grandes festas. Apesar de o tema ter sido bem recebido pelo governo e por empresas privadas, a crise político-econômica pela qual o Brasil vem passando repercurtiu no mundo do samba e afastou possíveis patrocínios. Nas palavras do presidente Ney Filardi, “o carnaval da Ilha será bom, bonito e muito barato”, em referência ao samba-enredo “Bom, bonito e barato”, de 1980. O desfile pode ganhar brilho especial caso o velocista jamaicano Usain Bolt aceite o convite da União da Ilha e desfile, sem pressa, pela Sapucaí.


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FERNANDO MAIA | RIOTUR

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR


Autores: Marquinhos do Banjo, Cap. Barreto, Miguel, Roger Linhares, Paulo Guimarães, Dr. Robson, Jamiro Faria e Gugu das Cadongas Vem, chega mais perto, sente o meu calor Bem-vindo à Ilha do Governador Braços abertos, vou te ver chegar Os deuses, por Zeus abençoados Na terra onde o sol é mais dourado, É lindo o meu amanhecer Águas... Que vão me banhar, serenas... Descendo ao encontro do mar Vem nas minhas ondas mergulhar Trilhar caminhos de rara beleza No solo sagrado, oh Mãe Natureza BIS Poder voar no azul infinito Do alto sou ainda mais bonito Ser carioca é tipo assim: Paixão, prazer, amor sem fim, Se misturar pela cidade Compartilhar felicidade, Firma a batida na palma da mão, Os Jogos vão começar, Já somos todos irmãos Os deuses querem ficar E todo mundo cai no samba! Na ginga, no batuque e no compasso Alô meu Rio, aquele abraço! Medalha de ouro a nossa União Bordada nos louros do meu pavilhão BIS A minha alegria encanta você Meu maior desejo é vencer ou vencer Ilha... Razão do meu viver.

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MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

Samba-Enredo


FERNANDO MAIA | RIOTUR

PRESIDENTE

Ney Filardi CARNAVALESCO

Jack Vasconcelos e Paulo Menezes MESTRE DE BATERIA

Mestre Ciça INTÉRPRETE

Ito Melodia COMISSÃO DE FRENTE

Patrick Carvalho MESTRE-SALA

Marcinho PORTA-BANDEIRA

Shayene RAINHA DE BATERIA

Bianca Leão CORES

azul, vermelho e branco DATA DE FUNDAÇÃO

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR

7 de março de 1953

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Mineirinho Genial! Nova Lima - cidade natal. Marquês de Sapucaí - O poeta imortal O Grêmio Recrativo Escola de Samba Beija-Flor nasceu durante as comemorações do Natal de 1948. Informalmente, porém, a agremiação tornou-se conhecida como Beija-Flor de Nilópolis, em referência à sua cidade de origem, na Baixada Fluminense. A trajetória da agremiação pode ser dividida em antes e depois de Joãosinho Trinta. O maranhense assumiu o cargo de carnavalesco em 1976, com um enredo em homenagem ao jogo do bicho, e fez história na Beija-Flor. Outra marca registrada da escola de Nilópolis é Neguinho da Beija-Flor, um dos intérpretes mais populares da avenida, com seu inconfundível grito de guerra: “Olha a Beija-Flor aí, gente!”.

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Muito se fala de Marquês de Sapucaí (a avenida), mas poucos sabem, ao certo, quem ele foi. Depois do carnaval de 2016, porém, essa história vai mudar. A Beija-Flor busca o bicampeonato com uma homenagem ao mineiro Cândido José de Araújo Viana, o Executivo do Império, político, poeta e compositor do século XIX que dá nome à Passarela do Samba no Rio. Maior campeã da era Sambódromo, com oito de seus 13 títulos conquistados na Sapucaí, incluindo o de 2015, a Beija-Flor tem credenciais suficientes para abordar o tema. Diferentemente do ano passado, quando celebrou a Guiné Equatorial, a escola de Nilópolis não contará com nenhum patrocínio, apenas com o amor e a dedicação de seus integrantes. Aliás, o tema foi sugerido por um componente da bateria que tem família em Nova Lima (MG), terra natal do Marquês de Sapucaí.


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TATA BARRETO | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR


Autores: Marcelo Guimarães, Sidney de Pilares, Manolo, Jorginho Moreira, Kirraizinho e Diogo Rosa Abriu-se a cortina do tempo Emoldurando a história a Beija-Flor ôôô De Nova Lima a poesia se fez Na genialidade do marquês Nasceu em Congonhas de Sabará O mais puro ouro das Minas Gerais Atravessou o mar, no afã de conquistar Conhecimento em terras lusitanas Brilhou aos olhos da lei, Formou-se bacharel Fiel à nação, enfim regressou A saudade apertou Ecoou um brado de resistência Ao longe se ouviu a voz da Independência Pelo Brasil, impera felicidade Já raiou a liberdade Um homem de real valor Um vencedor na estrada da vida Em seu legado a primazia Na gratidão que herdaria Poeta, músico, escritor O mineirinho que o Rio imortalizou Teu chão floresce a nobreza pro samba passar Um templo sagrado, a luz do luar Apoteose de todo sambista Artista! Herdeiro verdadeiro de Ciata Que hoje te abraça aos pés da praça Em mais um Carnaval Sou Beija-Flor, na alegria ou na dor A Deusa da Passarela é ela! Primeira na história do Marquês Que na Sapucaí é soberana De fato, nilopolitana.

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MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

Samba-Enredo


Farid Abrahão David PRESIDENTE DE HONRA

FERNANDO MAIA | RIOTUR

PRESIDENTE

Anísio Abrahão David COMISSÃO DE CARNAVAL

Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, André Cezari, Victor Santos, Claudio Russo e Bianca Behrends MESTRES DE BATERIA

Plínio e Rodney INTÉRPRETE

Neguinho da Beija-Flor COMISSÃO DE FRENTE

Marcelo Misailidis MESTRE-SALA

Claudinho PORTA-BANDEIRA

Selminha Sorriso RAINHA DE BATERIA

Raíssa de Oliveira CORES

azul e branco DATA DE FUNDAÇÃO

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

25 de dezembro de 1948

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Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei...

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Da ala jovem das escolas de samba do Grupo Especial, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio vem alcançado, há dez anos, boas colocações nos desfiles e, em 2014, ficou com o terceiro lugar.

A cidade de Santos será o tema da Acadêmicos do Grande Rio no carnaval de 2016. Desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo, o enredo vai mostrar a história e a cultura da cidade paulista.

Fundada em 1988, em Duque de Caxias, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, a escola tem por característica levar celebridades para a avenida. Christiane Torloni, Danielle Winits, Deborah Secco, Grazi Massafera e Paola Oliveira são algumas das beldades que já desfilaram pela escola. Por três anos consecutivos, a atriz Paloma Bernardi foi a musa da Grande Rio e, em 2016, substituirá o “casal real” formado pelo promoter David Brazil e pela atriz Susana Vieira. Paloma foi coroada Rainha de Bateria da escola pelo craque Neymar, revelado ao futebol no principal clube de Santos, cidade celebrada pela escola este ano.

O título do enredo foi inspirado em famosa fonte de Santos, que teria originado a clássica cantiga infantil "Fui no Itororó". A escola cantará as belezas da cidade, a importância político-econômica do porto homônimo – referência no litoral brasileiro – e renderá homenagem ao Santos Futebol Clube e a seus ídolos Pelé e Neymar.


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TATA BARRETO | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR


Autores: Márcio das Camisas, Mariano Araújo, Competência, Kaká e Dinho Nesse mar de alegria, quero ver me segurar A Grande Rio mandou chamar Vem pra ciranda Ioiô... No Itororó vem Iaiá Beber na fonte que me faz apaixonar Lindo cenário de amor... Histórias pra se cantar Santos... Maravilha de lugar (vou contar) De além-mar chega o colonizador O mercado prosperou no vai e vem (vai e vem) O cheiro doce que o vento trouxe... Encanta a Família Real Nossa Senhora... Mãe poderosa... Livrai essa Terra do mal Veio gente de todo lugar pra somar Liberdade, um grito ecoou ôôô Nessa labuta tem aroma de café É saboroso, todo mundo botou fé Pode embarcar que o apito do bonde tocou Pode embarcar que o progresso não pode parar Vem mergulhar nessas ondas, sentir o prazer Esporte é vida, lazer Tá no gramado a paixão Peixe o orgulho da 'Vila' Celeiro do eterno campeão Ê! Menino bom de bola No destino deu olé (olé... olé) O atleta consagrado... Majestade é nosso Rei Pelé Cavaleiro da paz... Magia Na corte tem Neymar... Ousadia e alegria Pisa forte, Grande Rio, é pura emoção Santos conquistou meu coração Desembarquei no porto da felicidade Quanta beleza pra curtir nessa cidade

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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Samba-Enredo


GABRIEL SANTOS | RIOTUR

PRESIDENTE

Milton Perácio PRESIDENTE DE HONRA

Jayder Soares CARNAVALESCO

Fábio Ricardo MESTRE DE BATERIA

Thiago Diogo INTÉRPRETE

Emerson Dias COMISSÃO DE FRENTE

Priscilla Mota e Rodrigo Negri MESTRE-SALA

Daniel Werneck PORTA-BANDEIRA

Verônica Lima RAINHA DE BATERIA

Paloma Bernardi CORES

vermelho, verde e branco DATA DE FUNDAÇÃO

FERNANDO MAIA | RIOTUR

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

22 de setembro de 1988

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O Brasil de La Mancha. Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro Situada no subúrbio de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, a Mocidade Independente de Padre Miguel entrou para a história com a célebre “paradinha da bateria” de Mestre André, ainda hoje sinônimo de perfeição no quesito bateria. Este ano, a funkeira Anitta será musa da agremiação, e a cantora Cláudia Leitte segue como Rainha de Bateria. Criado em 1955 a partir do time de futebol amador Independente Futebol Clube, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel está sempre renovando seus laços com o esporte. Sua quadra tem como apelido “Maracanã do samba”. Em 2015, quando completou 60 anos, a escola implantou o programa sócio-torcedor, estreitando o relacionamento com a comunidade por meio de vantagens e sorteios entre os associados.

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Mais voltada para seu entorno, a Mocidade vai aproveitar os 400 anos da morte do escritor espanhol Miguel de Cervantes para promover, junto às escolas públicas situadas próximas à quadra da agremiação, a obra-prima do romancista: o clássico “Dom Quixote de La Mancha”. Este ano, a Mocidade mistura Brasil com Espanha, Padre Miguel com Miguel de Cervantes, e Quixote Cavaleiro com Pixote Brasileiro. O carnaval da Mocidade é fantasia e, tal qual na literatura, é capaz de transportar histórias e personagens no tempo e no espaço. E eis que o “cavaleiro da triste figura” do século XVI desembarca no Brasil de hoje. O enredo é dedicado ao povo brasileiro, que, apesar de enormes problemas, luta contra as injustiças, mantém a esperança em um país melhor e acredita em sua vocação natural para ser feliz. Só mesmo uma escola que traz no nome e no coração o frescor de uma mocidade sonhadora poderia levar à avenida um enredo como esse. Afinal, ela também é Miguel, ou melhor, de Padre Miguel.


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RAPHAEL DAVID | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR


Autores: Jefinho Rodrigues, Wander Pires, Marquinho Índio, J. Medeiros, Domingos Pressão, Jonas Marques, Paulo Ferraz, Lauro Silva e Lero Pires Eu hei de cantar por toda vida Minha Mocidade, escola querida Nessa disputa... Verás que um filho teu não foge à luta! (não) Louco, apaixonado... Voar, sem limites sonhar... Desperta Cervantes do sono infinito Que a luz da estrela vai guiar Quixote cavaleiro delirante Avante! Moinhos vamos vencer Errante acerta o rumo da história Pras manchas desse quadro remover Pintar nessa tela a nova aquarela E hoje enfim devolver A honra do negro, a tal liberdade Que sempre haveria de ter Ainda é tempo, eu vou contra o vento Não há de faltar bravura De Ramos à Rosa, meu dom encontrei Nos braços da literatura! Vai na fé... Meu bom cangaceiro "Ser tão" Conselheiro regando as veredas Caminhando e cantando, seguindo a canção Nas mãos uma flor vai calar os canhões Faz clarear as tenebrosas transações Lavando a alma da "Mocidade" Lançando jatos de felicidade Vencer mais um gigante nessa história desleal Numa ofegante epidemia que se chama carnaval Vem ser mais um guerreiro Eu sou Miguel, pixote escudeiro É hora da estrela que sempre vai brilhar! Eu hei de cantar por toda vida Minha Mocidade, escola querida Nessa disputa... Verás que um filho teu não foge à luta! (não)

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MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

Samba-Enredo


RAPHAEL DAVID | RIOTUR

PRESIDENTE

Wandyr Trindade (Vô Macumba) PRESIDENTE DE HONRA

Rogério de Andrade CARNAVALESCOS

Alexandre Louzada e Edson Pereira MESTRE DE BATERIA

Dudu INTÉRPRETE

Bruno Ribas COMISSÃO DE FRENTE

Jorge Teixeira e Saulo Finelon MESTRE-SALA

Diogo Jesus PORTA-BANDEIRA

Cristiane Caldas RAINHA DE BATERIA

Cláudia Leitte CORES

verde e branco DATA DE FUNDAÇÃO

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

10 de novembro de 1955

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Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado A Unidos da Tijuca foi campeã pela primeira vez em 1936, cinco anos depois de sua fundação. No entanto, foi preciso esperar 74 anos para que a escola reconquistasse o título do Grupo Especial, feito alcançado graças a duas figuras fundamentais: o presidente Fernando Horta e o carnavalesco Paulo Barros. O empresário português reestruturou a escola, e Barros ganhou o público e a mídia com seus desfiles surpreendentes. A dupla repetiria a dose em 2012 e 2014. Com sede na Tijuca, junto à comunidade do Borel, a Unidos da Tijuca é uma das escolas de samba mais antigas do Rio de Janeiro ainda em atividade. Além da sede e de seu barracão na Cidade do Samba, a agremiação realiza ensaios no Clube dos Portuários, no Centro do Rio.

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A cidade de Sorriso (MT), capital brasileira da soja, é a inspiração para o enredo da Unidos da Tijuca em 2016, que contará a história da agricultura brasileira. Para desenvolver o tema, a comissão de carnaval da escola viajou até o estado de Mato Grosso e visitou fazendas a fim de conhecer o agronegócio. Em seu desfile, a Unidos da Tijuca vai falar da relação do homem com a terra – de Adão e Eva aos dias atuais, passando pelo descobrimento do Brasil – e da importância da atividade para a economia do país. Tudo isso a partir do ponto de vista de uma cidade jovem, criada há menos de 30 anos, que cresceu incorporando tecnologia às plantações e se tornou a maior produtora mundial de soja, segundo o Instituto Matogrossense de Economia e Agropecuária (Imea).


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TATA BARRETO | RIOTUR


Autores: Dudu Nobre, Zé Paulo Sierra, Claudio Mattos e Gustavo Clarão Sou eu... Do barro esculpido pelas mãos do Criador Sou eu... Filho dessa terra germinando amor São lágrimas que caem lá do céu São raios desse sol em meu olhar Ao ver a agricultura do Brasil em meu Borel Sagrada natureza a nos abençoar Brota o suor que escorre na enxada Ara, planta, colhe em devoção E "ver de" perto a cria alimentada Flores que aquarelam a região Sou matuto sonhador em louvação Lá no meu interior, a viola dá o tom Vendo o campo colorido Cai a noite a me envolver Vou rogando ao Pai querido Pra colheita florescer Vou levantando a poeira da terra Que aterra a magia do grão Fertilidade é a arte do homem que cuida Protege seu chão Um oásis de conhecimento Pro país é um exemplo, a tal "capital" O meu negócio é isso, seu moço "Sorriso" no rosto Por esse meu mundão rural Semeia... A minha raiz Clareia.. Um belo matiz O dia vai raiar e o povo há de cantar feliz Salve! A Mãe Natureza, a luz da riqueza O dono da terra... A inspiração A Tijuca festeja, o solo sagrado em oração!

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FERNANDO MAIA | RIOTUR

Samba-Enredo


ALEXANDRE LOUREIRO | RIOTUR

PRESIDENTE

Fernando Horta COMISSÃO DE CARNAVAL

Mauro Quintaes, Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo MESTRE DE BATERIA

Casagrande INTÉRPRETE

Tinga COMISSÃO DE FRENTE

Alex Neoral MESTRE-SALA

Julinho PORTA-BANDEIRA

Rute RAINHA DE BATERIA

Juliana Alves CORES

azul e amarelo DATA DE FUNDAÇÃO

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

31 de dezembro de 1931

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Memórias de Pai Arraia. Um sonho pernambucano, um legado brasileiro Histórias de Noel Rosa, da Unidos de Vila Isabel e de Martinho de Vila cruzam-se nas ruas do bairro que tem calçadas decoradas com notas musicais em homenagem a um de seus mais ilustres moradores. O “Poeta da Vila”, como ficou conhecido o primeiro, foi a inspiração para a fundação da escola de samba, enaltecida por Martinho em enredos e sambas inesquecíveis. Criada nos anos 1940, a Vila Isabel possui a segunda maior quadra do Rio de Janeiro, com capacidade para 11 mil pessoas, 4 mil m2 de área construída e palco de 300 m2. Apesar disso, a partir do final de 2015, a escola passou a realizar ensaios mensais também no Ciep Presidente Salvador Allende, no morro dos Macacos – onde tudo começou –, buscando se reaproximar dos moradores da comunidade, origem de grande parte de seus componentes até hoje. 86

Insipirada no centenário de nascimento de Miguel Arraes – ex-prefeito de Recife, deputado e governador de Pernambuco – em 2016, a Unidos de Vila Isabel prestará homenagem a um dos símbolos da política nacional e das lutas populares no Brasil. O enredo foi idealizado por Alex de Souza e Martinho da Vila, também coautor do samba vencedor deste ano, ao lado de Arlindo Cruz, André Diniz, Leonel e Mart’nália, filha do presidente de honra da agremiação. “Pai Arraia” era a maneira como os cidadãos mais humildes de Pernambuco se referiam a Arraes. Com esse enredo, a Vila pretende mostrar o valor do povo brasileiro, que não se deixa abater e se fortalece com o movimento da cultura popular.


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MARCO ANTテ年IO CAVALCANTI | RIOTUR

ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR


Autores: Martinho da Vila, André Diniz, Mart'nália, Arlindo Cruz e Leonel Meus olhos ficavam rasos d'água A seca minha alma castigava O sol queimava e rachava o chão Os carcarás pousavam no sertão Cresci sonhando renovar os sonhos Revitalizar a vida Que se equilibra sobre palafita Dar pra gente mais sofrida dignidade e amor Pra essa gente aguerrida dignidade, amor Acordei o campo para um novo dia Com o futuro Santo, lindos ideais Despertei o povo pra haver justiça Flora esperança nos canaviais Carinhosamente... Pai Arraia No lugar onde os arrecifes desenham a praia Acolhi um movimento, real solução Mais do que um alento, a cura dos ais Liberdade se conquista com educação Juntando artistas e intelectuais Pra fazer a cartilha no cordel Ensinar do abc à profissão E buscar na arte a inspiração Tão bom cantarolar, me emocionar, estar aqui Pra ver na Avenida O valor na verdadeira Vila Gente humilde que defende a tradição no seu lugar Um movimento de cultura popular Vem dançar no frevo e na ciranda Silenciar jamais Até o Galo da Madrugada Se entregou à batucada, misturando carnavais

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FERNANDO MAIA | RIOTUR

Samba-Enredo


GABRIEL SANTOS | RIOTUR

PRESIDENTE

Luciano Ferreira PRESIDENTE DE HONRA

Martinho da Vila CARNAVALESCO

Alex de Souza MESTRE DE BATERIA

Mestre Wallan Amaral INTÉRPRETE

Igor Sorriso COMISSÃO DE FRENTE

Jaime Arôxa MESTRE-SALA

Phelipe Lemos PORTA-BANDEIRA

Dandara Ventapane RAINHA DE BATERIA

Sabrina Sato CORES

azul e branco DATA DE FUNDAÇÃO

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

4 de abril de 1946

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A ópera dos malandros Formado pela união dos blocos de carnaval do morro do Salgueiro, na Tijuca, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro faz parte do seleto grupo das grandes escolas, como é costume falar. A fama de vencedora perdura até hoje. O Salgueiro já foi nove vezes campeão e, nos dois últimos anos, ficou com a segunda colocação no campeonato. A quadra da escola – uma das mais badaladas da cidade – fica no Andaraí e atrai inúmeras celebridades para os ensaios. Pioneira no lançamento do programa sócio-torcedor entre as escolas de samba, a agremiação desenvolveu, também, o Salgueiro Experience com o objetivo de proporcionar uma visita agradável a turistas nacionais e internacionais. Os pacotes incluem oficinas culturais de samba e percussão, área exclusiva e drink de boas-vindas durante os ensaios. 90

Baseado no musical “A ópera do malandro”, de Chico Buarque, o enredo do Salgueiro em 2016 é uma obra em seis atos: “A nata da malandragem”; “A ópera carioca”; “Pra se viver de amor”; “Entre dados, cartas e roletas”; “Filosofia da malandragem”; e “Apoteose ao malandro de fé e de paz”. Figura mítica carioca, o malandro – com suas várias personificações – desfilará pela Sapucaí faceiro, de braços dados aos nobres Rei da Ginga, Rei da Noite e Barão da Ralé. Os sempre atuais malandros de botequim e filósofos de mesa de bar também estarão lá. Afinal, samba e malandragem sempre andaram juntos, e, como bem lembraram os carnavalescos Renato e Márcia Lage, “malandro que é malandro nunca sai de cena, vira samba”.


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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR


Autores: Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga, Getúlio Coelho, Ricardo Fernandes e Francisco Aquino Laroiê, mojuobá, axé! Salve o povo de fé, me dê licença! Eu sou da rua e a lua me chamou Refletida em meu chapéu O rei da noite eu sou Num palco sob as estrelas De linho branco vou me apresentar Malandro descendo a ladeira... Ê, Zé! Da ginga e do bicolor no pé "Pra se viver do amor" pelas calçadas Um mestre-sala das madrugadas Ê, filho da sorte eu sou Vento sopra a meu favor Gira sorte, gira mundo, malandro deixa girar Quem dá as cartas sou eu, pode apostar! O samba vadio, meu povo a cantar Dia a dia, bar em bar Eis minha filosofia Nos braços da boemia, me deixo levar... Eu vou por becos e vielas Eu sou o barão das favelas Quem me protege não dorme Meu santo é forte, é quem me guia Na luta de cada manhã, um mensageiro da paz De larôs e saravás! É que eu sou malandro, batuqueiro Cria lá do morro do Salgueiro Se não acredita, bate de frente pra ver O couro vai comer!

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FERNANDO MAIA | RIOTUR

Samba-Enredo


TATA BARRETO | RIOTUR

PRESIDENTE

Regina Celi Fernandes CARNAVALESCOS

Renato e Márcia Lage MESTRE DE BATERIA

Mestre Marcão INTÉRPRETES

Leonardo Bessa e Serginho do Porto COMISSÃO DE FRENTE

Hélio Bejani MESTRE-SALA

Sidclei PORTA-BANDEIRA

Marcella Alves RAINHA DE BATERIA

Viviane Araújo CORES

vermelho e branco DATA DE FUNDAÇÃO

TATA BARRETO | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR

5 de março de 1953

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Mais de mil palhaços no salão Única representante da Zona Sul do Rio de Janeiro no grupo Especial, o Grêmio Recreativo Escola de Samba São Clemente foi fundado, como o próprio nome diz, na rua São Clemente, em Botafogo. Completando 55 anos em 2016, a escola hoje possui três endereços no centro da cidade, que abrigam quadra, barracão e o Centro Cultural São Clemente. As mudanças foram necessárias para comportar o crescimento da escola, mas a essência da São Clemente segue a mesma desde 1961: a irreverência. Ao longo dos anos, a agremiação manteve o bom humor e o senso crítico apurado em relação aos temas da atualidade. 94

A frase que dá nome ao enredo da São Clemente este ano foi tirada de uma das marchinhas de carnaval mais cantadas no Brasil: “Máscara negra”, de Zé Keti. Para a carnavalesca Rosa Magalhães, o palhaço é figura recorrente em festas infantis, populares e religiosas, tendo influenciado o jeito brasileiro de brincar. A São Clemente promete fazer piada com a atual situação do país em mais um desfile colorido e repleto de metáforas. Além da sátira, o enredo fala de palhaços tradicionais, como Carequinha, e dos eternos personagens vividos por Oscarito, Grande Otelo e Mazzaropi.


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MARCO ANTテ年IO CAVALCANTI | RIOTUR


Autores: Rodrigo Índio, Alexandre Araújo, Fabio Rossi, Vinícius Nagem, Amado Osman, Armando Daltro, Rodrigo Telles e Davi Costa Que confusão, meu Deus do céu! Foi travessura dos diabos O bobo irreverente do reino fez piada A corte encantada aplaudiu Na feira, em cena a arte O céu de estrelas ilumina o chão Espalha por todas as partes Sorrisos pela multidão Fascina meninos de qualquer idade Suspense! O show começou! Montado na felicidade, surge o palhaço! O circo chegou! Alô, alô! Alô criançada, vai ter palhaçada Quero ver você feliz… Dou cambalhota, pirueta! Se chorar, faço careta Bravo! A plateia pede bis! Tá certo ou não tá? Eu vou gargalhar Oh! Quanta alegria! Divino dom do riso é carnaval Na festa dos "reis da folia" A cara branca, o pastelão! Cara-pintada, voz de uma nação Sou saltimbanco brasileiro Me equilibro o ano inteiro Tem marmelada e "faz-me-rir" Acorda! Esquece a tristeza e vem cantar "Pelo Telefone" mandaram avisar O palhaço o que é? É ladrão de mulher! Mas tem samba no pé O palhaço o que é? É doce ilusão Sonho de criança, pura emoção De preto e amarelo pintou meu amor! Hoje tem São Clemente? Tem, sim, senhor! (o palhaço o que é?)

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MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

Samba-Enredo


TATA BARRETO | RIOTUR

PRESIDENTE

Renato Almeida Gomes CARNAVALESCA

Rosa Magalhães MESTRES DE BATERIA

Caliquinho e Gilberto Almeida INTÉRPRETE

Leozinho Nunes COMISSÃO DE FRENTE

Sérgio Lobato MESTRE-SALA

Fabrício Pires PORTA-BANDEIRA

Denadir RAINHA DE BATERIA

Raphaela Gomes CORES

amarelo e preto DATA DE FUNDAÇÃO

GABRIEL SANTOS | RIOTUR

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

25 de outubro de 1961

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No voo da águia, uma viagem sem fim Apesar de estar há mais de duas décadas sem título (o último foi em 1984), a Portela ainda é uma das mais cultuadas escolas de samba do Rio de Janeiro. O Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela é também das mais antigas agremiações (1923) e tem como origem o bloco Vai Como Pode. A escola é uma das grandes responsáveis pelo formato atual dos desfiles, tendo introduzido a comissão de frente e sido a primeira a utilizar cordas na organização. Em reconhecimento à sua contribuição para o samba carioca e para a cultura brasileira, a Portela foi agraciada, em 2001, com a Ordem do Mérito Cultural. A escola azul e branca é celeiro de grandes compositores, como Aniceto da Portela, Manacéa, Candeia, Zé Keti e Paulo da Portela (Paulo Benjamin de Oliveira, um dos fundadores da agremiação da qual já foi enredo). Sem falar de Wilson Moreira, Monarco, Noca da Portela e Paulinho da Viola, que continuam defendendo o pavilhão portelense.

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Fora da avenida, a escola investe em projetos de responsabilidade social para doação de sangue, incentivo ao esporte e ao emprego. De olho no futuro, a Portela contratou o carnavalesco Paulo Barros e foi das primeiras a adotar o programa sócio-torcedor, fidelizando, logo de cara, mais de mil componentes para “Águia no Coração”. Em 2016, a águia da Portela pega carona nas viagens do carnavalesco Paulo Barros para sobrevoar a história da humanidade descobrindo as diferentes motivações dos viajantes. Cheio de surpresas, o desfile passará pelas grandes descobertas marítimas e por viagens imaginárias, aquelas movidas pelo gosto de aventura ou em busca de mundos perdidos e aquelas em busca de riquezas. Até as viagens no mundo virtual estarão representadas. Poético e nostálgico, quase uma exaltação, o samba-enredo tem a cara da escola e conquistou seus integrantes com o refrão "Eu sou a águia, fale de mim quem quiser. Mas é melhor respeitar, sou a Portela".


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ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR


Autores: Samir Trindade, Wanderley Monteiro, Elson Ramires, Lopita 77, Dimenor e Edmar Jr. Voar nas asas da poesia Rasgar o céu da mitologia E nessa Odisseia viajar Meus olhos vão te guiar, na travessia E no meu destino sem fim Cruzar o azul que é tudo pra mim Enfrentar tormentas e continuar a navegar Oh leva eu me leva, aonde o vento soprar eu vou Oh leva eu me leva, sou livre aonde sonhar eu vou Quisera ir ao infinito Sentir lugares tão bonitos Em terras mais distantes me aventurar Sem saber se um dia vou voltar E mais além, no elo perdido cheguei No vai e vem, a chave da vida encontrei Vou pedir passagem em Busca do ouro O seu brilho me fascina Quero esse mapa da mina, pra achar tesouros Abre a janela, pro mundo que Paulo criou Do outro lado, alguém pode ver esse amor Meus filhos vem me adorar O samba reverenciar Abram alas, vou me apresentar Eu sou a Águia, fale de mim quem quiser Mas é melhor respeitar, sou a Portela Nessa viagem, mais uma estrela Que vai brilhar no pavilhão de Madureira

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FERNANDO MAIA | RIOTUR

Samba-Enredo


Serginho Procópio da Silva PRESIDENTE DE HONRA

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

PRESIDENTE

Monarco CARNAVALESCO

Paulo Barros MESTRE DE BATERIA

Nilo Sérgio INTÉRPRETE

Wantuir e Gilsinho COMISSÃO DE FRENTE

Ghislaine Cavalcanti, Marcelo Sandryni e Roberta Nogueira MESTRE-SALA

Alex Marcelino PORTA-BANDEIRA

Danielle Nascimento RAINHA DE BATERIA

Patrícia Nery CORES

azul e branco DATA DE FUNDAÇÃO

RAPHAEL DAVID | RIOTUR

FERNANDO MAIA | RIOTUR

11 de abril de 1923

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É o amor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim. Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil O Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense foi fundado em 1959, em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O título pomposo brinca com o nome da esposa de Dom Pedro I e a região conhecida como Leopoldina, ao longo linha férrea suburbana da cidade, assim denominada por ter pertencido à companhia Leopoldina Railway. A “falsa” nobreza acabou influenciando seus desfiles, sempre ricos e técnicos. Ao todo, a Imperatriz foi oito vezes campeã e é a única escola do Rio de Janeiro que obteve, por três vezes, nota máxima em todos os quesitos no grupo principal: em 1980, com o carnavalesco Arlindo Rodrigues; em 1989, com Max Lopes; e em 2001, com Rosa Magalhães. Para preservar sua história de sucesso, a agremiação criou seu próprio centro cultural, onde mantém exposições temporárias e uma permanente com referências a seus desfiles e personagens.

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O sertanejo invade a passarela do samba em 2016 com a Imperatriz Leopoldinense. Ídolos do gênero musical e tema de blockbuster nacional, Zezé Di Camargo e Luciano são os homenageados da escola verde e branco. A dupla esteve na quadra nos ensaios acompanhando a escolha do samba e será destaque na Marquês de Sapucaí. Parceria liderada por Zé Catimba, único fundador vivo da Imperatriz, o samba vencedor adaptou o refrão de maior sucesso dos dois filhos de Francisco para “É o amor... a receita da alegria, sentimento de magia e razão do meu viver”. Seguindo o estilo dos antigos sambas-enredo, com muitas estrofes, seus versos acompanham os vários aspectos destacados na sinopse do enredo, imaginado e desenvolvido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues. A letra passa por “Sonho caipira”, “Terra”, “Música sertaneja”, “Fé e folclore”, “Filhos de Francisco” e “Filhos do Brasil”.


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TATA BARRETO | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR


ALEXANDRE MACIEIRA | RIOTUR

Samba-Enredo Autores: Zé Katimba, Adriano Ganso, Jorge do Finge, Moisés Santiago e Aldir Senna Chora cavaco, ponteia viola Pega a sanfona, meu irmão, chegou a hora Sou brasileiro, caipira Pirapora Sagrada lida, vida sertaneja Guardo as lembranças lá do meu torrão O galo canta anuncia novo dia Abre a porteira do meu coração Minhas andanças marejadas de saudade Semeiam sonhos... Felicidade Ouvir a orquestra espantar, vibrar numa só voz Dançar no vento... Os girassóis No amanhã hei de colher, o que hoje for plantar Visão que o tempo não desfaz Dourada Serra que reluz no meu Goiás Minha terra... Sou som do serrado brejeiro Onde a lua inocente vagueia Berrante, peão, vaquejada Tocando a boiada A estrela que clareia Sou matuta, ribeira, caipira Não desgoste de mim quem não viu... Ô Paixão derramada na rima O encanto da menina Um pedaço feliz do Brasil Festa... Tem cavalhada e romaria Risos... Os mascarados vêm brincar Na fé que une e faz o povo acreditar Que um grande sonho pode se alcançar A esperança do pai... Brilhou Nos filhos que o Brasil... Consagrou Talento e arte, vitória e superação Que um Anjo Caipira abençoou Se toda história tem início, meio e fim A nossa começou assim

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É o Amor... A receita da alegria Sentimento e magia A razão do meu cantar É o Amor... Minha Escola na Avenida A paixão da minha vida Verde é minha raiz Imperatriz...


FERNANDO MAIA | RIOTUR

PRESIDENTE

Luiz Pacheco Drumond CARNAVALESCO

Cahê Rodrigues MESTRE DE BATERIA

Lolo INTÉRPRETE

Marquinhos Art’Samba COMISSÃO DE FRENTE

Deborah Colker MESTRE-SALA

Rogerinho PORTA-BANDEIRA

Rafaela Theodoro RAINHA DE BATERIA

Cris Vianna CORES

verde e branco DATA DE FUNDAÇÃO

MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR

6 de março de 1959

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Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá Alerta aos desavisados: apesar do nome, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira não foi a primeira escola de samba do Rio de Janeiro a ser criada. Fundada em 28 de abril de 1928, ela é uma das escolas mais antigas e tradicionais da cidade, mas seu nome, na verdade, deve-se à sua localização: partindo de trem da Estação de Dom Pedro para o subúrbio, Mangueira era a primeira parada onde havia samba. Hoje, mais do que uma escola de samba, a Mangueira é uma comunidade e, como tal, agrupa cerca de 45 mil pessoas para as quais desenvolve ações sociais de apoio, do nascimento à formação universitária. Tudo gratuitamente graças às parcerias estabelecidas com os governos federal, estadual e municipal e empresas privadas, que viabilizaram projetos como a Vila Olímpica da Mangueira, a Mangueira do Amanhã, Segundo Tempo da Educação e uma unidade da Faetec na comunidade.

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Antiga, sim; ultrapassada, jamais. Em 2014, a agremiação aderiu à tecnologia e lançou o projeto Mangueira Mobile com aplicativo, rádio e rede social. No ano passado, mais uma inovação: a Mangueira adaptou o programa sócio-torcedor do futebol para o mundo do samba. Em ambos os casos, o objetivo é aproximar os componentes e estimular a participação de todos no dia a dia da escola. A Estação Primeira de Mangueira vem exaltar a cantora baiana Maria Bethânia, que completou 50 anos de carreira em 2015. Habituada a reverenciar seus baluartes – como Carlos Cachaça e Cartola, para citar apenas dois –, a Mangueira fez carnavais memoráveis em homenagem a importantes personalidades do cenário cultural brasileiro, a exemplo de Carlos Drummond de Andrade, Chiquinha Gonzaga, Braguinha, Dorival Caymmi e Chico Buarque. O enredo deste ano aborda a obra musical da cantora, sua relação com a poesia e o teatro, além de expor aspectos culturais do Recôncavo Baiano e da Bahia, de uma maneira geral.


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MARCO ANTテ年IO CAVALCANTI | RIOTUR

GABRIEL SANTOS | RIOTUR


Autores: Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão Raiou... Senhora mãe da tempestade A sua força me invade, o vento sopra e anuncia Oyá... Entrego a ti a minha fé O abebé reluz axé Fiz um pedido pro Bonfim abençoar Oxalá, Xeu Êpa Babá! Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia Trago no peito o Rosário de Maria Sinto o perfume... mel, pitanga e dendê No embalo do xirê, começou a cantoria Vou no toque do tambor... ô ô Deixo o samba me levar... Saravá! É no dengo da baiana, meu sinhô Que a Mangueira vai passar Voa, carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião Faz da minha voz um retrato desse chão Sonhei que nessa noite de magia Em cena, encarno toda poesia Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção De pé descalço, puxo o verso e abro a roda Firmo na palma, no pandeiro e na viola Sou trapezista num céu de lona verde e rosa Que hoje brinca de viver a emoção Explode coração quem me chamou... Mangueira Chegou a hora, não dá mais pra segurar Quem me chamou... Chamou pra sambar Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá

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MARCO ANTÔNIO CAVALCANTI | RIOTUR

Samba-Enredo


FERNANDO MAIA | RIOTUR

PRESIDENTE

Chiquinho da Mangueira CARNAVALESCO

Leandro Vieira MESTRE DE BATERIA

Rodrigo Explosão INTÉRPRETE

Ciganerey COMISSÃO DE FRENTE

Junior Scapim MESTRE-SALA

Raphael PORTA-BANDEIRA

Squel RAINHA DE BATERIA

Evelyn Bastos CORES

verde e rosa DATA DE FUNDAÇÃO

TATA BARRETO | RIOTUR

TATA BARRETO | RIOTUR

28 de abril de 1928

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