Godzine 01 (Abril 2010)

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Nota de abertura

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Noticias

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Reflexões Virtuais OS JOVENS E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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Olhando

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Família Cristã Tudo sobre os jovens Um estudo para reflectir…

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Cantinho da Audácia NÃO FICO ALHEADO

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Dialectos da Palavra “Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no.” (Lc 24, 13-35)

21

Folha dos Santos BEATO PIER GIORGIO FRASSATI

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Juventude que acredita! Amor Ressucitado


Nota de Abertura

Nota de Abertura

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma” Fernando Pessoa, in Mensagem

“Deus quer, o homem sonha, a obra

Pretendemos ser ambiciosos e arro-

nasce” e assim foi. Deus também quis

jados quanto ao futuro deste projecto.

que nos pudéssemos unir em torno

Queremos evoluir cada vez mais, mas

d´Ele utilizando a internet, para que os

para isso também precisamos de ti!

jovens cristãos de todo o mundo não estivessem sós e fossem um só povo

Regressamos numa casa nova e es-

de Deus lado a lado de mãos dadas.

pero que gostes desta nossa primeira

Cristo sagrou o Portal Cristo Jovem e

publicação.

mais uma vez estamos a dar provas disso com lançamento da GODzine,

Abraço em Cristo (jovem)!

que é em Portugal a primeira magazine católica online para jovens.

Nuno Sousa

1


notícias Festival Jota 2011 em preparação

Portugal prepara as JMJ 2011

A Direcção Artística do Festival Jota

As dioceses portuguesas estão já a

(festival de musica cristã) a cargo do

preparar as Jornadas Mundiais da Ju-

DPJG (Departamento da Pastoral Juve-

ventude que se vão realizar em Ma-

nil da Diocese da Guarda) espera que,

drid entre 16 e 21 de Agosto de 2011.

depois do sucesso alcançado na praia

A Cruz das Jornadas passará por Por-

de S. Jacinto, em Aveiro, em 2009, os

tugal no próximo mês de Agosto e

serviços diocesanos se entusiasmem

deverá percorrer todas as dioceses

na realização deste evento que se tor-

portuguesas. A passagem pelo san-

nou um dos maiores eventos juvenis

tuário de Fátima está marcada para

cristãos nacionais.

dias 14 e 15 de Agosto.

Para isso, foi enviado um convite a to-

O Departamento Nacional da Pasto-

dos os serviços diocesanos da Pastoral

ral Juvenil, cujo novo site foi recen-

juvenil nacional para se candidatarem

temente lançado, estima que cer-

a receber a edição de 2011 do Festival.

ca de 15 mil jovens portugueses se

Relembramos que a quarta edição do

deslocarão a Madrid no âmbito das

Festival Jota, vai ocorrer na diocese de

Jornadas.

Viana do Castelo, no mítico espaço do festival Paredes de Coura, na praia fluvial do Taboão, nos próximos dias 23, 24 e 25 de Julho.

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Notícias

Laetare reconhecidos nos Prémios Kerygma da Música Católica Os Prémios Kerygma da Música Católica voltaram a reconhecer mais um grupo promissor na música de mensagem em Portugal. A associação cultural Kerygma atribuiu o Prémio Revelação 2009 aos Laetare, uma banda composta por 2 elementos, Clara Raimundo e Pedro Marques, cujo nome significa “Alegrai-vos!” em latim. Os Laetare surgiram a partir das actividades de um grupo de catequese da paróquia da Reboleira, na diocese de Lisboa. Começaram por ajudar na animação musical das eucaristias da paróquia, e depois tiveram a ideia de compor um tema original para participarem no festival vicarial da canção cristã. Esse tema dá pelo título de “Onde o Amor me Levar”, e ao que parece esse mesmo Amor irá levar a banda cada vez mais longe. Recordamos que neste momento estão a decorrer as votações no portal Cristo Jovem para o Prémio Evangelização.

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OS JOVENS E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL A intenção geral do Papa Bento XVX

dores, pda’s), “multiplicaram os meios

para o Apostolado da Oração do mês

para enviar instantaneamente palavras

de Janeiro de 2010 foi a seguinte: “Que

e imagens até aos lugares mais remo-

os jovens saibam utilizar os meios mo-

tos do mundo”. Assim, são inúmeros os

dernos de comunicação social para seu

desafios que são colocados à sociedade,

crescimento pessoal e para se prepa-

nomeadamente na educação, dado que

rarem melhor para servir a sociedade”.

esta se encontra “vinculada à influência

Dada a riqueza, densidade e interesse

dos média”, modelando profundamente

da sua reflexão sobre o tema iremos de

todo o ambiente cultural. “Os estudan-

seguida reflectir sobre o mesmo.

tes e investigadores têm acesso fácil e

Como sabemos o uso das novas tecno-

imediato a documentos, fontes e des-

logias está a desenvolver profundas al-

cobertas científicas, trabalhando em

terações na sociedade, nomeadamente

equipa entre diversos lugares.”

ao nível dos modelos de comunicação

Sua santidade, refere que “as novas

e nas próprias relações humanas. Estas

tecnologias digitais oferecem grandes

transformações são mais evidentes nos

oportunidades para fazer o bem”, pois

jovens que “cresceram em estreito con-

“elas correspondem ao desejo de esta-

tacto com as novas técnicas de comu-

belecer relações e comunicação entre as

nicação”, o que faz com que se sintam

pessoas”, contribuindo para criar “uma

bem no denominado mundo digital. Já

cultura de respeito, diálogo e amizade”.

na sua mensagem para o dia das Co-

As próprias redes sociais podem servir

municações Sociais do passado ano, o

de factor de mobilização “a favor de cau-

Papa Bento XVI, denomina a geração

sas nobres”, atingindo possibilidades ini-

actual de “geração digital”.

gualáveis, “em comparação com outras

O uso generalizado das comunicações

épocas da humanidade”. Inclusive para

móveis (telemóveis), aliado à massi-

as famílias, o uso das novas formas

ficação do uso da internet (computa-

de comunicação, são uma forte com-

4


Reflexões Virtuais

ponente de fortificação de laços, dado

da vida humana e levam a explorar os

que, “podem permanecer em contac-

débeis e os indefesos”.

to, mesmo que os seus membros es-

Assim, é necessário informar e es-

tejam longe uns dos outros”. “Abriram

clarecer para que exista uma correcta

também caminho para o diálogo entre

utilização e conhecimento das novas

pessoas de diversos países, culturas e

tecnologias, de forma a serem evitados

religiões, conhecendo assim os valores

danos, potenciando as enormes vanta-

e tradições de outros”.

gens que eles nos oferecem. Bento XVI

Vamos agora olhar para alguns aspectos

afirma que, é aqui que “entra o papel

negativos do uso dos média e como é

dos pais, dos professores e da Igreja”. É

que educamos para o seu uso correcto.

pois importante educar os jovens para

Apesar de no artigo anterior termos ve-

serem cuidadosos no uso dos mass me-

rificado que as novas tecnologias nos

dia. Afirmar e ajudar a promover, atra-

proporcionam enormes melhorias ao ní-

vés das escolas e paróquias, o papel dos

vel social, educativo, familiar e mesmo

pais como aqueles que “têm o direito e

pessoal, como facilmente percebemos,

o dever de assegurar o uso prudente

não existem só factores favoráveis. De

dos media, formando a consciência dos

facto, no “mundo virtual” nem tudo é

seus filhos, orientando-os na escolha

positivo ou melhor, pode não ser. De uma maneira genérica, diz-nos o Papa, a “internet pode criar mecanismos de dependência com consequências muito graves para o próprio, para a família e

“as novas tecnologias digitais oferecem grandes oportunidades para fazer o bem”

até para a sociedade”, isto porque, pode

ou rejeição dos programas disponíveis”.

ocorrer que a pessoa se isole, alhean-

Devemos olhar para a educação das no-

do-se, em parte, das relações sociais

vas tecnologias de uma forma positiva,

reais, “alterando os ritmos de repouso,

formando os seus utilizadores em pleno

de silêncio e reflexão necessários para

exercício da liberdade. “Os pais conce-

um são desenvolvimento humano”. Os

derão uma liberdade cada vez maior

próprios meios de comunicação “pro-

aos filhos, introduzindo-os, ao mesmo

movem, em muito casos, a indústria do

tempo, na profunda alegria de viver.”

sexo, que ocupa milhares de páginas da

Por fim, o Santo Padre diz que, “a Igreja

Internet” e ainda, existe uma enorme

deseja, sobretudo, partilhar a sua visão

quantidade de conteúdos partilhados

da dignidade humana que é central para

pelos utilizadores que “alimentam o

toda a comunicação humana digna”.

ódio e a intolerância, degradam a beleza

Fernando Cassola Marques

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Olhando… Neste tempo pascal não percas tempo a contemplar Cristo crucificado por entre as barreiras que construíste á tua volta, não olhes de longe, aproxima-te dele, olha-O nos olhos e fala-Lhe! Ele está á tua espera para renovar a ceia da vida a cada dia que passa. Nuno Sousa

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Família Cristã

Tudo sobre os jovens Um estudo para reflectir… A Área de Planeamento e Estudos

cientes e informados, seremos pais

de Mercado (APEME) publicou um

e educadores mais preparados para

estudo intitulado All About Teens

ajudar os nossos jovens a percorrer o

(Tudo Sobre os Jovens). Algumas

melhor caminho. Como órgão de co-

das conclusões do estudo capta-

municação social cristão que somos

ram a atenção da nossa redacção.

e com a ajuda de um dos responsá-

Com base nos resultados, há mui-

veis pelo estudo na interpretação dos

tas questões para os cristãos pen-

resultados, deixamos algumas ques-

sarem e reflectirem…

tões que consideramos pertinentes para reflexão.

Os “lugares-comuns” sobre os mais

Importa, antes de mais, esclarecer

variados temas são um facto. A “ge-

que o estudo All About Teens não

ração rasca” de há uns anos é exem-

teve como principal objectivo estu-

plo disso mesmo; era “rasca” porque

dar os jovens de um ponto de vista

assim se difundiu; para muitos dos

meramente sociológico. «Este estu-

que nela estavam incluídos (e que

do que se chama All About Teens e

hoje são jornalistas da FAMÍLIA

apanha a franja dos catorze aos de-

CRISTÃ) era apenas um adjectivo

zanove anos surgiu de necessidades

depreciativo que não espelhava ab-

comerciais. Esta empresa tem clien-

solutamente nada do que pensavam

tes que procuram conhecer os seus

ou faziam. Para a geração de jovens

consumidores nos diferentes ciclos

de hoje também existem alguns ró-

de vida.» O esclarecimento é presta-

tulos e prova disso são os estudos

do por Carlos Liz, sócio-fundador da

que chegam a público com alguns

APEME.

resultados que parecem contradizê-

Foram feitas quinhentas entrevistas

los, ou não... Se estivermos cons-

a jovens de ambos os sexos do Porto 7


e de Lisboa, com idades entre os ca-

parece estar compatível com aquilo

torze e os dezanove anos, a maioria

que é a maneira de ver desta gente

a estudar na escola pública, no ensi-

que, ou por desconfiança, ou por não

no secundário.

entender totalmente muitos dos dis-

Os principais resultados do estudo

cursos dominantes, sente esta ne-

apontam para a importância primor-

cessidade de acreditar em si», afirma

dial da família, para a massificação

o fundador da APEME.

saudável das tecnologias, para uma

Outra das principais conclusões do

confiança no que diz respeito ao futu-

estudo é a de que, ao contrário do

ro de cada um, mas um pessimismo

que possamos ser levados a crer

geral no que diz respeito ao país e ao

quando se apregoa que a família

mundo. E, no pólo do desinteresse

está em crise, o aspecto de maior

total, a religião. [ver caixa]

importância, tanto no presente como

A primeira marca destes resultados

no futuro para estes jovens é a famí-

é a da autoconsciência e autocon-

lia. Só é preciso ter atenção ao facto

fiança. Estamos perante uma ge-

de que neste estudo não se propõe

ração consciente da situação que a

nenhum modelo de família, portan-

rodeia e daquilo que a espera. «Eu

to, não se pode falar da importância

diria que uma das principais conclu-

da família como a conhecemos tradi-

sões do estudo é a de que estamos

cionalmente. «Esta noção de que na

perante uma juventude que terá per-

agenda dos jovens portugueses está

cebido que o melhor que tem a fazer

a noção de não viverem sozinhos, de

é sobretudo acreditar em si mesma,

terem projectos comuns, é uma das

visto que à sua volta não encontra-

conclusões do trabalho interessan-

rá muitas fontes inspiradoras. Muito

tes. Quando se diz que se quer ter

do quadro institucional habitual não

uma família quer-se dizer que vale

8


Família Cristã

a pena procurar outras pessoas com

Os mitos. «Os miúdos só querem sa-

quem partilhar o destino», continua

ber da fama. Os jovens são pregui-

o investigador.

çosos e não querem trabalhar. Isto é

Outro aspecto que se pode concluir

uma selva em que cada um só quer

neste estudo é que os jovens de hoje

saber de si. Estamos perante uma

em dia estão cientes da crise econó-

sociedade de consumistas. A família

mica, financeira e do desemprego e

está em crise. Os jovens não lêem e

estão a desenvolver hábitos de pou-

só querem saber das novas tecnolo-

pança. «Há uma certa predisposi-

gias.» Estes são alguns dos “lugares-

ção para a poupança e nós já vimos

comuns” que muitas vezes ouvimos

isso noutros estudos para a banca.

e pronunciamos. O que este estu-

Parece, nesta geração, estar clara a

do revelou é que não passam disso

ideia de que o dinheiro tem valor e

mesmo: os jovens não querem saber

de que é preciso dinheiro para viver.

da fama para nada e não valorizam

Portanto, nós não estamos perante

a popularidade na escola; os jovens

uma juventude imediatista, estamos

não vivem sem pensar nas con-

perante uma juventude que pensa

sequências; os jovens consideram

no futuro.» Talvez por isso, uma das

muito importante começar já hoje a

grandes preocupações desta gera-

trabalhar para construir o seu futuro,

ção seja a de ter um emprego. Es-

querem ter os seus cursos e anseiam

tes factores levam a que estejamos

por um emprego; os jovens querem

perante jovens maduros, mas com

uma família e preocupam-se com o

um amadurecimento imposto pela

meio ambiente, com a insegurança,

conjuntura, uma espécie de “adultos

com a pobreza, com a pedofilia. Os

à força”.

jovens revelam-se muito conscientes quanto à poupança e quanto à pu9


blicidade. Os jovens lêem, não só li-

sem número de possibilidades à sua

vros, mas também jornais. Os jovens

disposição e, de uma fase inicial de

gostam de ouvir música, viajar, ir à

descoberta e desconhecimento, está

praia e navegar na Internet.

gradualmente a apropriar-se delas.

Carlos Liz ajuda a explicar a queda

«A Internet está saudavelmente a

destes mitos. No caso da fama, as

ganhar o lugar que tem de ganhar. E

crescentes redes sociais e a liber-

esta gente nova é muito pragmática,

dade que os jovens têm para se

não tem problemas nenhuns em pôr

expressarem e relacionarem podem

as coisas nos seus lugares, sem mi-

explicar a queda da necessidade dos

tos», constata.

“quinze minutos de fama”. «Eles to-

A mesma lógica de pragmatismo e

dos os dias têm a fama de que pre-

de saber utilizar os recursos à dispo-

cisam», afiança. Sobre o facto de

sição parece aplicar-se ao consumo.

não valorizarem o tempo livre para

«Esta geração já nasce com a so-

o ócio, uma plena consciência da

ciedade de consumo montada, isto

conjuntura da sociedade actual pa-

é, tem muitas coisas para comprar,

rece ser a explicação mais directa.

tem bons sítios para comprar, tem

«De facto, nós não estamos perante

meios de pagamento para comprar,

uma geração que quer descartar-se

tem publicidade para ver em sítios

do trabalho, estamos perante uma

muito variados para ajudar a decidir

geração que tendo plena consciência

e, desse ponto de vista, são jovens

da dificuldade de ter trabalho, perce-

que tem perante o consumo uma

be, queira ou não queria, que tem de

atitude não de “boca aberta”, de es-

fazer alguma coisa por isso.» No que

panto, mas uma atitude muito prag-

diz respeito à utilização das tecnolo-

mática.»

gias, esta geração cresceu com um 10


Família Cristã

Há algumas questões que ficam para os cristãos a partir destes resultados. Estamos perante uma geração consciente, pragmática e que conta sobretudo consigo própria, mas que, no entanto, anseia por ter com quem partilhar responsabilidades, problemas, alegrias, projectos. O que se pode aproveitar do facto de os jovens ainda a valorizarem como sendo o mais importante? Se este é um anseio dos jovens, de que forma os cristãos podem ter um papel activo, em vez de passivamente observarem a dita queda dos valores familiares? E que tipo de família, de sociedade e de valores irão estes jovens construir quando a religião não ocupa lugar na sua vida? Será o tipo de família que os cristãos anseiam quando a segunda coisa menos importante para o futuro destes jovens é casar? Portugal é um país de raízes católicas, mas

O que é mais e menos importante para os jovens no presente (três aspectos) Mais Ter uma boa relação com a família – 22% Começar hoje a construir o amanhã – 17% Tirar um curso – 11% Menos Ter uma religião – 33% Ser conhecido/popular – 19% Ter o que as pessoas da minha idade têm – 9% O que é mais e menos importante para os jovens no futuro Mais Ter saúde – 20% Ter uma família feliz – 19% Ter um emprego que goste – 10% Menos Ter fama – 22% Casar – 20% Trabalhar fora do país – 19% No que diz respeito ao seu próprio futuro, como se sentem: Muito Optimista – 76% Neutro – 19% Muito pessimista – 5% E quanto ao futuro do país: Muito Optimista – 23% Neutro – 36% Muito pessimista – 41% *fonte: All About Teens, APEME, 2008

que pelos vistos não estão cravadas na terra. Carlos Liz espelha a preocupação com estas questões. «Eu 11


próprio, como investigador e tam-

são muito boas pessoas e que não

bém como cristão, tenho muita pena

percebem nada do que está a acon-

de verificar que uma das coisas que

tecer no mundo. Com estes dois in-

mais expressão tem do ponto de vis-

dicadores acho que ajudo a explicar o

ta do desinteresse é a religião. Esta

que está a acontecer com a religião

mesma gente que diz que quer e que

em Portugal. O que os jovens estão

anseia por uma família é a mesma

a avisar-nos é que nós não estamos

gente que diz que não precisa da re-

a fazer parte do filme deles. Uma

ligião. Este estudo é, desse ponto de

coisa é ser “sal da terra”, outra é não

vista, um bom despertador de cons-

ser nada.»

ciências, porque se a gente dissesse

Dá, pelo menos, que pensar!

aquelas coisas que se diziam noutros tempos, “uma juventude rasca, gente que não presta, só pensa em divertir-se…”, mas não é; são pessoas conscientes, que não estão a cultivar o individualismo, querem ter famílias e, no entanto, dizem “eu não preciso da religião”», lamenta. E que papel estão de facto os cristãos e a Igreja a desempenhar na sociedade? «Acabei de apresentar um estudo que me faz muita impressão, sobre desenvolvimento

sustentável.

De

um conjunto de instituições, em que medida considera que estão activas (muito, pouco, nada) relativamente à questão do desenvolvimento sustentável? O que fica em último lugar? A Igreja. O segundo ponto que pode ajudar a pensar isto é um estudo que a UCP fez sobre o que é que os portugueses pensam sobre os religiosos/religiosas. E o estudo tem um resultado muito irritante, que diz assim: nós achamos que os religiosos

12

Rita Bruno


Cantinho da Audácia

NÃO FICO ALHEADO Estamos no mês em que, após um

acontecendo para formar pessoas

caminho de preparação (Quaresma),

que serão futuros cidadãos, capazes

celebramos a festa mais importante

de continuar a obra da criação, me-

dos cristãos: a Páscoa. Se é verda-

lhorar o que o mundo tem de melhor

de que o colorido e a alegria do Natal

e corrigir alguns erros cometidos. As-

não passam despercebidos mesmo

sim, o tema da indiferença não podia

aos não cristãos, o mesmo não pode-

ficar à porta da escola.

mos dizer da festa da Páscoa. VIVO ALHEADO? A Páscoa é vivida, muitas vezes, es-

A indiferença acontece porque anda-

vaziada do seu significado, sendo para

mos muito absorvidos com as nossas

muitas pessoas apenas um sinónimo

coisas. As pessoas passam os dias

de férias. Esta indiferença que rouba

preocupadas com a sua rotina; tomam

o sentido das coisas é um dos grandes

decisões tendo em conta apenas as

problemas do nosso tempo e a causa

suas preocupações pessoais. Nesta

da maior parte das injustiças de que

rotina não há tempo para o próximo

ouvimos falar constantemente.

e para as suas preocupações. Vemos o outro mas não o olhamos verdadei-

ESCOLA ATENTA

ramente. Este não haver tempo para

O Papa Bento XVI, na sua mensagem

olhar e tentar compreender o próximo,

quaresmal para este ano, alertou o

o tomarmos decisões sem olhar para

mundo para os efeitos nefastos da in-

as consequências que podem ter no

diferença que «condena à morte cente-

outro, o não olharmos para as necessi-

nas de milhões de seres humanos…»

dades e dificuldades daquele que está

A escola está atenta ao que se pas-

ao nosso lado e não tentarmos fazer

sa no mundo. Escuta e vê o que vai

nada, damos o nome de indiferença. 13


PRESTO ATENÇÃO?

las, pelos testes, pelos trabalhos de

Certamente já participaste em cam-

casa, pelas notas… Mas já reparaste

panhas de solidariedade promovidas

bem no teu colega do lado? Já olhas-

pela tua escola, em favor de alguma

te bem para cada uma das pessoas

instituição. Estas campanhas tentam

da tua turma? Já te perguntaste por-

reduzir os efeitos da indiferença. Com

que é que o colega da cadeira de trás

elas a escola convida-te a participa-

anda mais calado do que o costume?

res de forma activa na minimização

Já te questionaste porque será que

destes problemas, ao mesmo tempo

a colega tem faltado às aulas? Será

apela à tua reflexão sobre as causas

que não precisa de alguma coisa?

que desencadeiam estas situações

Sabes o que preocupa o colega da

de carência e injustiça, tentando que

frente? O que tentaste fazer para o

tu próprio não sejas no futuro parte

ajudar apesar de não conviveres mui-

dessa causa.

to com ele? Estas perguntas todas

O problema da indiferença não é um

são apenas para te ajudar a reflectir

problema do mundo, mas um proble-

sobre alguma possível distracção da

ma de cada um de nós e que começa

tua parte pelo que te rodeia.

em nós. Apesar de muito importantes, não deixamos de ser indiferentes

IMPORTO-ME E ACTUO?

apenas por participarmos em campa-

Mas atenção, tudo começa com olhar

nhas de solidariedade. Deixamos de

atentamente mas deve acabar no

ser indiferentes quando deixamos de

agir!

ver o próximo para o olharmos ver-

Se o meu colega está triste, vou pen-

dadeiramente. É na escola que tens

sar no que posso fazer para diminuir

a maior parte dos amigos e colegas.

a sua tristeza. Às vezes basta tão

Tens uma rotina que passa pelas au-

pouco! Apenas estar disponível para

14


Cantinho da Audácia

DESAFIO

ouvir e dar uma palavra de ânimo e de esperança. Mostrar que reparaste na sua tristeza e preocupação e mostrares-te disponível para o ajudar. Outras vezes, o nosso agir passa pela ajuda na realização das tarefas esco-

Neste mês pascal, lanço-te um desafio: olha atentamente para cada um dos colegas da tua turma. Apesar de os veres todos os dias, olha atentamente para eles. O que descobristes de novo? Que desafios te colocam estas novas descobertas? Uma Páscoa muito feliz, e que o teu ver se transforme num verdadeiro olhar!

lares, no incentivo, no estudo com colegas com mais dificuldades, dar-lhes ânimo para não desistirem perante uma nota menos boa… O não ser indiferente passa também pela denúncia de situações graves que podem passar despercebidas aos professores e a todos aqueles que poderiam ajudar a resolver as situações, evitando consequências maiores. Prof. Isabel Mesquita

15


“Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no.” (Lc 24, 13-35) Uma vez, numa conversa entre amigos,

também por isso, uma das primeiras

todos ligados de forma activa à Igreja,

experiências com o Ressuscitado de

uma pessoa do nosso grupo voltou-se

que Lucas nos fala se dê também à

para nós e disse-nos algo que nos dei-

mesa, com aqueles dois discípulos que

xou temporariamente de boca aberta:

iam a caminho de Emaús.

“Cristo veio instaurar a religião do casa-

Os encontros com o Ressuscitado que

mento”. Mas, passados uns segundos,

os Evangelhos preservaram até aos

demos por nós a compreender o que

nossos dias são muito interessantes.

ele pretendia com aquela afirmação.

Como era, pensamos hoje, a intenção

Afinal de contas, desde o Antigo Tes-

geral dos evangelistas, esses episódios

tamento que os nossos antepassados

não pretendiam fazer um relato históri-

na fé usaram a metáfora da Aliança

co e literal daquilo que aconteceu após

para descrever a relação entre Deus e

a Páscoa do Senhor, mas representam

o Seu Povo. Um povo que é muitas ve-

sobretudo a forma como a comunidade

zes infiel a essa mesma Aliança, mas

dos amigos de Jesus, após a Sua mor-

com quem Deus insiste partilhar aquilo

te, experimentou a presença de Jesus

que é, um povo a quem Ele estende

no meio deles, na sua vida diária, na

o Seu convite para um novo banquete,

sua missão, no seu crescimento como

uma Nova Aliança. Talvez por isso, o

Igreja, e pôde assim dizer, sem receios

apóstolo João situa o início do ministé-

nem dúvidas, que “Realmente o Se-

rio de Jesus nada mais, nada menos,

nhor ressuscitou e apareceu a Simão!”.

do que nas bodas de um casamento.

Por isso mesmo, e tal como veio a

Mais tarde, na Sua última noite antes

acontecer no relato de Emaús, estes

da Paixão, Cristo veio a instaurar essa

encontros retomam certos temas dos

Nova Aliança, numa ceia de Páscoa,

ensinamentos de Jesus, precisamente

com aqueles que mais amava. E talvez

para mostrar que o sonho do Reino de

16


Dialectos da Palavra

Deus se cumpriu e é digno de fé. Um

discípulos perceberem todas estas coi-

sonho que se tornou, enfim, realidade.

sas e aceitarem deixar-se levar pela

Na mesa de Emaús cumprem-se mui-

acção do Espírito que lhes havia de en-

tas das promessas de Cristo, Ele que ti-

sinar muito mais. Primeiro teriam que

nha dito anteriormente que passariam

vencer a sua tristeza e desânimo, o que

céus e terra antes que uma só vírgula

era óbvio dada a dor e o choque de te-

da vontade do Pai fosse mudada.

rem assistido à morte do seu Mestre.

À mesa, Jesus de Nazaré perdoou mu-

Quanto a estes dois discípulos, que

lheres adúlteras e cobradores de im-

curiosamente encontramos a caminho

postos, acolheu-os e fê-los iguais aos

para a cidade de Emaús como se fosse

fariseus com quem estava também

o mesmo Mestre a enviá-los em mis-

sentado. Alimentou milhares. Falou do

são (dois a dois, como os 72 que Lu-

Reino de Deus e lançou também os

cas diz terem sido enviados durante o

seus primeiros alicerces, entre conver-

caminho para a Paixão em Jerusalém),

sas e alimentos repartidos. Era a Sua

reparamos que precisam também de

forma de convidar quem O soubesse

vencer a sua ânsia por milagres extra-

escutar para o grande banquete orga-

ordinários, por um sinal caído dos céus

nizado pelo Pai. À mesa, na Última

que os provasse, por A+B, que valia a

Ceia, Jesus revelou os segredos mais

pena continuar, seguir em frente, “per-

profundos do seu coração, deixou João

manecer” em Jesus como Ele tinha pe-

inclinar-se sobre o Seu colo, falou do

dido.

que havia de acontecer na Sua Paixão

E eis que Jesus se aproxima… Mas, iro-

e prometeu o grande dom do Espírito

nia das ironias, não é reconhecido. Che-

Santo. Tudo isto foi confirmado com

ga a colocar-Se lado a lado com os dois

o acontecimento da Sua ressurreição.

discípulos e a caminhar com eles, mas

Porém, e como sabemos, custou aos

tudo o que encontra são as suas inquie17


tações e o derrotismo com que olha-

nas Escrituras, desde as primeiras pro-

vam para o futuro próximo. Tinham o

fecias do Antigo Testamento até então.

mesmo problema de visão que aqueles

Não decide mover montanhas, mas ao

outros seguidores de Jesus que espe-

invés move os seus corações para se

ravam que Ele liderasse uma rebelião

recordarem do que já tinham escutado

política ou Se tornasse o rei de Israel,

e vivido com Ele ao longo dos anos em

para derrotar e dominar todos os Seus

que O conheceram.

inimigos. É então que o Evangelho nos

O verdadeiro encontro só se daria mais

diz que Jesus resolve despertá-los. É

tarde, quando os discípulos, diante do

engraçado que, ao contrário de outras

cair do dia, se começam a abrir à novi-

aparições pós-Ressurreição, onde se

dade. Tornam-se vulneráveis, vêem a

Jesus mostra que a Salvação não é um acontecimento perdido no passado, como nos filmes, ou um cataclismo a aguardar-nos no futuro.

porta aberta para que possam sair de si mesmos, e dizem “Fica connosco”. É um encontro em dois actos, e o segundo dá-se de facto à mesa, quando o Ressuscitado parte o pão. Só aí O reconhecem, quando a sua sede se encontra com Aquele que disse na cruz:

diz que o Senhor Se manifesta de ma-

“Tenho sede”. Só aí fazem de facto me-

neira sobrenatural (como por exemplo

mória, como o Senhor pedira na Última

a atravessar paredes e portas ou a re-

Ceia. Tal como hoje fazemos a cada

petir milagres como o da grande pesca-

Eucaristia, com as mesmas duas “me-

ria…), desta vez Ele simplesmente faz-

sas” em que este episódio se desenro-

Se presente, como Deus-connosco, e

la: a da Palavra e a do Pão. À mesa,

começa a trazer à memória dos dois

em Emaús como hoje, Jesus mostra

caminhantes tudo o que tinha sido dito

que a Salvação não é um aconteci-

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Dialectos da Palavra

mento perdido no passado, como nos

e que dá o nome ao sacramento. Só se

filmes, ou um cataclismo a aguardar-

agradece algo que recebemos e temos

nos no futuro. A Palavra, Ele mesmo,

já nas nossas mãos. Em Emaús, o mo-

actualiza em nós aquilo que foi dito

mento em que se partiu o pão resultou

outrora, para que o nosso “agora”, a

no reconhecimento de Jesus como o

nossa vida, seja efectivamente o “hoje”

maior presente do Pai para a huma-

de Deus (o Deus dos vivos!), tão real

nidade. Abriram os olhos e repararam

como nas comunidades de fé que nos

que o Reino de Deus já estava no meio

deixaram as suas próprias experiências

deles. Vivo e palpitante, à espera em

da Sua Presença, através das Escritu-

cada pessoa que partilhe o mesmo

ras. No partir do pão, Cristo realiza o

sonho de Deus: fazer todas as coisas

que o gesto significa de facto: a “troca

novas no Amor. Descobriram ser esse

admirável” (no dizer da tradição da Igre-

afinal o centro da sua fé. Cruzaram-se

ja) em que Deus Se dá inteiramente e

com Jesus. Aconteceu Ressurreição.

nos convida a nos darmos também por

Como explicar que ainda hoje, apesar

inteiro, em que Deus faz experiência de

das dúvidas e crises habituais, esteja-

humanidade para que o Homem tam-

mos a celebrar este mistério de Pás-

bém chegue a ser mais divino. O ponto

coa? Poderíamos falar numa espécie

de contacto entre estes dois mundos

de “pedagogia” de Jesus capaz de mar-

dá-se sob a circunferência do pão dado

car de tal forma aqueles que O rodea-

e repartido; esse ponto de contacto

ram. Mas aquilo que mais cativava as

onde Deus beija o ser humano é Cristo,

pessoas que se aproximavam d’Ele (e

o grande Amen à vontade do Pai que

as que ainda hoje se aproximam) era

é para nós também motivo para um

exactamente o facto de Ele não ter vin-

grande “Obrigado”. A mesma acção de

do a nós com uma mão cheia de técni-

graças que repetimos a cada Eucaristia

cas de manipulação. Jesus veio inteira-

19


mente desarmado. Fez-Se vulnerável, e com isso pôde mostrar a verdadeira essência do Amor. Para Ele, o verdadeiro milagre não estava em caminhar sobre as águas, mas sim em apresentar a abundância de vida que existe na Criação, a Criação que Deus não deixou abandonada e em cuja história teima em querer participar. Um Deus que caminhou e falou com os homens e que agora deseja viver no mais íntimo do próprio ser humano, pelo Seu Espírito. “Olhai os lírios do campo”, dizia Ele no chamado “Sermão da Montanha”. O Nazareno preferia os gestos às palavras. Todo o Seu discurso se resumiu num simples e poderoso “Eu Sou.” Aliás, Ele é a Palavra, como bem dizia o evangelista João. E note-se que, por isso, Ele não apenas transmitia a Palavra, como aqueles a quem Paulo chamava “homens velhos”, que não passaram pela Ressurreição e ainda se agarram à Lei antiga e à sua condenação. Não. Cristo partilhava a Palavra. Partilhava-Se a si mesmo e ainda o faz, como quem partilha o pão com os amigos. Foi assim que os próprios discípulos em Emaús vieram a dizer: “Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. Fábio Barbosa

20


Folha dos Santos

BEATO PIER GIORGIO FRASSATI Pier Giorgio Frassati nasceu em Turim,

se na “Conferência de S. Vicente”.

a 6 de abril de 1901 (Sábado Santo), de

Os seus estudos vinham iluminados

uma família rica: a mãe Adelaide Ame-

de fé e caridade, devido à sua condi-

tis uma pintora; o pai, Alfredo Frassati,

ção social tinha possibilidades, por isso

em 1895 com pouco mais de trinta e

escolheu engenharia mineraria, porque

seis anos fundara o jornal “La Stampa”;

quando na Alemanha reparou nas gra-

em 1913 é o mais jovem senador do

ves condições de trabalho dos minei-

Reino e em 1922 é embaixador da Itália

ros: “quero ajudar o povo nas minas e

em Berlim.

posso fazer melhor mesmo não sendo

Pier Giorgio absorveu a vida cristã mer-

sacerdote pois os sacerdotes não es-

gulhando espontaneamente, por esco-

tão muito de perto dos problemas do

lha pessoal na água viva que a Igreja

povo.” Assim explicava o porquê da sua

daquele tempo lhe oferecia: daquela

escolha a Luise Rahner, mãe do cele-

Igreja na qual não faltavam limites

bre teólogo Karl Rahner, onde ele foi

e problemas, ele sentiu-se “parte”,

Em casa Pier Giorgio era tido como um tolo e sempre com pouco dinheiro porque para ajudar os outros devia dar não o supérfluo mas o necessário.

membro activo. As associações nas quais Pier Giorgio se inscrevera, muitas vezes contra a vontade dos familiares e participando em todas as actividades, assumindo responsabilidades. “Você è um ‘beato?’, perguntou-lhe al-

hóspede por algum tempo. Dizia que

guém na universidade. Não respondeu

queria ser “mineiro entre os mineiros.”

Pier Giorgio com bondade mas com fir-

A irmã Luciana revelou que a situa-

meza: “Não, sou ‘cristão’! Em 1919, sen-

ção era mais humilhante de quanto se

do ainda menor Pier Giorgio inscreveu-

pode imaginar: Em casa Pier Giorgio 21


era tido como um tolo e sempre com

respondeu-me que visitar os pobres era

pouco dinheiro porque para ajudar os

visitar Jesus.

outros devia dar não o supérfluo mas

Entre os seu sofrimentos, devemos

o necessário.

lembrar o seu amor profundo por Laura

”não posso destruir uma família para formar uma outra. Serei eu a me sacrificar”

Hidalgo de condição humilde, amor ao qual ele se sentiu moralmente a renunciar devido aos preconceitos da família. E ao ver o divórcio dos seus pais tão real percebeu que: ”não posso destruir

Procurava convencer os outros a fazer

uma família para formar uma outra.

o mesmo. Diz um amigo: Um dia pro-

Serei eu a me sacrificar”

curava convencer-me entrar na confe-

No dia 30 de junho de 1925 Pier Giorgio

rência de S. Vicente de Paulo, a minha

começou sentir enxaqueca e inapetên-

dificuldade era entrar nas casas dos

cia. Ninguém lhe deu a devida atenção

pobres pois poderia vir a ter algumas

porque a sua avó estava a viver os seus

doenças, ele com muita simplicidade

últimos dias (com cerca de noventa

22


Folha dos Santos

anos), e aquele rapagão alto e vigoroso,

brados vendo-o tão querido e tão co-

a quem pouco se reparava pois era bom

nhecido, foram os seus familiares que

demais, com as suas “febrezinhas” não

pela primeira vez compreendiam onde

deveria ser nada de outro mundo. Mas

Pier Giorgio viveu verdadeiramente nos

é que Pier Giorgio começava a morrer,

seus poucos anos de vida, apesar de

sentindo o seu jovem corpo destruir-se

ter tido uma casa confortável e rica na

com a paralisia que estava avançando

qual chegava sempre atrasado.

progressiva e implacavelmente, sem que ninguém lhe desse atenção. Assim ele, humilde e manso, enfren-

É o seu testamento: as últimas energias para a última caridade.

tou sozinho o sintoma do terrível morbo da qual gravidade ele não se aper-

A vinte de Maio de 1990, o Papa João

cebia, sem poder ao menos falar com

Paulo II beatifica Pier Giorgio Frassatti,

alguém.

estando na Praça de São Pedro mais

Quando os pais apavorados afinal com-

de 50 mil fiéis provenientes de todas as

preenderam o que lhe estava a aconte-

partes da Europa.

cer já era tarde. A vacina que veio rapi-

A dezasseis de Setembro deste mes-

damente do Instituto Pasteur de Paris

mo ano os restos mortais do beato são

já não tinha efeito devido ao avanço da

transladados do cemitério de Pollone

doença.

para Turim, a sua cidade natal, junto do

No último dia de sua vida, dia quatro

altar lateral da catedral, onde são visi-

de julho de 1925, Pier Giorgio pediu à

tados por constantes peregrinações.

irmã Luciana para buscar na escrivaninha uma caixinha de injecções que

A sua festa litúrgica celebra-se a quatro

não tinha conseguido entregar a um

de Julho.

dos seus pobres e quis escrever um bi-

É um dos patronos das Jornadas Mun-

lhete com as instruções e o endereço:

diais da Juventude, tendo sido chamado

Quis escrevê-lo com as suas próprias

pelo Papa João Paulo II como o “jovem

mãos já atormentadas pela paralisia e

das oito Bem-Aventuranças”.

saiu um emaranhado de letras quase incompreensível. É o seu testamento:

Texto de Pe. Jason Gouveia

as últimas energias para a última ca-

Revisão de Nuno Sousa

ridade. O funeral, no dia seis de Julho, foi um acorrer de amigos e principalmente de pobres; os primeiros a ficar assom-

+ Informações em www.piergiorgiofrassati.no.sapo.pt

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Cristo jovem fórum cj widoo godcast godzine

A força de Acreditar Há 2 anos atrás, aquando da criação do

uma edição em pdf e disponível para

novo site, lançámos também um slo-

download. Isto não significa contudo

gan: Juventude que acredita! Na altura

que a Godzine parou de evoluir, muito

achámos que este slogan sugerido por

pelo contrário. Existe muito a fazer e

um amigo seria o adequado para nos

a melhorar e por isso contamos com

definir. Hoje temos a certeza!

todos vós, jovens que acreditam!

Todos nós somos jovens que acredita-

Estamos a viver o tempo Pascal, um

mos... em nós, num mundo melhor,

tempo de alegria e júbilo porque Jesus,

no Amor e na justiça, mas principal-

aquele Homem que morreu por nós,

mente em Deus. É de Deus que nos

ressuscitou! E com ele devemos res-

vem a força por ir mais além e a

suscitar todos nós, na nossa fé e nos

GODzine é disso exemplo.

nossos gestos e atitudes. Esta é por-

Este projecto que já tem algum tempo,

tanto a altura certa para ressuscitar a

só agora com a colaboração do Nuno,

Godzine!

alcança o que sempre idealizámos,

Em futuras edições este será o ponto

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Juventude que acredita

de ligação com o portal CJ e o que por lá se faz, tentando resumir em duas páginas, um mês de actualizações diárias, comentários e discussões, passatempos, artistas e outros destaques. Este será o cantinho da Juventude que acredita! Contamos contigo, contamos com a tua fé! Abraço em Cristo (Jovem)! Miguel Mendes

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Ficha Técnica Coordenador: Nuno Sousa Design: Miguel Mendes Colaboradores: Olhando: Nuno Sousa Dialectos da Palavra: Fábio Barbosa Cantinho da Audácia: Revista Audácia Família Cristã: Revista Família Cristã Reflexões Virtuais: Fernando Cassola Marques Folha dos Santos: Nuno Sousa Noticias: Nuno Sousa

Contacta-nos: http://godzine.cristojovem.com godzine@cristojovem.com


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