MAI/JUN’14
MARIA
DISSE “SIM” MUITAS VEZES #P.2
INDÍCE
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NOTA DE ABERTURA
YOUCAT
BEM-AVENTURANÇAS
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DIALETOS DA PALAVRA
FOLHA DOS SANTOS
AJUDA À IGREJA QUE SOBRE
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CRISTO JOVEM BRASIL
JUVENTUDE QUE ACREDITA
NOTA DE ABERTURA
NOTA DE ABERTURA
Olá Juventude que acredita! Associamos Maio a Maria e, em cada mês de Maio, intensificamos a oração do Rosário, do terço e pedimos com mais afinco a intercessão da nossa doce Mãe. Maria é para todos nós um exemplo único de humildade, de entrega e de espírito de serviço. Ao longo desta edição, os nossos colaboradores vão-te ajudar a reflectir sobre o exemplo de Maria e aquilo que Deus nos pede a partir do momento em que somos baptizados. Desejamos que esta edição despolete em ti, cada vez mais, o espírito de voluntariado e de serviço. Acreditamos que só assim nos aproximaremos cada vez mais do Pai, tendo como exemplo Maria. Considera-nos Sempre Alerta para Servir! Pl’A coordenação da GODzine, Sara Amaral
Ficha Técnica A Godzine é uma revista gratuita para jovens católicos e agentes de pastoral juvenil, desenvolvida pela equipa do portal Cristo Jovem. Coordenadora: Sara Amaral • Colaboradores Regulares: Darlei Zanon, Nuno Westwood, Joana Laranjeira, Equipa de Comunicação da AIS, Antonio João do Nascimento Neto, Miguel Mendes • Design e Paginação: Wok Design
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MARIA DISSE “SIM”... MUITAS VEZES! ---
Ir. Darlei Zanon
Religioso paulista, editor do YOUCAT para a língua portuguesa
YOUCAT
Falar de Nossa Senhora é sempre uma alegria, pois estamos a falar da nossa Mãe. A dificuldade é saber por onde começar. Ao pensar exatamente sobre isso recordei de um facto inusitado que está na origem do YOUCAT e se refere à Virgem Maria. Quando o cardeal Christoph Schönborn propôs pela primeira vez a Bento XVI a ideia de se preparar um Catecismo com linguagem adaptada para os jovens, o então Papa disse que não havia necessidade, afinal já tínhamos o Catecismo e o Compêndio. Então o cardeal Schönborn abriu ao calhas uma página do Compêndio e leu a primeira pergunta que apareceu. Era a questão 199, exatamente sobre Maria: “Como a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?” O Papa pensou por uns instantes e concluiu: afinal é preciso um novo catecismo que fale a linguagem dos jovens. E assim começou a aventura que quase cinco anos depois deu à luz o YOUCAT. Maria é “ícone escatológico” exatamente porque é modelo e exemplo. Pronto, está muito mais fácil dito assim. Ela “tem um lugar distinto na comunhão dos santos” (cf. YOUCAT, n. 147) porque “esteve ligada a Jesus como ninguém... porque se entregou de corpo e alma e com enorme risco a uma missão tão perigosa quanto divina”. Não teve medo de servir a Deus e ao Seu plano de salvação para a humanidade. Para aprofundar este tema poderíamos recorrer a muitas questões do YOUCAT. Os números 80 a 85, por exemplo, falam so-
bre Maria; e todo o 3o capítulo (nn. 279468) está relacionado com o agir cristão, com a vida em Cristo, que obviamente parte do serviço e da caridade (o nome do voluntariado e da solidariedade feitos com fé), em especial a partir do n. 367, que fala sobre o amor ao próximo.
# “Maria foi mais do que um instrumento passivo de Deus; foi mediante o seu ativo consentimento que se deu a Encarnação de Deus” Mas como Maria é o nosso modelo para o serviço, gostava de partir do n. 84 do YOUCAT. Ali lemos que “Maria foi mais do que um instrumento passivo de Deus; foi mediante o seu ativo consentimento que se deu a Encarnação de Deus”. Quando o anjo Gabriel anunciou que ela conceberia o Filho do Altíssimo, a primeira reação de Maria foi disponibilizar-se, colocar-se a serviço: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra!” (Lc 1,38). Maria tornou-se assim a Porta da Salvação, mas é importante percebermos que foi por “livre vontade”, numa atitude de serviço voluntário, caridoso, espontâneo, altruísta... O seu consentimento revela um despojamento total do seu próprio interesse para contribuir
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– naquilo que lhe foi pedido – para a salvação dos outros.
#É através das nossas atitudes de caridade e serviço – dos nossos “sins” – que mostramos se somos verdadeiros discípulos de Cristo É importante notar também que Maria “estava totalmente solícita e aberta a Deus, e por isso pôde, mediante a ação do Espírito Santo, tornar-se Mãe de Deus e, enquanto mãe de Cristo, também mãe dos cristãos e mãe de toda a humanidade” (YOUCAT, n. 117). Nesta mesma questão lemos que, após o “sim” de Maria, o seu primeiro serviço, que possibilitou a encarnação de Deus – “a maravilha das maravilhas –, ela “andou com Jesus por montes e vales, até à cruz”. O seu serviço não termina com o “sim”. Foi apenas o começo. Disse “sim” muitas e muitas vezes mais. O seu serviço continuou na visita à sua prima Isabel, na educação do Menino, em Caná ao interceder pelos noivos, nas inúmeras andanças ao lado do Filho e os
Seus discípulos, no caminho da cruz e no alto do calvário, no suporte à Igreja nascente etc... Maria esteve certamente sempre pronta a servir, sempre disponível, sempre acolhedora, sempre caridosa... Ela não nos pede que façamos o mesmo, mas sabemos que o devemos fazer, pois reconhecemos nela o modelo, o “ícone escatológico”, aquela que nos precedeu e nos espera: “Quem crê e vive como Maria vai para o céu” (n. 147). Como Maria, cada cristão diz o seu primeiro “sim” no dia do seu batismo, mas deve constantemente dizer “sim” a Deus e aos irmãos, dando-se a ambos continuamente. É através das nossas atitudes de caridade e serviço – dos nossos “sins” – que mostramos se somos verdadeiros discípulos de Cristo, pois quando, “como Maria, dizemos ‘sim’, Deus tem a possibilidade de viver no seio da nossa vida” (YOUCAT, n. 479). •
Sugestões de navegação: www.youcat.org | www.paulus.pt | youcat.cristojovem.com
BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES PORQUE POSSUIRテグ A TERRA
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Jorge Ressurreiテァテ」o
Como todas as bem-aventuranças proclamadas por Jesus no célebre Sermão da Montanha, a de que aqui falaremos é também constituída por duas partes, fáceis de identificar: uma condição e um resultado. Também como as outras, refere-se à humildade e, em última mas também primeira instância, ao amor.
# A humildade, a mansidão é uma característica do próprio Jesus e, por isso, deveria ser também de todo aquele que afirma acreditar no Cristo, Filho de Deus. Todas elas, não substituindo mas completando os Dez Mandamentos que nos tinham sido dados pelo próprio Deus através de Moisés, ajudam na preparação para alcançar o Reino dos Céus que, segundo Jesus, está próximo. A humildade, a mansidão é uma característica do próprio Jesus e, por isso, deveria ser também de todo aquele que afirma acreditar no Cristo, Filho de Deus. É também uma condição para estar com Deus, com Jesus e com o Espírito Santo no Reino dos Céus. Maria é o exemplo perfeito do que refiro. Sendo totalmente humana,
podemos vê-La, nas páginas dos evangelhos, mansa e humilde, sem se orgulhar ou envaidecer por ser escolhida por Deus, por ser Mãe do Filho do Altíssimo e também da humanidade inteira. Assim, chegamos ao resultado. Por ser humilde, Maria possui a terra. A humanidade foi-Lhe entregue pelo Seu Filho aos pés da Cruz e o sucessor de Pedro, Papa Pio XII, consagrou-Lhe o mundo. A humildade não é então apenas uma característica do Jesus divino. É também característica da Maria humana que, por sê-lo, mostra-nos que também cada um de nós o pode ser. E a esses pertencerá a terra como já agora pertence à Mãe do Céu. Um dia, a justiça de Deus far-se-á e as promessas cumprir-se-ão. O Reino de Deus está próximo. •
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MARIA, MODELO DA CARIDADE E DO SERVIÇO --Pe. Nuno Westwood
DIALETOS DA PALAVRA
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“Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor». Maria ficou três meses com isabel; e depois voltou para casa” (Lc 1, 39-45.56). “O servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. Sabendo isto, sereis felizes se o puserdes em prática” (Jo 13, 16-17), assim recordava Cristo aos seus discípulos no momento em que lhes lavava os pés. Ele, que era Deus e Mestre, soube colocar a toalha à cintura e tornar-se o “servo dos servos”. Isto porque a lógica de Deus é completamente inversa à nossa: o poder revela-se no serviço e não na força ou prestígio. Esta atitude de serviço deve ser o distintivo de todo o cristão. Uma comunidade ao jeito do amor de Deus deve ter o serviço como estado natural, deve sentir falta de se colocar ao serviço tanto quanto o respirar. Ao longo da história, não faltam exemplos de
cristãos comprometidos no serviço. Entre eles, destaca-se a figura de Maria que recordamos de forma especial neste mês de Maio que lhe é dedicado. De facto, Maria, em toda a sua vida, teve uma atitude similar.
# Uma comunidade ao jeito do amor de Deus deve ter o serviço como estado natural... Logo no momento da anunciação dipsõe-se logo a servir ao dizer: “Eis a serva do Senhor” (Lc 1, 38). Poderíamos citar tantos outros momentos da sua vida como as bodas de
Caná ou a sua presença junto à cruz. Fiquemos apenas pelo relato do evangelista Lucas que aborda a experiência de Maria que, de Nazaré da Galileia, pôs-se a caminho pela montanha para chegar a uma aldeia de Judá onde vivia Isabel com seu marido Zacarias (cf. Lc 1, 39-56).
# ...todo o gesto de serviço e de amor genuíno, mesmo o mais pequeno, contém em si um traço do mistério infinito de Deus... Mas o que levou uma jovem tão nova a enfrentar aquela viagem? O que a impulsionou a esquecer-se de si mesma para passar os primeiros três meses da sua gravidez ao serviço de sua prima, ela que iria precisar de ajuda também? Maria está cheia da graça e do amor de Deus (cf. Lc 1, 28) e a ela podem aplicar-se as palavras do Salmo: «Corro pelo caminho dos teus mandamentos, pois tu dilatas o meu coração» (Sal 118, 32). Na verdade, antes de conceber Jesus no seu seio já o tinha concebido em seu coração (cf. Santo Agostinho, Sermo 215, 4; PL 38,1074). O Espírito Santo dilatou o seu coração às dimensões do coração de Deus, cobrindo-a com a sua sombra (v. Lc 1, 35), também a impulsionou pela vida da caridade a levantar-se e a par-
tir sem demora (v. Lc 1, 39), infundindo-lhe o ímpeto generoso de sair ao encontro do próximo que sofre e tem necessidade e ensinando-lhe o valor de não dar prioridade às suas legítimas exigências, às grandes dificuldades ou aos perigos para a sua própria vida. Cheia da graça de Deus, Maria deixa-se guiar pela “fé que atua pela caridade” (Gal 5, 6). Contemplando esta atitude de Maria vemos bem o que significa o serviço cristão que, entre nós, chamamos de caridade. Porque está repleta do amor de Deus, e perfeitamente introduzida no dinamismo da Santíssima Trindade, Maria não sabe nada mais do que amar e cuidar daqueles que estão à sua volta. Desta forma, torna-se “modelo da caridade da Igreja, como manifestação do amor trinitário” (Bento XVI, Deus caritas est, 19).
# À semelhança de Maria, para quem não é enfadonho ou castigo servir, mas sim alegria, somos chamados a viver esta alegria do serviço, da caridade. De facto, todo o gesto de serviço e de amor genuíno, mesmo o mais pequeno, contém em si um traço do mistério infinito de Deus: desde o olhar de atenção ao irmão ao fazer-se próximo de cada um, do compartilhar as suas necessidades ao socorrer as suas feri-
DIALETOS DA PALAVRA
das, do responsabilizar-se pelo seu futuro ao dar a vida por quem mais precisa. No serviço da caridade, recebemos o convite de cuidar do outro enquanto pessoa confiada por Deus à nossa responsabilidade. Como discípulos de Jesus, somos chamados a fazermo-nos próximo de cada homem (cf. Lc 10, 29-37), reservando uma preferência especial a quem vive mais pobre, sozinho e necessitado» (João Paulo II, Evangelium Vitae, 87). “Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e à promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estarem docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (Francisco, Evangelii Gaudium, 187) Pelo batismo ficamos para sempre ligados a Cristo e somos chamados a ser continuadores da sua presença entre os homens e mulheres, nomeadamente através da caridade. À semelhança de Maria, para quem não é enfadonho ou castigo servir, mas sim alegria, somos chamados a viver esta alegria do serviço, da caridade. Que Maria nos obtenha o dom de saber amar como Ela soube amar para possamos dizer com São Paulo: «o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14), e com a sua ajuda saibamos difundir no mundo o dinamismo de uma caridade sem limites. •
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KAROL WOJYTLA JOテグ PAULO II --Joana Laranjeira
FOLHA DOS SANTOS
Karol Wojytla, o nosso saudoso e querido Papa João Paulo II, nasceu numa cidadezinha da Polônia, Wadowice. Seu pai, Karol Wojytla, e sua mãe, Kaczorowska, batizaram-no com o nome de Karol Jósef Wojtyla. Era ainda criança, com 8 anos apenas, quando ficou orfão de mãe e perdeu os seus irmãos mais velhos. Aos 9 anos recebeu a pela primeira vez Jesus Cristo, ao fazer a sua primeira comunhão. Estudou em Marcin Wadowita e, em 1938 vai para a Cracóvia. Aqui frequentou a universidade e uma escola de teatro.
# Foi então, para um seminário clandestino da Cracóvia. Karol Wojtytla, para evitar a deportação para a Alemanhã, foi trabalhar após a invasão das forças nazis terem fechado a Universidade aquando da invasão da Polônia na II Guerra Mundial. No ano de 1941 faleceu o pai com um ataque cardíaco. Em 1942, começou a ser traçada a sua vocação sacerdotal. Foi então, para um seminário clandestino da Cracóvia. Terminou a II Guerra Mundial e Karol Wjtyla, prosseguiu os seus estudos na Faculdade de Teologia da universidade de Jaguelônica. A 1 de novembro de 1946 foi ordenado padre. Em 1958 foi nomeado Bispo Auxiliar da Cracóvia, foi capelão universitário e professor de ética na Cracóvia e Lublin. Seis anos depois, Wojytla
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assume funções de arcebispo de Carcóvia, e em 1967 é nomeado Cardeal. A 6 de outubro de 1978, Karol Wojtla, foi eleito Papa adotando o nome de João Paulo II. A 13 de maio de 1981, na Praça de S. Pedro, no Vaticano, foi atingido por um tiro ficando gravemente ferido. João Paulo II, publicou livros de poesia, bem como, uma peça de teatro – “A Loja do Ourives”. Em 1979, escreve a sua primeira Encíclica – “Redemptor Hominis” (Redentor dos Homens). Aqui explica a ligação entre a redenção por Cristo e a dignidade humana. Posteriormente, são escritas outras Encíclicas que defendem o poder da misericórdia na vida (1980); a importância do trabalho como “forma de santificação” (1981); a posição da igreja na Europa de Leste (1985); os males do Marxismo, materialismo e ateísmo (1986); o papel da Virgem Maria como fonte da unidade Cristã (1987); os efeitos destrutivos da rivalidade das superpotências (1988); a necessidade de reconciliar o capitalismo com a justiça social (1991) e uma argumentação contra o relativismo moral (1993). Na sua 11ª encíclica (1995), João Paulo II, aborda o tema contra o aborto, controle da natalidade, fertilização in vitro, engenharia genética e eutanásia. Defende também que a pena capital nunca é justificável. A sua 12ª encíclica, “Ut Unum Sint” (1995) se refere a temas que continuam a dividir as igrejas Cristãs, como os sacramentos da Eucaristia, o papel da Virgem
Maria e a relação entre as Escrituras e a tradição. Nas décadas de 80 e 90, João Paulo II realizou várias viagens, como por exemplo, a África, Ásia e América; em Setembro de 1993 deslocou-se às repúblicas do Báltico na primeira visita papal a países da ex- União Soviética.
# Em 2000, Ano Sagrado em que a Igreja refletiu os 2000 anos de História. João Paulo II, pediu perdão pelos pecados cometidos pelos católicos romanos, antecedendo a visita de João Paulo II à Terra Santa. Em 2000, Ano Sagrado em que a Igreja refletiu os 2000 anos de História. João Paulo II, pediu perdão pelos pecados cometidos pelos católicos romanos, antecedendo a visita de João Paulo II à Terra Santa.
Fontes:
www.e-biografias.net/joao_paulo_ii
Durante o seu pontificado, foi-lhe diagnosticado Parkinson, o que o debilitou, contudo nunca o fez desistir. Com 84 anos, no Vaticano, depois de dois dias de agonia partiu para o Pai a 2 de abril de 2005. Faleceu no fim de semana da misericórdia, oito dias após a Páscoa, e foi João Paulo II que instituiu a Festa da Misericórdia. Foi canonizado, pelo Papa Francisco, a 27 de abril de 2014 no domingo em que a Igreja celebra a Festa da Misericórdia. Santo, João Paulo II, rogai por nós! •
Irmã Elena, missionária comboniana em Malakal, Sudão do Sul
O PODER DO SORRISO ---
Paulo Aido • Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
Quem chega agora a Malakal, estranha o silêncio. Esta importante cidade petrolífera do Sudão do Sul parece o cenário gigante de um filme de terror. Aqui e ali, os restos carbonizados de paredes testemunham o horror e a violência que se abateu por aquelas ruas. Quem olhar com atenção descobre facilmente corpos em decomposição que ninguém se atreve a reclamar. Por vezes, o silêncio é desfeito pelo sobressalto de um carro que se desloca a alta velocidade e traz consigo grupos de homens armados. São rebeldes da etnia Nuer que combatem os soldados governamentais, na sua maioria da etnia Dinka. É o regresso às guerras tribais em África. A cidade de Malakal esvaziou-se, pois ninguém se atreve a arriscar mais a vida. Homens armados entraram nas enfermarias e dispararam a matar sobre os doentes. Entraram em igrejas e mesquitas, e esvaziaram as metralhadoras. Raptaram meninas e violaram-nas. Ninguém se atreve a ficar. Mas há uma pessoa que quer voltar. É a Irmã Elena Balatti, missionária comboniana.
Cinco irmãs Em Dezembro, quando os combates chegaram às ruas, quando as pessoas começaram a fugir dos silvos das balas, recomendaram-lhe que partisse. Eram cinco irmãs. A missão destas combonianas, cujo trabalho é apoiado pela Fundação AIS, era simples: manter viva a rádio
local, o ponto de encontro de toda a comunidade, o elo de ligação dos Cristãos. A cidade de Malakal é grande. Antes dos combates, tinha cerca de 250 mil habitantes. As irmãs ficaram. Até agora. Como não há mais ninguém, como Malakal se transformou numa cidade fantasma, não faz sentido o trabalho destas missionárias combonianas. E foi só por isso que elas partiram. Agora, a Irmã Elena quer voltar. Ela sente que é por ali, junto da sua rádio, que tudo faz sentido. Ela quer voltar, mas não sabe quando isso vai ser possível. De resto, mesmo não estando já em Malakal, a Irmã Elena continua por lá sempre que recorda os gritos das pessoas em fuga, os silvos das rajadas das metralhadoras, o cheiro forte das casas queimadas. Não é possível esquecer nunca mais tanta tragédia. Por mais que se esforce, por mais que tente esquecer, esta missionária italiana é obrigada a recordar os dias de pavor que viveu na cidade, quando bandos armados do chamado white army entraram na catedral, à procura de soldados fiéis ao Governo. Nem os locais de culto foram poupados. Há relatos impressionantes de violência, de uma violência que não tem poupado ninguém, nem sequer crianças, mulheres ou idosos. “Houve pessoas mortas nas igrejas”, diz a Irmã Elena. “A cidade ficou destruída. Ainda tenho na memória a imagem do mercado, com as decorações de Natal, pouco antes do ataque de 24 de Dezembro. Agora, aquele mercado já
AJUDA AJUDAÀÀIGREJA IGREJAQUE QUESOFRE SOFRE
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não existe. Todas as estruturas governamentais foram saqueadas e incendiadas”.
Sudão do Sul O Sudão do Sul é o país mais novo do mundo. Ganhou a independência em 2011, depois de meio século de luta contra o norte, maioritariamente árabe e muçulmano, em flagrante contraste com o sul onde predomina a religião cristã. Foi um conflito sangrento, que causou mais de 3 milhões de mortos. Agora, ao fim de poucos meses, voltou a guerra. Ainda mais violenta e incompreensível. A Irmã Elena está em Juba, mas o seu coração continua em Malakal. É preciso acreditar. É preciso ter esperança. “Quero voltar, juntamente com as minhas irmãs combonianas, para continuarmos o nosso trabalho”, diz a Irmã Elena. Quem olha para esta mulher franzina, de sorriso sempre aberto, não imagina o que tem sido a sua vida, o trabalho, a dedicação e a entrega desinteressada aos outros. Às vezes, um simples sorriso meigo e simpático, como o da Irmã Elena, faz verdadeiros milagres quando tudo à nossa volta parece desmoronar. •
A LIÇÃO DE UMA MESTRA EM VOLUNTARIADO --Antonio João do Nascimento Neto, SDB
CRISTO JOVEM BRASIL
O voluntariado é um serviço feito com apenas uma motivação, mas que pode apresentar-se sob vários aspectos, variando de pessoa para pessoa. A grande motivação é a entrega de si mesmo; essa é sempre causada pelo amor, que é a característica divina no homem, na qual o amor não se contenta em se isolar em uma pessoa, mas quer ser comunicado e comunicar o próprio Deus a mais uma pessoa e mais outra, e outra... Aos olhos da fé, essa entrega pode ser interpretada como uma oblação da própria pessoa. Oblação é palavra que carrega um dos mais belos conceitos, pois ela refere-se a algo que se entrega a Deus. Diante disso, pode-se fazer uma pergunta: O Deus ainda quer? Deus não se basta a si mesmo? Será que precisa de que lhe seja doado algo?
# Maria tornase para nós uma grande mestra em voluntariado, pois descobre o verdadeiro sentido dessa ação, a ‘oblatividade’. Como dissemos, a inquietação causada pelo amor de Deus em nós, justamente tende a fazer com que nos movamos sempre em direção ao outro, e por esse, a
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Deus. A partir daí, nossa vontade interna nos é revelada por Ele mesmo. A disposição para o outro, para servir, ir ao encontro e amar é algo que se aprende porque o amor tem essa condição sine qua non de ser comunicado. Em Maria, encontramos uma perfeita mestra em voluntariado. Basta-nos ler as linhas dos evangelhos que se referem à sua figura para percebermos a sua disposição de servidora incansável de Deus, a quem ela entregou sua vida pela via mais intensa, a da vontade. “Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lucas 1, 38) Mas, gostaria de trazer a belíssima passagem bíblica que se encontra no evangelho de João, capítulo segundo, o episódio das núpcias de Caná. Não se encontra maior aula de voluntariado além dessa! Analisemos: Maria percebe o problema (a falta do vinho, algo grave para uma festa de casamento daquela época); Em seguida, ela procura o Senhor. Não recorreu a mais ninguém, pois desde aquela visita do Anjo, decidiu entregar-se por inteira a Deus, incluindo sua vontade, ou seja, encontrava-se completamente inclinada ao querer divino. O próprio Jesus se impressiona com a atitude servidora de Maria, mas ela não se abala e arremata a aula com a lição de vida mais preciosa: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5b) Que mais dizer sobre essa lição? Maria torna-se para nós uma grande mestra em voluntariado, pois descobre o verdadeiro sentido dessa ação, a ‘oblatividade’. Suas
palavras são fiel tradução de sua atitude: entregar sua vontade a vontade de Deus.
# ...se não for uma atitude de oferta a Deus, de oblação verdadeira, não há voluntariado que dure por muito tempo, por mais bonita e simples que seja a ação. Em mais de 15 anos de vida eclesial, vivendo o voluntariado, posso dizer que se não for uma atitude de oferta a Deus, de oblação verdadeira, não há voluntariado que dure por muito tempo, por mais bonita e simples que seja a ação. Percebamos que não é aos homens, mas a Deus que se deve direcionar a práxis voluntária. Fazer o bem aos nossos irmãos, ao “próximo” bíblico (Lc 10, 29-37) é a via pela qual fazemos nossa oferta de louvor a Deus, pois agindo desse modo, como Maria, consentimos que a vontade dEle aconteça. A vontade de Deus é que tenhamos vida e vida em abundância, como nos disse Jesus. Portanto, ser voluntário de verdade, é ser colaborador de Deus na sua obra de salvação. Aprendamos com a Santíssima Virgem Maria, que como mestra nos auxilia a servir ao Senhor da melhor forma: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Mais adiante, veremos o milagre acontecer. •
HÁ MAIS MARIAS NA TERRA? --Miguel Mendes
Quem és tu Maria? Esta foi uma pergunta que me surgiu enquanto refletia um pouco para escrever este texto… Todos sabemos que é a mãe de Jesus. Todos sabemos também que o é, porque disse “sim” a Deus. E sabemos também que não teve uma vida fácil por ter aceite a missão que Deus lhe confiou.
# Será que Maria era a única “boazinha” lá do sítio? De facto a Bíblia apresenta-nos bastantes episódios da vida de Maria, que nos permitem “conhecê-la” um pouco. Mas hoje não é isso que me desperta a curiosidade… Desde pequeno que me pergunto porquê ela e não a vizinha do lado, por exemplo. Será que Maria era a única “boazinha” lá do sítio? Será que Deus a escolheu por ser mais bonita? Será que... Bem muitas perguntas parvas, mas válidas, me enchiam a cabeça quando pensava nesta questão. Para juntar à festa, são frequentes as notícias de jovens por esse mundo fora que engravidam por obra e graça do Espirito Santo, dizem elas. Convém portanto esclarecer porque é que foi Maria a escolhida para essa missão. E a resposta é muito simples até… Tal como para todos nós, Deus tinha um projeto de vida para Maria, e a sua missão começou logo no momento da sua conceção. Diz-nos a Igreja que Maria, tendo
sido concebida de forma natural foi isenta do pecado original (sim aquele cometido pelo Adão e pela Eva e que ainda hoje é transmitido de geração em geração), sendo por isso Imaculada. Sabemos que o Batismo “limpa” o pecado original de todos nós, mas na altura da sua conceção, João Batista ainda não tinha nascido e portanto não existia o ritual do Batismo. Embora os judeus tivessem rituais de purificação por imersão, não era a mesma coisa, nem deram origem ao Batismo iniciado por João. O facto de Deus ter “planeado” tudo ainda antes do seu nascimento, não retira mérito ao “Sim” de Maria e à sua decisão de ser mãe do Filho de Deus. Tal como tu, também Maria era livre de escolher o seu caminho e de tomar as suas decisões.
# Tal como para todos nós, Deus tinha um projeto de vida para Maria, e a sua missão começou logo no momento da sua conceção. Este “Sim” pode revelar, desde logo, um lado maternal sobre todos nós. Inconscientemente Maria sabia, e sentia, que a salvação para todos nós estava na sua decisão. E como mãe abdicou de si pelos seus filhos, ou seja, por nós! Assim percebemos que por muito boa-
JUVENTUDE QUE ACREDITA
zinhas que fossem as vizinhas da Maria, Deus já tinha feito a sua escolha muito antes. Quando às notícias que vão surgindo por aí… Agora a nova moda para justificar gravidezes milagrosas parece ser “espermatozoides voadores”… Sim leram bem! Por isso descansem… Tal como nunca houve, não existem mais Marias na Terra. E não me parece que venham a existir. •
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