Godzine 18 (Janeiro/Fevereiro 2014)

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NOV/DEZ’13

QUEM É FELIZ? #P.16


INDÍCE

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NOTA DE ABERTURA

YOUCAT

BEM-AVENTURANÇAS

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DIALETOS DA PALAVRA

FOLHA DOS SANTOS

AJUDA À IGREJA QUE SOBRE

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CRISTO JOVEM BRASIL

JUVENTUDE QUE ACREDITA


NOTA DE ABERTURA

NOTA DE ABERTURA

Olá Juventude que acredita! =) Trazemos até ti a primeira edição de 2014. Desejamos antes de mais que neste novo ano civil todos os teus sonhos se concretizem e que nunca te esqueças que o projecto de Deus para ti é a tua própria felicidade. Nesta edição temos algumas novidades: o Pde Ricardo José, que todas as edições trazia até nós algumas reflexões baseadas em Parábolas, deixou de colaborar connosco por motivos pastorais. Deixamos-lhe aqui o nosso bem-haja pelas reflexões que nos trouxe e rezamos para que continue a ser abençoado por Ele na sua missão.

A partir da próxima edição, e atendendo ao apelo do Papa, reflectiremos as bem-aventuranças. Em cada edição será convidada uma personalidade para nos ajudar a reflectir sobre cada uma das bem-aventuranças. Nesta edição, e para te “abrirmos o apetite”, o Miguel Mendes vai-te explicar melhor como o iremos fazer. Esperamos que este nosso singelo contributo seja do teu agrado e te ajude a viver melhor a tua fé. Um abraço em Cristo Jovem :) Sara Amaral

Ficha Técnica A Godzine é uma revista gratuita para jovens católicos e agentes de pastoral juvenil, desenvolvida pela equipa do portal Cristo Jovem. Coordenadora: Sara Amaral • Colaboradores: Darlei Zanon, Nuno Westwood, Joana Laranjeira, Equipa de Comunicação da AIS, Antonio João do Nascimento Neto, Miguel Mendes • Design e Paginação: Wok Design

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O CAMINHO CRISTテグ --Ir. Darlei Zanon

Religioso paulista, editor do YOUCAT para a lテュngua portuguesa


YOUCAT

Um dos textos mais belos e profundos da Sagrada Escritura é sem dúvida o Sermão da Montanha (Mt 5-7). É dos meus textos favoritos, objeto de meditação constante e de reflexões contínuas que me orientam no caminho da vida cristã e no exercício para ser um seguidor sempre mais comprometido com Cristo. Vejo o Sermão da Montanha como um resumo de todo o ensinamento de Jesus e da transformação que o Seu Reino produz em cada um de nós e na nossa sociedade. Jesus fala ao estilo sapiencial, fazendo uma espécie de hermenêutica do decálogo. Assim como Moisés tinha recebido a Lei no monte Sinai, agora Jesus apresenta-se como o novo Moisés, proclamando sobre a montanha a vontade do Pai que conduz o ser humano à libertação e à felicidade. As Bem-aventuranças, as oito afirmações que abrem o Sermão da Montanha, são como que um frondoso pórtico que nos conduz para dentro de um palácio: o Reino de Deus. Jesus, através da narração de Mateus, apresenta-nos um caminho simples, mas exigente, para alcançarmos a felicidade: ser bem-aventurado. O YOUCAT dedica algumas questões para aprofundar este tema. Poderíamos começar pelo número 281, que questiona: “Porque desejamos a felicidade?” É uma forma diferente de nos perguntarmos “porque estamos no mundo?”, a primeira questão do YOUCAT, ou “porque Deus nos criou?” (n. 2), ou ainda “qual o sentido da vida

para o cristão?”. A resposta é clara: Deus criou-nos para a liberdade e a felicidade, e estamos no mundo para amar e conhecer Deus. “Deus colocou no nosso coração uma ânsia tão infinita de felicidade, que só Ele a consegue satisfazer. As realizações terrenas apenas nos dão um antegozo da felicidade eterna. Superando-as, temos de nos virar para Deus” (n. 281).

Trilhar o caminho das bem-aventuranças significa seguir Jesus Cristo verdadeiramente, significa ter uma atitude profundamente “cristã”, significa responder à proposta que Deus nos faz. E o YOUCAT diz-nos mais: “Seremos felizes na medida em que confiarmos na palavra de Jesus contidas nas Bem-aventuranças” (n. 282). Este é o caminho da felicidade apresentado pela Sagrada Escritura. O próprio Papa Francisco disse numa das suas meditações matutinas (no dia 10 de junho de 2013) que as Bem-aventuranças são os novos mandamentos de Deus. Trilhar o caminho das bem-aventuranças

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significa seguir Jesus Cristo verdadeiramente, significa ter uma atitude profundamente “cristã”, significa responder à proposta que Deus nos faz. Quando concretizamos as Bem-aventuranças, tornamos real o anúncio de Cristo, tornamos concreto o seu projeto, fazemos nascer no mundo a justiça de Deus. As Bem-aventuranças são tão importantes porque apresentam o próprio programa de vida de Cristo, são a Sua lista de prioridades: “o Filho de Deus torna-se pobre, para tomar parte na nossa pobreza; alegra-Se com os alegres e chora com os que choram; não recorre à violência, mas dá a outra face; teve misericórdia, promoveu a paz e mostrou assim o caminho seguro para o céu” (n. 284). Entretanto, como recorda o Papa Francisco na sua reflexão matutina, “as bem-aventuranças não podem ser entendida apenas com a inteligência humana; para compreendê-las, é necessário ter um coração aberto à consolação do Espírito Santo.” Segundo Francisco, sem essa predisposição da alma, as bem-aventuranças podem parecer “bobas”. “O instinto humano é mais facilmente levado a pensar que ser pobre, humilde e misericordioso não é um caminho para o ‘sucesso’. As bem-aventuranças, porém, são a lei para aqueles que foram salvos e abriram seu

coração para a salvação; em última instância, elas são a lei da liberdade, graças ao Espírito Santo”, diz o Papa. Seguir as bem-aventuranças não é para o cristão um caminho opcional. É o principal caminho, apresentado por Aquele que é “o caminho, a verdade e a vida”, nossa razão de existir e de procurar a felicidade. É um caminho que contraria a lógica da sociedade, mas que nos conduz para o verdadeiro “sucesso”, para a verdadeira realização, pois, como recorda muito bem o filósofo Blaise Pascal, “a felicidade está só em Deus e quando O tivermos encontrado, ela estará por todo o lado”. •

Sugestões de navegação: www.youcat.org | www.paulus.pt | youcat.cristojovem.com


NOVA SECÇÃO DA GODZINE BEM-AVENTURANÇAS ---


2014 - “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3)

vra Makárioi, é a palavra grega que está na origem da palavra “bem-aventurado”, sendo uma palavra que se refere à alegria profunda da alma. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “as bem-aventuranças estão no centro da pregação de Jesus, retomam e aperfeiçoam as promessas de Deus, feitas a partir de Abraão. Mostram o próprio rosto de Jesus, caracterizam a autêntica vida cristã e revelam ao homem o fim último do seu agir: a bem-aventurança eterna.” Estruturalmente, as bem-aventuranças dividem-se em duas partes. Aqueles que experimentam a primeira parte de uma bem-aventurança (os pobres, os que choram, os humildes, etc.) também experimentarão a segunda parte (reino dos céus, conforto, etc.). O YouCat apresenta-nos nove bem-aventuranças, entre elas as três escolhidas pelo Papa Francisco para o próximo triénio:

2015 - “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8)

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.

2016 - “Felizes os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt 5,7)

Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra.

Mas o que são afinal as bem-aventuranças?

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

As bem-aventuranças são os ensinamentos que, de acordo com o Evangelho segundo Mateus, Jesus pregou no Sermão da Montanha, para ensinar e revelar aos homens a verdadeira felicidade. A pala-

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Terminada a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, o Papa Francisco anunciou um novo ciclo de preparação para a próxima Jornada a realizar em Cracóvia em 2016. São 3 anos de intervalo entre os dois grandes eventos, mas não significa que exista uma pausa na preparação e formação dos milhões de jovens católicos de todo o mundo. Com o lançamento dos temas do Dia Mundial da Juventude para os próximos três anos, o Papa Francisco lançou-nos sobre os estudo das bem-aventuranças e pediu-nos para fazer delas um “concreto programa de vida”. Francisco escolheu três das bem-aventuranças para nos guiar durante os próximos três anos:

Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.


BEM-AVENTURANÇAS

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sereis quando, por Minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós! Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa! (Mt 5, 3-12)

As bem-aventuranças na Godzine Respondendo ao apelo do Papa, as bem-aventuranças serão amplamente estudadas e refletidas nas próximas edições da Godzine. A cada edição será convidada uma personalidade para nos guiar num texto de reflexão sobra cada uma das bem-aventuranças. A próxima edição já está a ser preparada e teremos um convidado muito especial. Fiquem atentos. • Miguel Mendes

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AS BEM-AVENTURANÇAS --Pe. Nuno Westwood


DIALETOS DA PALAVRA

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“Felizes os pobres que o são no seu íntimo porque é deles o reino dos Céus! Felizes os humildes porque possuirão a terra como herança.” (Mt 3, 1-3).

Que bom que é ouvir a voz do divino Mestre ao repetir-nos estas palavras de vida eterna! As Bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20b-23) não apenas promessas ou desejo de Cristo. Elas são a solene proclamação de uma boa notícia, de uma felicidade, de uma esperança magnífica. Elas dizem quem é verdadeiramente feliz. E na Bíblia, a palavra «feliz» implica, ao mesmo tempo, uma felicitação, para com quem marcha já no bom caminho e um programa que, no fim, será recompensado pelo juízo de Deus. Esta proclamação das bem-aventuranças é uma proposta de felicidade que parece desconcertante aos olhos do mundo, é um programa utópico. Como se pode ser feliz quando se tem fome, quando se chora, quando se é perseguido? Basta olhar o exemplo de Cristo que ao anunciar as bem-aventuranças as viveu também em cada momento da sua vida. Contemplando-O, percebemos que aceitar o espírito das bem-aventuranças é assumir um compromisso para viver os valores dos Reino de Deus, “um reino de paz, justiça e alegria” (Rom 14, 17). Assim, as bem-aventuranças apresentam-se como uma proposta de vida em pleni-

tude para àqueles que assumem certos comportamentos na sua peregrinação terrena: comportamentos de desprendimento, de misericórdia, pureza, humildade, mansidão. Trata-se de uma proposta capaz de encher a vida de alegria e felicidade, já no tempo presente.

Em última análise, Jesus não só proclama as Bemaventuranças. Ele vive as Bem-aventuranças. Ele é as Bemaventuranças. Mas quando ouvimos o Mestre a proclamar estas bem-aventuranças, será que nos identificamos com algumas delas: Puros de coração? Misericordiosos? Mansos e humildes de coração? Pacientes na tribulação? Construtores da paz? O Papa João Paulo II, ao subir ao Monte das Bem-aventuranças, em março de 2000, interrogava os jovens nesse mesmo sentido: “Os jovens do século XXI que voz


preferem seguir? Depositar a vossa fé em Jesus significa escolher acreditar naquilo que Ele diz, por mais estranho que isto possa parecer, e escolher a rejeição das pretensões do mal, por mais sensíveis ou atraentes que elas possam ser. Em última análise, Jesus não só proclama as Bem-aventuranças. Ele vive as Bem-aventuranças. Ele é as Bem-aventuranças. Olhando para Ele, descobrireis o que significa ser pobre em espírito, manso e misericordioso, aflito, ter fome e sede de justiça, ser puro de coração, promover a paz, ser perseguido”.

Ele vive as Bem-aventuranças. Ele é as Bem-aventuranças. A opção por Cristo, vivendo as bem-aventuranças, é dizer ao mundo que o nosso caminho é outro, que não queremos uma felicidade passageira nem uma mera recompensa. Queremos Cristo como programa de vida com tudo o que isso implica. Nessa altura, «alegrai-vos e exultai,» diz o Senhor, porque é este o caminho da felicidade total (cf. Mt 5, 12)! •


ZEFERINO NAMUNCURÁ ---

Este jovem índio deixou-se cativar por D. Bosco e por D. Domingos Sávio. Aceitou o desafio de também ele ser santo.


Foi a 26 de agosto de 1886 em Chimpay, na Patagónia localizada na Argentina que nasceu Zeferino Namuncurá. As suas primeiras onze primaveras foram muito agrestes. É então que foi enviado para um Colégio Salesiano em Buenos Aires, com o intuito de se preparar para defender a sua raça. Todo o ambiente familiar vivenciado em cada espaço do Colégio Salesiano fez com se deixasse cativar por D. Bosco. Desta forma, pouco a pouco Zeferino sentiu dentro do seu coração em ser um sacerdote salesiano a fim de evangelizar a sua gente. Para atingir este objetivo, que sentia dentro de si, Zeferino durante cinco anos fez uma caminhada toda ela diferente do que estava habituado. Foi então que com grande esforço se foi adaptando a um estilo de vida diferente. O Colégio tinha disciplina e, para este jovem rapaz, foi difícil integrar-se nela todavia com o passar do tempo percebeu que ela era um modelo de vida para ele e os seus companheiros de jornada. Zeferino cumpriu todos os seus deveres de estudo e oração com precisão. Este jovem durante o tempo de brincadeiras tinha algo espantoso pois, era capaz de resolver os desavindos. No ano de 1903, D. Cagliero bispo Salesia-

Fontes:

no, inseriu-o no grupo dos aspirantes em Viedma. Em virtude de uma saúde frágil levou Zeferino para Itália, com o intuito deste continuar seus estudos num clima melhor. Zeferino teve o privilégio de visitar o Papa Pio X que lhe disse: - “ Deus queira que possas realizar os teus desejos: converter os teus irmãos da Patagónia.” No final, comovido abençoou oferecendo-lhe também uma medalha do seu pontificado. Este jovem estudou em Turim e, de seguida, foi para o Colégio Salesiano situado em Villa Sora, em Frascati, destacando-se como o segundo melhor classificado. Zeferino já há muito tempo que padecia de tuberculose e em março de 1905 foi hospitalizado, em Roma, no hospital dos Irmãos de S. João de Deus onde viria a falecer em maio. Os seus restos mortais foram levados para a sua terra natal em 1924. Foi a 11 de novembro de 2007 foi beatificado. •

Jornal Cavaleiro da Imaculada de novembro de 2013


Perseguição aos cristãos: uma realidade nos dias de hoje

BEM-AVENTURADOS OS QUE PERDOAM! ---

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre


A cada cinco minutos, alguém é assassinado no mundo apenas por ser cristão. A brutalidade desta estatística diz bem da dimensão da perseguição aos Cristãos nos tempos que correm. Em muitos países no mundo assumir a fé implica uma coragem significativa.

A história tem apenas alguns dias e chega-nos da Nigéria. Por uma questão de prudência, o nome da rapariga é omitido. Tudo o resto pode ser contado. Uma jovem cristã, de apenas 19 anos, foi agarrada por um grupo de homens, levada para uma casa e ameaçada com uma faca. Esteve com uma faca encostada à garganta. A qualquer momento, diziam-lhe, iam matá-la. Queriam que renunciasse à sua fé. As palavras são dela: “Eles estavam quase a matar-me, e um deles exigiu-me que não resistisse ou cortariam mesmo a minha garganta. Eu cedi. Eles colocaram-me então um véu e obrigaram-me a ler o Alcorão”. Apavorada, a jovem rapariga

nigeriana foi transformada em escrava pelos seus raptores. Algum tempo depois, porém, conseguiu fugir e contou a sua história. “Se chorava, batiam-me, se dizia alguma coisa, batiam-me.”

Histórias de terror Na Nigéria actua, desde 2009, um grupo terrorista islâmico, chamado Boko Haram, que tem como objectivo dividir o país entre o Norte muçulmano – que passaria a ser governado através da sharia, a lei islâmica - e o Sul, maioritariamente cristão. Para conseguirem este objectivo, têm recorrido ao terror mais absoluto. É rara a semana em que não há notícias de alguém assassinado, de igrejas alvo de atentados bombistas, de populações em fuga. A violência dos relatos é assustadora. Há pessoas que são mortas à machadada, queimadas vivas, brutalmente executadas a tiro, num desrespeito absoluto pela vida humana.

Um mundo de violência Infelizmente, a Nigéria não é um caso isolado na demente violência religiosa que tem vindo a afectar as comunidades cristãs em tantos países do mundo. A lista é quase interminável: Nigéria, Mali, Sudão, Síria, Egipto, Iraque, Somália, Vietname, Paquistão, Índia, Síria, China… Na Coreia do Norte, por exemplo, a simples posse de uma Bíblia é suficiente para que al-


AJUDA À IGREJA QUE SOFRE

guém seja condenado a trabalhos forçados num dos vários campos de concentração existentes no país.

O poder do perdão Voltemos à Nigéria. Há dois anos, no dia de Natal, a explosão de um carro armadilhado causou dezenas de mortos na Igreja de Santa Teresa, na cidade Madalla. Desde esse dia, Chioma Dike está de luto. Na explosão morreram o marido e três dos seus quatro filhos. O que sobreviveu ainda hoje arrasta consigo as cicatrizes do atentado. Ela, apesar das lágrimas, da vida desfeita, não tem palavras de ódio. É impressionante escutá-la. “Ponho tudo nas mãos do Senhor. Ninguém pode ajudar-me. Só Deus pode consolar-me.” Para esta mulher nigeriana, que ficou sem o marido e três dos seus filhos – apenas por serem cristãos -, não há sombra

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de revolta no que diz, nem sequer rancor. Pede apenas as nossas orações. “Rezo para que o Senhor nos proteja e peço-vos que rezem pelo filho que me resta e que continua ferido.” A Fundação AIS tem como missão apoiar a Igreja necessitada, que é perseguida no mundo. A Igreja que sofre. Todos os dias, a cada cinco minutos, alguém morre por ser cristão. Todos os dias, a cada cinco minutos, é preciso reinventar a palavra PERDÃO. • Paulo Aido | Departamento de Informação


QUEM É FELIZ? ---

Antonio João do Nascimento Neto, SDB


CRISTO JOVEM BRASIL

Em outros momentos já vos falei sobre a felicidade. Muitos jovens já cantaram sobre ela, desejam-na, mas a final, somos mesmo capazes de realmente sermos felizes? Jesus uma vez nos falou sobre quem eram os felizes. Ele os chamou bem-aventurados. Há várias ocasiões em que as pessoas podem ser consideradas felizes ou bem-aventuradas. Uma delas, segundo o texto de Mateus, nas palavras de Cristo é: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5, 3). O que será que essas palavras de Jesus nos dizem hoje? Sabemos da grande pobreza que tantos homens e mulheres enfrentam em diversas partes do mundo e em todos os continentes. Quando Ele nos fala em “pobres em espírito”, fala que nossa postura deve ser como a de uma pessoa que não se sente dono de muitas coisas. Um pobre vive sem muitos bens, vive sempre fazendo um grande esforço para sobreviver e também pede e precisa da ajuda e do cuidado de outrem; pois nos parece ser dessa pobreza que Jesus se refere. Aquele que é pobre em espírito jamais pensará o amor como arma que habilita a ter posse de alguém. É nesse sentido que finamente podemos encontrar uma chave de leitura para entender a atitude de Jesus em ter escolhido pessoas como Judas Iscariotes para seu discípulo e companheiro. Explico: Jesus amou Judas, mas não fez do seu amor um laço para manter o discípulo traidor aprisionado a ele, ou seja, Jesus

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amou Judas de forma livre, sem exigir ou forçar que esse o amasse. Concordam comigo? A atitude de Jesus pode ser considerada pobreza em espírito.

Como disse Dom Bosco: “O Senhor colocou-nos no mundo para os outros”. Outro ponto da pobreza em espírito é a dimensão da sociabilidade. Como dissemos, o pobre, de certa forma, precisa de outra pessoa e se lança ao encontro. O outro é considerado como de fundamental importância para que ele sobreviva. Nesse caso, quando lemos as palavras de Jesus sobre ser feliz aquele que é pobre em espírito, fica claro o recado. Como disse Dom Bosco: “O Senhor colocou-nos no mundo para os outros”. A pobreza em espírito é mais uma característica constituinte da pessoa feliz porque faz lembrar a vocação do cristão expressa na fala que lemos acima do santo considerado Pai e Mestre da juventude, S. João Bosco. Querer estar junto com, ver que o outro é uma riqueza, que é em comunidade que o cristão vive, é um forte sentido para a bem-aventurança de que falamos. Sem ser pobre em espírito não se é feliz. Ser pobre em espírito diverge de ser pobre de espírito, pois o que é pobre em espírito


assume uma postura de vida que se caracteriza pela humildade e pelo desejo incessante de formar comunidade, já o pobre de espírito quer remeter àqueles e àquelas que nada têm de espírito ou espiritualidade no sentido de espírito ser aquilo que inspira o agir externo, pois já é expressão interna da pessoa. O pobre de espírito não é humilde, não deseja contato com ninguém, nem com Deus, embora possa criar na imaginação o que ele chama de deus.

Sem ser pobre em espírito não se é feliz. Atualmente é possível ser feliz assim, sendo pobre em espírito? Fazendo esse questionamento, jovens, olhemos que atitudes nós temos nas diversas ocasiões das nossas vidas. Será que elas são de pobreza em espírito ou pobreza de espírito? Bem, nunca é tarde quando se quer mudar o que há por dentro. Uma vez minha mãe disse: “Você nunca saberá se não tentar.” Jovem, disponha-se a ser um bem-aventurado, disponha-se a ser feliz, viva a pobreza em espírito. Felizes são os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. •


BEM-AVENTURADOS OS QUE SE DOAM --Miguel Mendes


Iniciámos há poucos dias um novo ano, um novo capítulo na nossa história enquanto seres humanos, enquanto país, enquanto mundo. A verdade é que a cada ano que passa, renovamos sonhos e voltamos a desejar um ano melhor que o ano anterior com mais saúde, amor, prosperidade... É a Esperança que renasce, motivada por um simples virar de página num calendário. Não é certo, nem errado, é assim, e todos somos “assim”. Mas há uns que são mais assim que outros... Há uns, para quem todos os dias são “o primeiro dia do ano” e que fazem da Esperança o motor para cada manhã. São pessoas de todos os níveis sociais, pessoas de todas as idades, gente que sonha fazer do mundo um lugar melhor.

A missão confundese com o voluntariado quando a única coisa que se tem para dar é Deus,... Uns chamam-lhes voluntários, outros missionários... A missão confunde-se com o voluntariado quando a única coisa que se tem para dar é Deus, aquele que tudo pode, aquele que tudo faz. Motivados por essa Fé, todos os anos milhares de pessoas largam tudo durante

um período de tempo da sua vida, para se doarem aos outros como sinal do Amor do Pai por eles. São sementes de Esperança, focos de luz em terras escurecidas pela dor e pela fome. Muitos são os motivos que os levam a ir, mas, à volta todos regressam com o mesmo coração preenchido pelas experiências lá vividas. Nestes tempos difíceis que Portugal vive olhemos para esses que levam um sorriso aos que sofrem e procuremos ser também nos sinal do Amor de Deus entre os que mais sofrem perto de nós. Se me permitem o abuso, bem-aventurados os que se doam porque serão recompensados... Nem que seja com o sorriso dos que ajudam. •


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