A ressaca e sua repercussão na direção veicular / pág. 76
23 ª EDIÇÃO / ABRIL 2022
GESTÃO DE FROTAS, MOBILIDADE, TECNOLOGIA E SEGURANÇA
O FUTURO É
ESG
Investimentos em empresas sustentáveis ganham destaque no mercado; gestão de frota tem papel estratégico na aplicação de práticas sustentáveis nas companhias.
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SINAL VERMELHO NA GESTÃO DE FROTAS
COISA DE MENINO? QUE NADA!
GOLSAT AGORA É GOLFLEET
Crise dos insumos e preços altos levam gestores a optarem pela reforma, sobretudo da frota pesada
Conheça Thais Roland, especialista que abandonou uma carreira bem-sucedida para se tornar mecânica de automóveis
Empresa anuncia novo nome e identidade, mas faz questão de frisar que seus valores e objetivos seguem intactos
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08. SINAL VERMELHO NA GESTÃO DE FROTAS Crise dos insumos e preços altos levam gestores a optarem pela reforma, sobretudo da frota pesada; momento não é favorável para a substituição
12. TECNOLOGIAS QUE SALVAM VIDAS De olho na redução de acidentes e na segurança dos condutores, empresas investem em soluções tecnológicas; conheça as inovações na área
O FUTURO É ESG Investimentos em empresas sustentáveis ganham destaque no mercado; gestão de frota tem papel estratégico na aplicação de práticas sustentáveis nas companhias
18 APÓS 2 ANOS ONLINE, CONFERÊNCIA GLOBAL PARAR VOLTA A SER PRESENCIAL Evento será nos dias 8 e 9 de novembro em São Paulo, voltando com tudo e como sempre foi: com muita informação relevante e atual, networking, transformação de ideias e de carreiras
48 60. VAI DE BUSER Criada em 2017, a Buser quer modernizar o transporte rodoviário de passageiros no Brasil; de olho em novos modelos de negócios, a empresa já ultrapassa os seis milhões de clientes
64. A MELHOR FROTA DO BRASIL Empresa do setor elétrico comemora o primeiro lugar no Ranking 100 Best Fleets - etapa Brasil, prêmio entregue durante a 7ª Conferência Global do Instituto Parar
68.
COMBUSTÍVEL CARO: CONFIRA COMO ECONOMIZAR NESSE MOMENTO Com negociação de preços direto nos postos e tecnologia de ponta, soluções de gestão como o Alelo Frota da Veloe podem reduzir gastos com abastecimento em até 30%
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Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
24. TERCEIRIZAÇÃO DE FROTAS SEGUE EM ALTA EM 2022 Especialista estima que o mercado pode triplicar ou quadruplicar a quantidade de veículos terceirizados no país na próxima década. Entenda mais sobre esse movimento e transformação do mercado
36.
GOLSAT AGORA É GOLFLEET No ano em que completa 15 anos, empresa anuncia novo nome e identidade, mas faz questão de frisar que seus valores e objetivos seguem intactos
A PARAR Review é uma publicação do PARAR, veiculada por distribuição direta. Para recebê-la, envie um e-mail para atendimento parar.com.br. JORNALISTA RESPONSÁVEL Loraine Nabhan loraine.santos parar.com.br
30. 2022: VOLATILIDADE NO MERCADO DE FROTAS
COLABORAÇÃO Beatriz Pozzobon Guilherme Popolin Paula Bonini
Crise causada pela pandemia de Covid-19 deve se prolongar até 2023; guerra na Ucrânia traz novos e difíceis desaos ao setor
PUBLICIDADE atendimento parar.com.br (43) 3315-9500 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Eduardo Bibiano eduardobibiano.com.br
76. A RESSACA E SUA REPERCUSSÃO NA DIREÇÃO VEICULAR Não é só durante ou logo após o uso da bebida alcoólica que não se deve dirigir. Ocorrerão sinais e sintomas tardios quando houver excessos que comprometerão a dirigibilidade
DE GESTOR PARA GESTOR 44. PNEUS LIDERAM ENTRE OS MAIORES GASTOS COM A FROTA Boa escolha e manutenção preventiva geram economia, segurança e impactos ao meio ambiente gerando menos descartes. Conra dicas para aumentar a vida útil do pneu e alcançar economia e conheça empresa que faz a destinação correta da borracha
A Revista PARAR Review é uma publicação da empresa idealizadora do PARAR.
54 “EMOÇÃO INDESCRITÍVEL” Conheça as ações que zeram de Ezequiel Scopel o gestor de frotas mais aclamado do Brasil
70. COISA DE MENINO? QUE NADA! Ela abandonou uma carreira bemsucedida na área da tecnologia para se tornar mecânica de automóveis; conheça a história de Thais Roland, autora do blog Coisa de meninos nada
institutoparar.com.br
golfleet.com.br
EDITORIAL
RICARDO IMPERATRIZ
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
PARAR: (quase) 10 ANOS
f
Fotos: © Freepik / Divulgação
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ALTAM MESES PARA COMEMORARMOS A PRIMEIRA DÉCADA DE
Além de ser limitante e pouco empático, o olhar
EXISTÊNCIA DO INSTITUTO PARAR, UM PROJETO QUE COMEÇOU
único para os ganhos nanceiros desconsidera o
PEQUENO EM UMA SALA DE HOTEL EM PORTO ALEGRE, MAS COM
ponto fundamental da gestão de frotas: o fato de que
UMA LUZ PRÓPRIA TÃO VIBRANTE QUE FOI CAPAZ DE ILUMINAR
a vida não tem preço e que todos devem se sentir
TODA NOSSA JORNADA ATÉ AQUI. O desejo pela prossio-
seguros ao realizar suas atividades diárias, até
nalização do setor de frotas pulsava em nossos
mesmo (e especialmente) quando o ambiente de
corações e de todos que estavam conosco aquele
trabalho é atrás do volante.
dia (e é muito graticante perceber que muitos
Esta parece ser a melhor forma de desenvolver
gestores caminham com a gente até hoje, desde o
caminhos para a superação dos desaos que ainda
day one). Ao longo dos seus 10 anos (quase) completados,
temos adiante. Os números de fatalidades nas vias brasileiras ainda são alarmantes, mas felizmente a
o PARAR sempre teve a cultura de segurança como
comunidade de gestores de frotas que se relacionam
Valor. Tentamos contribuir efetivamente para que
com o Instituto PARAR está mais forte e ativa do que
empresas que administram frotas, independente-
nunca. E você vai perceber isso nas próximas páginas.
mente do segmento, priorizassem a vida de seus
Esperamos que a nossa revista possa contribuir
condutores, e que os prossionais a frente da
com esse processo em busca de uma gestão de frotas
gestão dos ativos considerassem a educação no
cada vez mais equilibrada, prossional e, claro, segura.
trânsito antes de qualquer outro índice de RICARDO IMPERATRIZ
CEO da Golfleet e fundador do Instituto PARAR
produtividade.
Boa leitura!
SINAL VERMELHO NA GESTÃO DE FROTAS
SINAL VERMELHO na gestão de frotas GUILHERME POPOLIN
Fotos: © Freepik / Marcelo Justo
Crise dos insumos e preços altos levam gestores a optarem pela reforma, sobretudo da frota pesada; momento não é favorável para a substituição
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E TEM UMA CARACTERÍSTICA QUE NÃO SE ENQUADRA À GESTÃO DE FROTAS É A ESTABILIDADE, SOBRETUDO, APÓS O INÍCIO DA PANDEMIA DE COVID- . setor vem sofrendo com a crise global, com o aumento do preço dos veículos, a falta de peças, o aumento do preço dos combustíveis e das taxas de juros, a escassez de commodities e a diculdade para conseguir crédito. De acordo com a Fenabrave, a previsão para 2022 é de um tímido crescimento na comercialização de veículos leves e pesados: 4,6%.
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
De modo geral, do atacado ao varejo, toda cadeia automotiva passa por um momento desaador, o que implica em desaos diários para os gestores de frota. Esse é um cenário global, visto que uma pesquisa da Work Truck Survey mostra que 100% dos gestores indicaram ter reformado a frota pesada, de acordo com dados coletados entre outubro e novembro de 2021. Isso é resultado da crise, da falta de insumos e da alta dos preços, que levam muitos gestores optarem pela reforma ao invés da substituição. Jafferson Celani, diretor de logística da Control Construções LTDA, gerencia uma frota mista – com veículos leves e pesados. O foco é atender empresas distribuidoras de energia elétrica, ou seja, que por ser um serviço essencial não pode car sem os veículos. De acordo com Celani, um dos maiores desaos é o prazo de substituição. O tempo previsto entre o momento de aquisição de um veículo até o momento de recebê-lo é longo e o custo alto. Hoje, o nível de investimento para substituir um caminhão quase dobrou. “A nossa opção no momento não está sendo renovar. Temos planos previstos de ampliação da
frota, por conta da entrada de novos clientes. Mas em relação à frota atual estamos segurando a renovação”, conta Celani. O gestor explica, ainda, que será necessário rever os preços atuais, que são cobrados de acordo com um cenário anterior à pandemia, de modo a ajustá-los para o cenário atual. Já em relação à crise de insumos e à falta de peças, Celani diz não estar com diculdades para realizar as manutenções corretivas. Ele acredita que isso ocorre por conta da frota ser padronizada, com modelos únicos, o que facilita a realizar as manutenções – o que nesse momento é fundamental, visto que a frota da Control Construções atende empresas do setor de energia, um serviço essencial e “sem o veículo nada acontece”, pontua Celani. De acordo com Weslley Silva, consultor de gestão de frotas pela Walog, a maioria das empresas que ele atende estão optando por reformar os veículos. “Hoje, o mercado não tem equipamentos sucientes para atender as demandas do Brasil. O país tem uma demanda muito alta, por estar em franca expansão. Não temos equipamentos, máquinas, veículos, de grande e médio porte, e leves para suprir nossa demanda. Então, as empresas estão fazendo um rebuilding nas suas máquinas para poder manter [a frota ativa] por mais um, dois anos”, explica. Silva destaca que com a pandemia de Covid-19 o gestor de frota passou a ser mais requisitado nas empresas. “O custo aumentou muito. O prossional teve que se reinventar, estar atualizado, ser uma pessoa dinâmica, ter boa gestão de equipe, agilidade, ser resiliente, pensar em segurança. Tem que saber e buscar muito sobre tecnologia e manutenção. As empresas, hoje, estão com uma
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SINAL VERMELHO NA GESTÃO DE FROTAS
cultura de segurança muito forte”, diz Silva. Apesar dos desaos, Silva deixa um conselho otimista para quem já está no ramo ou deseja migrar para a gestão de frotas: “Entrem, estudem, busquem! É um mercado promissor que está a cada dia mais valorizado”.
“COM A PANDEMIA DE COVID-19 O GESTOR DE FROTA PASSOU A SER MAIS REQUISITADO NAS EMPRESAS: TEVE QUE SE REINVENTAR, ESTAR ATUALIZADO, SER UMA PESSOA DINÂMICA, TER BOA GESTÃO DE EQUIPE, AGILIDADE, SER RESILIENTE, PENSAR EM SEGURANÇA” Para Cristiano Cardoso, técnico de manutenção central da frota da CPFL Soluções, a manutenção dos veículos é a tarefa que exige maior CRISTIANO CARDOSO preocupação. Sobre a Técnico de manutenção central da frota da CPFL Soluções: "a manutenção falta de peças e insumos, dos veículos é a tarefa que exige maior preocupação" para Cardoso, o custo alto é um dos principais desaos a ser superado. Desse modo, a manutenção corretiva e a reforma têm sido priorizadas com o objetivo de manter a frota ativa e segura. Segundo ele, o atual cenário é incerto e agora não é o momento de comprar veículos novos, já que é preferível “esperar o mercado aquecer novamente”, o que deve ocorrer em 2023.
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A TECNOLOGIA COMO ALIADA Diante desse cenário, garantir a segurança, a disponibilidade e a redução de custo aos clientes é um desao encontrado pelas empresas gestoras de frota. Eduardo Fleck, diretor-geral de especialidades de Frota e Mobilidade da Ticket Log, conta que uma das soluções desenvolvidas é uma plataforma que EDUARDO FLECK conecta o cliente a uma Diretor-geral de especialidades de Frota e Mobilidade da Ticket Log ampla rede de fornecedor e s q u a l i c a d o s, c o m diversas especialidades, em todo território nacional. No nal de 2020, a Ticket Log lançou a plataforma “KD Minha Ocina”, que conecta proprietários de veículos a ocinas de manutenção veicular. “A proposta da solução é reunir, em uma plataforma digital, uma rede de ocinas mecânicas com avaliações, descrições de todos os serviços automotivos oferecidos e os diferenciais de atendimento, além de preços e comparativos de orçamentos. Dentre os serviços mais procurados estão os relacionados a autoelétricos, manutenção e funilaria”, explica Fleck. Outra solução oferecida é a Repom, especializada em soluções de gestão e pagamento de despesas para o mercado de transporte rodoviário de carga. “Além de soluções para o mercado rodoviário, como gestão de pagamentos de pedágios, abastecimento, frete e outras despesas da frota própria e de terceirizadas, também temos os serviços de manutenção. Essas soluções permitem que o gestor de logística tenha controle do planejamento de rotas, da negociação do preço do diesel e da redução das despesas com manutenção”, conclui.
TECNOLOGIAS QUE SALVAM VIDAS
TECNOLOGIAS QUE SALVAM VIDAS De olho na redução de acidentes e na segurança dos condutores, empresas investem em soluções tecnológicas; conheça as inovações na área
Fotos: © Freepik
BEATRIZ POZZOBON
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M DEZ ANOS, A FROTA BRASILEIRA CRESCEU QUASE %. saltou de 70,5 milhões em 2011 para mais de 111,4 milhões em 2021. São mais 40,9 milhões de veículos rodando pelas vias do país, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Além disso, as rodovias brasileiras continuam matando muita gente. No ano passado, todos os dias, cerca de 14 pessoas morreram nas rodovias federais, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Para reverter estes números, rumo à construção de um trânsito mais seguro, a tecnologia tem um papel importante, além, é claro, das campanhas de conscientização e do aumento da scalização nas vias. As empresas já perceberam isso, e estão investindo em soluções tecnológicas que dão mais segurança aos condutores e sustentabilidade para suas ações.
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TECNOLOGIAS QUE SALVAM VIDAS
“JÁ FORAM IDENTIFICADOS DESGASTES PREMATUROS DE COMPONENTES CRÍTICOS, COMO OS FREIOS, O QUE ASSEGURA O REPARO MESMO ANTES DO MANUAL DO FABRICANTE”
MARCELO SANTOS Supervisor de frotas e facilities da WestRock
É o caso da WestRock, empresa de soluções em papel e embalagens, que tem mais de 2.200 funcionários no Brasil. “A companhia sempre investiu no desenvolvimento da gestão de frotas e em melhorias do processo, reconhecendo o valor que a área agrega às pessoas, ao meio ambiente e aos negócios”, arma Marcelo Santos, supervisor de frotas e facilites. Neste sentido, a principal tecnologia utilizada pela empresa é um sistema integrado de gestão de frotas. Entre outras ações, a ferramenta faz o monitoramento dos quilômetros rodados pelos veículos; o acompanhamento diário de ordens de serviços; e a validação das substituições de peças. “Com os alertas regulares de indicação de manutenções a cada 10 mil quilômetros, que obrigam o motorista a realizar uma parada do veículo, já foram identicados desgastes prematuros de componentes críticos, como os freios, o que assegura o reparo mesmo antes do manual do fabricante”, destaca Santos, responsável por uma frota de 103 veículos.
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A WestRock, empresa de soluções em papel e embalagens, tem mais de 2.200 funcionários no Brasil
“O SIMULADOR APRESENTA O DESEMPENHO DO CONDUTOR EM VÁRIAS DIVERSIDADES DO DIA A DIA, E PERMITE A REAÇÃO EM SITUAÇÕES DE PERIGO”
SEGURANÇA PARA OS CONDUTORES Na Coca-Cola FEMSA, maior engarrafadora de produtos Coca-Cola em volume de vendas, são 5.700 veículos, entre leves e pesados, e quase sete mil condutores. Para gerir uma frota tão expressiva e dar segurança aos motoristas, a empresa aposta em tecnologia em diferentes frentes. A WestRock sempre investiu no desenvolvimento da gestão de frotas e em melhorias do processo, reconhecendo o valor que a área agrega às pessoas, ao meio ambiente e aos negócios
FELIPE CRISTOFOLI TUNIN Coordenador de segurança viária da Coca-Cola FEMSA
O aplicativo Greenmille, por exemplo, é utilizado para monitoramento e geração de dados durante as rotas. Além disso, no início deste ano, a companhia começou a trabalhar com um simulador de direção, com objetivo de capacitar os condutores e identicar as principais diculdades de cada um. “O simulador apresenta o desempenho do condutor em várias diversidades do dia a dia, e permite a reação em situações de perigo, como falta de freios ou pedestres que aparecem repentinamente, o que não é possível ser feito em nenhum teste prático”, explica Felipe Cristofoli Tunin, coordenador de segurança viária.
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TECNOLOGIAS QUE SALVAM VIDAS
FLÁVIO CARDOSO Head de serviços de conectividade da Stellantis Latam
Na Coca-Cola FEMSA, maior engarrafadora de produtos Coca-Cola em volume de vendas, são 5.700 veículos, entre leves e pesados, e quase sete mil condutores
Segundo Tunin, em 2022, a Coca-Cola FEMSA vai trabalhar na consolidação de novos projetos e tecnologias. Já estão sendo realizados testes para a implantação do rotograma, um equipamento que avisa o condutor quando ele se aproxima de áreas de risco, como trechos de serra e rotatórias, por exemplo, para evitar a ocorrência de acidentes. Têm também as smart câmeras, que, por meio de alertas sonoros e visuais, informam os motoristas em casos de velocidade incompatível com via, invasão de faixas laterais, distração ou sonolência. De acordo com o coordenador, os caminhões que atuam no período noturno e em rotas críticas terão prioridade para instalação dessa tecnologia, ainda este ano. “A tecnologia, alinhada a uma boa gestão, é o caminho mais efetivo para evitar acidentes”, destaca Tunin. “Esses produtos, softwares e inovações vão além do olhar humano e geram uma innidade de informações que se tratadas de maneira correta, dão direcionamentos essenciais para prevenir acidentes e garantir a segurança dos condutores”, naliza.
SÉRGIO JÁBALI CTO da Golfleet
Em 2022, a Coca-Cola FEMSA vai trabalhar na consolidação de novos projetos e tecnologias
“ESSES PRODUTOS, SOFTWARES E INOVAÇÕES VÃO ALÉM DO OLHAR HUMANO E GERAM UMA INFINIDADE DE INFORMAÇÕES QUE SE TRATADAS DE MANEIRA CORRETA, DÃO DIRECIONAMENTOS ESSENCIAIS PARA PREVENIR ACIDENTES E GARANTIR A SEGURANÇA DOS CONDUTORES”
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
O FUTURO JÁ CHEGOU Em mercados maduros, mais de 90% dos veículos já saem de fábrica conectados. A armação é do head de serviços de conectividade da Stellantis Latam, Flávio Cardoso. Os carros inteligentes têm conexão com a internet, com foco na melhor experiência e na segurança dos usuários. “A conectividade se adapta às necessidades e jornadas de cada um”, ressalta Cardoso. Assim, entre as funcionalidades desta tecnologia, podemos citar: informações sobre tráfego; assistência de estrada; segurança e aviso de acidentes; alertas de manutenção e problemas com o carro; monitoramento do adolescente e do idoso; além de opções que dão comodidade ao motorista, como conexão com aplicativos de smartphone e até a possibilidade de refrigerar o carro com comando remoto. Mas, a conectividade pode ir mais além. É ela que possibilita, por exemplo, o rastreamento da frota. E quando se fala em rastreamento, a vídeo-telemetria é o que existe de mais avançado na área. “Um dos mecanismos mais interessantes da vídeo-telemetria é a possibilidade de 'falar' com o condutor enquanto ele dirige. Antigamente, os rastreadores usavam um tipo de aviso chamado 'buzzer', ou simplesmente um 'alerta sonoro'. Nesse caso, ao cometer algum mau comportamento, como excesso de velocidade, o condutor era avisado com um sinal”, recorda Sérgio Jábali, CTO da Goleet.
“UM DOS MECANISMOS MAIS INTERESSANTES DA VÍDEOTELEMETRIA É A POSSIBILIDADE DE 'FALAR' COM O CONDUTOR ENQUANTO ELE DIRIGE”
Já os dispositivos de vídeo-telemetria são mais modernos e equipados com alto-falantes. Eles podem reproduzir a voz humana, variar a voz e ter um aviso diferente para cada tipo de evento perigoso. “Dessa forma, é possível instruir o condutor com diferentes dicas, criando um hábito melhor em sua condução através de feedbacks instantâneos. É como um anjo da guarda que o acompanha em suas viagens”, acrescenta o CTO. A segurança é também um bom negócio. A utilização da vídeo-telemetria, com a identicação facial do condutor e a apuração de excessos de velocidade, implica em velocidades mais baixas por parte dos motoristas. Consequentemente, há economia de combustível, de pneus e redução de multas.
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O FUTURO É ESG
O futuro é
ESG Fotos: © Freepik
Investimentos em empresas sustentáveis ganham destaque no mercado; gestão de frota tem papel estratégico na aplicação de práticas sustentáveis nas companhias
GUILHERME POPOLIN
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
S CRITÉRIOS AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA (ESG, DO INGLÊS ENVIRONMENTAL, SOCIAL, AND GOVERNANCE) SÃO UM CONJUNTO DE PADRÕES QUE AS EMPRESAS VÊM INCORPORANDO AOS SEUS PROCESSOS. Se décadas atrás, o foco das companhias era somente maximizar os lucros, atualmente, para manterem-se relevantes, elas precisam estar alinhadas aos avanços das agendas ambientais e sociais. As empresas que conseguem equilibrar lucro e propósito ganham destaque no mercado; já as que não estão atentas às práticas ESG tendem a car ultrapassadas. As orientações da ESG guiam investidores em todo o mundo, uma vez que hoje não é vantajoso, nem atrativo, investir em empresas cujos modelos de negócios não estejam em consonância com a evolução e o futuro do planeta – companhias que não seguem os critérios de ESG representam risco nanceiro, uma vez que suas práticas podem implicar em prejuízos, como é o caso das corporações multadas por infringirem regulações ambientais.
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O FUTURO É ESG
UM TEMA QUE VEIO PARA FICAR Para Ricardo Voltolini, fundador da plataforma NetZero, CEO e consultor da Ideia Sustentável, o conceito de ESG ganhou força nos últimos dois anos. Em primeiro lugar, porque a ciência do clima apresenta dados e provas contundentes sobre o aquecimento global e suas consequências; e em segundo, porque os Millennials estão chegando ao poder de comandar e investir em companhias – nascidos entre 1981 a 1999, essa geração “não quer fazer negócio com empresas que não sejam sustentáveis”, arma.
Foto: Paulo Uras
De acordo com Voltolini, hoje, a sustentabilidade é um tema transversal e estratégico à gestão dos negócios. Contudo, ainda há resistências, como a cultura de liderança, já que líderes formados em modelos de economia do século XX tendem a não valorizar as práticas ESG por seguirem um padrão de negócios obsoleto, como maximizar o lucro para gerar o máximo de resultado para o dono e os acionistas. Outro fator é o líder que encara os investimos em práticas sustentáveis como despesa, além de acreditar que o assunto contribui para desviar o foco do modelo de negócios da empresa. “Darwin dizia claramente: cam os mais adaptáveis. Quem se adapta ao novo momento, entende que esse é um tema que veio para car, que não é uma moda passageira. Quem resiste à ideia, tem mais problemas”, arma Voltolini. Para
RICARDO VOLTOLINI Fundador da plataforma NetZero, CEO e consultor da Ideia Sustentável
ele, algumas das principais tendências de ESG para as empresas são a gestão de talentos orientada por princípios de diversidade e inclusão; o desenvolvimento integral dos colaboradores, com ênfase em saúde mental; o respeito aos direitos humanos na cadeia de valor do negócio; o relacionamento com comunidades mediado por investimentos sociais estratégicos; a contribuição para que a emissão dos gases de efeito estufa seja reduzida até 2030 e zerada em 2050, segundo o acordo assinado na COP26; e a denição de objetivos, metas, métricas e compromisso públicos em relação aos temas mais relevantes.
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
“QUEM SE ADAPTA AO NOVO MOMENTO, ENTENDE QUE ESSE É UM TEMA QUE VEIO PARA FICAR, QUE NÃO É UMA MODA PASSAGEIRA. QUEM RESISTE À IDEIA, TEM MAIS PROBLEMAS”
Em relação à gestão de frotas, Voltolini indica aspectos urgentes que precisam estar na pauta dos gestores, como: calcular o volume de emissões de gases de efeito estufa que a frota produz e estabelecer estratégias para eliminar as emissões, como a substituição da frota movida a combustíveis fósseis por uma frota elétrica, por exemplo. Para os resistentes à eletricação, há outras alternativas. “Hoje, no Brasil, temos um dos maiores produtores globais de biodiesel. Dá para caminhões rodarem com biodiesel. Estamos produzindo combustível de biomassa para avião, então, para caminhão não será tão complexo. É preciso olhar, entender que tem um desao e planejar como isso vai acontecer”, conclui Voltolini.
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O FUTURO É ESG
Parar Review Mag / #22 / Novembro 2021
ESG E A GESTÃO DE FROTAS A tomada de decisões sustentáveis e a prática ESG fazem parte dos processos e da gestão de frota da Algar Telecom, uma vez que gerenciar e mitigar impactos ambientais, com uma governança climática efetiva, são propósitos que fazem parte da missão da companhia. De acordo com Gleison Oliveira, gerente de frotas da empresa, o Centro de Gestão de Frotas e o time de ESG da Algar Telecom caminham de mãos dadas no mapeamento e nas ações de sustentabilidade. “Temos a sustentabilidade como premissa nas atividades, que vão desde ações de compartilhamento de veículos, uso de transportes alternativos, incentivos à caronas e abastecimentos com combustíveis renováveis”, conta. “Optamos pelo uso do etanol como combustível principal para todos os veículos ex, independente da região em que se encontram. Tais ações nos permitiram evitar que mais de 3.500 toneladas de CO2, em 2020, e 4.117 toneladas, em 2021, fossem enviadas à atmosfera”. Segundo Oliveira, a gestão de frotas mantém um forte controle sobre o combustível, promovendo comparativos e melhorias nos controles internos. “Melhoramos em mais de 8% nosso desempenho e mantemos o uso do etanol acima de 94%”, explica.
De acordo com GLEISON OLIVEIRA, gerente de frotas da empresa, o Centro de Gestão de Frotas e o time de ESG da Algar Telecom caminham de mãos dadas no mapeamento e nas ações de sustentabilidade
De acordo com Oliveira, a busca contínua de melhores práticas de condução resultam em melhores resultados nanceiros, comportamentais e uma melhor relação com a sociedade. “Atuamos em total conformidade com as práticas ESG porque consideramos uma de nossas mais importantes missões contribuir para o enfrentamento e a solução dos desaos atuais e futuros, seja na área econômica, seja na ambiental, seja na social. Há mais de 11 anos, conduzimos uma série de programas e projetos com o intuito de exercer uma governança climática efetiva em nossas operações, além de buscar o alinhamento dos nossos critérios com todas as partes com as quais nos relacionamos”, naliza Oliveira.
TERCEIRIZAÇÃO DE FROTAS
Terceirização de frotas segue em alta em
Fotos: © Freepik
Especialista estima que o mercado pode triplicar ou quadruplicar a quantidade de veículos terceirizados no país na próxima década. Entenda mais sobre esse movimento e transformação do mercado
PAULA BONINI
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
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OS ÚLTIMOS ANOS, NÃO FORAM POUCOS OS SEGMENTOS QUE SOFRERAM IMPACTOS NEGATIVOS DEVIDO À CRISE ECONÔMICA QUE A PANDEMIA INSTAUROU NO MUNDO. No entanto, alguns setores, felizmente, tiveram um comportamento contrário e registraram crescimento, como o de locação de veículos. O anuário da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) aponta que houve um crescimento de 33,5% na locação de veículos somente no ano passado. Com isso, o faturamento bruto do segmento foi de R$ 17,6 bilhões em 2020 para R$ 23,5 bilhões em 2021, sendo o maior em cinco anos.
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TERCEIRIZAÇÃO DE FROTAS
A terceirização de frotas corporativas também registrou considerável aumento no último ano, contribuindo com o fomento do mercado de locação. Especialistas e prossionais da área sinalizam que a tendência da terceirização das frotas vai seguir em ascensão em 2022. Há quem diga que é um caminho sem volta. “Temos condições de triplicar ou quadruplicar a quantidade de veículos terceirizados no Brasil nos próximos 10 anos”, arma Paulo Miguel Junior, presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA). Segundo ele, as diculdades impostas pela pandemia fez com que muitas empresas decidissem pela venda de carros para investir dinheiro em seus negócios. “T odo momento de crise acaba, de alguma forma, alavancando as locadoras, uma vez que ativos são deslocados para outras demandas”, explica. Diante desse cenário positivo, ca nítido que o setor de locação conseguiu driblar a crise da indústria automotiva, que ainda sofre com a falta de matéria-prima para a produção de carros, registra preços elevados e um décit de 600 mil veículos. Questionado de que forma esse momento delicado do mercado automotivo afetou o setor, o presidente do conselho da ABLA fala que um dos reexos foi na idade média da frota. “Em 2020, a idade média era de 19,7 meses e em 2021 subiu para 24,4”, calcula, acrescentando que como a
demanda é superior à produção, em alguns casos, é preciso também pedir um prazo para a entrega do carro. A crise, de acordo com Junior, diculta ainda projetar o nível de crescimento do mercado de locação. Mas, mesmo não sendo possível quanticar, há ascensão por vir. “Acreditamos que esse ano teremos mais carros no mercado devido a uma série de questões do momento. Além disso, com a guerra na Ucrânia, a produção de veículos na Europa pode diminuir e talvez o que sobre de semicondutores e peças, por exemplo, venham para a América”, cogita. Com o aquecimento desse mercado, o presidente do Conselho da ABLA faz questão de dar algumas dicas aos gestores que estão em busca de terceirizar a sua frota. “Analisem bem os contratos. Observem o que diz sobre gestão de multa, gestão de manutenção, troca de pneus, as responsabilidades, como funciona a questão do carro reserva e como tudo isso será operado”, orienta, lembrando que é possível buscar uma negociação com a locadora e que nem sempre escolher pelo preço é a melhor saída. “Pode não ter serviço agregado”.
“É POSSÍVEL BUSCAR UMA NEGOCIAÇÃO COM A LOCADORA E NEM SEMPRE ESCOLHER PELO PREÇO É A MELHOR SAÍDA”
PAULO MIGUEL JUNIOR Presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA)
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
A divisão de Gestão de Frotas da Localiza apresentou, no 4º trimestre de 2021, um crescimento de 7,9% no número de diárias e 17,2% na receita líquida, em relação ao mesmo período do ano anterior. “Além disso, existe um pipeline importante de novos negócios com novos clientes que ainda não receberam os carros”, observa.
JOÃO ANDRADE Diretor executivo da Localiza Gestão de Frota
UM NOVO COMPORTAMENTO DE MOBILIDADE Outro fator que torna o aluguel uma solução mais atrativa para as empresas e vai impulsionar ainda mais o setor de terceirização, é o aumento na taxa de juros. A constatação é de João Andrade, diretor executivo da Localiza Gestão de Frotas. Ele conta que nos últimos anos o setor de locação passou a experimentar uma demanda maior na procura por gestão de frotas. “Acreditamos que esse movimento é resultado da mudança de comportamento de mobilidade, que prioriza o uso em vez da posse, somados a tendências macroeconômicas e ao reconhecimento da maior vantagem de terceirizar”, explica.
Sobre a tendência de ainda mais crescimento, Andrade reitera a ideia de Junior de que a terceirização de frotas é um movimento que, de fato, deve crescer ainda mais no país. Isso porque, na opinião dele, consiste em uma solução para empresas que desejam economizar tempo, dinheiro e o capital investido nessa área. Em relação à frota própria, ele calcula que a economia com a terceirização pode chegar a patamares superiores a 20%. “Além de uma gestão mais otimizada dos recursos nanceiros, as empresas buscam na terceirização outros benefícios, como menos burocracia, garantia de uma frota renovada, com manutenções em dia, entre outros”, enumera o diretor executivo, pontuando que a Localiza tem sido parceira dos seus clientes no enfrentamento dos desaos que o cenário econômico atual trouxe. “Buscamos contribuir para uma retomada sustentável dos negócios com uma gestão da operação de alta performance e aumento da produtividade”. Na visão de Andrade, com a terceirização o papel do gestor de frotas passa a ser mais reconhecido e valorizado dentro das organizações, pois o processo torna-se mais visível e claro em termos de custo e benefícios.
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TERCEIRIZAÇÃO DE FROTAS
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
“O FOCO PASSA A SER O CORE BUSINESS E O BOM GESTOR DE FROTAS NÃO PRECISA TEMER”
MERCADO VIVE MOVIMENTO DE TRANSFORMAÇÃO Apesar do crescimento do setor de locação e terceirização de frotas no Brasil, o nosso percentual ainda é baixo quando comparado a países desenvolvidos. Mas será que, aos poucos, estamos mudando esse cenário? Para Bruno Leite Ferreira, diretor executivo da Divena Mobility, sim. Com 11 anos de atuação no mercado de locação e passagens por grandes empresas, ele nota que está havendo um movimento de transformação do mercado brasileiro. “Mercados mais maduros não tratam o carro como um bem, mas como uma necessidade. Nos EUA, por exemplo, muitas vezes não se fala em comprar o bem, mas pagar pelo seu uso. No Brasil, por razões culturais, as pessoas têm um sentimento de propriedade do carro, mas isso vem mudando pouco a pouco”, arma. Para ele, as pessoas têm buscado formas mais efetivas de investimentos, o que ca claro também com o aumento expressivo da busca pela modalidade de carros por assinatura. “As pessoas economicamente ativas estão mais conscientes, passaram a se interessar e a entender mais sobre investimentos”, opina.
BRUNO LEITE FERREIRA Diretor executivo da Divena Mobility
O mesmo movimento, para Ferreira, vem acontecendo no universo corporativo. Além das diculdades com a crise da indústria e com a pandemia, que levaram os gestores à terceirização, alguns buscam outras alternativas por estarem mais conscientes sobre o uso do dinheiro e a economia conquistada com algumas escolhas. Na Divena, cujo foco é o aluguel de veículos executivos e premiuns, a busca pelo carro terceirizado também cresceu, o que mostra que essa tendência abrange o mercado como um todo, tanto em níveis executivos quanto operacionais. “O foco passa a ser o core business e o bom gestor de frotas não precisa temer. A terceirização é uma aliada e ele sempre será a ponte e o ponto de apoio entre a empresa e a locadora”, destaca.
VOLATIDADE NO MERCADO DE FROTAS
2022 Fotos: © Freepik
volatilidade no mercado de frotas Crise causada pela pandemia de Covid-19 deve se prolongar até 2023; guerra na Ucrânia traz novos e difíceis desafios ao setor
GUILHERME POPOLIN
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
M TODO O MUNDO, GESTORES DE FROTA ENFRENTAM PROBLEMAS SISTÊMICOS: O AUMENTO DO VALOR DOS COMBUSTÍVEIS, AS INCERTEZAS EM RELAÇÃO AO ESTOQUE DE COMMODITIES E A PREOCUPAÇÃO COM UMA SEGUNDA INTERRUPÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS. Esses são alguns dos efeitos da crise desencadeada pela pandemia de Covid-19. Como se esse cenário não fosse desaador o suciente, com a guerra na Ucrânia, especialistas do setor alertam que a atual situação pode durar por mais alguns anos. Desse modo, controlar os custos e a capacidade da frota têm sido um desao diário aos gestores de frota. A escassez de microchips, peças e veículos – novos ou usados – faz com que o tempo de espera para substituir veículos antigos por novos que mais longo. O cenário é incerto e não há respostas denitivas nesse momento, sendo assim, os gestores se concentram na otimização dos ativos e em tomar medidas proativas para minimizar os custos.
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VOLATIDADE NO MERCADO DE FROTAS
Para Milad Kalume Neto, business development manager da JATO Dynamics, o cenário é realmente desaador pois ora há a disponibilidade de cliente, ora de produto, de modo que conseguir equilibrar os dois lados da balança está sendo uma tarefa árdua. “Quando existe cliente, às vezes faltam veículos. Marcas que estavam vendendo pouco estão aproveitando o momento e conseguindo dar uidez a sua produção com as vendas. Marcas que não tinham problemas de vendas estão vendendo quando existem produtos à disposição”, explica. Em relação à crise dos estoques de commodities, Neto arma que toda vez em que há restrição de matéria-prima, imediatamente os preços dos veículos e dos produtos relacionados, direta ou indireta, com determinada commodity aumentam. “Neste cenário, vericamos um potencial aumento nos preços nais dos veículos no curto prazo, em função de diversos fatores: instabilidade na cadeia produtiva internacional, falta de semicondutores, frete internacional ainda em patamares elevados, repasse do desenvolvimento tecnológico pelas montadoras para atender a demandas dos clientes e legislações especícas que aconteceram nos últimos anos.” A preocupação de Neto também passa pela provável segunda interrupção na cadeia de suprimentos do microprocessador. Ele explica que antes da guerra da Ucrânia, até meados de fevereiro de 2022, estava trabalhando em um cenário de estabilidade no fornecimento de semicondutores para o segundo semestre deste ano. Contudo, a guerra entre Rússia e
MARTON KISS Mobility management Brazil na Diversey
Ucrânia, que são grandes fornecedores de gás neon, destinado à fabricação de semicondutores, provocou incerteza sobre o tema. “Ainda estamos trabalhando com perspectivas de atendimento da demanda global até o nal de 2022, com efeitos concretos para o Brasil a partir de 2023, mas não podemos deixar de admitir um aumento das incertezas neste momento. É grande a preocupação com a falta de semicondutores e possíveis interrupções da produção não somente no Brasil mas a nível internacional”, avalia Neto. Sobre esse assunto, Marton Kiss, mobility management Brazil na Diversey, compartilha a preocupação com Neto. “Montadoras como General Motors, Ford e Hyundai preveem que a restrição, que já dura há quase dois anos, comece a diminuir a partir do segundo semestre de 2022, ou seja, no cenário mais positivo talvez apenas o ano que vem esteja normalizado”, analisa. Kiss destaca o tamanho do impacto causado pela escassez de chips à
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“MONTADORAS PREVEEM QUE A RESTRIÇÃO COMECE A DIMINUIR A PARTIR DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2022, OU SEJA, NO CENÁRIO MAIS POSITIVO TALVEZ APENAS O ANO QUE VEM ESTEJA NORMALIZADO”
indústria automotiva global: US$ 210 bilhões em receitas e uma produção perdida de 7,7 milhões de veículos em 2021, segundo a consultora AlixPartners. Kiss avalia que o cenário atual é sem precedentes na história recente, por conta da pandemia, da guerra, do aumento do dólar e do barril de petróleo. Assim, a gestão de frotas precisa trabalhar ao máximo para diminuir os gastos e reduzir os impactos no caixa da companhia. Para minimizar os efeitos do aumento nos preços dos combustíveis, a Diversey reforçou políticas que já eram adotadas antes da pandemia. “Temos como cultura interna o uso racional dos veículos e dos deslocamentos. Com a pandemia, a alta do preço dos combustíveis e de todas as demais despesas relacionadas à mobilidade, reforçamos com os times a nível Brasil o uso do Etanol nos abastecimentos. Em cada estado, direcionamos os usuários para um tipo de combustível”, explica Kiss.
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VOLATIDADE NO MERCADO DE FROTAS
GUERRA NA UCRÂNIA E A GESTÃO DE FROTAS: MAIS ATRASOS E AUMENTO DE PREÇOS
A invasão russa à Ucrânia, que começou em fevereiro, afeta também a indústria automotiva e a gestão de frotas. Há dois anos lidando com os desaos da pandemia e a escassez de microchips, a guerra na Ucrânia pode intensicar o aumento dos preços dos combustíveis e das matérias-primas, além dos atrasos na entrega de veículos e peças. No caso do combustível, a redução na oferta da commodity, por conta da guerra, fez com que o preço do barril de petróleo disparasse, o que implica na precicação dos combustíveis pela Petrobras, por exemplo. Para Milad Kalume Neto, a maior preocupação diz respeito ao fornecimento de matéria prima para a confecção de semicondutores utilizados em todos os equipamentos eletrônicos. “Temos ciência de restrições de outros materiais como paládio (necessário para os catalisadores), aço e borracha que igualmente
impactam na produção automotiva. Alternativas sempre existem, mas passam necessariamente por preços mais altos em função da relação econômica de oferta e demanda, impactando diretamente no aumento dos preços dos veículos no curto prazo”, reete. Segundo Marton Kiss, a guerra na Ucrânia está tendo um impacto crescente no setor automotivo, que já estava em diculdades. “Nos últimos anos, a crise dos chips diminuiu a produção. Enquanto antes da guerra prevíamos que a escassez de semicondutores duraria até meados de 2023, agora que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, a situação é ainda mais complicada. Na Europa, diversas montadoras já desaceleraram sua produção por falta de peças. Aqui no Brasil, o que vai acontecer é imprevisível, mas a certeza é o atraso e aumento de preços dos veículos”, conclui.
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Para Luiz Carlos Moraes, presidente da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o setor vê com enorme perplexidade a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Em primeiro lugar, nos preocupa o aspecto humanitário, com tantas mortes, inclusive de civis, e uma legião de refugiados tentando chegar a países vizinhos, incluindo brasileiros. Ainda é cedo para avaliarmos os inevitáveis reexos negativos sobre a economia global e sobre o uxo da cadeia logística do nosso setor, mas estamos atentos e preparados para mitigar os danos e buscar alternativas em caso de falta de insumos ou componentes. O mundo, ainda vivendo sob uma pandemia que cobra tantas vidas e desorganiza a sociedade, pode sofrer novos e duros golpes caso esse conito não seja resolvido com um cessar-fogo imediato e a volta da diplomacia”, declarou em coletiva de imprensa.
“NA EUROPA, DIVERSAS MONTADORAS JÁ DESACELERARAM SUA PRODUÇÃO POR FALTA DE PEÇAS. AQUI NO BRASIL, O QUE VAI ACONTECER É IMPREVISÍVEL”
Para MILAD KALUME NETO, business development manager da JATO Dynamics, o cenário está realmente desafiador
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GOLSAT AGORA É GOLFLEET
Fotos: © Freepik / Divulgação
GolSat agora é
No ano em que completa 15 anos, empresa anuncia novo nome e identidade, mas faz questão de frisar que seus valores e objetivos seguem intactos PAULA BONINI
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RICARDO IMPERATRIZ, CEO da Golfleet e fundador do Instituto PARAR
A TRAJETÓRIA DA VIDA, O SER HUMANO PASSA POR MUITAS FASES, VIVENCIANDO GRANDES MOMENTOS E TRANSFORMAÇÕES EM CADA UMA DELAS. Com as experiências, aprende, amadurece, evolui e escreve a sua história. Em uma empresa, não é diferente. As mudanças são constantes e levam além. A Goleet que o diga. Sim, você leu certo, é Goleet mesmo. Em março, e no ano em que completa 15 anos, a GolSat deu boas vindas a mais uma nova e importante etapa, passando a ser a Goleet. A evolução foi tanta que o software se tornou a empresa.
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GOLSAT AGORA É GOLFLEET
Para chegar até aqui, vivenciou muitas fases e garantiu a solidez necessária para essa tomada de decisão. Além do novo nome, tem também uma nova identidade. A logo passou por mudanças estratégicas para transmitir exatamente o que a Goleet é: tecnológica, inovadora, uida, sensível e sedenta por humanidade. De agora em diante, a marca carrega novas cores, bem como uma leveza e simplicidade apaixonantes. O nome e a identidade mudaram, mas os valores e objetivos continuam intactos. O CEO da Goleet, Ricardo Imperatriz, compara a empresa a um prédio. “No início, éramos um prédio de 4 andares. Já passamos para 25 andares e podemos chegar a 50, 100, inndáveis pisos sem que nenhum andar caia. Já foi necessário escavar tudo, mas não houve mudanças na fundação. Temos uma base muito sólida e tudo foi bem construído”, garante. Ao olhar para trás, Imperatriz tem a sensação de dever cumprido. “Tudo começou em 2007 com 6 pessoas. Iniciamos de forma leve e no início investimos em diferentes mercados, como de pessoas físicas, seguradoras e rastreamento portátil. Foi entre o primeiro e o segundo ano de empresa, que assumimos a identidade de especialistas em frotas leves e fechamos o nosso nicho. Percebemos que tínhamos um número relevante de clientes de frotas leves e que precisávamos tomar uma decisão”, recorda. Dito e feito. A decisão foi tomada e a Goleet se tornou uma empresa de tecnologia focada em soluções inteligentes para a gestão de frotas leves. As ideias foram sendo
concretizadas, pois haviam pessoas engajadas com o negócio. Anal, ideias nascem naturalmente todos os dias e o que as tornam oportunidades é se e como são colocadas em prática. E, inevitavelmente, para executar ideias, é preciso ter um bom time. “Quem tem time, tem tudo”, defende Imperatriz. Muitos colaboradores, além de clientes, fornecedores e parceiros, estão com a Goleet desde o início ou já somam muitos anos de “casa”. Um dos focos da empresa é garantir relações duradouras. A preocupação com as pessoas explica essa admirável delização. “Queremos que as pessoas sejam felizes. Assim, tudo se dá de uma forma mais fácil e veloz”, acredita. Aos poucos, a Goleet foi conquistando grandes marcas no mercado. Hoje, por meio de um time de cerca de 150 pessoas alinhadas ao propósito da empresa, soma mais de 450 mil horas dedicadas ao desenvolvimento de softwares e tem mais de 1.200 clientes no Brasil, o que totaliza mais de 55 mil veículos ativos circulando. Sabe o que isso signica na prática? Que 55 mil veículos têm os seus dados transformados em informações por meio do software da Goleet no território nacional. Não há dúvidas de que o impacto positivo é imenso, tanto no mercado de frotas quanto na sociedade como um todo.
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“POR MEIO DE UM TIME DE CERCA DE 150 PESSOAS ALINHADAS AO PROPÓSITO DA EMPRESA, A GOLFLEET SOMA MAIS DE 450 MIL HORAS DEDICADAS AO DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES E TEM MAIS DE 1.200 CLIENTES NO BRASIL, O QUE TOTALIZA MAIS DE 55 MIL VEÍCULOS ATIVOS CIRCULANDO”
E será que Imperatriz acreditava que a Goleet estaria onde está em seu aniversário de 15 anos? A resposta é sim. “Imaginava que chegaria até aqui”, condencia, explicando que desde o início o grande mote foi o entendimento de que era possível e de que apesar das diculdades, as oportunidades eram maiores. “Sempre tive ânimo para continuar e um time muito bom para trabalhar. Além disso, sentia que estávamos fazendo a diferença na vida dos nossos clientes. Tudo isso motiva, dá prazer”, comenta. E assim a Goleet segue escrevendo a sua história, sempre valorizando a trajetória que a trouxe até aqui, mas de olho no futuro. “Estamos debutando e seguimos de forma escalada no mercado nacional e possivelmente internacional. Agora, estamos rumo aos 100k e tudo está sendo bem pensado e construído”, projeta animado.
CARLOS TUDISCO Diretor de operação da Golfleet
COM INSTITUTO PARAR, EMPRESA ELEVA O NÍVEL DO MERCADO DE FROTAS Para o diretor de operação, Carlos Tudisco, que está na Goleet há 10 anos, é muito graticante acompanhar toda essa ascensão e processo de amadurecimento da empresa. “É uma jornada de muito trabalho com diversos ciclos de preparo, plantio e colheitas ao lado de pessoas de altíssimo nível, gente realmente “fora da curva”. Para ele, dentre os muitos diferenciais da empresa, está o Instituto PARAR. “A Goleet, em 2012, idealizou o Instituto PARAR que, em complemento das soluções tecnológicas, já disseminou centenas de eventos por todo o Brasil, levando conhecimento e formação de cultura de segurança”, cita. O Instituto PARAR, que já é considerado um dos principais centros de estudos e capacitação para prossionais de frotas da América Latina, fundou o primeiro curso de pós-graduação do Brasil para gestores de frotas, além do renomado curso PGF (Programa para Gestores de Frotas). Desde então, segue elevando o nível do mercado de frotas. “Hoje, o próprio mercado reconhece que a Goleet e o Instituto PARAR revolucionaram e
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GOLSAT AGORA É GOLFLEET
prossionalizaram a Gestão de Frotas no Brasil”, ressalta. Ele arma sem titubear que o verdadeiro diferencial da Goleet são as pessoas. “Tivemos o privilégio de formar um time de altíssimo nível em todos os setores, com gente talentosa, comprometida e feliz com o que faz. Nossos colaboradores sentem orgulho de poder trabalhar e fazer crescer uma empresa cujo trabalho contribui com a sustentabilidade econômica, social e ambiental dos nossos clientes”, comemora. Tudisco já vivenciou muitos momentos marcantes na Goleet, mas ele destaca o ano de 2014 quando participaram, sem período prévio de preparação ou contratação de consultorias (algo bem comum no mercado), da classicação do Great Place to Work (GPTW), avaliação conduzida por uma instituição de reputação internacional. “Ficamos em 8º lugar entre as melhores empresas para se trabalhar no estado do Paraná. Foi uma agradável e marcante surpresa dentre tantas que passamos na nossa história”, recorda. Agora, com a corrida travada para chegar aos 100k nos próximos 3 anos, ele garante que todos os setores coordenados pela sua área estão sendo desaados todos os dias a se desenvolverem e se reinventarem. Dentre esses setores estão RH, atendimento ao cliente, backoffice, facilities, contabilidade, marketing, nanceiro, supply, jurídico, nanceiro e o setor comercial para Pequenas e Médias Frotas (PMF). “T odos são essenciais para que a empresa possa atingir e superar suas metas. Aqui disseminamos uma cultura de não conformismo. Então, rumo aos 100k (e além deles). Somos sempre eternos inconformados”, assegura.
Em 2014, a empresa entrou pela primeira vez no ranking Great Place to Work (GPTW) como uma das melhores empresas para trabalhar no Paraná
'AS PESSOAS SÃO A NOSSA PRINCIPAL TECNOLOGIA’ Sabe quando você sente que está no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas e fazendo aquilo que precisa ser feito? É exatamente essa a sensação do diretor de tecnologia da Goleet, Sergio Jábali. Na empresa há 7 anos, ele é responsável pelo desenvolvimento dos softwares e tem um admirável “brilho nos olhos” ao falar de seu trabalho. “Foi um processo desejado, planejado e de muito trabalho. E não apenas para construir os produtos da empresa, mas muito mais para trazer novos prossionais alinhados com nosso propósito, bem como consolidar uma forte cultura de time de elite e de eterna startup”, relata.
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SERGIO JÁBALI Diretor de tecnologia da Golfleet
Em 2015, foi realizada uma revisão dos softwares da Goleet , identicando uma oportunidade de fazer uma revolução tecnológica na empresa alinhada à sua nova estratégia. Foi também em 2015 que Jábali participou pela primeira vez da de um evento do PARAR, no Rio de Janeiro, o que para ele signicou uma “virada de chave”. “Estava entrando na empresa e ali entendi o quanto a Goleet e o Instituto PARAR tinham um campo muito fértil e que eu poderia colaborar semeando e regando a m de trazer frutos para a sociedade com um propósito genuíno”, lembra.
Durante 2015 e 2016 foram feitas muitas pesquisas, que culminaram na concretização do sonho do Goleet (sim, o software) em 2017. E foi exatamente em 30 de agosto de 2017, que o diretor de tecnologia fez a sua primeira apresentação sobre o sistema internamente para toda a empresa para lançar o software. Na ocasião, ele lembra que um grande imprevisto aconteceu. “O telão deixou as letras todas quadriculadas, não dava pra ler absolutamente nada. E foi ali que descobri que a motivação e a satisfação de fabricar aquele produto era tão grande que eu tinha memorizado todos os textos das diversas telas que apresentei. Pude explicar cada conceito sem maiores problemas”, recorda.
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GOLSAT AGORA É GOLFLEET
O momento, que podia ter sido ruim, acabou se tornando marcante e positivo para Jábali. “Superamos o desao da resolução do telão, e isso gerou uma conexão direta entre mim e todos os envolvidos, pois tivemos a dimensão da grandiosidade daquilo que estávamos fazendo e como aquilo era muito maior do que cada um de nós”, conta. Hoje, já com 5 anos de existência, o software se tornou tão relevante que a empresa passou a ser mencionada como "a" Goleet. “Escutamos muitas vezes algo como "hoje vamos ter uma reunião com a equipe da Goleet". Então, de uma forma muito natural estamos selando esse processo de evolução da empresa com a mudança de seu nome e de sua marca para o mercado”, pontua o diretor. Apesar de falar e de fazer tecnologia, ele deixa claro que as pessoas e o alinhamento com o propósito de preservar vidas são os grandes fatores geradores desse crescimento e dessa capacidade de evolução. “Nossa base está fundamentada em pessoas talentosas e que querem construir um mundo mais sustentável, que praticam nossos valores e princípios continuamente. Essa é a nossa verdadeira tecnologia”, resume.
APESAR DE FAZER TECNOLOGIA, A GOLFLEET DEIXA CLARO QUE AS PESSOAS E O ALINHAMENTO COM O PROPÓSITO DE PRESERVAR VIDAS SÃO OS GRANDES FATORES GERADORES DESSE CRESCIMENTO E DESSA CAPACIDADE DE EVOLUÇÃO
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A sensação de Jábali é de uma incrível autorealização. Ele salienta que a Goleet tem um discurso muito forte sobre cultura de segurança e valor à vida e principalmente uma entrega contínua de tecnologia de ponta para tangibilizar a preservação de vidas no trânsito. “Sempre acompanhamos o indicador de vidas preservadas em nossos clientes e isso traz para cada um de nós uma sensação plena de utilidade, de que estamos contribuindo para a construção de uma sociedade mais respeitosa, justa e muito boa para se viver”, fala, acrescentando que foi possível juntar uma causa com um negócio que dá lucro, o que é fantástico para uma empresa que quer e consegue devolver valor para a sociedade. Para o futuro, ele adianta que há uma estratégia bem denida para a evolução do Goleet com foco especial em atender os gestores de frotas em diferentes níveis de gestão. A ideia, segundo Jábali, é promover a melhoria contínua para os frotistas, seja através da evolução para produtos mais avançados do portfólio ou ainda aderir às inovações que já estão sendo desenvolvidas e as que virão muito em breve. “Posso dizer que não são poucas”, adianta. Além disso, a plataforma de inovação Goleet está crescendo em diversos aspectos e há outras iniciativas que estão sendo concebidas, mas o diretor considera cedo para falar sobre elas. “Acredito que os 100k será um resultado que vamos comemorar muito, e que nos dará ainda mais energia para seguirmos adiante na prossionalização das frotas e na preservação de vidas”, naliza.
Quer saber mais sobre a Golflleet e acompanhar tudo o que está por vir?
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GESTÃO DE PNEUS
PNEUS lideram entre os maiores gastos com a frota Boa escolha e manutenção preventiva geram economia, segurança e impactos ao meio ambiente gerando menos descartes. Confira dicas para aumentar a vida útil do pneu e alcançar economia e conheça empresa que faz a destinação correta da borracha
Fotos: © Freepik
PAULA BONINI
LES CONSISTEM EM UM DOS MAIORES CUSTOS COM A FROTA, ALÉM DE ESTAREM DIRETAMENTE RELACIONADOS À SEGURANÇA E AO DESEMPENHO DO VEÍCULO. Estamos falando dos pneus, que segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção (Abepro), representam uma média de 18,68% do custo operacional da frota. Essa média pode ser ainda maior, variando de acordo com as especicidades de cada perl. Em 2021, o pneu representou o maior gasto da frota da EQS Engenharia, empresa da área de tecnologia em telecomunicações, infraestrutura, energia e climatização, situada em São José (SC). O gerente de frotas, Guilherme Proença, calcula que no ano passado os pneus representaram 30% dos gastos com a frota da EQS, que tem 800 veículos leves. Para se ter uma ideia do que isso signica, de acordo com ele, o segundo item que teve maior gasto foi o óleo de motor, que representou 14% dos custos totais em 2021. Uma diferença signicante. Consciente da importância do item, Proença destaca que somente adquire pneus de marcas que oferecem o melhor custo benefício. “Hoje já temos algo
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padronizado e a expertise de quais são as marcas e os modelos que performam melhor e aumentam o desempenho da frota”, comenta, acrescentando que os pneus são um dos principais itens que garante a segurança do veículo, o que reforça a importância de sempre fazer a melhor escolha.
“OS PNEUS SÃO UM DOS PRINCIPAIS ITENS QUE GARANTE A SEGURANÇA DO VEÍCULO, O QUE REFORÇA A IMPORTÂNCIA DE SEMPRE FAZER A MELHOR ESCOLHA”
GUILHERME PROENÇA Gerente de frotas da EQS
Para não correr o risco de não ter o pneu desejado ou de pagar preços elevados, como na pandemia, em que houve escassez do item, culminando no aumento dos preços, Proença, quando possível, recorre a compra em lotes. “Quando nos damos conta dos gastos e da real importância do pneu para a frota, camos mais atentos. Em uma situação normal, encontramos as opções que já estamos acostumados, mas em casos atípicos como foi na pandemia, a compra em lote pode ser uma saída para não fugir do padrão de qualidade e segurança”, diz. E quando acontece a troca dos pneus da frota da EQS? O gerente explica que isso se dá de acordo com a quilometragem rodada, que é o indicado, ou no caso de apresentarem algum problema ou chegarem antes ao limite de segurança. Uma prática muito interessante acontece na EQS justamente no momento da troca dos pneus. Desde 2016, a empresa tem a certicação da ISO 14001, que especica os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental e permite à empresa desenvolver uma estrutura para a proteção do meio ambiente. “As empresas são as principais
responsáveis no impacto do meio ambiente e precisamos fazer a nossa parte. É um diferencial nosso no mercado, que nos abre muitas portas”, considera. Pautados nesse valor, o descarte dos pneus é feito de maneira responsável do ponto de vista socioambiental. “Nós temos vários projetos ambientais, que envolvem coleta seletiva, reaproveitamento da água da chuva, placas solares, dentre outros. Fazemos questão de dar a destinação correta, encaminhando a uma empresa os pneus que não terão mais uso para que sejam destinados a pontos de coleta de reciclagem de produtos de borracha”, detalha, pontuando que na EQS o mesmo acontece no caso do óleo.
ESCOLHA DO PNEU, UMA ETAPA DETERMINANTE A escolha do pneu é determinante e reete na frota como um todo, garantindo mais sustentabilidade (com menor índice de descartes irregulares, já que não é toda empresa que faz a destinação correta), segurança e economia. Para Rafael Astol, gerente de assistência técnica da Continental Pneus e especialista na área, tudo começa na escolha do pneu certo para a operação. “É essencial que se considere as demandas e o tipo de aplicação do pneu, respeitando a regra de colocação de pneus iguais no mesmo eixo do automóvel. E não apenas de modelos iguais, mas com as mesmas condições de desgaste. Não se pode misturar pneus novos e usados em um mesmo eixo”, orienta. Outra prática indicada por Astol é manter a medida e o tipo de pneu original do veículo. Isso garante que o seu comportamento e performance quem dentro do que foi projetado pelo fabricante.
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DE GESTOR PARA GESTOR
GESTÃO DE PNEUS
A escolha certa além de aumentar a vida útil dos pneus, também reete no lucro da empresa, pois as manutenções corretivas serão mais esporádicas e elas são muito mais demoradas e caras do que as preventivas. “Escolher o pneu certo e fazer a manutenção frequente é a chave para que a frota não jogue dinheiro fora”, destaca o especialista. Para ele, é importante contabilizar os gastos com aquisição, reparações e reformas, além de medir a quilometragem atingida em cada vida do pneu para calcular seu CpK (custo por quilômetro). Além disso, ele orienta inspecionar os pneus quando o veículo retornar ao pátio para detectar problemas que podem ser sanados. No caso de operações de longos períodos, o CpK deve ser fator de decisão de compra, gerando uma enorme economia para o negócio. “É também muito importante buscar parceiros comprometidos com qualidade. Os cuidados preventivos com os veículos são fundamentais para otimizar a vida útil dos pneus, como calibragem, alinhamento, balanceamento, entre outros”, salienta. Ao levar a sério todos os cuidados preventivos, diversos itens mantêm-se preservados e o veículo consegue operar bem, o que aumenta a sua durabilidade, minimiza o desgaste irregular, evita o desgaste prematuro e ainda proporciona um menor gasto com combustível.
MAIS RESISTENTE E SOFISTICADO, PNEU DE CARRO ELÉTRICO TEM NOVO PROJETO Os carros elétricos trazem uma série de demandas diferentes dos veículos tradicionais a combustão, o que desencadeia alterações nos projetos dos pneus. “Apesar da estrutura básica dos pneus ser a mesma em termos de componentes - como talões, camada estanque, banda de rodagem, ombros etc. - os materiais utilizados, o design, as capacidades de carga tiveram que receber adaptações”, comenta Astol. Em certos casos, recursos adicionais foram implementados aos pneus para ajudar a atingir as performances desejadas. Como os carros elétricos são mais pesados e possuem maior torque instantâneo, foi preciso desenvolver compostos mais resistentes e desenhos de banda de rodagem mais sosticados. Segundo o gerente da Continental Pneus, o carro elétrico também exige reforços estruturais, para que a carga adicional seja absorvida pelos pneus e sua vida útil e capacidade de frenagem não sejam afetadas de forma signicativa.
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CHECK-LIST
“Um exemplo são os recentes pneus “High-Load” ou HL. Inados com a mesma pressão, têm maior capacidade de carga do que os fabricados com o antigo padrão XL. Na parede lateral, os produtos com a nova capacidade de carga exibem o código HL antes do tamanho, como em “HL 245/40 R 19 101 Y XL”, detalha. A capacidade de carga do pneu HL é de 825 kg (índice de carga 101), o que equivale a um aumento de 10% em relação ao padrão familiar XL, cuja capacidade é de 750 kg (índice de carga 98). “Pneus de passageiros desse tamanho construídos no padrão SL, adequados para muitos carros, podem suportar uma carga máxima de 670 kg (índice de carga 94). Isso torna a capacidade de carga dos novos pneus HL quase 25% maior”, calcula o especialista. Os carros elétricos também são mais silenciosos e os pneus atuais contribuem diretamente com as emissões sonoras devido à “ressonância de cavidade”, em que o ruído é causado pelo ar que preenche o espaço entre a parede do pneu e a própria roda. Pensando nisso, as fabricantes já estão criando tecnologias especícas e lançaram modelos totalmente otimizados. De acordo com Astol, alguns recursos também tiveram que ser empregados para ajudar na redução de emissões sonoras. “Graças ao seu impacto praticamente nulo em resistência ao rolamento e nulo em dirigibilidade, frenagem, durabilidade etc, essa tecnologia vem se mostrando como uma das mais promissoras”, naliza.
O pneu da sua frota está rodando em bom desempenho e segurança? Conra o check-list:
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CALIBRAGEM: Além de comprometer a segurança, rodar com pneus com a calibragem incorreta reduz a sua vida útil, além de gerar impacto negativo no consumo de combustível. Verique a pressão do ar, mas sempre com o pneu frio;
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VÁLVULA: Válvulas com problemas podem causar o esvaziamento gradativo do pneu, provocando danos. Examine-a e troque-a se ela estiver desgastada ou trincada;
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BALANCEAMENTO, alinhamento e rodízio: rodas desalinhadas danicam os pneus, diminuem a sua vida útil e provocam desconforto ao dirigir, além de poder comprometer outros componentes do carro; EXCESSO DE PESO: não sobrecarregue seu veículo, conferindo antes da viagem a capacidade máxima da carga que ele pode transportar e a pressão dos pneus recomendada para carga máxima; BOLHAS: um pneu que apresente bolhas causadas por impactos contra buracos nas vias ou contra o meio-o, corre o risco de se romper a qualquer momento, causando uma perda súbita de pressão do pneu. Nessas condições, o pneu c a i n u t i l i za d o e d e ve s e r s u b s t i t u í d o imediatamente; ESTEPE: lembre-se de checar o estado de seu estepe. Ele deve estar sempre corretamente calibrado e ter sulcos com uma altura mínima de 1.6 mm para que possa ser utilizado em uma eventual emergência.
Fonte: Rafael Astol, gerente da Continental Pneus e especialista na área
RAFAEL ASTOLFI Gerente de assistência técnica da Continental Pneus
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8a CONFERÊNCIA GLOBAL PARAR
APÓS 2 ANOS ONLINE,
Conferência Global PARAR volta a ser presencial Evento será nos dias 8 e 9 de novembro em São Paulo, voltando com tudo e como sempre foi: com muita informação relevante e atual, networking, transformação de ideias e de carreiras
Fotos: © Freepik
PAULA BONINI
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
Giovanna Souza Coordenadora do Instituto Parar, afirma que esse ano a CGP será especial e as expectativas são as maiores e melhores
RANSFORMAÇÃO PRESENTE! É com este tema que a 8ª Conferência Global PARAR volta com tudo, em formato presencial, neste ano. Em razão da pandemia, nos últimos dois anos o evento aconteceu de forma 100% online, mas com o avanço da vacinação e o controle do vírus que parou o mundo, felizmente ela está de volta presencialmente, ou melhor, em formato híbrido. “Não é a primeira vez que esse formato acontece, pois há anos nós transmitimos o evento também de maneira online para levar informação a todos de maneira democrática e acessível. Mas, sem dúvidas, esse ano será especial e as expectativas são as maiores e melhores”, conta a coordenadora do Instituto Parar, Giovanna Souza. Ela adianta que a Conferência vai continuar como sempre foi, trazendo informação relevante, atual e que faz diferença no dia a dia dos prossionais, garantindo contatos com pessoas de diversas áreas e formações, bem como transformação de ideias, pensamentos, carreiras e vidas. “Além, é claro, de muita emoção”, observa.
A Conferência Global Parar teve início em São Paulo em 2013 e foi até a sua quinta edição, em 2017, na Amcham Brasil. Em 2018, o evento se transformou na Welcome T omorrow e foi realizada pelo time do Instituto PARAR, assim como em 2019. “Em 2020, optamos por resgatar o maior propósito do Instituto PARAR: a capacitação e qualicação do gestor de frotas e do mercado frotista no Brasil”, recorda Giovanna. A 6ª e 7ª edições foram de maneira digital, mas os 3 pilares de todos os eventos foram mantidos: conteúdo de qualidade, networking e espaço para negócios. “Tudo através de plataformas interativas, ações digitais, grandes palestras, mesas de debates e discussões relevantes sobre o universo da mobilidade corporativa e da segurança”, conta, destacando que nesses anos de pandemia foi possível ajudar duas instituições com doações de 100% do valor cobrado nos ingressos. Durante todas essas edições, segundo a coordenadora do Instituto Parar, a Conferência impactou mais de 15 mil prossionais e somou mais de mil horas de conteúdo. “E mudou
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INSIDE
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signicativamente a história daqueles que cruzaram conosco”, acrescenta. Quando a pandemia veio à tona, o evento precisou se reinventar. “O formato online nos aproximou de muitas pessoas de todo o Brasil durante um momento delicado para o mundo. Mas conseguimos manter as trocas de conhecimento e experiências entre nosso público durante dois anos de isolamento”. Apesar das diculdades do momento, o Instituto Parar, por meio do evento, conseguiu alcançar novos prossionais e empresas e avançar nesse período desaador. Mas como não há nada que substitua o calor humano, Giovanna admite estar “com muita saudade de conversar olho no olho, de realmente sentir as pessoas cheias de energia após dois dias intensos de aprendizado”. E não é só a coordenadora do Instituto Parar, que está sentindo falta de tudo isso. “As edições online foram muito boas, mas estamos sentindo falta daquele contato que somente o presencial proporciona. O aprendizado e a experiência como um todo é diferente”, fala André Ricardo, CEO da Solution4eet. Participando da Conferência há pelo menos 6 anos, ele destaca o grande potencial do evento no quesito networking. “Sempre tivemos um resultado muito bom, de visibilidade, de contatos, de conhecer realmente o mercado”, comenta. Ele conta que sempre acreditou na ideia da Conferência, tanto que em 2019 foi o evento escolhido para lançar ocialmente a Solution4eet, empresa que traz um ecossistema de soluções para as locadoras. “Temos muita conança no Instituto Parar e a Conferência nos deixa mais próximos do mercado, além de proporcionar muito conhecimento”, considera Ricardo.
ANDRÉ RICARDO CEO da Solution4fleet, uma das empresas patrocinadoras da Conferência Parar 2021, junto com o Banco Santander
“TEMOS MUITA CONFIANÇA NO INSTITUTO PARAR E A CONFERÊNCIA NOS DEIXA MAIS PRÓXIMOS DO MERCADO, ALÉM DE PROPORCIONAR MUITO CONHECIMENTO” No ano passado, a Solution4eet foi uma das empresas patrocinadoras da Conferência Parar, levando o Banco Santander com ela. Isso porque em 2021, o Santander assumiu a participação de 80% da Solution4Fleet, ingressando no mercado de locação, assinatura de veículos e gestão de frotas.
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'É O EVENTO MAIS RELEVANTE DA ÁREA DE FROTA NO BRASIL' A analista de mobilidade da Firjan, Talitha da Silva Santiago, conta que ao participar da Conferência Global Parar, pôde vivenciar novas experiências, adquirir bons conhecimentos e ter percepções novas sobre a sua rotina de trabalho. “Consegui ter uma visão mais ampla do setor de frotas e melhores soluções para os problemas enfrentados”, garante, dizendo que está muito feliz e ansiosa por vivenciar com o Instituto Parar a 8ª Conferência Global. Indagada sobre quais são as suas expectativas com o retorno presencial do evento, ela fala que espera vivenciar ainda mais experiências. “Quero encontrar gestores de frota, fornecedores e ver como o mercado passou por esse processo tão complicado, mas também tão importante, uma vez que tivemos que nos reinventar. É o evento mais relevante da área de frota no Brasil”, destaca.
A assistente de frota da Firjan, Adriana Jucá, participou da última edição do evento e cou muito satisfeita com a oportunidade que teve de estreitar o relacionamento com prossionais de frotas. “A Conferência é sempre uma oportunidade de se atualizar com tudo que o mercado está trazendo de novidade no setor automotivo de forma rápida e interativa”, arma.
Utilize o leitor QRcode do seu celular.
A ª Conferência Global PARAR acontecerá nos dias e de novembro, em São Paulo. Mais informações em breve pelo www.institutoparar.com.br
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ÚLTIMAS EDIÇÕES PRESENCIAIS
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GESTOR DO ANO
EMOÇÃO INDESCRITÍVEL Conheça as ações que fizeram de Ezequiel Scopel o gestor de frotas mais aclamado do Brasil GUILHERME POPOLIN
Fotos: © Freepik / Divulgação
ZEQUIEL SCOPEL FOI RECONHECIDO COMO GESTOR DE FROTAS DO ANO NO FLEXY AWARDS renomados especialistas nacionais e internacionais, do Instituto PARAR e d a N A FA F l e e t M a n a g e m e n t Association dos Estados Unidos. Para o gestor, o prêmio representa a colheita de um fruto que foi semeado e cultivado ao longo de mais de quatro anos, com a implantação do programa “Vida Segura na Condução de Veículos na Cocamar Cooperativa Agroindustrial”. Scopel, que é gerente executivo de logística integrada da Cocamar, conversou com o PARAR sobre a premiação e os desaos da gestão de frotas no Brasil.
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“ESPERO QUE MEU LEGADO DE GESTOR DE FROTAS SEJA INFINITO E ETERNO” Afirma Ezequiel Scopel, reconhecido como Gestor de Frotas do Ano no Flexy Awards 2021
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GESTOR DO ANO
Instituto PARAR - Como é ser reconhecido como Gestor de Frotas do Ano no Flexy Awards 2021? Ezequiel Scopel [E.S.] - A premiação foi a consagração do trabalho de longos anos desse sonhador, visionário, renascido, que “planta” de sol a sol, valorizando cada gota de suor e cada batida do coração, para “colher” a transformação de um mundo melhor: mais humano, mais seguro, mais sustentável e mais harmonioso. Espero que meu legado de gestor de frotas seja innito e eterno. Ser premiado foi uma emoção indescritível! E ser surpreendido pela equipe na entrega do troféu, aqui na administração central, foi de arrepiar e emocionar. É uma emoção indescritível. Não dá para traduzir em palavras toda emoção dessa conquista. IP - Atualmente, a frota da Cocamar conta com 380 veículos leves e 91 pesados, sendo 1800 condutores de veículos leves e 100 motoristas de pesados, que que os compartilham diariamente, respectivamente. Quais pontos do seu trabalho zeram a diferença para você car em primeiro lugar? ES - Cinco pontos me levaram ao primeiro lugar. O primeiro é que considero a gestão de frotas como gestão de vidas. A segurança é um valor que não abrimos mão. Por isso, sempre destaco que a vida não tem preço, a vida tem valor. Não tem dinheiro no mundo que apague sequelas ou pague uma vida ceifada. Nunca imaginei ser prova real disso. Sobreviver e presenciar dois lhos queridos falecerem no acidente ocorrido com minha família, no início de 2021, será uma lembrança eterna. O segundo ponto é: ser gestor de frota para mim é ir além da tecnologia, da inovação, dos KPI. É ir à essência, às pessoas. Criar mecanismos diários e contínuos, para prevenir e mudar a cultura organizacional, de tal maneira que nossos condutores se movam de forma saudável e
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sustentável. No nal de tudo, por trás dos números, o intuito é proteger vidas, o meio ambiente e a sociedade. O terceiro é que meu trabalho como gestor de frotas é composto por muitas horas de dedicação e engajamento, de pensamento estratégico, de visão holística, de busca pela excelência, de pesquisas sobre o que há de mais relevante na gestão de frotas, a m de alcançar melhores índices de segurança, resultados econômicos e nanceiros, sustentabilidade e mobilidade – como realizar tarefas sem se locomover ou ser mais eciente nas locomoções necessárias. O quarto é porque os últimos anos foram coroados com novas evoluções e conquistas, fruto do trabalho de mais de quatro anos à frente da gestão de frota. E pela audácia de realizar, com apoio de um time de alto nível, o programa Vida Segura. Ninguém faz nada sozinho, tenho um time junto comigo. E o quinto é que experiências positivas precisam ser compartilhadas. Creio que pela conscientização dentro da empresa e a partir da visualização dos resultados internos, as pessoas começaram a acreditar que podemos ter um trânsito mais seguro, sustentável e uido. Por meio de uma cultura organizacional transformada, podemos salvar vidas e economizar milhares de reais.
IP - Quando pensamos na segurança da frota, qual o maior desao? ES - O grande desao é criar uma cultura e conscientização dos colaboradores para aplicarem o mesmo comportamento adotado na frota monitorada, da cooperativa, quando eles estiverem utilizando veículo próprio, contribuindo para uma sociedade mais segura. A cooperativa possui algumas regras de ouro. Entre elas estão: Eu uso cinto de segurança e obedeço aos limites de velocidade; se dirijo não bebo; e não uso o celular ao volante. Segurança é um valor. Na gestão de frotas, penso que precisamos ajudar nossos condutores a entender a importância de transitar de forma segura e voltar para casa em boas condições. É muito além de, simplesmente, gerenciar veículos, é gerenciar pessoas. IP - Nesse sentido, quais práticas diferenciam a Cocamar de outras empresas? ES - A telemetria e o reconhecimento facial em todos os veículos leves, e rastreadores em todos os veículos pesados – estamos estudando o uso de telemetria e avaliação do comportamento do condutor na frota pesada também. De janeiro a dezembro de 2020, na frota de 380 veículos, compartilhados entre 1.800 condutores, reduzimos mais de 15% dos comportamentos
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A frota da Cocamar conta com 380 veículos leves e 91 pesados, sendo 1800 condutores de veículos leves e 100 motoristas de pesados
inseguros a cada mil quilômetros rodados. Em 2019, já havíamos reduzido 64%. Assim, chegamos no índice médio de apenas 4,85 eventos – frenagem, curva, aceleração, velocidade – a cada mil quilômetros rodados. Periodicamente, realizamos a avaliação veicular ambiental dos veículos pesados, para garantir o controle, a redução e a neutralização da emissão de gases.
redução de 60 mil quilômetros rodados. Em função da pandemia, em 2020 e 2021, transformamos o evento Maio Amarelo em online. Assim, ampliamos a abrangência de participação, com colaboradores de todas as unidades operacionais, indústrias, departamentos e empresas coligadas.
Revisamos e publicamos uma versão atualizada da política de gestão de frotas, englobando direitos e deveres, nas diretrizes de utilização de veículos, sejam eles próprios ou locados, com envolvimento de diversos especialistas internos e externos.
IP - Por m, em um momento desaador em relação à gestão de combustível e à busca por fontes alternativas, como você avalia o cenário?
Em agosto de 2020, migramos os treinamentos de direção defensiva do presencial para o online, evitando deslocamentos de colaboradores de regiões distantes até o local de treinamento. Já era um desejo, mas a pandemia acelerou. São aproximadamente 30 treinamentos anuais, para mais de 600 condutores – estimamos uma
ES - A gestão de combustível é sempre um desao. Quando falamos de frota pesada, basicamente, 40% dos custos é com combustível. Quando falamos de frota leve, dos custos por quilômetro rodado, o combustível é um dos maiores. Na frota leve a gente tinha um modelo que cada gestor cuidava dos seus custos, da sua área, dos seus veículos. Quando assumi a Cocamar, trouxe a gestão de combustível por meio do cartão. Fazemos um cruzamento da
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l o c al i za ç ã o n o m o m e n t o d a utilização do cartão para evitarmos fraudes. Temos que criar mecanismos para travar gastos fora do normal. Além disso, realizamos um controle do uso fora do horário c o m e rc i a l . N a f r o t a p e s a d a , implantamos um ponto de abastecimento interno, com condições diferentes de compra, com custo menor de insumos. Fizemos alguns testes com carro elétrico, mas ainda não conseguimos viabilizar. Vejo que em 10 anos,
15 anos, o Brasil vai ter uma frota elétrica amplicada, com mais postos de carregamento, para que possamos mudar a visão do combustível. Tenho algumas dúvidas em relação ao elétrico. A bateria dele é uma bateria grande. E depois, como descartá-la? Onde? Tem que dar a destinação correta. Também estamos construindo uma indústria de biodiesel, a partir do óleo de soja. O biodiesel é uma fonte alternativa para reduzir o custo [dos combustíveis] oriundos do petróleo.
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VAI DE BUSER
Vai de
BUSER Criada em 2017, a Buser quer modernizar o transporte rodoviário de passageiros no Brasil; de olho em novos modelos de negócios, a empresa já ultrapassa os seis milhões de clientes
No mesmo ano, junto com o sócio Marcelo Vasconcellos, eles inauguram a Buser, startup que nasceu com objetivo de conectar passageiros a empresas de fretamento. De lá para cá, já são quase sete milhões de clientes cadastrados, sendo que somente nos primeiros dois meses de 2022, a empresa já transportou 1,2 milhão de pessoas.
Fotos: © Freepik / Divulgação
BEATRIZ POZZOBON
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UDO COMEÇOU POR CONTA DE UM CASAMENTO. Em 2017, Marcelo Abritta descobriu que fretar um ônibus para levar sua família até o evento seria muito mais barato do que comprar passagens para todos no guichê da rodoviária.
A Buser conta hoje com mais de 350 parceiros – entre fretadores e viações maiores – e uma frota parceira fixa de cerca de mil ônibus
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A Buser não tem frota de ônibus própria. A empresa atua na intermediação de viagens. “O serviço fretado de transporte de passageiros existe há décadas no Brasil. O que zemos foi digitalizar o sistema. Trabalhamos em parceria com empresas regulares e licenciadas pelos órgãos de scalização. Na maioria das vezes, são pequenas e médias empresas que atuam no setor há muitos anos”, explica Marcelo Vasconcellos, cofundador da Buser. Segundo Vasconcellos, a Buser conta hoje com mais de 350 parceiros – entre fretadores e viações maiores – e uma frota parceira xa de cerca de mil ônibus. Com aumento da demanda, na alta temporada, a empresa chega a ter 1500 ônibus nas estradas. Mesmo fora da temporada, Vasconcellos acredita que o transporte rodoviário tem atraído mais consumidores, tanto pelos altos preços das passagens aéreas, quanto pelo aumento da inação e do preço dos combustíveis. “A Buser representa a nova economia. Nossa startup surgiu para modernizar o sistema de transporte rodoviário de passageiros, oferecendo uma alternativa mais confortável, segura e barata aos viajantes, sem a cobrança de taxas e serviços adicionais no valor do rateio do fretamento”, destaca o cofundador.
NOVOS NEGÓCIOS Nos primeiros três anos, a empresa focou sua atuação no fretamento colaborativo, tornando-se a maior plataforma de intermediação de viagens no Brasil. Para diversicar o negócio, a Buser passou a incluir também serviço de marketplace de passagens de ônibus e transporte de encomen-
Lançado em junho de 2021, o Buser Encomendas atua com o transporte de encomendas no bagageiro dos ônibus
das. Hoje, a empresa é considerada uma plataforma de mobilidade coletiva multisserviços. Lançado em junho de 2021, o Buser Encomendas atua com o transporte de encomendas no bagageiro dos ônibus. O serviço pode ser utilizado por empresas (B2B), integradoras logísticas, e-commerce e indústrias, e pelo usuário nal, com foco no modelo balcão x balcão, também conhecido como transferência de carga. “Assim como fazemos nas viagens via fretamento, nosso preço é até 50% menor do que a concorrência. A receita para praticar preços mais baixos é simples: utilizamos o espaço ocioso dos bagageiros da nossa frota parceira que roda pelo país”, explana Vasconcellos. “Além do custo mais baixo, a rapidez é outro diferencial, já que podemos chegar com a nossa rede de ônibus parceiros a mais de 350 cidades, conectando milhares de rotas. Embora a gente prometa entregar em até 24 horas, estamos conseguindo fazer em até oito horas”, acrescenta o confudador.
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MARCELO VASCONCELLOS e MARCELO ABRITTA Sócios-fundadores da Buser
RUMO À DEMOCRATIZAÇÃO DAS VIAGENS
Ainda sobre diversicação, a Buser passou a atuar também com empresas de ônibus que operam em rodoviárias, no modelo de marketplace. “Essa é uma frente estratégica para a empresa, pois é uma forma de oferecer ao viajante um só lugar para ele comparar todas as opções de viagens.” Com o fretamento colaborativo e o marketplace, a Buser já está presente em todos os estados brasileiros. Esta marca foi alcançada após a expansão para as regiões norte e nordeste, no ano passado. Hoje, a empresa conecta cerca de 650 cidades do país, em maís de 5,5 mil trechos.
De acordo com o cofundador Marcelo Vasconcellos, o propósito da Buser é revolucionar a forma de viajar de ônibus no Brasil. “Acreditamos que as pessoas devem ser livres para realizar suas viagens quando e como elas quiserem e, por isso, nosso modelo de negócio proporciona não só qualidade e segurança, mas preços justos”, reforça. Com o turismo aquecido no Brasil e o preço alto das passagens aéreas, Vasconcellos aposta no crescimento da empresa em 2022, de olho em novas frentes de negócios, como aluguel de ônibus. A Buser se prepara também para investir nos pontos de embarque e desembarque, o que é essencial para a qualidade da operação. “A ideia agora, principalmente nas grandes cidades, é lançar terminais turísticos e até centros de compras, anexos aos terminais para ônibus de turismo. Esse projeto ainda está sendo desenhado e procurando parceiros, mas chegaremos lá”, garante. Vasconcellos faz questão de ressaltar que a Buser deve seguir expandido, mas sem perder de vista a missão de democratizar o transporte rodoviário de passageiros no Brasil. “Essa democratização está sendo alcançada. Estamos muito felizes em levar inovação, segurança, conforto e preço baixo aos viajantes do Brasil”, naliza.
A MELHOR FROTA DO BRASIL
A MELHOR FROTA DO BRASIL Empresa do setor elétrico comemora o primeiro lugar no Ranking 100 Best Fleets - etapa Brasil, prêmio entregue durante a 7ª Conferência Global do Instituto Parar BEATRIZ POZZOBON
O
QUE GARANTE A UMA EMPRESA O TÍTULO DE MELHOR FROTA DO BRASIL? Entre outros fatores, uma frota nova e moderna, um time qualicado e engajado, e uma gestão com foco em segurança e inovação. Foi assim que o Grupo Energisa, um dos maiores conglomerados privados do setor elétrico do país, conquistou o primeiro lugar no Ranking 100 Best Fleets etapa Brasil, prêmio entregue durante a 7ª Conferência Global do Instituto Parar, realizada no m do ano passado.
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“Há quatro anos estávamos 'batendo na trave'. Por isso, a notícia do primeiro lugar trouxe um clima de satisfação muito grande para toda a equipe”, revela Paulo Anderson Barros, gerente corporativo de frotas e viagens da Energisa. “Nós zemos uma camiseta comemorativa, circulamos o troféu em várias unidades de negócios do grupo. Enm, comemoramos bastante”, acrescenta o gerente.
Paulo Anderson Barros Gerente corporativo de frotas e viagens da Energisa
“NÓS FIZEMOS UMA CAMISETA COMEMORATIVA, CIRCULAMOS O TROFÉU EM VÁRIAS UNIDADES DE NEGÓCIOS DO GRUPO. ENFIM, COMEMORAMOS BASTANTE” A Energisa possui a maior frota do setor elétrico do Brasil. São mais de 5.200 veículos, entre caminhões, caminhonetes, motocicletas e automóveis, que rodam mais de 100 milhões de quilômetros por ano, por 15 estados do país. O grupo está presente em 862 municípios e atende 7,7 milhões de unidades consumidoras, o que corresponde a 20 milhões de pessoas, ou 10% da população brasileira.
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A MELHOR FROTA DO BRASIL
EQUIPE QUALIFICADA E ENGAJADA A equipe de frotas da Energisa é formada por 133 Time de frotas celebra primeiro lugar no ranking 100 Best Fleets com camiseta comemorativa colaboradores, sendo 12 coordenadores, distribuídos pelas cinco regiões do Brasil. “Nosso time conta com prossionais qualicados e com excelente nível técnico”, “O condutor recebe o feedback no momento destaca Barros. da ação e passa a agir imediatamente na Segundo o gerente corporativo, a empresa estimula o compartilhamento de ideias e a participação da equipe, através de reuniões, bate-papos, chamadas de vídeos e grupos em redes sociais. Além disso, os responsáveis pelas melhores ideias são premiados em concursos realizados anualmente.
TELEMETRIA EM TODA A FROTA Nos últimos anos, várias tecnologias foram implantadas na frota da empresa, com destaque para a telemetria, sistema que está presente em 100% dos veículos. O equipamento informa ao condutor, em tempo real, cada ação cometida fora do padrão. É o caso de freadas bruscas, excessos de velocidade, mudanças repentinas de faixa e curvas com aceleração.
correção da condução, evitando novas ocorrências. Este foi um grande diferencial em relação aos demais equipamentos de telemetria, que reportam somente após a condução”, explica o gerente de frotas. Dessa forma, a empresa conseguiu melhorar os índices de segurança e performance, e economizou cerca de R$ 3,4 milhões no ano passado. Além disso, desde a implantação do projeto, a nota de segurança da empresa melhorou 15%. Os condutores também têm acesso às notas de segurança e economia conquistadas em cada viagem, por meio de um aplicativo de celular. Já a área de gestão consegue, através dos dados gerados pela ferramenta, traçar planos de ação para regiões e para os motoristas que apresentam resultados abaixo do esperado. “Após a instalação do sistema de telemetria, temos acesso a um número muito grande de dados. Ao
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todo, são 29 relatórios que nos dão informações completas dos veículos. Dessa forma, a tomada de decisões se tornou muito mais assertiva”, pontua Barros. Ainda segundo o gerente de frotas, a telemetria permite a análise diária da ociosidade dos veículos. Assim, com auxílio da tecnologia, em 2021, a Energisa remanejou 22 veículos e vendeu outros 31 – uma economia de mais de R$ 1,5 milhão.
FROTA NOVA, MODERNA E BEM CUIDADA Barros faz questão de ressaltar que o principal valor da empresa é a segurança dos condutores. Por isso, também com auxílio da telemetria, a frota conta com controle e planejamento de manutenções preventivas, com objetivo que os veículos estejam em perfeitas condições antes de serem utilizados. E para que as manutenções sejam realizadas sem impactar a operação, a Energisa é atendida por ocinas móveis que se deslocam até a sede da empresa. Também são realizadas manutenções preventivas à noite, quando a maioria dos veículos não está em operação. “Temos uma área de engenharia bem atuante que participa da elaboração dos planos de manutenção. Além disso, contamos com uma rede de parceiros qualicada e robusta. Isso porque, eu preciso garantir que meu credenciado preste um serviço de qualidade”, ressalta o gerente. “T odo trabalho de manutenção preventiva é muito importante, mas ele sozinho não ganha o jogo”, garante Barros. “É por isso que temos uma
A Energisa possui a maior frota do setor elétrico do Brasil, com 5.200 veículos que rodam mais de 100 milhões de quilômetros por ano
política forte de renovação de frota”, completa. Por meio de indicadores como custo de manutenção, tempo de vida, disponibilidade e quilometragem rodada, é possível saber a hora exata de trocar o veículo. Em 2022, a Energisa conta com um orçamento de R$ 160 milhões para renovação da frota. Fora isso, há orçamento disponível para investimento em tecnologia. O foco também é na mobilidade sustentável, com projetos para carros elétricos e veículos abastecidos com biometano.
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PUBLIEDITORIAL
COMBUSTÍVEL CARO: CONFIRA COMO ECONOMIZAR NESSE MOMENTO
Com negociação de preços direto nos postos e tecnologia de ponta, soluções de gestão como o Alelo Frota da Veloe podem reduzir gastos com abastecimento em até 30% LORAINE NABHAN
MÊS DE ABRIL (2022) FOI MARCADO POR AUMENTOS SIGNIFICATIVOS NO PREÇO MÉDIO DOS COMBUSTÍVEIS - QUE JÁ ESTAVA NAS ALTURAS, MESMO ANTES DA GUERRA NA UCRÂNIA. De acordo com levantamento divulgado em 8 de abril pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro da gasolina aumentou 0,37% nos postos do país, seguido pelo etanol, com 4 ,5% de aumento devido à alta demanda. A alta nos preços tem impacto em toda cadeia produtiva, mas afeta especialmente o mercado de frotas, que tem o consumo de combustível como uma das principais despesas na operação. “De forma geral, o gasto em combustível é um dos principais e mais alto custo dos gestores de frota. Assim,
conseguir reduzir esse valor é primordial para minimizar os impactos desses aumentos nos negócios”, explica Antonio Carlos Priore, superintendente comercial do Alelo Frota, solução de gestão de frotas da Veloe. Mas como driblar os dígitos altos estampados nas bombas? A boa gestão de frotas somada à tecnologia de ponta são aliadas do gestor de frotas para o controle e a redução de custos. Incorporada no portfólio da Veloe em março de 2021, a solução Alelo Frota é especialista no assunto e “aproveita sua experiência em meios de pagamento para tornar a mobilidade mais uida e simples e a gestão mais eciente para frotas leves e pesadas”, completa Priore.
Entre os serviços oferecidos, como a tag de pagamento de pedágio e estacionamento, destaca-se a solução de gestão de frota, que além de dashboards em tempo real sobre as principais informações, conta com cartão abastecimento e outros serviços adicionais como gestão de manutenção preventiva, negociação no preço do combustível e recuperação de ICMS de notas scais. “São mais de 29 mil estabelecimentos credenciados, entre postos de abastecimentos, ocinas, assistências, dentre outros. Além disso, são mais de 4 .600 empresas e 80 mil veículos na base de clientes”, arma o superintendente comercial do Alelo Frota.
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ETANOL X GASOLINA O primeiro desao do gestor de frotas é escolher o combustível ideal e, com as variações do preço nas bombas, a dúvida é d i á r i a . Pa ra f r o t a s m a i s p e s a d a s, normalmente o diesel acaba sendo o combustível mais indicado e o que possibilita melhor negociação, mas quando o assunto é frota leve, a dúvida entre etanol e gasolina é bastante comum. “O cálculo básico para se descobrir se o álcool é vantajoso ou não em relação à gasolina é simples, basta dividir o preço do litro do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for inferior a 0,7, o etanol é o melhor para abastecer. Se for maior que 0,7, então a gasolina é melhor”, ensina Priore. “Costumamos indicar para nossos clientes alguns pontos, por exemplo, uma análise sobre o local que aquela frota percorre: cidade ou estrada. Geralmente, se a frota rodar mais nas estradas, a gasolina é mais indicada porque possibilita que o veículo tenha mais autonomia, fazendo com que o consumo chegue a ser 30% inferior ao do etanol”. De acordo com a Veloe, a redução de gastos de uma empresa frotista com combustível pode car entre 25% a 30%. “Temos um time comercial que é responsável por fazer toda essa negociação com os postos de combustível credenciados a nossa rede para que consigamos ofertar o melhor custo benefício aos nossos clientes. Essa redução no preço se dá principalmente por dois fatores principais: maior volume de combustível envolvido na negociação e maior quantidade de clientes (empresas e veículos). Negociando como Veloe, nós conseguimos, principalmente no diesel, uma redução entre 5 e 10% no valor do litro”, comenta o superintendente.
ANTONIO CARLOS PRIORE, superintendente comercial do Alelo Frota
GESTÃO EFICIENTE Para uma boa gestão, além de negociar o preço do combustível aproveitando o volume de veículos da sua frota, o gerente tem sempre que buscar pelo controle e diminuição dos gastos e denir metas que sejam alcançáveis, avaliar as opções de abastecimento. Segundo Priore, “são inúmeras as possibilidades de parâmetros oferecidos pelo Alelo Frota, mas entre os mais usados pelos nossos clientes estão: média de quilômetros por litro, quantidade máxima de combustível em cada veículo aceita no tanque, restrição e escolha de postos que podem ser utilizados. Quanto mais parâmetros, mais controle sobre a frota o gestor vai ter”. Até mesmo empresas que ainda estão se adaptando às tecnologias incorporadas na gestão de frotas podem se beneciar das soluções oferecidas pelo Alelo Frota. “Contamos com uma equipe de 'farmers' que prestam consultoria para nossos clientes, incentivando-os e explicando como usufruir da plataforma da melhor forma possível, intensicando ao máximo os benefícios que ela pode trazer”, conclui.
SOBRE A VELOE A Veloe é uma marca especializada em soluções de mobilidade urbana e gestão de frotas. Aproveita sua experiência em meios de pagamento para tornar a mobilidade mais uida e simples e a gestão mais eciente para frotas leves e pesadas. É aceita em todas as rodovias pedagiadas e mais de 800 estacionamentos - entre aeroportos, shoppings, prédios comerciais, hospitais, universidades, estádios e clubes. Criada por Banco do Brasil e Bradesco, é uma unidade de negócios da Alelo com foco na excelência no atendimento, experiência do cliente e uma jornada 100% digital. Quando falamos da solução de gestão de frotas, o Alelo Frota, - que foi incorporada para o portfólio da Veloe em março de 2021 – são mais de 29 mil estabelecimentos credenciados, entre postos de abastecimentos, ocinas, assistências, dentre outros. Além disso, são mais de 4.600 empresas e 80 mil veículos na base de clientes. Dessa forma, os principais serviços são: tag de pagamento de pedágio e estacionamento, que ainda possibilita outras razões de uso via app, como abastecimento, consulta e pagamento de multas e impostos como IPVA e a solução de gestão de frota, que além de dashboards em tempo real sobre as principais informações sobre a sua frota, conta com cartão abastecimento e outros serviços adicionais como gestão de manutenção preventiva, negociação no preço do combustível e recuperação de ICMS de notas scais.
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COISA DE MENINO NADA
Coisa de menino? Que nada! Ela abandonou uma carreira bem-sucedida na área da tecnologia para se tornar mecânica de automóveis; conheça a história de Thais Roland, autora do blog Coisa de meninos nada
Fotos: © Freepik / Divulgação
BEATRIZ POZZOBON
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
VIRADA DE CHAVE COMEÇOU EM , EM UMA VISITA DESPRETENSIOSA AO SALÃO DO AUTOMÓVEL DE SÃO PAULO, A MAIOR EXPOSIÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA DO BRASIL. Thais Roland, então especialista em rede de computadores, foi simplesmente ignorada em todos os estandes que parou para perguntar sobre carros. No mesmo dia, ela criou o blog “Coisa de meninos nada”, em que publica dicas de manutenção e cuidados com os veículos.
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COISA DE MENINO NADA
Em 2012, Thais decidiu trocar, denitivamente, o escritório pelas ocinas. Desde então, ela atua como mecânica de automóveis, ministra workshops e palestras sobre o universo automotivo, e publica conteúdos, toda semana, em seu blog e canal no YouTube, com o mesmo nome. Além de uma carreira bem-sucedida, aos 41 anos, Thais é casada, mãe do Gael e do Arthur, e também de um “lhinho de quatro patas”, o Ted Lucius. Por e-mail, nós conversamos com ela para saber mais sobre a sua vida, carreira e os desaos encontrados em uma área ainda dominada por homens. Conra.
Automóvel, e passei um dia incrível, mas em todo estande que parava para perguntar sobre os carros, era ignorada. Fiquei muito irritada com isso, e decidi criar o blog. Fiz isso logo que cheguei em casa e comecei a postar coisas bem despretensiosas, que lia sobre o assunto ou que conversava com amigos. Em 2017, decidi transformar o blog em empresa, focada na criação de conteúdo, para ajudar quem quer entender e cuidar melhor dos carros. Foi quando comecei levar a sério essa história de fazer os vídeos com as dicas de manutenção e, agora, eles saem toda sexta-feira no canal do Youtube. PR - Qual o seu público-alvo?
PARAR Review - Thais, como surgiu a ideia de criar o blog e o canal no Youtube? Que tipo de conteúdo você publica? Thais Roland [T.R.] - O blog veio primeiro, quando eu ainda nem sonhava em me tornar mecânica. Em 2008, fui ao meu primeiro Salão do
TR - Meu público-alvo é qualquer pessoa que queira cuidar melhor do carro e não sabe por onde começar. Meu objetivo, com o meu trabalho, é fazer o carro se tornar uma solução para as pessoas e não uma coisa que só traz problemas e gastos.
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
PR - Thais, qual a motivação para o nome “Coisa de meninos nada”? TR - Por causa do que aconteceu no Salão do Automóvel. Ser ignorada pelos representantes foi mesmo muito chato, estragou um pedacinho de um dia que poderia ter sido perfeito para mim. Batizei o blog em um momento de revolta, ainda dentro do ônibus. Mas hoje não tem mais esse rancor, tanto que costumo chamá-lo só de CMN ou então, carinhosamente, de 'coisa'. PR - Por que você criou o personagem Marreta? Quem é o Marreta? Que mensagem quer passar com ele? TR - O Marreta veio por causa dos machistas da internet . Gente que se esconde com pers falsos e faz comentários vazios nos meus conteúdos. Ele serve para 'tirar uma onda', para mostrar que eu acho graça e para divertir os seguidores do CMN, tanto que já tem gente que diz que o Marretinha virou até 'crush' (risos). PR - Com o que você trabalha hoje em dia? Como é sua rotina? TR - Hoje me dedico aos vídeos com as dicas para cuidar bem do carro e sanar dúvidas da 'galera da internet' e aos workshops e palestras. Mas ainda faço bastante consultoria para ajudar quem me procura com problemas nos carros. Para isso, tenho uma lista de ocinas parceiras que indico, mas também acompanho o trabalho e, quando a pessoa está longe, me desdobro pra ajudar, por telefone.
PR - Como você ingressou na área da mecânica? O que era para ser hobby virou prossão? TR - Nossa! Era muito para ser um hobby, mas ainda bem que virou prossão! Eu trabalhei quase 15 anos com redes de computadores. Me formei em Ciências da Computação e tive uma carreira bem-sucedida na área de tecnologia. Mas, em 2009, estava muito cansada do meu trabalho e meu casamento também estava péssimo. Minha vida toda estava terrível! Eu estava com depressão e nem sabia. Foi quando quei sabendo do curso de mecânica do Senai, que era gratuito. Fui ver, e achei uma boa, para ter um hobby e me deses-
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A questão é que esse ano eu completo 42 anos. Estou na fase de não me importar muito com o que pensam ou dizem sobre mim, sabe? PR - Como é para uma mulher trabalhar na área da manutenção automotiva? Quais as suas batalhas diárias?
tressar. Entrei no curso em 2011. Foi maravilhoso! Me apaixonei logo de cara! Em 2012, me divorciei e fui demitida. Aproveitei a demissão pra fazer o estágio do Senai. Foi, então, que decidi que não queria mais voltar para o escritório, queria car na ocina, é onde me sinto feliz. PR - Thais, você saiu da área da tecnologia para a área automotiva. Duas áreas ainda majoritariamente masculinas. Quais os desaos encontrados? Como se manter forte e atuante diante de possíveis preconceitos, em uma sociedade que ainda dene a qualidade de um prossional pelo gênero? TR - A área de tecnologia me trouxe mais situações desconfortáveis do que a área automotiva. Sofri assédio em uma das empresas em que trabalhei e, diversas vezes, precisei comprovar minha capacidade, com meus títulos, para os trabalhos que estava executando. Na área automotiva, me lembro de alguns clientes que caram 'ariscos' ao saberem que era eu quem mexeria no carro deles - um ou outro pediu para trocar o mecânico. Mas o machismo pesado vem mesmo da internet.
TR - Trabalhar com peso é um problema. Mas é um problema pra mim, não necessariamente para todas as mulheres. Pode ser um problema para um homem também, se ele não for muito forte. Eu costumo dizer que os problemas não são de homens ou de mulheres, mas das características de cada pessoa. Eu não consigo fazer muita força, mas sou esperta e sempre acho uma solução pra essa limitação, com as ferramentas disponíveis na ocina. PR - Existe alguma parceria/grupo/associação de mulheres que trabalham com manutenção automotiva para unir forças frente aos desaos? TR - Eu participo de vários grupos de Whatsapp da 'mulherada' que atua na mecânica. Acho isso muito legal, porque a galera é bem unida mesmo! Trocam muitas informações técnicas e já vi até uma emprestando ferramenta para outra, quando as ocinas são próximas. Coisa que sempre via acontecendo entre os homens. O mais legal é que essa troca de experiências, de informações e de recursos também está rolando entre mulheres e homens, e eu acho isso lindo! Homens apoiando mulheres nesse ramo mostra que eles estão seguros do que fazem e não têm medo de mulher na área, dão apoio e tratam como iguais. É um incentivo importante!
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
“EU PARTICIPO DE VÁRIOS GRUPOS DE WHATSAPP DA 'MULHERADA' QUE ATUA NA MECÂNICA. TROCAM MUITAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS E JÁ VI ATÉ UMA EMPRESTANDO FERRAMENTA PARA OUTRA, QUANDO AS OFICINAS SÃO PRÓXIMAS. COISA QUE SEMPRE VIA ACONTECENDO ENTRE OS HOMENS”
PR - Thais, você é mãe de dois meninos. Que mensagem busca passar para eles? (Aqui falando especicamente de igualdade de gêneros). TR - Aqui em casa eu não me preocupo em falar nada para os meus lhos. Até porque sei que eles aprendem muito mais por observação. E eu co tranquila, porque sei que o que eles veem é muito saudável. Eles estão junto conosco quando estamos comendo, assistindo televisão, mexendo nos carros, cuidando do cachorro, do jardim. Quando consigo, levo eles para o trabalho. Eles me observam sendo gentil e carinhosa, com meu marido, com meu cachorro, com eles, com a caixa do supermercado, com a 'mulherada' das palestras, com todo mundo. É só isso que eu quero transmitir pra eles, que eles sejam seres humanos, não escrotos. PR - Na sua opinião, o que falta para alcançarmos um mundo com menos desigualdade de gênero, preconceitos e discriminações? TR - Para mim, precisamos 'largar mão' dessa mania de comparação, de querer colocar todo mundo em um padrão. Ninguém é igual a ninguém, essa é a graça da 'coisa toda'! A hora que as pessoas pararem de prestar atenção na 'casca' e começarem a prestar atenção nos 'cérebros', nós vamos chegar em algum lugar. Valorizar a cultura, o pensamento, a inteligência, isso faz a diferença.
PR - Para nalizar, qual mensagem você deixa para mulheres que estão ingressando no setor de automóveis? TR - Mulheres, 'peguem rme' nos estudos, se especializem e arrasem no trabalho. A área automotiva tem um leque enorme de oportunidades, e vocês irão encontrar os seus lugares. Mas se a insegurança bater, podem me chamar, que eu ajudo a mandá-la embora, para vocês seguirem o caminho com o passo rme e forte! Vamos juntas!
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RESSACA E DIREÇÃO VEICULAR
A RESSACA e sua repercussão na direção veicular
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Não é só durante ou logo após o uso da bebida alcoólica que não se deve dirigir. Ocorrerão sinais e sintomas tardios quando houver excessos que comprometerão a dirigibilidade
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
O CARNAVAL E EM OUTRAS FESTAS, ENCONTRAMOS ALEGRIA, DESCONTRAÇÃO E, TAMBÉM, LIBERAÇÃO, EXCESSOS E MUITAS VEZES VIOLÊNCIA. A bebida alcoólica e as drogas, para alguns, fazem parte da globalização da festa. Exageros levam a distúrbios comportamentais antissociais, dando início aos entreveros, discussões, agressões verbais que, infelizmente, podem evoluir para agressões físicas. Precisamos de autocontrole: saber brincar e se divertir é necessário, mas desde que não haja excessos. Beber e dirigir em dias de festa é um perigo. Quando exageramos, o comprometimento orgânico é muito grande, parece que muda o perl de cada um. Os tímidos viram do avesso; os desinibidos explodem na alegria; todos mudam radicalmente seu comportamento. Alguns tornam-se sonolentos, alguns engraçados, outros violentos. E o dia seguinte, seis a oito horas após, o álcool já sumiu da corrente sanguínea, mas deixou o organismo desidratado e com muitas alterações que serão corrigidas no decorrer do dia. A maior alteração que traz grandes sinais e sintomas é a do cérebro dando aquilo que chamamos Veisalgia, conhecida como Ressaca. Ou seja, não é só durante ou logo após o uso da bebida alcoólica que não se deve dirigir. Ocorrerão sinais e sintomas tardios quando houver excessos que comprometerão a dirigibilidade.
Quero enfatizar que após grande ingestão alcoólica, 6 a 8 horas após, o teor de álcool no sangue estará igual à zero, mas não devemos estar na direção veicular. O excesso ingerido produzirá alterações orgânicas até 24 a 26 horas após, fato que comprometerá as funções essenciais para a dirigibilidade. Alterações essas conhecidas popularmente como ressaca. O etilômetro (bafômetro) jamais identicará essa condição avessa à direção veicular. O álcool é depressor do sistema nervoso central, altera neurotransmissores, inibindo-os. Atua produzindo sedação, em consequência reduz mobilidade, memória, julgamento e respiração. A ressaca é caracterizada por efeitos físicos e mentais adversos, com uma série de sintomas de desconforto e mal-estar. Nesse período, com percentual de álcool no sangue igual a zero, os sintomas comuns encontrados são: dor de cabeça, náuseas, vômitos, falta de concentração, boca seca, tonteira, desconforto gastrointestinal, fadiga, tremores, falta de apetite, suores, sonolência, ansiedade e irritabilidade. Tudo dependerá da quantidade e do teor alcoólico do que foi ingerido. A ressaca é um fenômeno prevalente pouco estudado e o interessante é que aparece após total eliminação do álcool e seus metabólitos do sangue.
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INSIDE
RESSACA E DIREÇÃO VEICULAR
Atribui-se que tanto a ressaca como a desidratação causada pelo álcool sejam dois processos distintos, independentes, que ocorrem simultaneamente por meio de diferentes mecanismos. Durante a ressaca ocorrem variações signicativas do sistema hormonal como também acidose metabólica. Existem múltiplas teorias para explicar o fenômeno ressaca. Alguns estudos acrescentam à sintomatologia maior sensibilidade à luz, ao ruído e letargia (perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento). A parte cognitiva, motora e sensório perceptiva ca bastante comprometida. A queda do teor de álcool no sangue, que ocorre 6 a 8 horas após a ingestão, como citei anteriormente, leva a uma espécie de depressão e desorganização de todo o metabolismo. Ocorre grande perda líquida.
Parar Review Mag / #23 / Abril 2022
É importante lembrar que a atenção, concentração, vigília, raciocínio estão rebaixados nessa fase. Mas não é só isso, as respostas motoras também estão comprometidas. A sensibilidade tátil, auditiva e visual está alterada. Tudo isso são necessidades básicas para se ter uma direção segura. Assumir a direção tardia no pós-ingestão excessiva de bebida alcoólica é colocar em risco a própria vida e de terceiros, com bafômetro zerado. A cadeira de siologia e biofísica da Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires vem estudando o assunto.
“ASSUMIR A DIREÇÃO TARDIA NO PÓS-INGESTÃO EXCESSIVA DE BEBIDA ALCOÓLICA É COLOCAR EM RISCO A PRÓPRIA VIDA E DE TERCEIROS, COM BAFÔMETRO ZERADO” Portanto, não tenho dúvida que a chamada ressaca, fenômeno que ocorre horas após a grande ingestão alcoólica, compromete todo o organismo, principalmente o sistema nervoso central. Repercute nas funções essenciais para direção veicular, quais sejam, a cognitiva, motora e sensório perceptiva. A direção veicular nessas condições é extremamente perigosa.
DR. DIRCEU RODRIGUES ALVES JR. Diretor da ABRAMET Associação Brasileira de Medicina de Tráfego www.abramet.org.br dirceurodrigues@abramet.org.br dirceu.rodrigues5@terra.com.br