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ÍCONES POR ISADORA CAMPOS

ÍCONES

POR ISADORA CAMPOS

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@isadoracampos

OS JUSTOS ALÉM DA ORDEM

A discussão sobre o que é justiça antecede ordenamentos jurídicos. É inegável que o senso do que é justo e correto é particular a cada indivíduo e, por assim ser, carrega consigo as suas parcialidades. Em contraponto, a justiça é a perseverança pela igualdade de oportunidades e garantias, expressando uma consciência coletiva.

Em doutrinas kantianas, ser justo é virtude, é singularidade atrelada à moral. Aos cristãos, aqueles que praticam a justiça são bem-aventurados. Ao platonismo, é um elo permanente com a felicidade e com o divino. É a máxima das virtudes, aos aristotélicos, adquirida através da reiterada pratica de boas ações, tornandose assim, um hábito.

Praticar a justiça é, além de seguir o direito positivo, respeitar normas e ordenamentos jurídicos. É valorizar o próximo, ter coerência e propósito em suas ações, e oportunizar um enobrecedor legado à sociedade. Em uma pluridisciplinar visão, contemporânea e humanizada, das necessidades coletivas, que se multiplicam e se individualizam na mesma proporção em que a sociedade evolui, protagonistas aplicadores do Direito e empreendedores sociais pautam as suas condutas.

Foto: Gabriel Correia

JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN

“A minha geração tem o desafio de praticar a busca da solução negociada” Em uma complementariedade das dialéticas do direito natural e do positivo, o jurista José Eduardo Rangel de Alckmin buscou sempre garantir o equilíbrio da distribuição de oportunidades, sem permitir que o abuso da força ou do poder prevaleça. Ao advogado é a busca incessante desse equilíbrio que consiste na

essência da atividade do profissional do Direito. “Esse trabalho exige dedicação permanente, seja pelo aprimoramento dos conhecimentos, seja pelo esforço de compreensão da exata dimensão das controvérsias”.

Além de ter trabalhado para manter as diretrizes de integralidade, ética, respeito e justiça, Alckmin também compartilha do seu conhecimento como mestre acadêmico de Direito Eleitoral no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) há 17 anos. “Penso que minha geração tem o desafio de mudar a cultura do litígio judicial e de praticar com muito afinco a busca da solução negociada”.

Além de defensor de mediações ante à morosidade de conflitos litigiosos, o jurista também é reconhecido pelas atividades sociais que desenvolve junto a sua família. Ao lado da mulher, Geiza, ele é notório filantropo na capital, debruçando seus esforços em instituições sociais, como Casa do Candango e Instituto Proeza.

RENATO GUANABARA LEAL DE ARAÚJO

“Para sermos justos, temos que ter o senso coletivo de comunidade”

Graduado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), tem como marco da justiça brasileira o aprimoramento da legislação pátria em defesa dos direitos das mulheres. “No âmbito eleitoral, por exemplo, posso citar a Lei que trouxe a obrigatoriedade de pelo menos 30% dos candidatos serem do sexo feminino nas eleições proporcionais. Posteriormente, o STF declarou a constitucionalidade da lei e, por último, o TSE decidiu que pelo menos 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha devem ser destinados para financiar as campanhas de candidatas no período eleitoral”. Acredita que a aplicação do direito material alinhado ao bom senso e à isenção é que o permite alcançar a justiça, sobretudo ao se colocar na posição do jurisdicionado. E isso se repete em sua vida particular, quando, em trabalhos sociais que desempenha na comunidade da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, coloca-se na posição do assistido e se dedica a oferecer oportunidades de aprendizado e profissionalização. “Para sermos mais justos, devemos ser mais solidários, mais altruístas, termos um senso coletivo de comunidade”, assegura ele, que busca em suas ações de justiça consolidar a formação de suas filhas, Gabriela e Isabel, para que contribuam com a coletividade, como o faz ao lado da mulher, Aline.

MILENA CÂMARA GODOY

“A justiça não é um objeto concreto, mas, sim, uma construção” Em áreas menos favorecidas é que também trabalha Milena Câmara Godoy, advogada e ativista social. Ao lado do Secretário de Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Gilvan Máximo, tem percorrido as regiões administrativas do Distrito Federal para consolidar o Wi-Fi social, acesso grátis à rede. “A justiça não é um objeto concreto, mas, sim, uma construção pela qual todos nós somos responsáveis. Devemos partir do preceito de que, para que se alcance um ponto em que a convivência social torne-se ‘justa’, é necessário que se estabeleça certa forma de compensação para aqueles indivíduos que começaram a vida social em desvantagem!”, atesta ela, que é defensora de ações como a instituição de um salário-mínimo, segurodesemprego, a lei Maria da Penha, as cotas raciais e as demais ações de seguridade social. “Todas essas ações visam trazer proteção aos indivíduos e eu acredito que lutar pelo fortalecimento destas causas é trabalhar para que a justiça social alcance todos”, disse. Ela atua em projetos como no Centro de Ensino e Reabilitação de Especiais – CER.

CLÁUDIA SILVA DE ANDRADE

“Sempre que você for justo estará sendo bom”

A Juíza de Direito Cláudia Silva de Andrade tem em seu currículo ter trabalhado no gabinete do ministro João Otávio de Noronha enquanto ele esteve na presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mas, apesar de ser ávida defensora das leis, é também articuladora de que a mudança por um mundo mais justo se inicia em nós mesmos. “Em pequenas atitudes e grandes intenções, podemos semear e fazer o bem no dia a dia”, diz.

Às futuras gerações, quer ser vista como uma mulher que teve seu conhecimento acadêmico usado para compartilhar justiça entre os cidadãos. “O legado mais importante é de que algumas lutas devem ser deixadas para trás, outras não. E uma que deve ser sempre levada em frente é a luta pela justiça. Custe o que custar, ela sempre deve ser uma prioridade para todos”. Assim como Albert Einstein, ela defende que nem sempre ter boas ações significa ser justo, mas que o inverso é uma verdade. “Sempre que você for justo estará sendo bom. Respeito, lealdade e amor ao próximo são o primeiro grande passo para a efetivação da justiça no nosso dia a dia”.

Fotos: Divulgação

VANESSA CHRISTINA GARCIA LEMOS

“As mulheres em geral têm que se esforçar muito mais do que os homens” Outra fervorosa defensora do protagonismo feminino, a Juíza de Direito Vanessa Christina Garcia Lemos procura estender oportunidades a mulheres dedicadas que formam o seu gabinete, um dos com maior representatividade feminina. “Acredito que as mulheres em geral, e as de carreira jurídica ainda mais, têm que se esforçar muito mais do que os homens para serem respeitadas como profissionais. Somos muito mais exigidas. O patriarcado ainda é muito forte em nosso País”.

Enquanto magistrada, acredita que possui a especial responsabilidade de tutelar os interesses dos cidadãos em situação de vulnerabilidade socioeconômica/ cultural e que têm na justiça sua única proteção para fazer valer seus direitos. “Justiça para mim é garantir que todas as pessoas, independentemente de cor, raça, opinião, religião, situação socioeconômica, sexualidade ou gênero, tenham seus diretos garantidos pela lei de forma isonômica”, acredita ela, que precisou ser diversas vezes escoltada para garantir a sua integralidade.

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