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JOSÉ RODRIGUES
JOSÉ RODRIGUES Esculturas na cidade do Porto
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Esculturas na cidade do Porto ASA DE ANJO
Laura Castro • Maria Bochicchio • Maria Leonor Barbosa Soares
ASA DE ANJO
Esculturas na cidade do Porto
JOSÉ RODRIGUES
Laura Castro Maria Bochicchio Maria Leonor Barbosa Soares
CAPA Design de Graça Martins e Tami Itabashi, a partir de uma foto de Egídio Santos. Escultura O Cubo, de José Rodrigues. PÁGINA 2 Escultura O Cubo de José Rodrigues, Praça da Ribeira, Porto. Foto de Egídio Santos PÁGINA 6 Atelier de José Rodrigues, Fábrica Social. Fotografia de Graça Martins, 1994 CONTRACAPA Fotografia de José Rodrigues por Júlio de Matos, 2007
Colecção ASA DE ANJO Edição Fundação Escultor José Rodrigues Nº 1 - Esculturas na Cidade de Porto 1ª Edição. Outubro 2016 Nº 2 - Desenhos (no prelo) © 2016 Fundação Escultor José Rodrigues
ÍNDICE
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EM HOMENAGEM A JOSÉ RODRIGUES Laura Castro
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HOMENAGEM AO DUQUE DA RIBEIRA, CAIS DA RIBEIRA, 1995
13 JOSÉ RODRIGUES
41 O CUBO, PRAÇA DA
17 JOSÉ RODRIGUES: A
45 HOMENAGEM A
Maria Leonor Barbosa Soares
FÍSICA DO SENTIDO Maria Bochicchio
19 NO CORPO, COMO UMA REESCRITA OU UMA PAISAGEM
Maria Leonor Barbosa Soares
21 ESCULTURAS EM BRONZE E FERRO DE VÁRIAS FASES DO MESTRE, FÁBRICA SOCIAL, FUNDAÇÃO ESCULTOR JOSÉ RODRIGUES
31 O GUARDADOR DO SOL, FACULDADE DE BELAS ARTES, PORTO, 1963
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A MENINA, FACULDADE DE BELAS ARTES, PORTO,1972
35 ESCULTURAS EM
ESPAÇOS PÚBLICOS MONUMENTOS
37 MONUMENTO A
D. ANTÓNIO BARROSO, LARGO 1º DE DEZEMBRO, PORTO, 1999
RIBEIRA, PORTO, 1983 JOAQUIM PEDRO D’OLIVEIRA MARTINS, 1995
47 HOMENAGEM A MÁRIO CAL BRANDÃO, RUA RODRIGUES SAMPAIO, 1996
49 MONUMENTO AO
GENERAL HUMBERTO DELGADO, PRAÇA DE CARLOS ALBERTO, 2008
51 ÍCARO, SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES, 1999
53 ÍCARO, ESCOLA DAS
VIRTUDES, PORTO, 2006
55 MONUMENTO A
FERREIRA DE CASTRO, FOZ DO DOURO, 1988
57 MONUMENTO AO
EMPRESÁRIO, PORTO, 1992
61 PANTERAS, ESTÁDIO DO BESSA, 2001
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FEIXE, PORTUGAL TELECOM, PORTO, 1989-90
65 ADN, HOSPITAL DE
MAGALHÃES LEMOS, 1970
67 O OBELISCO, FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO, 1974
69 ANJO PROTECTOR DA CIDADE, MERCADO ABASTECEDOR DO PORTO, 1993
73 MEMORIAL A EUGÉNIO DE ANDRADE, PASSEIO ALEGRE, 2005
74 ARTE PÚBLICA DO
ESCULTOR JOSÉ RODRIGUES LOCALIZADA NA CIDADE DO PORTO
75 JOSÉ RODRIGUES 76 NOTAS BIOGRÁFICAS
EM HOMENAGEM A JOSÉ RODRIGUES Laura Castro
Sabemos que é de Luanda e de Alfândega da Fé, do Porto e de Vila Nova de Cerveira e, embora o seu bilhete de identidade registe um ano da primeira metade do século XX como data de nascimento, a sua existência pode remontar à pré-história. Já foi chamado fauno, pícaro e é normalmente apelidado de mestre. É escultor desde que, em 1963, se formou na Escola de Belas Artes do Porto, mas a sua actividade parece pertencer ao princípio dos tempos. Eugénio de Andrade disse tê-lo conhecido há milhares de anos num encontro nas grutas de Altamira. De natureza contraditória, não é fácil definir aquilo que José Rodrigues representa em meia dúzia de linhas ou em dez minutos. É uma e muitas personagens, um artista de vocação teatral, um cenógrafo com obra premiada neste e noutros domínios e que, na vida, não perde a oportunidade de assumir a pose, de esboçar o gesto espectacular, de adoptar a atitude dramática e de proferir a tirada lapidar. Quando se pronuncia sobre o seu trabalho gosta de deixar ambiguidades no ar e alguns vazios para, depois, assistir ao seu preenchimento como a alguma coisa que lhe é exterior. Entre as muitas características que lhe reconhecem, a disponibilidade é talvez uma das mais importantes. Primeiro a disponibilidade para colaborar nos mais variados projectos e nas mais diferentes causas, desde as políticas às sociais e às estritamente culturais. A sua acção e a sua presença na Cooperativa Árvore, na Bienal de Cerveira, no Convento de S. Paio, onde à residência juntou a irradiação cultural e, mais recentemente, na Fábrica Social que transformou em espaço de exposição e de actividade cultural são apenas alguns indícios dessa disponibilidade. Depois, a disponibilidade para a família, para as filhas, para os amigos, para receber quantos o procuram. Acima de todas, a disponibilidade para a criação traduzida numa obra imensa e dispersa que o levou a classificar-se como um especialista, mas
José Rodrigues no atelier, 1994 Fundação Escultor José Rodrigues. Fotografia: Graça Martins
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José Rodrigues no atelier Fundação Escultor José Rodrigues. Fotografia: Alfredo Vieira
José Rodrigues no atelier Fundação Escultor José Rodrigues. Fotografia: Alfredo Vieira
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apenas na vontade de transformar. Tal disponibilidade, escreveu Eugénio de Andrade, tem a ver com uma curiosidade muito viva, não só pelos materiais e suas múltiplas possibilidades de transformação, como também com a abertura da alma e da carne a iluminadas formas de conviver e amar. José Rodrigues pertence à geração revelada nos anos 60 e 70, que ainda não se tinha burocratizado, como hoje acontece com jovens artistas e seus agentes promotores, com seus registos escrupulosos de tudo o que acontece à mais ínfima peça realizada, cálculos aturados sobre convites, participações e recusas. Pertence à geração que ainda não conhecia a institucionalização da arte à sua nascença, mediante a presença em grandes exposições e museus. Pertence a essa geração que transportou os últimos sinais de uma atitude desafectada relativamente à criação da arte, no sentido em que a encara com tal agilidade e até, por vezes, com a despretensão própria de quem sabe aquilo de que é capaz, que o resultado só pode ser qualquer coisa de completamente natural, que se realiza com a vida e no meio dela, que se acumula nos ateliers, desde o do pequeno edifício das Fontainhas ao da Fábrica Social e depois ao do Convento de S. Paio, que o cerca permanentemente e o leva, com a mesma facilidade, a atirar uma peça para um canto, a enviá-la para uma exposição ou a colocá-la num pedestal. Tem, conforme admitiu numa entrevista, uma relação caótica e anárquica com o mundo e estas atitudes parecem demonstrá-lo. Respondeu a encomendas, deu livre curso às suas obsessões, motivou o elogio da crítica oficial de José Augusto França e de Fernando Pernes, o discurso menos ortodoxo de Ernesto de Sousa, a forma poética de Eugénio de Andrade e de Vasco Graça Moura, e pode mesmo ter assistido à vingança da história que não suporta inflexões de percurso, no seu sistema particular de fixar um artista ao período em que se revela ou afirma, e de o esquecer quando as suas opções o levam até outras paragens. Não obstante, a história regista-o, e registá-lo-á, como um dos renovadores incontestados da escultura em Portugal que, por esses anos de 60 e 70, evolui da estaticidade que lhe era peculiar para o movimento, da opacidade para a transparência, da ideia de estátua para a de objecto, da noção de escultura para a de intervenção, do bronze e da pedra para todo o material que se quiser converter em matéria artística. O modo como se desenrola o seu trabalho posterior não poderá omitir este papel. Quando em 2004 realizou uma exposição no Centro Cultural de Cascais intitulada Jardins de Memória, recordo-me de ouvir muitos comentários sobre esse José Rodrigues desconhecido da década de 70. O desconhecimento desse período marcante da sua obra, em que representou Portugal nas Bienais de S. Paulo e de Veneza, deve-se, também, à grande visibilidade que os anos 80 lhe trouxeram. A abordagem da História e de histórias, de narrativas sagradas e profanas, de mitos, crenças, visões e memórias, revelaram um artista cuja preocupação essencial não era já a da renovação,
mas a do cumprimento daquilo que verdadeiramente lhe interessava e que definiu como a expressão do vocabulário do silêncio, mediante o barro e o risco. Os críticos continuaram a pronunciar-se sobre este longo ciclo de ressonância universal, mas foram principalmente os escritores – Mário Cláudio, Fernando Guimarães, Manuel António Pina, Luísa Dacosta, Albano Martins, Urbano Tavares Rodrigues, para citar apenas alguns – que elaboraram um registo muito próprio sobre José Rodrigues e que assenta na tentação determinada de ir ao mais antigo, ao mais primitivo, até à origem como forma de explicitar o seu modo simbólico de criar, e o caminho que escolheu para a indagação do que, em si, se identifica com o destino do homem e do mundo. O registo da sua obra avoluma-se em catálogos, álbuns e artigos e nas peças instaladas no espaço público, desde as mais austeras, como a da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, às mais experimentais, como a pedra suspensa em Vila Nova de Cerveira, passando pelas mais polémicas de que citarei apenas o Cubo na Praça da Ribeira ou o Monumento ao Empresário, ambas no Porto. A apropriação que esta cidade fez do cubo, chegaria, talvez, para a felicidade do artista. De facto, a obra passou a designar o lugar e os encontros são marcados no cubo e não na praça. Outra apropriação de José Rodrigues é verificada através da sua presença nos momentos e nas instâncias que, periodicamente, pensam e determinam sobre o lugar da arte e da cultura na nossa vida sejam comissões, conselhos consultivos, câmaras municipais, campanhas eleitorais e acções de cidadania menos estruturadas. Sabemos que o chamamento de figuras como a de José Rodrigues nem sempre tem consequências à medida das expectativas geradas porque esse chamamento, às vezes inquinado, assenta num duplo equívoco, o de que a cultura e a arte devem ter um lugarzinho específico nas nossas vidas, separado de tudo o resto, e o de que devem ser tratadas apenas como recurso e investimento, em vez de assentar no pressuposto de que os seus valores se encontram organicamente implicados na nossa existência. A simples consideração do modo como José Rodrigues tem vivido e o modo como encara a arte e a cultura já poderiam ter ajudado a desfazer este equívoco.
José Rodrigues no atelier Fundação Escultor José Rodrigues. Fotografia: Alfredo Vieira
José Rodrigues na cafetaria Fundação Escultor José Rodrigues. Fotografia: Alfredo Vieira
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JOSÉ RODRIGUES Maria Leonor Barbosa Soares
Porque a realidade exige e inspira, na sua complexidade, abordagens diversas, a obra de José Rodrigues espelha uma correspondente visão integradora. Encontros e colisões, em translações sensoriais, deixam marcas no barro, no papel (orientando percursos da grafite, da tinta-da-china, do pastel ou do carvão), no bronze, na prata, nas composições de espaços… na relação interrogativa com o mundo. Elementos de um sistema de conhecimento em processo, diferentes linguagens plásticas se revelam como consequência dessa reciprocidade sensorial, promovendo, em si mesmas, reflexões distintas. O seu percurso artístico inicia-se num período de grandes mudanças nas práticas artísticas. Em interpretações continuamente renovadas, José Rodrigues participou das reflexões sobre a própria arte e a sua natureza; sobre a erosão do objecto enquanto realização completa e definitiva com consequentes concretizações na desmaterialização e experiências inovadoras de materiais e suportes; sobre a recusa da representação e a afirmação do objecto como veículo de promoção de outras possíveis aproximações à realidade, para além dele próprio; sobre a valorização de campos criativos não correspondentes aos pressupostos dos curricula académicos; sobre a valorização do acto e do processo criativo; sobre a interpelação do observador; sobre o alargamento do campo expressivo disciplinar e o trabalho interdisciplinar; sobre o momento perceptivo e a consciência dos factores intervenientes… Consciente dos problemas enquanto artista e enquanto docente, concorreu para a permeabilidade da Escola de Belas Artes do Porto a situações participativas e informativas diversas. Promoveu, como professor, o interesse por novas disciplinas e experiências técnicas (entre as quais a gravura e a medalhística; e soluções escultóricas experimentais com materiais de uso não habitual, na Escola); colaborou na construção de um enquadramento cultural e social mais atento e disponível para a integração da arte no quotidiano. A Escultura, o Desenho, a Gravura, a Medalhística, a Cenografia
Homenagem a Oliveira Martins, 1995 Bronze Fotografia: Egídio Santos
Página anterior: José Rodrigues, Convento de San Payo, Vila Nova de Cerveira Fotografia: Alfredo Vieira
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foram campos de expressão entre os quais se movimentou desde os anos sessenta marcando um lugar pelo entendimento não convencional das tecnologias e processos ou instaurando novas metodologias. A Cerâmica, o Vidro e as técnicas de Litografia e Serigrafia seriam objecto de produção de maior dimensão a partir do início dos anos oitenta. Afinidades ao nível conceptual têm correspondentes visuais nos vários media embora, nem sempre, simultâneos. As paisagens sensoriais que cada material consente, nas várias modalidades de interacção, vão-se declarando fontes específicas de apreensão da realidade, com exigências próprias, instrumentais e rítmicas. Contudo, como se poderá ver, é possível perceber que a investigação plástica num determinado suporte pode levantar questões cuja solução é procurada ou desenvolvida noutro suporte. Alguns aspectos atravessam e definem a sua investigação: a atenção colocada no tratamento dos materiais e a implicação desse tratamento na criação de sentidos para além do imediatamente perceptível; a criação de processos de aproximação/implicação do observador ao nível empírico que poderão ser eventualmente expandidos a níveis conceptuais. A evidência das capacidades comunicativas dos materiais, a interacção expressividade matérica/configuração global, as experiências sensoriais como mediadoras de uma projecção espiritual são aspectos presentes nas várias disciplinas artísticas, como um sistema poético. A conjugação das componentes sensível e conceptual permite-nos identificar, como tema-base, a relação materialização/desmaterialização. Assim, o contraste entre a força e a delicadeza de uma linha que parece agarrar, no campo da imagem, figuras de forte presença corpórea mas esvanecentes. O pastel ou o carvão, quando materiais escolhidos, servem esse conceito-base, na sua condição de matéria que se desagrega no gesto do desenho, apenas pousando no suporte de papel para logo pairar no ar, levando consigo parte do registo que resultou desse toque. O mesmo tema se encontra na concentração, numa figura, de tudo o que a envolve: a interpenetração concretizada plasticamente através de sobreposições, de similitudes texturais, que sugerem a transformação de uma realidade noutra, mas – e aqui de novo um aspecto específico do escultor – sem perda de qualquer uma das identidades: acrescentando percepções. A prática artística de José Rodrigues, fundamentalmente física, fundamentada na interiorização das experiências dos materiais e das suas diferentes naturezas tem continuidade em todas as dimensões da sua relação com o mundo. Nenhuma experiência é abandonada, tudo flui na água desse rio que o escultor evoca, integrando memórias, silêncios e reflexos. A passagem do tempo, experiência física e estruturante de modalidades de estar, é concretizada plasticamente em composições activadoras da atenção e dinamizadoras, no espaço mental, de mecanismos de relacionamentos críticos que ecoam, socialmente, nas diversas vertentes de actividade, multiplicando acções interventivas de âmbito pedagógico, cultural e político. 14
Monumento a Ferreira de Castro, 1988 Bronze Fotografia: EgĂdio Santos
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JOSÉ RODRIGUES: A FÍSICA DO SENTIDO Maria Bochicchio
Pensar hoje José Rodrigues, é pensar numa certa ideia de arte ou melhor dizendo numa ideia incerta, feita duma linguagem outra, estrangeira e estranha a si própria. Esboços, desenhos, pinturas, esculturas que se cruzaram plasticamente com lugares de intimidades, pluralidade de pessoas, vida transfigurada em arte. Pensar na produção artística de José Rodrigues é pensar num condutor térmico que permite descobrir a física do sentido. José Rodrigues dá voz ao pensamento, toca-o, porque a sua arte é o corpo do pensamento. Ele faz do incorpóreo um acto palpável. E através da sua imaginação toca o corpo da realidade com o incorpóreo do sentido. A sua arte é o sentido do toque. A sua expressão artística é o seu sistema nervoso que percebe, cataloga e desmascara a realidade. A capacidade de José Rodrigues de tocar a realidade não é um principio hedonístico, mas uma capacidade comunicativa. É uma partilha da percepção das coisas. Um ser dentro do nosso ser. A sua dimensão artística situa-se a nível pré-sintáctico, pré-lógico. É o momento do puro tocar, do puro contacto. É o acto de agarrar, apertar, doar-se.
Ícaro, 2006 (Fragmento) Escola das Virtudes Varão de ferro, elementos de chapa e penas Fotografia: Egídio Santos
Página anterior: José Rodrigues Fotografia: Alfredo Vieira
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NO CORPO, COMO UMA REESCRITA OU UMA PAISAGEM Maria Leonor Barbosa Soares
“Não há pequenas coisas, as pequenas coisas são as grandes, uma luz exacta, um gesto preciso…” (José Rodrigues1)
As opções plásticas, correspondem, em cada momento da obra de José Rodrigues, a um certo modo de apreender a realidade e a uma reinterpretação das práticas anteriores, em síntese. Valores plásticos revividos, a mesma experiência inicial dá, por vezes, origem a prolongamentos interrogativos em novos territórios conceptuais, a etapas de reavaliação sucessivas. Mas, em cada construção, os signos não são utensílio manipulado com distanciamento. A rede de conexões a eles subjacente corresponde, intimamente, à desordem e intensidade (aceites e assumidas) de percepções e sensações. Tornando inadequada qualquer definição global, a obra constrói-se na experimentação de linguagens e na sua recuperação, na invocação de figurações e conceitos, no trânsito de formas e estruturas que envelopam novos pontos de vista – por vezes, como uma reescrita, traçando caminhos particulares na conjugação de plasticidades. Os objectos, concentram e confrontam percepções, em si mesmos, enquanto compõem modos de fazer ver. Recusando limites temporais, as várias séries de trabalhos interligam-se e projectam-se em sequentes configurações. A selecção de momentos da obra de José Rodrigues, que se apresenta, valoriza esta vital articulação, nas suas diversas modalidades. (…)
Anja que Perdeu a Asa, 2005 Bronze patinado e polido Fotografia: Egídio Santos
1 DACOSTA, Fernando – José Rodrigues: “Corro o risco de ser de bom gosto”. Jornal de Letras, Ano IV, nº126 (4 a 10 de Dezembro de 1984), p.14.
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ESCULTURAS EM BRONZE E FERRO DE VÁRIAS FASES DO MESTRE, FÁBRICA SOCIAL, FUNDAÇÃO ESCULTOR JOSÉ RODRIGUES
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Página anterior: Anja, 2004 Bronze patinado e polido Fotografia: Egídio Santos
Anja, 1992 Bronze patinado e polido Fotografia: Egídio Santos
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Corpo de Anja (ou Vitória), 2001 Bronze Fotografia: Egídio Santos
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Anja, 1992 Bronze patinado e polido
Ninfa, 2006 Bronze patinado e polido
Fotografia: EgĂdio Santos
Fotografia: EgĂdio Santos
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SalomĂŠ, 2005 Bronze patinado e polido Fotografia: EgĂdio Santos
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Escultura Não Figurativa, 1966 Ferro Fotografia: Egídio Santos
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O GUARDADOR DO SOL, FACULDADE DE BELAS ARTES, PORTO, 1963
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O Guardador do Sol, trabalho final do curso2, não se exclui desta tendência expressiva, antes a sublinha, na condensação de elementos narrativos e conceptuais, no encadeamento de registos de memórias e de interpretação posterior dessas memórias, na conjugação de tratamentos diferenciados na descrição da figura. Enquanto “guerreiro” (José Rodrigues assim o chamou inicialmente) seria símbolo da vitória do povo angolano. Transporta um escudo cuja superfície polida (zona destacada pelo acabamento dado à superfície) reflecte o sol de Angola. Enquanto feiticeiro, o seu corpo abre-se associando-se às árvores e arbustos em redor. Interioriza a paisagem, organicamente, restabelecendo a harmonia quebrada, entre o ser humano e a natureza. Incorporados no Guardador do Sol, o Musseque onde brincava com as outras crianças e a construção interior de valores éticos que as brincadeiras proporcionam; a construção do sentido de justiça associada ao sol de Angola e às horas em que a luz tão forte iluminava o barro com que brincava, fazendo e refazendo pequenas peças. O Guardador do Sol, 1963 Bronze Colecção Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto Fotografia: Egídio Santos
2 O Guardador do Sol, apresentado em Junho de 1963 em prova final com vista à obtenção da Carta do Curso Superior de Escultura, teve a classificação de 20 valores. No ano lectivo de 1963/1964, José Rodrigues iniciou a actividade de docente na Escola de Belas Artes como Assistente de Barata Feyo e de Gustavo Bastos na disciplina de Composição de Escultura.
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A MENINA, FACULDADE DE BELAS ARTES, PORTO, 1972
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No jardim da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto podemos ver a obra apresentada por José Rodrigues no âmbito das Provas de Agregação na ESBAP, no dia 16 de novembro de 1972, relativa à componente de avaliação cópia de modelo vivo em escultura. Tendo como ponto de partida a pose clássica do modelo em contrapposto − obrigado a atender ao critério de figuração em que o peso do corpo é colocado sobre a perna esquerda com as consequentes divergências de direções da anca e ombros − José Rodrigues integrou nesta figura indicadores de um modo de estar feminino vivenciado na época da realização do trabalho: a afirmação de uma sensualidade confiante e de uma determinação simultaneamente serena e altiva. São registos que se compreendem na elevação e abertura do tórax, na inclinação da cabeça e na direção do olhar, na elegância desinibida da projeção da perna direita (sem relaxamento) que acentua a curva das costas ao nível lombar, no modo subtilmente sofisticado como o ângulo desenhado pela mão esquerda quebra o movimento do braço. Um outro recurso utilizado pelo escultor deve ser realçado: fazia parte da obra um pequeno adereço, um cinto delicado de contas coloridas que rodeava originalmente as ancas, descaindo despreocupadamente. Este elemento, que atualmente não é possível ver-se, atribuiu à obra um significado diverso daquele que o registo de resolução no contexto de prova académica lhe conferia. Alterando a sua realidade física enquanto tradicional escultura em bronze acrescentou um vínculo de relação com a vida com consequente abertura do entendimento, em contexto académico, desta tipologia de trabalho.
A Menina, 1972 Bronze Colecção Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto Fotografia: Egídio Santos
Cf. SOARES, Maria Leonor Barbosa – José Rodrigues: traduções do ser apaziguando o tempo: vertentes e modos de um percurso. Porto: 2010. Tese de Doutoramento em História da Arte Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto (texto policopiado), Vol. I, p. 110.
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ESCULTURAS EM ESPAÇOS PÚBLICOS MONUMENTOS
Das várias formas da arte pública, José Rodrigues tem trabalho no âmbito da escultura e do mural cerâmico, distribuído por espaços diversificados: espaços públicos urbanos (rotundas, ruas, espaços verdes e jardins) edifícios públicos (câmara municipal, biblioteca, hospital, escolas, tribunais, estrutura desportiva), edifícios privados acessíveis ao público (espaços exteriores e interiores de edifícios de empresas – banco, estalagem, hotel, centro comercial, sede de empresas e instalações de serviços – espaços religiosos e espaços culturais). Lembrando as funções da arte pública identificadas por Antoni Remesar3, constatamos que José Rodrigues realizou obras que cumprem quase plenamente o conjunto dessas funcionalidades – comemoração, valorização do espaço visual, regeneração artística e cultural, apoio à gestão do espaço público, contribuição no âmbito de uma política geral de um aumento de qualidade de vida, definição da identidade de uma comunidade e que nos permitem, ainda, particularizar de imediato objectivos dentro do quadro de algumas dessas funcionalidades, como a evocação, a homenagem ou a memória de um episódio histórico, o seu carácter simbólico, didáctico. (…) Os materiais são adoptados de acordo com o maior ou menor protagonismo que o escultor lhes pretende conferir em concordância com a intencionalidade mais descritiva ou mais construtiva da obra. Não terá sido possível para o escultor ficar sempre isento em relação ao que lhe foi pedido. Nem sempre foi fácil a conciliação entre as exigências plásticas e a vocação programática da encomenda. Procurou, contudo, manter presentes os valores de autonomia plástica articulando-os com as expectativas de legibilidade. (…)
Monumento ao Empresário, 1992 Granito, mármore, vidro espelhado e água Fotografia: Maria Leonor Barbosa Soares
3 REMESAR, Antoni –“Public Art. An Ethical Approach”. In REMESAR, Antoni (dir.) – Urban Regeneration: A Challeng for Public Art. Barcelona: Universitat de Barcelona, (1991). Disponível em WWW: <URL: http://www.ub.es/escult/epolis/urbanreg/urban-_regeneration.pdf: ISBN 84-475-1737-3, p.7.
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MONUMENTO A D. ANTÓNIO BARROSO, LARGO 1º DE DEZEMBRO, PORTO, 1999
Comemorando o primeiro centenário da entrada solene de D. António Barroso como Bispo do Porto, no dia 2 de Agosto de 1899, a Câmara Municipal e a Diocese da cidade promoveram um conjunto de eventos solenes, completados e rematados pela inauguração do monumento no Largo 1º de Dezembro, local por onde o Bispo teria passado quando se dirigia para a Sé Catedral. Este espaço urbano tinha sido recentemente requalificado no âmbito do Porto – Capital Europeia da Cultura e fora objecto de intervenção e desenho do Arquitecto Adalberto Dias, responsável, igualmente, pela implantação do monumento. A Sociedade Porto 2001 encomendou a obra que veio a ser a sua primeira acção. José Rodrigues optou por uma indicação sintética das vertentes fundamentais da acção de D. António, a acção missionária (em Angola e Moçambique), e o bispado (em Himéria, Meliapor e posteriormente, no Porto). Utilizando a forma paralelepipédica como matriz e evocação de marco ou padrão mas também de um espaço geográfico amplo, o escultor cria uma composição em que a articulação entre o linearismo e o relevo expande a figura e a liberta do suporte. Numa das faces, a figura do clérigo surge do fundo, em baixo-relevo (pensativo e determinado como sugere o gesto indicador da mão direita). A incisão do contorno é afirmada em contraponto com a modelação; assim, em desenho, se prolongam o braço e a mão que, já na outra face, dirigem o olhar do observador para a presença de uma ave junto de uns caules delicados e suas sementes; através de um outro elemento vegetal em alto-relevo é estabelecida a relação com as personagens da face lateral à direita – figuras femininas jovens e uma criança – lembrando as comunidades com que contactou no seu périplo pelo mundo. O Símbolo das armas da fé de D. António (o pelicano alimentando os filhos) consta na outra face do paralelepípedo acompanhado da legenda NON SBI SED OMNIBUS (Não para si, mas para todos).
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D. António Barroso, 1989 Bronze Fotografia: Egídio Santos
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HOMENAGEM AO DUQUE DA RIBEIRA, CAIS DA RIBEIRA, 1995
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Homenagem ao Duque da Ribeira, 1995 Bronze Fotografia: EgÃdio Santos
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O CUBO, PRAÇA DA RIBEIRA, PORTO, 1983
Com a colocação de O Cubo se concluíram as obras de Renovação da Praça da Ribeira. Tinha sido um processo longo, mais lento do que o esperado, ultrapassando em ano e meio a data limite projectada devido à restrição de verbas imposta ao CRUARB e consequente interrupção, José Rodrigues tinha sido incumbido pelo CRUARB, de acordo com a indicação do Arquitecto Viana de Lima enquanto consultor, para realizar um elemento escultórico para a praça. Tendo sido encontradas algumas pedras de um fontenário à profundidade de um metro, com datações da Época Moderna, e tendo já sido salientada a importância da sua recuperação no contexto de estudo da História Urbana4 José Rodrigues optou por integrar esses elementos no muro que desenhou para a nova fonte, valorizando-os e diferenciando-os através da utilização de betão na restante estrutura. Sigamos o escultor: “A fonte é constituída por três pedras do século XVII. Foram-me fornecidos o desenho e o registo da fonte. Houve, então, que tornear uma atitude arquivista ou refazer a fonte imitando o que tinha sido, ou fazer uma fonte do séc. XX, com pedras do séc. XVII. A última hipótese pareceu-me a mais honesta – a história faz-se com acrescentos, é feita de somas, não de reconstituições.”5
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O Cubo, 1983 Bronze Fotografia: Egídio Santos
4 Cf. SILVA, Armando Coelho F. da – Sondagem Arqueológica da Praça da Ribeira. Revista Arqueologia. Especial Porto. Nº10 e Relatório ”Investigação Arqueológica na Área Urbana RibeiraBarredo (Porto) realizada em 1980” assinado por Armando Coelho Ferreira da Silva e datado de 12 de Outubro de 1980. Arquivo Histórico Municipal do Porto. Guia 8/2007. DMU/CRUARB/676. 5 CABRAL, Filomena – O “cubo” que escandaliza a Ribeira. Escultor José Rodrigues explica a génese e sentido da obra. O Primeiro de Janeiro (20.01. 1984), p.4
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No centro da fonte, um repuxo parece segurar O Cubo que se equilibra sobre uma aresta. O peso deste volume geométrico e a sua forma, inspirada na cidade e no seu casario, contraria a suspensão. Enquanto metáfora, o repuxo fala do rio, fluindo, instável, mas força determinante na construção da cidade. Sobre a superfície do cubo, elementos vegetalistas delicadamente modelados, quase insinuados, são registos do tempo integrados na obra do ser humano – alicerçada necessariamente na Natureza e com ela desejavelmente coordenada – que o cubo também configura; essa relação natural/artificial e o seu possível equilíbrio são poetizados através da presença das pombas, seres alados que conseguem facilmente conviver com o ser humano em espaços urbanos, mantendo a liberdade. Apesar de ter sido colocado em 1983, a inauguração de O Cubo foi integrada na inauguração da renovada Praça da Ribeira, em Junho do ano seguinte, por altura das festas do S. João.
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HOM ENAGEM A JOAQU I M PEDRO D’OLIVEIRA MARTINS, 1995
Adossada ao muro da Casa da Pedra, na Rua de Águas Férreas no Porto, se encontra uma escultura de homenagem a Joaquim Pedro d’Oliveira Martins, encomendada pela Câmara Municipal do Porto e realizada em 1995, ano em que se completavam 150 anos após o seu nascimento e 101 após a sua morte. No muro da casa onde o historiador viveu, a obra evoca o seu pensamento ecléctico e o cruzamento de tendências filosóficas que articulou, nas linhas de bronze que se cruzam e sobrepõem, sugerindo um movimento ascendente, que algumas pombas acompanham.
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Homenagem a Oliveira Martins, 1995 Bronze Fotografia: Egídio Santos
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HOMENAGEM A MÁRIO CAL BRANDÃO, RUA RODRIGUES SAMPAIO, 1996
As pombas são um elemento iconográfico frequente na obra de José Rodrigues. A placa escultórica com elementos em baixo e alto relevos dedicada a Mário Cal Brandão, fundador do Partido Socialista Português, recorre à pequena ave, associada, neste caso, às folhas da acácia, símbolo do permanente, do imutável, de tradição maçónica. Está aplicada sobre o muro da fachada do nº 169 da Rua Rodrigues Sampaio, no Porto, local onde Mário Cal Brandão tivera escritório partilhado com o seu irmão Carlos Cal Brandão, com António Macedo e Eduardo Ralha. Esse escritório, designado pela PIDE como “A Toca”, era simultaneamente o local de encontro de intelectuais opositores ao regime e local de abrigo de todos os perseguidos.6 O Arquitecto João Rosado Correia dirigiu a preparação dos eventos que assinalaram os 70 anos de dedicação de Mário Cal Brandão aos ideais da Democracia e dos Direitos Humanos. No dia 24 de Fevereiro de 1996, pelas 12 horas, o Presidente da República descerrava a placa em bronze desenhada por José Rodrigues com a inscrição “Homenagem a Mário Cal Brandão Socialista Combatente pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
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Homenagem a Mário Cal Brandão, 1996 Bronze Fotografia: Maria Leonor Barbosa Soares
6 Por ocasião desta homenagem foi publicado o Livro Homenagem a Mário Cal Brandão: 70 anos ao serviço da Democracia e dos Direitos Humanos (1926-1996). Nessa obra, António de Almeida Santos explica que o escritório da rua Rodrigues Sampaio “(…) passou a ser ponto de convergência de rebeldes, local de asilo de perseguidos, manto protector de aflitos, íman de atracção da PIDE, que o privilegiava nos seus raids”. De pequena tiragem, este livro não se encontra facilmente. Agradeço ao Dr. Luciano Vilhena ter-me facultado a sua consulta e a informação complementar que me proporcionou. A Direcção artística da edição foi da responsabilidade de José Rodrigues.
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MONUMENTO AO GENERAL HUMBERTO DELGADO, PRAÇA DE CARLOS ALBERTO, 2008
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Monumento ao General Humberto Delgado, 2008 Bronze Fotografia: Egídio Santos
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ÍCARO, SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES, 1999
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ESCULTURAS EM ESPAÇOS PRIVADOS ACESSÍVEIS AO PÚBLICO NO INTERIOR
Coincidindo com as comemorações do segundo centenário do nascimento de Almeida Garrett e, desse modo, evocando e valorizando a sua contribuição para a legislação sobre a propriedade intelectual, foram inauguradas, no Porto, as novas instalações da Delegação do Norte da Sociedade Portuguesa de Autores. Ícaro foi o tema escolhido por José Rodrigues em resposta à encomenda de uma escultura para o local. O episódio descrito por Ovídio nas Metamorfoses, pode ser convertido em várias interrogações sempre actuais.
Ícaro, 1999 Delegação do Norte da Sociedade Portuguesa de Autores Varão de ferro, elementos cerâmicos Fotografia: Egídio Santos
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Tendo Teseu fugido do labirinto construído por Dédalo, o Rei Minos, descontente, mandou castigar Dédalo e seu filho, Ícaro, prendendo-os numa torre bem vigiada. Assim, Dédalo construiu dois pares de asas feitas de penas e cera para que os dois pudessem fugir voando sem passar pelos guardas. Antes de partirem, deu a Ícaro as indicações sobre os cuidados a ter durante o voo. Contudo, Ícaro não resistiu ao desejo de um voo mais alto e a cera que unia as penas das asas derreteu com o calor do sol. Da sua história nos fica a memória do arrojo, do atrevimento irreflectido mas, também, do sonho, maior do que a razão, que lhe causou a morte. Respondendo à aspiração, à liberdade, a inventividade, a determinação, a razão, o cálculo cuidado são valores associados a Dédalo, pai de Ícaro. Várias interpretações deste tema, por José Rodrigues, sugerem a fusão dos dois protagonistas. Dédalo e Ícaro sobrepõem-se e fundem os seus sentimentos nesta obra e nas esculturas expressionistas de 1964. A selecção e organização dos efeitos no metal, a escolha dos materiais com que se articulam, induzem considerações sobre as suas características que criam um tecido denso de informação visual e, por transposição, conceptual. Neste contexto, reconhecemos indicadores plásticos de conflito, que apoiam materialmente as sugestões de angústia, de desejo e consciência do perigo. Para a Escola das Virtudes, em 2006, José Rodrigues utiliza de novo varão de ferro. Mas, a composição inclui chapa e penas e uma menor área de ferro. Através da sugestão de leveza dos materiais, neste caso objectivamente menos pesados, e da luminosidade da chapa dourada, o escultor localiza-nos mais próximos do ponto de vista de Ícaro, da evasão ainda possível.
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ÍCARO, ESCOLA DAS VIRTUDES, PORTO, 2006
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Ícaro, 2006 Escola das Virtudes Varão de ferro, elementos de chapa e penas Fotografia: Egídio Santos
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MONUMENTO A FERREIRA DE CASTRO, FOZ DO DOURO, 1988
O primeiro monumento realizado por José Rodrigues foi dedicado a Ferreira de Castro. Encomenda da Associação Internacional dos Amigos de Ferreira de Castro, presidida por Eurico Alves, com a intenção de ser doada à cidade e colocada num espaço ajardinado que possibilitasse a proximidade e interacção com o observador, na Praça do Molhe, em Nevogilde, ou na Avenida de Montevideu. É constituído por um elemento paralelepipédico com médios e altos-relevos figurativos, apoiado em dois elementos lineares que se cruzam; reúne e articula três ideias fundamentais: o ser humano libertado, o drama da condição humana e a universalidade da obra de Ferreira de Castro. Uma figura independente, enfrenta a natureza selvagem, representada nos elementos vegetais, desbravando-a.
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Monumento a Ferreira de Castro, 1988 Bronze Fotografia: Egídio Santos
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MONUMENTO AO EMPRESÁRIO, PORTO, 1992
A água como forma, écran e metáfora é integrada também no Monumento ao Empresário, uma obra encomendada pela Associação Industrial Portuense e cuja inauguração, no dia 31 de Outubro de 1992, fez parte do programa de homenagem ao Empresário Português. Localizado no encontro da Av. Marechal Gomes da Costa com a Av. da Boavista, o conjunto escultórico foi pensado para proporcionar diferentes modos de fruição: ser observado rapidamente por quem o olha passando de automóvel, ser apreendido como um todo por quem se desloque a pé no seu perímetro, ou ser entendido na sua espacialidade interna e interacções de materiais (granito, mármore, vidro espelhado e água) por quem o atravessar. De facto, parte da experiência perceptiva proposta só se concretiza na aproximação. A composição organiza-se a partir de duas linhas ortogonais, dois caminhos que se cruzam sobre o espelho de água definindo trajectos que, materialmente, também se afirmam como reflectores. Essa cruz e o círculo em que se inscreve, com as subdivisões, evoca a Rosa dos Ventos. É proposta, desse modo, uma ligação com a memória dos descobrimentos, contendo, na simbologia implícita, a ideia da expansão que ecoa na forma da esfera. Como elemento estruturante, a cruz relaciona prismas que se projectam verticalmente e em redor, pelo efeito de reflexos do revestimento utilizado e dos espelhos de água nos quais assentam. A esfera-globo, revestida a mármore ruivina, apresenta-se aparentemente suspensa numa nuvem de água pulverizada. O contraste das zonas de superfície espelhada com as zonas de revestimento em granito rugoso, evoca o processo criação-projecção, sintetizando as etapas de desbravamento, concretização e repercussão, inerentes
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Monumento ao Empresário, 1992 Granito, mármore, vidro espelhado e água Fotografias: Egídio Santos/Maria Leonor Barbosa Soares
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a qualquer projecto. Era intenção do escultor que esse espaço fosse articulado com toda a praceta e se tornasse um lugar de encontro ou de convívio. No dia 13 de Julho de 1993, a AIP ofereceu o Monumento ao Empresário à Câmara Municipal do Porto.
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PANTERAS, ESTÁDIO DO BESSA, 2001
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Panteras, 2001 Bronze, Aço e Cerâmica Fotografia: Egídio Santos
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FEIXE, PORTUGAL TELECOM, PORTO, 1989-90
Sintetizando conceitos associados às telecomunicações – feixe hertziano, fluxo, emissão, percurso… - José Rodrigues projectou, para a Portugal Telecom, uma obra em coerência, na estrutura linear, com a fachada do edifício com a qual se relaciona.
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Feixe, 1989-90 Aço inox Fotografia: Egídio Santos
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Dinamizando o espaço e ambientando a entrada das instalações da PT na rua Tenente Valadim, no Porto, a escultura Feixe é constituída por dois conjuntos de tubos de aço inox que desenham no espaço curvaturas em direcções ascendentes divergentes. A estrutura tem subjacente a ideia de ductilidade e a qualidade reflectora da superfície polida do aço engloba, também, a ideia de difusão. A definição linear e a limpidez de contorno que o material evidencia subentendem conotações associadas a noções de qualidade da propagação e transmissão do sinal; o paralelismo dos tubos de aço é indicador da noção de sincronia; potência versus interrupção/ desvanecimento estão presentes no seccionamento abrupto das estruturas. A obra faz parte de um conjunto de quatro trabalhos realizados para este edifício, inaugurado em 9 de Março de 1990, que inclui mais duas peças escultóricas (no muro de uma das fachadas do edifício uma composição abstracta que alude ao tema dos códigos e padrões de sinais de comunicação; uma escultura vegetalista que se encontra no interior, no hall) e um painel cerâmico.
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ADN, HOSPITAL DE MAGALHร ES LEMOS, 1970
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ADN, 1970 Liga metรกlica Fotografia: Maria Leonor Barbosa Soares
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O OBELISCO, FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO, 1974
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O Obelisco, 1974 Aço e bronze Fotografia: Egídio Santos
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ANJO PROTECTOR DA CIDADE, MERCADO ABASTECEDOR DO PORTO, 1993
O Anjo Protector da Cidade foi o tema que José Rodrigues escolheu quando convidado para realizar uma obra escultórica para o Mercado Abastecedor do Porto. Apesar das condições particulares decorrentes do movimento e azáfama diária de veículos e pessoas, o Conselho de Administração do MAP resolveu criar uma nova valência neste espaço e proporcionar aos seus utentes o encontro com um conjunto de obras de arte realizadas por artistas com ligação à cidade, factor que contribuiu para a ampliação dos registos significativos. A escultura de José Rodrigues foi a primeira desse conjunto, colocada em 1993 no arruamento principal, num elemento separador e organizador do trânsito, ajardinado, em frente ao edifício dos Serviços Administrativos. Conferindo ao anjo forma feminina, pela primeira vez, numa escultura para um espaço público, este episódio inaugural no percurso do escultor documenta algumas decisões interpretativas que retomará mais tarde (lembramos A Fonte da Sabedoria), como o vestido drapeado que a aragem cola ao corpo e a associação a um elemento vegetalista em particular. O Anjo Protector, elemento de tranquilidade neste envolvente agitado, apresenta alguns frutos a quem passa, numa atitude delicada, como anunciando uma das áreas de maior expressão do mercado. Gustavo Bastos é o autor da segunda obra colocada, em 1994, dedicada ao tema Agricultura. É, também uma obra figurativa, uma representação sintética de dois camponeses que vindo do campo, se ajudam, mutuamente, no transporte de um cesto carregado. As duas outras esculturas são da autoria de Zulmiro de Carvalho e de Armando Alves. Zulmiro de Carvalho evoca o Comércio numa composição abstracta, datada de 2001, que cruza dois prismas triangulares, em aço inoxidável, contendo subjacentes, as noções de encontro, paragem e prossecução
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Anjo Protector da Cidade, 1993 Bronze Fotografia: Egídio Santos
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do rumo. A escultura de Armando Alves, Evocação do XX Aniversário do MAP, em 2008, alude às noções de estruturação e de acção conjunta. Foram realizados cem múltiplos inspirados em cada uma destas obras. A versão de pequena dimensão de O Anjo Protector da Cidade, apresenta alterações nas proporções, na configuração do rosto e na atitude.
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MEMORIAL A EUGÉNIO DE ANDRADE, PASSEIO ALEGRE, 2005
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Memorial a Eugénio de Andrade, 2005 Bronze sobre granito Fotografias: Egídio Santos/Maria Leonor Barbosa Soares
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ARTE PÚBLICA DO ESCULTOR JOSÉ RODRIGUES LOCALIZADA NA CIDADE DO PORTO 1. Esculturas em Bronze e Ferro de várias fases do Mestre Fábrica Social – Fundação Escultor José Rodrigues Rua da Fábrica Social s/n, Porto. 2. O Guardador do Sol e a Menina Avenida Rodrigues de Freitas – Faculdade de Belas Artes do Porto. 3. Monumento a D. António Barroso Rua de Saraiva de Carvalho – Largo 1º de Dezembro. 4. Homenagem ao Duque da Ribeira Cais da Ribeira. 5. O Cubo Praça da Ribeira. 6. Homenagem a Joaquim Pedro de Oliveira Martins Rua de Águas Férreas. 7. Homenagem a Mário Cal Brandão Rua Rodrigues Sampaio. 74
8. Monumento ao General Humberto Delgado Praça de Carlos Alberto. 9. Ícaro Rua de D. Manuel II – Sociedade Portuguesa de Autores. 10. Ícaro Escola das Virtudes, Porto. 11. Monumento a Ferreira de Castro Avenida D. Carlos I – Foz do Douro. 12. Monumento ao Empresário Avenida da Boavista/ com Avenida Marechal Gomes da Costa. 13. Panteras Rua O 1º de Janeiro – Estádio do Bessa. 14. Feixe Rua de D. João de Deus – Edifício da PT Comunicações.
15. ADN Hospital de Magalhães Lemos. 16. O Obelisco Faculdade de Economia da Universidade do Porto. 17. Anjo Protector da Cidade Mercado Abastecedor do Porto. 18. Memorial a Eugénio de Andrade Passeio Alegre.
Fotografia: Júlio de Matos
JOSÉ RODRIGUES Nasceu em Luanda em 1936. Formado em Escultura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Foi fundador e Presidente da Direcção da Cooperativa Árvore, Porto. Condecorado, em 1994, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Já executou mais de 100 medalhas para diversas entidades. Encenou várias peças de teatro em Portugal e no estrangeiro. Colabora com poetas e escritores na ilustração de livros. Tem realizado vários monumentos e esculturas em Portugal e no
estrangeiro: Paços de Ferreira, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Porto, Viana do Castelo, Vila do Conde, Ovar, V. N. Cerveira, Barcelos, Bragança, Valença, Fátima, Macau, New Bedford, Brasil (Recife). Expõe individualmente desde 1964. Participa, desde 1973, em várias exposições colectivas em Portugal e no Estrangeiro nomeadamente em S. Paulo, Viena, Madrid, Veneza, Budapeste, Washington, Índia, Porto, Lisboa, Bremen, Düsseldorf, Kassel, Caminha, Luxemburgo.
espaço cénico realizado em Lisboa (1972); Prémio de Escultura da Bienal de Vila Nova de Cerveira (1980); Prémio Soctip “Artista do Ano” (1990); Prémio “Tendências de Arte Contemporânea em Portugal” atribuído pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira (1994); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2010). Está representado em várias colecções particulares e museus, no país e no estrangeiro.
Prémios Prémio Amadeo Souza-Cardoso; Prémio da Imprensa pelo melhor 75
NOTAS BIOGRÁFICAS
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LAURA CASTRO
MARIA BOCHICCHIO
Doutorada em Arte e Design pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (2010); Mestre em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1993); Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1985). Directora da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, onde leciona, e investigadora do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR) da mesma Escola. Entre o início da década de 90 e 2006 trabalhou em museus. Publicou artigos e livros sobre arte dos séculos XIX e XX e numerosos ensaios em catálogos de exposições. Membro da Associação Portuguesa de Historiadores de Arte e da Associação Internacional de Críticos de Arte. Presidente do Círculo de Cultura Teatral/ Teatro Experimental do Porto.
Filóloga. Doutorada em Literatura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Lecciona na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Dedica-se à investigação da Literatura Portuguesa Moderna/ Filologia, no tocante à “crítica das variantes e à crítica genética”, com relevo para o século XX e para a edição crítica de textos. Além do italiano, português, francês, hebraico e grego bíblico, o seu trabalho combina-se com outros domínios como a poética, a tradução, a linguística, o ensaio literário, a entrevista e a divulgação. Publicação de monografias e trabalhos académicos em revistas universitárias, textos na comunicação social, intervenções de natureza cultural junto de instituições suíças, francesas, portuguesas e italianas: Faculté de Lettres de l’Université de Genève, Faculté de Lettres de l’Université de Paris, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Vice-presidente da Associação Dante Alighieri Portugal e responsável pela sua programação cultural. Neste momento, com uma bolsa de pós-doutoramento da FCT, para apoio aos trabalhos de investigação na área da Literatura Portuguesa a decorrer, está a preparar a edição crítica e estudo das obras completas de Carlos Queiroz.
MARIA LEONOR BARBOSA SOARES
EGÍDIO SANTOS
ÁGATA RODRIGUES
Professora Auxiliar do Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, docente dos cursos de História da Arte (1º, 2º e 3º Ciclos) e diretora do curso de 1º Ciclo em História da Arte.
Com o curso de Fotografia da Escola Superior Artística do Porto, Egídio Santos tem uma carreira de 25 anos repartida entre o fotojornalismo e a fotografia de autor
Nasceu no Porto em 1971, sendo a filha mais velha do escultor José Rodrigues.
Licenciada em História - Variante Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1992), com o grau de Mestre (1997) e o grau de Doutor (2010), pela mesma Faculdade, ambos na área científica de História da Arte Portuguesa (investigação em Arte Contemporânea). Investigadora do CITCEM-Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória». Membro do GI Memória, Património, e Construção de Identidades.
Área privilegiada de investigação: Práticas Artísticas Contemporâneas.
Representado nas colecções do Centro Português de Fotografia e Museu do Douro. Fotografou para dezenas de livros com destaque para: “Sogrape, uma história vivida”, Campo das Letras, 2003; “Cister no Vale do Douro”, ed. Afrontamento, 1999; “Autour du Porto”, ICEP, 1997; “O Tempo da Festa”, CRAT, 1997; “A Região Vinhateira do Douro” – Ed. Afrontamento, 2013; “O Porto e as Igrejas” – Câmara Municipal do Porto. Participou em 30 exposições individuais e colectivas com destaque para: “Rostos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo” – Porto, 2014; Viana do Castelo, 2014; Coimbra, 2014; Barreiro, 2014; Ílhavo, 2015; “Os Bairros do Porto” – Porto, 2015; “6x2”, José Rosinhas Art Gallery Wall, Fundação Escultor José Rodrigues, 2015; “O Porto e as Igrejas”, Câmara Municipal do Porto, 2015.
Licenciada em Biologia Vegetal Aplicada, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Mestre em Biotecnologia pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. Pós-Graduação em Ecologia Aplicada pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Até 2013 exerceu a função docente no Ensino Superior privado. Actualmente dirige a Fundação Escultor José Rodrigues como Directora Executiva das várias valências institucionais, nomeadamente, a articulação entre as várias exposições ao longo do ano, assim como os protocolos com parcerias públicas e privadas. Responsável pela programação da Fundação. Coordenadora Cultural das actividades desenvolvidas pela Associação Cultural do Convento de San Payo, em Vila Nova de Cerveira.
www.egidiosantos.com
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GRAÇA MARTINS
TAMI ITABASHI
ALFREDO VIEIRA
Licenciatura em Design/Arte Gráfica pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto. Curso de Modelista/Estilista da escola Ars Utória de Milão, Itália.
Nasceu a 13 de outubro de 1979 em Yokohama, Japão e mudou-se para o Porto em 1989, onde reside atualmente.
Nasceu no Porto, em 1946. Foi desde 1987 cooperante e director da Árvore – Cooperativa de Actividades Artísticas e da UNINORTE – União das Cooperativas da Região Norte.
Expõe individualmente desde 1977, sendo as últimas: 2002 - 25 Anos de Pintura, Galeria Alvarez, Porto. 2004-Sleeping Beauty, Galeria São Mamede, Lisboa. 2006 – Photoshop, Galeria Símbolo, Porto. 2010 – Broken Hearts Bloody Hearts , Galeria João Pedro Rodrigues, Porto. 2011 – Broken Hearts Bloody Hearts, Galeria AMIarte, Porto. Participa desde 1977 em exposições colectivas em Portugal e no Estrangeiro. PRÉMIOS 1990 1º Prémio Nacional de Desenho, Bicentenário da Invenção do Lápis, Árvore, Porto 2002 Duas Menções Honrosas a Pintura, VII Bienal de Artes Plásticas Cidade de Montijo- Prémio Vespeira, Montijo. ACTIVIDADE GRÁFICA e RETRATOS Desde 1979 colabora com poetas, escritores e editoras, realizando capas, ilustrações de livros e retratos de escritores. Representada em Colecções Particulares e Instituições. Museu de Arte Contemporânea de Serralves e Fundação Escultor José Rodrigues, Porto.
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Em 2004 conclui a Licenciatura em Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Porto. Trabalha como designer freelancer, e paralelamente, exerce atividade profissional como docente das disciplinas da área artística. Juntamente com quatro sócios de diferentes ramos artísticos, foi fundadora e galerista da Galeria Pentágono no circuito Miguel Bombarda no Porto. Em 2015 concluiu o Curso Profissional de Fotografia no Instituto Português de Fotografia no Porto.
Desde 1987 acompanha o Mestre José Rodrigues e realizou várias viagens pelo mundo cultural. (Escultor que cultivou sempre uma esperança que não abandona os dramas do mundo). Presidente da Associação Cultural de S. Paio. Presidente do Conselho Fiscal da Fundação Escultor José Rodrigues. Membro da direcção da Porta Treze – Associação Poética de Todas as Artes. Tem sido curador de várias exposições realizadas no país e no estrangeiro de autoria de Escultor José Rodrigues.
DIRECÇÃO DO PROJECTO Ágata Rodrigues Directora Executiva da Fundação Escultor José Rodrigues Graça Martins Artista Plástica e Curadora LIVRO Coordenação editorial e concepção gráfica Graça Martins Tami Itabashi Texto Laura Castro Maria Bochicchio Maria Leonor Barbosa Soares Fotografia Alfredo Vieira Egídio Santos Graça Martins Júlio de Matos Maria Leonor Barbosa Soares Nelson D’Aires - foto de Maria Bochicchio ISBN 978-989-20-6797-1 Depósito Legal
Impressão Greca Artes Gráficas Tiragem 1500 exemplares Outubro de 2016 Patrocinio
Colecção ASA DE ANJO Fundação Escultor José Rodrigues Rua da Fábrica Social, s/n 4000-201 Porto Tel: 223395120/927508712 geral@fejoserodrigues.pt/fundacaojoserodrigues@gmail.com Este livro não respeita o novo acordo ortográfico excepto no texto “A MENINA, FACULDADE DE BELAS ARTES, PORTO, 1972” de Leonor Barbosa Soares e na nota biográfica da autora.
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JOSÉ RODRIGUES
JOSÉ RODRIGUES Esculturas na cidade do Porto
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Esculturas na cidade do Porto ASA DE ANJO
Laura Castro • Maria Bochicchio • Maria Leonor Barbosa Soares