Revista Rede Imobiliária - julho / agosto 2014

EDIÇÃO COMEMORATIVA DE 8 ANOS

REDE IMOBILIÁRIA CAMPINAS

revista

redeimobiliária campinas

ANO 4 EDIÇÃO 17 JULHO / AGOSTO DE 2014

INVENTÁRIO

IMOBILIÁRIO

VEJA DICAS DE ESPECIALISTA

CASA PRÓPRIA

A PALAVRA DE ORDEM É INDEPENDÊNCIA QUANDO O ASSUNTO É IMÓVEL

E S P E C IA L

IMÓVEIS COM EXCLUSIVIDADE

CONFIRA CASAS, APARTAMENTOS E TERRENOS

DAS MELHORES IMOBILIÁRIAS DE CAMPINAS E REGIÃO

ARTIGO

Produtividade já!

Foto: Ricardo Correa.

E

“O desafio é compreendê-las, separar o importante do irrelevante e conectá-las. Em outras palavras, ensinar e treinar atitudes e métodos. Empreendedorismo e proatividade, por exemplo, deveriam fazer parte do currículo básico.”

Ricardo Amorim Apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro entre os melhores e mais importantes palestrantes mundiais segundo o Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com. www.ricamconsultoria.com.br/ palestras@ricamconsultoria.com.br

m média, cada trabalhador brasileiro é hoje menos produtivo do que há 3 décadas. Como consequência, a produtividade nos EUA é cinco vezes maior do que no Brasil. Em outras palavras, para fazer a mesma tarefa que um trabalhador americano executa sozinho, necessitamos de cinco trabalhadores brasileiros.

Três causas explicam nossa baixíssima produtividade. A mais importante e óbvia é a péssima qualidade da educação no país. Nosso currículo básico contém disciplinas demais, que não chegam a ser aprendidas e, mesmo quando são aprendidas, quase nunca chegam a ser usadas na vida fora das escolas. Enquanto isso, a maioria dos brasileiros não aprende o básico. Segundo o Banco Mundial, entre 148 países, estamos em 136º em qualidade de ensino de matemática e ciências, sem falar nas dezenas de milhões de analfabetos funcionais e analfabetos financeiros. Por que não focar em disciplinas que todos usarão, como comunicação, compreensão de texto, aritmética e matemática financeira básica?

Além disso, nosso ensino está voltado para o mundo do passado, onde as informações eram escassas. Hoje, ao contrário, informações são livremente disponíveis. O desafio é compreendê-las, separar o importante do irrelevante e conectá-las. Em outras palavras, ensinar e treinar atitudes e métodos. Empreendedorismo e proatividade, por exemplo, deveriam fazer parte do currículo básico.

Recebendo estudantes mal preparados,

as empresas tentam suprir as lacunas. O sistema S faz um belo trabalho em formar profissionais voltados para a realidade do mercado de trabalho, mas sua escala é insuficiente. A Alemanha, um dos países mais produtivos e inovadores do mundo, tem exatamente no ensino técnico a base de seu sucesso.

A segunda razão para a baixa produtividade brasileira é o baixo grau de mecanização, automação e investimentos em software e hardware. Além de, em geral, ser mal qualificada, nossa mão de obra, normalmente, carece de equipamentos e instrumentos que poderiam aumentar sua produtividade. Historicamente, mão de obra era barata e máquinas muito caras por aqui, mas um encarecimento da mão de obra não acompanhado por alta semelhante da produtividade dos trabalhadores mudou esta realidade nos últimos anos.

Por fim, excesso de burocracia e regulamentação governamental atravancam o país e reduzem nossa produtividade.

Segundo o Banco Mundial, o Brasil é o 2º país onde a regulamentação governamental é mais custosa em todo o planeta.

Em resumo, para crescer mais rápido o Brasil precisa de um choque de produtividade que só será possível com uma revolução em nosso sistema educacional, grandes investimentos em automação e infraestrutura e um grande esforço de desburocratização.

Este artigo foi publicado originalmente na revista Man Magazine.

julho / agosto 2014 | 03

Sumário

www.redecampinas.com.br Edição 17 | Ano 4 | julho / agosto de 2014

Foto:Carlos Bassan

CONDOMÍNIO NA PONTA DO LÁPIS

#18

Rede Imobiliária Campinas #12

Grupo festeja oito anos de história no mercado imobiliário

Inventários Imobiliários #28 Manejo de transferência de propriedade exige habilidade na tomada de decisão

Atualidades do setor #08

04 | Revista da Rede

Crise hídrica #22

Campinas intensifica ações

Compra-se o bem para fazer o futuro #46 Independência é a palavra de ordem quando o assunto é imóvel

Artigo #50 Por que não há bolha imobiliária

Energia com moderação #44 Detalhes técnicos fazem a diferença se a intenção é contribuir com o bolso e o planeta

R

evitalizar os centros urbanos é uma tendência que se verifica mundo afora. Em Campinas, não é diferente. Basta percorrer as ruas, desde a região da antiga estação ferroviária, passando pela antiga rodoviária e chegando até a Catedral, para obsevar o descaso com nossa história e a depauperação da área central, onde se proliferam prostíbulos e “bocas de fumo”.

As administrações públicas que se sucederam há mais de meio século simplesmente fecharam os olhos à degradação do centro da cidade. A nova administração tem a grande chance de mudar esta triste história.

A diretoria da Rede Imobiliária Campinas tem se posicionado pela necessidade de um projeto de revitalização, que contemple alguns aspectos que julgamos importantes, para que tenha sucesso. Avaliamos que isso passa por um incentivo tributário, como por exemplo, a diminuição no valor do IPTU para aqueles que revitalizarem seus imóveis, para incorporadores que desejem empreender e para comerciantes, que queiram se instalar nessas regiões.

Para que o centro se torne atrativo, além da revitalização de prédios, é de suma impor-

É uma publicação bimestral da Rede Imobiliária Campinas. Distribuída gratuitamente, com design e conteúdo desenvolvidos pela Gracioli Editora. Tiragem: 20.000 exemplares COMISSÃO EDITORIAL Rede: Rodrigo Otávio Coelho de Souza Gracioli: Cristiane Gracioli / Juliano Sanches

tância criar facilidade de mobilidade para os cidadãos, através de transporte público de qualidade e, sobretudo, garantir a segurança da população. Desta forma, novos empreendimentos residenciais e corporativos poderão surgir na área central, recuperando, assim, a história e a cultura de nossa cidade.

Na questão da mobilidade, grandes metrópoles têm apresentado soluções integradas, tais como metrô, ônibus, trens intermunicipais, garagens subterrâneas e incentivo a ciclovias. São ações que criam estímulos para resgatar a qualidade de vida das pessoas, que escolhem o centro, seja para trabalhar ou para morar.

Um projeto de revitalização deve ser antecedido por um “master plan” e não com ações pontuais. O poder público, sem dúvida, não conseguirá realizar essa transformação sozinho. É preciso o engajamento da população e o estímulo às parcerias público-privadas. É necessário ouvir a população que ainda mora nessas áreas degradadas e entender o que pode ser feito para desencadear um movimento inverso e positivo de recuperação da área central, sem, contudo, excluir ou elitizar as regiões a serem recuperadas.

FOTO: Roncon&Graça Comunicações

Editorial Revitalizar é bom para todos

Entendemos que, paralelo a esse projeto de revitalização, é urgente a revisão da legislação sobre o uso e a ocupação de solo de Campinas. Temos uma legislação retrógrada e defasada, que não se coaduna com a realidade dos habitantes de uma cidade do século 21. Atualmente, existem bairros que, de fato, são comerciais, porém de direito residenciais. É certo que a Prefeitura e a Câmara Municipal têm sugerido algumas adequações pontuais no zoneamento de Campinas, mas avaliamos que isso não basta. A cidade necessita de uma revisão geral em seu Plano Diretor. Uma nova legislação para o uso e a ocupação do solo de Campinas representaria um passo importante, para um crescimento ordenado da cidade e, por certo, contribuiria para o desenvolvimento mais harmônico, evitando-se essas distorções urbanas, que dilapidam os espaços públicos e afugentam a população da área central da cidade.

Rodrigo Coelho de Souza é presidente da Rede Imobiliária Campinas. executivo@redeimobiliariacampinas.com.br.

EDITORA Cristiane Gracioli cris@gracioli.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL, TEXTOS E REPORTAGENS Juliano Sanches - MTB: 52700/SP redacao@gracioli.com.br REVISÃO Kátia Lima - MTB: 39439/SP DEPTO. COMERCIAL E PUBLICIDADE Gracioli Comunicação LTDA. contato@gracioli.com.br - (19) 3201-5715.

PRESIDENTE: Rodrigo Otávio Coelho de Souza

executivo@redeimobiliariacampinas.com.br VICE-PRESIDENTE: Manoel Omati Duarte DIRETOR TESOUREIRO/FINANCEIRO: Neiva Sueli Pivetta DIRETOR SECRETÁRIO: Carlos Francisco N. Valverde Rodrigues

Rua Dr. Guilherme da Silva, 413 - Cambuí - Campinas - SP | F: (19) 3254.0815 | redecampinas.com.br 06 | Revista da Rede

NEWS

Foto: Divulgação

Atualidades do setor

Construção Civil divulga panorama de custo

08 | Revista da Rede

S

egundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o custo no canteiro de obras teve média de 0,58% em julho. A amostragem faz parte de um balanço realizado pela Caixa Econômica Federal. Por m², o custo transitou de R$ 891,73 para R$ 896,88. Do total, R$ 490,65 são relativos aos insumos e R$ 406,23 à mão de obra. As exigências que normati-

zam a contratação, presentes em questões burocráticas de folha de pagamento e prestação de contas, tornam-se obstáculos no momento de se pensar na ampliação do número de projetos desenvolvidos pelas empresas. Os incorporadores buscam mais atenção por parte do poder público, para que haja uma flexibilização da legislação, em favor de atender aos interesses das lideranças do segmento.

ATUALIDADES DO SETOR RJ TEM CRESCIMENTO SUBSTANCIAL DE IMÓVEIS De janeiro a maio de 2014 na cidade, houve uma elevação de 15%, ante o ano passado. O surgimento de novos empreendimentos aumentou 72%. A iniciativa de revitalização, conhecida como Porto Maravilha, atrai os holofotes para a região central. A metrópole tem o m² mais caro do Brasil, R$ 10.648 AGENDA DO SETOR

Vida profissional e liderança

O Campinas realiza intervenções na Glicério

Legislação estuda desconto de veículo para corretores

Iniciativa busca dar visibilidade à paisagem urbana

Objetivo é aperfeiçoar pacote de atrativos para a categoria

A

Prefeitura de Campinas iniciará em 2014 um pacote de revitalização na Avenida Francisco Glicério, com a motivação de gerar uma estrutura em conformidade com as necessidades de quem se desloca pela extensão. O projeto faz parte de uma série de ações dirigidas, entre elas, o aterramento da fiação entre a Orosimbo Maia e a Aquidabã. Os patrimônios históricos terão incentivo ao turismo.

A

Câmara Federal dos Deputados debate o projeto de lei, nº 6.225, relativo à isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na aquisição de automóveis originados no Brasil. Para ser inserido no programa, é necessário que o profissional cumpra todas as exigências regulares dos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECIs). Vale a pena se ater aos trâmites exigidos.

curso “Desenvolvimento Pessoal”, ministrado pela professora Adriana Alcino Duarte, realizado até 24/09, das 8 às 12h, na sede da Rede Imobiliária Campinas, por meio das Faculdades de Campinas (FACAMP), reúne gerentes interessados em novas estratégias de gestão de pessoas. Uma vaga por empresa associada. www.facamp.com.br

No mundo dos negócios, vença em cada desafio

A

palestra “Motivação”, realizada no dia 28/08, no auditório da Facamp, ministrada pelo professor André Ortiz, em homenagem ao Dia do Corretor e à Rede Imobiliária Campinas, comemorado em 27/07, será um momento oportuno para discutir talentos e competências. São dez vagas por associada, direcionadas apenas aos corretores cadastrados. www.facamp.com.br

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Especial 8 anos

Rede festeja oito anos de história

Três presidentes, com um legado ímpar para o município, contam os motivos que fazem os associados da Rede Imobiliária Campinas serem os ídolos de um time forte e criativo

Luiz Bueno da Costa

Um dos fundadores e 1º presidente da Rede Imobiliária Campinas, com gestão em 2006-2007

Como se deu a criação da Rede Imobiliária Campinas? Há oito anos, havia um desejo muito grande das imobiliárias em aumentar suas vendas, pois o mercado havia ficado aquecido, ao mesmo tempo em que crescia o número de lançamentos, e começavam a chegar na cidade as grandes imobiliárias de São Paulo, colocando em disputa todo o mercado, até então, liderado por poucas imobiliárias de Campinas. A união das imobiliárias locais seria uma forma de se lutar e fazer frente a essa nova situação do mercado dirigido, pois os concorrentes eram fortes. A Rede surgiu 12 | Revista da Rede

Rodrigo Coelho de Souza

Gestão em 2008-2009, 2010 e 2011. Atual, 2014-2015 Como a internet e as mídias sociais contribuíram com a evolução do relacionamento da Rede Imobiliária Campinas com o cliente? A internet revolucionou a economia mundial. Com os imóveis, não foi diferente. Atualmente, os clientes têm acesso a muitas informações rapidamente.

A facilidade na busca de imóveis, através de sucessivos filtros, propiciou ao consumidor muito mais agilidade, e a possibilidade de fazer comparações de preços e regiões. A Rede Imobiliária Campinas tem uma preocupação constante em manter esse canal de comunicação sempre atualizado. Em breve, teremos um novo site, muito mais eficaz e moderno. Com relação às redes sociais, é importante interagir com os usuários, porém, é preciso encontrar o equilíbrio para que não sejamos invasivos. Nem todo o internauta gosta de receber propagandas ou mensagens institucionais. Nossa política na Web é de prestação de serviços, através da divulgação de notícias inerentes ao setor.

De que maneira a Rede tem se preocupado com a formação continuada dos colaboradores? A Rede Imobiliária Campinas

dessa necessidade de nos fortalecermos diante dos concorrentes que aqui chegavam. E, assim, nasceu a Rede Imobiliária Campinas Secovi, que teve esse nome em função de uma parceria feita com esse órgão.

pois, com a chegada a Campinas de grandes empresas, todos temiam perder posições nesse mercado. E, hoje, temos a certeza de que a Rede consolidou os negócios locais, de uma maneira competitiva e inteligente.

Qual foi o principal objetivo em reunir empresas, até então concorrentes?

A criação de uma Rede que viesse a trabalhar com exclusividades iria, sem dúvida alguma, dar a todos os empresários, que dela participassem, a certeza da continuidade de suas atividades,

O que mudou desde a fundação da Rede, no que se refere à relação entre as associadas?

Muitas coisas mudaram com a criação da Rede. Houve uma aproximação das imobiliárias locais, a parceria se tornou constante em nossos negócios, aumentando o relacionamento entre os asso-

criou um programa de desenvolvimento continuado, que consiste em oferecer às empresas associadas, seus corretores, diretores e funcionários, cursos de aperfeiçoamento profissional. Como o próprio nome diz, o programa é contínuo e não tem previsão de término. Os temas são os mais variados, tais como avaliação de imóveis; direito imobiliário; fotografia; relações interpessoais; motivação, entre outros. O objetivo é manter os profissionais sempre atualizados e oferecer àqueles que acabam de entrar no mercado as ferramentas necessárias para uma intermediação imobiliária segura e de qualidade.

Quais as metas da Rede para os próximos anos?

Nossa meta é crescer com qualidade. Desejamos atingir o número de 40 associadas nos próximos cinco anos.

Porém, este crescimento deve ser criterioso, para que não percamos a nossa essência. É fundamental que cada nova associada agregue valores à Rede e que comungue dos mesmos ideais éticos.

Além disso, pretendemos ampliar nossa representatividade no setor imobiliário e expandir nossa atuação para a RMC.

ciados. Passamos a nos interagir muito melhor, pois sequer nos conhecíamos.

O respeito passou a fazer parte de nosso convívio, o mercado se organizou muito melhor com a exclusividade compartilhada, hoje ainda a melhor opção de venda e locação. Podemos dizer, com muita convicção, que o mercado se tornou organizado, ético e transparente, muito melhor para os clientes que a utilizam, pois terão a garantia de um trabalho mais profissional, por meio da participação de cada associado. A Rede Campinas foi um divisor de águas muito bom para Campinas. julho / agosto 2014 | 13

ESPECIAL 8 ANOS

UMA REDE PARA FAZER O MELHOR NEGÓCIO MAIOR ABRANGÊNCIA

A REDE possui 24 imobiliárias associadas, que juntas representam mais de 40 pontos de venda, com profissionais preparados para prestar assessoria necessária em todas as fases da negociação.

Assim, há o suporte necessário para viabilizar a compra, venda ou aluguel. www.redecampinas.com.br

CONFIANÇA

As imobiliárias associadas à Rede estão entre as mais conceituadas e são referência no mercado. Tranquilidade e segurança para quem procura ou anuncia imóvel.

IMOBILIÁRIAS ASSOCIADAS: Bauer Imóveis; Cappucci&Associados; Chiminazzo Imóveis; CMB Imóveis; Coelho de Souza Inteligência Imobiliária; Criar Soluções Imobiliárias; De Lucca Imóveis; Galante Imóveis; H Brasil Especialista em imóveis; Hideal Imóveis; Hm&Polo consultoria imobiliária; Imobiliária Campinas - Bonon & Amaral; Ismê Assessoria imobiliária; Lopes, Madia imóveis; Piccoloto Imóveis; Prado Gonçalves; Provectum Imóveis; Santiago Imóveis; Santoro Coelho Imóveis; Segurança Imóveis; Start Negócios imobiliários; Grupo Valverde Newcomers soluções imobiliárias; Vide Imóveis.

Antonio De Lucca Junior Gestão 2012-2013

Como você avalia o papel da Rede em sua gestão?

Os resultados ficaram impressos no dinamismo de nossas ações, como no caso da realização de cursos, em que pudemos elucidar formações e eventos em negociação, avaliação em imóveis, gestão de equipes, urbanismo, entre outras temáticas de grande relevância para o município.

Durante o seu mandato, qual foi o impacto da crise política, pela qual passou a cidade de Campinas?

A crise política foi a página trágica da história de Campinas. Peguei o fim de um governo que foi destituído, e o início de um outro.

Fora isso, a crise na área de lançamentos das grandes construtoras nos mobilizou para novos ideais e desafios.

14 | Revista da Rede

Qual a importância da exclusividade compartilhada, praticada na Rede Imobiliária Campinas, em sua visão?

Uma única imobiliária será responsável pela venda. Todas as empresas da Rede trabalham conjuntamente. Centenas de profissionais trabalham em sinergia.

O processo é sempre realizado pela mesma empresa, por meio da parceria. A participação no mercado remonta ao início dos nossos trabalhos, em 2006, quando tivemos uma importante virada de mesa no fluxo de negócios empreendidos. Na amostragem atual, 60% das transações mais relevantes do mercado local (com montantes acima de R$ 2 milhões) são realizadas por mediação do Grupo. Em locações, as representantes correspondem a 70% da fatia de operações imobiliárias (mais de R$15 mil). Nós administramos 30% de todas as esferas locais do segmento.

FINANÇAS

Condomínio na ponta do lápis

Transparência em orçamento de condomínios é prioridade

Demonstrar interesse por todas as estratégias promovidas no condomínio sinaliza uma condição de atenção ao controle interno 18 | Revista da Rede

A

aproximação de pessoas em compartilhamento de uma mesma área comum, ou seja, em condomínios, é uma tendência mundial. Mas, para isso, é necessário que todos os moradores de um empreendimento entendam a sistemática das cobranças de taxas condominiais e das regras de convivência, de modo a favorecer um relacionamento saudável.

CONTROLE DE CUSTOS

Para enxugar o orçamento, deve-se ter uma equipe otimizada de funcionários, evitar a geração de pagamento de horas extras, optar por colaboradores que residam em proximidade com o empreendimento, ter uma negociação eficiente com fornecedores, estabelecer vínculos com empresas prestadoras de serviços de manutenção, realizar vistorias contínuas, contar com materiais de limpeza de alta qualidade, reparar vazamentos, uso racional do elevador e do consumo de água e energia elétrica. A especialista em administração de condomínios, Cláudia Brandão, conversa com a Redação a respeito das particularidades recorrentes na gestão.

Como a fiscalização dos serviços realizados internamente, por parte do condômino, contribui com o aprimoramento do fluxo de relações?

Normalmente, coabitam em um mesmo condomínio pessoas com as mais diversas formações, pessoais ou profissionais, as quais poderiam auxiliar muito o síndico em sua administração. Na mesma comunidade, encontramos, muitas vezes, engenheiros, advogados, economistas, psicólogos, entre outros, que, sem dúvida, poderiam, com suas experiências específicas, contribuir muito com a administração e a convivência condominial. Ocorre que, infelizmente, nossa cultura de relacionamento em comunidade ainda tem muito a evoluir. Prova disso são as ‘guerras’ pelo poder dentro do condomínio, que têm como principal

Custos em condomínios são eliminados por meio de uma gestão eficaz, com um relacionamento permanente entre síndico e condôminos

julho / agosto 2014 | 19

FINANÇAS

COMO ENTENDER A FORMA DE RATEIO E DESCRIÇÃO DO MONTANTE?

C

om base na lei 4.951/64, a metragem da área privativa do imóvel, conhecida como fração ideal, determina a proporcionalidade correspondente a cada unidade, que é a base do cálculo da taxa condominial.

Por exemplo: as unidades que possuem um terraço de grande amplitude pagam mais do que os que habitam em espaços de menor proporção.

20 | Revista da Rede

consequência a adoção de medidas que beneficiam apenas uma pequena parte do grupo, em detrimento do interesse coletivo. Além disso, a legislação em vigência concentra as responsabilidades e atribuições da administração condominial na figura do síndico e do Conselho Fiscal, o que, muitas vezes, inibe a participação mais ativa dos demais moradores.

Como é operacionalizado o pagamento?

A divisão das despesas pode ocorrer de forma mensal e variável, o que é chamado de rateio mensal de despesas. A outra forma é a conhecida previsão orçamentária, que contempla em uma planilha as despesas fixas para todo o ano, incluindo possíveis aumentos de custos, determinando,

assim, um valor fixo da taxa condominial para um período de 12 meses.

Esta prática evita oscilações de valores durante o período, facilitando a programação financeira dos moradores, mas exige a participação de um profissional habilitado para o cálculo e projeção dos valores.

Com que frequência ocorre o reajuste? Como funciona?

O reajuste de despesas depende de cada condomínio e da forma de divisão utilizada. Caso o condomínio utilize o rateio mensal de despesas, o valor da taxa será oscilante todos os meses, conforme as despesas ocorridas. No caso de uma previsão orçamentária, devidamente aprovada na Assembleia Geral de Condôminos, os valores geralmente são fixos durante 12 meses. Mas, se houver

oscilação expressiva em alguma despesa, haverá a necessidade de convocação de uma nova assembleia para a revisão dos valores.

em condomínios, é obrigatória a utilização da justiça comum, pois devido à natureza de sua personalidade jurídica, os condomínios não podem recorrer aos Juizados Especiais, para fazerem valer os seus direitos.

Como é formulada a multa por atraso?

Segundo nosso Código Civil, a multa passível de aplicação em taxas de condomínio em atraso é de 2% mais juros moratórios mensais de 1%.

Quais são os principais motivos de ação judicial?

Quais são as alternativas?

As principais demandas judiciais em condomínios são as ações ordinárias de cobrança de taxas condominiais. Também são comuns as ações contra fornecedores por descumprimento contratual, e as ações de obrigação de fazer por descumprimento das exigências legais, como por exemplo, nos casos de alteração de fachada. Importante ressaltar que, para qualquer tipo de ação judicial

Carga tributária, folha de pagamento, manutenção. Como esses quesitos são observados na análise?

Cláudia Brandão, especialista em administração de condomínios: “Nossa cultura de relacionamento em comunidade ainda tem muito a evoluir. Moradores, com suas experiências específicas, poderiam contribuir em muito com a administração e a convivência no condomínio.”

Atualmente, os custos com mão de obra representam aproximadamente 65% do total das despesas fixas do condomínio. Dessa forma, existe um esforço constante dos condomínios para otimizarem sua mão de obra, de maneira a evitarem que as contratações representem um custo que onere demais a comunidade. Por outro lado, campanhas de conscientização do uso racional da água e da energia elétrica, também, têm sido adotadas pelos síndicos, dado o alto custo que tais despesas atualmente representam para os condomínios.

julho / agosto 2014 | 21

Especial

Crise Hídrica Campinas intensifica ações

Rio Atibaia enfrenta declínio dos afluentes

22 | Revista da Rede

A

presença da água no projeto de empreendimento influencia toda a cadeia produtiva do segmento imobiliário. Há uma cobrança de multa instaurada para lavagem de calçadas e carros em Campinas, o que motiva uma mudança de postura por parte dos cidadãos. Nos âmbitos comercial e residencial, o debate sobre o uso racional do bem se torna uma agenda entre imobiliárias, condomínios, instituições públicas, incorporadoras, arquitetos, engenheiros civis, universidades.

EMPREENDIMENTOS ALINHADOS À SUSTENTABILIDADE Nos casos de locação e compra, a presença de torneiras e chuveiros econômicos nas instalações, com sensores de presença e um pacote de dispositivos inteligentes, interfere na tomada de decisão sobre o valor do imóvel. O banho que, em média, dura 15 mitos, gasta cerca de 70 litros de água. Sem a opção, são gastos cerca de 140 litros, ônus que reflete, em demasia, na conta de luz. A inserção de um chuveiro, com aparelho infravermelho de controle, faz com que a redução no consumo de água chegue a 50%.

DEPENDÊNCIA NO CANTEIRO DE OBRAS A relevância do líquido é percebida quando se leva em consideração que a cada um m³ de produção de concreto, são necessários em média de 160 a 200 litros. No manejo

de aterros, ao se compactar um m³, utiliza-se a proporção de cerca de 300 garrafas de um litro de água. No canteiro de obras, os dispositivos, os componentes, as ações de limpeza, a umidificação do solo, o amassamento dos aglomerantes, o resfriamento e a cura do concreto estão entre as tarefas que mais necessitam do abastecimento.

QUALIDADE PARA AGREGAR VALOR A pureza é determinante, pois, conforme determina a NB-1, da Associação Brasileira de Normas Técni-

Consumo consciente da água é pauta das lideranças do setor imobiliário cas (ABNT), deve-se analisar o teor de substâncias estranhas, capazes de comprometer a obra. O PH deve estar entre 5,80 e 8,0, para garantir o equilíbrio durante a execução. As águas sulfatadas, selenitosas (com a presença de gesso, o que causa corrosão), ácidas, com ácidos carbônicos são as vilãs ao se levar em consideração a segurança da construção. Em demasia, a cada litro excessivo, ocasiona-se a destruição de 2 a 3 kg de cimento. julho / agosto 2014 | 23

ESPECIAL

CANTAREIRA O complexo do Sistema Canteira tem capacidade para tratamento de mais de 30 mil litros de água, a cada segundo. Concebido como um dos mais robustos do mundo, o projeto ambicioso, que supre aproximadamente 55% da Região Metropolitana do estado de São Paulo, está em conformidade com as determinações da Organização Mundial de Saúde (OMS). A planta conta com seis represas, em inúmeros níveis, com uma interface de 48 km de túneis, capaz de otimizar os desníveis e o processo de acumulação de água por gravidade. São consumidas todos os dias 100 toneladas de produtos químicos, para atender aos protocolos tecnocientíficos de prestação de serviços. www.mananciais.org.br DE ALTERNATIVAS liares. Somente no primeiro trimestre CAMPINAS BUSCA APOSTA NA INOVAÇÃO Enquanto resposta ao longo período do ano, houve uma redução de 10%

Propor a conscientização da população e multiplicar os investimentos em tecnologia são quesitos determinantes para a superação do cenário atual

24 | Revista da Rede

de estiagem, o prefeito Jonas Donizette (PSB), por meio da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), pretende concentrar os interesses em regulamentação, venda e incentivo à água de reúso, em favor de atenuar o impasse instalado. No Jardim Londres, a iniciativa prevê a construção de um reservatório de grande dimensão para compra de água de reúso, com desconto de 30% para o usuário.

no consumo. Os esforços estão alinhados a uma política preventiva, capaz de atender à demanda nas próximas décadas. Por segundo, são gastos cerca de quatro mil litros. Em acordo com o Corpo de Bombeiros, a água de reúso será utilizada durante as operações recorrentes da equipe.

A meta é concluir quatro reservatórios, cada um com 20 m³, com aplicações de R$140 mil, em função da superação do momento atual.

CORRIDA PELA OTIMIZAÇÃO O pacote de intervenções inclui a recuperação de nascentes e áreas ci-

AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE O planejamento determina a potencialização em 65% quanto ao pro-

cesso de tratamento de água nos reservatórios locais. Atualmente, são 123 mil m³ em curso e, com a conclusão das etapas, serão acrescentados 80 mil m³. Entre os trâmites, em até sete anos, serão substituídas as redes de água no município, com a finalidade de diminuir em 15% a escala de desperdício atual, que chega a 19%.

CONSERVAR PARA SUPRIR Segundo dados da Secretaria do Verde e do Desenvolvimento Sustentável (SVDS), 83% dos 2.498 mananciais e 71% dos 12.134 hectares de mata ciliar estão comprometidos, o que requer uma série de esfor-

ços, capazes de criar soluções para cada foco apresentado. Se chegar a menos de 4 m³, a Sanasa pretende propor o racionamento, com um processo de rodízio em todas as regiões, tal como define o projeto entregue à Câmara, previsto para uma situação de agravamento do índice.

Em casos extremos, a supressão do fornecimento ocorrerá todos os dias.

Por meio de uma deliberação da Câmara, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) recebeu um documento, destinado aos representantes da gestão do Sistema Cantareira, que determina a garantia da vazão mínima de 5 m³/s no Rio Atibaia, local de captação da Sanasa.

COMÉRCIO SE MOBILIZA Uma parcela dos restaurantes de Campinas optou por trocar os copos e pratos de vidro pelos utensílios descartáveis, enquanto medida de enfrentamento à situação vivenciada pela RMC. O resultado é a diminuição de 60% nas despesas. O jato d’água tem sido substituído por esponja, escova, sabão, vassoura, pano úmido. Houve uma redução no número de dias no cronograma de limpeza de áreas externas, o que passou a exigir um redimensionamento do fluxo de cada interface. julho / agosto 2014 | 25

maio / junho 2014 | 27

LEGISLAÇÃO

Inventários imobiliários

Manejo de transferência de propriedade exige habilidade na tomada de decisão

A especialista em Direito Imobiliário e Direito de Família, Melania Rodriguez Fakiani, ressalta algumas peculiaridades do direito à propriedade 28 | Revista da Rede

“De um modo geral, o melhor caminho para a solução de impasses é buscar um advogado. Não sendo possível, recomenda-se a remessa para a Mediação.

O mediador é pessoa imparcial, que não julga, mas contribui para que os envolvidos reflitam acerca dos seus interesses e, a partir daí, reúnam ideias para a busca da melhor solução.”

C

om a perda de alguém próximo, é preciso superar as emoções e se posicionar para garantir a estabilidade financeira quanto ao padrão de vida familiar.

O enfrentamento dos trâmites requer talento de negociação para definir as etapas a serem consideradas durante o processo de sucessão.

Quais as vantagens de doação de imóvel com reserva de usufruto? É muito comum os pais se preocuparem com os custos que os filhos terão que suportar quando da necessidade de promoverem abertura do inventário. Tais circunstâncias levam a promover a doação dos imóveis, reservando para si o usufruto vitalício, de tal maneira que quando do falecimento, os filhos apenas pedirão a extinção do usufruto no competente Cartório de Registro de Imóveis, sem os ônus decorrentes da abertura do inventário. Assim agin-

do, os pais poderão usar e receber os frutos decorrentes dos imóveis e os filhos deverão respeitar a restrição, de maneira que somente após o falecimento dos pais é que poderão dispor do imóvel, adquirindo o domínio pleno da propriedade. Para o Estado, não há prejuízo algum, já que receberá os impostos de transmissão e da instituição do usufruto.

Assim, a vantagem consiste no fato de que os filhos receberão a herança antecipadamente e os pais garantirão o direito de uso e recebimento dos frutos até o fim de seus dias.

Como eliminar impasses burocráticos durante a realização do inventário?

Quando da necessidade de promover a abertura de inventário, especialmente na hipótese de muitos herdeiros e diversidade de bens, são muitos os impasses que podem decorrer, especialmente em relação à partilha dos bens, já que

nem sempre existe a intenção do estabelecimento de condomínio entre os herdeiros. De um modo geral, o melhor caminho para a solução desses impasses é buscar um advogado da confiança de todos os envolvidos, capaz de harmonizar as diferenças.

Não sendo possível, recomenda-se a remessa para a Mediação, que poderá ser bastante eficiente na resolução das controvérsias. O mediador é pessoa imparcial, que não julga, mas, contribui de modo significativo para que os envolvidos reflitam acerca dos seus interesses e, a partir daí, reúnam ideias para a busca da melhor solução.

Quais são os conflitos mais recorrentes, e como resolvê-los? É interessante: quando se trata de herança, ao invés de existir gratidão pelo seu recebimento, vem à tona muito sentimento negativo, como mágoa, rancor. Enfim, sentimentos julho / agosto 2014 | 29

LEGISLAÇÃO

“A grande vantagem do usufruto consiste no fato de que os filhos receberão a herança antecipadamente e os pais garantirão o direito de uso e recebimento dos frutos até o fim de seus dias.”

absolutamente divorciados da questão jurídica em si, que acabam conduzindo no ajuizamento do inventário litigioso e se traduzem, por exemplo: em discordância daquele que foi nomeado para exercer o cargo de inventariante; exigência em vender imóvel, que há muito tempo vem sendo ocupado por um herdeiro menos privilegiado; recusa no pagamento das despesas; insurgência quanto à partilha cabível ao cônjuge, na hipótese de casamento em 2ª núpcias, discordância quanto à venda de um determinado imóvel etc. Nesses casos, não existindo a conciliação, como anteriormente mencionei, todos os conflitos ficarão sujeitos à decisão judicial, que poderá não ser satisfatória para todos e, pior, fazer com que o processo se arraste por muitos anos, prejudicando sobremaneira os próprios interesses dos envolvidos.

30 | Revista da Rede

De que maneira a internet facilita o processo?

Em março de 2013, foi implantado em Campinas o sistema de peticionamento eletrônico. Com a implantação desse sistema, já é possível notar a ocorrência de celeridade na tramitação dos processos. A possibilidade de acompanhar o andamento do processo pela internet é fantástica, pois, não precisamos mais ficar esperando a publicação do despacho no Diário Oficial; conhecemos a decisão, tão logo seja disponibilizada no sistema e, com isso, é possível tomar as providências necessárias, imediatamente após a determinação.

O exemplo disso pode ilustrar com um alvará judicial, que ao ser deferido, o cartório expede, a assinatura é digital e podemos imprimi-lo em nossos escritórios e entregá-lo aos clientes. Antes da internet, entre o

deferimento e a expedição, o mesmo alvará poderia levar até 60 dias.

Como evitar problemas com o imposto de renda?

Durante o curso do inventário, enquanto não houver a transferência dos bens para os respectivos herdeiros, o inventariante, no exercício do seu cargo, deverá promover a declaração de imposto de renda em nome do espólio, recolhendo regularmente o imposto de renda dentro dos parâmetros estabelecidos pela Receita.

Assim, agindo, após a homologação da partilha, cada herdeiro cuidará do recolhimento do imposto sobre o

seu respectivo quinhão, como continuidade dos valores anteriormente recolhidos. Assim, estará evitando qualquer problema com a Receita Federal.

Como são executadas as modalidades judicial e extrajudicial?

A modalidade judicial é cabível para a hipótese de existência de herdeiro incapaz, existência de testamento ou existência de conflitos entre os herdeiros, todos os documentos relativos aos herdeiros e bens são remetidos ao Poder Judiciário, e após o recolhimento do imposto e parecer

Inventário deve ser realizado por profissionais competentes, capazes de gerar dinamismo em todo o fluxo

LEGISLAÇÃO

“Em março de 2013, foi implantado em Campinas o sistema de peticionamento eletrônico. Assim o processo ganhou agilidade”, reforça a especialista

do MP, a partilha será homologada por sentença, devendo ser registrada no competente Cartório de Registro de Imóveis. Na modalidade extrajudicial, o advogado encaminha para o Tabelionato todas as certidões atualizadas dos herdeiros, a negativa de testamento e a dos bens, para que seja lavrada a escritura. No ato da lavratura, é feito o recolhimento do imposto e pagamento de todas as despesas daí decorrentes. A rigor, a modalidade extrajudicial é mais célere, e o seu custo é um pouco mais elevado em relação à modalidade judicial.

Que tipo de público mais se interessa por testamento?

As classes A e AA são na maioria as que mais adotam o testamento como veículo para transmissão da herança.

Essa alternativa visa, sem sombra de dúvida, minimizar os conflitos, porque a vontade do Autor da Herança (testador) há de prevalecer, especialmente se à época do testamento estava na plenitude das suas faculdades mentais. É evidente que assim agindo, não haverá necessidade de promover a doação dos seus bens

32 | Revista da Rede

com a reserva de usufruto, como acima foi dito, porque dentro dessa formatação, o testador permanece na posse e propriedade de todos os bens enquanto viver.

Em caso de propriedades no exterior, como o inventariante deve agir?

Se o inventário for aberto no Brasil, deverá seguir as regras das leis brasileiras. Após a homologação da partilha, considerando a lei brasileira, o inventário deve ser encaminhado para o país de origem, devendo a sentença ser traduzida por tradutor juramentado e homologada pelo Tribunal competente. No caso do Brasil, o Superior Tribunal de Justiça é competente para homologação de sentença estrangeira, mas, não posso afirmar categoricamente qual é o procedimento adotado para cada país.

Caso um familiar resolva conceder a posse de um imóvel a apenas um dos filhos, como deve se posicionar?

O testamento ou a instituição do usufruto são formas seguras e adequadas para a hipótese.

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Dúvidas Imobiliárias

Confira as respostas para as dúvidas que surgem antes da negociação de um imóvel

O proprietário do imóvel locado pode pedi-lo de volta ao inquilino antes do término do prazo atual?

Caso o contrato ainda esteja no prazo de vigência, ele não poderá exigir o imóvel de volta até o final desse período. Porém, se foi feita a renovação automática, ele poderá pedir o imóvel de volta, com a notificação do inquilino, para desocupar o imóvel no prazo de 30 dias.

O contrato de locação (residencial) pode ser ajustado por prazo inferior a 30 meses?

O

contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo. (art. 3º da lei 8.245/91), com exceção do contrato de locação para temporada, que não poderá ser superior a 90 dias (art. 48 da mesma lei). Se o contrato de locação residencial for de 30 meses ou mais (art. 46 da mesma lei), o locador terá o benefício de retomar o imóvel por denúncia vazia (sem declarar qualquer motivo). Se o contrato de locação residencial for inferior a 30

36 | Revista da Rede

meses, a retomada só será possível mediante os seguintes motivos: a) no caso de extinção do contrato de trabalho vinculado à locação; b) para uso próprio, do cônjuge ou companheiro; c) para uso residencial de ascendentes ou descendentes que não disponham de imóveis próprios; d) para demolição e edificação; e) para realização de obras, que aumentem a área construída em pelo menos 20%;

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CONSUMO CONSCIENTE

Energia com moderação

Na economia doméstica, o bom-senso e a atitude sustentável são prioridades

Detalhes técnicos fazem a diferença se a intenção é contribuir com o bolso e o planeta 44 | Revista da Rede

A

negligência impede que empresas e usuários tenham uma conduta de corte de custos eficaz. Pesquisar dispositivos tecnológicos, fazer planilhas sobre horários de mais e menos intensidade, avaliar os hábitos fazem parte da lista de atividades para minimizar o consumo de energia elétrica. Seja em hall de entrada, garagem, área de serviços, corredores, escadas, a regra é atenção e disponibilidade para mudar a rotina. O aquecedor, o ar-condicionado, o ventilador, a iluminação são os itens que devem ser checados, para garantir eficiência na relação instalação e aproveitamento.

DE OLHO NA COMPRA O Selo Procel Eletrobras de Economia de Energia, criado em 1993, desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia, é uma fonte de informação relevante, quando o assunto é adquirir um produto. A iniciativa, baseada no investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), Ciência Tecnologia & Inovação (CT&I) e em sustentabilidade, gera estímulos à produção e à comercialização de bens focados no uso racional. Por meio de uma série de testes, em laboratório determinado pelo órgão, são observados os parâmetros e critérios defendidos pela marca.

ELEVADORES Pensar no rodízio de elevadores, em caso de edifícios de 30 apartamentos, é uma alternativa. Com o desligamento de um, nos horários de menor procura (10 às 18h, e 22 às 6h), redução de 50%, a medida, de

fácil aplicação, colabora com o orçamento. No mundo atual, em que se busca bem-estar em cada momento do dia, a adesão às escadarias deve ser estimulada, principalmente em decorrência dos benefícios gerados ao corpo.

LÂMPADAS Com durabilidade dez vezes maior, as fluorescentes superam as incandescentes, quando o assunto é redução.

MINUTERIAS E SENSORES DE PRESENÇA Há duas modalidades de minuterias, as coletivas (todos andares) e as individuais (cada andar). Deve-se trocar a opção coletiva pela individual, com a inserção de sensores de presença, que proporcionam o acendimento ou desligamento automático em conformidade com a identificação de movimentos no espaço.

LUZ NATURAL Procure usar tons claros nos ambientes, de maneira a aproveitar a presença dos raios solares na maior parte do dia.

FUGA DE ENERGIA

O improviso e o uso de componentes inferiores são prejudiciais quando se fala em instalação elétrica. Não se deve ter emendas na fiação, estruturas desencapadas e aparelhos defeituosos, porque tudo isso acarretará a fuga de energia e, consequentemente, implicará no acréscimo dos valores debitados na conta. Para garantir segurança ao procedimento, a solução é contratar apenas mão de obra devidamente registrada no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), para a inspeção no condomínio.

AR-CONDICIONADO O gasto de um ar-condicionado chega a 240 kWh, oito horas por dia, o que requer cautela na hora de regular o termostato. Cabe prudência na hora de dosar a escolha entre um circulador de ar, que consome 24 kWh, e outras opções, que encarecem. julho / agosto 2014 | 45

Investimentos Inteligentes

Compra-se o bem

para fazer o futuro

Independência é a palavra de ordem quando o assunto é imóvel 46 | Revista da Rede

ESCOLHAS QUE MUDAM COM O TEMPO

Pesquisa de mercado deve ser feita, porque colabora com a definição do público de cada empreendimento.

50 m2 a 100 m2

Início dos planos

laçãos a t s n I área com es verd gina pá Nova da de vi

V

isitar imobiliárias, construtoras e conhecer corretores são atitudes que remontam à necessidade de conhecer, de perto, a prestação de serviços, para assumir uma postura. Cada fase da vida exige uma decisão própria, como no caso dos que iniciam um relacionamento a dois e resolvem comprar um apartamento, ou os que, com a chegada dos filhos, resolvem se mudar para uma casa ou apartamento mais espaçoso.

CULTO AO STATUS O estilo de vida faz a sensação de residir ganhar proporções cada vez mais complexas, como no caso da automatização de cada função. As pessoas se projetam entre si no momento de validar um referencial.

PENSAR NAS NUVENS DESDE CEDO Com a influência dos hábitos nort-

200 m2

Combinação maturidade e jovialidade

-americanos, sobretudo a respeito do que se propõe como classe média, cresce a motivação precoce por se tornar menos dependente dos pais, sair de casa, cursar graduação e pós-graduação em universidades de outras cidades ou países, administrar os horários e, consequentemente, os relacionamentos profissionais e afetivos.

PERCORRER CAMINHOS DIFERENTES A locação e a compra disputam o âmbito do que se considera como a formação do consumidor. Os líderes de opinião, presentes em famílias e amigos, fazem com que os contornos da publicidade, quando atrativos e em diálogo com os questionamentos do público, ganhem legitimidade. As recomendações incluem não seguir por direcionamentos fracassados, sem custo-benefício, realizados por integrantes do círculo social.

4 DOR

Espor MS t em fa e v jovial or da idade

Com a influência dos hábitos norte-americanos, sobretudo a respeito do que se propõe como classe média, cresce a motivação precoce por se tornar independente

julho / agosto 2014 | 47

INVESTIMENTOS INTELIGENTES

Planejar a escolha, em sintonia com a previsão de etapas, afasta todos os contratempos

CASAIS DA ERA DAS MÍDIAS SOCIAIS Seguir empresas especializadas em divulgar produtos pelo Facebook é tendência, sobretudo a partir da formação de grupos especializados, que refinam a categoria da busca.

INÍCIO DOS PLANOS Os recém-casados, que vivem um cotidiano agitado, em plena conectividade, inserem-se na opção de apartamentos na planta, com média de 50 a 100 m² próximos da casa dos pais e dos colegas que acabaram de terminar o ensino superior.

As facilidades imprimem soluções como o deck, as lojas, as escolas, a brinquedoteca, a academia, o playground, a área gourmet, a quadra, a varanda.

COMBINAÇÃO MATURIDADE/JOVIALIDADE Os que estão na escala de 35 a 45 anos, e sabem o quão é imprescin-

48 | Revista da Rede

dível conferir um ambiente capaz de catalisar a alta disposição física dos filhos, querem empreendimentos com mais de 200 m². Em pesquisas recentes, o grupo representa 57% dos financiamentos realizados no País. Entre os mimos, há escolhas de quatro quartos, com quatro suítes, que chamam a atenção, de imediato, no momento de iniciar a negociação.

ESPORTE EM FAVOR DA JOVIALIDADE Aos que tem entre 45 e 55 anos, a extensão faz a diferença. Entre as graças, estão casas duplex, com mais de quatro dormitórios. Os apelos de prazer são salão de jogos, piscina, sauna, tênis, sala de ginástica.

NOVA PÁGINA DE VIDA Liberdade é o que há de sobra entre os que moram sozinhos, com 60 e 70 anos, aposentados. Eles adoram bosques, parques, e atividades recreativas em grupo.

ARTIGO

Porque não há bolha imobiliária

Rodrigo Coelho de Souza Presidente da Rede Imobiliária Campinas e diretor de venda e compra do Secovi – Regional Campinas

bolha imobiliária é a concessão indiscriminada e irresponsável de crédito, fazendo com que a oferta aumente independentemente da demanda. Nos Estados Unidos, os bancos chegavam a financiar até 120% do valor do imóvel e, muitas vezes, os bens eram superavaliados. Além disso, as instituições financeiras norte-americanas refinanciavam o mesmo imóvel, através de nova avaliação sem lastro, o que tornava imprestável a garantia, ou seja, havia uma valorização fictícia dos imóveis e um abissal risco para os bancos. Ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos, o cenário brasileiro é muito diferente.

O crescimento experimentado no último quinquênio foi impulsionado por alguns fatores: • Real déficit habitacional;

A

existência de uma bolha se caracteriza quando o preço dos ativos sobe sem nenhuma justificativa econômica, dissociados das normas de flutuação do mercado, que ocorram por mera expectativa futura ou especulação. Por que houve uma alta de preços dos imóveis no Brasil?

Primeiro, porque havia uma defasagem nos valores dos imóveis, estagnados há mais de 15 anos.

Portanto, grande parte do aumento foi, na verdade, uma recuperação de preços. Segundo, porque o valor dos imóveis acompanha a evolução da renda da população, e se equilibra conforme a demanda é atendida.

RITMO DE COOPERAÇÃO EM SINTONIA COM A ECONOMIA O Banco Central descartou a existência de uma bolha imobiliária no País. Para se ter uma ideia, quando houve a crise norte-americana, os imóveis desvalorizaram em média 33% entre abril de 2006 e maio de 2009. Mesmo que no Brasil houvesse uma desvalorização nesta percentual, não seria suficiente para colocar em risco a saúde financeira de nossos bancos. Para que isso fosse possível, seria necessária uma desvalorização de 55% dos preços, o que é muitíssimo improvável. O sistema de crédito brasileiro é muito mais criterioso do que o norte-americano. Para comprar, para se financiar um imóvel no Brasil, é necessário ter, em média, 30% do valor em recursos próprios. Os bancos nacionais financiam, portanto, em média, 70% do valor do imóvel. Um dos pontos primordiais para se impulsionar uma

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• Melhora da economia interna, com a entrada de maior moeda estrangeira no País; • Abertura de capital de grandes incorporadores, gerando recursos para financiar adquirentes das unidades lançadas no mercado; • Melhora no padrão construtivo dos imóveis (residenciais e corporativos); • Incremento da poupança, gerando mais recursos para o crédito imobiliário; • Programa Minha Casa Minha Vida; • Aumento de renda das classes C e D. O mercado imobiliário nacional é complexo. Além de termos um País de proporções continentais, deve-se analisar cada segmento do mercado de forma independente e segregada. Alguns analistas apontam como indício da existência de uma bolha a diminuição na rentabilidade da locação, em consequência da elevação dos preços dos imóveis.

BONS VENTOS Segundo o Presidente do Secovi, Cláudio Bernardes, o “Global Properties Guide” publicou uma lista, com a rentabilidade da locação versus os preços dos imóveis em vários países do mundo em 2013. No Brasil, a rentabilidade média anual foi de 6,3%, portanto, maior que a de outros países, nos quais, claramente, não há bolha imobiliária - França (3,6%); Áustria (3,8%); Suíça (2,9%), Inglaterra (2%) e Taiwan (1,5%). Na Caixa Econômica Federal,

responsável por aproximadamente 70% da concessão do crédito imobiliário no Brasil, mais de 70% dos mutuários compram imóveis para primeira moradia, ou seja, não existe um processo especulativo mas, sim, atendimento a uma demanda real. Flutuações de preços são efeitos normais do mercado. Se calcularmos o aumento de preços dos imóveis nos últimos dez anos, e descontarmos a variação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), teremos um aumento real de 55%, perfeitamente compatível com as peculiaridades do mercado nacional. O economista Ricardo Amorim, em recente artigo escrito para “Isto É”, fornece outros argumentos consistentes para infirmar a existência de uma “bolha imobiliária”: O primeiro é a relação entre os financiamentos imobiliários versus o PIB de um país. Todas as bolhas imobiliárias estouraram quando o total do crédito imobiliário superava 50% do PIB e, em alguns casos, passava de 130% do PIB. Nos EUA, em 2006, um ano antes dos preços começarem a cair, era de 79% do PIB. No Brasil, apesar de todo o crescimento dos últimos anos, está em torno de 6% do PIB. Segundo ele, o consumo anual per capita de cimento no País está em torno de 350 kg. Nenhuma bolha estourou com menos de 400 kg per capita anual de consumo. Além disso, afirma que os preços dos imóveis do Brasil estão compatíveis com os de países emergentes.

CONCLUSÕES 1) A análise das estatísticas demonstra que a compra de imóveis no Brasil, em sua maioria, não advém de negócios especulativos; 2) A alta dos preços ocorreu após um grande período de estagnação e para atender uma demanda real por imóveis, principalmente de baixa renda; 3) O sistema financeiro nacional é muito mais criterioso na concessão dos créditos; 4) Os indicadores apontam que ainda não há sinais de uma bolha iminente no País; 5) Flutuações de preços são absolutamente normais, assim como ajustes, que certamente ocorrerão nos próximos anos; 6) Não se pode diagnosticar o mercado imobiliário nacional de uma forma simplista, pois nosso País tem dimensões continentais. O que ocorre em uma região desenvolvida não serve de base para outras em desenvolvimento. Antes de se fazer qualquer juízo de valor, é imprescindível cotejar os números do Brasil com os de países em que já houve o estouro de bolhas. Sejamos coerentes!