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Food Trends 2020 e Covid-19

ALIMENTAR

Inovar é a palavra de ordem que se impõe no sector agroalimentar, de modo a estimular a competitividade e o progresso empresarial. Nesse sentido, as tendências de consumo são um dos grandes motores de avanço dos processos de inovação. Efetivamente, para garantir estas dinâmicas, é imprescindível um atento e cuidado olhar face à evolução que se perspetiva em termos de comportamento do consumidor, correspondendo às suas expectativas.

TEXTO Teresa Carvalho, Executive Coordinator Knowledge Division PortugalFoods FOTOS Shutterstock

Atendendo à importância que as tendências mundiais representam para o tecido empresarial e entidades do sistema científico, a PortugalFoods dinamiza, anualmente, um evento dedicado à apresentação das mesmas, com o objetivo de promover a transferência do conhecimento. Com o intuito de facultar este conhecimento privilegiado ao maior número de empresas e entidades do sistema científico nacional, particularmente provenientes de regiões descentralizadas, a PortugalFoods dinamizou o webinar Food Trends 2020. Paralelamente, partilhou as potenciais alterações ao consumo provocadas pela pandemia de Covid-19. As tendências de inovação para 2020 dividem-se em quatro megatendências e 10 tendências-chave, de acordo com a New Nutrition Business. As megatendências distinguem-se das tendências-chave, na medida em que apresentam uma abrangência superior e correspondem a grandes mudanças sociais, económicas, políticas e tecnológicas, que se formam gradualmente e, depois de estabelecidas, permanecem e influenciam-nos. Quanto às tendências-chave, estas interligam-se entre si e com as megatendências. Realizar alterações nos processos, em função das tendências, é um grande desafio interno para as empresas. Contudo, pode refletir-se numa vantagem competitiva para a marca.

De entre as 10 tendências, destacam-se: Saúde Digestiva - mostra a importância dada ao bem-estar digestivo e as abordagens a realizar pela indústria (por exemplo, produtos sem glúten ou “grain-free”, produtos fermentados); Renascimento da Gordura - aponta que a perceção dos consumidores sobre a gordura está a alterar-se, não a associando ao aumento de peso ou a malefícios para a saúde; Reimaginar a Carne - indica que as propriedades nutricionais e sensoriais da carne são reconhecidas positivamente pelo consumidor e, cada vez mais, este procura menções de sustentabilidade no produto e snacks à base de carne; Mood – salienta o papel do bem-estar mental oferecido pela alimentação a partir de alimentos benéficos para a saúde digestiva (por exemplo, probióticos e hortofrutícolas) e ingredientes como o ginseng, a lavanda e a camomila, bem como, mais recentemente, o GABA (ácido gama-aminobutírico) e o CBD (canabidiol).

Impacto da Covid-19

No que respeita ao impacto da Covid-19, este terá consequências no comportamento do consumidor. Porém, atendendo à imprevisibilidade relacionada com o vírus, é fundamental que sejam considerados vários cenários que a pandemia irá despoletar e associar respostas estratégicas aos mesmos. Assim, nestes tempos de incerteza, é importante que as marcas reforcem a sua transparência e comuniquem de forma clara e simples. Este pode ser o momento para os consumidores criarem/reforçarem laços de confiança e lealdade a longo prazo, decorrentes do suporte que sentiram pelas marcas nesta fase. Apesar do comércio online estar em expansão, a procura por canais de venda online aumentou significativamente, nesta fase, tanto para o consumidor como para as marcas, que procuraram diferentes formatos de venda. De futuro, prevê-se que as compras online passem a ser mais utilizadas pela comodidade e segurança que oferecem. A par disso, os bens essenciais e de higiene sofreram grande procura, destacando-se os produtos de longa duração, como as conservas, abrindo oportunidades para as empresas, por exemplo, produzirem conservas com ingredientes vistos pelo consumidor como naturais e saudáveis, apresentando um produto com um prazo de validade superior e conectado como algo benéfico para a saúde. Note-se que o recurso a produtos locais tornou-se, ainda mais, importante para os consumidores, pois conferem maior segurança e confiança, devido às cadeias de distribuição curtas e com menos pontos de contacto humano. Para além disso, é uma forma de apoio aos produtores locais, ao fecho de fronteiras e à procura global por alimentos. Esta crise de saúde pública incentivou os consumidores a preparem e usufruírem das refeições em casa, perspetivando-se que esta tendência se mantenha, não só pelas questões de higiene e segurança, mas também pelos aspetos económicos. Deste modo, é fundamental que os restaurantes continuem a apostar na diferenciação pelos serviços de entrega e, possivelmente, reinventarem-se e possibilitarem, por exemplo, a oferta de refeições congeladas ou refrigeradas. O recurso a alimentos-conforto surge como uma forma de gestão dos níveis de stress e ansiedade. Por outro lado, as marcas mais tradicionais podem assistir ao potencial aumento das vendas, devido à confiança que transmitem e ao bem-estar que proporcionam. De salientar o novo significado que a imunidade adquire para os consumidores, ao motivar o consumo de alimentos que podem auxiliar no reforço do sistema imunitário. Deste modo, é relevante explorar produtos funcionais e diferentes populações-alvo, como seniores, mulheres grávidas ou a amamentar e doentes crónicos. Relativamente à sustentabilidade, o vírus pode levar à alteração de hábitos de consumo e fomentar o reforço do posicionamento de produtos à base de proteínas de origem vegetal, produtos biológicos e nacionais. A pandemia fortaleceu, indubitavelmente, o valor da segurança conferido pela embalagem. Deste modo, o interesse no plástico de uso único aumentou, bem como a preferência por embalagens individuais. Este tem sido um intenso período de adaptação e reorganização para a indústria alimentar fazer face às novas exigências do mercado, pelo que a PortugalFoods tem vindo a dinamizar um conjunto de atividades que permitem facilitar aos seus associados, tal como a todo o sector agroalimentar, o acesso a informação distinta e ferramentas que proporcionam o reforço do desenvolvimento dos processos de inovação e incrementam a competitividade no mercado interno e externo. Acompanhe o nosso trabalho, através do website (www.portugalfoods.org) e das redes sociais (Facebook e Linkedin).

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