Maio de 2017 | Sexta Edição
Edição Especial
Grand’olhar
Edição| Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Grandola. Colaboração| Barbara Baptista, Beatriz Assunçao, Beatriz Sobral, Cristiana Liberato, Ines Amaral, Laura Mendes, Maria Pereira, Miguel Pereira, Maria Coimbra. Capa| Sara Moura.
Editorial “A semana dos Media” que decorreu no nosso agrupamento de 24 a 28 de abril, e o resultado de uma articulaçao com a Biblioteca Escolar, a Biblioteca Municipal e os varios Departamentos Disciplinares. O tema proposto para este ano foi, “Nos e os Outros”, numa tentativa de esclarecer questoes da vida politica atual, que poem em causa os direitos humanos, como o problema dos refugiados, ou ainda a imigraçao e emigraçao. O programa foi variado e contou com: conversas com dois jornalistas, Vítor Matos e Celso Filipe; testemunhos pessoais de quem viveu estes tipos de experiencia, numa “Viagem com” Rosario Caro, Bruno Marques e Ana Lucia Almeida; exposiçao de trabalhos dos alunos realizados nas diversas disciplinas e abrangendo todos os níveis de ensino, com diferentes abordagens ao tema principal; concurso de cartazes subordinado ao tema dos refugiados; exibiçao do filme “Neste Mundo” de Michael Winterbottom; sessao de sensibilizaçao da EME SOS TSH do Alentejo e o “Cha com Letras”. A presente ediçao sera especial, porque se pretende que seja um registo de tudo o que se passou nesta semana, tornando-a mais visível a todos.. Obrigada Grand’Olhar
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Destaques EXPOSIÇAO NA BIBLIOTECA MUNICIPAL Nós e os Outros
forma-lo. A tarefa nao se afigura facil, mas as mudanças fazem-se todos dias e tantas vezes sao feitas de pequenos gestos, de palavras amaveis, de belos pensamentos que se dizem, que se ouvem, que se trocam, que nos fazem sentir proximos daqueles a quem o infortunio chegou, sobre a forma de uma guerra, de uma bomba, de uma doença, de um criminoso, de um explorador, de um ditador.
E sobre nos, homens e mulheres deste nosso planeta azul, esta mostra de trabalhos que os alunos do Agrupamento de Escolas de Grandola quiseram trazer ate vos. Percorrer um pouco das terras e dos mares, olhar as gentes de varias latitudes e sentirmo-nos parte de uma aventura comum, que dura ha muitos, muitos seculos, foram os caminhos para os trabalhos agora expostos. Num tempo em que a guerra, a destruiçao, a miseria, a exploraçao, a fome, o desemprego, a doença, o terror e a violencia, persistem em subsistir em imensas zonas do globo, cabe aqueles que nao querem que tudo isto continue a acontecer contribuir para a criaçao de uma visao que combata os males do mundo e nao os amplifique, procurando na nossa humanidade a resposta para os imensos desafios que enfrentamos. A Escola, local de aprendizagem, de conhecimento, de formaçao de homens e mulheres, onde os sonhos tem que ter lugar, deve refletir e fazer refletir sobre o Mundo a que pertence, procurando melhora-lo e trans-
E pois a nos, a todos nos, que esta exposiçao e dedicada.
*(Texto de apresentaçao da exposiçao)
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Destaques A matemática dos povos ou a cons- e o país ganhou uma nova cor de gentes e mercadorias. trução de uma identidade.
Claro que tambem tivemos maus momentos, geralmente porque quem mandava tinha dificuldade em dividir, somando muito para poucos e subtraindo muito a muitos. Foi assim em largos períodos da nossa historia:
Por Jose Manuel Abreu, docente do Departamento de Ciencias Sociais e Humanas do Agrupamento de Escolas de Grandola.
Ocupado desde tempos remotos, este pequeno retangulo de 861 km de comprimento, por 218 Km de largura, a que se somam dois arquipelagos atlanticos e a que chamamos Portugal, e a soma feliz de muitos povos que por aqui passaram, aqui viveram e aqui deixaram muito do seu engenho, numa adiçao sem fim, que construiu a nossa identidade. Vamos as contas, faceis de fazer: selecionamos umas quantas parcelas; somamo-las; usamos maquina de calcular ou contamos pelos dedos; daí obtemos o resultado final. Tu, eu, nos, os portugueses. Comecemos pelos lusitanos, que aqui se instalaram entre os seculos V a IV a.C . Depois, os romanos, no seculo I a.C.. Seguiram-se os visigodos, no seculo V. Mais tarde os arabes, no seculo VIII. Finalmente, entre galegos, portucalenses, moçarabes, judeus e outros, formamos um reino, o de Portugal. Corria o ano de 1143, assim mesmo, com numero para as unidades, para as dezenas, para as centenas e para as dezenas de milhares. Vamos mudar de operaçao. Somar torna-se cansativo e multiplicar facilita. Quando, no seculo XV, sentindo a força dos ventos e olhando o infinito do mar, nos lançamos a descoberta do Planeta, fomos a Africa, a Asia, as Americas e a Oceania. Levamos pessoas e coisas, trouxemos pessoas e coisas
muitos tiveram de partir rumo a uma imensidao de países e territorios: Brasil, Angola, Moçambique, Guine, Cabo-Verde, S. Tome e Príncipe, Timor, França, Inglaterra, Suíça, Alemanha, Luxemburgo, EUA, Canada, entre tantos outos. Mas, como tudo tem o seu inverso, nos momentos difíceis dos outros, recebemos gente dos quatro cantos do mundo e o país ficou mais bonito, mais colorido e mais solidario, ganhando novas pessoas, que para aqui vem e aqui ficam, fazendo tambem elas parte de nos.
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Destaques Chá com letras
ram a sua marca. O trabalho realizado foi apresentado numa iniciativa conjunta do Centro Qualifica e da Biblioteca Escolar, o "Cha com Letras", atividade inserida na "Semana dos Media” e que aconteceu a 27 de abril na Biblioteca Municipal de Grandola. Do visionamento do filme, da leitura de al-
Os alunos do curso EFA-Nível Secundario, da ESAIC, no ambito da area Sociedade, Tecnologia e Ciencia, realizaram um filme com base em fotos e notícias de jornais de epoca, a que chamaram “Os mass media e os refugiados da Europa no Sec. XX”. A seleçao dos temas a pesquisar teve como fonte um numero da Revista Visao Historia de dezembro de 2015 subordinado a esse tema. Desde os refugiados boers, de início de seculo, aos refugiados das duas guerras mundiais, aos refugiados ambientais e de catastrofes naturais, aos sobreviventes do Estado Novo fugidos a guerra e as perseguiçoes políticas, ao genocídio armenio, a
guns textos e de testemunhos na primeira pessoa resultou um debate acalorado acerca da condiçao de refugiado, que voltou novamente para a sala de aula com a leitura de artigos informativos e de opiniao para melhor entender as dificuldades e as motivaçoes de quem esta em fuga, sem destino e a merce de redes de trafico. E para melhor entender o impacto dos media na construçao da opiniao publica.
intervençao de homens que marcaram o seculo como Aristides de Sousa Mendes e John Kennedy, aos pied noirs da guerra da Argelia, aos deslocados das colonias portuguesas - refugiados nao retornados?, ao maior campo de refugiados do Mundo - a Palestina, ate aos refugiados de hoje, da Primavera Arabe e da odisseia dos refugiados sírios, dos yazidis e dos campos na Grecia, de todos eles se falou e todos deixa7
Curiosidades Por Beatriz Sobral
Refugiados Indianos e Paquistaneses.
Continuação da página anterior “Chá com Letras”
Entre o fim da Segunda Guerra Mundial e os anos 70, praticamente todos os países asiaticos, anteriormente colonizados, obtiveram a independencia. Em determinados Estados, ocorreu pacificamente. Porem, a luta pela independencia traduziu-se em violencia. A sublevaçao mais dramatica foi no subcontinente indiano, onde a violencia social teve como consequencia a separaçao e a criaçao, em 1947, de dois Estados separados. Os britanicos dividiram a India, sua antiga colonia, em dois países independentes: a India, onde a principal religiao era o hinduísmo, e o Paquistao, onde a religiao era o islamismo. Dezoito milhoes de pessoas cruzaram as fronteiras entre os dois países, a fim de morar no lugar onde a sua religiao era praticada.
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Escrituras Ser Refugiado por Barbara Baptista
Nós e Os Outros por Beatriz Sobral Nos levantamo-nos de manha. Nos resmungamos por ter de ir para o trabalho. Nos tomamos um farto pequeno-almoço. Nos saímos de casa e entramos no carro. Nos dirigimo-nos ate ao edifício onde permanecemos o resto do dia. Nos fazemos o mesmo caminho, oito horas depois. Nos regressamos ao nosso lar. E no dia seguinte, o mesmo.
Pais a querer salvar seus filhos Da maldade em abundancia E da morte que chega com a guerra, Destruindo a inocente infancia. Fogem em busca da paz, Atravessam fronteiras a procura, De alguma humanidade E de um pouco de ternura. Arriscam suas vidas para fugir Da morte quase inevitavel Lançam-se por terra e mar Com um destino inimaginavel
Os Outros levantam-se de manha, Esperançosos que o dia de hoje seja melhor que o de ontem. Os Outros retomam o seu caminho. Os Outros caminham, Os Outros caminham, Os Outros caminham, Os Outros param. E no dia seguinte, o mesmo… Ate ao dia em que cheguem a um lugar seguro … que os aceite!
Choram pelos que ficaram, Rezam pelos que vieram, Nao sabem quem teve mais sorte Pois vao para onde nunca estiveram E mau olhar para este mundo Onde era suposto existir piedade, E ver que matar para muitos Se tornou um ato de banalidade.
Antes da paz e segurança do seu país desabar, Os Outros tinham a mesma rotina que Nos, Ninguem nos garante que a nossa nao mudara tambem, E se acontecer, gostaremos que Os Outros nos ajudem a Nos. Mas enquanto estamos nesta posiçao, Temos de ajudar Os Outros. Para que, tanto a nossa paz, como a dos Outros, Seja preservada!
Que seres humanos sao estes? Tao desumanos, tao maldosos, Que aparentam espalhar justiça Mas sao os maiores preconceituosos. Como sera a dor de um pai, Vendo o seu filho a chorar, De frio, fome e medo, A procura de um novo lar? Talvez seja uma dor parecida Com a dor que sinto e me faz chorar Refletindo sobre estas pessoas E colocando-me no seu lugar.
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Escrituras Refugiados: Agir e Recomeçar… Por Maria Coimbra
Outros pedem asilo em países democraticos, Para se integrarem nas comunidades locais, Querem esquecer a desgraça e a tristeza, Pois, ao seu país receiam voltar!
Do passado ao presente surgiram contestaçoes, Os refugiados nao estiveram ausentes, por varias razoes… Fogem da guerra, da tortura e das perseguiçoes, Sao recebidos como gente, que nao e gente!
Nao sao criminosos de guerra e nem pretendem lutar… Apenas querem paz, emprego e hospitalidade, Integrados noutras comunidades…
Querem paz, saude e alimentaçao… Nos campos de refugiados com muita confusao, A abarrotar de tanta gente, nao veem outra soluçao!
Evocam o artigo 14º dos Direitos Humanos, Para noutra patria viverem… Ja que a deles e para esquecer! Ser refugiado e a ultima opçao, Para fugir da morte e da perseguiçao… Nao devem ser encarados com paixao, Mas sim como uma obrigaçao.
Alguns anseiam regressar ao seu país, Mas a Guerra e a opressao nao tem fim… Querem reconstruir a sua patria, E nela com a família habitar… E como um renascer das cinzas, Um mundo novo pretende conquistar…
Estejam atentos aos meios de comunicaçao, Hoje sao eles e amanha outros serao!
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Últimas... CONCURSO DE CARTAZES
EME SOS TSH
O concurso de cartazes para a Semana dos Media, ja tem vencedores. Todos os cartazes estiveram expostos na exposiçao “Nos e os Outros”, que esteve patente na Biblioteca Municipal de Grandola. O primeiro classificado foi o cartaz do Alexandre Pereira. O segundo lugar foi atribuído a dois cartazes em simultaneo (com a mesma pontuaçao) e correspondem ao Gonçalo Narciso e a Ana Pala. O terceiro lugar foi atribuído ao cartaz apresentado pela Margarida Gonçalves.
Tambem a Equipa Multidisciplinar especializada para a assistencia a vítimas de trafico de seres humanos (EME SOS TSH), dinamizou uma sessao de sensibilizaçao para o tema, com os alunos do 10º ano.
À CONVERSA COM... 1º
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3º
Celso Filipe (1964) tem como prioridade de interesse os PALOP, como tema de investigaçao nos orgaos de comunicaçao social por onde passou. Atualmente e o subdiretor do Jornal de Negocios. Vítor Matos (1973), nascido em Grandola, especializou-se em política, tendo trabalhado AMAR À TONA Realizou-se no passado dia 25 de maio a 9ª em varios jornais nacionais, publicou em ediçao do “Amar A Tona”, uma iniciativa que 2015 o livro “Os Predadores” onde explica mais uma vez contou com a colaboraçao da como funcionam os partidos políticos e o que se perde em democracia. comunidade educativa. Os dois jornalistas estiveram numa conversa, onde falaram sobre as suas opinioes, relacionadas com a tematica da Semana dos Media, no ambito da sua experiencia profissional. Celso Filipe
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Convenção Universal dos Direitos Humanos Este ano a Semana dos Media teve como tema “Nos e os Outros”, com o intuito de suscitar a discussao sobre assuntos tao atuais na nossa sociedade civil e na politica externa, como os Refugiados. Tratou-se, essencialmente, de sensibilizar para a importancia dos direitos humanos. Todos temos direito a ter direitos e tambem o dever de nos debater quando esses sao negados a outros. A historia dos direitos humanos e quase tao antiga como a historia das civilizaçoes. A primeira tentativa surge por volta de 539 a.C. com o cilindro de Ciro, escrito por Ciro, o Grande, rei da Persia. A Declaraçao de Direitos de 1689 em Inglaterra, que declara os direitos e a liberdade dos subditos e define a sucessao da coroa, estabelecendo limites aos poderes da monarquia. A Declaraçao dos Direitos do Homem e do Cidadao de 1789 em França e a Carta de Direitos de 1791 dos Estados Unidos. A Declaraçao Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organizaçao das Naçoes Unidas a 10 de dezembro de 1948. E importante para finalizar esta ediçao especial, resumir os 30 artigos que definem os direitos humanos.
DIREITOS HUMANOS: 1. Todos nascemos livres e iguais em dignidade e direitos. 2. Direito a invocar os direitos sem qualquer distinção ou discriminação. 3. Direito à vida, à liberdade e segurança pessoal. 4. A escravatura é proibida. 5. Qualquer tipo de tortura será abolido. 6. Estes direitos, em qualquer lado do mundo. 7. Todos iguais perante a lei. 8. Os direitos humanos estão protegidos por lei. 9. Ninguém pode ser preso injustamente. 10. Direito a um julgamento. 11. Somos inocentes até prova em contrário. 12. Direito à privacidade. 13. Direito a circular livremente. 14. Direito a asilo. 15. Direito a uma nacionalidade. 16. Direito a casar e a constituir família. 17. Direito à propriedade. 18. Liberdade de pensamento, consciência e religião. 19. Liberdade de expressão e opinião. 20. Liberdade de reunião e de associação pacíficas. 21. Direito à democracia e a decidir sobre o país. 22. Direito à segurança social. 23. Direito dos trabalhadores. 24. Direito ao repouso, ao lazer e a férias. 25. Direito a um nível de vida suficiente para assegurar o bem-estar. 26. Direito a educação. 27. Direitos de autor 28. Um Mundo justo e livre. 29. Responsabilidade e dever de cidadania. 30. Ninguém pode tirar/negar estes direitos.
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