Editorial Por Prof. José Abreu Quem conta um conto acrescenta um … Quem conta um conto acrescenta um mundo fascinante de emoções. Um mundo de sorrisos, espanto, por vezes medos, mas no fim sempre de alegria e prazer, para quem conta, quem escreve, quem ouve e quem lê. Os contos orais, ou escritos, de tradição popular, ou mesmo sem qualquer tradição, transportam-nos para a nossa dimensão humana: fazem-nos pensar, refletir, rir, temer, perguntar, entristecer. Fazem-nos, em suma, viver. Os contos que ouvimos, mais tarde lemos e tantas vezes contamos são, porventura, a primeira vez que libertamos a linguagem da sua função utilitária, e as palavras ganham asas e voam ao sabor da imaginação, da sabedoria, da aprendizagem, dos valores e do encantamento. Lembro-me que, para entreter os meus filhos nas viagens de carro, inventei uma personagem sanguinolenta, de nome O Faca, figura assustadora e malévola que apoquentava o mundo das crianças, em aventuras algo sórdidas, mas com final feliz, em que um qualquer super-herói aparecia sempre a tempo e horas para os salvar das mãos de tão temível figura. O sucesso d’ O Faca encheu-me o carro de filhos de amigos, que queriam ir comigo para ouvir as histórias rocambolescas que eu ia inventando enquanto cruzava personagens reais --- como eles, os seus pais e as suas mães --- com as de contos do passado e heróis do momento: do Gato das Botas ao Homem-Aranha; do Lobo Mau ao SuperHomem; da Sherazade ao Batman; da Menina dos Fósforos ao Hulk. Todas estas personagens iam povoando as histórias, que acabavam invariavelmente com mais uma derrota do temível Faca, a vitória do bem e a salvação das crianças de qualquer cruel destino. Os contos são sem dúvida a mais maravilhosa introdução ao mundo da imaginação e aos valores que nos constroem como pessoas e nos acompanham ao longo da vida. Bons contos neste Natal.
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