GRI Magazine Real Rstate 14º edição

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Jun • Jul • Ago de 2018 // Ano 4 Edição 14

PANORAMA LATINO-AMERICANO

Perspectivas do setor imobiliário para Brasil, México, Argentina e Colômbia

EXCLUSIVO

A cobertura completa do Latin America GRI 2018 e da GRI Real Estate Week New York

Sam Zell O megaempresário garante: algumas das melhores oportunidades de investimento para a próxima década estão na América Latina


KIMPTON HOTELS & RESTAURANTS Desde transformações de prédios históricos a empreendimentos mixed-use e novas construções de hotéis urbanos e resorts, nossas propriedades exclusivas são compostas por hotéis e restaurantes premiados, projetados em destinos únicos. A marca está fortemente localizada nos principais centros urbanos e turísticos nos Estados Unidos, Caribe e Europa. Com nossa crescente presença em todas as regiões no mundo, a marca Kimpton Hotels & Restaurants oferece uma proposta de valor única para nossos clientes e proprietários, junto com a força global da IHG nos tornamos o principal parceiro na administração de hotéis Luxury Boutique do mercado hoteleiro mundial.

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// *IHG® Rewards Club not applicable to Kimpton® Hotels & Restaurants; to be included at a future date.

KIMPTONHOTELS.COM | DEVELOPMENT.IHG.COM


EDITORIAL

Pra começo de conversa ocê está recebendo uma edição especial da GRI Magazine. Ela foi preparada em sintonia com o Latin America GRI 2018, consolidado como o grande ponto de encontro dos maiores e mais relevantes empresários, executivos e investidores do setor imobiliário com atuação ou interesse de atuar na América Latina. Esta, que foi a terceira edição do evento, reuniu mais de 300 participantes em abril em Nova York e discutiu os temas fundamentais ao mercado de real estate na região neste momento e considerando o horizonte dos próximos meses e anos. A política e a economia dos principais países dessa parte do globo passam por mudanças intensas, com impactos diretos sobre os negócios, mas que têm sido, em geral, bem absorvidos. É nítido e predominante um clima de otimismo, e nota-se ampla disposição para investimento local. Tudo isso você verá neste exemplar da revista. Enviamos nossa equipe de reportagem a Nova York para realizar, com exclusividade, a cobertura do Latin America GRI e da GRI Real Estate Week New York – uma semana de visitas guiadas para conhecer de perto novos modelos e as melhores práticas do mercado nova-iorquino, que ditarão tendências em solo latino-americano. Nosso time também entrevistou vários dos principais players presentes nessas atividades e teve acesso à íntegra de uma rodada do Termôme-

Mario Miranda Filho

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tro do GRI focada especificamente na América Latina. A partir de todas essas informações, traçamos um extenso panorama da realidade e do futuro do setor na região como um todo e em cada um dos seus maiores mercados: Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile e Peru. Merece destaque, em particular, uma entrevista com Sam Zell, que estampa nossa capa. O megaempresário, que foi o keynote speaker do evento, contou como enxerga a América Latina hoje e a posicionou como um dos polos mais promissores para investimentos na década pela frente. Realmente imperdível. Esta edição é especial também por se tratar da última GRI Magazine impressa. No segundo semestre, vamos iniciar uma nova fase na comunicação do GRI Club, em que você terá ainda

mais informação sobre os temas cruciais ao setor imobiliário, com a mesma qualidade que marcou esses três anos e meio da revista e muito mais agilidade. Aguarde as novidades que estamos planejando com muito empenho e critério, e nos vemos nos próximos encontros do GRI.

GUSTAVO FAVARON CEO ­‑ GRI CLUB JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 3


O GRI é um clube global que reúne os principais players dos setores imobiliário e de infraestrutura. Fundado em 1998, tem presença em mais de 20 países estratégicos. No Brasil, atua desde 2010. A missão do GRI é conectar as lideranças desses mercados e contribuir para a construção de relacionamentos privilegiados e oportunidades reais de negócios. Nesse contexto, mais de 4 mil executivos participam anualmente dos encontros do clube pelo mundo.

LIDERANÇA DO GRI NO BRASIL

CEO: Gustavo Favaron. Vice-presidente global: Airton Medeiros. Managing director: Diego Tavares. Diretores seniores: Guilherme de Mauro, Leonardo Di Mauro (América Latina), Pedro Henrique Vieira (Vendas), Pedro Nicolau (líder global de Infraestrutura) e Robinson Silva (líder de Mercado Imobiliário).

ESCRITÓRIO DO GRI NA INGLATERRA Suite 02B137, 2 Eastbourne Terrace Londres, W2 6LG

Diretores setoriais: Fernanda Magnabosco (Mercado Imobiliário), Melissa Dalla Rosa (Infraestrutura), Moisés Costa Cona (Infraestrutura), Patrícia Frazatto (Mercado Imobiliário) e Talita Quirino (América Latina). Diretores de áreas: Fabio Crepardi Brustelo (Patrocínio), Fabio Farias (Patrocínio), Giovanna Carnio (Conteúdo e Comunicação), Kelly Naomi Tamaribuchi (Patrocínio) e Weslei Lemos (Operações). Gerentes de áreas: Alicia García Botelho (Pesquisa), Iramaia Beltrame (Desenvolvimento de Talentos), Izabela Rocha (Finanças), Vincent Littel (Business Intelligence) e Yuri Escarabello (Business Intelligence). Líder de Design: José Jurs. Gerentes do clube: André Machado (Infraestrutura), Giovana Caravetti (América Latina), Kaique Moreira (Infraestrutura), Marcelo de Souza Silva (Mercado Imobiliário), Pedro Oliveira (Mercado

ESCRITÓRIOS DO GRI NO BRASIL Rua Gustavo Ambrust, 464 Campinas ‑­ SP ­‑ CEP: 13092­‑106 R. Cap. Antônio Rosa, 409 – Jardim Paulistano São Paulo – SP – CEP: 01443­‑010

www.griclub.org

Imobiliário) e Ulisses Acuña Vega (Mercado Imobiliário). Gestores de Relacionamento: Agostina Airaudo, Bruno Ozorio Mesquiari, Danielle Bargas Cavalheri, Erika Baccari, Josiane Bull e Nilton Godoy.

GRI MAGAZINE REAL ESTATE BRAZIL

EDIÇÃO 14 JUN . JUL . AGO DE 2018

CAPA

Imagem: Mario Miranda Filho EXPEDIENTE

Editora-chefe: Giovanna Carnio Reportagem: Estela Takada e Nathalia Barboza Estágio: Bárbara Sodré Projeto gráfico: Camila Janaina Diebe Diagramação: Camila Janaina Diebe e José Jurs Impressão: Gráfica Santa Edwiges Tiragem: 10 mil exemplares

PARA ANUNCIAR OU ASSINAR A REVISTA (19) 3203­‑0647 comercial_grimagazine@griclub.org

PARA FALAR COM A REDAÇÃO redacao_grimagazine@griclub.org

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ÍNDICE

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28 EDIÇÃO 14 JUN . JUL . AGO DE 2018

6 ESTANTE

Dicas de livros

7 FRASES

O que os grandes players do setor andam dizendo

8 LATIN AMERICA GRI 2018 A cobertura completa do principal encontro do setor na América Latina

14 GRI REAL ESTATE WEEK NEW YORK

Semana de benchmarking antecipa o que será tendência no mercado latino-americano

22 CLUB MEETINGS

Reunião com o líder de Real Estate da Blackstone para as Américas

23 CLUB MEETINGS

CEO da Tishman Speyer recebe membros do GRI Club

24 ÁLBUM DE VIAGEM

Os lugares preferidos dos profissionais de real estate – Especial Nova York

28 SAM ZELL

O megaempresário garante: a América Latina apresenta algumas das melhores oportunidades de investimento para a próxima década

32 PANORAMA – AMÉRICA LATINA Mercado imobiliário vive fase de otimismo na região

36 PANORAMA – BRASIL

Setor tem ânimo revigorado no País, apesar das incertezas políticas

40 PANORAMA – MÉXICO

Indústria imobiliária tende a passar sem grandes percalços pelas eleições locais

44 PANORAMA – ARGENTINA

Em busca de um lugar ao sol, mercado nutre expectativa de evolução

48 PANORAMA – COLÔMBIA

Empresários e investidores veem crescimento de atividades nos próximos dois anos

52 PANORAMA – CHILE

Players imobiliários projetam expansão econômica e bons resultados nos negócios

53 PANORAMA – PERU Diante das turbulências, empresários olham para o mercado peruano com certa cautela

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ESTANTE

Divulgação

Homo Deus Uma breve história do amanhã

O triunfo da cidade

AUTOR: YUVAL NOAH HARARI EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS PREÇO A PARTIR DE: R$ 43,90

AUTOR: EDWARD GLAESER EDITORA: BEĨ PREÇO: A PARTIR DE R$ 46,00

“Como players do setor imobiliário, somos responsáveis não somente pelo que construímos, mas também pelo que existe no entorno dos nossos projetos. Somos agentes transformadores da cidade. Causamos impactos significativos nos lugares onde realizamos incorporações. Nesse sentido, um livro que nos permite entender o contexto de como os municípios bem planejados podem contribuir com o crescimento dos que neles vivem, assim como da sua economia, é ‘O triunfo da cidade’.

INDICAÇÃO DE MARCELO DA COSTA SANTOS, CEO E SÓCIO­ ‑DIRETOR DA NAI BRAZIL

Tudo isso transformará fortemente o modo de fazer negócio no setor imobiliário. Em quanto tempo boa parte das transações ou avaliações ‘simples’ será 100% automatizada? A partir de quando as operações estruturadas ou mais sofisticadas serão total ou parcialmente realizadas por inteligência artificial? Sabemos que esses cenários são palpáveis. É nossa obrigação aceitar a ambiguidade que a tecnologia traz através da profunda ruptura social e econômica que também gera riqueza e bem estar para a humanidade. Pensar nessas possibilidades irá nos preparar melhor para as mudanças inevitáveis. Como líderes do setor imobiliário, temos a obrigação de tentar nos adiantar ao ciclo. O livro é um wake­‑up call para todos nós.”

Divulgação

“O livro mostra como a tecnologia poderá – sim, a palavra é poderá – impactar nossas vidas. O mundo será profundamente afetado nas próximas décadas pelo rápido avanço tecnológico. Haverá mudanças intensas nos modos de organização social; muitas das atividades realizadas por humanos serão substituídas por máquinas num horizonte bem mais próximo do que imaginamos; tecnologias que ainda estão na fronteira (blockchain) serão dominantes.

Mario Miranda Filho

Divulgação

Livros que fazem a cabeça de quem decide os rumos do mercado

A obra nos ajuda a sermos corresponsáveis por nossas cidades e a ter uma visão estratégica do seu desenvolvimento. Para mim, que atuo no mercado residencial na Cidade do México, o livro possibilitou entender melhor que, se colaboro com outros agentes da minha localidade, contribuo para a evolução da infraestrutura, do tecido urbano, e conecto meus projetos à dinâmica local. Portanto, todos ganhamos. INDICAÇÃO DE JOSÉ SHABOT, PRESIDENTE DA INMOBILIÁRIA QUIERO CASA

É uma leitura obrigatória para todos nós que moramos em cidades e, sobretudo, para aqueles que participam de sua transformação.”

INFORMAÇÕES PARA A SEÇÃO ESTANTE

estante@griclub.org

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FRASES

O que os grandes players do setor andam dizendo Disciplina e transparência são palavras mágicas para o investidor — Não há substituto para entender o papel da oferta e da demanda. No final, todos nós ganhamos dinheiro com base na demanda SAM ZELL, PRESIDENTE DA EQUITY INTERNATIONAL

Aprendi na minha família que devemos ficar no primeiro andar e deixar os mais altos, melhores, para os locatários

Fotos: Mario Miranda Filho

ROB SPEYER, CEO DA TISHMAN SPEYER

Os países não se movem conjuntamente na América Latina, muito pelo contrário. O que fazemos é tentar nos movimentar entre eles conforme as oportunidades mais apropriadas PAULO GOMES, GESTOR SÊNIOR DE PORTFÓLIO DO ADIA (FUNDO SOBERANO DE ABU DHABI)

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CLUB MEETINGS

Latin America GRI 2018 congrega lideranças do setor imobiliário em Nova York

m 11 e 12 de abril, um grupo de aproximadamente 320 dos principais players globais e regionais com atuação no setor imobiliário da América Latina se reuniu em Nova York para participar do Latin America GRI 2018.

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A programação foi aberta pelo megaempresário Sam Zell, que, no papel de keynote speaker, compartilhou sua visão sobre o mercado latino­‑americano na atualidade, detalhou seus mais recentes investimentos na região e lembrou seus primeiros passos nessa localidade.

teve diversos períodos dedicados especialmente ao aprofundamento de relações entre os presentes, em ambiente informal e propício à geração de negócios, e discutiu os temas que mais impactam o mercado hoje. Em pauta, a realidade de cada parte da região (Argentina, Brasil, México e países andinos), tendências para os vários segmentos imobiliários (residencial, escritórios, industrial & logística, varejo & shopping e hotéis) e especificidades em relação a financiamento, joint­‑ventures e parcerias.

GRI HOSPITALITY LATIN AMERICA 2018 Outros destaques da agenda foram debates com representantes de grandes investidores internacionais: • No primeiro dia, líderes de organizações como Equity International, Blackstone, Brookfield, HSI, Adia (fundo soberano de Abu Dhabi), Macquarie Capital, CSHG, GTIS Partners, Union Investment, Peninsula Investments Group, VBI Real Estate e IFC abordaram o que tem despertado o interesse para aporte de capital na América Latina.

De forma integrada ao Latin America GRI, o GRI realizou a primeira edição do GRI Hospitality Latin America. O encontro se centrou na interação dos players e na análise de assuntos como oportunidades para investimento no ramo de hospitalidade na América Latina, aprendizados para garantir os melhores retornos na região e o potencial local de cada nicho hoteleiro.

BOARD MEETINGS • No segundo dia, um talk show com Adam Gallistel (GIC, o fundo soberano de Cingapura), Alfonso Munk (PGIM Real Estate Partners), Richard Weissmann (KSL Capital Partners) e Ron Rawald (Cerberus Capital Management) tratou da presente fase do ciclo imobiliário na região e de oportunidades em foco. Essa que foi a terceira edição do Latin America GRI

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Na manhã que antecedeu o início do Latin America GRI, os conselhos do GRI para Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México se reuniram para definir os próximos passos do clube nessas áreas geográficas, assim como trocar experiências sobre os negócios e tecer avaliações sobre os rumos do mercado. Participaram, no total, cerca de 40 conselheiros.


Board meetings 2

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Imagens: Mario Miranda Filho

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1 Conselho do GRI Club Brazil reunido 2 Board do GRI Club Mexico 3 Conselho do GRI Club Argentina 4 Board do GRI Club Colombia 5 Conselho do GRI Club Chile 6 Encontro dos boards do GRI Club na América Latina

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CLUB MEETINGS

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O keynote speaker Sam Zell, entrevistado por Camille Douglas (LeFrak) 2 Martín Jaco (BR Properties/ Brasil), Pedro Mesquita, Renan Rodrigues e Daniel Lemos (os três últimos da XP Investimentos/ Brasil) 3 Federico Gagliardo (Vitrium Capital/ América Latina) e Anthony Dibiasi (CA Ventures/ América Latina) 4 Oscar Calvillo (Fibra Inn/ México) e Eric Staley (Blackstone/ América Latina) 5 Rafael Birmann (Birmann/ Brasil) e Ary Krivopisk (WeWork/ América Latina) 6 Painel de investidores com Tal Peri (Union Investment/ América Latina), Brian Finerty (Equity International/ América Latina), David Arthur (Brookfield/ América Latina), Ken Wainer (VBI RE/ Brasil), Bruno Laskowsky (CSHG/ Brasil), Andres Martinez (Peninsula Investments/ América Latina), Max Lima (HSI/ Brasil), Marcelo Fedak (Blackstone/ América Latina), Paulo Gomes (Adia/ América Latina), Santiago Porta (IFC/ América Latina) e Prabhu Raman (Macquarie Capital/ América Latina) 7 Gastão Valente (GIC/ América Latina), Alejandro Heimann (Agência Argentina de Investimentos e Comércio Internacional) e Ramón Lanús (Agência de Administração de Bens do Estado/ Argentina) 8 Jairo Corrales e Jimena Muñoz (ambos da PEI Asset Management/Colômbia) 9 André Freitas (Hedge/ Brasil), André Frankel, Alexandre Frankel (ambos da Vitacon/ Brasil) e Caimi Reis (Brasil Plural/ Brasil) 1

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10 Talk show moderado por Henri Alster (GRI Club), com Alfonso Munk (PGIM/ América Latina), Adam Gallistel (GIC/ América Latina), Richard Weissmann (KSL/ América Latina) e Ron Rawald (Cerberus/ Europa e América Latina) 11 Ricardo Zuñiga Massieu (Vertex/ México) e Gonzalo Espejel (Umana/ México) 12 Robert McCall (GTIS Partners/ América Latina) e Charles­‑Antoine Lavallée (PSP Investments/ América Latina) 13 Marcelo Fedak (Blackstone/ América Latina), Brian Finerty (Equity International/ América Latina), Willie Martin (IWG/ América Latina) e Gastão Valente (GIC/ América Latina) 14 Juan Carlos Moreno (Amarilo/ Colômbia) 15 Javier Domínguez Torrado (Ritch Mueller/ México), Rodrigo Díaz Álvarez (Acciona Parque Reforma/ México) e Juan Carlos Mier y Teran (HSBC/ América Latina) 16 Javier Marquina (GLL/ Chile) e Tal Peri (Union Investment/ América Latina)

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CLUB MEETINGS

GRI Hospitality Latin America 2018

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Samuel Sicchierolli (VCi Holding/ Brasil) 2 Javier Sanchez (Hard Rock International Hotels & Resorts/ América Latina) 3 No centro, Cristiano Gonçalves (IHG/ América Latina) 4 Max Lima (HSI/ Brasil) 5 Victor Vazquez (Marriott International/ América Latina) 6 Juan Corvinos (Hilton Worldwide/ América Latina) 7 Paula Muniz (Hyatt Hotels/ América Latina) 1

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O FUTURO do trabalho

já chegou!

CONFORTO, FLEXIBILIDADE, PROFISSIONALISMO E BONS CONTATOS: O QUE OS NOVOS ESPAÇOS DE TRABALHO E COWORKING TÊM PARA OFERECER Durante muito tempo, trabalhar foi sinônimo de acordar cedo, ir para o escritório, executar tarefas, bater o ponto e voltar para casa. Hoje, essa dinâmica já não faz mais sentido. Tanto, que a flexibilidade já é determinante para a decisão de se trabalhar ou não em uma empresa. Uma pesquisa do Grupo IWG PLC, detentor das Marcas Regus e Spaces, mostrou que 50% dos brasileiros leva esse fator em consideração na hora de escolher um emprego. E flexibilidade vai muito além de poder escolher sua hora de almoço - é permitir que as pessoas façam o seu horário e escolham onde e como querem trabalhar. Para acompanhar a chegada do futuro do trabalho, surgiram espaços flexíveis, que foram se adaptando para atender a todos os tipos de profissionais, desde os mais tradicionais, aos mais disruptivos. Os ambientes coletivos e compartilhados são uma porta aberta para novos negócios e oportunidades, já que concentram diversas empresas e profissionais que, muitas vezes, oferecem serviços complementares. “Hoje, o networking e estrutura são a alma de um negócio de sucesso”, diz Tiago Alves, presidente do grupo IWG PLC no Brasil. TRADIÇÃO NO SETOR A Regus foi pioneira em oferecer essa versatilidade. Fundada em 1989, em Bruxelas, na Bélgica, é a maior fornecedora de soluções de espaços flexíveis do mundo, com quase 3 mil centros de negócios em 1 mil cidades, por mais de 100 países. No Brasil, a empresa chegou há mais de 20 anos, e está presente em 12 cidades, com 55 sites em operação – 9 deles inaugurados em 2017. E a taxa de ocupação que os escritórios apresentam é alta: 85%. A Regus prioriza espaços em prédios corporativos, transformando áreas desocupadas em espaços flexíveis, dando ao proprietário uma alternativa de melhor custo-benefício para seus clientes. Não é à toa que a empresa cresce tanto no Brasil.

NOVO CONCEITO Em junho desse ano, o grupo IWG PLC trouxe mais uma de suas marcas ao Brasil, o Spaces, que oferece coworkings flexíveis, colaborativos e criativos. Esta marca já possui 55 centros em 46 cidades de 19 países, e continua crescendo. “Acreditamos que sucesso inspira sucesso, e queremos proporcionar para empreendedores inovadores novas possibilidades de colaboração e trocas de experiências”, conta Otávio Cavalcanti, responsável pelo Spaces no Brasil, que já está ampliando para mais unidades em 2017. No Spaces, os frequentadores têm acesso a mais de 20 mil membros da comunidade da marca espalhados pelo mundo. O ambiente conta com um clube de negócios, onde são realizados eventos - de palestras a happy-hours -, além de gerar networking natural a todos os ocupantes do espaço. Bem diferente dos locais tradicionais de trabalho, o Spaces é pet friendly e o prédio disponibiliza mesas de trabalho em um roof-top, onde os clientes ainda podem escolher trabalhar com uma vista privilegiada da cidade de São Paulo, a um preço acessível. O Spaces tem, ainda, a característica de transformar a região onde está, trazendo espaços criativos de trabalho e movimentando a economia ao redor. Conheça: Rua Capitão Antônio Rosa, 409 - Vila Madalena - SP www.spacesworks.com/pt-br/


BENCHMARKING

O futuro começa agora GRI Real Estate Week New York antecipa o que será tendência no mercado latino­‑americano no futuro próximo

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m sintonia com o Latin America GRI 2018, o GRI realizou a primeira GRI Real Estate Week New York de 9 a 13 de abril. Uma comitiva com cerca de 30 integrantes de vários países latino­‑americanos participou de uma semana inteira de visitas guiadas para ver de perto novos modelos e as melhores práticas do mercado imobiliário nova­‑iorquino, que ditarão tendências na América Latina nos próximos meses e anos. O grupo conheceu os bastidores da implementação e da operação de empreendimentos inovadores – particularmente nos segmentos de multifamily, coliving, student housing, senior li‑ ving e coworking – e também de outros já consagrados, sempre recepcionado pelas lideranças responsáveis. A semana proporcionou oportunidades diferenciadas de benchmarking aos participantes, de olho em se antecipar à

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concorrência e implementar novidades na América Latina com agilidade e conhecimento prático. Integraram a comitiva do GRI nomes como Alejandro Krell (Paladin/ América Latina), André Frankel (Vitacon/ Brasil), Francisco Lopes (Morro Vermelho/ Brasil), Jaime Benitez (Grupo Arrecife/ Colômbia), Jairo Corrales (PEI Asset Management/ Colômbia), Mabel Delgadillo (Jamestown/ Colômbia), Maria Clara Aristizábal (Grupo Argos/ Colômbia), Pedro Mesquita (XP Investimentos/ Brasil) e Philipp Braunfels (Jamestown/ América Latina). A GRI Magazine acompanhou esse grupo com exclusividade. Veja a seguir quais foram os empreendimentos visitados, selecionados pelo time de especialistas do GRI em conjunto com os membros do clube, e seus destaques.


GRI REAL ESTATE WEEK NEW YORK ///

Manhattan West, mixed­‑use da Brookfield

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O megacomplexo multiuso que a Brookfield está desenvolvendo deve ficar pronto até 2020, mas a comitiva do GRI Club visitou em primeira mão The Eugene, edifício residencial já inaugurado, composto majoritariamente por estúdios (total de 844 apartamentos) e com ampla oferta de áreas comuns, incluindo salas de música e cobertura com deque e churrasqueiras. Serão aproximadamente 650 mil m² em todo o Manhattan West, situado, como aponta o próprio nome, no Oeste da ilha, uma região que, de vocação fabril, vem sendo revolucionada e se transformando numa das partes mais dinâmicas da cidade. O empreendimento fica a uma quadra da Penn Station e bem perto da High Line.

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O investimento bilionário (estimativa na casa dos US$ 8 bilhões) abrange construção de novas torres e retrofit de prédios existentes. O mix será composto por prédios residenciais e corporativos (ocupados por grandes companhias e também startups, considerando que o projeto prevê espaços de coworking), hotel butique e shopping, além de um parque público de mais de 8 mil m². 4

Imagens: Mario Miranda Filho

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1 Obras do Manhattan West 2 Grupo do GRI conhece detalhes do novo complexo 3 The Eugene, residencial do Manhattan West já entregue 4 Comitiva do GRI visita The Eugene 5 Vista da cobertura do residencial

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BENCHMARKING

Stuyvesant Town e Peter Cooper Village, multifamily da Blackstone e da Ivanhoé Cambridge

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O imenso residencial de 56 prédios, 11200 apartamentos – sendo 5 mil deles de habitação social, distribuídos via sorteio – e 30 mil moradores localizado na parte Leste de Manhattan foi criado no pós­‑II Guerra Mundial, já passou pelas mãos de Tishman Speyer e BlackRock e, desde 2015, pertence a Blackstone e Ivanhoé Cambridge (transação de US$ 5,3 bilhões).

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A gestão envolve grandes desafios por conta do porte do complexo, da necessidade de lidar com milhares de stakeholders e das restrições legais ao aumento dos aluguéis (rent stabilization) que vigora em Nova York. O valor agregado para os proprietários vem da renovação contínua das unidades (a qualquer momento, cerca de 40 apartamentos são objeto de reforma) e dos ganhos de eficiência na administração do condomínio. Entre as melhorias recentes, destaca­‑se a instalação de painéis solares para geração de energia.

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1 e 2 O complexo Stuyvesant Town e Peter Cooper Village 3 Comitiva do GRI recebe informações sobre os bastidores da operação do empreendimento

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Imagens: Mario Miranda Filho

A média de idade dos habitantes é de 28 anos; porém, há também uma relevante quantidade de idosos. Todos usufruem de uma ampla estrutura – praça, academia ao ar livre e cafeteria, entre outros itens. Para manter a operação, há 500 funcionários e um forte aparato de segurança, tudo visto em detalhes pelo grupo do GRI Club.


GRI REAL ESTATE WEEK NEW YORK ///

Artù Viale, student housing da AB Capstone O residencial para renda voltado a estudantes – modelo conhecido como student housing – foi desenvolvido pela AB Capstone com investimento de US$ 15 milhões e entregue em 2017. Fica no Bronx, distrito na região Norte de Nova York, estrategicamente posicionado a três quadras de um campus da Fordham University. O empreendimento de quatro andares tem apartamentos de tamanhos variados, de estúdios a dois quartos, e capacidade para abrigar um total de 66 moradores. O projeto valoriza espaços compartilhados para estimular a convivência dos habitantes, incluindo, por exemplo, sala de estudos, salão de jogos e academia. Alguns serviços, como o de lavan-

deria, são cobrados à parte do aluguel, firmado em contratos anuais. O térreo, para aproveitar a localização privilegiada, numa das principais avenidas do entorno, oferece espaço para varejo. A demanda tem superado a oferta e a AB Capstone já está desenvolvendo mais um edifício, semelhante, no mesmo quarteirão. Com aporte de capital estimado em US$ 10 milhões, deve receber outros 40 moradores. Como diferencial, no térreo haverá uma garagem. Tanto o prédio em funcionamento como o em construção foram visitados pela comitiva do GRI Club.

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Fachada do Artù Viale 2 Comitiva do GRI conhece o empreendimento 3 e 4 Salão de jogos e academia, parte das áreas de convivência do Artù Viale 5 Novo prédio em desenvolvimento, próximo ao primeiro 6 Grupo do GRI acompanha as obras em andamento

Imagens: Mario Miranda Filho

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BENCHMARKING

WeWork FiDi e WeLive NYC, coworking e coliving da We

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O coworking WeWork FiDi fica no Distrito Financeiro de Manhattan, bem perto da Bolsa de Nova York. Os usuários alugam assentos e dispõem de áreas compartilhadas, salas de conferência, cabines telefônicas, internet, limpeza, bebidas e outros serviços. É nesse prédio que está em teste a Rise by We, nova incursão do grupo que mescla academia e spa. Aliás, Nova York é sempre onde são implementados os protótipos de novos negócios da companhia. Está sendo assim com a WeGrow, no campo da educação infantil, e foi dessa forma com a WeLive.

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Em operação desde 2016 (inicialmente em esquema soft opening), o coliving WeLive NYC fica em um antigo edifício corporativo convertido para o uso atual, que junta residencial, hotelaria, ocupação via Airbnb e ainda escritórios (sob a bandeira WeWork). O projeto respeita diferentes zoneamentos por andar, cada um para um tipo de utilização. O perfil dos moradores do WeLive NYC é bastante heterogêneo, de jovens a casais com crianças e aposentados. Há unidades de tamanhos distintos (estúdios e apartamentos com até quatro quartos) e os valores de locação premiam quem opta por períodos mais longos. O ponto alto são os ambientes compartilhados, como a great kitchen, cozinha ampla e equipada para servir de cenário para happy hours, aulas de culinária e programação cultural.

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1 Cozinha para estimular a interação, um dos destaques do WeWork FiDi 2 Parte da academia da Rise by We, em fase de teste no prédio em que funciona o WeWork FiDi 3 Fachada do WeLive NYC 4 Vista interna de um dos apartamentos visitados 5 Misto de lavanderia e sala de jogos é uma das áreas mais frequentadas do coliving 6 Comitiva do GRI visita a área externa do WeLive NYC 7 Os moradores dispõem de caixas de correio, posicionadas no subsolo do empreendimento

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Imagens: Mario Miranda Filho

Os gestores garantem que a ocupação nunca fica abaixo de 94% e que a América Latina deve receber o modelo em breve.

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Imagens: Divulgação

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Por dentro do Spaces 1740 Broadway 1 e 2

Spaces 1740 Broadway, coworking do IWG

Mais conhecido pela Regus, o International Workplace Group (IHG) abarca hoje seis marcas, incluindo também a Spaces, de origem alemã e focada em coworking. A comitiva do GRI visitou o Spaces 1740 Broadway, empreendimento inaugurado recentemente no coração de Manhattan. 2

A rede explora o conceito de clube, pelo qual os membros podem se beneficiar da penetração global e contar com unidades em múltiplos países. Os clientes da Spaces vão de millennials a profissionais mais maduros e têm a opção de alugar espaço por mês ou até três anos, com preços mais vantajosos quanto maior o prazo. Desfrutam de instalações modernas, áreas reservadas e sobretudo compartilhadas para estimular a convivência e a interação, e serviços como wi­‑fi e manutenção. Os planos do IWG para a América Latina são agressivos. Há hoje 170 centros operando na região – no caso da Spaces, no México, Peru, Panamá e Brasil – e a meta é chegar a 500 no futuro próximo, incluindo também cidades secundárias e terciárias. Uma das novidades é a Regus Express, de business lounges para trabalho e relaxamento, em implementação em aeroportos, mas que podem ser aplicáveis também a outras plataformas – por exemplo, shopping centers.

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BENCHMARKING

Atria West 86, senior living da Atria A Atria Senior Living é focada em residenciais para renda destinados a idosos – modelo conhecido como senior living – nos Estados Unidos e no Canadá. São atualmente mais de 23 mil apartamentos em operação. O empreendimento visitado pelo grupo do GRI, Atria West 86, fica no Noroeste de Manhattan, numa área com grande concentração de pessoas da terceira idade com elevado nível socioeconômico e cultural. Trata­‑se de um prédio em que funcionava um hotel e que passou por extensa reforma, estimada em US$ 28 milhões, para adequação ao uso atual.

Alta+, coliving da Ollie

Há concierge 24 horas por dia, serviços de motorista, arrumação, restaurante sofisticado, academia, salão de beleza e terraço panorâmico na cobertura com vista 360 graus para um horizonte privilegiado. Além de enfermagem em tempo integral, os residentes podem eleger também uma seleção de serviços médicos e de cuidados pessoais (em caso de autonomia reduzida). A proposta é garantir conforto e condições para uma vida independente e integrada a uma comunidade. Adicionalmente aos moradores, são aceitos hóspedes para períodos mais curtos, circunstanciais.

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Outro diferencial é importar o conceito all in‑ clusive da hotelaria, embutindo no pacote de aluguel uma série de serviços sem custos extras: arrumação, roupa de cama e banho e produtos de higiene pessoal, além de academia, piscina, eventos sociais e outros mais comuns, tais quais internet e TV a cabo. Assim, o morador sabe de antemão, sem surpresas, o total mensal a ser gasto. O empreendimento visitado em Nova York, Alta+, em Long Island, segue essa linha. A passagem do grupo do GRI, por sinal, aconteceu algumas semanas previamente à inauguração. A comitiva pôde ver antecipadamente tudo o que seria entregue a partir de maio.

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Imagens: Divulgação

Fincada no formato de coliving e sua proposta de vida em comunidade e experiências compartilhadas, a Ollie soma empreendimentos em cinco cidades americanas. Sua tônica é oferecer apartamentos pequenos, porém com espaços maximizados por meio de mobiliário desenhado especificamente para eles.

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1 Perspectiva de apartamento do Alta+ 2 e 3 Para poupar espaço, uma das estratégias é embutir a cama, liberando­‑a apenas nos momentos de uso


GRI REAL ESTATE WEEK NEW YORK ///

Rockefeller Center e Jackson Park, mixed­‑use e residencial da Tishman Speyer Concebido na década de 1920 e desenvolvido a partir da de 1930, o Rockefeller Center, cravado no centro de Manhattan, segue como referência global em complexos multiuso. Hoje propriedade da Tishman Speyer, seus 89 mil m² abrangem edifícios comerciais e uma ampla área de varejo. Entre 200 mil e 300 mil pessoas circulam ali todos os dias.

vel na superfície – e o robusto centro de segurança, que monitora toda a área por câmeras e dá assistência a prédios Rockefeller em outras localidades em caso de emergências.

A operação é intrincada e a comitiva do GRI pode conhecer seus bastidores visitando, por exemplo, todo o subsolo – onde se movimentam diariamente 140 caminhões, sem nenhum reflexo perceptí-

Os primeiros moradores começaram a se mudar no início deste ano. Uma curiosidade: o Jackson Park segue os preceitos do feng shui e tem certificação nesse quesito.

Imagens: Pixabay

A arquitetura art déco é preservada com afinco. Ainda assim, renovações vêm sendo feitas, com a preocupação de manter a fachada e aumentar a eficiência – por exemplo, substituição da estrutura original de janelas para reduzir o consumo energético.

Também sob o guarda­‑chuva da Tishman Speyer está o Jackson Park, novo empreendimento residencial de alto padrão para renda em Long Island. O projeto abrange três torres, somando 1800 apartamentos (estúdios ou unidades de um a quatro quartos), e um conjunto de espaços comuns de lazer, além de um parque privado e uma série de serviços – lavanderia, arrumação etc.

Recortes do Rockefeller Center 1 e 2

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CLUB MEETINGS

Líder de Real Estate da Blackstone para as Américas discute estratégia da companhia com membros do GRI Club momento de forte turbulência política da América Latina tem sido acompanhado com desvelo pelos grandes investidores imobiliários. A volatilidade é um ponto de atenção e impõe cuidado redobrado, mas também pode abrir espaço para oportunidades diferenciadas. Esse foi um dos aspectos enfocados durante almoço oferecido pela Blackstone em sua sede em Nova York para um grupo de membros do GRI Club no dia 10 de abril, durante a GRI Real Estate Week New York.

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Grupo de membros do GRI em almoço na Blackstone 2 Nadeem Meghji e Marcelo Fedak (ambos da Blackstone) 3 Henri Alster (GRI Club) e Jon Gray (Blackstone) no Brazil GRI 2015 1

“Muitas vezes, o melhor momento para investir é quando todos estão temerosos. Agora é uma hora mais favorável do que há três anos e estamos animados”, comentou Nadeem Meghji, senior managing director da divisão Imobiliária da Blackstone e líder de Real Estate para as Américas. Além dele, participaram do encontro outros dois executivos da companhia, Marcelo Fedak e Eric Staley, cujas atuações estão concentradas na América Latina. A Blackstone tem atualmente cerca de US$ 115 bilhões em ativos imobiliários sob gestão e é presidida desde fevereiro por Jon Gray, que fez carreira na área imobiliária da companhia e foi o keynote speaker do Brazil GRI 2015.

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Imagens desta seção: Mario Miranda Filho

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CEO da Tishman Speyer recebe membros do GRI Club na sede da companhia nos EUA m 13 de abril, três dias após fechar um acordo com a farmacêutica Pfizer que prevê a construção e a locação por 20 anos de um grande empreendimento corporativo em Manhattan, o CEO da Tishman Speyer, Rob Speyer, recebeu um grupo de membros do GRI Club na sede da companhia em Nova York. O endereço fica no icônico complexo Rockefeller Center, que pertence à empresa.

E

Bem humorado com o novo projeto de US$ 3,7 bilhões e mostrando­‑se bastante informado sobre a realidade da América Latina, Rob conversou sobre os planos da Tishman Speyer para a região. Ele relatou que o Brasil é o país latino­‑americano que mais o deixou animado nos últimos dois anos. “Nosso maior foco na região é o Brasil. À medida que a economia se recuperar, será fantástico”, afirmou.

Além do Brasil, o México desperta atenção. A empresa já investiu no país e considera voltar em algum momento, de acordo com o CEO. O encontro na Tishman Speyer ocorreu durante a GRI Real Estate Week New York.

Mario Miranda Filho

A companhia vem adquirindo terrenos no Brasil para futuros projetos e o

interesse está direcionado aos segmentos residencial e de escritórios, visando crescimento sobretudo orgânico. O olhar hoje se volta mais a São Paulo – com base na própria experiência, visto que a Tishman Speyer efetivou pesados aportes de capital no Rio de Janeiro nos anos recentes e experimentou dentro de casa as dificuldades por que aquele mercado tem passado. “Investimento no Rio exige uma perspectiva de muito longo prazo”, sentenciou Rob.

Membros do GRI Club reunidos com Rob Speyer (no centro)

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ÁLBUM DE VIAGEM

Os lugares preferidos dos profissionais de real estate

Divulgação

No período em que mais de 300 dos principais players imobiliários da América Latina se encontraram em Nova York para o Latin America GRI 2018, a GRI Magazine convidou alguns deles para compartilhar quais são as suas partes preferidas da cidade. Confira:

JOAN BERTRAN, LÍDER GLOBAL DE IMÓVEIS COMERCIAIS E HOTÉIS DO BANCO SABADELL CENTRAL PARK

Divulgação

“É uma ilha dentro da cidade. Podemos nos perder em seus bosques, lagos e rochas, esquecendo-nos completamente de onde estamos e transitando por qualquer lugar remoto, longe dos ruídos e do atropelo da vida cotidiana na metrópole. Por outro lado, se quisermos, podemos desfrutar do parque sabendo que estamos no centro de Manhattan, contemplando o horizonte urbano e sentindo-nos em uma bolha no centro da capital financeira do mundo”, diz Joan.

Acervo pessoal

Para Joan Bertran e Giancarlo Nicastro, o Central Park, localizado no coração de Manhattan e amado tanto por nova-iorquinos como por turistas, é uma referência de parque urbano e um dos pedaços da metrópole que mais gostam de visitar.

GIANCARLO NICASTRO, CEO DA SIILA BRASIL CENTRAL PARK

“O Central Park é meu lugar preferido, pois, no meio de uma cidade caótica como Nova York, é possível encontrar paz em contato com a natureza”, reflete, alinhado, Giancarlo. Inaugurado no século XIX, esse é o parque mais movimentado da cidade.

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Divulgação

Mario Miranda Filho

MAURICIO ELIZONDO, DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO DE RESORTS DO GRUPO POSADAS PONTE DO BROOKLYN

PEDRO MESQUITA, DIRETOR DE MERCADO DE CAPITAIS DA XP INVESTIMENTOS SOHO

O SoHo, um dos bairros mais badalados de Nova York, foi lembrado por Pedro Mesquita.

Acervo pessoal

“É um dos meus lugares preferidos na cidade, especialmente em dias ensolarados de primavera. O clima ameno e a arquitetura, aliados à vibe das pessoas, fazem do SoHo uma localidade muito bacana, tanto para ir às compras como para tomar um drinque durante a tarde”, justifica.

Na visão dele, Nova York é uma cidade multifacetada do ponto de vista imobiliário. “O setor teve a tarefa de resgatar áreas abandonadas que, agora, apresentam propostas de alto valor, concorridas e com conceitos exportados para o resto do mundo. Há construções de todo tipo, desde antigas – feitas de pedras – e de arquitetura francesa até novos conceitos em aço e vidro, sempre aproveitando cada metro quadrado.”

Acervo pessoal

A escolha de Mauricio Elizondo é a Ponte do Brooklyn, uma das principais paisagens nova-iorquinas.

Mauricio conta que apreciar a cidade a partir da Ponte do Brooklyn permite uma perspectiva diferente. “Pode-se enxergar um mesmo horizonte de edifícios, incluindo a zona financeira reconstruída. Além disso, cruzar a ponte e ver sua construção remetem a feitos históricos centenários, passando pelos mesmos locais dos primeiros comerciantes. É uma amostra de que os trabalhos bem planejados e executados se mantêm atuais”, afirma. Ele recomenda caminhar pela ponte e visitar a região que ficou conhecida como Dumbo (sigla para Down Under Manhattan Bridge Overpass, ou seja, a área logo abaixo da estrutura) – em particular, seu parque, o Brooklyn Bridge Park. JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 25


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INFORME PUBLICITÁRIO

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Mario Miranda Filho

GRINTERVIEW

Sam Zell O megaempresário garante: a América Latina apresenta algumas das melhores oportunidades de investimento para a próxima década GIOVANNA CARNIO

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SAM ZELL, presidente da Equity International

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Sam Zell foi um dos pioneiros entre os investidores internacionais a aportar capital em real estate na América Latina. Desde a fundação da Equity International, no final da década de 1990, já aplicou mais de US$ 2 bilhões em companhias de 15 países, boa parte deles no mercado imobiliário de economias emergentes, incluindo o da região. Lê pelo menos quatro jornais por dia, viaja constantemente e faz questão de se manter bem informado em busca de embasamento para decisões assertivas. É com conhecimento de causa, portanto, que afirma estarem concentradas na América Latina algumas das melhores oportunidades de investimento para, pelo menos, os dez anos a seguir. Pouco antes de sua participação como keynote speaker do Latin America GRI 2018, ele concedeu a seguinte entrevista à GRI Magazine:

Que lugares no globo atraem mais a sua atenção para investimentos imobiliários atu­ almente? De onde devem vir os melhores retornos? Entre todos os cantos do mundo, acredito que a América Latina apresenta algumas das melhores oportunidades de investimento para, pelo menos, a próxima década. Os custos de mão de obra competitivos e a depreciação cambial nos últimos anos ajudaram a posicionar bem a região. Além disso, os fatores econômicos que devem direcionar o crescimento estão mais diversificados agora. Especificamente, despendemos muito tempo no México, no Brasil, na Colômbia, na Argentina e no Japão. Tendemos a mirar países em que o capital é mais escasso e, portanto, alta-

DADA A QUANTIDADE DE ELEIÇÕES E OUTRAS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS NA AMÉRICA LATINA, PROVAVELMENTE HAVERÁ AUMENTO DA VOLATILIDADE NO CURTO PRAZO. ENTRETANTO, ESSA DINÂMICA FREQUENTEMENTE RESULTA EM OPORTUNIDADE

mente valorizado. Estamos sempre muito focados em ser recompensados pelo risco corrido. Qual a sua visão sobre a América Lati­ na hoje – particularmente, em um ano marcado por eleições em diversos países e possibilidades de mudanças político­ ‑econômicas significativas? Dada a quantidade de eleições e outras transformações políticas na América Latina, provavelmente haverá aumento da volatilidade no curto prazo. Entretanto, acreditamos que essa dinâmica frequentemente resulta em oportunidade, especialmente nessa região, onde a expectativa é de que reformas recentes coloquem muitos dos países numa posição mais sólida para o longo prazo.

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SAM ZELL

Há três anos, em um club meeting do GRI em São Paulo, você afirmou que ainda via o Brasil como um país com grande futuro, mas que havia sérios pro­ blemas de governança. Disse também que México e Colômbia tinham se tornado bastante atrativos. Essa análise permanece a mesma ou de alguma forma se alterou? Esses países estão entre nossos mercados­ ‑alvo. No Brasil, tendo em conta o sofrimento por que o mercado imobiliário passou ao longo da pior recessão da história do País, assim como a superoferta em muitos segmentos, esperaríamos ver oportunidades de investimento mais atrativas nos últimos anos. Todavia, dada a falta de disposição do sistema bancário de retomar ativos ou ser excessivamente penalizante com seus devedores, muitos grupos que deveriam estar procurando equity decidiram simplesmente aguardar o maior tempo possível na esperança de que uma recuperação do mercado os salvasse. Na Colômbia, como aprendemos e de muitas maneiras nos beneficiamos, o mercado imobiliário é pequeno comparado ao do Brasil e ao do México. Quando o capital começa a fluir em um mercado pequeno, ocorre uma reprecificação imobiliária bastante rapidamente. Ainda que permaneçamos acreditando nos fundamentos de longo prazo da Colômbia, a concorrência por ativos e locatários criou um mercado competitivo e, como resultado, retornos mais moderados. E para o México, nossa visão segue praticamente inalterada. Há muito ruído a respeito das negociações do Nafta [Tratado de Livre Comércio da América do Norte] e das eleições, e isso impactou a perspectiva de outros investidores para o país; porém, cremos que essa seja uma questão de curto prazo. No fim das contas, imaginamos que os fortes fundamentos do México, incluindo a mão de obra barata e a classe média crescente, vão impulsionar a demanda imobiliária. A América Latina deve receber mais investimentos da Equity International no futuro próximo? Em no­ vos ativos ou naqueles em que já está presente? Esperamos que sim. Tudo depende das oportunidades. Estamos igualmente focados em novas oportunidades de investimentos e em ampliar as plataformas dos nossos investimentos existentes. Esta última estratégia respondeu pela maioria dos nossos investimentos nos últimos anos, mas isso pode mudar. É possível eleger segmentos imobiliários mais atra­

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EM MUITOS CASOS, A PRECIFICAÇÃO TEM ESTADO MAIS ATRATIVA FORA DOS PRINCIPAIS SETORES DE ATIVOS IMOBILIÁRIOS. VEMOS POTENCIAL AO EXPANDIR A DEFINIÇÃO DE REAL ESTATE TRADICIONAL PARA ÁREAS COMO INFRAESTRUTURA, SELF­‑STORAGE E TELECOMUNICAÇÕES

Mario Miranda Filho

GRINTERVIEW

tivos na região hoje ou continua preferindo observar as oportu­ nidades uma a uma? Em muitos casos, achamos que a precificação tem estado mais atrativa fora dos principais setores de ativos imobiliários. Vemos potencial ao expandir a definição de real es‑ tate tradicional para áreas como

infraestrutura, self­‑storage e telecomunicações, e temos sido ativos nelas. No entanto, sempre olharemos também para classes de ativos imobiliários tradicionais. O que podemos esperar quanto aos seus investimentos atuais no Brasil? A GuardeAqui, agora


unida à Kipit pela joint­‑venture com o Patria Investimentos, deve caminhar em direção à abertura de capital? Após a fusão com a Kipit, a GuardeAqui passou a ter 22 lojas, o que faz dela a maior plataforma de self­‑storage da América Latina. Continuamos aplicando capital ativamente e temos um plano agressivo de expansão para a companhia nos próximos anos. Ainda que não estejamos buscando um IPO neste momento, essa é uma opção para o futuro. Self­‑storage é um segmento que tende a ganhar ainda mais fôlego no Brasil e na região com a expan­ são do e­‑commerce e o desen­ volvimento de residências cada vez mais compactas? O setor de self­‑storage está apenas começando e creio que vamos ver um crescimento contínuo a partir do e­‑commerce e de operadores logísticos. Também vemos demanda de empreendedores locais que procuram espaço para guardar seus produtos em localizações centrais próximas aos consumidores. Ainda com relação ao Brasil, quais são as metas para a Esta­ par? O mercado de estaciona­ mentos continua atrativo, mes­ mo frente a tendências como a dos carros autônomos? A Estapar é muito focada em investimento, institucionalização e inovação. A companhia aplicou mais de metade do nosso aporte de 2016 em investimentos atrativos em ativos de alta geração de tráfego, como aeroportos, hospitais e shoppings. A Estapar tem um pipeline forte e esperamos efetivar o restante do investimento neste ano para nos beneficiar do corrente desloca-

mento do mercado. Como a Estapar continua a avançar em escala, queremos posicioná­‑la como a plataforma de estacionamentos dominante, mais bem administrada e mais institucional da América Latina. Então, estamos altamente focados em governança. A Estapar também está destinando muito tempo e recursos para assegurar que fique à frente em novas tendências tecnológicas. Seu novo aplicativo cria uma base de clientes fidelizada ao encontrar o estacionamento mais próximo, reservar vagas e proporcionar pagamento via dispositivos móveis. No México, a Acosta Verde re­ cebeu há pouco menos de um ano investimentos follow­‑on da Equity International. A seu ver, o mercado de shoppings no país – e na América Latina – ainda oferece oportunidades de expansão, na contramão do que se vê nos Esta­ dos Unidos? Para começar, os Estados Unidos estão altamente sobreofertados em varejo e têm uma penetração de e­‑commerce muito mais alta do que o México. Ademais, o produto e o mercado­‑alvo da Acosta Verde são segmentados para resistir melhor aos impactos das compras online. Os shoppings da companhia estão ancorados em itens como centros médicos, o que torna visitá­‑los uma necessidade, e seus clientes tendem a comprar menos pela internet. Até agora, vimos aumento do fluxo de pessoas e crescimento ano a ano do resultado operacional líquido.

a Argentina de perto por mais de cinco anos e recentemente fizemos um investimento, em parceria com o Goldman Sachs e outros investidores institucionais, assim como com o time imobiliário do Grupo Pegasus, para incorporar e capitalizar o ARG Realty Group. Essa parceria aportou mais de US$ 300 milhões, que corresponderam ao maior investimento imobiliário na Argentina em mais de uma década. Inicialmente, o ARG vai focar em escritórios e varejo em Buenos Aires e, ao longo do tempo, buscar se expandir para outros segmentos imobiliários geradores de renda no país. O limitado investimento imobiliário nos últimos 15 anos criou uma suboferta significativa de produtos institucionais de qualidade, sobretudo nos setores de escritórios, varejo e industrial. Então, entendemos que existe uma oportunidade atrativa para dar escala à plataforma por meio de aquisições estratégicas e desenvolvimento.

TEMOS UM PLANO AGRESSIVO DE CRESCIMENTO PARA A GUARDEAQUI. AINDA QUE NÃO ESTEJAMOS BUSCANDO UM IPO NESTE MOMENTO, ESSA É UMA OPÇÃO PARA O FUTURO

A Argentina recentemente tam­ bém foi objeto de um relevante investimento seu. Quais os planos para esse negócio? Temos olhado

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PANORAMA

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Composição: Freepik.com

América Latina Mercado imobiliário vive fase de otimismo na região GIOVANNA CARNIO

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mercado imobiliário na América Latina vivencia um clima de predominante otimismo. Essa atmosfera ficou patente durante todo o Latin America GRI 2018 e é ratificada pelos resultados do Termômetro do GRI, que ouviu 340 players do setor que atuam na região em março e abril. Em cinco dos seis países enfocados – Argentina, Brasil, Colômbia, Chile e México –, a grande maioria dos entrevistados revela que suas companhias estão, no presente contexto, investindo ou ampliando negócios localmente. As percentagens variam entre 63,16% (Brasil) e 76,47% (México) dos respondentes. Somente no Peru essa participação fica abaixo dos 50% e, mesmo assim, é bastante representativa (44,44%). A postura confiante está diretamente vinculada à expectativa de desempenho dessas economias (evolução ou pelo menos manutenção do desempenho corrente) e de resultados corporativos favoráveis nesses lugares no futuro próximo. Isso não significa que se acredite em céu de brigadeiro. Os empresários e investidores estão atentos ao cenário de efervescência regional, com eleições altamente polarizadas – Colômbia em maio, México em julho e Brasil em outubro – e reformas em curso.

dades de cada país e o porte das oportunidades – limitado, no comparativo global – justificam essa configuração. Do ponto de vista do investidor internacional, a América Latina tem claramente seus encantos. É grande demais para ser ignorada, dizem alguns. Enquanto a demanda global vem caindo, na região ainda se vê crescimento, destacam outros. Para esse público estrangeiro, os alvos prioritários são México e Brasil, ou seja, as maiores economias (ou melhor, suas principais cidades), que oferecem escala mais compatível com esse perfil de capital. Colômbia e Chile despertam interesse, mas ainda carecem de volume. “A razão por que investimos no México e no Brasil é que representam 65% da região”, resume um dos investidores ouvidos pela nossa reportagem. Ele e os demais valorizam e muito as parcerias com empresas locais, conhecedoras a fundo das características e dos trâmites regionais.

SEGMENTOS PREFERIDOS

INVESTIDORES LOCAIS E INTERNACIONAIS

O ramo residencial figura como a grande estrela do mercado imobiliário latino­‑americano, liderando o ranking de percepção do empresariado sobre onde estão as melhores oportunidades para aporte de recursos nos seis países pesquisados pelo GRI Club. Até aqui, prevaleceu na região o modelo de desenvolvimento para venda de unidades; porém, cresce fortemente o entusiasmo por outros formatos que privilegiam a locação e a geração de renda.

O mercado imobiliário latino­‑americano ainda é largamente dominado por players locais. As especifici-

As discussões do Latin America GRI 2018 que giraram em torno de empreendimentos multifamily

A visão geral é de que é preciso olhar através dos ciclos do mercado imobiliário e manter o foco necessariamente no longo prazo como forma de atravessar os percalços do caminho e passar pelas mudanças que venham a surgir.

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PANORAMA

AMÉRICA LATINA

e de tendências como coliving, student hou‑ sing e senior living foram altamente disputadas, assim como a participação nas visitas de benchmarking a esse tipo de projeto durante a GRI Real Estate Week New York.

impactos da evolução do e­‑commerce do que mercados mais avançados, como o dos Estados Unidos.

ranking variam por localidade. Revezam­‑se escritórios, hotéis, shopping centers, galpões e loteamentos, dependendo do contexto de cada país. No caso particular de varejo & shoppings, a visão predominante é de que a região sofre muito menos com os

Se o setor residencial reina absoluto no topo das preferências, as demais posições do

Acompanhe, nas páginas a seguir, os panoramas específicos de Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile e Peru.

TERMÔMETRO DO GRI - AMÉRICA LATINA Apetite para investimentos imobiliários

CHILE

76,47% 80

73,91%

73,68% 65,79%

70

63,16%

Expectativa de resultados corporativos Considerando a América Latina, é no México que mais players esperam números favoráveis para suas companhias nos próximos 12 meses.

ARGENTINA

82,35%

60 COLÔMBIA BRASIL PERU

dos respondentes

44,44%

50

O país é seguido de perto pela Colômbia.

40

81,58%

30 20

Nesse quesito, o Brasil apresenta a menor proporção de otimistas, ainda que se trate de uma fatia substantiva dos consultados.

Parcela de entrevistados cujas empresas estão hoje10 investindo e/ou ampliando negócios 0

Segmentos mais atrativos

61,58% ARGENTINA

BRASIL

CHILE

COLÔMBIA

MÉXICO

PERU

RESIDENCIAL

RESIDENCIAL

RESIDENCIAL

RESIDENCIAL

RESIDENCIAL

RESIDENCIAL

HOTÉIS

HOTÉIS

LOTEAMENTOS

SHOPPING CENTERS

ESCRITÓRIOS

HOTÉIS

SHOPPING CENTERS

LOTEAMENTOS

ESCRITÓRIOS

3º 34

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GALPÕES

SHOPPING CENTERS

ESCRITÓRIOS

O ramo residencial é o preferido na região, ocupando a 1ª posição do ranking em todos os países pesquisados.

Fonte: GRI Club

MÉXICO

O México é o país da região em que vigora atualmente maior disposição para investimentos imobiliários, enquanto o Peru aparece na lanterna. A diferença entre ambos é de 32 pontos percentuais.


INFORME PUBLICITÁRIO

Vacância estrutural é responsável por mais de 30% de toda a área vaga de escritórios de alto padrão em SP Por Giancarlo Nicastro Com um estoque de 2.754.310 m² de escritórios corporativos de Classes A+ e A, a cidade de São Paulo vem apresentando nas regiões CBDs uma taxa de vacância média de 23,7% nos últimos três anos, de acordo com dados da plataforma SiiLA Brasil. Ao analisarmos a taxa de espaços vagos do mercado, e dela subtraírmos a vacância estrutural, temos um panorama da real vacância em São Paulo. Para esta análise, consideramos como sendo vacância estrutural espaços que estão vagos há mais de três anos, seja por obsolescência, localização, problemas jurídicos, processos ineficientes de comercialização ou até por preços pedidos fora da média das regiões. E que ainda dificilmente serão ocupados no contexto do mercado de 2018. Nossa análise identificou 151 lajes vagas há mais de três anos, que totalizam 186.086 m². Ao retirarmos esta área da vacância atual, 592.727 m², chegamos a uma taxa de espaços vagos significativamente menor: 406.640 m², ou 14,76% do estoque total da cidade. No gráfico abaixo podemos ver que ao retirarmos a área que corresponde a vacância estrutural, a taxa de espaços vagos de São Paulo cai em média 7,3 pontos percentuais ao longo dos últimos três anos. Por que que este estudo é importante?

Pois permite uma análise mais apurada sobre as tendências do mercado nos próximos trimestres. Giancarlo Nicastro O mercado de escritórios de alto padrão em São Paulo tende a ter o seguinte comportamento dependendo da taxa de vacância: Vacância abaixo de 12% = os preços dos aluguéis tendem a subir Vacância entre 12% e 16% = os preços dos aluguéis estão estáveis Vacância acima de 16% = os preços dos aluguéis tendem a cair Ou seja, em um cenário com taxa de vacância real abaixo de 16%, o mercado paulista tende a ter um aumento no valor do aluguel. Giancarlo Nicastro é CEO da SiiLA Brasil. Contato com o colunista: gnicastro@siila.com.br

ANÁLISE DAS TAXAS DE VACÂNCIA | ESCRITÓRIOS SP 30% 25% 7,2pp 20%

7,9pp

6,7pp

15% 10% 5% 0%

Taxa de Vacância Estoque A+ e A

Taxa de Vacância do Estoque sem as Lajes


Composição: Freepik.com

PANORAMA

Brasil

Setor tem ânimo revigorado no País, apesar das incertezas políticas

epois de três anos muito duros, o mercado imobiliário no Brasil finalmente respira otimismo em 2018, mesmo que as dúvidas em relação ao desfecho das próximas eleições ainda recomendem certa cautela.

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O novo estado de espírito dos players que atuam no País pôde ser claramente observado entre os participantes do Latin America GRI 2018. “Foi

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muito interessante ver a mudança de humor geral. Nos últimos anos, todos falavam em piora. Agora, há uma alteração significativa de como as pessoas passaram a ver o mercado. Notei um sentimento de esperança que não enxergava há muito tempo”, constata Max Lima, sócio­‑diretor da Hemisfério Sul Investimentos (HSI). “É ainda um otimismo moderado, mas é otimismo”, concorda Martín Jaco, CEO da BR Properties.


Mário Miranda Filho

“Do lado econômico, o Brasil está dando certo. Vai ocorrer crescimento do PIB nos próximos anos e a economia começou a andar. Além disso, são pontos positivos a conscientização sobre a importância das reformas e a chance de que o resultado final das eleições seja favorável ao mercado”, enumera. “Percebo tanto entre os investidores quanto entre os incorporadores um otimismo renovado, após os ajustes macroeconômicos, ressalvada a questão política e as apreensões em relação ao universo de candidatos às eleições de outubro”, pontua Marcelo Michaluá, presidente da RB Capital.

CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZOS O cenário de agitação política inquieta o mercado. Contudo, não tira o foco do investidor imobiliário de longo termo,

MARTÍN JACO, CEO DA BR PROPERTIES

mais resiliente. “Quem vê o Brasil no longo prazo percebe fatores positivos como demografia, mercado consumidor, importância continental e democracia testada de uma forma mais ocidentalizada em relação aos outros países”, garante Michaluá.

Mário Miranda Filho

“Embora no curto prazo vá haver sobressaltos com as eleições, os políticos brasileiros são pragmáticos. As coisas vão caminhar”, espera Gustavo Pelliciari, diretor de Incorporação da CCDI. Para ele, no médio prazo, o quadro brasileiro tem uma série de pontos positivos e, estruturalmente, condições para evolução a contento.

GUSTAVO PELLICIARI, DIRETOR DE INCORPORAÇÃO DA CCDI

VÁRIAS EMPRESAS ANUNCIARAM NO LATIN AMERICA GRI ESTAR ESTUDANDO NOVAS RODADAS DE INVESTIMENTO NO PAÍS

“Com a melhora da economia, refletida não só pela queda da inflação como também pela compressão da taxa de juros, os ativos reais se beneficiam de maior potencial de apreciação no médio prazo, quando se traz o fluxo de caixa a valor presente”, calcula Michaluá. Martín salienta que, embora postergada pela crise política, a retomada é uma realidade e precisa ser concluída de forma cautelosa antes de o mercado assumir um tom de euforia.

OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO Com essa visão preponderantemente favorável, se nota um apetite significativo pelo Brasil. “Várias empresas anunciaram no Latin America GRI 2018 estar estudando novas rodadas de investimento no País”, comenta Martín. O mesmo clima positivo transparece nos resultados do Termômetro do GRI, pesquisa realizada em março e abril que ouviu 340 players com atuação na América Latina, sendo 183 com negócios especificamente no Brasil. Entre os consultados, 63,16% contaram que suas companhias estão hoje investindo e 61,58% apontaram expectativa de resultados bons ou excelentes das suas empresas nos próximos 12 meses. A sondagem mostrou que os três segmentos imobiliários que oferecem hoje as melhores oportunidades de negócios no País são, pela ordem: residencial, hotéis e loteamentos. “Concordo com residencial no topo

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PANORAMA

da lista e acho que loteamentos é mesmo um setor para crescer, embora se trate de um mercado muito específico”, analisa Gustavo Pelliciari. “Na CCDI, estamos agora, de uma maneira cautelosa, voltando a desenvolver residenciais e começando a olhar para outros setores, pensando em um prazo de maturação de três anos”, anuncia.

RAMOS ATRATIVOS A RB Capital também está apostando de maneira estratégica em moradias, assim como no ramo logístico. “Para nós, esses dois são mercados robustos, resilientes, com potencial importante de geração de boas oportunidades com rentabilidade”, avalia Marcelo Michaluá. As iniciativas de habitação da companhia são conectadas ao mercado do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), principalmente na Grande São Paulo. A HSI igualmente vem destinando recursos a esse segmento. “Temos dez proje-

Mário Miranda Filho

BRASIL

tos residenciais, todos em bairros nobres de São Paulo, a partir de terrenos adquiridos em 2015 e 2016 a preços interessantes. Neste ano, estamos começando a lançar a um ritmo de um empreendimento novo por mês”, externa Max Lima. Apesar disso, ele declara se encontrar mais focado em consolidar a posição da HSI em varejo & shopping centers. “Queremos extrair o máximo dos nossos ativos. Estou feliz de me posicionar nesses segmentos, que estão voltando mais rápido com o consumo, antes da compra de apartamentos”, atesta. Quanto a hotéis, a HSI, que tem atualmente 20 empreendimentos do ramo em seu portfólio, se mostra um tanto comedida em função da experiência recente. “No período da crise, estávamos fazendo muitos hotéis de negócios, cuja relação com o PIB é enorme. Quando ele despencou, a demanda caiu junto. Entretanto, à medida que ela voltar, temos interesse em fazer mais. Não diria que seja hoje um setor prioritário para nós, mas é

MARCELO MICHALUÁ, PRESIDENTE DA RB CAPITAL

uma questão de achar as oportunidades certas”, admite Max.

ESCRITÓRIOS E GALPÕES A desocupação de escritórios é um problema que, pouco a pouco, vai se solucionando. “Ainda não houve ganhos em preço em São Paulo. Todavia, a vacância está diminuindo bastante, principalmente nos bons ativos. Isso começa a disparar os gatilhos para novos desenvolvimentos”, revela Gustavo Pelliciari.

Mário Miranda Filho

Embalada por essa perspectiva, a HSI anunciou recentemente uma parceria com a OR para levantar três torres no Parque da Cidade, em São Paulo. “Daqui a três anos, não vai haver escritório no mercado. Como as unidades do Parque vão ficar prontas nesse tempo, vou entregar sozinho [sem concorrência]”, acredita o sócio-diretor.

MAX LIMA, SÓCIO­ ‑DIRETOR DA HSI

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Já no ramo de propriedades industriais & logísticas, ainda há considerável sobreoferta, sustenta Max. Diz ele: “É curioso, pois mais e mais players vêm chegando para investir em galpões, ao passo que a


A BR Properties está entre os que estão identificando oportunidades no ramo de galpões. Recentemente, iniciou a recomposição do seu portfólio nesse segmento, impulsionada pelo e­‑commerce. “No Brasil, há um espaço muito grande para produção de qualidade dedicada a esse fim. Temos toda uma infraestrutura básica a montar”, pondera Martín Jaco.

RETOMADA DE PREÇOS Com algumas variações entre os diferentes segmentos, poucos discordam de que, daqui em diante, devemos observar no País uma escalada de preços, em maior ou menor grau, com impactos sobre o apetite para aquisições. “A partir de agora, vai ser muito mais difícil fazer negócios porque os preços vão subir. Contudo, não temos uma meta de volume a comprar ou um prazo para investir e estamos preparados para agir de forma oportunística”, afirma Martín. “Não significa que paramos de comprar”, diz Max Lima, que relata estar olhando apenas oportunidades especiais, com valores diferenciados.

TERMÔMETRO DO GRI ­‑ BRASIL

Desempenho da economia local

Apetite para investimentos imobiliários 7,24%

74,58%

29,60%

dos ouvidos pelo GRI entendem que, nos próximos 12 meses, a economia brasileira deve apresentar performance superior ou muito superior à do período anterior.

Empresas desinvestindo/ reduzindo o nível de negócios

63,16%

Para

Empresas observando/ aguardando para tomar decisões

23,76

%

o desempenho será semelhante.

Empresas investindo/ ampliando negócios

Apenas

1,66% A maior parte dos consultados (63,16%) revela intensa disposição para investir.

creem em piora.

Expectativa de resultados corporativos

Segmentos mais atrativos

0,66% 7,95%

7,28%

29,80% 54,30

%

Fonte: GRI Club

demanda não acompanhou o ritmo imposto pela oferta. A vacância em alta não vai ser resolvida no curto prazo e, para piorar, existe uma quantidade grande de projetos aprovados”. Sob a ótica dele, ainda vamos assistir a pressão de oferta nesse segmento por um período prolongado. “É diferente do comercial, que vê a desocupação despencando e não tem novos projetos aprovados”, antevê.

Péssima Ruim Regular Boa

RESIDENCIAL

Excelente

HOTÉIS

2º 61,58% preveem números positivos para suas empresas no futuro próximo.

LOTEAMENTOS

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 39


PANORAMA

México

Indústria imobiliária tende a passar sem grandes percalços pelas eleições locais

ESTELA TAKADA

A

economia mexicana e, em particular, o mercado imobiliário local tendem a não sofrer abalos significativos por conta das eleições que definirão presidente, 128 senadores e 500 deputados no próximo dia 1º de julho. A performance deve preservar padrões atuais, indicam players do setor que participaram do Latin America GRI 2018. Atualmente liderada pelo conservador Enrique Piñera Nieto, a nação poderá conduzir ao poder o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, que, até o fechamento desta edição da GRI Magazine, aparecia na liderança de todas as pesquisas de intenção de voto.

40

//

//

“Temos uma democracia muito madura, independente de quem vença”, opina Ricardo Zúñiga Massieu, CEO da administradora de fundos privados Vertex Real Estate Investors. “É claro que as pessoas estão atentas aos seus negócios, mas creio que, depois do pleito, retomaremos o passo, que é de estabilidade”, completa. “Os negócios relacionados ao mercado imobiliário, do desenvolvimento à construção, representam 25% do PIB mexicano”, recorda, com otimismo, Rodrigo Díaz Álvarez, diretor­‑geral da Acciona Parque Reforma, braço da gigante espanhola voltado à incorporação de projetos residenciais no país latino­‑americano.


Mário Miranda Filho

Composição: Freepik.com

Ele destaca que, na comparação com seus vizinhos, o México tem uma economia muito saudável. “Certamente estamos acompanhando quem ganha e o que ocorrerá no novo governo. Podem existir desafios, mas as expectativas para o ano são totalmente boas”, analisa.

SEM AS FREADAS DO PASSADO Jaime Fasja, fundador e CEO da incorporadora Thor Urbana Capital, confirma o cenário benéfico. “Como investidores de médio e longo prazos, vemos que estamos em um ano que pode ser de volatilidade. Por outro lado, acreditamos que o mercado já tem acompanhado todas as possibilidades, prova disso é que continuamos vendo investimentos estrangeiros no país. Há 12 ou 18 anos, quando estávamos próximos às eleições, se freava a economia devido às diferentes crises do passado. Agora, vemos uma economia forte”, contrapõe.

Mário Miranda Filho

Outros fatores que motivam o entusiasmo são uma iminente renegociação do Tratado de Livre Comércio da América

É CLARO QUE AS PESSOAS ESTÃO ATENTAS AOS SEUS NEGÓCIOS, MAS CREIO QUE, DEPOIS DAS ELEIÇÕES, RETOMAREMOS O PASSO, QUE É DE ESTABILIDADE RICARDO ZÚÑIGA MASSIEU, CEO DA VERTEX REAL ESTATE INVESTORS

SALVADOR CAYÓN, CEO DA FIBRA SHOP

do Norte (Nafta) em bases satisfatórias e a força da moeda local. “O peso mexicano está ganhando terreno contra o dólar e o novo acordo está por ter seu processo de ajuste concluído. Então, creio que há muitos elementos apontando que, no curto prazo, o México permanecerá como um destino interessante [para investimentos]”, ressalta Jaime. Já Salvador Cayón, CEO da Fibra Shop, que desenvolve e opera shopping centers, advoga uma boa dose de ponderação. “Para seguir numa posição de liderança na região, o México precisa tomar as decisões corretas” e a continuidade de investimentos estrangeiros “depende das decisões político­‑econômicas do novo governo”, afirma.

ELEVADA DISPOSIÇÃO PARA INVESTIR O que se escuta dos empresários e investidores individualmente aparece da mesma forma nos resultados consolidados do Termômetro do GRI, pesquisa do GRI Club que consultou, em março e abril, 340 players com atuação na América Latina, sendo 61 especificamente no México.

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 41


PANORAMA

Mário Miranda Filho

MÉXICO

Para a maioria dos ouvidos na sondagem (65%), o desempenho econômico mexicano deve se manter nos próximos 12 meses em níveis semelhantes aos do período anterior. A disposição para investir localmente é elevadíssima, a maior da região: 76,47% afirmam que suas empresas estão atualmente ampliando aportes de capital e/ ou negócios no país, enquanto 21,57% dizem que o momento atual é de observar o mercado e aguardar para a tomada de decisão. Quando se trata do desempenho corporativo, para a maioria absoluta dos respondentes (82,35%), os resultados de suas empresas serão bons ou excelentes no horizonte próximo.

RESIDENCIAIS, OS PREFERIDOS De acordo com o Termômetro do GRI, dentre os segmentos imobiliários, o residencial é o que deve apresentar melhores oportunidades no México no futuro próximo, seguido por escritórios e shopping centers. “Estamos sendo mais agressivos. Nosso nicho [de residências de alto padrão]

RODRIGO DÍAZ ÁLVAREZ, DIRETOR­‑ GERAL DA ACCIONA PARQUE REFORMA

continua muito bom. Outro atrativo é que há um déficit de habitações no país, o que permite à nossa companhia ter um papel importante no mercado. O maior desafio é encontrar áreas, que são escassas e caras; por isso, brigamos pelos bons terrenos e olhamos outras regiões [além da capital federal] muito atrativas, como a Riviera Maya”, detalha Rodrigo, da Acciona. Ele esclarece que o grupo está diversificando os negócios localmente. “Antes, focávamos apenas residências de [aproximadamente] dez milhões de pesos [o equivalente a R$ 1,8 milhão]. Agora, trabalhamos com o segmento plus, de cinco milhões [cerca de R$ 900 mil], o que nos permite captar um mercado maior. Estamos

também começando a avaliar o segmento de usos mistos.” O mixed­‑use está igualmente nos planos da Thor Urbana. “Temos três [desses] projetos em andamento em Guadalajara”, confirma Jaime. Depois da Cidade do México, essa, que é a capital do estado de Jalisco, vem sendo considerada um dos principais destinos para investimentos imobiliários. Dados divulgados pela Secretaria de Economia local em 2017 posicionam a cidade como a segunda de maior potencial de desenvolvimento econômico da América do Norte.

VAREJO E HOTÉIS NA MIRA

Mário Miranda Filho

Ricardo, da Vertex, por sua vez, argumenta por que o horizonte para o segmento de varejo & shoppings se mostra interessante. “Há muitos inquilinos novos chegando devido ao aumento do consumo, o que faz com que empreendimentos existentes se adaptem. Como nem sempre isso é possível, são abertos novos complexos, ocupados por varejistas que ainda não atuavam no México.” JAIME FASJA, CEO DA THOR URBANA CAPITAL

42

//

//


Para 2019, a expansão da companhia continua, incluindo um novo projeto em Guadalajara e a remodelação do Kukulcan Plaza, em Cancun. “O setor tem muito potencial de crescimento, em tamanho e rentabilidade”, completa o executivo, que espera, no futuro próximo, recuperar a lucratividade abalada pela desvalorização cambial dos últimos dois anos. O ramo hoteleiro também foi citado pelos entrevistados como um dos mais atrativos localmente. “O México está crescendo muito em turismo. Estamos investindo em hotéis e devemos continuar nesse segmento”, diz Ricardo. “É um segmento que se amplia ano a ano e se tornou um dos mais importantes para ingresso [de recursos] no país”, ressalta, por sua vez, Jaime Fasja. “Teremos pela frente 12 meses muito interessantes, período em que estaremos abrindo dois hotéis. Montage de Los Cabos será inaugurado no fim de maio e possuímos outro empreendimento próximo à Cidade do México, a ser entregue no segundo trimestre de 2019”, entre vários, adianta.

TERMÔMETRO DO GRI ­‑ MÉXICO

Desempenho da economia local

Apetite para investimentos imobiliários 1,96%

65,00%

21,57%

dos consultados pelo GRI acreditam que, nos próximos 12 meses, a economia mexicana deve registrar performance semelhante à do período anterior.

15,00

76.47%

Empresas observando/ aguardando para tomar decisões

%

esperam desempenho melhor ou muito melhor.

Empresas investindo/ ampliando negócios

20,00%

A grande maioria dos entrevistados (76,47%) demonstra forte disposição para investir.

são pessimistas e apostam em piora.

Expectativa de resultados corporativos 0,00% 11,76%

Empresas desinvestindo/ reduzindo o nível de negócios

Segmentos mais atrativos

0,00% 17,65%

Péssima

70,59

%

Ruim Regular Boa Excelente

82,35% trabalham com a perspectiva de números favoráveis de suas empresas no futuro próximo.

RESIDENCIAL

ESCRITÓRIOS

SHOPPING CENTERS

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 43

Fonte: GRI Club

É com essa perspectiva que a Fibra Shop está trabalhando. “Nos meses de maio e junho, vamos inaugurar o [centro comercial na cidade de] Tlalnepantla e a ampliação [do Galerías Mall Sonora] em Hermosillo, que gerará fluxos adicionais. Também o [Puerta] La Victoria, em Queretaro, está em processo de abertura ao público”, confirma Salvador Cayón.


PANORAMA

Argentina Em busca de um lugar ao sol, mercado nutre expectativa de evolução

F

oram anos de uma forte crise que atingiu todos os setores da economia. Pouco a pouco, as circunstâncias melhoraram e os players imobiliários que atuam na Argentina foram se mostrando mais confiantes em perspectivas futuras positivas. Em março e abril, GRI Club ouviu 340 empresários e executivos que operam ou investem na América Latina – sendo 50 deles especificamente na Argentina – para o Termômetro do GRI e apurou que, conforme 78,38%, os resultados de suas companhias nos próximos 12 meses devem ser bons ou excelentes. A maioria (73,68%) também indicou que suas empresas estão investindo e/ou ampliando negócios localmente. O humor positivo com esse mercado foi semelhantemente notado durante o Latin America GRI 2018 – pouco antes de novos solavancos no país. Entre os fatores que influenciam expectativas favoráveis, estão políticas recentes promovidas pelo governo de Mauricio Macri, como os novos créditos hipotecários e a regularização de capitais, conhecida como blanqueo de capitales. Além disso, o presidente demonstrou capacidade de articulação política, fundamental para novos avanços.

Composição: Freepik.com

“Macri ganhou [as eleições legislativas do último ano] e é muito provável que seja reeleito”, prevê Domingo Speranza, presidente da Newmark Grubb Bacre, que moderou discussão sobre o mercado argentino no evento do GRI.

44

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//

ONDA TURBULENTA Nem as turbulências observadas a partir do início de maio – com forte elevação dos juros, desvalorização da moeda


Mario Miranda Filho

e anúncio de que o País recorreria ao Fundo Monetário Internacional (FMI) – parecem ter derrubado os ânimos dos executivos do setor. “Com uma visão de médio prazo, não vejo nenhuma mudança substancial ou deterioração das condições”, aponta Issel Kiperszmid, presidente da Dypsa International. Segundo ele, tais ajustes eram necessários e foi preciso uma ação imediata por parte do governo. “Apesar [desse contexto], mantenho o otimismo, talvez com um pouco de cautela, mas continuamos com boas perspectivas para o ramo imobiliário, muito por conta da agenda político-econômica [já implementada ou em andamento]”, complementa. “Confiamos que essa situação será controlada pela atual administração, que tem uma equipe econômica bem qualificada e com experiência frente a esse tipo de crise financeira. Nossos planos de investimento futuro não devem ser alterados”, pontua Diego Chevallier Boutell, CEO do ARG Realty Group, que recebeu um aporte de USD 300 milhões de Equity International, Goldman Sachs,

DISCUSSÃO SOBRE O MERCADO DA ARGENTINA NO LATIN AMERICA GRI 2018

Centaurus Capital e Grupo Pegasus no último mês de abril. Diego também reconhece que este é um momento prudência para a tomada de decisões, “em especial por conta da volatilidade cambial, que deverá continuar por mais algum tempo”; porém, reforça que as perspectivas em relação ao futuro se mantêm positivas.

O FENÔMENO DOS CRÉDITOS UVA

Acervo pessoal

A primeira novidade do atual governo a gerar impactos na indústria de real estate foi o sistema de indexação por Unidade de Valor Aquisitivo (UVA), ou seja, pela inflação, inspirado no modelo chileno e que tem transformado a realidade do setor desde o seu lançamento, em abril de 2016. De acordo com o Banco Central da República Argentina (BCRA), 2017 terminou com um recorde histórico de empréstimos indexados pela UVA para a compra de casas, num total de 118 bilhões de pesos argentinos (o equivalente a R$ 19,5 bilhões), 99,1% acima do registrado no ano anterior. EDUARDO BASTITTA HARRIET, CEO DA PLAZA LOGÍSTICA

“Previamente, não havia crédito. Esses começa-

ram a aparecer há um ano e meio e tornaram-se um boom. Mês a mês, a expansão é fenomenal. No último ano, o segmento de construção cresceu 16,5% e temos certeza de que estamos iniciando um ciclo positivo”, explica Issel. Graças à UVA, “estão ocorrendo mudanças importantes. Acredito que teremos uma revolução por conta do déficit habitacional”, opina, por sua vez, Eduardo Bastitta Harriet, CEO da Plaza Logística. Atualmente, segundo o Instituto da Habitação da Província de Buenos Aires, 12,2 milhões de argentinos não dispõem de moradia adequada.

OUTROS PROGRESSOS Anunciada há dois anos, a lei 27.260/2016, que regulamentou a regularização de patrimônio não declarado de contribuintes tan-

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 45


PANORAMA

to no exterior como no próprio país, também promete render bons frutos. A Casa Rosada confirmou que, em 2017, impulsionado pela legislação, um valor de US$ 116,8 bilhões foi declarado. Cerca de 80% desse montante, portanto mais de US$ 93 bilhões, estavam em outros países, e US$ 23,5 bilhões, ou seja, um quarto dessa fatia, foram repatriados durante o ano. “O interessante é que os valores branqueados [regularizados] ainda não foram investidos, mas em algum momento vão ingressar [na economia]”, analisa o líder da Dypsa International. A nova Lei de Financiamento Produtivo que, entre outros aspectos, regulamenta o mercado de capitais, também é considerada um avanço para o setor imobiliário. “A reforma do mercado de capitais será positiva e há um horizonte de [decorrente] crescimento econômico, mesmo que modesto”, aponta Eduardo.

Acervo pessoal

A norma, promulgada no início de maio, institui os REITs (Real Estate In‑ vestment Trusts), isto é, fundos de inves-

Mário Miranda Filho

ARGENTINA

DOMINGO SPERANZA, PRESIDENTE DA NEWMARK GRUBB BACRE

timento imobiliário. Embora sejam comuns e bem-sucedidos em outras partes do mundo, ainda não são reconhecidos na Argentina. “Estamos trabalhando nessa frente com a criação de um fundo dessa natureza”, revela o líder da Dypsa. Ele celebrou a aprovação, que considera “necessária para o desenvolvimento desse mercado, até então inexistente”.

CHEGADA DE GRANDES PLAYERS Os entrevistados pela GRI Magazine também se mostram otimistas em relação ao aumento da atenção estrangeira para com a Argentina. “Se antes [os investidores internacionais] estavam bastante cautelosos, hoje, vemos o despertar de maior interesse”, ressalta Issel Kiperszmid. Ele cita como exemplos as chegadas do bilionário Jorge Perez, presidente do Related Group, que tem anunciado investimentos locais desde 2016, e de Sam Zell, da Equity International. “É um processo que já começou e seguramente virão outros. O governo está favorecendo isso”, pontua.

CONSOLIDAÇÃO E INVESTIMENTO INSTITUCIONAL

DIEGO CHEVALLIER BOUTELL, CEO DO ARG REALTY GROUP

46

//

//

“A Argentina precisa muito de aportes externos, mas de longo prazo, e, para isso, necessita criar as condições, o que já está fazendo, com um novo marco impositivo [a reforma tributária aprovada no final de 2017], um

novo marco legal [recente medida aprovada pelo Congresso], uma inflação controlada e um crescimento sustentável”, sustenta Diego Chevallier. Ele explica que a injeção de valores no ARG Realty Group contempla novos projetos e incluirá também investimentos em ativos existentes, como o shopping TOM (Tortugas Open Mall). “Por isso, vemos o futuro com boas perspectivas e estaremos muito atentos em busca de oportunidades.” “É válido ressaltar que o mercado argentino não tinha presença institucional, como há em outros países. No Brasil, por exemplo, o processo de abertura a investidores, desenvolvendo escritórios e ativos de renda, começou há 20 anos”, compara Diego. “Hoje, o Brasil tem um mercado desenvolvido, com grandes investidores. Não passamos por isso. Há alguns players locais. Entretanto, a institucionalização não se desenvolveu. Acredito que iremos principiar esse movimento agora”, adiciona. O setor industrial tem sido objeto do interesse desse novo tipo de


O resultado consolidado do Termômetro do GRI mapeou que os segmentos imobiliários mais atrativos para investimento hoje na Argentina, considerando os diversos tipos de agentes do mercado, são residencial, hotéis e shopping centers.

FATOR TECNOLOGIA Nesse caldeirão de oportunidades e desafios, há ainda mais um ponto a melhorar para garantir o progresso do mercado imobiliário argentino. “Existe muito para por fazer em redução de custos. Se, por um lado, o governo está trabalhando na diminuição de [impostos sobre] insumos, por outro, é preciso incorporar tecnologia à construção. Essa é uma grande ocasião porque [as novas reformas] nos permitem trazer equipamentos de última geração”, advoga o presidente da Dypsa International. A companhia está implementando atualmente um plano de minimização de até 24% dos custos. A Plaza Logística também se mostra atenta à evolução tecnológica; porém, fundamentalmente como elemento gerador de negócios, sobretudo vinculados ao comércio online. “Estamos com várias obras em andamento, destinadas às novas logísticas, como os e-commerces, que representam os novos setores da economia e afetam fortemente a criação de empregos e o PIB”, diz Eduardo.

TERMÔMETRO ­DO GRI - ARGENTINA

Desempenho da economia local

Apetite para investimentos imobiliários 0,00%

77,55%

26,32%

dos entrevistados pelo GRI entendem que, nos próximos 12 meses, a economia argentina deve ter performance melhor ou muito melhor do que no período anterior.

Empresas desinvestindo/ reduzindo o nível de negócios

73,68%

Empresas observando/ aguardando para tomar decisões

22,45

%

enxergam um horizonte de números semelhantes.

Empresas investindo/ ampliando negócios

0% Praticamente ¾ dos ouvidos (73,68%) indicam alta disposição para investir.

vê espaço para piora.

Expectativa de resultados corporativos 0,00% 16,22%

Segmentos mais atrativos

0,00% 21,62%

Péssima

62,16

%

Ruim Regular Boa Excelente

78,38% dos consultados creem em números favoráveis para suas companhias no futuro próximo.

RESIDENCIAL

HOTÉIS

SHOPPING CENTERS

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 47

GRI Club (março-abril/ 2018)

player (internacional e também institucional) e vê seu volume de investimentos gradualmente ser engrossado. “Neste momento, existem 300 mil m² em obras, algo único no país”, conta Eduardo, da Plaza Logística. Outros ramos também observam dinâmica ascendente.


Composição: Freepik.com

PANORAMA

Colômbia

Empresários e investidores veem crescimento de atividades nos próximos dois anos

ESTELA TAKADA

E

m meio ao processo eleitoral para nomear seu novo presidente, a Colômbia conseguiu manter um ambiente de negócios preponderantemente benigno. Nesse contexto, é razoável esperar, para o próximo biênio, um impulso nas atividades de diversos mercados, incluído o imobiliário. “A recuperação [econômica] se consolidará em

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//

//

2019 e 2020, anos para os quais projetamos crescimento da ordem de 3,2% e 3,6%, respectivamente. Uma vez superada a incerteza do período eleitoral, muitas decisões de gastos e propostas terminarão por materializar­‑se”, afirma Jean Pierre Serani Toro, presidente do banco de investimentos do Grupo Bancolombia. Ele, assim como muitos outros players que participaram do Latin America GRI 2018 e que foram


ACREDITAMOS EM UM FUTURO DE EVOLUÇÃO EM TODOS OS SETORES, NÃO APENAS O IMOBILIÁRIO

ouvidos para a pesquisa Termômetro do GRI, diz esperar que a economia colombiana siga ganhando tração de forma paulatina. “Os últimos dados disponíveis mostram que a expansão do PIB ficou em torno de 2% no primeiro trimestre deste ano, e prevemos aceleração, de forma que termine 2018 em torno de 3%”, estima. “A Colômbia é um país emergente que está em crescimento, tem uma população importante, [48,6 milhões de habitantes] e uma classe média em ampliação. Nesse sentido, somos otimistas e acreditamos em um futuro de evolução em todos os setores, não apenas o imobiliário, como igualmente o turismo e a infraestrutura”, opina Rafael Londoño, gerente­‑geral da incorporadora QBO.

Mário Miranda Filho

Apurado entre março e abril junto a 340 empresários e investidores de real estate que atuam em toda a região, sendo 40 especificamente na Colômbia, o Termômetro do GRI identificou que, para

JEAN PIERRE SERANI TORO, PRESIDENTE DO BANCO DE INVESTIMENTOS DO GRUPO BANCOLOMBIA

RAFAEL LONDOÑO, GERENTE­ ‑GERAL DA INCORPORADORA QBO

quase 70%, o desempenho econômico colombiano nos 12 meses pela frente será melhor ou muito melhor do que no período anterior. Além disso, mais de 81% relataram que suas companhias projetam resultados bons ou excelentes para o futuro próximo.

BOM HORIZONTE PARA MORADIAS POPULARES

ção do mercado que rende frutos até hoje: anunciou, entre outras ações, a diminuição das taxas de juros e o estabelecimento de subsídios adicionais ao programa Minha Casa Já (Mi Casa Ya), de habitações de até 106 milhões de pesos colombianos (o equivalente a R$ 124 mil). Em um pronunciamento recente, o presidente Juan Manuel Santos prometeu finalizar seu mandato, em 7 de agosto, com 1,8 milhão de casas entregues.

Embora o atual período eleitoral ocasione algumas incertezas, elas não devem afetar significativamente o volume de incorporações, sobretudo as residenciais. Isso porque segue em vigor no país uma série de estímulos pró­‑desenvolvimento imobiliário nesse ramo.

Dados da Câmara Colombiana de Construção (Camacol) apontam ainda que, em 2017, foram vendidas no país 175.546 unidades residenciais, das quais 61.919 são populares e 113.627 para outros perfis de renda.

“Existe uma quantidade de incentivos que estimulam não apenas o comprador, mas os desenvolvedores, a exemplo dos que atuam em moradias para as classes média e média baixa”, argumenta Alejandro Krell, managing director da Paladin Realty Partners e líder da companhia para as Américas Central e do Sul.

Em alta, conforme identificado pelo Termômetro do GRI, no qual desponta isolado na primeira posição do ranking de segmentos imobiliários mais atrativos na Colômbia, o ramo residencial deve continuar como o preferido dos players por bom tempo – principalmente o nicho econômico.

“Mesmo em 2017, que foi considerado um ano ruim, se construiu muito”, relembra ele. Foi naquele ano que o governo colombiano promoveu uma reorienta-

Contribuem para essa perspectiva novas reduções de juros implementadas neste ano e o alargamento da faixa de preços das habitações que podem re-

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 49


PANORAMA

COLÔMBIA

Por outro lado, para residências de alto padrão, o crescimento deve ser mais moderado. “Há muita oferta e também o impacto do novo imposto [Imposto sobre Valor Agregado, o IVA, que teve aumento de 5% com a reforma tributária]. Adicionalmente, pesa a questão política, pois esses compradores são mais temerosos e suscetíveis ao que ocorre nesse âmbito. Contudo, creio que teremos incrementos a partir de 2020”, diz Rafael Londoño.

A VEZ DOS RESIDENCIAIS PARA RENDA Ainda incipiente na América Latina, o modelo de residenciais para renda conhecido como multifamily é uma aposta no cenário local. Segundo o último relatório elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a respeito das condições de moradia dos latino­ ‑americanos (divulgado em 2015), a Colômbia é o país da região que tem mais habitantes vivendo em imóveis alugados (39% do total), o que reforça o caráter promissor desse nicho. “É uma tendência. Na Colômbia, vemos os primeiros passos, em especial para residências estudantis, mas há um grande potencial para atender a população em geral”, afirma o executivo do Bancolombia. De acordo com ele, projetos voltados à renda são “uma oportunidade de diversificação de portfólio importante para os fundos imobiliários que operam localmente”. Alejandro Krell, por sua vez, afirma que a Pa-

DEBATE SOBRE O CENÁRIO COLOMBIANO NO LATIN AMERICA GRI 2018

Mário Miranda Filho

ceber subsídios – agora em 2018, o benefício passou a valer para moradias de até 340 milhões de pesos (R$ 422 mil). “São dois fatores que vão estimular gradualmente a demanda neste primeiro semestre do ano e que terão maior força no segundo”, argumenta Jean Pierre, do Bancolombia.

ALEJANDRO KRELL, MANAGING DIRECTOR DA PALADIN REALTY PARTNERS

ladin está acompanhando essa movimentação. “Temos um empreendimento residencial estudantil ainda não lançado em Bogotá, bem localizado, próximo a universidades”, comenta, sem revelar outros detalhes. O entendimento geral é de que Bogotá tende a concentrar ampla fatia desses projetos. “A capital irá gerar uma dinâmica maior; porém, ela também aparecerá em outras cidades”, completa Rafael Londoño. Sua empresa, a QBO, também está investindo nesse segmento.

SHOPPINGS E GALPÕES

Mário Miranda Filho

Depois do ramo residencial, shopping centers e galpões são listados como os preferidos na Colômbia, conforme o Termômetro do GRI.

50

A respeito das expectativas para o mercado de shopping centers & varejo, Jean

//

//


Em relação a propriedades industriais e logísticas, o executivo volta a citar Barranquilla como a localidade com maiores possibilidades de desenvolvimento, visto que a capital colombiana e municípios vizinhos apresentam maiores taxas de vacância. Medellín e Cali, os centros urbanos mais populosos depois de Bogotá, também estão “dentro do aceitável”, com algumas oportunidades de incorporação, completa. Já o setor de escritórios é indicado como o que deve sofrer mais num horizonte próximo, “devido à saturação de espaços na zona do Caribe, em Bogotá, e, em menor medida, em Medellín. Cali é a cidade que demonstra maior potencial”, afirma Jean Pierre. “Creio que o segmento de escritórios é o mais delicado. Há vários projetos paralisados e levará um bom tempo para se absorver o que já foi construído”, completa Alejandro Krell.

TERMÔMETRO ­DO GRI ‑ COLÔMBIA

Desempenho da economia local

Apetite para investimentos imobiliários 2,63%

69,23%

31,58%

dos players ouvidos pelo GRI apontam que, nos próximos 12 meses, a economia colombiana deve ter performance melhor ou muito melhor do que no período anterior.

Empresas desinvestindo/ reduzindo o nível de negócios

65,79%

Empresas observando/ aguardando para tomar decisões

25,64

%

indicam que haverá um comportamento semelhante.

Empresas investindo/ ampliando negócios

5,13% A maior parte dos consultados (65,79%) revela disposição para investir.

acreditam em piora.

Expectativa de resultados corporativos 0,00% 10,53%

Fonte: GRI Club

Pierre Serani Toro alerta para o fato de que, “embora em cidades como Medellín, Bogotá e Barranquilla os níveis de ocupação estejam estáveis, há mais oferta esperada para os próximos anos, o que pode pressionar o aumento da quantidade de imóveis vagos”. Ele também considera que em municípios intermediários, caso de Neiva – capital do departamento de Huila e que tem uma população de cerca de 350 mil habitantes –, existem maiores índices de saturação e, portanto, raríssimas oportunidades de entrada.

Segmentos mais atrativos

0,00% 18,42%

Péssima

71,05

%

Ruim Regular Boa Excelente

RESIDENCIAL

SHOPPING CENTERS

2º 81,58% dos entrevistados afirmam que os números de suas companhias devem ser favoráveis no futuro próximo.

GALPÕES

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 51


PANORAMA

Players imobiliários projetam expansão econômica e bons resultados nos negócios

Q

uem investe ou desenvolve projetos imobiliários no Chile expõe perspectivas bastante otimistas para esse mercado, como evidenciaram as discussões do Latin America GRI 2018 e os resultados do Termômetro do GRI. A pesquisa do GRI Club ouviu, entre março e abril, 340 players que atuam na América Latina, sendo 27 especificamente no Chile. A imensa maioria (96%) conta com crescimento econômico nos próximos 12 meses e mais de 78% disseram que suas empresas devem apresentar resultados bons ou excelentes nesse período. Embalados por essa perspectiva, quase 74% apontam que suas companhias estão investindo ou ampliando negócios no país. Os segmentos preferidos são, pela ordem, residencial, loteamentos e escritórios.

Desempenho da economia local

Apetite para investimentos imobiliários 0,00%

96,00%

26,09%

dos consultados pelo GRI dizem que, nos próximos 12 meses, a economia chilena deve ter performance melhor ou muito melhor do que no período anterior.

Empresas desinvestindo/ reduzindo o nível de negócios

73,91%

Empresas observando/ aguardando para tomar decisões

4,00

%

creem que o desempenho será semelhante.

Empresas investindo/ ampliando negócios

0% A maioria dos ouvidos (73,91%) demonstra disposição para investir.

entende que pode haver piora.

Expectativa de resultados corporativos 0,00% 8,70%

Fonte: GRI Club

Chile

TERMÔMETRO DO GRI ­‑ CHILE

Segmentos mais atrativos

0,00% 21,74%

Péssima

69,57

%

Ruim Regular Boa Excelente

RESIDENCIAL

LOTEAMENTOS

2º 78,27% dos entrevistados esperam números favoráveis para suas companhias no futuro próximo.

52

//

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ESCRITÓRIOS


Diante das turbulências, empresários olham para o mercado peruano com certa cautela

N

o Peru, o setor imobiliário não passou ileso pela recente crise política. Não é de se estranhar, portanto, que os empresários e investidores contemplem esse mercado com boa dose de prudência. A pesquisa Termômetro do GRI, que consultou, entre março e abril, 340 players que atuam na América Latina, sendo 22 especificamente no Peru, retrata expectativas moderadas quanto à performance da economia. Nesse contexto, metade dos entrevistados revela preferir esperar para tomar decisões de investimento mais assertivas. Ainda assim, uma fatia expressiva, de pouco mais de 44%, diz que suas companhias estão atualmente realizando aportes de capital ou ampliando negócios localmente, e quase 67% esperam resultados corporativos positivos nos 12 meses a seguir. Os dados do Termômetro corroboram o ânimo notado durante o Latin America GRI 2018.

Desempenho da economia local

Apetite para investimentos imobiliários 5,56%

50,00%

50,00%

dos entrevistados pelo GRI afirmam que, nos próximos 12 meses, a economia peruana deve ter performance semelhante à período anterior.

44,44%

Empresas observando/ aguardando para tomar decisões

36,36

%

acreditam em desempenho melhor.

Empresas investindo/ ampliando negócios

13,64%

Metade (50,00%) dos consultados declara preferência por esperar um cenário mais positivo se concretizar ou pelo menos se desenhar para então decidir sobre investimentos.

apontam para uma piora.

Expectativa de resultados corporativos

Segmentos mais atrativos

0,00% 0,00%

Empresas desinvestindo/ reduzindo o nível de negócios

0,00% 33,33%

Péssima

66,67

%

Ruim Regular Boa Excelente

RESIDENCIAL

HOTÉIS

2º 66,67% dos ouvidos indicam que suas companhias prometem registrar números favoráveis no futuro próximo.

ESCRITÓRIOS

JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 53

Fonte: GRI Club

Peru

TERMÔMETRO DO GRI ­‑ PERU



JUN • JUL • AGO ■ 2018 // 55


56

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