10 minute read

Características estruturais da placenta

Next Article
DETERMINAÇÃO

DETERMINAÇÃO

A placenta é o principal órgão responsável pela troca de nutrientes, metabólitos e gases respiratórios entre mãe e feto.

Adicionalmente, produz hormônios, citocinas e outras substâncias que afetam o crescimento e desenvolvimento do concepto durante a gestação.

A RIUC é responsável por altas taxas de mortalidade nas primeiras semanas de vida e pela redução do ganho de peso ao longo do desenvolvimento, o que leva a grandes perdas econômicas para o setor.

Há evidências de que a insuficiência placentária constitui a principal causa para a ocorrência desta condição na espécie suína, uma vez que o tipo de placenta, epiteliocorial difusa, praticamente não permite o contato entre sangue materno e sangue fetal.

Assim, caracterizar a arquitetura placentária é crucial para a compreensão da RIUC e do desenvolvimento adequado da leitegada.

A placenta suína é classificada como:

Difusa

Mutuamente dobrada

Epiteliocorial, onde não há invasão de tecido fetal no endométrio materno.

O tipo de placentação epiteliocorial é o tipo mais superficial (não invasivo) e o epitélio uterino permanece intacto durante toda a gestação.

A placenta epiteliocorial é composta por seis camadas celulares:

Vasos maternos

Tecido conjuntivo

Epitélio endometrial

Epitélio trofoblástico

Tecido conjuntivo e

Vasos fetais que separam o sangue materno do fetal (Figuras 1 e 2).

Fetal (córion)

A placentação (formação da placenta) inicia com a implantação, adesão e migração celular, levando à fixação do trofectoderma (membrana fetal) ao epitélio endometrial materno. Esse processo compreende a rápida expansão e desenvolvimento do córion (trofectoderma) e alantoide entre os dias 18 e 30 de gestação.

EC Maternal (epitélio endometrial)

Fig. 1: A placenta epiteliocorial, encontrada no suíno, é composta por seis camadas de células. (1) Capilares endometriais (vasos maternos), (2) Interstício endometrial (tecido conjuntivo), (3) Epitélio endometrial, (4) Epitélio trofoblástico, (5) Interstício coriônico (tecido conjuntivo), (6) Capilares coriônicos (vasos fetais). Fonte: AlvarengaDias & Almeida (2021)

A fusão do córion e do alantoide ocorre entre os dias 30 e 60 de gestação e, entre os dias 60 e 70, o desenvolvimento da placenta está completo em termos de peso, área de superfície e número de aréolas placentárias.

As amplas modificações que formam as cristas coriônicas (placentárias) e as invaginações endometriais correspondentes resultam em dobras que, por sua vez, aumentam a área da associação uteroplacentária.

A bicamada epitelial (trofoblasto e epitélio endometrial) é capaz de formar mais dobras placentárias, a partir do 30º dia de gestação. Essas dobras tornamse cada vez mais complexas e longas à medida que a gestação avança.

As depressões do epitélio endometrial e do trofectoderma reduzem a distância entre o sangue materno e fetal, encurtando assim a distância de difusão de nutrientes (Figura 2).

Figura 2: Fotomicrografia representando a interface materno-fetal no 45º dia de gestação em suínos. Coloração HE. 1 Membrana córioalantóidea – dobra primária, 2 Membrana cório-alantóidea – dobra secundária, 3 Endométrio – dobra primária, 4 Endométrio – dobra secundária, 5 Glândula endometrial, 6 Vasos uterinos. Fonte: Reis (2021).

Com a formação das dobras placentárias, estão presentes dois tipos de células trofoblásticas placentárias: as células trofoblásticas colunares, que se localizam no topo das dobras placentárias, e as células trofoblásticas cuboides, localizadas na parte inferior e lateral das dobras.

Além disso, a formação de dobras placentárias pode aumentar a área de superfície de interação materno-fetal para fornecer nutrição adequada para o feto em crescimento.

Assim, as dobras placentárias têm grande impacto na eficiência placentária, o que influencia o desenvolvimento fetal. Entretanto, as mudanças mais drásticas ocorrem a nível estrutural, na densidade vascular e na altura das células que compõem a interface propriamente dita.

Dinâmica da prenhez: Fatores que influenciam a estrutura placentária

Idade gestacional

A demanda energética de suínos aumenta vertiginosamente ao longo da gestação. Assim, o transporte de nutrientes para o feto precisa se tornar cada vez mais eficaz. Isso envolve a diminuição da distância percorrida na interface, bem como a priorização do transporte por difusão passiva, na qual não há gasto de energia.

A avaliação da morfologia placentária ao longo de diferentes fases da gestação: inicial (25 e 30 dias), intermediária (40, 60 e 70 dias), avançada (90 dias) e a termo (114 dias), demonstraram que as células da interface, o epitélio endometrial no lado materno, e o trofoectoderma no lado fetal, diminuíram sua altura com avanço da gestação, que inicialmente mediam entre 21-25µm, rapidamente sofrendo reduções, chegando a alturas inferiores a 2µm na placenta a termo (Figura 3)

A crescente demanda de oxigênio leva ao aumento de atividade angiogênica, por meio da ativação de VEGF e outros fatores de crescimento vascular.

Para atender às dinâmicas dessa demanda, a estrutura placentária sofre mudanças para

Figura 3: Comprimento de HDD (distância de difusão hemotrófica) das faces materna e fetal da interface aos 25 dias; HDD = 11,4 µm (a), 40 dias; HDD = 15,94 µm (b), 60 dias; HDD = 7,42 e 3,72 µm (c) e 114 dias; HDD = 2,46, 1,93 e 1,62 µm (d). É possível perceber a diminuição da altura da camada de células do epitélio endometrial (colunar). BV, veias; EG, grânulos eletrodensos; FM, mesênquima fetal; F/M I, interface materno-fetal; MV, microvilosidades; StE, estroma; EU, epitélio uterino. Escala: 5 µm. Fonte: Cristofolini et al. (2017).

Além disso, demonstraram o desenvolvimento vascular ao longo da gestação, com a formação de novos vasos aumentando em regiões mais próximas à interface nas fases mais avançadas da gestação, bem como o aumento da quantidade de vasos de menor calibre, como exemplificado na Figura 4.

Dimorfismo sexual

De forma geral, entre os mamíferos, o sexo fetal influencia o peso ao nascer, em que os machos são mais pesados que as fêmeas, fator esse que é observado logo ao início da gestação.

Além da dinâmica estrutural da placenta ao longo do desenvolvimento intrauterino, outros fatores na gestação podem influenciar a arquitetura e função placentárias, como dimorfismo sexual, tamanho de leitegada e saúde da fêmea suína.

Na espécie suína, os fetos machos possuem uma maior velocidade e taxa de crescimento o que persiste durante a gestação, além de um maior volume de líquido amniótico. Esses fatores nos levam a pensar que existem diferenças na função placentária relacionada ao dimorfismo sexual dos fetos.

Figura 4: Intervalos de área vascular e sua distribuição ao longo de diferentes idades gestacionais. O intervalo 2, com área vascular entre 100 e 500µm², prevalece em quase todas as idades, tendo sua quantidade sensivelmente aumentada ao final da gestação. Int 1: 1-100 µm², Int 3: 5002000 µm², Int 4: 2000-10000 µm², Int 5: 10000-50000 µm², Int 6: 50000-300000 µm². Adaptado de: Fonte: Cristofolini et al. (2017).

Em diversas espécies é possível notar diferenças no desenvolvimento fetal entre machos e fêmeas.

Na espécie humana, por exemplo, os indivíduos do sexo masculino, possuem desvantagens na resposta a condições uterinas adversas, sendo que a gestações de meninos estão mais relacionadas com o aumento de prematuridade, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.

Nos suínos, a relação entre o sexo fetal e o desenvolvimento placentário é altamente dinâmica. Embora nos dias gestacionais 50 e 104, não seja possível detectar as diferenças estruturais entre as placentas de fetos do sexo masculino e feminino, no dia gestacional 70, observa-se maior peso dos fetos machos (Figura 5)

Na espécie suína, vários estudos apontam que os machos recémnascidos possuem maior mortalidade pré-desmame além de apresentarem maior susceptibilidade de contrair doenças a despeito do seu maior peso, comparado às fêmeas. O que revela um possível papel da placenta para a composição desse cenário.

Figura 5: Representação dos conceptos suínos feminino (rosa) e masculino (azul) no ambiente intrauterino. Adaptado de Stenhouse, Bazer e Ashworth (2022)

O estudo conduzido por Stenhouse et al. (2019), utilizando células placentárias de suínos (dia gestacional 60) cultivadas in vitro, demonstrou que as células de placentas de conceptos do sexo feminino possuíam maior capacidade de estabelecer conexões entre si.

Esses resultados, por sua vez, sugerem que as placentas associadas aos fetos femininos, no dia gestacional 60, produzem mais fatores angiogênicos em comparação aos do sexo masculino.

Os resultados contraditórios encontrados podem ser devido a diversos fatores como a raça dos animais estudados e por consequência uma maior variabilidade biológica. Para tanto necessitam-se de mais que estudos avaliando os fatores de angiogênicos placentários e metabolômicos do líquido amniótico comparando o sexo masculino e feminino para uma maior elucidação dessa temática.

Na primeira parte do artigo

Com isso podemos considerar que o entendimento dos mecanismos que controlam o crescimento fetal é de suma importância para diminuir a prevalência de leitões de baixo peso e assim auxiliar na otimização na cadeia de produção suinícola.

“Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas” ressaltou-se a estrutura da placenta na espécie suína.

E na segunda parte do artigo serão abordados os fatores que contribuem para a ineficiência placentária.

Placenta: Conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas -Parte 1

BAIXAR EM PDF

Referências sob consulta dos autores.

Pesquisa E Inova O S O

Motor Da Lideran A Exercida

Pela Agroceres Multimix

No Mercado Brasileiro De Nutri O Animal

ARevolução Verde, iniciada na década de 60, pode ser caracterizada como uma das principais transformações pelas quais o mundo passou pós Segunda Guerra Mundial, que orientou a pesquisa e o desenvolvimento dos modernos sistemas de produção agrícola para a incorporação de inovações tecnológicas para aplicação na agricultura.

E nesse cenário de investimentos em inovações tecnológicas se insere o surgimento da Agroceres, que em 1945 foi fundada por Antônio Secundino de São José e quatro sócios, sendo a primeira empresa de sementes de milho híbrido do Brasil.

Hoje, o Grupo Agroceres é formado por seis unidades de negócios, entre as quais está a Agroceres Multimix, que é uma das líderes no mercado brasileiro de nutrição animal.

“Todas as unidades de negócios da Agroceres têm uma ligação muito forte com pesquisa e inovação, e a nutrição nasceu assim também”, explica o diretor da Agroceres Multimix, Ricardo Ribeiral.

Com o advento da venda de genética de suínos, o Grupo percebeu que os animais alimentados dentro da estrutura da Agroceres PIC (unidade de genética suína do Grupo) apresentavam um desempenho superior ao dos animais de mesma genética que estavam no campo.

“Investigando a causa disso, detectamos o papel desempenhado pela nutrição que era oferecida aos animais dentro da nossa estrutura”, explica Ribeiral.

“A nossa nutrição começou a ser demandada pelos clientes que já consumiam a genética suína e, então, nascemos com a linha de nutrição para suínos”, completa o diretor, lembrando que a permanente busca por inovação através da pesquisa está no DNA do Grupo.

Portas Abertas

A Agroceres Multimix abriu as portas do seu Núcleo de Tecnologia e Inovação para profissionais de imprensa, que tiveram a oportunidade de conhecer uma estrutura que é inédita no mercado brasileiro de indústrias de nutrição animal.

A equipe da suínoBrasil participou da iniciativa e visitou o Centro de Pesquisas e a Granja Paraíso, localizados nas cidades mineiras de Patrocínio e Patos de Minas, respectivamente.

Anualmente a empresa investe mais de R$10 milhões para:

Desenvolvimento de novos produtos

Validação e qualificação de insumos e aditivos

Aperfeiçoamento das matrizes nutricionais

Além de estudos de manejos e equipamentos.

Segundo o diretor da empresa, Ricardo Ribeiral, nenhuma empresa brasileira de nutrição animal possui uma estrutura própria de pesquisas como a da Agroceres Multimix.

O Núcleo de Pesquisas em Suínos da Agroceres Multimix, que abrange as estruturas da Granja Paraíso e do Centro de Pesquisas, tem capacidade para alojar mais de 35 mil animais por ano.

35 mil animais/ano

A estrutura foi apresentada pelo nutricionista de suínos da Agroceres Multimix, Felipe Alves.

“O que a Agroceres investiu e tem disponível para o desenvolvimento de pesquisas não é encontrado com facilidade no cenário nacional”, explicou Alves, acrescentando que a Agroceres muda a realidade da pesquisa brasileira em iniciativa privada e, em muitos momentos, acadêmica.

Rigor Científico e Analítico

Todos os meses, as equipes técnicas da Agroceres Multimix participam de fóruns internos onde são discutidas tendências, situações encontradas em campo e diversos outros assuntos referentes à realidade do mercado.

Todos os experimentos desenvolvidos pela Agroceres Multimix são delineados considerando:

Repetibilidade (aumenta a precisão das médias e reduz erros)

Casualidade/aleatoriedade (elimina intenção de priorizar determinado tratamento)

Controle local (aumenta a precisão experimental).

“Nestes fóruns são discutidos e elaborados os protocolos experimentais e a equipe avalia qual a estrutura adequada para condução do experimento, se é o Centro de Pesquisas, ou a Granja Paraiso, cada qual com a sua função e aplicação”, explica o Gerente de Pesquisa e Saúde Animal da Agroceres Multimix, Tarley Araújo.

Segundo o gerente, quando há necessidade de executar os projetos envolvendo as fases de gestação, maternidade, ou experimentos que demandam a validação final em escala comercial, o experimento é realizado nas instalações da Granja Paraíso, que é uma granja comercial com 3,4 mil matrizes, que também se dedica à experimentação.

Nos espaços de pesquisas da Agroceres Multimix também é aplicado o princípio do controle de meio, voltado para o ambiente e demais variáveis não experimentais que possam colocar o experimento em risco.

As medidas fazem parte dos cuidados essenciais para que os resultados dos experimentos tenham poder estatístico e grau de confiança.

Segundo Tarley, com as análises estatísticas é possível determinar parâmetros de qualidade e segurança dos dados, por meio de avaliação da homogeneidade dos resíduos experimentais e o intervalo de confiança das respostas, ancorados pelo que é conhecido no meio científico por valor de P.

Centro de Pesquisas

O Centro de Pesquisas da Agroceres Multimix, localizado em Patrocínio (MG), ocupa uma área de 54 hectares dividida em quatro núcleos de pesquisas:

Aves de Corte

Aves de Postura

Suínos

Bovinocultura de Corte

Bovinocultura de Leite

Creche, Recria e Terminação

Nos últimos 12 anos foram conduzidos mais de 380 experimentos no Centro de Pesquisas, tanto para o desenvolvimento de novas tecnologias, como para contribuição acadêmica (Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado), além de atualizações sobre exigências nutricionais.

Os experimentos com suínos desenvolvidos no Centro de Pesquisas da Agroceres

Multimix são focados nos ciclos de creche, recria e terminação, com animais oriundos da Granja Paraíso.

Em 2022, mais de 50 mil animais foram utilizados para o desenvolvimento de estudos científicos nas instalações do Centro de Pesquisas, atendendo às normas de bem-estar animal e o rigor analítico.

BEM-ESTAR ANIMAL: Todos os projetos de pesquisa executados são avaliados pela CEUA (Comissão de Ética de Uso de Animais), composta por profissionais da empresa, professores de universidade e membros da sociedade civil organizada.

“A Granja desmama um lote por mês que é direcionado para o Centro de Pesquisas e lá vamos ter uma estrutura de alojamento de creche, que é o coração dos experimentos mais profundos, com observação individual dos animais”, explicou Felipe Alves.

Na recria e terminação são alojados seis lotes por ano atualmente e a empresa já possui um projeto para dobrar a estrutura.

Digestibilidade

O investimento mais recente da Agroceres Multimix na estrutura de pesquisas com suínos é a Sala de Digestibilidade, cuja estrutura de equipamentos foi projetada de forma personalizada para a empresa.

O galpão possui 28 baias individuais equipadas com comedouro e bebedouro acoplados, com piso ripado de plástico lavável.

O piso é vazado para possibilitar a coleta da urina dos animais num compartimento inferior ao piso e as fezes ficam depositadas num coletor plástico acoplado, de forma confortável, na parte posterior do animal, permitindo-o que fique solto na baia.

Os experimentos em digestibilidade objetivam a coleta de informações de matrizes nutricionais e o conceito de gaiola utilizado para os ensaios foi pautado no bem-estar animal.

This article is from: